Artigo - Rede de Estudos do Trabalho
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vida, à saú<strong>de</strong>, à alimentação, à educação, ao esporte, à profissionalização, à cultura, à<br />
dignida<strong>de</strong>, ao respeito, à liberda<strong>de</strong> e a convivência familiar e comunitária, garanti<strong>do</strong>s pela<br />
Constituição Fe<strong>de</strong>ral/88 e repeti<strong>do</strong>s pelo Estatuto, a fim <strong>de</strong> lhes facultar o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
físico, mental, moral, espiritual e social (CONDECA, 2007).<br />
Nem sempre a família tem uma análise crítica suficiente para distinguir a ativida<strong>de</strong> da<br />
criança como “trabalho”, enten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que seus pequenos fazem um “bico”, algo para<br />
complementar a renda <strong>de</strong> seu núcleo familiar, “ajudan<strong>do</strong>” a família a sanar o mínimo<br />
necessário para a sua sobrevivência.<br />
O trabalho infanto-juvenil no merca<strong>do</strong> informal – on<strong>de</strong> se foge aos olhos da<br />
fiscalização – vem com a competitivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> interno e externo, taxas <strong>de</strong> importação<br />
e exportação e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma produção em massa <strong>de</strong> baixo custo. As metas rigorosas<br />
trazem consigo a precarização <strong>do</strong> trabalho e o uso <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra barata. A terceirização da<br />
produção faz parte da dinâmica <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da mais-valia, e a busca <strong>de</strong> maiores lucros,<br />
implica na exploração <strong>do</strong> trabalho infantil.<br />
Os genitores que são contrata<strong>do</strong>s, pelas empresas para realizarem trabalhos em<br />
<strong>do</strong>micilio, arregimentam seus próprios filhos na consecução <strong>de</strong> serviços, tiran<strong>do</strong>-os da escola<br />
e <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong>-os sem tempo <strong>de</strong> exercerem até suas próprias ativida<strong>de</strong>s “o ser criança”, ou em<br />
horário contrário aos estu<strong>do</strong>s “ajudam” nos afazeres tanto <strong>do</strong>méstico quanto na própria linha<br />
<strong>de</strong> confecção das merca<strong>do</strong>rias, com o objetivo <strong>de</strong> no final <strong>do</strong> mês po<strong>de</strong>r aumentar seus<br />
rendimentos. Esses traços da reestruturação produtiva trazi<strong>do</strong>s pelo sistema capitalista, na<br />
busca <strong>de</strong> lucros cada vez maiores, acabam por transformar a infância em rotina <strong>de</strong> trabalho.<br />
A primeira lei <strong>de</strong> proteção à infância referente ao direito <strong>do</strong> trabalho no Brasil é <strong>de</strong><br />
1891. Apesar disso, até mea<strong>do</strong>s <strong>de</strong> 1980, o <strong>Trabalho</strong> Infantil foi tolera<strong>do</strong> pelo governo e pela<br />
socieda<strong>de</strong>. O problema era praticamente ignora<strong>do</strong> ou aparecia diluí<strong>do</strong> em meio às questões<br />
sobre crianças aban<strong>do</strong>nadas ou em situação <strong>de</strong> rua. (VIVARTA, 2003, p, 24).<br />
Aos poucos, o assunto foi ganhan<strong>do</strong> <strong>de</strong>staque na opinião pública, a gran<strong>de</strong> virada<br />
aconteceu entre 1994 e 1995, perío<strong>do</strong> marca<strong>do</strong> por <strong>de</strong>núncias publicadas pela imprensa, pela<br />
criação <strong>do</strong> Fórum Nacional <strong>de</strong> Prevenção e Erradicação <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong> Infantil e pelo<br />
surgimento <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> renda mínima, a exemplo da Bolsa-Escola.<br />
Segun<strong>do</strong> o sociólogo Carlos Amaral, autor <strong>de</strong> um estu<strong>do</strong> sobre a evolução <strong>do</strong> <strong>Trabalho</strong><br />
Infantil no Brasil <strong>de</strong> 1999 a 2001, houve nos últimos anos uma perda <strong>de</strong> visibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse<br />
tema na imprensa e fora <strong>de</strong>la em <strong>de</strong>corrência <strong>de</strong> <strong>do</strong>is fatores: a redução <strong>do</strong>s focos <strong>de</strong> trabalho