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Fazendo Gênero 8 - Corpo, Violência e Poder Florianópolis, de 25 a ...

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<strong>de</strong>sempregado, ou se seu salário fosse muito menor que o <strong>de</strong> sua esposa. Além disso, se refere ao<br />

trabalho remunerado <strong>de</strong> sua esposa como um sacrifício por parte <strong>de</strong>la <strong>de</strong>vido a uma incapacida<strong>de</strong><br />

sua <strong>de</strong> conseguir um trabalho melhor. “Eu seria muito mais feliz se ela [esposa] tivesse a opção <strong>de</strong><br />

trabalhar ou não. Ou então, trabalhar em alguma coisa que ela goste mais, mesmo ganhando pouco,<br />

mas infelizmente eu não posso dar esse direito a ela (Marcelo, 31 anos, inspetor <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>)”<br />

Esse discurso conservador, que na verda<strong>de</strong> preten<strong>de</strong> ser mo<strong>de</strong>rno tem suas nuances que<br />

refletem as incorporações relativas das mudanças sociais Ou seja, a mulher trabalha como<br />

imperativo econômico, das transformações sociais e econômicas do capitalismo contemporâneo.<br />

Mas o entrevistado <strong>de</strong>ixa claro que a sua esposa não <strong>de</strong>ve ganhar mais e sim complementar o salário<br />

do marido. O papel <strong>de</strong> provedor, apesar <strong>de</strong> estar sendo dificultado pelas transformações econômicas<br />

e sociais ainda é reivindicado pelo homem. Além disso, os termos “pai”, “carteira assinada”,<br />

“emprego em gran<strong>de</strong> empresa”, proferidos por outros entrevistados, <strong>de</strong>monstram como o recorte<br />

geracional (na faixa dos 30 aos 39 anos) ainda influencia os trabalhadores na perspectiva<br />

Taylorista/fordista <strong>de</strong> maneira <strong>de</strong>cisiva, ou seja, a busca <strong>de</strong> um emprego estável, com direitos<br />

sociais o qual tem n a família tradicional o suporte.<br />

A maior presença feminina no mercado <strong>de</strong> trabalho tem tornado a profissão, a carreira, a<br />

satisfação no trabalho, um atributo comum <strong>de</strong> gênero, embora com gradações distintas. Mudanças<br />

ao nível do discurso hegemônico <strong>de</strong>stacam o trabalho doméstico como uma obrigação<br />

compartilhada. Com isso e a masculinida<strong>de</strong> se edificaria não apenas pelo trabalho economicamente<br />

produtivo, mas, também, por características valorativas relacionadas à adaptação a um ambiente que<br />

se apresenta agressivo e um repensar dos papéis familiares.<br />

. Essa adaptação parece relacionar-se à própria natureza da trajetória dos trabalhadores do<br />

grupo estudado. Neste caso, os trabalhadores estão empregados a pouco tempo numa empresa<br />

metalúrgica; dois anos e meio em média. A natureza <strong>de</strong>ssa inserção apresentou trabalho em “bicos”,<br />

como venda <strong>de</strong> CD’s nas ruas, trabalho em loja, sem carteira assinada. Contudo, a maioria diz que<br />

preferiu estudar e se preparar, pois o mercado exige um profissional flexível e adaptável às<br />

condições adversas que apenas esse preparo po<strong>de</strong> lhes garantir certa entrada no mercado <strong>de</strong><br />

trabalho. Ou seja, os trabalhadores <strong>de</strong>ste grupo parecem mesmo se inserir <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma lógica <strong>de</strong><br />

trabalho mais flexível no sentido da responsabilização acerca <strong>de</strong> sua empregabilida<strong>de</strong>.<br />

A entrada num mercado <strong>de</strong> trabalho que se mostra cada vez mais incerto e flexível <strong>de</strong>u o<br />

tom das respostas dos nossos entrevistados. Pedro cursa a faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> engenharia <strong>de</strong> produção,<br />

como forma (segundo ele) <strong>de</strong> se preparar para um mercado “muito competitivo, que exige um<br />

trabalhador mais versátil e que po<strong>de</strong> se adaptar em várias colocações [<strong>de</strong> trabalho]”. Para ele, as<br />

mulheres não só po<strong>de</strong>m como “<strong>de</strong>vem” se preparar também para essas situações “incertas”.<br />

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