um pouquinho de teatro infantil - Centro Cultural São Paulo
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Teatro Infantil ::<br />
Jornal da Tar<strong>de</strong>, 28/03/1981 – pág. 8<br />
Crítica: Um espetáculo <strong>de</strong> alto nível<br />
Clóvis Garcia<br />
A primeira gran<strong>de</strong> montagem <strong>de</strong> <strong>teatro</strong> <strong>infantil</strong> <strong>de</strong>ste ano, com texto<br />
novo, é “Arlequinadas ou a Nova-Velha Estória <strong>de</strong> Arlequim, Pierrô,<br />
Colombina e seus Patrões”, do grupo Chaminé, no Museu <strong>de</strong> Arte <strong>de</strong> São<br />
<strong>Paulo</strong>, ainda que n<strong>um</strong> horário estranho, já que o MASP parece <strong>de</strong>sconhecer<br />
o horário habitual <strong>de</strong>sse gênero <strong>de</strong> espetáculos, marcando sábado às 16<br />
horas, o que é bom, mas cancelando o horário da manhã <strong>de</strong> domingo e<br />
fixando 15 horas para a apresentação da tar<strong>de</strong>, hora em que a classe que<br />
freqüenta esse tipo <strong>de</strong> <strong>teatro</strong> ainda está no almoço ajantarado...<br />
“Arlequinadas”, autoria e direção <strong>de</strong> José Eduardo Vendramini, com<br />
colaboração <strong>de</strong> Mário Bolognesi no texto, procura retomar, como o próprio<br />
título indica, os personagens da Commedia <strong>de</strong>ll’Arte, na imagem romântica<br />
que Watteau começou a elaborar e o Romantismo nos passou, já que Pierrô –<br />
Pedrolino na Itália – tinha pouca importância entre os comediantes italianos.<br />
Ambientando a trama n<strong>um</strong> circo, que vai apresentar novos atores acrobatas,<br />
exatamente Arlequim, Pierrô e Colombina, o texto, n<strong>um</strong>a espécie <strong>de</strong> flashback,<br />
mostra a trajetória <strong>de</strong>sses personagens como migrantes que chegam a<br />
São <strong>Paulo</strong> e experimentam todo tipo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sajustados na gran<strong>de</strong><br />
cida<strong>de</strong>, até escolher o circo como solução. E aqui está <strong>um</strong>a das restrições que<br />
faríamos à peça, pois não fica claro que a escolha <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> <strong>um</strong>a vocação,<br />
como seria o correto, mas o circo aparece como <strong>um</strong> refúgio para quem não<br />
sabe fazer mais nada. A frase dita por <strong>um</strong> dos personagens, <strong>de</strong> que sempre<br />
gostou <strong>de</strong> representar, é fraca diante <strong>de</strong> todo o contexto. A outra restrição é o<br />
excesso <strong>de</strong> propostas: o circo, não suficientemente explorado, os personagens<br />
da Commedia <strong>de</strong>ll’Arte, que em dado momento ass<strong>um</strong>em as roupas e atitu<strong>de</strong>s<br />
da tradição romântica, a sua atualização à realida<strong>de</strong> urbana <strong>de</strong> São <strong>Paulo</strong>,<br />
cenas da vida paulistanas, as relações trabalhistas. Cada <strong>um</strong>a <strong>de</strong>ssas propostas<br />
permitiria <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a peça, mas reunidas n<strong>um</strong> único texto não chegam a<br />
ser aprofundadas e se misturam n<strong>um</strong>a certa confusão para o público jovem.<br />
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