As Terapias Cognitivas na perspectiva da Semântica Geral: nontos ...
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Análise Psicológica (1988). 2 '(VI): 197-210<br />
<strong>As</strong> <strong>Terapias</strong> <strong>Cognitivas</strong><br />
<strong>na</strong> <strong>perspectiva</strong> <strong>da</strong> Semântica <strong>Geral</strong>:<br />
<strong>nontos</strong> de contacto e linhas de acção<br />
ISABEL CARO (*)<br />
INTRODUÇAO<br />
Com grande probabili<strong>da</strong>de, o leitor deste<br />
artigo conhece as suposições actuais <strong>da</strong>s<br />
terapias cognitivas, o seu nível de desenvolvimento<br />
e as suas possibili<strong>da</strong>des terapêuticas.<br />
Mas, também com grande probabili<strong>da</strong>de,<br />
poucas pessoas conhecerão a semântica<br />
geral e ain<strong>da</strong> menos a sua relação com<br />
as terapias cognitivas. Na minha opinião é<br />
possível estabelecer amplos paralelismos entre<br />
os conceitos básicos <strong>da</strong> semântica geral<br />
e as propostas terapêuticas de tipo cognitivo,<br />
tanto ao nível <strong>da</strong>s técnicas específicas<br />
(Caro, I., 1985a, 1986), como, e é este o<br />
ponto em que me vou centrar, em relação<br />
às ideias básicas do que se tem vindo a<br />
chamar a «revolução» (Salkovskis, P. M.,<br />
1986), ou a «evolução» (Blackburn, I. M.,<br />
1986) «cognitiva».<br />
Não se trata de modo algum de assi<strong>na</strong>lar,<br />
quem disse alguma coisa em primeiro lugar<br />
(ain<strong>da</strong> que neste caso, <strong>na</strong> semântica<br />
geral, tenha priori<strong>da</strong>de, já que a obra básica<br />
do seu criador, Alfred Korzybsky, foi<br />
publica<strong>da</strong> em 1933), mas sim de salientar<br />
(*) Professora <strong>na</strong> Facul<strong>da</strong>de de Psicologia <strong>da</strong><br />
Universi<strong>da</strong>de de Valência.<br />
as características básicas de ambas as <strong>perspectiva</strong>s,<br />
o que têm em comum e que integração<br />
se pode fazer. Neste sentido, a Semântica<br />
<strong>Geral</strong> oferecer-nos-ia a «filosofia»,<br />
a base teórica integra<strong>da</strong> de que poderiam<br />
compartilhar as diferentes <strong>perspectiva</strong>s<br />
cognitivas, enquanto que estas, por seu<br />
lado, oferecer-nos-iam os conceitos terapêuticos<br />
básicos e um leque mais amplo de<br />
técnicas de intervenção.<br />
DEFINIÇOES<br />
Esta «filosofia», a que me referia <strong>na</strong><br />
introdução, encontra-se <strong>na</strong>s três premissas<br />
básicas <strong>da</strong> Semântica <strong>Geral</strong> (consultar,<br />
Korzybski, A., 1933, 1937; Johnson, W.,<br />
1946; Caro, I., 1984), a saber:<br />
a) a palavra não é o objecto, ou o mapa<br />
não é o território;<br />
b) as palavras não recobrem to<strong>da</strong>s as<br />
características do objecto nomeado,<br />
i.e. o mapa é incompleto;<br />
c) a linguagem, o mapa, é auto-reflexivo<br />
i.e. não existe um objecto totalmente<br />
isolado.<br />
197
A Semântica <strong>Geral</strong> não se ocupa do significado<br />
<strong>da</strong>s palavras e <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças destes<br />
significados. A Semântica <strong>Geral</strong>, tal<br />
como é defini<strong>da</strong> pelo seu criador, é a ciência<br />
<strong>da</strong> avaliação, a ciência dos valores<br />
(Korzybsky, A., 1933). 2 o estudo dos processos<br />
humanos de abstracção; dos problei<strong>na</strong>s<br />
que <strong>da</strong>í podem advir; e de como melhorar<br />
a abstracção e a avaliação (Joyner.<br />
R., 1980). Fi<strong>na</strong>lmente a Semântica <strong>Geral</strong><br />
trabalha com o universo <strong>da</strong>s reacções huma<strong>na</strong>s,<br />
aos símbolos e aos factos que ocorrem,<br />
tal como são avaliados pelo organismo<br />
funcio<strong>na</strong>ndo como um todo no momento<br />
que toma contacto com eles (Bois, J. S.,<br />
1957).<br />
O que Korzybsky propõe é uma nova<br />
forma de avaliação, onde sobressai a não<br />
identificação palavras-objectos, a necessi<strong>da</strong>de<br />
de compreender o incompleto do<br />
nosso conhecimento e o facto de este conhecimento<br />
se poder expressar em diferentes<br />
ordens verbais de abstracção.<br />
Ain<strong>da</strong> que existam muitas definições de<br />
o que é uma terapia cognitiva, em função<br />
<strong>da</strong> própria teoria do autor, a maioria destas<br />
gravitam em torno dos mesmos pontos.<br />
<strong>As</strong> terapias cognitivas são «aquele grupo<br />
de técnicas terapêuticas cuja fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de<br />
principal é a de reduzir os sintomas de<br />
mau estar psicológico através <strong>da</strong> manipulação<br />
directa <strong>da</strong>s ideias disfuncio<strong>na</strong>is que<br />
o acompanham (Bredosian, P. C., Beck,<br />
A. T., 1980). Para Beck (1970), «uma terapia<br />
cognitiva é, num sentido muito geral,<br />
qualquer técnica cujo modo de acção principal<br />
se centra <strong>na</strong> modificação de padrões<br />
disfuncio<strong>na</strong>is de pensamento».<br />
<strong>As</strong> três permissas básicas <strong>da</strong>s terapias<br />
cognitivas são, segundo Bedrosian e Beck<br />
(1980):<br />
a) <strong>As</strong> percepções <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de não são<br />
idênticas à própria reali<strong>da</strong>de.<br />
b) <strong>As</strong> interpretações <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de dependem<br />
dos processos cognitivos, que,<br />
em si mesmo, são falíveis.<br />
c) <strong>As</strong> crenças são hipóteses sujeitas ;i<br />
sua negação e modificação.<br />
Que nos dizem estas três permissas?<br />
O ser humano joga um papel fun<strong>da</strong>mental<br />
como construtor do seu mundo. Estas construções<br />
podem ser erróneas, no sentido dc<br />
serem diferentes <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de que pretendem<br />
representar e são produzi<strong>da</strong>s por processos<br />
cognitivos sujeitos também a erro.<br />
Se a pessoa é o motor principal <strong>da</strong> sua<br />
própria vi<strong>da</strong>, converte-se um ser humano<br />
num investigador, tor<strong>na</strong>ndo similares as<br />
suas crenças, ideias, etc., às hipóteses com<br />
que trabalha e que devem ser verifica<strong>da</strong>s<br />
o11 recusa<strong>da</strong>s em funcão dos <strong>da</strong>dos obtidos.<br />
To<strong>da</strong>via, e antes de continuar, convém<br />
notar que fazer terapias cognítivas não<br />
significa ser psicólogo cognitivo. O psicólogo<br />
cognitivo (de Vega, M., 1984) interessa-se,<br />
tal como o terapeuta, pela mente<br />
huma<strong>na</strong>, mas fá-lo a partir do paradigma<br />
do processamento de informação. Enquanto<br />
procura, em princípio, a explicação (procura<br />
do processo), o terapeuta cognitivo<br />
procura os modos de produzir a mu<strong>da</strong>nça<br />
(trabalho com o conteúdo). De qualquer<br />
forma o mais desejável seria conseguir unificar<br />
num paradigma de investigação coerente,<br />
os psicólogos experimentalistas do<br />
processamento de informação com o seu<br />
contributo metodológico, com os clínicos,<br />
os terapeutas cognitivos, com os seus conteúdos<br />
e as suas exigências práticas (Ibaííez,<br />
E. 1980, 1982). Em relação ao problema<br />
<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de estu<strong>da</strong>r o processo, o estatuto<br />
actual <strong>da</strong>s terapias cognitivas começa<br />
a modificar-se em relação ao preconizado<br />
por Mahoney em 1977. Da justificação dos<br />
resultados está-se a passar, com melhor ou<br />
pior resultado, ii intenção de descrever o<br />
processo (consultar Beck, A., Emery G. e<br />
Greenberg, R., 1985). Segundo o meu ponto<br />
de vista, muito fica por dizer.<br />
198
PONTOS DE CONTACTO<br />
ENTRE SEMANTICA GERAL<br />
E TERAPIAS COGNITIVAS<br />
O fun<strong>da</strong>mental, o mais importante que<br />
une estas duas <strong>perspectiva</strong>s é o papel que<br />
joga a linguagem, como objecto e como<br />
meio para a mu<strong>da</strong>nça. Por sua vez, como<br />
causa deste facto, defende-se uma concepção<br />
do ser humano como construtor<br />
activo do mundo, como um produtor de<br />
modelos, de mapas, imperfeitos e incompletos<br />
(consultar: Weinier, W., 1973; Arnkoff,<br />
D., 1980; Liotti, G., e Re<strong>da</strong>, M., 1981;<br />
Gui<strong>da</strong>no, V., e Liotti, G., 1983).<br />
Se pedirmos a alguém que nos observe,<br />
enquanto estamos a fazer uma terapia cognitiva<br />
com um paciente este informar-nos-á<br />
<strong>da</strong> grande quanti<strong>da</strong>de de vezes que perguntamos<br />
ou dizemos:<br />
Que estava a pensar quando ... ?<br />
Em que é que se baseava para dizer<br />
isso. ..?<br />
Pense no que realmente aconteceu.<br />
Demonstre-mo, etc.<br />
Que procuramos com esta atitude? Parece<br />
que não acreditamos muito no paciente,<br />
que o convertemos numa pessoa<br />
que se está sempre a enga<strong>na</strong>r. Não que<br />
queira enga<strong>na</strong>r-nos, mas que se enga<strong>na</strong> a<br />
si próprio e ao mesmo tempo causa-se problemas.<br />
A que se deve isto?; Que lhe estamos<br />
a exigir enquanto paciente?; Como<br />
podemos fazê-lo mu<strong>da</strong>r?<br />
O clínico no momento de realizar o seu<br />
trabalho, actua como um processador <strong>da</strong><br />
informação, que o leva a realizar um diagnóstico<br />
e a iniciar uma terapia segundo as<br />
categorias mentais que possui. O clínico<br />
não é de forma nenhuma, um ser asséptico,<br />
mas constrói as suas próprías teorias <strong>da</strong><br />
mesma forma que o fazem os seus pacientes.<br />
O terapeuta cognitivo possui um modelo<br />
do que está a produzir a conduta anormal<br />
que pode resumir-se <strong>na</strong> frase de Epicteto,<br />
recolhi<strong>da</strong> <strong>na</strong> maioria dos manuais de terapia<br />
cognitiva mais popularizados: «O ho-<br />
mem não se perturba pelas coisas mas sim<br />
pela visão que tem delas». Sendo assim,<br />
um terapeuta cognitivo:<br />
- Rebate e desafia intelectualmente o<br />
paciente.<br />
-Toma como duvidosas (que devem<br />
provar-se), as afirmações dos pacientes.<br />
-Confia, apesar de tudo, no paciente,<br />
em que pode conseguir a mu<strong>da</strong>nça<br />
dos seus próprios processos de raciocínio.<br />
- Interessa-se pelo mundo privado do<br />
paciente, e confia que este vai poder<br />
aceder a ele, comunica-lo, e consequentemente<br />
converte-o no material<br />
fiável com que trabalhará <strong>na</strong> terapia.<br />
-Tenta converter a pessoa num cientista<br />
leigo, em alguém que pode e deve<br />
provar as suas afirmações.<br />
Ao fazer terapia cognitiva, o paciente<br />
vê-se submetido ao modelo do terapeuta, e<br />
portanto:<br />
-Deve aprender a ouvir-se, a «olhar<br />
para o seu interior».<br />
-Naquilo que diz a si mesmo está a<br />
chave para compreender os seus problemas.<br />
-Vai ser contradicto mas, ain<strong>da</strong> assim,<br />
continuará.<br />
- Substituirá umas afirmações, umas<br />
frases, por outras.<br />
Em suma, utilizam-se as palavras e a sua<br />
mensagem como fonte, meio, e objecto <strong>da</strong><br />
mu<strong>da</strong>nça. Quando se faz terapia cognitiva<br />
quere-se que o paciente compreen<strong>da</strong> os<br />
erros cognitivos que advém <strong>da</strong>s suas verbalizações,<br />
a falsi<strong>da</strong>de dos seus pressupostos,<br />
que demonstre por palavras e factos<br />
que se enganou, e que utilize esses mesmos<br />
processos de raciocínio que lhe tinham<br />
<strong>da</strong>do a chave para encontrar o quê e o porquê,<br />
para que (com a aju<strong>da</strong> do terapeuta),<br />
199
encontre também o como, e consiga assim<br />
o fim desejado.<br />
Dentro <strong>da</strong>s terapias cognitivas dever-se-ia<br />
<strong>da</strong>r, segundo o meu ponto de vista, uma<br />
maior importância ao papel que joga a linguagem<br />
<strong>na</strong> nossa saúde mental. A linguagem<br />
obtém a sua importância ao ser, por<br />
um lado, o meio fun<strong>da</strong>mental, ain<strong>da</strong> que<br />
não o único, com que uma terapia se realiza<br />
(Grinder, J., e Bandler, R., 1976), enquanto<br />
que por outro, devemos destacar<br />
a importância que tem a linguagem inter<strong>na</strong><br />
do sujeito, o que as pessoas dizem a elas<br />
próprias (Meichenbaum, D. O.; Meichenbaum,<br />
D. O., e Cameron, R., 1973).<br />
<strong>As</strong> terapias cognitivas são, deste ponto<br />
de vista, terapias linguísticas. Pretendem<br />
modificar estruturas profun<strong>da</strong>s que medeiam<br />
a interpretação que o sujeito faz<br />
dos factos externos (Beck, A., 1976). Ain<strong>da</strong><br />
que possuamos <strong>da</strong>dos acerca <strong>da</strong> sua eficácia<br />
terapêutica (Miller, R. C., e Berman,<br />
J. S., 1983), carecemos de <strong>da</strong>dos no que<br />
respeita ao seu mecanismo de acção. O terapeuta<br />
cognitivo procura modificar esquemas,<br />
estruturas cognitivas, a Semântica <strong>Geral</strong><br />
não. A Semântica <strong>Geral</strong> pretende fazer-<br />
-nos modificar a nossa atitude perante a<br />
«reali<strong>da</strong>de», que não deve estar deturpa<strong>da</strong><br />
pelas nossas ((armadilhas linguísticas», modificar,<br />
em resumo, o nosso emprego <strong>da</strong> linguagem.<br />
Como diz Korzybski (1933): primeiro<br />
factos, depois palavras. De momento<br />
eu julgo (a um nível inferencial), que o<br />
que se produz ao fazer terapia, é uma tentativa<br />
de ajustar o que nós dizemos a nós<br />
mesmos ao que surge diante de nós. Neste<br />
sentido, os pressupostos <strong>da</strong> Semântica <strong>Geral</strong><br />
tem muito que dizer como veremos em<br />
segui<strong>da</strong>.<br />
O importante do trabalho de Alfred<br />
Korzybski para as terapias cognitivas, ro<strong>da</strong><br />
em torno de dois pontos:<br />
1. A identificação palavra-objecto, como<br />
mecanismo interveniente <strong>na</strong> maioria<br />
dos problemas emocio<strong>na</strong>is.<br />
2. <strong>As</strong> ordens de abstracção, como mecanismos<br />
para conseguir a mu<strong>da</strong>nça,<br />
e como exemplo dos erros cognitivos<br />
de um sujeito.<br />
Estes dois pontos representam o uso incorrecto<br />
que as pessoas fazem <strong>da</strong> linguagem<br />
(Korzybski, A., 1933; Hayakama, S. I.,<br />
1978; Dunn, C., 1983). Uso incorrecto <strong>da</strong><br />
linguagem significa que identificamos palavras<br />
com objectos, que acreditamos poder<br />
«conjurar» o mundo com as nossas palavras<br />
(Bronowski, J., 1978). A estrutura <strong>da</strong><br />
linguagem deve ser similar 2 estrutura do<br />
mundo. Isto implica desenvolvermos uma<br />
atitude que coloque primeiro os factos e<br />
depois as palavras. Uma atitude que nos<br />
faça reconhecer que vivemos num mundo<br />
em perpétua mu<strong>da</strong>nça, com todos os seus<br />
elementos em relação, impossível de conhecer<br />
<strong>na</strong> sua totali<strong>da</strong>de. Por isso devemos<br />
organizar e usar a nossa linguagem, tendo<br />
em conta que é imperfeita, e que de forma<br />
alguma as palavras representam ponto por<br />
ponto os objectos que denomi<strong>na</strong>m.<br />
Korzybski estruturou e visualizou as suas<br />
três permissas <strong>na</strong>s diferentes ordens de<br />
abstracção representados no que denominou<br />
Diferencial Estrutural (ver fig. 1). Com<br />
o Diferencial Estrutural, isto é, com as ordens<br />
de abstracção, pode-se elimi<strong>na</strong>r o «é»<br />
<strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de palavra-objecto. O primeiro<br />
nível é o dos factos científicos, assim chamados<br />
porque só podem ser conhecidos<br />
mediante a ciência e a sua evolução. Temos<br />
depois o nível não traduzível em palavras,<br />
que é o mundo <strong>da</strong> experiência, o nível onde<br />
segundo Korzybski se movimenta to<strong>da</strong> a<br />
nossa vi<strong>da</strong>. Depois destes aparecem os níveis<br />
verbais. O primeiro (e segundo nível<br />
de abstracção), é o etiquetado, a palavra<br />
que melhor podemos ligar a um objecto.<br />
Depois vem o nível <strong>da</strong>s descriçóes (realmente<br />
difícil de distinguir do anterior, tal<br />
como o reconheceu Korzybski), depois as<br />
inferências de diferentes níveis, fi<strong>na</strong>lmente,<br />
as conclusões. Em todo este processo deve-<br />
200
mos ter em conta que desde o início se<br />
vão perdendo as características desse facto<br />
ou objecto (os pontos e as linhas que caem<br />
<strong>na</strong> figura i), e que é um processo circular,<br />
no qual depois de melhorar as percepções<br />
dos factos e atingir conclusões mais ajusta<strong>da</strong>s<br />
2 «reali<strong>da</strong>de», devemos regressar outra<br />
vez a níveis inferiores, i.e. perceber<br />
esse facto com uma nova teoria, e assim<br />
sucessivamente.<br />
B<br />
Fig. 1<br />
TERCEIRO NIVEL DE<br />
ABSTRACÇAO OU<br />
DESCRICITO<br />
QUARTO NIVEL DE<br />
ABSTRACÇAO OU<br />
INFERENCIA<br />
ÚLTIMO NfVEL DE<br />
ABSTRACÇAO OU<br />
CONCLUSAO<br />
Fi<strong>na</strong>lmente, neste brevíssimo relato dos<br />
principais procedimentos terapêuticos <strong>da</strong><br />
Semântica <strong>Geral</strong>, devemos destacar a importância<br />
do que se chama dispositivos extensio<strong>na</strong>is.<br />
Estes ensi<strong>na</strong>m-nos, a fazer o mínimo<br />
de generalizações possíveis, a flexibilizar<br />
a linguagem, compreender as múltiplas<br />
modificações a que as pessoas são sujeitas<br />
e a reconhecer a limitação <strong>da</strong>s nossas<br />
palavras e do nosso conhecimento. Ain<strong>da</strong><br />
que neste trabalho não os vamos desenvolver,<br />
são tão importantes como as ordens<br />
de abstarcção no processo terapêutico <strong>da</strong><br />
Semântica <strong>Geral</strong>.<br />
Nas ordens de abstracção podemos encontrar<br />
e explicar, os erros cognitivos de<br />
que nos fala Beck (Beck, A., 1976; Beck,<br />
A., et al, 1979; Beck, A., et al, 1985), as<br />
inferências de ordem eleva<strong>da</strong>, os «devo»,<br />
«deve ser», etc., que caracterizam as crenças<br />
iracio<strong>na</strong>is segundo A. Ellis (1962,<br />
1985), e inclusivamente, a incorrecta etiquetagem<br />
que gera um ataque de pânico<br />
(Cfark, D., 1986, 1987).<br />
Para compreender esta afirmação, vamos<br />
desenvolver duas possíveis sessões terapêuticas,<br />
uma seguindo um método cognitivo<br />
como pode ser a comprovação <strong>da</strong> hipótese<br />
de Beck, a outra, seguindo a metodologia<br />
<strong>da</strong> Semântica <strong>Geral</strong>.<br />
No apêndice 1 e 2 está uma explicação<br />
destes diálogos seguindo o estilo do Diferencial<br />
Estrutural. Estes diálogos são fictícios<br />
e o mais simplificados possível, com<br />
o objectivo de serem breves e claros.<br />
Numa terapia cognitiva, paciente e terapeuta<br />
estabeleceriam o seguinte diálogo:<br />
Paciente: Estou certo que não vou aprovar<br />
no exame (sobregeneralização; inferência<br />
arbitrária). E isso é horrível, porque vá0<br />
acabar por me expulsar <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de<br />
(magnificação; sobregeneralização; inferência<br />
arbitrária).<br />
Terapeuta: Em que se baseia para dizer<br />
isso? (o terapeuta procura a evidência<br />
objectiva <strong>da</strong>s afirmações do paciente).<br />
201
P: Em que não vou poder aprovar (raciocínio<br />
circular).<br />
T: Sim, mas como pode estar tão certo?<br />
P: Que quer dizer?<br />
T: Quero dizer que para afirmar isso<br />
tem que haver alguma base objectiva (comprovação<br />
<strong>da</strong> hipótese).<br />
P: Bem, já tenho duas reprovações e esta<br />
terceira vai ser do mesmo tipo <strong>da</strong>s outras<br />
duas (inferência arbitrária).<br />
T: Como sabe isso?<br />
P: Porque sempre tem sido assim (sobregeneralização).<br />
T: Bem, vamos seguir o procedimento<br />
que lhe ensinei para lutar contra essas<br />
ideias negativas e absolutistas. Lembre-se<br />
que em primeiro lugar, devemos a<strong>na</strong>lisar<br />
qual é a ideia negativa que lhe está a causar<br />
tanta ansie<strong>da</strong>de.<br />
P: Na reali<strong>da</strong>de são duas, não vou aprovar<br />
no exame e como consequência vão-me<br />
expulsar <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de.<br />
T: Peguemos <strong>na</strong> primeira, vamos ver o<br />
que há de certo nela. Como pode estar tão<br />
certo de que o vão reprovar no exame?<br />
P: Já o disse antes, porque já tenho duas<br />
reprovações.<br />
T: Não, que evidências tem a favor e<br />
contra.<br />
P: A minha experiência anterior.<br />
T: De acordo, isso é uma coisa que já<br />
aconteceu, mas a evidência objectiva é a<br />
demonstração de que o que pensa vai acontecer<br />
<strong>na</strong> reali<strong>da</strong>de (o terapeuta procura descrições,<br />
pontos de parti<strong>da</strong> para conclusões<br />
bem apoia<strong>da</strong>s. O paciente começa a diferenciar<br />
as suas afirmações do que acontece,<br />
e a compreender a dificul<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s suas<br />
predições).<br />
P: Bem, <strong>na</strong> reali<strong>da</strong>de não estudei muito.<br />
7': Quanto necessita estu<strong>da</strong>r para aprovar?<br />
P: Em três dias devo estu<strong>da</strong>r, se puder,<br />
umas quatro horas por dia.<br />
T: Está bem. Julga que se estu<strong>da</strong>r vai<br />
conseguir? Estudou muito para os outros<br />
exames?<br />
P: Não sei, mas tenho mais possibili<strong>da</strong>des.<br />
<strong>As</strong> outras vezes não estudei muito, se<br />
calhar se mu<strong>da</strong>r de táctica consigo alguma<br />
coisa (o paciente aprende a inferir, a ver<br />
distintas possibili<strong>da</strong>des basea<strong>da</strong>s em descrições<br />
do que fez, antes de chegar a uma<br />
conclusão, i.e. a negar ou a vali<strong>da</strong>r a sua<br />
afirmação inicial).<br />
T: Então, que pode concluir.<br />
P: Devo fazer alguma coisa para aprovar,<br />
e o mais lógico é estu<strong>da</strong>r, e já veremos<br />
o que acontece no dia do exame. Até esse<br />
momento não posso estar seguro.<br />
Vamos ler de novo o diálogo anterior,<br />
até ao ponto em que o terapeuta começa a<br />
trabalhar directamente com a comprovação<br />
de hipóteses (apeguemos <strong>na</strong> primeira, e vamos<br />
ver...») e continuemos o processo tal<br />
como se faria <strong>na</strong> Semântica <strong>Geral</strong>.<br />
T: Parece-me que o que se passa é que<br />
tem um problema relacio<strong>na</strong>do com o estudo.<br />
Gostaria que seguisse o processo de<br />
raciocínio <strong>da</strong>s ordens de abstracção para<br />
ver se é certo ou não o que estamos a afirmar.<br />
Primeiro quero que reviva a situação<br />
de estudo. Já o fez? Sim, bem, agora quero<br />
que diga a primeira coisa que pensou.<br />
P: O que já disse, que me vão reprovar.<br />
T: De acordo, mas isso 6 uma conclusão<br />
que se calhar não é correcta. Está identificando<br />
palavras com factos, e não é por<br />
dizê-lo que vai acontecer. Só pode tirar<br />
uma conclusão desse tipo quando exista um<br />
facto anterior que a upoie. Lembre-se, primeiro<br />
dos factos, depois <strong>da</strong>s palavras. Tente<br />
etiquetar simplesmente o que acontece, o<br />
que sente ou o que percebe. Esqueça o que<br />
poderá acontecer.<br />
P: Sinto-me mal ao começar a estu<strong>da</strong>r,<br />
assim podíamos etiquetar isso como «ansie<strong>da</strong>de<br />
ao estu<strong>da</strong>r» (o paciente está a etiquetar<br />
e a descrever o que sente no nível não<br />
traduzível em palavras).<br />
T: De acordo, agora descreva a situação<br />
de estudo.<br />
202
P: Julgo que a melhor descrição seria a<br />
de que estou a estu<strong>da</strong>r a cadeira de Psicoterapia<br />
e concretamente o tema 5.<br />
T: A partir disso que inferências pode<br />
estabelecer.<br />
P: Posso inferir que levo duas horas de<br />
estudo, só consegui aprender as três primeiras<br />
pági<strong>na</strong>s e devo estu<strong>da</strong>r mais 15. Até ao<br />
exame faltam três dias e ain<strong>da</strong> me faltam<br />
5 temas mas.. . (para que o paciente possa<br />
inferir adequa<strong>da</strong>mente é necessário fazer<br />
as perguntas adequa<strong>da</strong>s, o que requer 10-<br />
gicamente, ao princípio, uma grande aju<strong>da</strong><br />
do terapeuta).<br />
T: Julga que com o que disse até agora<br />
está em condições de tirar uma corzcZusáo.<br />
E, é a mesma que ao princípio?<br />
P: Parece-me que não vai ser igual. E<br />
evidente que para aprovar devo estu<strong>da</strong>r,<br />
tudo e todos os dias. Até que faça o exame<br />
não posso estar seguro se vou aprovar ou<br />
reprovar.<br />
Com base nestes dois exemplos, vemos<br />
que o importante no caso <strong>da</strong> terapia cognitiva<br />
(de que a comprovação de hipóteses<br />
é só um exemplo, ain<strong>da</strong> que em minha opinião,<br />
extremamente significativo), é desfazer<br />
os pressupostos dos pacientes levando-<br />
-os a que os comprovem <strong>na</strong> reali<strong>da</strong>de. No<br />
caso <strong>da</strong> Semântica <strong>Geral</strong> o mais importante,<br />
segundo o meu ponto de vista,, ao utilizar<br />
as ordens, é que o sujeito reconheça as<br />
sensações que está a vivenciar e não as que<br />
imaginou ou previu, e que comece a classificá-las<br />
utilizando etiquetas, para progressivamente<br />
construir outras conclusões. A etiqueta,<br />
juntamente com a direcção, através<br />
de perguntas do terapeuta, no nível <strong>da</strong>s<br />
inferências, são os pontos básicos deste<br />
processo.<br />
A etiqueta é, por conseguinte, o mais importante<br />
neste processo. I3 o ponto de parti<strong>da</strong><br />
óptimo. A confusão neste nível pode<br />
ser entre ordens, i. e., uma etiqueta por<br />
uma conclusão (no caso exposto, ver Apêndice<br />
l), ou, e isto é algo que não entra <strong>na</strong><br />
teoria origi<strong>na</strong>l de Korzybski, entre etiquetas,<br />
i. e., utilizar uma etiqueta que de<br />
facto o seja, mas que não seja a única, quer<br />
dizer, que não seja a que se melhor adequa<br />
ao que sucedeu ao nível não traduzível em<br />
palavras e sobretudo a que nos permita<br />
atingir a conclusão deseja<strong>da</strong>.<br />
Contudo, a níveis terapêuticos uma etiqueta<br />
correcta pode não ser váli<strong>da</strong>. Terapeuticamente<br />
o que interessa não é a etiquetação<br />
simplesmente do objecto, mas sim<br />
o que ocorre no nível não traduzível em<br />
palavras, i. e., a etiquetaçáo <strong>da</strong> relação pessoa-objecto<br />
ou facto. Quer dizer, o paciente<br />
pode encontrar mais que uma etiqueta que<br />
se aplique a uma parte do que esta vivenciando<br />
no nível não traduzível em palavras,<br />
mas só uma delas vai ser a que, ao seguir<br />
as ordens de abstracção, nos permita atingir<br />
a conclusão indica<strong>da</strong> para produzir modificações.<br />
Portanto, o etiquetar correctamente é<br />
bastante complicado. Não é a mesma coisa<br />
etiquetar um objecto ou um facto. Numa<br />
investigação anterior (Caro, I., 1985b), verificou-se<br />
que a maioria de nós tem problemas<br />
ao fazê-lo ante um objecto, ain<strong>da</strong><br />
que, igualmente, os sujeitos com treino <strong>na</strong><br />
semântica geral apreendiam a fazê-lo significativamente<br />
melhor que os que não tinham<br />
esse treino.<br />
Se nos enga<strong>na</strong>mos com um objecto, como<br />
não nos vamos enga<strong>na</strong>r quando etiquetamos<br />
experiências vivi<strong>da</strong>s, e sobretudo quando<br />
estas tem uma forte carga emocio<strong>na</strong>l?<br />
Daí a importância que tem o facto de se<br />
encontrar a etiqueta que possa permitir-nos<br />
o «jogo terapêutica)), sem que este seja uma<br />
falsificação, que facilite o trabalho do terapeuta.<br />
Mas uma vez solucio<strong>na</strong><strong>da</strong> esta questão,<br />
é bastante fácil de levar A prática.<br />
A tarefa do terapeuta no nível inferencial,<br />
pode ser facilita<strong>da</strong> pelas técnicas de<br />
restruturação cognitiva, por técnicas tais<br />
como, o diálogo socrático, o «como se», o<br />
impedir de se tirar conclusões catastróficas,<br />
etc.<br />
203
Porque são tão importantes estas ordens<br />
de abstracção? Que contribuição têm em<br />
relação às terapias cognitivas? <strong>As</strong> ordens<br />
de abstracção quando ensi<strong>na</strong>mos a falar, a<br />
enfrentar um facto, utilizando diferentes<br />
tipos de linguagem (desde o mais descritivo<br />
até ao mais absoluto), fazem com que se<br />
estabeleça um processo de auto-controle<br />
baseado noutro de raciocínio, onde a linguagem<br />
está ao serviço <strong>da</strong>quilo que os factos<br />
nos permitem afirmar. Converte-se assim<br />
os erros de pensamento em erros <strong>na</strong>s ordens<br />
de abstracção, de confusão entre eles, fruto<br />
de rápi<strong>da</strong>s reacções semânticas, que sob a<br />
forma de conclusões deturpam a nossa percepção<br />
de um facto, e desencadeiam um<br />
círculo vicioso; reacção emocio<strong>na</strong>l-conclusão<br />
de ordem eleva<strong>da</strong>-reacção emocio<strong>na</strong>l,<br />
etc.<br />
Na minha opinião esta é uma possibili<strong>da</strong>de<br />
terapêutica que deve ser leva<strong>da</strong> em<br />
conta. Se lermos detalha<strong>da</strong>mente a sessão<br />
cognitiva, o que faz o terapeuta é dirigir,<br />
com as suas perguntas, os pressupostos do<br />
paciente fazendo que as suas conclusões<br />
não sejam umas determi<strong>na</strong><strong>da</strong>s, a menos que<br />
haja todo um processo de raciocínio que<br />
as apoie, que junte, logicamente, a percepção<br />
de um facto i comprovação directa.<br />
Na terapia cognitiva, regra geral, primeiro<br />
fala-se sobre um facto, depois comprova-se.<br />
Na Semântica <strong>Geral</strong>, primeiro 6 necessário<br />
experimentar algo, depois falar sobre isso,<br />
e se for preciso, comprovar-se posteriormente<br />
com base numa conclusão, que ditará<br />
o procedimento a seguir.<br />
Em relação a este ponto, se utilizarmos<br />
as ordens de forma estrita, a Semântica <strong>Geral</strong><br />
dir-nos-ia, que a nossa conclusão, «vão-<br />
-me reprovar», pode ser certa. Mas, que<br />
antes, deve enfrentar um exame e wivenciá-lo»<br />
(nível não traduzível em palavras),<br />
a partir dessas experiências construir-se a<br />
sua linguagem, tomando-as como base. A<br />
instrução a <strong>da</strong>r ao paciente é «espera, fala<br />
ou conclui depois do facto».<br />
Contudo, em níveis clínicos, é bastante<br />
difícil (nem todos os pacientes o aceitam)<br />
que sejamos tão «duros». Visto que até que<br />
chegue esse momento, a simples instrução<br />
anterior não vai servir de muito ao paciente,<br />
já que ele necessita de uma técnica que o<br />
ajude a domi<strong>na</strong>r os seus pensamentos negativos,<br />
estabelecendo soluções viáveis para<br />
evitar um resultado negativo.<br />
A SEMANTICA GERAL:<br />
UM NOVO PROCEDIMENTO TERAPÉUTICO<br />
Para termi<strong>na</strong>r, gostaria de expor o que<br />
significa fazer terapia segundo as ideias <strong>da</strong><br />
Semântica <strong>Geral</strong>. Vou-me limitar a descrever<br />
as linhas gerais de actuação aguar<strong>da</strong>ndo<br />
poder mais tarde apresentar resultados experimentais<br />
<strong>da</strong>queles aspectos que considero<br />
mais importantes e que podem ajustar<br />
um novo procedimento clínico. (*)<br />
Segundo o exposto até agora, podemos<br />
afirmar que causamos os nossos problemas<br />
emocio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> seguinte forma:<br />
- Deixamo-nos levar pelas palavras e<br />
baseamo-nos mais nelas que nos factos.<br />
- Surgem-nos primeiro palavras, depois<br />
visualizamos os factos (ain<strong>da</strong> que<br />
nem sempre). O que representa o contrário<br />
<strong>da</strong> ordem de avaliação mais<br />
adequa<strong>da</strong>.<br />
-Não compreendemos a que nível estamos<br />
a utilizar a linguagem.<br />
- Não estamos conscientes do processo<br />
de abstracção.<br />
-Não<br />
levamos a cabo o atraso <strong>na</strong><br />
acção: não vemos, ouvimos, pensamos<br />
e depois actuamos.<br />
(*) Este procedimento vai ser iniciado graças<br />
bolsa Sandford I. Berman que a Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l<br />
Society of General Semantics (São Francisco,<br />
USA) concedeu a autora.<br />
204
I<br />
1<br />
A fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong> psicoterapia é para Korzybski<br />
(1933, 1941), o tentar modificar os<br />
padrões de avaliação, o tor<strong>na</strong>r similares as<br />
nossas abstracções de ordem superior com<br />
as de níveis mais inferiores diferenciando<br />
mapas de território.<br />
Ain<strong>da</strong> que Korzybski tenha sido, erroneamente<br />
no meu entender, classificado por alguns<br />
autores (Meichenbaum, D. O., 1977),<br />
como um terapeuta, <strong>na</strong> reali<strong>da</strong>de não o foi.<br />
Limitou-se a perguntar qual a raiz dos problemas<br />
dos seus contemporâneos, e a <strong>da</strong>r<br />
um processo de solução, que foi utilizado<br />
(Kelley, D., 1951), mas que necessita ser<br />
mais trabalhado, e que do meu ponto de<br />
vista ain<strong>da</strong> não foi a<strong>da</strong>ptado às populações<br />
clínicas actuais.<br />
O processo terapêutico <strong>na</strong> Semântica <strong>Geral</strong><br />
reproduz um processo de aprendizagem<br />
de tipo I1 (Bateson, G., 1972), onde:<br />
a) Leva-se a cabo uma confrontação <strong>da</strong>s<br />
permissas do paciente com as do terapeuta.<br />
Estando, em princípio, o primeiro<br />
mais alterado que o segundo.<br />
b) Deve o paciente confrontar-se, dentro<br />
e fora <strong>da</strong> consulta, com a vali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> palavra frente ao nível <strong>da</strong><br />
experiência, o nível não traduzível<br />
em palavras.<br />
c) Faz-se o paciente ver as contradições<br />
entre o que diz, o que pensa e o que<br />
realmente acontece.<br />
Fazer terapia em Semântica <strong>Geral</strong> supõe<br />
(Caro, I., 1985b):<br />
a) Modificar as avaliações, com as quais<br />
uma pessoa se «confronta» com algo.<br />
b) Para o fazer devemos reelaborar a<br />
nossa linguagem, tendo em conta o<br />
que as três permissas nos ensi<strong>na</strong>ram.<br />
c) Isto supõe aceitar e comprovar que<br />
o ser humano pode compreender,<br />
actuar e funcio<strong>na</strong>r de forma adequa<strong>da</strong><br />
mediante essas permissas.<br />
d) Para poder levar a cabo o ponto anterior,<br />
devemos aproximar-nos dos<br />
factos com o mínimo de ideias preconcebi<strong>da</strong>s<br />
(de palavras, em resumo).<br />
e) A Semântica <strong>Geral</strong> ensi<strong>na</strong>-nos a pensar,<br />
a conseguir um certo controle<br />
mental. O seu sistema terapêutico<br />
significa parar, olhar, escutar e pensar.<br />
O papel do terapeuta (Presby, S., 1982)<br />
dentro e fora <strong>da</strong> Semântica <strong>Geral</strong> deve ser<br />
totalmente educativo. O terapeuta não tenta<br />
libertar o cliente dos seus problemas, mas<br />
sim ensi<strong>na</strong>-o a confrontar-se com eles como<br />
um organismo-como-um-todo-num-ambiente.<br />
O terapeuta trabalha basicamente, devido<br />
?i capaci<strong>da</strong>de auto-reflexiva do ser humano<br />
(Johnson, R. G., 1982), fazendo perguntas<br />
ao paciente que estimulem o seu auto-exame,<br />
extraindo as crenças, pensamentos e<br />
pressupostos que possuem todos os pacientes,<br />
em conjunto com descrições muito concretas,<br />
extensio<strong>na</strong>is, <strong>da</strong>s suas experiências.<br />
Com tudo isto o que se procura é que os<br />
pacientes descubram o que se está a passar,<br />
para onde devem ir, o que devem abando<strong>na</strong>r,<br />
e o que devem levar a cabo.<br />
Portanto, o terapeuta o que vai fazer, não<br />
é só romper a identificação palavra-objecto,<br />
nem ensi<strong>na</strong>r os pacientes a desenvolver a<br />
consciência <strong>da</strong> abstracção, mas sim introduzir<br />
novos modelos, novos mapas <strong>na</strong><br />
mente do paciente. A Semântica <strong>Geral</strong> pretende<br />
modificar o uso que as pessoas fazem<br />
<strong>da</strong> linguagem, preocupando-se muito<br />
menos com o conteúdo dessa linguagem.<br />
<strong>As</strong> nossas palavras formam abstracções,<br />
versões em miniatura do mundo dos fenómenos.<br />
Com elas construímos teorias para<br />
explicar tanto o mundo que nos rodeia<br />
como a nós próprios (Curtis, J. R., 1983).<br />
Da<strong>da</strong> a variação e complexi<strong>da</strong>de do mundo<br />
externo, um sintoma de saúde mental será<br />
o de possuir um maior número de mapas/<br />
/teorias, ou, mapas mais flexíveis. <strong>As</strong> psicoterapias<br />
funcio<strong>na</strong>m (Blander, R., e Grinder,<br />
J., 1975), porque to<strong>da</strong>s elas introduzem<br />
modificações nos modelos que os seus<br />
205
clientes desenvolveram, o que lhes permite<br />
ter mais opções <strong>na</strong> sua conduta. A estratégia<br />
adopta<strong>da</strong> pelo terapeuta é a de ligar, de<br />
alguma forma, o cliente com o mundo, de<br />
tal forma que este tenha uma gama de<br />
possibili<strong>da</strong>de de escolha muito mais varia<strong>da</strong>.<br />
Seja qual for o tipo de terapia e os<br />
seus pontos principais ou as suas formas de<br />
tratamento, quando há êxito este fica-se a<br />
dever a: (Bandler, R., e Grinder, J. 1975):<br />
a) & eleva<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de comunicação<br />
estabeleci<strong>da</strong> acima de tudo através<br />
<strong>da</strong> linguagem;<br />
b) 2i modificação produzi<strong>da</strong> <strong>na</strong> representação-modelo<br />
que o paciente tem do<br />
mundo.<br />
Para conseguir isto, o que é que se modifica<br />
com o treino em Semântica <strong>Geral</strong>?<br />
Na opinião de A. Ellis (1975). O treino<br />
em Semântica <strong>Geral</strong> transformaria a pessoa<br />
num ser mais saudável, racio<strong>na</strong>l e menos<br />
transtor<strong>na</strong>do emocio<strong>na</strong>lmente, conseguindo<br />
que se desenvolvessem capaci<strong>da</strong>des para<br />
enfrentar as situações. Segundo W. M. Fox<br />
(198 i), modificam-se os hábitos erróneos<br />
de comunicação, tais como: o «output»<br />
verbal excessivo, a rigidez <strong>na</strong> avaliação, a<br />
abstracção em níveis excessivamente elevados,<br />
o absolutismo, o uso <strong>da</strong> lógica aristotélica<br />
de «é ou não é». A consequência<br />
<strong>da</strong> utilização destes hábitos é a distorção<br />
<strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de por parte do sujeito. Como já<br />
assi<strong>na</strong>lei, <strong>da</strong>do que a reali<strong>da</strong>de se modifica<br />
constantemente e é extremamente variável,<br />
devem-se apreender hábitos de linguagem<br />
que reflictam a reali<strong>da</strong>de exter<strong>na</strong>, múltipla<br />
e varia<strong>da</strong>, do que fala. Esta modificação nos<br />
hábitos linguísticos não deve operar-se ape<strong>na</strong>s<br />
<strong>na</strong> conversa entre pessoas, mas também<br />
<strong>na</strong> fala <strong>da</strong> pessoa consigo própria.<br />
Consequentemente fazer terapia desde<br />
uma <strong>perspectiva</strong> semântico-cognitiva, implicaria:<br />
1 - os pacientes deveriam compreender<br />
os seus problemas segundo a pers-<br />
pectiva que nos fornece as três permissas.<br />
Quer dizer, compreender que<br />
as suas reacções estão mais basea<strong>da</strong>s<br />
<strong>na</strong>s suas palavras, nos seus pensamentos,<br />
do que nos factos. E que,<br />
portanto, devemos apreender a suspender<br />
as nossas reacções <strong>na</strong>s ordens<br />
mais eleva<strong>da</strong>s de abstracção, para<br />
visualizar algo e depois falar sobre<br />
isso;<br />
em continuação, os pacientes aprenderiam<br />
a conseguir um certo auto-<br />
-controle evitando (erros de ordens).<br />
Para o conseguir utilizariam o Diferencial<br />
Estrutural, pondo em movimento<br />
as ordens de abstracção, tal<br />
como vimos no nosso exemplo anterior;<br />
5 - fi<strong>na</strong>lmente, podia-se refi<strong>na</strong>r e corrigir<br />
a patologia linguística. Quer dizer,<br />
ensi<strong>na</strong>r o paciente a falar de<br />
acordo com os dispositivos extensio<strong>na</strong>is,<br />
o que suporia extensio<strong>na</strong>lizar<br />
os nossos termos, conseguir que as<br />
nossas afirmações recolham a variabili<strong>da</strong>de,<br />
a complexi<strong>da</strong>de, a riqueza<br />
do mundo em que vivemos.<br />
CONCLUSAO FINAL:<br />
MECANISMOS DE ACÇAO<br />
A fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s terapias cognitivas, é a<br />
de tentar produzir uma modificação nos<br />
processos de pensamento, de forma a que o<br />
indivíduo possa conseguir um controle sobre<br />
os seus pensamentos automáticos negativos,<br />
substituindo-os por outros novos, supostamente<br />
positivos. Para o conseguir outorga-se<br />
& pessoa a capaci<strong>da</strong>de de ser racio<strong>na</strong>l,<br />
de poder confrontar-se objectivamente<br />
com o seu mundo privado e compreendê-lo.<br />
Contudo, algumas vozes dentro <strong>da</strong>s terapias<br />
cognitivas (Mahoney, M., 1980; Weimer,<br />
W., 1980; Gui<strong>da</strong>no, V. e Liotti, G.,<br />
1983), levantaram-se para <strong>da</strong>r de novo importância,<br />
não ao inconsciente no sentido<br />
freudiano, mas sim aqueles processos que<br />
206
não são fáceis de trazer h consciência e<br />
que sem dúvi<strong>da</strong> formam parte <strong>da</strong> riqueza<br />
e <strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de do que se chama o «pensamento»<br />
humano.<br />
O que parece mais ou menos claro, é a<br />
ideia de que nunca poderemos atingir todos<br />
os conteúdos do que denomi<strong>na</strong>mos<br />
«mente», e de que vai ser muito difícil conseguir<br />
a explicação de porque é que se produziu<br />
uma modificação, que chamaremos<br />
cognitiva. O estado actual dos nossos conhecimentos<br />
sobre os processos superiores, pelo<br />
menos a níveis clínicos, é tal, que só nos<br />
permite justificar «a posteriori» as modificações<br />
produzi<strong>da</strong>s. Por exemplo, se a ideia<br />
irracio<strong>na</strong>l, «tenho de ter êxito em tudo o<br />
que fizer», está a «causar» a uma pessoa<br />
uma grande ansie<strong>da</strong>de e um absolutismo e<br />
rigidez de metas, o passo para um maior<br />
domínio <strong>da</strong>s situações, menor ansie<strong>da</strong>de ou<br />
maior aceitação dos próprios erros, explica-se<br />
pela modificação <strong>na</strong> forma de pensar.<br />
O problema é o de distinguir um processo<br />
de pensamento de outro de raciocínio. Pensar<br />
é um processo automática, racioci<strong>na</strong>r<br />
não. E difícil explicar estabelecendo um<br />
processo, porque temos determi<strong>na</strong>dos pensamentos,<br />
mas é bastante mais fácil racioci<strong>na</strong>r<br />
sobre estes pensamentos e procurar<br />
explicações «a posteriori». Esta distinção é,<br />
segundo o meu ponto de vista, importante,<br />
já que levanta sérias dúvi<strong>da</strong>s sobre a objectivi<strong>da</strong>de<br />
do trabalho cognitivo que tanto o<br />
terapeuta como o paciente levam a cabo<br />
com o material trazido por este Último. E o<br />
que é mais importante, é difícil estabelecer<br />
com precisão como se chegam a formular<br />
determi<strong>na</strong><strong>da</strong>s cognições, Carecemos neste<br />
momento <strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de metodológica de<br />
estabelecer com segurança as cadeias interrelacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
de pensamentos.<br />
Quando um paciente tem um pensamento<br />
automático negativo, se aprendeu a terapia,<br />
pára e tenta, estabelecendo associações com<br />
outras cognições ou ideias, encontra<strong>da</strong>s <strong>na</strong><br />
terapia, ir do fim para o princípio, <strong>da</strong> conclusão<br />
fi<strong>na</strong>l até aquelas ideias que a pude-<br />
ram produzir. Qualquer tipo de terapia<br />
cognitiva exige <strong>da</strong> pessoa que seja capaz de<br />
racioci<strong>na</strong>r, sendo os produtos definitivos de<br />
esse raciocínio o que se automatiza, formando<br />
os novos pensamentos que substituem<br />
os antigos.<br />
Defendemos aqui a ideia de pensamento<br />
correcto não como um processo, mas como<br />
um resultado fi<strong>na</strong>l, que só adquire, por vezes<br />
sentido, indo de trás para a frente. E<br />
com to<strong>da</strong> uma rede de ideias interrelacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />
ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s quais com um peso/<br />
/valência própria. I2 difícil estabelecer uma<br />
seriação de ideias no sentido casual. Desta<br />
forma, as ordens de abstracção, mais do<br />
que ensi<strong>na</strong>r a pensar, ensi<strong>na</strong>m a racioci<strong>na</strong>r,<br />
a orde<strong>na</strong>r as ideias, e a <strong>da</strong>r novos pensamentos<br />
ou conclusões «mais a<strong>da</strong>ptativaw, de<br />
forma que uma vez que não se estabelece<br />
nenhum tipo de controle mental, seja mais<br />
fácil que um pensamento mais adequado<br />
do que o que sucedeu ou pode suceder no<br />
futuro, tenha um peso ou valência mais<br />
forte.<br />
Em resumo ambas as abor<strong>da</strong>gens tentam<br />
melhorar as teorias que os indivíduos formulam<br />
sobre eles próprios, os outros e os<br />
seus problemas. A pessoa é, ao mesmo tempo,<br />
a fonte e a solução dos seus problemas<br />
O ser humano é um cientista que deve <strong>da</strong>r<br />
um tratamento de hipótese às suas ideias,<br />
cognições, etc., e portanto validá-las.<br />
Construímos as nossas teorias/mapas e<br />
objectivamo-las ao não conseguir distinguir<br />
entre palavras e objectos. Construimos as<br />
nossas teorias/mapas, e cremos erroneamente<br />
que são completas, ao não compreender<br />
que uma <strong>da</strong>s características fun<strong>da</strong>mentais<br />
<strong>da</strong> mente huma<strong>na</strong> é a de levar a cabo<br />
um processo de abstracção. Em todo este<br />
processo a linguagem joga um papel fun<strong>da</strong>mental.<br />
Não só como meio de comunicação,<br />
mas também como objecto, como fonte<br />
de problemas, <strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça. Deve-se ensi<strong>na</strong>r<br />
às pessoas a etiquetar melhor, levando<br />
em conta o experienciado, a extensio<strong>na</strong>lizar<br />
as suas afirmações.<br />
207
Salvo os casos que estão <strong>na</strong> ideia de todos,<br />
o ser humano possui a capaci<strong>da</strong>de de<br />
raciocínio necessária para levar a cabo esta<br />
aprendizagem. Com ela conta-se, através<br />
dela trabalha-se com uma terapia cognitiva-<br />
-semântica. O problema ain<strong>da</strong> não resolvido,<br />
é o de conseguir melhores explicações,<br />
mais completas e mais váli<strong>da</strong>s.<br />
Segundo o meu ponto de vista, ain<strong>da</strong> sem<br />
saber nem o porquê nem o como, sabemos<br />
que se modificam pensamentos, que a pessoa<br />
aprende a ouvir-se e a falar melhor consigo<br />
própria. Ensi<strong>na</strong>-se-lhe, em resumo, a<br />
duvi<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s suas palavras, do conteúdo <strong>da</strong>s<br />
suas mensagens, a procurar mais informação<br />
(ain<strong>da</strong> que o todo seja i<strong>na</strong>tingível), a<br />
compreender a riqueza ou a pobreza dos<br />
seus enunciados e as relações que se estabelecem<br />
a todo L momento entre eles, entre<br />
nbs e os nossos mundos.<br />
Agradecimentos<br />
Quero agradecer a Dra. Ele<strong>na</strong> Ibaiiez,<br />
Directora do Departamento de Perso<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> Facul<strong>da</strong>de de Psicologia o ter<br />
empregue o seu tempo <strong>na</strong> leitura rio manuscrito<br />
origi<strong>na</strong>l. Agradeço as suas sugestões<br />
e os seus comentários estimulapres<br />
e acertados. Como sempre estou em<br />
dívi<strong>da</strong> para com ela.<br />
nível não traduzível em palavras<br />
Conclusão<br />
nível não traduzível em palavras<br />
APÉNDICE 1<br />
Erros <strong>na</strong>s ordens de abstracção<br />
......... > o paciente está a estu<strong>da</strong>r e sente<br />
ansie<strong>da</strong>de.<br />
.......... > vão reprovar.<br />
vão-me tirar <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de.<br />
......... > maior sensação de ansie<strong>da</strong>de.<br />
(O paciente reage automaticamente perante o vivenciado no nível não traduzível<br />
em palavras, com uma conclusão no nível superior, que quando identifica<br />
palavras com objectos, gera-lhe um grau mais elevado de ansie<strong>da</strong>de).<br />
nível não traduzível em palavras<br />
APÉNDICE 2<br />
Ordens de Abstracção<br />
......... > o paciente está a estu<strong>da</strong>r e sente<br />
ansie<strong>da</strong>de.<br />
STOP ao comprender a diferença palavras/objecto, sendo 1:<br />
etiqueta<br />
......... > ((ansie<strong>da</strong>de ao estu<strong>da</strong>r»<br />
e depois<br />
descrição<br />
......... > «estou a estu<strong>da</strong>r Psicoterapia e<br />
concretamente o tema 5»<br />
inferência<br />
......... ><br />
conclusão<br />
......... ><br />
devo duas horas a estu<strong>da</strong>r ... »<br />
((deveria estu<strong>da</strong>r mais 5 temas.. . D<br />
e fi<strong>na</strong>lmente<br />
«Não tenho a certeza se aprovarei<br />
ou não»<br />
«Tenho que estu<strong>da</strong>r x horas ... »<br />
208
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