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A construção de gênero e sexualidade no currículo - Fazendo Gênero

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dispositivo <strong>de</strong>stinado à produção <strong>de</strong> sujeitos através <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas tec<strong>no</strong>logias <strong>de</strong> diferenciação e<br />

i<strong>de</strong>ntificação (LARROSA, 1994) 4 . Ou seja, o que o sujeito é, é histórica e culturalmente<br />

contingente, pois não há natureza em um modo particular <strong>de</strong> ser já que este é <strong>de</strong>terminado e<br />

constituído pela cultura. A idéia que o sujeito tem <strong>de</strong> si é possível <strong>de</strong> ser analisada em sua<br />

constituição histórico-cultural, a partir do ato <strong>de</strong> problematizar e <strong>de</strong>sconstruir discursos, tanto<br />

reguladores como emancipadores.<br />

O <strong>currículo</strong>, enfim, contém um discurso que constrói i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>,<br />

encerrando a heterossexualida<strong>de</strong> e a homossexualida<strong>de</strong> em certos limites históricos e culturais.<br />

Enten<strong>de</strong>r as relações entre <strong>gênero</strong>, sexualida<strong>de</strong> e <strong>currículo</strong>, significa reconhecer que homens e<br />

mulheres são sujeitos cambiantes e híbridos, pois em não sendo pretensamente naturais, não<br />

obe<strong>de</strong>cem a padrões estabelecidos rigidamente, mas procuram estabelecer relações entre si, o que<br />

po<strong>de</strong> resultar em posições-<strong>de</strong>-sujeito me<strong>no</strong>s encerradas em padrões i<strong>de</strong>ntitários rigidamente<br />

localizados, já que é parte integrante <strong>de</strong> uma complexa re<strong>de</strong> discursiva permeada por relações <strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r.<br />

Na medida em que está irremediavelmente atado aos regimes <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, o <strong>currículo</strong> como<br />

forma <strong>de</strong> gover<strong>no</strong> constrói e transmite discursos sobre experiências objetivas do mundo,<br />

estruturando um campo <strong>de</strong> ação, através <strong>de</strong> uma “política <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>”, responsável por transmitir o<br />

conhecimento sobre certas <strong>no</strong>ções particulares, entre as quais <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> e sexualida<strong>de</strong>, que<br />

sancionadas, contam como verda<strong>de</strong> as <strong>no</strong>rmas e práticas, com vista ao auto-disciplinamento e a<br />

vigilância constante.<br />

O <strong>gênero</strong> e a sexualida<strong>de</strong> envolvem uma gama <strong>de</strong> situações <strong>no</strong> <strong>currículo</strong> escolar que<br />

refletem e fabricam, não sem contestação e resistência, homens e mulheres, heterossexuais e<br />

homossexuais. <strong>Gênero</strong> é uma categoria <strong>de</strong> análise que po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida tanto como constitutiva <strong>de</strong><br />

relações sociais baseadas nas diferenças entre os sexos, quanto uma forma <strong>de</strong> expressar as relações<br />

<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. As relações <strong>de</strong> <strong>gênero</strong> resultam <strong>de</strong> <strong>construção</strong> social, pois cada socieda<strong>de</strong> possui seus<br />

próprios critérios para instituir as relações sociais e, para compreendê-las é necessário saber como<br />

<strong>gênero</strong> se articula com o po<strong>de</strong>r (SCOTT, 1995).<br />

Com relação a sexualida<strong>de</strong>, é na “História da sexualida<strong>de</strong>” <strong>de</strong> Foucault (2005) que se<br />

encontram os fundamentos para a tese <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong> como uma <strong>construção</strong> social e histórica. A<br />

sexualida<strong>de</strong> não é apenas uma questão pessoal, mas uma questão social e política, estando<br />

diretamente relacionada à forma como a socieda<strong>de</strong> se organiza culturalmente. Ao concebê-la como<br />

um “dispositivo histórico”, Foucault (2005) critica a idéia <strong>de</strong> naturalização da sexualida<strong>de</strong> baseada<br />

em atributos biológicos.<br />

Esse dispositivo histórico permite que sejam construídos discursos, como os da igreja, da<br />

moral e da lei, sobre a sexualida<strong>de</strong>, através do po<strong>de</strong>r inscrito não na negação ou na proibição do<br />

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