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Finitude das possibilidades, finitude do relacionamento amoroso ...

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14 <strong>Finitude</strong> <strong>das</strong> <strong>possibilidades</strong>, <strong>finitude</strong> <strong>do</strong> <strong>relacionamento</strong> <strong>amoroso</strong><br />

- Porque... – Interessante. Por que é que não posso? Ah,é. Agora sei.<br />

Porque a Henry estava certa. E o meu irmão estava certo. Como é irritante.<br />

- Porque acredito demais no casamento. (COSPER, 2005, p.291)<br />

Joy fica paralisada, não quer viver a escolha, pois toda escolha implica em angústia.<br />

No entanto, não escolher também é escolher. Ela quer resolver o para<strong>do</strong>xo, deseja<br />

que o casamento forneça uma certeza sobre o futuro da relação, uma garantia, mas<br />

isso não é possível. Joy parece transparecer que acredita que com o casamento a<br />

relação irá se esvair, pois o matrimônio concretiza a possibilidade de rompimento e<br />

ela não poderia romper com suas promessas, já que este é o seu princípio a que se<br />

mantém agarrada. Esses elementos podem ser nota<strong>do</strong>s nesse receio de que com o<br />

casamento se perca a relação propriamente, observável no próximo trecho, bem<br />

como em momento, descrito anteriormente, em que ela relata que esperava mais<br />

para as amigas <strong>do</strong> que o casamento.<br />

O diálogo segue:<br />

- Joy, pensei que tínhamos resolvi<strong>do</strong> isso tu<strong>do</strong>. Quero me casar com você.<br />

Quero que seja a minha mulher. Quero ser o seu mari<strong>do</strong>. É isso o que<br />

quero.<br />

- Nem mesmo sei como explicar isso. – Cubro o rosto com as mãos. – Eu<br />

acho... se nos casarmos, não vai ser só eu e você e o que nós <strong>do</strong>is somos<br />

juntos. Vai ser o Casamento. A idéia disso. E tu<strong>do</strong> que quero que o<br />

casamento faça e que o casamento não tem como fazer. Existe esse me<strong>do</strong><br />

e foi por isso que eu disse sim na primeira vez. Mas o que tenho de fazer é<br />

conviver com esse me<strong>do</strong> em vez de acreditar que haja algo que possa me<br />

manter segura, coisa que vai acontecer se me casar com você. (COSPER,<br />

2005, p.292)<br />

Na relação se quer o eterno, mas sabe-se que é abertura e que não se pode ter o<br />

controle <strong>do</strong> depois, a pessoa confia, se entrega, sem garantias. Toda escolha e<br />

decisão é posição psicológica. Nossa posição é sempre decidida, pois somos livres<br />

e na nossa liberdade decide-se, mesmo que não se tenha consciência de si como<br />

escolhe<strong>do</strong>r.<br />

Joy quer que o casamento promova esta segurança, eliminan<strong>do</strong> o fato de que ela e<br />

Gabriel são abertura. Como já havia dito, ela acredita ―demais no casamento‖<br />

(p.291) No entanto, sabe que o matrimônio não cessará sua insegurança, e,<br />

portanto, acha que deve manter esse receio de perder a relação com Gabriel ao<br />

Biblioteca Virtual Fantásticas Vere<strong>das</strong> – FGR, Belo Horizonte dez. 2010 p. 14 de 22

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