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Finitude das possibilidades, finitude do relacionamento amoroso ...

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8 <strong>Finitude</strong> <strong>das</strong> <strong>possibilidades</strong>, <strong>finitude</strong> <strong>do</strong> <strong>relacionamento</strong> <strong>amoroso</strong><br />

perden<strong>do</strong> o companheiro. Perder-se está sempre em jogo, quer assuma as regras<br />

ou oponha-se a elas. A questão para Kierkegaard é singular, é da ordem de como<br />

eu fundamento o lugar em que estou, quais são os alicerces deste meu ficar onde<br />

estou. Ficar aqui ou lá não é o problema para ele. Alguns podem se casar antes <strong>do</strong>s<br />

trinta anos por que de fato escolheram esta opção, mas Joy a<strong>do</strong>ta uma postura tão<br />

radical que se mostra aprisionada no geral pela oposição, pela busca de não seguir<br />

em absoluto o rebanho.<br />

Em certo momento a atitude estética, onde ―evitan<strong>do</strong> ter de escolher, o esteta não<br />

escolhe ser ele mesmo e, não escolhen<strong>do</strong> ser, a vida escolhe por ele [...]‖ (DANTAS,<br />

2007), encontra lugar no percurso de Joy quan<strong>do</strong> ela aceita o pedi<strong>do</strong> de casamento<br />

de Gabriel e deixa-se ficar noiva. Segun<strong>do</strong> Protasio (2006): ―O homem tende a<br />

esconder <strong>do</strong> outro e de si mesmo seu desespero. Assim agin<strong>do</strong>, perde-se de si<br />

mesmo‖(s/p). Esta colocação se aplica ao fato da personagem Joy ter leva<strong>do</strong><br />

adiante a idéia <strong>do</strong> casamento sem reflexão. Joy abre mão de, em sua liberdade,<br />

optar conhecen<strong>do</strong> e assumin<strong>do</strong> os fundamentos de sua opção, pois deixa desenrolar<br />

os fatos sem interioridade, trata-se da negação da liberdade, como apresenta<strong>do</strong> por<br />

Feijoo (2000), ―quan<strong>do</strong> se deixa que a vida, o acaso ou o tempo deixem as coisas<br />

acontecerem [...] na tentativa de escapar da angústia‖ (FEIJOO, 2000, p.68).<br />

A personagem <strong>do</strong> livro aceita não ser si própria: não assumin<strong>do</strong> a escolha pelo<br />

noiva<strong>do</strong>, deixa-se ser levada ao vento, vive ao mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> impessoal, ―sem se dar<br />

conta de que não está escolhen<strong>do</strong>, mas apenas se deixan<strong>do</strong> levar, ou seja,<br />

elegen<strong>do</strong> esteticamente‖ (PROTASIO, 2007, s/p). De acor<strong>do</strong> com Cobra (2001):<br />

Perguntan<strong>do</strong> que estilo e estratégia uma pessoa usa para evitar a<br />

ansiedade, Kierkegaard pergunta como essa pessoa está escravizada por<br />

suas mentiras sobre ela mesma e para ela mesma. Uma forma de fuga é<br />

ignorar o próprio eu, tornar-se um autômato, apegar-se a um papel<br />

(COBRA, 2001, s/p).<br />

Joy definiu que o seu papel seria anti-cerimônia de casamento e se agarrou a este<br />

constructo independentemente <strong>do</strong> que se apresentava diante dela ao longo de sua<br />

trajetória. Manter o papel tornou-se mais importante <strong>do</strong> que o seu <strong>relacionamento</strong> a<br />

ponto de perdê-lo em nome de um posicionamento. Ao final <strong>do</strong> livro o companheiro<br />

de Joy decide pela separação, diferentemente <strong>do</strong> caso supracita<strong>do</strong> presente no<br />

Biblioteca Virtual Fantásticas Vere<strong>das</strong> – FGR, Belo Horizonte dez. 2010 p. 8 de 22

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