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156 set/out 2011 - Odebrecht Informa

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# <strong>156</strong> ano XXXVIII SETEMBRO/OUTUBRO <strong>2011</strong><br />

COMUNIDADES<br />

Cenários de<br />

transformação<br />

e de celebração<br />

da vida<br />

informa<br />

I


II<br />

informa


informa<br />

1


<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> em mídias digitais<br />

Você pode ler a revista <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> também em suas versões digitais:<br />

> na internet, acessando o site www.odebrechtonline.com.br<br />

> pelo iPad, através do aplicativo Revista <strong>Odebrecht</strong>, que pode ser baixado gratuitamente na App Store<br />

> em seu smartphone, acessando www.odebrechtinforma.com.br<br />

veja em www.odebrechtonline.com.br<br />

Edição <strong>156</strong> Acervo online Novidades Videorreportagem Blog<br />

> Você pode acessar<br />

o conteúdo<br />

completo desta<br />

edição em HTML<br />

ou em PDF<br />

> A transformação social do Complexo do<br />

Alemão, um conjunto de 12 comunidades<br />

no Rio de Janeiro<br />

> Na região da Usina Hidrelétrica Santo<br />

Antônio, em Rondônia, festejos<br />

tradicionais celebram a cultura e a vida<br />

> Genésio C<strong>out</strong>o, Responsável por Pessoas,<br />

Sustentabilidade e Relações Institucionais<br />

na ETH, é o entrevistado do Projeto<br />

Saberes<br />

> Acesse as edições anteriores de <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong> desde a nº 1 e faça o download do<br />

PDF completo da revista<br />

> Relatórios Anuais da <strong>Odebrecht</strong> desde 2002<br />

> Publicações especiais (Edição Especial<br />

sobre Ações Sociais, 60 anos da<br />

Organização <strong>Odebrecht</strong>, 40 anos da<br />

Fundação <strong>Odebrecht</strong> e 10 anos da Odeprev<br />

ÁGUAS LIMPAS<br />

Um projeto para transformar Vitória<br />

na capital mais saneada do país<br />

> Novas plataformas digitais<br />

aliam informação e<br />

interatividade na leitura<br />

de <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong><br />

> Em Salvador, construção<br />

da Arena Fonte Nova dá<br />

oportunidade de trabalho<br />

a ex-moradores de rua<br />

> Prêmio <strong>Odebrecht</strong> Angola<br />

incentiva o desenvolvimento<br />

sustentável entre<br />

estudantes angolanos<br />

> Veja todas as fotos<br />

selecionadas pelo<br />

concurso Fotografe<br />

sua Comunidade<br />

> Veja todas as fotos<br />

selecionadas para o<br />

concurso Fotografe sua<br />

Comunidade no hotsite<br />

publicado na <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong> Online<br />

> Siga <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong><br />

pelo twitter e saiba das<br />

novidades imediatamente<br />

@odbinforma<br />

> Comente os textos do<br />

blog e participe enviando<br />

sugestões para a redação<br />

> Leia no blog de <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong> os posts escritos<br />

pelos repórteres e pelos<br />

editores da revista. Textos<br />

de Cláudio Lovato Filho,<br />

Fabiana Cabral,<br />

José Enrique Barreiro,<br />

Karolina Gutiez, Renata<br />

Meyer, Rodrigo Vilar,<br />

Thereza Martins, Zaccaria<br />

Júnior e colaboradores.


#<strong>156</strong><br />

COMUNIDADES<br />

Carlos Júnior<br />

Capa: foto vencedora do concurso<br />

Fotografe sua Comunidade, feita por<br />

Ana Roque de Oliveira, em Moçambique<br />

6<br />

10<br />

14<br />

18<br />

24<br />

28<br />

32<br />

36<br />

40<br />

44<br />

48<br />

54<br />

58<br />

60<br />

63<br />

64<br />

O Complexo do Alemão, no RIO DE JANEIRO, dá a seus<br />

moradores novos motivos de orgulho<br />

Em RONDÔNIA, festejos tradicionais são instrumentos<br />

para o cultivo de valores e da identidade<br />

MIAMI: a metrópole que simboliza como poucas o<br />

melting pot dos Estados Unidos<br />

No traçado de um etenoduto e de uma dutovia no<br />

NORDESTE BRASILEIRO, o Brasil mostra uma de suas<br />

faces mais verdadeiras<br />

Delcy Machado: a missão de um apaixonado pelas<br />

iniciativas de responsabilidade socioempresariais<br />

As inspiradoras histórias de superação que vêm das ruas<br />

de Curundú, na CIDADE DO PANAMÁ<br />

As manifestações culturais que celebram a tradição e a<br />

vida na rota da Estrada de Ferro CARAJÁS<br />

Em SAN AGUSTÍN, a música tradicional venezuelana e<br />

a alegria abrem portas para a inclusão social<br />

Veja o que ocorre quando unidades industriais e jovens<br />

municípios firmam parceira pela construção do futuro<br />

AREQUIPA, no Peru: uma cidade cercada de vulcões que tem<br />

lugar especial no coração dos integrantes da <strong>Odebrecht</strong><br />

O cotidiano em Chicala, em Mártires do Kifangondo e<br />

no Zango, comunidades de LUANDA<br />

O samba de roda é uma das muitas manifestações<br />

que fazem da região de MARAGOJIPE, na Bahia,<br />

um lugar de fascínio<br />

Em SALVADOR, obras da Arena Fonte Nova ambientam um<br />

amplo programa de comunicação com a comunidade<br />

No BAIXO SUL DA BAHIA, transformação socioeconômica e<br />

preservação da cultura caminham juntas<br />

As experiências de Lilian Campana, Francisco Sawaguthi<br />

e Clarisse Rodrigues no BRASIL, em ANGOLA e na<br />

COREIA DO SUL<br />

Concurso Fotografe sua Comunidade tem a participação<br />

de 245 integrantes de 17 países<br />

&<br />

NOTÍCIAS<br />

PESSOAS<br />

CAPA<br />

Ilustração de Rico Lins<br />

72<br />

74<br />

76<br />

78<br />

ÓLEO & GÁS<br />

TEO – TECNOLOGIA EMPRESARIAL ODEBRECHT<br />

ARGUMENTO<br />

SABERES<br />

informa<br />

3


4<br />

informa


EDITORIAL<br />

Notícias<br />

da vida<br />

“Nossos repórteres<br />

e fotógrafos viram<br />

a arte produzida<br />

nas comunidades,<br />

conversaram com as<br />

pessoas, entraram<br />

em suas casas,<br />

provaram sua<br />

comida, andaram<br />

pelas ruas de sua<br />

vizinhança, subiram<br />

morros e montanhas,<br />

enfrentaram<br />

engarrafamentos<br />

em metrópoles que<br />

não podem parar,<br />

mergulharam em<br />

imensidões rurais<br />

onde a vida parece<br />

que passa mais<br />

devagar”<br />

Para produzirem as reportagens que estão nesta edição de <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong>, nossas equipes ficaram pouco tempo nos canteiros e nas unidades<br />

industriais da Organização espalhados pelo Brasil e o mundo. Desta<br />

vez, os repórteres e os fotógrafos concentraram-se em buscar boas histórias<br />

no coração das comunidades em que as obras, as fábricas e os escritórios estão<br />

inseridos. Encontraram excelentes histórias protagonizadas por grandes personagens.<br />

Com isso, tornaram possível a elaboração de um expressivo painel que descreve<br />

realidades vivenciadas pelas equipes da <strong>Odebrecht</strong> em seu dia a dia de trabalho<br />

nos diversos ambientes em que se encontram.<br />

Nossos repórteres e fotógrafos viram a arte produzida nessas comunidades e<br />

testemunharam iniciativas voltadas para o cultivo de tradições culturais e religiosas.<br />

Conversaram com as pessoas, entraram em suas casas, provaram sua comida, andaram<br />

pelas ruas de sua vizinhança, subiram morros e montanhas, locomoveram-<br />

-se usando trens e teleféricos, enfrentaram engarrafamentos em metrópoles que<br />

não podem parar, mergulharam em imensidões rurais onde a presença humana<br />

por vezes é rara e a vida parece que passa mais devagar.<br />

De Maragojipe, na Bahia, a San Agustín, em Caracas, de Arequipa, no Peru, a Miami,<br />

nos Estados Unidos, de Curundú, na Cidade do Panamá, ao Mártires do Kifangondo,<br />

em Luanda, passando pelo Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, e várias<br />

<strong>out</strong>ras comunidades, os repórteres e os fotógrafos de <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> nos trazem<br />

informações e impressões da vida que pulsa em lugares que possuem, como principal<br />

ponto em comum, a esperança e a capacidade realizadora e transformadora<br />

de sua gente.<br />

Os integrantes da <strong>Odebrecht</strong> entendem que chegar a uma cidade ou a um país é<br />

apenas o primeiro passo de uma relação de longo prazo. Eles têm sempre em mente<br />

o princípio da permanência, ou seja, chegam para ficar. Essa permanência, porém,<br />

nos termos que a <strong>Odebrecht</strong> se propõe a vivê-la, com base no espírito de servir e no<br />

desejo de proporcionar contribuição qualificada, só é possível quando se conhece a<br />

história, as expectativas e a identidade dessas comunidades, em um esforço constante,<br />

que exige tempo e energia, mas que também é prazeroso e realizador.<br />

Uma demonstração desse envolvimento das equipes da <strong>Odebrecht</strong> nos lugares<br />

onde vivem e desenvolvem suas atividades profissionais é o volume de fotos produzidas<br />

e enviadas pelos integrantes das empresas para o concurso Fotografe sua Comunidade,<br />

promovido pela revista. Os trabalhos vencedores estão publicados nesta<br />

edição.<br />

Desfrute dessas belas imagens e das histórias que estão nas páginas a seguir.<br />

Elas falam de lugares e pessoas especiais, como são os lugares e as pessoas que, de<br />

uma forma ou de <strong>out</strong>ra, trazem mais felicidade a este mundo.<br />

Boa leitura.<br />

informa<br />

5


Complexo do Alemão,<br />

no Rio de Janeiro,<br />

vive novos tempos,<br />

em que a paz e o<br />

desenvolvimento<br />

fortalecem a identidade<br />

e a cidadania de<br />

toda a comunidade<br />

texto Fabiana Cabral<br />

fotos Carlos Júnior<br />

Renato, Renê<br />

e Gabriela:<br />

representantes<br />

da nova geração<br />

do Alemão,<br />

criaram um jornal<br />

SOU DO<br />

morro


“V<br />

ai barracão, pendurado no morro e pedindo<br />

socorro à cidade a teus pés...”. O samba<br />

Barracão, de Luiz Antônio e Oldemar<br />

Magalhães, foi lançado em 1953, um ano<br />

antes da chegada de José Augusto Francisco,<br />

75 anos, ao Complexo do Alemão. “Quando cheguei<br />

só havia 70 moradores. Não tinha água e luz, e a vida era<br />

muito sofrida”, relembra ele, olhando para o céu azul de<br />

uma manhã de quinta-feira de agosto.<br />

Aos 16 anos, José Augusto deixou a cidade de Sapé, na<br />

Paraíba, para trabalhar na capital do samba. “Comprei um<br />

terreno por 450 ‘merréis’ e construí minha casa. Tudo foi<br />

feito com material carregado pelos moradores”, relata, batendo<br />

em um dos braços para mostrar a força de quem<br />

batalhou no passado. Foi no alto do Morro do Alemão que<br />

ele e sua esposa criaram os cinco filhos.<br />

Um dos habitantes mais antigos, José Augusto é Presidente<br />

da Associação dos Moradores do Alemão desde<br />

1963. “Sinto orgulho da minha comunidade, pois trabalhamos<br />

e lutamos muito. Temos ruas asfaltadas, casas, escolas,<br />

comércio, mas ainda há muito o que fazer.”<br />

Localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro, próximo<br />

aos bairros da Penha, Olaria, Ramos, Inhaúma e Bonsucesso,<br />

o Alemão, formado por 12 comunidades espalhadas<br />

sobre a Serra da Misericórdia, era considerado um dos<br />

pontos mais violentos da cidade. Entre os cinco morros<br />

(Adeus, Baiana, Alemão, Itararé e Fazendinha) e vales, os<br />

mais de 120 mil moradores (segundo o Censo de 2010) estão<br />

distribuídos em uma área de 3 km 2 .<br />

O polonês “alemão”<br />

Na década de 1920, o imigrante polonês Leonard Kaczmarkiewicz<br />

adquiriu terras na região rural da Zona da Leopoldina.<br />

Na época, ele ficou conhecido como “Alemão”, e a<br />

área passou a ser chamada de Morro do Alemão, o núcleo<br />

do complexo. O local começou a ser ocupado na década de<br />

1950, após a abertura da Avenida Brasil, em 1946, e quando<br />

Leonard dividiu seus lotes para vendê-los.<br />

Famílias de operários de diversos estados brasileiros<br />

instalaram-se ali, e o território foi se tornando, aos poucos,<br />

um dos principais polos industriais do Rio. Em contrapartida,<br />

a ocupação desordenada deu origem às favelas.<br />

“As empresas começaram a deixar o Alemão por conta<br />

da violência”, conta a professora Lúcia Cabral, 46 anos. Paraibana,<br />

Lúcia chegou ao Morro do Adeus – de onde é possível<br />

observar quase toda a cidade – com apenas 6 meses<br />

e criou os três filhos na casa onde cresceu. Ela diz que o<br />

José Francisco: “Sinto orgulho da minha comunidade”<br />

desenvolvimento estimulou a educação e o trabalho, mas a<br />

ausência de políticas públicas e a chegada das drogas trouxeram<br />

violência. “As drogas começaram a chegar no fim<br />

dos anos 1980. De 2005 a 2008, vivemos a pior guerra do<br />

tráfico. Passei por tiroteios e vi gente morrer”, relata, com<br />

lágrimas nos olhos, ao lembrar os períodos mais difíceis.<br />

As tristes lembranças dão lugar à alegria quando a educadora<br />

fala da comunidade. “Aqui tem respeito, solidariedade<br />

e potencial de crescimento”, afirma. Atualmente, ela lidera a<br />

ONG Educape. “Os jovens estão buscando educação, cultura,<br />

lazer e estão trabalhando nas obras que recebemos.”<br />

O início da transformação<br />

Em 2008, o PAC Favelas, iniciativa dos governos Federal<br />

e Estadual, chegou ao Complexo do Alemão. O Consórcio<br />

Rio Melhor (formado por <strong>Odebrecht</strong> Infraestrutura, OAS e<br />

Delta Construções) construiu unidades habitacionais, escola,<br />

unidade de pronto atendimento e um teleférico para<br />

facilitar o transporte dos moradores. “Endereço, experiência<br />

profissional e registro na carteira de trabalho são<br />

os maiores legados deixados à população, assim como a<br />

crença de querer e poder mais”, afirma Adilson Moura, Gerente<br />

Administrativo e Financeiro da <strong>Odebrecht</strong>.<br />

Eduardo Poley, Responsável por Engenharia, assegura<br />

que o ambiente influenciou alguns jovens a retomarem<br />

os estudos. Mário Sérgio Fonseca de Souza, 28 anos, é<br />

um deles. Ele parou de estudar quando concluiu o Ensino<br />

Médio e, após passar a integrar a área Social do consórcio,<br />

voltou às salas de aula. “Estou fazendo cursos técnicos”,<br />

explica. Morador da Grota, um dos locais mais violentos do<br />

complexo, Mário comenta que a comunidade está vivendo<br />

uma nova realidade. “Nas entrevistas de emprego, éramos<br />

reprovados quando informávamos nosso endereço. Agora,<br />

a comunidade tornou-se ponto turístico”, diz, com orgulho.<br />

O novo ponto turístico é o teleférico do Alemão, inaugurado<br />

em julho de <strong>2011</strong>. As seis estações recebem, por dia,<br />

8<br />

informa


Anita: tenda de doces e salgados na Estação Palmeiras<br />

20 mil pessoas. “O meio de transporte integra a comunidade<br />

com a cidade, aumenta a autoestima dos moradores<br />

e estimula o turismo”, observa Luiz de Souza, Diretor do<br />

Teleférico na SuperVia, um ativo da <strong>Odebrecht</strong> Transport e<br />

empresa responsável pela operação.<br />

Na Estação Palmeiras, a última do percurso, moradores<br />

e turistas podem apreciar a bonita vista do alto do Morro<br />

da Fazendinha. Foi ali que Anita Maria da Silva e Fabiano<br />

Farias da Silva instalaram uma tenda de doces e salgados.<br />

O casal, recém-chegado de João Pessoa, também escolheu<br />

o local para criar os três filhos. “Fomos bem recebidos<br />

pelos nossos vizinhos e, com o teleférico, temos trabalho e<br />

renda”, diz Anita, enquanto atende um grupo da Zona Sul<br />

carioca.<br />

“Nossa esperança está nos jovens, que nos veem como<br />

espelho. Por isso, precisamos refletir coisas boas”, pondera<br />

Mário Sérgio, ao falar sobre o futuro do Alemão. Gabriela<br />

Santos, 14 anos, Renato Moura, 15, e Renê Silva, 17, são<br />

exemplos da nova geração. Juntos, criaram o Jornal Voz<br />

das Comunidades, que aborda os principais problemas dos<br />

moradores. “Chegamos à tiragem de 5 mil exemplares,<br />

divulgamos notícias no site e no Twitter”, conta Renê, que<br />

ficou conhecido ao postar mensagens, em tempo real, pelo<br />

microblog, sobre a operação das polícias Militar e Federal e<br />

das Forças Armadas para a retomada do complexo, no fim<br />

de novembro de 2010.<br />

Segundo Renê, as transformações começaram com as<br />

obras do PAC e continuam com a presença das forças militares<br />

no local. “Os jovens não estavam integrados à comunidade<br />

e isso mudou. Estamos fazendo acontecer, preparando<br />

um futuro melhor para todos, com mais segurança”,<br />

assegura o futuro jornalista.<br />

Futebol, funk e amigos<br />

No fim da tarde de sexta-feira, o ritmo no Complexo do<br />

Alemão é frenético. Pessoas e mototáxis misturam-se e<br />

circulam apressados. Nas ruas, é possível ouvir as batidas<br />

do funk e o gingado do samba em carros e casas, e o som<br />

das bolas chutadas e dos gritos de gol nos campinhos de<br />

futebol. Os jovens começam a se preparar para sair. “Vamos<br />

a aniversários de amigos ou ficamos nas praças conversando,<br />

jogando bola e brincando”, conta Renê.<br />

Mário Sérgio e o amigo Leandro Pereira Ribeiro, 27<br />

anos, estão ansiosos. “Hoje é dia de conhecer uma garota,<br />

de dançar e de rever os amigos. É a nossa diversão”, diz<br />

Mário, seguindo o compasso de um funk carioca. Quando<br />

perguntados sobre suas preferências musicais, os dois<br />

amigos são categóricos: “O funk faz parte da nossa cultura,<br />

está no nosso sangue”.<br />

O teleférico do<br />

Alemão: símbolo<br />

de novos tempos<br />

na comunidade<br />

informa<br />

9


Na foto maior, barcos típicos da<br />

região. Nas fotos menores, a<br />

partir do alto, ribeirinhos usam<br />

a voadeira, o meio de transporte<br />

mais comum em seu cotidiano;<br />

as meninas Ingrydh (à esquerda)<br />

e Nicoly, candidatas à Rainha da<br />

Festa; Antônio Moisés, administrador<br />

da igreja de Santo Antônio;<br />

e a farinheira Neuraci: tradições<br />

preservadas<br />

10<br />

AS FACES E AS<br />

10<br />

informa


texto João Marcondes<br />

fotos Ricardo de Sagebin<br />

Na região da Usina Santo Antônio,<br />

em Rondônia, as águas do Rio<br />

Madeira carregam expectativas de<br />

desenvolvimento e as lembranças<br />

de tradições que se eternizam<br />

CORES DE UMA<br />

história<br />

texto João Marcondes fotos Ricardo de Sagebin<br />

Repartir um sonho<br />

com <strong>out</strong>ras pessoas<br />

pode ser a melhor<br />

maneira de realizá-lo.<br />

Em Sauípe, na Bahia,<br />

isso está acontecendo<br />

informa<br />

11


A igreja de Santo Antônio e, na página ao lado, uma casa<br />

típica da região: imagens de um Brasil real e encantador<br />

Rondônia antes de ser Rondônia. Década<br />

de 1970. Uma família de seringueiros foge<br />

da falta de perspectivas no Acre. Vai parar<br />

em terras também brutas: mata fechada,<br />

escorpiões, malária. As crianças caem doentes.<br />

Recuperados, fazem o primeiro “passeio”. Pegam<br />

o trem na estação Madeira-Mamoré, em Porto Velho, e<br />

desembarcam perto da igrejinha de Santo Antônio, no vilarejo<br />

ao lado, de mesmo nome. Para Moisés, uma das<br />

crianças, a vista é de um rio corpulento, verdadeiro mar<br />

de água doce. “Vi aquilo e fiquei emocionado. Para mim<br />

era a visão do infinito!”<br />

Aos poucos, o menino Moisés domava o infinito Rio<br />

Madeira. Brincava por aquelas bandas. Havia um navio<br />

naufragado. Ele mergulhava nas águas escuras do rio,<br />

à caça de tesouros no barco: louças inglesas, mobiliário<br />

antigo, coisas esquecidas por todos. Não por ele, sempre<br />

à cata de troféus imaginários.<br />

Ao atravessar o rio a nado, chegava ao presídio desativado<br />

da ilha. Antiga casa de horrores, torturas e fantasmas:<br />

prato cheio para um menino curioso. Gostava de ler<br />

as frases nas paredes, escritas quando os presos estavam<br />

ali: “Este é o lugar onde o filho chora e a mãe não<br />

vê”. “O homem que aqui entra, desaparece para sempre<br />

da civilização”. Sabedoria de presos.<br />

Todas essas recordações hoje viraram nostalgia pura:<br />

a ilha onde <strong>out</strong>rora existiu o presídio atualmente é ocupada<br />

por uma parte da Usina Hidrelétrica Santo Antônio,<br />

em construção pela Santo Antônio Energia, empresa formada<br />

por <strong>Odebrecht</strong>, Furnas, Andrade Gutierrez, Banif,<br />

Cemig e FI-FGTS. A usina terá capacidade para produzir<br />

3.150 megawatts, suficientes para abastecer 40 milhões<br />

de pessoas. O início de sua operação está previsto para<br />

dezembro de <strong>2011</strong>.<br />

O garoto Moisés é hoje Antônio Moisés Cavalcanti, 50<br />

anos. Carpinteiro de ofício, há anos ele cuida da igreja<br />

de Santo Antônio. A construção da usina, que ocupou alguns<br />

sítios da memória afetiva dos rondonienses (como<br />

o presídio), foi acompanhada de um delicado esforço de<br />

preservação. Monumentos históricos ganharam posição<br />

de destaque ao lado da obra. A procissão de São Pedro,<br />

realizada pela colônia de pescadores desde os anos 1930,<br />

conta com apoio logístico da Santo Antônio. O “porto”<br />

onde a imagem do santo desembarcava foi tomado pela<br />

usina, mas <strong>out</strong>ro caminho será construído.<br />

“Algumas coisas mudam de lugar, mas não podemos<br />

ignorar os benefícios econômicos de uma usina de energia<br />

limpa”, comenta Moisés. Ele próprio foi valorizado:<br />

com a obra, ganhou oficialmente o posto de administrador<br />

da igrejinha e recebe salário para isso.<br />

Novo ciclo de desenvolvimento<br />

A construção da hidrelétrica representa um segundo<br />

ciclo de desenvolvimento econômico para a região. O<br />

primeiro aconteceu há 100 anos, com o erguimento da<br />

estrada de ferro Madeira-Mamoré por uma companhia<br />

inglesa. O objetivo: escoar a produção nacional de borracha.<br />

Verdadeiro marco histórico e cultural, não apenas de<br />

Rondônia (território transformado em estado em 1982),<br />

mas também do Brasil, a antiga estação de trem estava<br />

em ruínas até a chegada da Santo Antônio Energia, que se<br />

responsabilizou pela reforma.<br />

Mas, ao contrário da época da construção da<br />

“Mad Maria”(como era conhecida a estrada de ferro),<br />

hoje a obra segue os mais altos padrões de sustentabilidade.<br />

Porto Velho e região vivem uma escalada<br />

de prosperidade. Entre 2003 e 2007, a cidade<br />

ganhou apenas 1.800 novas vagas de emprego. De-<br />

informainforma<br />

12


pois do início da construção da usina, o número saltou<br />

para 20 mil vagas.<br />

Aproveitar as oportunidades sem perder a cultura. É o<br />

caso da mais famosa farinheira da região, Neuraci Monteiro<br />

do Nascimento, 52 anos, Dona Neura. Ela morava à beira<br />

do rio, com os seis filhos. Com a chegada da hidrelétrica,<br />

mudou-se para um dos reassentamentos construídos pela<br />

<strong>Odebrecht</strong>, o Riacho Azul. Sua vida melhorou, com uma<br />

casa nova ao lado de uma estação de tratamento de água.<br />

“Minha alegria é estar perto da família e exercer minha<br />

profissão, que é fazer farinha.” Ela é a produtora mais famosa<br />

da região. O pai, já falecido, é José de Oliveira, conhecido<br />

por muitos como o maior farinheiro de Rondônia. Ela<br />

se diverte e dá o segredo (pede para não espalhar) de sua<br />

farinha: a mandioca é processada no mesmo dia da colheita,<br />

e a secagem é um procedimento longo (e paciente).<br />

A tradição vai continuar, mas a nova geração terá o que<br />

escolher, ao contrário de Neuraci. Os olhos do sobrinho<br />

Raildo Oliveira, 17 anos, brilham com a movimentação<br />

em torno da usina. Ali perto de onde mora, não param<br />

de passar os carros de resgate de fauna de uma área que<br />

será inundada. “Meu sonho é ser veterinário, quem sabe<br />

ganhar um dinheiro a mais.”<br />

Em uma obra desse porte, onde trabalham cerca de<br />

18 mil profissionais e que influencia diretamente a vida de<br />

mais de 4 mil famílias, certas pessoas têm papel especial<br />

por sua atuação na comunidade. Uma delas é Flávio Luiz<br />

Gonçalves dos Santos, 62 anos, e uma vida e tanto para<br />

contar. “Se fosse escrever um livro, se chamaria Meu Currículo”,<br />

brinca o maranhense, dono de uma risada cativante.<br />

Flávio é um dos analistas socioambientais da Santo<br />

Antônio Energia. Trabalhando diretamente com as comunidades,<br />

ele é o elo entre a obra e o ser humano. Filho de<br />

um açougueiro e de uma dona de casa “semianalfabeta”,<br />

conseguiu se formar em Relações Internacionais. Sua<br />

lida começou muito cedo. Aos 7 anos, o primeiro emprego:<br />

carregador de marmitas. Depois disso, os mais variados<br />

trabalhos: limpador de máquinas de costura, anotador<br />

de aposta do jogo do bicho (com 10 anos de idade),<br />

organizador de biblioteca, caixa de banco, vendedor de<br />

madeira, professor de História e Geografia, entre vários<br />

<strong>out</strong>ros ofícios.<br />

Flávio é abraçado e beijado onde quer que vá em Porto<br />

Velho e redondezas. Ouve e entende os problemas da<br />

comunidade. É uma espécie de ombudsman, um ouvidor.<br />

Ele já ganhou dezenas de “causas” para a comunidade.<br />

É essa a missão que recebeu na Santo Antônio Energia,<br />

além de organizar cursos de capacitação, como o de piloto<br />

de voadeira, as pequenas embarcações que levam as<br />

pessoas de uma margem à <strong>out</strong>ra do Madeira.<br />

“Alguns colegas têm até ciúme pelo carinho e respeito<br />

que tenho das pessoas aqui”, diz ele. Foi Flávio, por exemplo,<br />

que conseguiu que o precário posto de saúde da comunidade<br />

ribeirinha de Cujubin Grande, a 50 km de Porto<br />

José Eduardo:<br />

Velho, fosse inteiramente reformado. É convidado de honra<br />

do Festejo da Padroeira Imaculada Conceição precisam de se Maria,<br />

aprendizados<br />

converter em<br />

em agosto. Misto de festa cristã e pagã, traz um rol de<br />

eventos capaz de atingir todos os gostos: novenas, bingo,<br />

forró, leilão de frango assado, dança do ventre.<br />

A grande expectativa gira em torno da escolha da Rainha<br />

da Festa. As duas candidatas já têm nomes de princesas:<br />

Ingrydh Nunes Nascimento, 11 anos, e Nicoly Yolanda<br />

Almeida, 17. A primeira quer ser pedagoga, pois “ama estudar”,<br />

e a segunda deseja se tornar engenheira florestal,<br />

pois “ama o Rio Madeira”. Amigas, bem amigas, negócios à<br />

parte. “Estou com a fúria para vencer, pois perdi por pouco<br />

no ano passado”, diz Nicoly, olhando com graça para Ingrydh,<br />

que encerra o papo com um sorriso maroto.<br />

informa<br />

13


o coraçã<br />

texto Thaís Reis fotos Lia Lubango<br />

14<br />

Internacional, diversificada, dinâmica e inovadora.<br />

Essas são algumas características atribuídas<br />

a Miami pelos integrantes da <strong>Odebrecht</strong><br />

Estados Unidos, empresa sediada nessa cidade<br />

que exala aromas e cores de países do mundo<br />

todo. Os sinais da sua diversidade cultural estão em<br />

toda parte, desde placas e <strong>out</strong>doors no idioma patois,<br />

nas ruas do bairro Little Haiti, até os escritórios<br />

de empresas multinacionais no distrito financeiro na<br />

área da Brickell Avenue.<br />

Miami é a porta de entrada aos Estados Unidos<br />

para quem vem do Caribe e das Américas do Sul e<br />

Central. Situada no sul do Estado da Flórida, uma<br />

região de clima quente e de belas praias, Miami<br />

tornou-se famosa e procurada por pessoas dos mais<br />

diversos pontos do planeta. Há uma certa liberalidade<br />

no ar, costumes diferentes daqueles que predominam<br />

no resto do país, ritmos variados nas rádios e<br />

diversas línguas onde quer que se vá.<br />

Cerca de metade dos quase 2,5 milhões de habitantes<br />

da área metropolitana de Miami nasceu fora<br />

dos Estados Unidos, e 70% da população comunica-<br />

Ampla diversidade<br />

cultural entre seus<br />

moradores dá a<br />

Miami características<br />

que a tornam uma<br />

das cidades mais<br />

cosmopolitas do planeta<br />

-se, dentro de casa, usando um idioma que não o<br />

inglês. “Minha esposa nasceu em Miami, mas seus<br />

pais são colombianos, assim como eu. Ela gosta de<br />

ensinar aos nossos filhos a nossa língua, de transmitir<br />

seus conhecimentos sobre a nossa culinária<br />

e de lembrá-los todos os dias de onde eles vêm”,<br />

diz Jorge Mendoza, 35 anos, Diretor de Contrato<br />

responsável pelo projeto de extensão do sistema de<br />

transporte metroviário da cidade, o Metrorail AirportLink.<br />

14<br />

informa


o<br />

Quando<br />

DA METRÓPOLE<br />

Acervo <strong>Odebrecht</strong><br />

Jorge se mudou de Cartagena, na Colômbia,<br />

para Miami, em 2000, para cursar mestrado, logo<br />

se identificou com o clima, as praias e as pessoas<br />

que encontrou. Para ele, são muitas as vantagens do<br />

convívio em um ambiente tão diversificado. Durante<br />

seu primeiro projeto na <strong>Odebrecht</strong>, a construção do<br />

Adrienne Arsht Center for the Performing Arts, ele<br />

dividiu o espaço de trabalho com o indiano Kanwar<br />

Lobana, hoje na Libéria, e Gaybei Zreibi, um sírio-antiguano<br />

casado com uma venezuelana, atualmente<br />

trabalhando em Portugal. Juntos, aprenderam sobre<br />

suas respectivas culturas, músicas e religiões e, acima<br />

de tudo, a respeitar as diferenças.<br />

O desejo de superar distinções étnicas, com o intuito<br />

de lutar por um objetivo único e construir algo<br />

juntos, também é salientado por Juan Zheng, 33<br />

anos, como um elemento marcante em sua vivência<br />

em Miami. Nascida na Província de Hunan, na China,<br />

Juan é engenheira de custos no projeto MIA Mover.<br />

Ao se mudar para Miami, em 2004, para cursar mestrado,<br />

ela gostou imediatamente da mescla cultural<br />

da cidade, sobretudo da afetividade e da receptividade<br />

da população.<br />

Obras na estação de<br />

bombeamento e, acima,<br />

o Coronel<br />

Jeff Bedey: “Ainda não<br />

chegamos ao fim do<br />

percurso, mas estamos<br />

perto”<br />

O centro de Miami e<br />

Jorge Mendoza:<br />

cerca de metade dos<br />

2,5 milhões de<br />

habitantes de área<br />

metropolitana da<br />

cidade nasceu fora dos<br />

Estados Unidos<br />

informa<br />

15


Alf Neumann, com a camisa<br />

da seleção alemã de futebol,<br />

e Umut Artuk: mescla de<br />

culturas faz com que se<br />

sintam em casa<br />

Juan identifica-se com os valores familiares em<br />

sua comunidade e com a honestidade e integridade<br />

das pessoas com as quais convive. Ela diz ainda que<br />

o Espírito de Servir também é encontrado além da<br />

<strong>Odebrecht</strong> em Miami, algo especial por se tratar de<br />

um conceito profundamente enraizado na sua cultura.<br />

“Na China, acreditamos no princípio de servir ao<br />

próximo. Assim como na TEO, devemos ser sempre<br />

humildes” diz ela, que faz questão de manter tradições<br />

chinesas, inclusive a comemoração de datas<br />

especiais, para permanecer conectada com suas<br />

origens.<br />

Manter-se ligado às raízes é uma atitude que também<br />

pode ser facilmente percebida em Umut Artuk,<br />

32 anos, Responsável por Planejamento no projeto<br />

de expansão do Terminal Norte do Aeroporto Internacional<br />

de Miami. Umut mudou-se para Miami, da<br />

sua cidade natal, Ancara, na Turquia, em 2004, para<br />

finalizar seu d<strong>out</strong>orado, e, em alguns meses, já havia<br />

se adaptado. “Acredito que dois fatores principais me<br />

ajudaram: afinidades entre as culturas latina e turca<br />

e similaridades entre o estilo de vida americano e o<br />

meu estilo de vida em Ancara.” Ele enfatiza que Miami<br />

tem boas opções de restaurantes das cozinhas<br />

mediterrânea e do Oriente Médio, parecidas com a<br />

culinária turca – incluindo os tradicionais chá preto<br />

e café turco.<br />

A mescla de culturas em Miami fez Alf Neumann,<br />

40 anos, Responsável por Administração Contratual<br />

do projeto MIA Mover, sentir-se em casa e jamais<br />

como um estrangeiro ou alguém que não fosse bem-<br />

-vindo. Alemão da ilha de Ruegen, Alf mudou-se<br />

para Miami em 1998, com duas malas na mão e uma<br />

carta-convite para estagiar na <strong>Odebrecht</strong> por seis<br />

meses. “Eu estava buscando um desafio. Queria ganhar<br />

experiência internacional e provar a mim mesmo<br />

que poderia sobreviver e crescer fora da minha<br />

zona de conforto.”<br />

Alf, que não deixa de vestir com orgulho a camisa<br />

da seleção alemã durante a Copa do Mundo, realça<br />

o impacto positivo e gratificante que a vivência em<br />

Miami causa em sua vida e na de sua esposa, Ran-<br />

16<br />

informa


di. “A comunidade na qual vivemos é extremamente<br />

rica, sempre à procura de novos desafios e se reinventando.<br />

É um lugar animado, aberto e convidativo.”<br />

Essa fusão vibrante que Miami oferece aos seus<br />

residentes e visitantes é um espelho do chamado<br />

melting pot americano, um termo utilizado para descrever<br />

o multiculturalismo do país. “Os Estados Unidos<br />

são, às vezes, chamados de ‘Terra das Oportunidades’<br />

e, para mim, isso engloba qualquer objetivo<br />

que se tenha em mente”, diz Marjorie Mckenzie, 34<br />

anos, Administradora de Contratos do projeto de expansão<br />

do Terminal Norte do Aeroporto Internacional<br />

de Miami. “Temos a facilidade de alcançá-los por<br />

causa da variedade de instituições acadêmicas, indústrias,<br />

empresas e demais organizações aqui presentes.<br />

Sempre me admiro com as diversas opções<br />

disponíveis para nos destacarmos em qualquer área.”<br />

Marjorie é filha de imigrantes haitianos que se<br />

mudaram para os Estados Unidos na década de<br />

1970. Nasceu em Waukegan, no Estado de Illinois,<br />

e, aos 10 anos, foi para Miami com a família, que<br />

buscava um clima tropical para viver. Ela diz que,<br />

para contribuir de maneira positiva, tenta aprender<br />

palavras nas línguas nativas dos seus colegas de<br />

trabalho e amigos, causando sorrisos de espanto.<br />

“Sorrisos são contagiantes! As pessoas se sentem<br />

envoltas por uma energia afável e motivadas a causar<br />

um impacto similar em suas comunidades.”<br />

Apesar do multiculturalismo dos integrantes da<br />

<strong>Odebrecht</strong> EUA – são pessoas de 28 nacionalidades<br />

Juan Zheng e Marjorie<br />

Mckenzie: símbolos do<br />

melting pot americano<br />

trabalhando juntas no dia a dia –, é fácil encontrar similaridades<br />

no meio de tantas diferenças. É surpreendente<br />

descobrir como culturas de distintas partes<br />

do mundo podem ter tanto em comum. Alf Neumann<br />

afirma: “Como seres humanos, todos compartilhamos<br />

os mesmos sonhos e desejos, independentemente<br />

da nossa origem”. Mais surpreendente ainda,<br />

e gratificante, é comprovar no cotidiano que grande<br />

parte dessas semelhanças é sintetizada e praticada<br />

na Tecnologia Empresarial <strong>Odebrecht</strong>.<br />

informa<br />

17


asile<br />

texto Eliana Simonetti fotos Holanda Cavalcanti<br />

18<br />

informa


iros<br />

hegar<br />

Maria Bernardete<br />

Moreira, em<br />

Pitanga (BA):<br />

“Eu me sinto<br />

responsável”<br />

Em Alagoas, na<br />

Bahia e em Sergipe,<br />

comunidades vizinhas<br />

do etenoduto e da<br />

dutovia da Braskem<br />

formam um fascinante<br />

mosaico de religiosiade,<br />

cultura e atividades<br />

econômicas<br />

DE LUTA E<br />

DE FÉ<br />

C<br />

à comunidade de Abobreira,<br />

no município de Teotônio Vilela (AL),<br />

é uma aventura. São apenas 12 km a<br />

partir da cidade, mas os caminhos tortuosos<br />

cortam imensas plantações de<br />

cana-de-açúcar, e o trajeto muda a cada colheita.<br />

No passado, Abobreira ficava em meio à floresta:<br />

foi um quilombo resguardado dos colonizadores. No<br />

entanto, muitos quilombolas venderam suas terras<br />

a fazendeiros. Hoje a paisagem é <strong>out</strong>ra. O acesso,<br />

entretanto, continua difícil – para os visitantes e<br />

também para os moradores, 37 famílias praticamente<br />

isoladas.<br />

Como vivem? Primeiramente, da agricultura de<br />

subsistência. Alguns criam galinhas e cabras. Na<br />

época da colheita da cana, os adultos buscam oportunidades<br />

como trabalhadores temporários. Fora<br />

da safra, ficam em suas terras. E se encontram<br />

para conversar debaixo de uma mangueira na praça<br />

da comunidade. As casas de Abobreira têm televisão,<br />

rádio, geladeira, telefone celular; em algumas<br />

há motocicletas, em <strong>out</strong>ras, carroças.<br />

Velhos, moços, crianças, não pensam em sair<br />

dali. A não ser para buscar assistência médica,<br />

vender e comprar produtos, ou ir a uma festa. Sim,<br />

porque em Abobreira não há festas. Praticamente<br />

não se notam resquícios da cultura do tempo dos<br />

quilombos.<br />

Nessa comunidade está em andamento uma<br />

experiência. O Instituto Lagoa Viva, apoiado pela<br />

Braskem, levou três colmeias de abelhas uruçu,<br />

que não picam seus tratadores, para que sejam<br />

multiplicadas e tornem-se mais uma fonte de alimento<br />

e renda. Ademar Ribeiro, 49 anos, natural<br />

de Abobreira, motorista de caminhão e casado com<br />

Gislene, ficou com uma dessas colmeias. Hoje possui<br />

três. Dividiu a primeira colmeia e comprou uma<br />

terceira. Cria codornas, perus, galinhas e tem um<br />

moinho de farinha. Até preserva um tantinho de<br />

mata natural em seu terreno. “A gente tem de saber<br />

viver”, ensina.<br />

informa<br />

19


Em Alagoas, em toda a faixa do etenoduto, iniciativas<br />

como essas são realizadas com o apoio da<br />

Braskem. Elas incluem ainda ações de reciclagem<br />

e a introdução do Programa Quintal Produtivo, que<br />

incentiva a população a plantar várias espécies, inclusive<br />

aquelas necessárias à produção de mel.<br />

Abobreira fica perto de uma das pontas do etenoduto<br />

que leva produtos químicos da Bahia a Alagoas,<br />

passando por Sergipe, e atende a unidades da<br />

Braskem. A empresa desenvolve projetos sociais<br />

em 15 das 56 comunidades vizinhas ao etenoduto<br />

e nas seis comunidades do entorno da dutovia que<br />

também transporta seus produtos. Nessa faixa de<br />

cerca de 475 km de extensão, as populações são<br />

bastante diversas.<br />

Totalmente subterrâneo, o etenoduto transporta<br />

parte do eteno produzido pela Braskem na Unib<br />

(Unidade de Petroquímicos Básicos), em Camaçari,<br />

até as unidades de cloro-soda e PVC em Alagoas. A<br />

dutovia tem aproximadamente 35 km de extensão<br />

e leva nafta da Refinaria Landulfo Alves de Mataripe<br />

(BA) para a Unib, além de transportar parte dos<br />

produtos da Unib para o Porto de Aratu, também<br />

na Bahia.<br />

A Braskem aproxima-se das comunidades, forma<br />

parcerias e desenvolve atividades para ampliar<br />

o nível de informação das populações que vivem<br />

próximas aos seus dutos de transporte para evitar<br />

riscos e manter a faixa de servidão dos tubos preservada,<br />

além de apoiar projetos sustentáveis para<br />

o desenvolvimento local.<br />

Tradições quilombolas<br />

O povoado de Pitanga de Palmares fica às margens<br />

da rodovia BA-093, em Simões Filho (BA), na<br />

área da dutovia. É também um remanescente de<br />

quilombo. Ali, onde vivem entre 700 e 800 famílias,<br />

a Braskem trabalha em parceria com o Instituto de<br />

Pesquisa e Tecnologia Gerencial Aplicada (IPGA)<br />

para desenvolver o projeto Caminhos para a Autossustentabilidade.<br />

As crianças participam de grupos<br />

de percussão. Mulheres tomam aulas de artesanato<br />

com piaçava. E tradições como a dança de São<br />

Gonçalo e o samba de viola são preservadas com<br />

cuidado.<br />

A líder da associação comunitária, Maria Bernadete<br />

Pacífico Moreira, sempre de túnica e turbante<br />

de tecido africano, chama crianças nas ruas para<br />

20<br />

informa


Praça da Mangueira,<br />

em Abobreira (AL):<br />

ninguém quer deixar a<br />

comunidade<br />

ouvir os cantadores e apara arestas no relacionamento<br />

das artesãs para que, em conjunto, elas<br />

apresentem seus produtos nas feiras. “Se a gente<br />

não luta, perde tudo o que tem, e eu me sinto<br />

responsável por preservar nossa história e nossas<br />

tradições”, diz Bernadete.<br />

Em Pitanga, as aulas de artesanato mudaram a<br />

vida de uma família em especial. Claudinea Conceição<br />

dos Santos e Francisco Celestino Purificação<br />

trabalham com piaçava e coco. Deixaram o emprego<br />

para se dedicar exclusivamente à atividade.<br />

“Ganhamos mais e vivemos melhor, sempre em<br />

família”, explica Francisco. Quando descobre uma<br />

técnica nova, o casal logo dá a dica aos <strong>out</strong>ros artesãos.<br />

“O produto de Pitanga tem de ter boa qualidade”,<br />

salienta Claudinea.<br />

Há muita história e muitas histórias em Pitanga.<br />

Dona Maria Linda da Purificação Chaves, 75 anos,<br />

conta seus casos. Vivia em uma casa de pau a pique<br />

com 11 filhos, andava em jangada de pau de bananeira.<br />

Pescava com rede de arrasto. No quintal,<br />

criava galinhas e porcos e plantava aipim, batata<br />

e feijão. O que mudou? Principalmente a moradia,<br />

hoje de alvenaria, com TV e geladeira.<br />

Agricultura com toque nipônico<br />

Ainda na Bahia, 120 famílias vivem na Vila Itapecirica,<br />

município de Mata de São João, a 56 km<br />

de Salvador. São pequenos agricultores familiares.<br />

Plantam frutas e, no projeto desenvolvido com o<br />

apoio da Braskem, estão montando uma fábrica de<br />

polpas congeladas. “Vamos agregar 80% de valor ao<br />

nosso produto. Será um bom investimento”, garante<br />

Joílton Nunes da Silva, 50 anos.<br />

Em Itapecirica, estabeleceu-se, em 1959, uma<br />

colônia de japoneses, a Colônia JK (referência ao<br />

Presidente brasileiro Juscelino Kubitschek) resultante<br />

de um acordo feito entre os governos brasileiro<br />

e japonês após a Segunda Guerra Mundial.<br />

Os japoneses formaram Itapecirica. Quando os<br />

brasileiros chegaram, receberam forte influência<br />

da cultura nipônica. Assim, as hortas dali não são<br />

plantadas em canteiros retos, como é comum no<br />

Brasil: seguem a curva do terreno e, dessa forma,<br />

aproveitam melhor a água. Os jardins das casas<br />

são bem cuidados e floridos. Descendentes de japoneses<br />

ou de brasileiros da gema, todos os jovens<br />

da comunidade estudam, muitos estão em<br />

universidades.<br />

informa<br />

21


Da Bahia para Sergipe, onde dois assentamentos<br />

são atendidos pelo Instituto de Cooperação para o<br />

Desenvolvimento Sustentável da Agricultura Familiar<br />

(Idaf), com o Projeto Terra Viva, de assistência<br />

técnica rural continuada: o Paulo Freire e o Rosa<br />

Luxemburgo. Em comum, ambos têm a característica<br />

de que as famílias de moradores vieram<br />

do Movimento dos Trabalhadores sem Terra. São<br />

comunidades em que predomina a agricultura de<br />

subsistência, e cada uma delas tem 24 casas. A distância<br />

entre eles é de apenas 3 km. Entretanto, os<br />

dois têm também diferenças marcantes.<br />

No Rosa Luxemburgo, as casas foram cons-truídas<br />

em torno de uma praça. As pessoas encontram-se<br />

o tempo todo. O presidente da associação<br />

dos moradores é José Souza Ribeiro, seu Quiquias,<br />

ex-tocador de sanfona, ex-pedreiro, que hoje vive da<br />

terra. Não tem criança que passe por ele sem pular<br />

no seu colo. “Tudo nasce da força de vontade para<br />

resolver problemas”, diz.<br />

Família de Jorge Luiz<br />

Andrade no Assentamento<br />

Paulo Freire (SE): agricultura<br />

de subsistência<br />

22<br />

informa


Há uma área agrícola comunitária para o plantio<br />

de hortícolas. Os moradores também construíram,<br />

em conjunto, uma fábrica artesanal de farinha e um<br />

forno de cerâmica. Com o apoio do Terra Viva, as mulheres<br />

recebem aulas de culinária: aprendem a fazer<br />

beiju, bolos, pé de moleque e <strong>out</strong>ras iguarias e a embalar<br />

tudo direitinho, para atrair clientela.<br />

O professor Adelson dos Santos, conhecido por<br />

Maduro, vive na cidade de Estância, um polo turístico<br />

de Sergipe próximo às duas comunidades. Ele conta<br />

que um dia acordou com uma ideia: fazer doces de<br />

tapioca. Teimou na cozinha até criar uma nova maneira<br />

de fazer o “mal casado”, com tapioca e coco.<br />

Recebeu tantas encomendas que precisou contratar<br />

um ajudante, depois <strong>out</strong>ro e mais <strong>out</strong>ro. Hoje tem uma<br />

fábrica com 10 empregados e fornece um leque de<br />

produtos a padarias, restaurantes e hotéis da cidade.<br />

Procurado pela equipe do Terra Viva, logo aceitou o<br />

convite para ensinar no assentamento Rosa Luxemburgo.<br />

“Só tenho a ganhar compartilhando o que sei.<br />

E, nas épocas de grande procura, posso vir buscar doces<br />

na comunidade para fornecer aos clientes.”<br />

No assentamento Paulo Freire, onde as casas foram<br />

construídas em linha reta, em uma única rua,<br />

os moradores aprenderam, com a chegada do Terra<br />

Viva, a plantar, a colher no tempo certo e a cuidar da<br />

irrigação. Como há um açude próximo, todos têm a<br />

pesca como alternativa para alimentação.<br />

Exemplo de sucesso é a família de Jorge Luiz e<br />

Mariene de Andrade, que trabalham a terra com os<br />

dois filhos mais velhos, George e Lucas. Antes de<br />

chegar ali, Jorge e Marilene ganhavam a vida enchendo<br />

e carregando caixas de laranja. Chegavam<br />

em casa tão cansados que sequer conversavam.<br />

Hoje a família é mais unida e conversa enquanto<br />

planta verduras e mandioca, sob o olhar atento da<br />

jandaia Jubileu. Ninguém pensa em deixar aquele<br />

pedaço de chão. “Aqui é só chamar por Deus e ir à<br />

luta”, garante Jorge.<br />

O presidente da associação, no Paulo Freire, é<br />

José Aguinaldo da Silva, 39 anos. Ele insiste em unir<br />

a turma em torno de um projeto: uma horta comunitária<br />

irrigada. Pretendia conseguir a adesão de 20<br />

chefes de família, mas, por enquanto, trabalha com<br />

cinco. “Não tenho pressa. Quando os resultados começarem<br />

a surgir, <strong>out</strong>ros vão se aproximar, e formaremos<br />

uma rede com laços firmes”, diz.<br />

Aula de preparo de tapioca no Assentamento<br />

Rosa Luxemburgo (SE): fábrica fornece a<br />

padarias, restaurantes e hotéis de Estância,<br />

polo turístico do estado<br />

Maria Linda Chaves, em<br />

Pitanga: experimentando<br />

uma vida mais confortável<br />

dentro de casa<br />

informa<br />

23


ENTREVISTA<br />

Delcy: inclusão<br />

social conjugada<br />

com crescimento<br />

econômico<br />

24<br />

24<br />

informa


andina<br />

MISSÃO<br />

texto Sonia Donayre foto Sérgio Urbay<br />

Trabalhar na <strong>Odebrecht</strong> era uma possibilidade que<br />

o paranaense Delcy Machado sequer aventava,<br />

pois não tinha nenhuma relação com a empresa.<br />

Mas isso acabou por acontecer em 1995, quando<br />

ele ingressou na CBPO. Começou nas obras da<br />

Hidrelétrica de Itá, na divisa de Santa Catarina com o Rio Grande<br />

do Sul, onde encontrou líderes como Sergio Zorzi e Antonio<br />

Cardilli. “Foi uma escola incomparável”, diz Delcy. Administrador<br />

por formação, ele tinha o sonho de crescer e, quem sabe,<br />

um dia morar fora do Brasil. Depois de algumas obras e de um<br />

período fora da empresa, desembarcou no Peru no início de<br />

2005. Escalado para integrar<br />

a equipe de Daniel Villar,<br />

que tentaria conquistar as<br />

rodovias Interoceânicas Norte<br />

e Sul, ele ficou impressionado com a diversidade<br />

cultural do país, com as possibilidades que se mostravam e<br />

com a velocidade que os processos ganhavam. Trouxe rapidamente<br />

a família e se instalou neste país que lhe reservava<br />

oportunidades que ele não imaginava. Os anos de 2005 e 2006<br />

passaram rapidamente e foram marcados pela mobilização e<br />

o início da construção da Interoceânica Sul. No fim de 2006,<br />

seu líder na época, Sergio Panicali, deu-lhe a notícia de que a<br />

empresa queria montar uma estratégia de contribuição social<br />

mais estruturada no país e, daquele momento em diante,<br />

o assunto “comunidades” nunca mais deixou de ser agenda<br />

prioritária para Delcy. O momento, ele considera, é único e motivador<br />

no Peru. “Aqui, percebe-se, cada vez mais, a necessidade<br />

de que o crescimento da inclusão social ocorra no mesmo<br />

ritmo do crescimento econômico”, afirma.<br />

informa<br />

25


depois de assinado o<br />

contrato da concessão<br />

e, parando em<br />

cada um dos povoados<br />

ao longo da via,<br />

contar a todos como<br />

faríamos as coisas<br />

nessa megaobra. A<br />

Interoceânica foi uma<br />

grande oportunidade,<br />

pois ali se juntaram<br />

dois fatores importantíssimos<br />

para a ação:<br />

o desafio de construir<br />

700 km de rodovia em<br />

“Nas regiões andinas,<br />

está nas mãos da<br />

comunidade a decisão<br />

de permitir a<br />

permanência ou<br />

não, entre eles,<br />

de um determinado<br />

ator externo”<br />

<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> – Quando você começou a Programas Sociais na Área de Sustentabilidade da<br />

atuar com foco no tema sustentabilidade na <strong>Odebrecht</strong> [hoje Responsável por Investimentos na<br />

<strong>Odebrecht</strong>?<br />

Implantação do Polo Agroindustrial de Capanda, em<br />

DELCY MACHADO – Acredito que todos estão envolvidos<br />

no assunto de alguma maneira. Assim como nessa agenda. Com base na Tecnologia Empresa-<br />

Angola], e começamos a pensar em como avançar<br />

toda a Organização já internalizou as práticas de rial <strong>Odebrecht</strong> (TEO) e com a inspiração nos projetos<br />

da Fundação <strong>Odebrecht</strong> no Baixo Sul, cons-<br />

segurança e saúde, a agenda de sustentabilidade<br />

vem para ficar e envolve a todos. Falando da minha truímos a Iniciativa iSur (www.isur.org.pe), que veio<br />

experiência, vim para o Peru em 2005 trabalhar na completar o trabalho feito na Interoceanica, dando<br />

proposta e, depois, na construção da Rodovia Interoceânica<br />

Sul, como Gerente Administrativo. O assunto munidades locais. A isso, na época, chamamos de<br />

uma visão de desenvolvimento sustentável às co-<br />

de relações comunitárias se apresentou como uma Área de Responsabilidade Social. Em 2008, criamos<br />

das grandes concentrações desse projeto. Liderado<br />

por Daniel Villar, tive a missão de, juntamente tos sociais e ser agente recebedor de cooperação<br />

a Associação <strong>Odebrecht</strong> Peru, para executar proje-<br />

com Richard Díaz, fazer<br />

a primeira viagem<br />

como as do BID<br />

técnica internacional,<br />

(Banco<br />

Interamericano<br />

de Desenvolvimento)<br />

e da CAF (Banco de<br />

Desenvolvimento da<br />

América Latina). Em<br />

<strong>2011</strong>, fomos uma das<br />

13 empresas no país a<br />

receber o distintivo de<br />

Empresa Socialmente<br />

Responsável, atribuído<br />

pela Associação<br />

Peru2021 de Responsabilidade<br />

Social, que<br />

avalia o desempenho<br />

não apenas com as<br />

quatro anos e a decisão de fazer isso com os atores comunidades, mas com todos os seus atores de interesse.<br />

locais. De lá para cá, estamos aprendendo cada vez<br />

mais e tratando de ampliar a aplicação dos conceitos<br />

de maximização de benefícios dos projetos.<br />

OI – Quais os princípios do relacionamento<br />

construtivo com as comunidades peruanas?<br />

OI – O Peru foi um dos primeiros países da Organização<br />

a estruturar uma área específica de ência de um projeto poderão, ou não, ser um aliado<br />

DELCY – No Peru, as comunidades da área de influ-<br />

Responsabilidade Social, em 2007. Como foi poderoso. Nas regiões andinas, está nas mãos da<br />

isso?<br />

comunidade a decisão de permitir a permanência<br />

DELCY – No final de 2006, o Diretor-Superintendente<br />

Jorge Barata convocou-me para trabalhar Isso é muito forte e os casos de projetos parados por<br />

ou não, entre eles, de um determinado ator externo.<br />

no desenvolvimento de um projeto que possibilitasse<br />

dar uma contribuição mais estruturada às projetos mineiros. Desde a etapa de planejamento,<br />

falta de um “acordo social” são muitos, sobretudo<br />

comunidades dos projetos da <strong>Odebrecht</strong> no Peru. engenharia e orçamento, a equipe do projeto deve<br />

Convocamos o Felipe Cruz, então Responsável por pensar em como fazer esse acordo e isso, invaria-<br />

26<br />

informa informa<br />

26


velmente, passa por disciplina, respeito e confiança. to ocorra de maneira adequada. A correlação entre<br />

Mais do que nunca, é necessário estabelecer uma boa gestão pública e populações com bons índices<br />

relação, por meio do cumprimento estrito dos compromissos<br />

assumidos e de uma comunicação trans-<br />

a gestão pública, maior a possibilidade de que os<br />

de desenvolvimento humano é alta. Quanto melhor<br />

parente e honesta. Assim conduzimos vários projetos<br />

e evitamos qualquer tipo de conflito em nosso fundamental envolver o Estado, sobretudo no nível<br />

atores locais se desenvolvam. No Peru, vem sendo<br />

trabalho no país.<br />

estadual e municipal, nos processos que envolvem<br />

as comunidades, pois é dele a obrigação de fornecer<br />

serviços básicos dignos. Na Interoceânica<br />

OI – E quais são as linhas de execução dos projetos<br />

sociais da <strong>Odebrecht</strong> no Peru??<br />

a educação com a Associação Empresários pela<br />

Norte, estamos fazendo um trabalho voltado para<br />

DELCY – A presença de um grande projeto em uma Educação e estamos tendo muita interação com os<br />

determinada região causa enorme expectativa. O governos locais para garantir a sustentabilidade<br />

Peru ainda é um país com muitas demandas sociais<br />

insatisfeitas e com<br />

das ações no futuro.<br />

grande potencial de recursos<br />

humanos e na-<br />

OI – O que você des-<br />

turais. Nesse contexto,<br />

o empresário-parceiro<br />

deve diagnosticar seu<br />

âmbito de atuação, mapear<br />

os atores e definir<br />

qual o alcance da contribuição<br />

que seu projeto<br />

poderá dar à população.<br />

As boas práticas<br />

que motivamos no Peru<br />

vão desde a contratação<br />

e o treinamento de<br />

pessoas locais para o<br />

trabalho, utilizando a<br />

versão castelhana do<br />

“A correlação entre<br />

boa gestão pública<br />

e populações com<br />

bons índices de<br />

desenvolvimento<br />

humano é alta”<br />

taca da sua experiência<br />

direta com comunidades?<br />

DELCY – No Peru, a diversidade<br />

cultural é tão<br />

grande que a gente se<br />

perde entre costumes<br />

e tradições e tem que<br />

aprender a respeitar<br />

isso e estar atento, pois<br />

as oportunidades no<br />

país são muitas para<br />

a nossa empresa, mas<br />

devem ser oportunidades<br />

inclusivas. Na Inte-<br />

Programa Acreditar (o Creer), até o desenvolvimento roceânica Sul, aprendi que as comunidades andinas<br />

de cadeias produtivas locais, com assistência técnica<br />

para a formação de associações de produtores e decisões importantes em assembleias gerais, que<br />

têm seus líderes definidos e, ainda assim, tomam as<br />

empresas. Existem também os empresários que se envolvem a todos. Uma vez, fiz um acordo com o presidente<br />

de uma comunidade para usar determina-<br />

inclinam a trabalhar com assuntos relacionados à<br />

saúde e educação e, nesses casos, buscamos que do espaço para um desvio de serviço necessário ao<br />

as ações sejam perpetuadas através do Estado, que andamento da obra. Mesmo fazendo tudo conforme<br />

deve estar envolvido sempre.<br />

mandava a cartilha da época, aprendi que esse tipo<br />

de decisão tem que ser tomada em conjunto. Tive<br />

que renegociar, dessa vez na presença de mais de<br />

OI – Qual é, exatamente, o papel do Estado nessa<br />

relação?<br />

quéchua ao lado. Foi muito gratificante, porque era<br />

40 comuneros, e explicar tudo com um tradutor de<br />

DELCY – O Estado, nos seus diferentes níveis, é apenas o começo da minha missão andina e, portanto,<br />

a hora certa de aprender como funcionam as<br />

o ente regulador das atividades no território. Ele<br />

deve criar as condições para que o desenvolvimen-<br />

coisas na prática.<br />

informa<br />

27


Integrante da<br />

etnia Kuna<br />

Yala: presença<br />

marcante em<br />

Curundú<br />

fut<br />

texto Alberto Gualde<br />

fotos Jeff Maia<br />

28<br />

informa


TECENDO<br />

uro<br />

O<br />

ão se conhece exatamente a origem<br />

Nda palavra Curundú, mas o que fica<br />

evidente é que suas três sílabas, donas<br />

de grande sonoridade musical,<br />

remetem à violência e à pobreza que<br />

afligem esse bairro popular da capital panamenha.<br />

Curundú é uma das favelas mais problemáticas da<br />

Cidade do Panamá. Padece de condições de vida<br />

muito precárias, mas, ao mesmo tempo, é um dos<br />

espaços mais festivos da cidade. Em qualquer canto<br />

desse comovente lugar, composto de um apertado<br />

labirinto de vielas e de precárias casas de madeira,<br />

pode aflorar uma festa no momento menos esperado.<br />

Em Curundú a vida é celebrada, não importa o<br />

quão frágil ela possa ser.<br />

Um exemplo disso foram as comemorações organizadas,<br />

há poucos meses, pela própria comunidade,<br />

para celebrar o dia da etnia emberá-wounaan,<br />

com um festival musical e esportivo, mostras de<br />

comidas típicas e de danças indígenas, bem como<br />

as festividades desenvolvidas pelos congos – a Temporada<br />

Congo –, que duram um mês e terminam na<br />

quarta-feira de cinzas.<br />

Embora a violência esteja presente no dia a dia<br />

da comunidade, seus habitantes também sabem<br />

se organizar contra ela. Grupos civis e religiosos<br />

realizam esforços constantes e perseverantes para<br />

combatê-la. Recentemente foi organizada uma<br />

marcha de jovens contra a violência, que ao desfilar<br />

por todo o bairro, foi somando adeptos a cada passo.<br />

Foi uma marcha atípica para Curundú, pois não<br />

tinha música nem gente dançando nem ambiente<br />

festivo. Apoiada por muitas presenças silenciosas,<br />

a marcha foi uma maneira de protestar diante da<br />

instabilidade nascida com o bairro e, ao mesmo<br />

tempo, de reforçar o poderoso espírito comunitário<br />

que dá alento a Curundú.<br />

Com seus artesãos, artistas,<br />

desportistas e trabalhadores<br />

da construção, a comunidade<br />

de Curundú transforma<br />

esperança e trabalho em<br />

uma vida melhor<br />

Nesse contexto, um dos trabalhos mais importantes<br />

realizados em Curundú é o que visa a reintegrar<br />

delinquentes à sociedade, liderado por pastores<br />

evangélicos no próprio bairro e dentro das<br />

prisões – um trabalho com o qual eles ganharam a<br />

confiança e o respeito da comunidade. As conversas<br />

constantes, os retiros espirituais e as orientações<br />

em grupo contribuíram para manter a coesão social<br />

e a esperança de ver dias melhores no bairro. Essa<br />

tarefa também tem sido realizada pelas equipes<br />

da <strong>Odebrecht</strong> no projeto que executam para o Ministério<br />

da Habitação e do Ordenamento Territorial<br />

(Miviot) e que tem a participação de moradores de<br />

Curundú que passaram ou passam por esse processo<br />

de reintegração social.<br />

Uma história de zinco e madeira<br />

A origem da favela remonta a 1920. Ela nasceu<br />

da necessidade de moradia para os operários antilhanos<br />

que tinham trabalhado na construção do<br />

Canal. A partir de 1945 começou a multiplicação<br />

das frágeis habitações e, então, Curundú adquiriu<br />

sua identidade. Um remoto censo, feito em 1958,<br />

indicou que Curundú tinha 615 moradias e 2.472<br />

habitantes.<br />

Entre 1960 e 1970, o número de habitantes triplicou,<br />

atingindo uma das mais altas densidades<br />

populacionais no Panamá. Em 17 de novembro de<br />

1971, foi criado o Acordo Municipal que deu origem<br />

à Corregedoria, atualmente habitada por cerca de 20<br />

mil pessoas de etnias mais variadas e que compõem<br />

uma particular mistura de culturas. As pessoas<br />

chegam a Curundú de todos os cantos. Elas vieram e<br />

vêm de províncias tão diferentes como Coclé, Colón,<br />

Los Santos, Darién e da Comarca Kuna Yala.<br />

Um grupo que se destaca pela sua força cultural<br />

são os congos, originários da costa atlântica pana-<br />

informa<br />

29


virar curundenho. Além disso, no beisebol, os representantes<br />

de Curundú são habituais campeões<br />

em torneios metropolitanos nas suas diferentes categorias.<br />

Moradora de Curundú em uma das festas tradicionais do<br />

bairro e, na página ao lado, integrante da comunidade<br />

contratada para as obras do Projeto de Renovação Urbana:<br />

conquista da cidadania<br />

menha. Há anos que em Curundú opera uma ativa e<br />

vivaz comunidade de congos urbanos que transmite<br />

seus ritos ancestrais, suas danças e canções de<br />

modo regular, no local que eles chamam de palenque<br />

(quilombo), um território habitado por negros<br />

coloniais libertos da escravidão.<br />

No bairro, predomina o comércio informal. Nos<br />

intermináveis labirintos de ruelas vendem-se laranjas,<br />

broas de milho, peixe frito e os tradicionais<br />

bollos de Curundú (pamonhas salgadas), conhecidos<br />

e apreciados em toda a cidade. Existe um<br />

número crescente de pessoas formadas nas universidades<br />

que pertencem à nova geração e que representam<br />

em torno de 10% da população do bairro.<br />

Alguns foram contratados pela <strong>Odebrecht</strong> para<br />

colocar seus conhecimentos a serviço da própria<br />

comunidade.<br />

O esporte é <strong>out</strong>ro símbolo da cultura de Curundú.<br />

O ginásio de boxe leva o nome de Pedro “O Roqueiro”<br />

Alcázar, um ex-campeão mundial de boxe<br />

falecido em plena juventude que, como muitos<br />

moradores do bairro, nasceu em Darién, para logo<br />

A inclusão da comunidade<br />

O projeto de renovação urbana, realizado pela<br />

<strong>Odebrecht</strong> para o Miviot, abre um amplo leque de<br />

esperanças para muitos moradores de Curundú.<br />

Julio Lopes Ramos, Diretor de Contrato da <strong>Odebrecht</strong>,<br />

descreve: “O Projeto de Renovação Urbana<br />

Curundú é muito mais que uma obra de edificação;<br />

é um projeto de vida, no qual a intervenção social<br />

valoriza o talento e a capacidade empreendedora<br />

dos curundenhos”. Para eles, é o primeiro passo no<br />

caminho de uma transformação profunda do bairro.<br />

Os novos prédios substituirão os barracos construídos<br />

em palafitas sobre terras continuamente inundadas<br />

pelo Rio Curundú e beneficiarão mais de mil<br />

famílias, que pagarão apenas uma parcela mínima<br />

para tornarem-se proprietárias.<br />

A chave desse projeto, entretanto, são os ajustes<br />

realizados para incluir socialmente o curundenho<br />

no processo de desenvolvimento do país e atender<br />

às necessidades da comunidade. Uma das estratégias<br />

aplicadas pela <strong>Odebrecht</strong> tem sido a contratação<br />

de trabalhadores locais, que, hoje, representam<br />

80% do efetivo total. Ao se perceber que a maioria<br />

não tinha experiência na construção civil, foi necessária<br />

a implantação de programas de capacitação e<br />

a implantação de uma metodologia executiva para<br />

se adequar a essa realidade.<br />

Por isso, foi implementado o uso de fôrmas de<br />

alumínio para a construção de paredes e lousas de<br />

concreto armado, em vez dos habituais blocos de<br />

cimento, pilares e vigas. Esse processo facilitou a<br />

participação dos curundenhos nas tarefas de construção<br />

de suas próprias casas. A ideia central, por<br />

trás dessa estratégia, foi dar oportunidades de trabalho<br />

aos habitantes de Curundú, sem exigência do<br />

atestado de antecedentes criminais aos aspirantes,<br />

como forma de romper o círculo vicioso de exclusão<br />

dos curundenhos no mercado de trabalho panamenho.<br />

Cada pessoa passará a ter um registro<br />

de trabalho na construção civil que lhe possibilitará<br />

acesso a oportunidades em <strong>out</strong>ros projetos futuros<br />

e continuar inserido no mercado profissional. Da<br />

30<br />

informa


mesma forma, a <strong>Odebrecht</strong> coordenou, com <strong>out</strong>ras<br />

empresas, a criação de um Banco de Empregos<br />

com dados dos trabalhadores curundenhos, de<br />

modo que eles possam aspirar a novas oportunidades<br />

de trabalho, não apenas na área da construção,<br />

mas também na de serviços.<br />

A madre Mariela Calderón Macias, Diretora da<br />

Escola Marie Poussepin, em Curundú, afirma: “Estou<br />

muito confiante e tenho grandes expectativas<br />

em relação a esse projeto, pelas mudanças que ele<br />

está possibilitando. Existe agora a esperança de<br />

algo novo e de que tenhamos um Curundú melhor.<br />

Estamos a caminho de uma nova cultura cidadã.<br />

Mas tem de ser um trabalho de todos”.<br />

“O Projeto de<br />

Renovação Urbana<br />

Curundú é muito<br />

mais que uma obra<br />

de edificação; é um<br />

projeto de vida”<br />

Julio Lopes Ramos<br />

informa<br />

31


A GRANDE FESTA DA<br />

tradição<br />

32<br />

Cláudia Santos no<br />

centro cultural:<br />

mantendo vivo o<br />

sonho do pai<br />

32<br />

informa


No caminho da Ferrovia<br />

Carajás, uma visita a<br />

comunidades em que as<br />

manifestações culturais<br />

sobrevivem e encantam<br />

texto Luiz Carlos Ramos fotos Guilherme Afonso<br />

AEstrada de Ferro Carajás, pela qual<br />

trafega o maior trem do mundo – de<br />

três locomotivas, 330 vagões para<br />

transporte de minério de ferro e 3 km<br />

de comprimento –, iniciou novo ciclo:<br />

o da expansão. Unindo o sudeste do Pará ao litoral do<br />

Maranhão em sua extensão total de 892 km, a linha<br />

férrea de Carajás exerce papel expressivo na economia<br />

brasileira desde sua inauguração, há 26 anos.<br />

Além da carga extraída da Serra dos Carajás, em<br />

parte exportada, passa por ali um trem menor, de 20<br />

vagões, para passageiros, três dias por semana, em<br />

cada sentido.<br />

O cenário transforma-se a cada hora no percurso,<br />

o que permite o vislumbre de palmeiras, florestas,<br />

rios, vilas, cidades e gente. Sim: gente. O trem valoriza<br />

a natureza, a história e a vida. A <strong>Odebrecht</strong> Infraestrutura<br />

está lá, em aliança com a Vale, operadora<br />

da ferrovia e das minas, com a missão de executar as<br />

obras de expansão, que em três anos duplicarão alguns<br />

trechos, ampliando a capacidade de transporte<br />

para responder ao aumento da produção de minério<br />

e ao crescimento da demanda mundial de ferro.<br />

<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> esteve nas áreas onde ocorrem<br />

as obras. Viu muito trabalho sendo executado<br />

em um ambiente no qual as manifestações artísticas<br />

e culturais da população são uma marca registrada<br />

e admirável.<br />

O roteiro começou onde chega o minério de Carajás:<br />

a região metropolitana de São Luís, de 1,4<br />

milhão de habitantes. A cada duas ou três horas,<br />

um novo trem leva a carga para processamento industrial<br />

na usina de pelotização da Vale, próximo<br />

aos portos de Itaqui e Ponta da Madeira, onde navios<br />

esperam a vez.<br />

José Ribamar Coelho, o Saci: cantor,<br />

bailarino, ator e orgulhoso morador<br />

da capital maranhense<br />

São Luís, a única cidade do Brasil fundada por<br />

franceses, nasceu em 1612. Os portugueses tentavam<br />

consolidar o domínio de todo o Nordeste, mas,<br />

Lojas no Centro<br />

Histórico<br />

de São Luís: a<br />

única cidade<br />

brasileira<br />

fundada por<br />

franceses<br />

informa<br />

33


Antonio Carlos<br />

Ribeiro, o Pelé:<br />

“Esta cidade já<br />

melhorou e vai<br />

melhorar mais”<br />

ali, foram surpreendidos pela invasão francesa comandada<br />

por Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière,<br />

que, em nome do rei Luís XIII, estabeleceu a<br />

vila de São Luís. Os franceses foram expulsos pelos<br />

portugueses em 1615.<br />

José de Ribamar Coelho, o Saci, cantor e bailarino,<br />

artista do Teatro de Bonecos, em um casarão do<br />

Beco dos Catraieiros, proclama: “São Luís é única”.<br />

E explica: “Conheci muitas cidades. Temos ações<br />

culturais, como bumba-meu-boi e teatros”.<br />

O coordenador do Teatro de Bonecos, o músico e<br />

escritor José Maria Medeiros, no projeto há 21 anos,<br />

conta: “Às quintas-feiras, temos aqui diante do casarão<br />

os espetáculos de música e teatro típicos do<br />

Maranhão. As pessoas vão chegando”.<br />

Carlos Henrique Lopes Lobo, maranhense, 36<br />

anos, técnico de segurança do trabalho da <strong>Odebrecht</strong><br />

em São Luís, passeia pelo centro velho, conhecido<br />

como Praia Grande, e destaca os mais de mil<br />

edifícios centenários, muitos com azulejos. “Esta é<br />

a Ilha do Amor, Patrimônio Cultural da Humanidade.”<br />

Um deles é o Palácio dos Leões, de mais de 300<br />

anos, sede do Governo do Maranhão. A Prefeitura<br />

funciona no Palácio de La Ravardière.<br />

“Temos arte e força espiritual”<br />

O bumba-meu-boi avança pelas ruas nas festas<br />

de São João, em junho e julho. Essa manifestação<br />

popular de origem afro-indígena tem a participação<br />

de milhares de pessoas fantasiadas. No bairro<br />

da Liberdade, de 30 mil habitantes – a maioria,<br />

descendente de escravos –, Cláudia Regina Avelar<br />

Santos mantém vivo o sonho de seu pai, Mestre<br />

Leonardo, falecido em 2004: um centro cultural de<br />

Boi de Zabumba e de Tambor de Crioula, de raízes<br />

maranhenses. “Desde 1956, produzimos e guardamos<br />

as fantasias, fitas coloridas e miçangas usadas<br />

nas festas”, conta Cláudia Regina.<br />

São Luís é também reduto do ritmo jamaicano<br />

reggae e de blocos de Carnaval, como o Libertos<br />

da Noite, de Álvaro José, o Neto de Nanã, e da atriz<br />

Elizandra Rocha. Até crianças aderem ao ritmo, tocando<br />

tambor. “Temos arte e força espiritual”, diz<br />

Elizandra.<br />

O trem da Vale segue de São Luís rumo ao sul.<br />

Uma das paradas é em Bom Jesus das Selvas, de<br />

25 mil habitantes, área de um dos canteiros da <strong>Odebrecht</strong><br />

para expandir a ferrovia. Alexandre Andrade,<br />

Gerente Administrativo, descreve o desafio de promover<br />

a integração entre os trabalhadores vindos de<br />

várias regiões para a obra recém-iniciada. “Implantamos<br />

aqui o Programa Acreditar [Programa de Qualificação<br />

Profissional Continuada – Acreditar]. Nossa<br />

maior satisfação é o sorriso de quem se forma.”<br />

Um dos donos desses sorrisos é Eudes Dutra<br />

da Silva, 19 anos, de Bom Jesus. Ele fez o curso de<br />

armador de ferragem no Acreditar e já está trabalhando.<br />

“Essa obra chegou para melhorar a região”,<br />

34<br />

informa


comenta Eudes, também titular do time de futebol<br />

do canteiro.<br />

Chegando à Amazônia<br />

O líder comunitário Antonio Carlos Ribeiro, o<br />

Pelé, maranhense de Caxias, mantém, com seus<br />

cinco filhos, um pequeno armazém. “Esta cidade já<br />

melhorou e vai melhorar mais”, garante. Maria Alice<br />

Araújo concorda e diz que cresceu o movimento de<br />

sua sorveteria, ao lado de uma escola pública: “Além<br />

das crianças, estão vindo adultos, e isso é resultado<br />

da obra.”<br />

A secretária municipal de Assistência Social de<br />

Bom Jesus, Irene de Oliveira Almeida, afirma: “As<br />

obras proporcionam oportunidades de trabalho e<br />

garantem à cidade mais qualidade de vida.”<br />

Depois de passar por Açailândia, o trem entra<br />

na Amazônia, no Pará. E a chegada a Marabá, de 240<br />

mil habitantes, é empolgante – com a ponte rodoferroviária<br />

sobre o Rio Tocantins, um dos maiores do<br />

Brasil. O vocábulo indígena Marabá, de um poema de<br />

Gonçalves Dias, indica as raízes da região. Avenidas<br />

e modernos prédios convivem com migrantes de vários<br />

estados e com índios. Nos restaurantes, índios<br />

batem papo em sua língua, comem peixada e pagam<br />

a conta com cartão de crédito.<br />

De madrugada, os pescadores Edson Cardoso e<br />

Lúcio Machado saem da canoa Diamante Negro alegres<br />

com a produção do dia. “Não vejo nada melhor<br />

do que Marabá e o Tocantins”, diz Edson.<br />

Parauapebas é a estação final do trem de passageiros.<br />

Já o de carga prolonga a viagem até Carajás,<br />

área das enormes jazidas de ferro. Em 2014, ano da<br />

Copa do Mundo, o longo trem terá ampliado ainda<br />

mais o seu poder, em um dos rincões brasileiros<br />

campeões em arte e cultura.<br />

Edson Cardoso<br />

mostra o resultado<br />

de seu trabalho:<br />

“Não vejo nada<br />

melhor que Marabá<br />

e o Rio Tocantins”<br />

informa<br />

35


O SOM DA<br />

San Agustín, em<br />

Caracas, comunidade<br />

que recebeu o<br />

Metrocable, tem na<br />

música um instrumento<br />

de inclusão social<br />

texto Cláudio Lovato Filho<br />

fotos Andrés Manner<br />

Luis Bolívar e<br />

seus alunos:<br />

levando adiante a<br />

cultura musicial<br />

de San Agustín<br />

36<br />

36<br />

informa


cidadania<br />

informa<br />

37


Aí vem a pequena Joselín Mendoza, só<br />

sorrisos e braços abertos e pés como<br />

se flutuassem sobre o asfalto. Ela tem<br />

6 anos. Corre eufórica em frente à sua<br />

casa no barrio de San Agustín. Ela se<br />

aproxima de nossa equipe e apresenta seu irmão, Jeyson,<br />

de 1 ano. Jury, a mãe, apenas observa, da porta de<br />

casa. A rua estreita onde fica a casa de Joselín, de Jeyson,<br />

de Jury e de seu marido, José, e todas as <strong>out</strong>ras<br />

ruelas do lugar têm grafites por todo o canto – nas paredes,<br />

nos muros, no chão, nas fachadas dos pequenos<br />

bares e armazéns. Os grafites falam da arte, sobretudo<br />

a música, que é produzida em San Agustín, uma comunidade<br />

(em espanhol, na descrição fatalista e frequentemente<br />

orgulhosa de seus moradores, um barrio; uma<br />

favela, em bom português) situada na paróquia de San<br />

Agustín del Sur, no município Libertador, um dos que<br />

formam Caracas. San Agustín já deu ao país muitos músicos<br />

que ficaram famosos e se tornaram heróis da comunidade,<br />

do barrio, da favela. Pergunte a Joselín sobre<br />

as famílias Quintero, Palacios, Bolívar, Rengifo, Paredes,<br />

Blanco, e ela, talvez com uma pequena ajuda da mãe,<br />

vai lhe dizer quais são seus integrantes mais famosos e<br />

seus maiores sucessos.<br />

“San Agustín tem uma identidade cultural muito forte”,<br />

diz o psicólogo social Fernando Giuliani, há três anos<br />

trabalhando no barrio. Ele apoia a atuação da <strong>Odebrecht</strong><br />

em San Agustín. A empresa foi responsável pela implantação<br />

do Metrocable, um sistema de teleférico com 2 km<br />

de extensão, conectado ao Sistema de Metrô de Caracas<br />

e composto de cinco estações e 54 cabinas (cada uma<br />

com capacidade para oito pessoas). Esse meio de transporte<br />

não convencional, inaugurado em 2010, beneficia<br />

todos os <strong>set</strong>ores da comunidade, onde vivem 46 mil pessoas.<br />

“Na história de San Agustín, além da produção de<br />

arte, destacam-se as lutas políticas movidas pelos ideais<br />

esquerdistas, sobretudo nos anos 1960. As pessoas aqui<br />

têm forte sentimento de pertencimento. O Metrocable<br />

pode gerar orgulho entre os moradores e elevar sua<br />

autoestima ao afirmar-se como símbolo de acesso e de<br />

integração, como um fator de articulação social”, argumenta<br />

Fernando.<br />

Estamos caminhando pelas ruas de San Agustín,<br />

acompanhados por Fernando, e encontramos Daniel<br />

Sosa e Maria Eugenia Ramirez, líderes na comunidade.<br />

Sentamo-nos todos para conversar em frente à casa de<br />

Ricarda Liendo, cuja avó, Francisca, ajudou a fundar San<br />

A pequena Joselín com amigos e familiares: alegria<br />

e esperança nas ruas estreitas de San Agustín<br />

Agustín. Mais um pouco e junta-se a nós o professor Luis<br />

Bolívar, percussionista que transmite seu conhecimento<br />

às crianças do barrio em oficinas que fazem parte do<br />

programa Juntos Construímos Valores, um dos que são<br />

apoiados pela <strong>Odebrecht</strong>. O professor Bolívar conta que<br />

está formando um conjunto com integrantes da empresa.<br />

Ele ensina música folclórica tradicional venezuelana,<br />

afrolatina e salsa.<br />

Nascido ali, membro de uma família de cantores e<br />

instrumentistas, deficiente visual, Luis Bolívar tenta ajudar<br />

a levar adiante a cultura musical de San Agustín, iniciada<br />

com os trabalhadores que, no início do século 20,<br />

chegaram à região vindos da costa caribenha, na parte<br />

oriental do país – detentora de uma rica tradição musical<br />

– para participar de seu processo de urbanização.<br />

Bolívar quer formar músicos, torná-los conhecidos na<br />

cidade e no país. “Além da percussão, também vamos<br />

ensinando um pouco de canto e de instrumentos de cordas...<br />

Nas oficinas, as crianças aprendem a tocar e também<br />

recebem material didático de educação musical.” A<br />

construção do Metrocable tem possibilitado a chegada<br />

de investimentos para a realização das oficinas. “A cultura<br />

não quer subir escadas”, ele diz, usando a metáfora<br />

para enfatizar a histórica escassez de investimentos<br />

para o desenvolvimento da arte e dos artistas do barrio.<br />

Maria Eugenia Ramirez entra na conversa para falar<br />

de um dos principais projetos na esteira da implantação<br />

do Metrocable, o qual contribuirá para que a música e os<br />

músicos da comunidade fiquem mais conhecidos: a Rota<br />

Turística Metrocable San Agustín, cujo desenvolvimento<br />

está a cargo do Grupo de Apoio Comunitário (GAC), em<br />

conjunto com a Cooperativa Sembrando Huellas, iniciativas<br />

de responsabilidade social que têm participação<br />

da <strong>Odebrecht</strong>. O GAC é encarregado da Agenda de Sus-<br />

38<br />

informa


Metrocable: elemento<br />

de integração de San<br />

Agustín à cidade<br />

tentabilidade do Metrocable. Com a instalação da Rota<br />

Turística, pessoas de fora da comunidade poderão fazer<br />

visitas, comprar artesanato de couro, degustar pratos da<br />

culinária criolla e desfrutar da música feita ali. “Temos<br />

que nos unificar”, diz Maria Eugenia, olhos no horizonte,<br />

na direção dos arranha-céus do centro de Caracas. “Somos<br />

uma só cidade.”<br />

“Gente que nunca vinha aqui, agora vem”<br />

Um dos maiores ícones culturais de San Agustín é o<br />

Grupo Madera, nascido em 1977. Sua música, no estilo<br />

tradicional venezuelano, era, sobretudo, de protesto:<br />

suas letras faziam denúncia social e pregavam a resistência<br />

cultural. O Grupo Madera fez música e fez história.<br />

Em 15 de agosto de 1980, 11 de seus 18 integrantes<br />

morerram em um acidente durante um passeio de barco<br />

no Rio Orinoco. Em San Agustín, todos os conhecem e<br />

idolatram. Eram heróis nascidos em um tipo de lugar<br />

onde nascem os heróis da vida real.<br />

Cipriano Rodríguez lembra-se deles e de <strong>out</strong>ros. Ele<br />

mora em San Agustín del Sur desde os 8 anos, em uma<br />

das várias “passagens arquitetônicas” transversais à<br />

Avenida Leonardo Ruiz Pinera, a principal da região, na<br />

divisa entre o barrio e a parte sul da paróquia. Chegou<br />

ali no fim dos anos 50. “Passagens arquitetônicas” são o<br />

que os moradores do Rio de Janeiro, por exemplo, chamam<br />

de “vilas” – várias casas iguais, de ambos os lados<br />

da via, formando um corredor. Profundo conhecedor da<br />

história do lugar, Cipriano trabalha na Biblioteca Pública<br />

Leonardo Ruiz Pineda. “Hoje as pessoas se comunicam<br />

menos”, ele diz. O Metrocable, em sua opinião, pode trazer<br />

novos e melhores tempos. “As pessoas de fora têm<br />

curiosidade em relação a ele. É um bom meio de transporte<br />

para os moradores e melhora a integração com a<br />

cidade”, ele diz.<br />

É fim de tarde. Lá no alto do morro, no coração do<br />

barrio, um tanto distante da biblioteca onde conversamos,<br />

a pequena Joselín, seu irmão Jeyson e sua mãe<br />

Jury, Dona Ricarda Liendo, o professor Luis Bolívar e<br />

seus alunos de música, a líder comunitária Maria Eugenia<br />

e todos os <strong>out</strong>ros seguem fazendo sua parte para levar<br />

adiante a história e preparar o futuro de San Agustín.<br />

É possível que tenham cada vez mais companhia. “Gente<br />

que nunca vinha aqui, agora vem”, diz o líder Daniel<br />

Sosa. As palavras de Maria Eugenia, ditas pela manhã,<br />

ainda estão muito vivas para todos os que as ouviram:<br />

“uma só cidade”.<br />

informa<br />

39


Nova Alvorada do<br />

Sul: vencendo<br />

limites estruturais<br />

ESTAMOS<br />

Chegada da ETH traz novas<br />

perspectivas para jovens<br />

municípios do interior do Brasil.<br />

É uma relação de parceria<br />

pelo desenvolvimento<br />

40<br />

jun<br />

40<br />

informa


A“<br />

ndar pela ETH é como andar em Alto<br />

Taquari: todo mundo se conhece.”<br />

Quem faz a comparação é o Prefeito<br />

do pequeno município matogrossense,<br />

Maurício Joel de Sá. Ele explica:<br />

Alto Taquari tem 8 mil habitantes, dos quais 1.600 são<br />

integrantes da unidade produtora de etanol e energia<br />

elétrica da ETH Bioenergia ali instalada. Distante quase<br />

500 km de Cuiabá, Alto Taquari é uma cidade jovem.<br />

Formada em sua maioria por migrantes mineiros, paranaenses<br />

e gaúchos, conquistou sua emancipação<br />

em 1986. Em poucos anos, a vocação agrícola tornou-<br />

-a grande produtora de grãos, e Alto Taquari conquistou<br />

a primeira base para sustentar seu crescimento: a<br />

chegada de um terminal ferroviário. A segunda, conta o<br />

prefeito, foi o início das operações da Unidade Alto Taquari<br />

da ETH, em 2010.<br />

Alto Taquari é uma das 10 comunidades que interagem<br />

diretamente com as nove unidades da ETH, <strong>set</strong>e<br />

em operação e duas em implantação, nos estados de<br />

Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e São Paulo. Em<br />

julho, mês em que a empresa completou quatro anos de<br />

tos!<br />

atividades, somava 15 mil integrantes. Nesse contexto,<br />

a ETH passa a ser um ator importante no desenvolvimento<br />

dos municípios.<br />

texto Guilherme Oliveira fotos Geraldo Pestalozzi<br />

Maurício Joel de Sá conta que, no início da implantação<br />

da unidade, a população temia um crescimento<br />

desenfreado e que uma migração em massa abalasse<br />

a cidade. “A missão da Prefeitura é gerar emprego e<br />

renda, e sabíamos que a produção de etanol ajudaria<br />

bastante nesse aspecto. O grande benefício e alívio foi<br />

a forma de trabalhar que a ETH trouxe, com um diálogo<br />

aberto, contratando trabalhadores locais e respeitando<br />

as características do município.”<br />

informa<br />

41


Localização privilegiada<br />

Nova Alvorada do Sul (MS), assim como Alto Taquari,<br />

é uma cidade jovem. Antes distrito do vizinho<br />

Rio Brilhante, conquistou o status de município<br />

apenas em 1991. O centro da cidade nasceu em torno<br />

da BR-163 e encontrou seu limite no trevo que<br />

dá acesso ao Estado de São Paulo e ao município<br />

de Dourados, um dos mais importantes do Mato<br />

Grosso do Sul. Assim, Nova Alvorada sempre contou<br />

com o trunfo da posição geográfica privilegiada,<br />

mas ainda encontrava limites estruturais que freavam<br />

seu crescimento.<br />

Segundo Carmen Marques, Supervisora Pedagógica<br />

do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />

(Senai) de Nova Alvorada do Sul, o cenário começou<br />

a mudar a partir de 2008, com a implantação da Unidade<br />

Santa Luzia da ETH. “Em cidades pequenas, um<br />

empreendimento desse porte faz muito mais que produzir.<br />

Além da geração de oportunidades de trabalho<br />

e do fomento do desenvolvimento econômico, as unidades<br />

passam a colaborar em <strong>out</strong>ros aspectos, como<br />

saúde e educação. Percebe-se que a rotina desses<br />

ambientes é rapidamente alterada.”<br />

Carmen observa que o grande diferencial foi o<br />

volume de cursos de capacitação oferecido pela<br />

empresa aos integrantes e abertos à comunidade.<br />

“A intensa demanda por trabalhadores qualificados<br />

ajudou a trazer uma unidade do Senai, e o calendário<br />

de cursos criou um clima de aprendizado e desenvolvimento<br />

constantes que não existia antes. Da<br />

noite para o dia, grande parte da população está de<br />

volta aos estudos, buscando uma oportunidade na<br />

unidade da ETH ou se qualificando para conquistar<br />

um cargo mais alto. Isso transforma uma cidade.”<br />

Respeito às pessoas e ao meio ambiente<br />

Na opinião do Prefeito Maurício, a principal contribuição<br />

para Alto Taquari foi a forma de tratar<br />

questões trabalhistas e ambientais. “O trabalho realizado<br />

pela ETH rapidamente se transformou em<br />

exemplo para as <strong>out</strong>ras empresas da região, que se<br />

espelham e aprendem a valorizar uma atuação segura,<br />

com respeito às pessoas e ao meio ambiente.”<br />

Cada um dos cinco polos produtivos da ETH atua<br />

de forma descentralizada e cabe às equipes de cada<br />

um deles interagirem com as comunidades. Essa<br />

forma de gestão, somada ao envolvimento da população<br />

local, é a fórmula para que a relação com os<br />

municípios seja única e personalizada.<br />

“É assim que a ETH e as comunidades crescem<br />

junto”, conta Aniele Salomão Alves. Aos 23 anos, a<br />

integrante da área de Pessoas & Organização da<br />

Unidade Santa Luzia tem propriedade para falar do<br />

município onde passou sua infância e adolescência.<br />

“Sempre foi um lugar muito simples e tranquilo,<br />

com poucas ruas asfaltadas, praticamente uma<br />

vila. E, hoje, vemos que a cidade mudou muito, está<br />

em pleno crescimento”, ela afirma.<br />

42<br />

informa


Cultivo mecanizado da<br />

cana-de-açúcar e, na foto<br />

abaixo, Aniele Alves:<br />

ETH e comunidades<br />

crescendo junto<br />

Aniele orgulha-se de trabalhar no município onde<br />

cresceu e, com os olhos de cidadã e integrante, enxerga<br />

uma parceria de sucesso entre a empresa e a<br />

comunidade. “Você consegue imaginar uma empresa<br />

que chega a um lugar e começa a anunciar cursos<br />

gratuitos? A ETH virou a cidade de ponta-cabeça, e<br />

hoje todos têm <strong>out</strong>ra visão sobre Nova Alvorada do<br />

Sul. O único problema com o crescimento é que não<br />

dá mais para conhecer todo mundo”, brinca.<br />

O Prefeito Maurício comemora a parceria, com o<br />

pensamento no futuro. “Deixamos de ser produtores<br />

agrícolas e passamos a ser um polo industrial. É um<br />

grande marco. Nosso gargalo para receber novas indústrias<br />

era garantir o fornecimento de energia elétrica,<br />

e hoje temos a ETH com suas caldeiras para apoiar<br />

esse desenvolvimento. O grande número de profissionais<br />

qualificados em diversas áreas que vieram para<br />

a cidade também faz elevar o nível profissional, e isso<br />

terá reflexo muito positivo nos próximos anos.”<br />

Os jovens municípios crescem e percebem as<br />

transformações. A abertura de novas lojas, hotéis e<br />

restaurantes sinaliza que as comunidades passaram<br />

a ter acesso a bens que antes não estavam disponíveis.<br />

Por onde se passa, notam-se pessoas vestidas<br />

com o uniforme azul das unidades da ETH. “A empresa<br />

já tem seu papel na história de nossa cidade,<br />

e esperamos que ele só aumente. O que sempre digo<br />

à população é que a ETH é nossa”, conclui Maurício<br />

Joel de Sá.<br />

informa<br />

43


MEMÓRIA<br />

arequ<br />

PARA VOCÊ,<br />

44<br />

“<br />

Construir uma Central Hidrelétrica no<br />

Peru, com 95% de suas obras subterrâneas,<br />

em uma região da Cordilheira<br />

dos Andes sujeita a abalos sísmicos<br />

que chegam a repetir-se 50 vezes<br />

num único dia....<br />

Ter de perfurar mais de 13 quilômetros de túneis e<br />

galerias nas encostas do vulcão Misti (...) trabalhando<br />

em meio a temperaturas elevadíssimas e emanações<br />

de gases venenosos e água quente....<br />

Encontrar, antes, soluções para os problemas logísticos,<br />

uma vez que os trabalhos são desenvolvidos<br />

entre 3.000 e 4.000 metros de altitude, numa área acidentada,<br />

constantemente varrida por fortes ventos e<br />

cortada por grandes desfiladeiros e canyons ....<br />

Esses são alguns dos novos desafios que a <strong>Odebrecht</strong><br />

aceitou enfrentar ao assinar com a Electroperu,<br />

em abril de 1979, contrato de execução de todas as<br />

obras civis da Central de Charcani V, um projeto incomum.<br />

(...)A <strong>Odebrecht</strong> está recrutando a quase totalidade<br />

da mão-de-obra no Peru. Uma pequena equipe de<br />

cerca de duas dezenas de brasileiros é responsável<br />

pela gerência técnica e administrativa, participando<br />

diretamente da execução da obra e da implantação da<br />

política organizacional da empresa.”<br />

Foi assim que a edição de janeiro de 1980 de<br />

<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> relatou os movimentos iniciais daquela<br />

que foi a primeira obra conquistada pela Organização<br />

no exterior.<br />

Entre os peruanos contratados, estava Augusto<br />

Sanches Guillén. Professor de Ciências Sociais e<br />

especialista em administração de pessoal, Augusto<br />

começou a trabalhar na <strong>Odebrecht</strong> em fevereiro de<br />

1980.<br />

Inicialmente apoiou o programa de recrutamento<br />

e seleção. Depois, e até o fim da obra, em 1988, dava<br />

apoio logístico aos brasileiros que chegavam e cuidava<br />

do relacionamento institucional do contrato com a<br />

comunidade.<br />

44<br />

informa


Nesta edição dedicada<br />

às comunidades,<br />

<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong><br />

homenageia uma<br />

cidade que tem lugar<br />

especial na história da<br />

ipaOrganização<br />

texto Márcio Polidoro<br />

fotos Bruna Romaro<br />

Hoje, trabalhando na Prefeitura de Arequipa, Augusto<br />

Sanches conta com orgulho que depois de ler a primeira<br />

edição do livro Sobreviver, Crescer e Perpetuar, lançado<br />

em 1981, ajudava a difundir a Tecnologia Empresarial<br />

<strong>Odebrecht</strong> (TEO) entre os integrantes peruanos. Muitos<br />

deles não falavam espanhol. E Augusto servia de intérprete<br />

porque fala “um poquito” de quéchua e aimará,<br />

A edição de <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong><br />

de janeiro de 1980<br />

Acervo <strong>Odebrecht</strong><br />

línguas nativas da maioria dos trabalhadores<br />

que foi recrutada nas regiões de fronteira e nos<br />

altos da Cordilheira dos Andes.<br />

Ele recorda que as famílias dos expatriados da<br />

<strong>Odebrecht</strong> eram, na média, ao longo das obras, “vinte<br />

e poucas” e que a integração sempre ocorreu de<br />

forma rápida: “O futebol era um importante aglutinador”.<br />

Havia um clube onde os brasileiros gostavam de<br />

jogar com os arequipenhos e as amizades se faziam<br />

rapidamente.<br />

Uma cidade cercada por três vulcões<br />

Arequipa está localizada no Sul do país, a 2.300 m<br />

de altitude, em um vale fértil, nas montanhas desérticas<br />

da Cordilheira dos Andes.<br />

É cercada por três vulcões: Chacani, Pichupichu e<br />

Misti, o mais imponente deles, com 5.882 m de altitude.<br />

Fundada em 1540, pelo explorador espanhol Francisco<br />

Pizzarro, tem cerca de 900 mil habitantes.<br />

Um momento inesquecível para a população da cidade<br />

foi a visita do Papa João Paulo II, em 1985. “A Ode-<br />

informa<br />

45


Capa do livro Arequipa e o fac<br />

símile publicado em <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong> do documento histórico<br />

O Contrato de Valdívia<br />

Acervo <strong>Odebrecht</strong><br />

brecht preparou toda a infraestrutura necessária para<br />

as celebrações”, conta Francisco Begaço Rodrigues.<br />

Ele participou da construção de Charcani V de 1980<br />

a 1989, como motorista. Hoje trabalha na Empresa de<br />

Generación Eléctrica de Arequipa S.A., que opera a<br />

hidrelétrica.<br />

Enquanto exibe orgulhoso a medalha comemorativa<br />

à inauguração da usina, não esconde as boas lembranças:<br />

“Foi a empresa que pôs fim aos apagões,<br />

deu oportunidades de trabalho a muita gente local,<br />

mudou a forma de tratar os operários, oferecia benefícios<br />

– inclusive alimentação gratuita, coisa que não<br />

havia no Peru – e soube ajudar quem precisava. Trabalhar<br />

na <strong>Odebrecht</strong> foi grandioso”.<br />

Na Avenida Goyenecho, 225, próximo ao centro da<br />

cidade, voluntários cuidam de doentes mentais há<br />

mais de um século. Na década de 1980, a instituição<br />

precisou de ajuda para melhorar as condições de vida<br />

dos internos e procurou a <strong>Odebrecht</strong>. A resposta foi<br />

“sim”. E disso Arequipa também não se esquece.<br />

“Quando, na manhã de 3 de dezembro do ano passado,<br />

as bandeiras do Peru e do Brasil tremularam a<br />

3 mil metros de altitude, tendo como cenário a encosta<br />

ocidental da Cordilheira dos Andes” – relatou<br />

<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> em sua edição de fevereiro de 1989<br />

– “simbolizavam mais do que o término das obras e a<br />

inauguração do complexo hidrelétrico de Charcani V.<br />

46<br />

informa


A Plaza de Armas, no Centro<br />

Histórico de Arequipa, e o<br />

Prefeito Alfredo Zegarra<br />

Tejada: “Antes de 1988,<br />

vivíamos no escuro”<br />

Representavam, de fato, o passo definitivo para a internacionalização<br />

da Construtora Norberto <strong>Odebrecht</strong><br />

– CNO, sua maturidade para disputar contratos no exterior,<br />

instalar-se em <strong>out</strong>ro país, vencer desafios tecnológicos,<br />

compor parcerias e promover a satisfação<br />

do País-cliente, participando, enfim, da integração de<br />

nações e da geração de benefícios sociais”.<br />

Naquele dia, <strong>out</strong>ro fato importante serviu para simbolizar<br />

os compromissos que a <strong>Odebrecht</strong> assumiu<br />

com a comunidade de Arequipa: em nome da Organização,<br />

o então Ministro das Relações Exteriores do<br />

Brasil, Chanceler Abreu Sodré, devolveu ao povo peruano<br />

um importante documento histórico conhecido<br />

como O Contrato de Valdívia.<br />

Trata-se de uma Carta-Procuração datada de 1539,<br />

assinada em Arequipa pelos capitães espanhóis Pedro<br />

de Valdívia, Alonso de Montenegro, Cristobal De<br />

La Peña e Francisco Martínez, na qual era feita a <strong>out</strong>orga<br />

a Micer Francisco, para que, em nome dos reis<br />

da Espanha, agisse visando à ocupação da América<br />

do Sul.<br />

O documento, que havia sido furtado do acervo peruano,<br />

fora resgatado pela <strong>Odebrecht</strong> em um leilão<br />

em Londres, em 1988, depois de quase três anos de<br />

negociações diplomáticas e políticas.<br />

Outro marco da contribuição cultural da <strong>Odebrecht</strong><br />

é o livro Arequipa, com textos de Patrício Ricketts e<br />

fotos de Billy Hare, uma edição de arte que ajudou a<br />

divulgar a riqueza histórica e natural de uma cidade<br />

reconhecida pela ONU como Patrimônio Cultural da<br />

Humanidade.<br />

Vinte e três anos depois do fim da obra, a <strong>Odebrecht</strong><br />

continua viva na memória da cidade. “Antes de 1988,<br />

vivíamos no escuro. Cinquenta por cento da população<br />

não tinha luz elétrica”, diz o atual Prefeito Alfredo Zegarra<br />

Tejada. “O investimento foi da Electroperú, mas<br />

a <strong>Odebrecht</strong> fez muito bem sua parte, e, agora, que<br />

temos energia própria e até nos damos ao luxo de exportar<br />

excedentes para o Chile, estamos promovendo<br />

o desenvolvimento paulatino de uma cidade que não<br />

foi planejada para o século 21, mas na qual pretendemos<br />

ter transporte sustentável, segurança cidadã,<br />

melhor saúde e educação para todos.”<br />

informa<br />

47


AÍ VÊM OS<br />

Comunidades de Mártires<br />

do Kifangondo, Chicala<br />

e Zango começam a ser<br />

transformadas pelas novas<br />

gerações de angolanos<br />

liber<br />

Crianças no<br />

bairro do Zango,<br />

em Luanda:<br />

comunidade<br />

em processo de<br />

formação<br />

48<br />

48<br />

informa


tadores<br />

texto Renata Meyer<br />

Foto: Jacinto Figueiredo<br />

informa<br />

49


Adiversidade é uma das marcas mais<br />

evidentes das comunidades angolanas<br />

nas quais a <strong>Odebrecht</strong> está<br />

presente, seja na língua, na culinária,<br />

nos costumes, nas crenças ou<br />

nas tradições. Em comum, elas possuem a história.<br />

Colônia portuguesa até 1975, Angola foi palco<br />

de guerras durante longo período. Os conflitos<br />

provocaram a migração massiva de populações de<br />

diversas províncias para a capital, Luanda, que saltou<br />

de 600 mil habitantes para aproximadamente 6<br />

milhões em cerca de 30 anos. Os bairros existentes<br />

foram, aos poucos, invadidos, e cresceram de forma<br />

desordenada, o que levou à degradação da infraestrutura<br />

disponível.<br />

Foi o que ocorreu no bairro da Chicala, na Ilha<br />

do Cabo, próximo ao local onde a <strong>Odebrecht</strong> executou<br />

obras do Projeto Vias de Luanda. O Mártires<br />

de Kifangondo também sentiu os efeitos do rápido<br />

crescimento. Nesse bairro, a empresa realiza obras<br />

de requalificação integral das redes de iluminação<br />

pública, drenagem, coleta e esgotamento sanitário,<br />

além da pavimentação e sinalização das vias.<br />

Para além dos danos à infraestrutura básica, os<br />

tempos de guerra deixaram como herança os desafios<br />

da convivência entre povos de origens bastante<br />

distintas. Povos que trouxeram na bagagem o seu<br />

DNA cultural e que passaram a se influenciar reciprocamente,<br />

forjando uma nova identidade.<br />

Com um tipo de formação diferente daquela que<br />

caracterizou as comunidades da Chicala e do Mártires<br />

do Kifangondo, o planejado bairro do Zango, no<br />

município de Viana, é um pequeno extrato de Luanda,<br />

no quesito diversidade. Na tentativa de garantir<br />

melhor qualidade de vida para a população, o Governo<br />

da Província de Luanda, deu início, em 2002, ao<br />

Programa de Realojamento das Populações. Desde<br />

então, passou a transferir para esse local famílias<br />

que viviam em áreas de risco, em diversos bairros da<br />

capital angolana.<br />

Em meio a tantos desafios, as equipes da <strong>Odebrecht</strong><br />

estão presentes nessas comunidades, mobilizando<br />

forças e ajudando a potencializar iniciativas de<br />

estímulo a práticas sustentáveis, contribuindo também<br />

para a preservação de seu patrimônio histórico,<br />

social e cultural.<br />

Poder de mobilização<br />

Na época colonial, o bairro Mártires de Kifangondo,<br />

então denominado Salazar, era habitado principalmente<br />

por militares e tradicionais famílias portuguesas.<br />

Próximo ao centro de Luanda, ganhou este<br />

nome em tributo àqueles que participaram da luta<br />

de libertação nacional, travada na localidade de Kifangondo,<br />

a 30 km da capital.<br />

A guerra pela independência deflagrou a emigração<br />

das famílias portuguesas. Desde então, o Mártires<br />

de Kifangondo recebeu angolanos de diversas<br />

províncias e estrangeiros originários de países como<br />

Mali, Congo, Somália e Senegal.<br />

Hoje, dos 18 mil habitantes do Mártires de Kifangondo,<br />

cerca de 3 mil são estrangeiros. Suas influências<br />

estão presentes em diversos aspectos da<br />

comunidade. Na religião, embora a maior parte da<br />

população local seja católica, o bairro abriga a mesquita<br />

central de Angola, fundada pelos imigrantes<br />

muçulmanos. O templo atrai milhares de pessoas<br />

vindas de diversas partes do país. Na culinária, o tradicional<br />

Cabrité, um churrasco de carne de cabrito,<br />

de origem muçulmana, feito na rua, foi incorporado<br />

aos hábitos alimentares dos angolanos.<br />

É na economia, porém, que essa influência torna-<br />

-se mais evidente. A presença dos estrangeiros e a<br />

proximidade com o aeroporto ajudaram a alavancar<br />

50<br />

informa


o comércio no bairro, hoje marcado pela grande diversificação.<br />

Apesar das influências externas, a comunidade<br />

do Mártires de Kifangondo é reconhecida<br />

por seu poder de mobilização social em torno de<br />

causas relevantes para seus habitantes.<br />

“Para termos força representativa nas instâncias<br />

de governo e nas instituições, precisamos estar unidos<br />

e organizados. É nessa base de entendimento<br />

que criamos os nossos grupos”, afirma Antônio<br />

Cunha, Presidente da comissão de moradores. Existem<br />

hoje no bairro diversas organizações associativas<br />

com atuação em saúde, meio ambiente, esportes,<br />

teatro e artesanato, entre <strong>out</strong>ras áreas.<br />

Responsável pela criação do Movimento Coletivo<br />

de Artes Pedro Bélgio, o jovem Abel Noé Miguel Pedro<br />

já contribuiu para a conscientização de crianças e<br />

adolescentes da comunidade em relação a questões<br />

ambientais e à coleta de lixo, por meio de apresentações<br />

do grupo de teatro que ajudou a fundar. “Nem<br />

sempre temos abertura para realizar tudo aquilo que<br />

desejamos. Quando temos a oportunidade de expor<br />

o nosso grito, nós expomos. Se a oportunidade não<br />

aparecer, a gente cria”, diz.<br />

Segundo Anaie Leite, assistente social da <strong>Odebrecht</strong><br />

no projeto de Revitalização do Mártires de Kifangondo,<br />

a empresa busca potencializar sua atuação<br />

entre os diversos grupos. “Fazemos um trabalho de<br />

assessoria social, ao levantar os problemas da comunidade<br />

e discutir com os moradores as possíveis<br />

alternativas para a resolução dos mesmos, sempre<br />

com foco na sustentabilidade”, afirma.<br />

A arte do recomeço<br />

No município de Viana, próximo à Luanda, o bairro<br />

do Zango vive uma realidade diferente. Resultado<br />

do Programa de Realojamento das Populações,<br />

a comunidade encontra-se em processo de formação.<br />

São pessoas provenientes de diversos bairros<br />

de Luanda, que, em comum, possuem o desafio do<br />

recomeço.<br />

Elder de Jesus Correia, integrante da <strong>Odebrecht</strong><br />

Angola, foi um dos beneficiados pelo programa. Mora<br />

com a esposa e seis filhas na casa de três quartos<br />

que recebeu em 2004. Assim como os <strong>out</strong>ros habitantes<br />

do Zango, Elder vivia em condições de risco.<br />

Apesar das ameaças terem ficado para trás, ele lembra<br />

dos tempos em que mal conseguia dormir com<br />

medo dos desabamentos provocados pelas chuvas<br />

no bairro da Boa Vista, onde morava. “Quando chovia,<br />

eu não ficava sossegado. Tinha medo de a minha<br />

casa desabar”, afirma o ferreiro de 43 anos. “Hoje<br />

me sinto mais tranquilo. Não há mais o que temer.”<br />

Além da segurança, a infraestrutura das moradias,<br />

que inclui água encanada e luz elétrica, é consi-<br />

Fotos: Marco Rodrigo Rohrbacher<br />

Na foto maior, ritual reverencia a Kianda, padroeira do<br />

mar, e, na foto menor, moradora com os peixes na praia:<br />

tradição da pesca artesanal se mantém viva na bairro da<br />

Chicala, na Ilha do Cabo<br />

informa<br />

51


derada pela população local um dos principais atrativos<br />

do Zango. A maioria dos moradores, até então,<br />

vivia em casas sem esses benefícios.<br />

Para Marcolina Antônia Cassinda, há muitos motivos<br />

para gostar do Zango. O único inconveniente é<br />

a escassez das oportunidades de geração de renda,<br />

um desafio que ela enfrenta com criatividade. Desde<br />

que se mudou, há cinco anos, passou a revender<br />

bebidas em sua própria casa, lucrando cerca de 320<br />

kuanzas por grade comercializada. O comércio informal<br />

é comum entre os moradores do Zango, que<br />

encontram nessa atividade um meio alternativo de<br />

sobrevivência.<br />

“De início, qualquer mudança causa transtornos,<br />

mas, com o tempo, as pessoas se adaptam à nova<br />

realidade e percebem o benefício de sair das zonas<br />

de risco”, afirma o líder comunitário André João Camungua.<br />

Morador do bairro há nove anos, ele está<br />

investindo na reforma da casa onde vive com a esposa<br />

Emanuele e os cinco filhos do casal.<br />

Para pessoas como Elder, Marcolina e André, a<br />

mudança de moradia foi apenas o primeiro passo de<br />

uma nova vida, mais tranquila e sem sobressaltos.<br />

“Quando se vive em uma situação de risco, o foco das<br />

preocupações é a sobrevivência. No Zango, felizmente,<br />

nós podemos pensar no futuro”, diz André.<br />

O Programa de Realojamento das Populações<br />

já transferiu para o Zango cerca de 160 mil<br />

pessoas, na maioria famílias de baixa renda com<br />

ganhos mensais de até US$ 300 por mês. A <strong>Odebrecht</strong><br />

Angola participa desse projeto desde o início,<br />

como responsável pela construção de casas e da infraestrutura<br />

básica do bairro. A empresa prepara-<br />

-se para iniciar na comunidade o Projeto de Qualificação<br />

Profissional Continuada – Acreditar, uma<br />

contribuição para que se ampliem as oportunidades<br />

de trabalho no Zango.<br />

Tradição<br />

No bairro da Chicala, na Ilha do Cabo, o pescador<br />

Manoel Francisco João, morador do local desde<br />

a década de 1940, lembra com saudosismo dos<br />

tempos em que a pesca artesanal tinha um espaço<br />

intocável na comunidade. Naquela época, a atividade,<br />

transmitida de pai para filho, mobilizava toda a<br />

família.<br />

A crença na Kianda, a padroeira do mar, deu origem<br />

a rituais que evocam a prosperidade comunitária<br />

e fazem reverência a essa misteriosa divindade.<br />

Protagonizadas por um grupo de anciões e mulheres<br />

vestidas à bessangana – panos vermelhos<br />

e adereços feitos com miçangas – as cerimônias,<br />

Fotos: Sassy (Alexandre do Amaral Martins)<br />

Moradores do Mártires do<br />

Kifangondo: diversidade<br />

cultural e intensa atividade<br />

comercial estão entre as<br />

principais características<br />

do bairro<br />

52<br />

informa


ealizadas à beira-mar, envolvem a oferenda de<br />

bebidas, alimentos, flores e dinheiro à Kianda que,<br />

uma vez embriagada, dormiria profundamente,<br />

permitindo a calmaria das águas e a aproximação<br />

dos peixes.<br />

Chicala (“Chegamos”, no dialeto local Kimbundu),<br />

era uma comunidade tranquila, com uma população<br />

que não passava de 30 famílias. Foi batizada<br />

com esse nome pelos primeiros moradores, que,<br />

afugentados pela maré alta em regiões vizinhas<br />

como o Mussulo e o Cafalete, ali se instalaram para<br />

viver da comercialização dos pescados.<br />

Com as guerras pela independência e a chegada<br />

de novos moradores, a atividade pesqueira sofreu<br />

impactos. Aos poucos, foram surgindo novas atividades<br />

econômicas, como o comércio e a prestação<br />

de serviços. O avanço da pesca industrial passou a<br />

concorrer com os métodos artesanais.<br />

Apesar do novo contexto socieconômico, a tradição<br />

da pesca artesanal e o culto à Kianda mantêm-se<br />

vivos na comunidade da Chicala por meio<br />

de pessoas que, como Manoel, fazem questão de<br />

preservar as suas origens culturais. Seja na culinária,<br />

seja no comércio ou nos ritos tradicionais, a<br />

pesca está presente, influenciando a vida de todos<br />

os moradores.<br />

Campeões do Carnaval<br />

A riqueza cultural dessa comunidade vai além da<br />

sua essência pesqueira. O culto à Kianda é apenas uma<br />

entre as diversas cerimônias de raiz tradicional, praticadas<br />

pelos moradores da Chicala. Outras manifestações,<br />

como os rituais do Xinguilamento – comunicação<br />

com espíritos de ancestrais – e do óbito, são realizados<br />

principalmente pelos habitantes mais antigos.<br />

Entre os festejos populares, o Carnaval é uma das<br />

principais celebrações. Por 12 anos consecutivos, a<br />

União Mundo da Ilha, agremiação carnavalesca que<br />

congrega os moradores da Ilha do Cabo, é a vencedora<br />

do carnaval de Luanda. O grupo, conhecido como<br />

“O grande papão”, chega a desfilar anualmente com<br />

2,5 mil integrantes.<br />

Com foco na valorização e na apropriação das intervenções<br />

realizadas no bairro por seus moradores,<br />

a <strong>Odebrecht</strong> realizou na comunidade um conjunto de<br />

ações sociais e de cidadania. Foram feitas campanhas<br />

socioeducativas sobre temas como meio ambiente,<br />

educação no trânsito e história local, além de ações<br />

de incentivo à preservação e valorização do patrimônio<br />

artístico e cultural, como o Projeto Pintando Talentos.<br />

A empresa também foi responsável pela construção de<br />

um parque infantil, ampliando as opções de lazer no<br />

bairro.<br />

informa<br />

53


Em Maragojipe, na Bahia,<br />

onde está o canteiro de obras<br />

de São Roque do Paraguaçu,<br />

festas tradicionais cultuam<br />

a história e celebram a vida<br />

54<br />

informa<br />

54<br />

NA RODA<br />

do sam


VIVA<br />

ba<br />

Samba de roda em texto Thereza Martins<br />

Maragojipe: “Obrafotos<br />

Arthur Ikishma<br />

-prima do patrimônio<br />

oral e imaterial da<br />

humanidade”<br />

Agosto é mês de festa no Recôncavo Baiano. Festa<br />

para os santos padroeiros de São Roque do Paraguaçu<br />

e Maragojipe, festa para Nossa Senhora<br />

da Boa Morte, em Cachoeira, festas nas igrejas<br />

e nas ruas das cidades. Procissões e cânticos de<br />

fiéis católicos mesclam-se ao samba de roda, sobre o qual há referências<br />

desde o século 17, relacionadas ao universo dos negros<br />

trazidos da África como escravos.<br />

O samba de roda é poesia, ritmo, canto, dança e percussão,<br />

marcado pela batida seca das palmas e pelo som do pandeiro, do<br />

atabaque, do timbau e da viola. “É uma alegria contagiante”, define<br />

Nalva Santos, técnica do núcleo baiano do Instituto do Patrimônio<br />

Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Em 2004, o Iphan registrou o<br />

samba de roda do Recôncavo como “bem imaterial e patrimônio<br />

cultural do Brasil”. No ano seguinte, foi reconhecido pela Unesco<br />

como obra-prima do patrimônio oral e imaterial da humanidade.<br />

Estimulados pela valorização conquistada, grupos de sambadores<br />

estruturaram-se em diversos municípios da região. Em 2007,<br />

foi inaugurada a primeira Casa do Samba de Roda do Recôncavo<br />

Baiano (Associação dos Sambadores), em Santo Amaro da Purificação,<br />

como sede de um movimento de preservação cultural que<br />

se multiplicou.<br />

Outras 15 associações já foram criadas em municípios vizinhos,<br />

com o apoio de prefeituras locais, do Governo da Bahia e do Iphan.<br />

São centros culturais que organizam oficinas de música, palestras<br />

e encontros festivos, com o objetivo de manter vivas as tradições da<br />

cultura afro-brasileira.<br />

“As instituições que nos apoiam doam instrumentos musicais<br />

e fornecem infraestrutura para o funcionamento das unidades”,<br />

informa Marli de Santana Santos, sambadeira de 23 anos e articuladora<br />

cultural da Casa do Samba de Maragojipe, um dos importantes<br />

centros urbanos do Recôncavo.<br />

Em Maragojipe, <strong>out</strong>ra tradição é o desfile de foliões mascarados<br />

durante o carnaval. “O dia mal começa e os blocos já estão<br />

nas ruas”, descreve Luiz Antonio Santos e Silva, ex-integrante da<br />

Braskem no Polo Petroquímico de Camaçari (BA), aposentado desde<br />

2005 e que hoje vive em um sítio em Maragojipe. Ele diz que as<br />

máscaras preferidas são as de animais com chifres e caricaturas de<br />

políticos. Há registros sobre o carnaval de Maragojipe desde 1897.<br />

Às margens do Paraguaçu<br />

Ó meu Paraguaçu,<br />

Ó meu gigante rio,<br />

Teu nome é parte<br />

Da história do Brasil<br />

(da letra de Rio Paraguaçu, samba de roda de autoria do<br />

compositor Mário dos Santos)<br />

O Rio Paraguaçu foi um importante elo entre povoados e vilas<br />

informa<br />

55


Antônio Nazaré:<br />

maior parte da<br />

produção é vendida<br />

a comerciantes do<br />

Rio de Janeiro<br />

dispersos ao longo da Baía de Todos os Santos. A unidade<br />

regional não é resultado apenas das características geográficas.<br />

Ela baseia-se em aspectos históricos, econômicos e<br />

culturais.<br />

“Os engenhos de cana-de-açúcar, até o século 19, e a<br />

indústria do tabaco, já no século 20, movimentaram a economia<br />

do Recôncavo e tiveram seu período de declínio”, explica<br />

Alan Prazeres, historiador e diretor do Centro Estadual de<br />

Educação Profissional do Vale do Paraguaçu. Em meados da<br />

década de 1950, a extração de petróleo, recém-descoberto<br />

na região, plantou esperanças de um renascer.<br />

Hoje, diferentes realidades convivem no Recôncavo.<br />

A base da sobrevivência ainda é a agricultura familiar, a<br />

pesca nos rios e a mariscagem nos mangues. Mas novas<br />

oportunidades de trabalho foram criadas no município<br />

de Maragojipe, a partir do distrito de São Roque do<br />

Paraguaçu, onde a <strong>Odebrecht</strong> Engenharia Industrial,<br />

participando do Consórcio Rio Paraguaçu, constrói plataformas<br />

de petróleo para a Petrobras.<br />

Laços que se estreitam<br />

A algumas dezenas de quilômetros do canteiro de obras<br />

da Petrobras está localizada a vila de Maragojipinho. Em<br />

ruas estreitas de terra batida, à beira do mangue, enfileiram-<br />

-se pequenas olarias. Ali, ceramistas transformam o barro<br />

em peças utilitárias e objetos decorativos.<br />

Na olaria de Antônio Nazaré são produzidos, semanalmente,<br />

dezenas de cofres de barro no tradicional formato<br />

de porcos coloridos. “Quase toda a produção é vendida para<br />

comerciantes do Rio de Janeiro”, informa. Com 72 anos,<br />

Antônio passa o dia entre o torno manual e o forno onde as<br />

peças são queimadas. A madeira utilizada para alimentar o<br />

fogo é doada pelo Consórcio Rio Paraguaçu à Associação de<br />

Ceramistas de Maragojipinho, que reúne 480 artesãos.<br />

A madeira doada é proveniente, entre <strong>out</strong>ras fontes, do<br />

material utilizado na montagem de andaimes e na construção<br />

de dormentes no canteiro de obras do consórcio. Além<br />

de alimentar os fornos das olarias, a madeira é utilizada para<br />

a construção de barcos para os pescadores de Maragojipinho,<br />

o que estreita os laços do consórcio com a comunidade,<br />

56<br />

informa


Dona Cadu, sua<br />

cerâmica e o<br />

Rio Paraguaçu:<br />

“Comecei menina”<br />

O poeta Salatiel<br />

Caldas e a esposa,<br />

Janice, em São Roqe<br />

do Paraguaçu: 2.500<br />

versos e trovas<br />

escritos<br />

em uma ação que tem também motivação ambiental.<br />

Entre os reconhecidos pela originalidade das peças produzidas<br />

está o santeiro Rosalvo Santana, que só trabalha sob<br />

encomenda e tem santos expostos em museu de Salvador.<br />

“Sou formado em contabilidade, mas há 28 anos vivo da produção<br />

de santos e presépios. Descobri minha vocação muito<br />

cedo e vivo dela”, afirma.<br />

Além de Maragojipinho, uma <strong>out</strong>ra comunidade está inscrita<br />

no roteiro da cerâmica do Recôncavo Baiano. É Coqueiros,<br />

terra de Dona Cadu, Ricardina Pereira da Silva, 91 anos,<br />

que vive e trabalha à beira do Rio Paraguaçu. “Comecei ainda<br />

menina e já fiz muita coisa na vida: ajudei meus pais na roça,<br />

quebrei brita para construção de casas e fui marisqueira”,<br />

conta a artesã, com sorriso aberto.<br />

A cerâmica de Dona Cadu, que depende do sol e do vento<br />

para secar e é queimada à maneira indígena, em fornos rústicos,<br />

é conhecida fora da Bahia. Ela já expôs e participou de<br />

oficinas artísticas em São Paulo e no Paraná.<br />

O poeta de São Roque<br />

Em São Roque do Paraguaçu vive o poeta Salatiel<br />

Caldas. Em 5 de agosto, ele completou 100 anos e<br />

foi homenageado na sede da Cobepa – Comunidade<br />

Beneficente de São Roque do Paraguaçu, instituição<br />

que ajudou a criar, há mais de 30 anos, voltada para a<br />

educação de crianças e jovens.<br />

Hoje cego por causa da catarata, Salatiel demonstra a vivacidade<br />

na voz e na memória, cantando e recitando trovas<br />

de sua autoria. “Tenho 2.500 versos e trovas escritos”, conta.<br />

“São todos líricos e românticos. É o meu estilo.”<br />

Formado até o antigo curso primário, o poeta tem texto<br />

claro e rico na escolha das palavras. Ele começou a escrever<br />

aos 12 anos e guarda boa parte de seus trabalhos em<br />

cadernos bem conservados. Uma mostra do que produziu<br />

está reunida no livro A poesia romântica de Salatiel Caldas<br />

(Edições Kouraça, 2007).<br />

A Irmandade da Boa Morte<br />

Em meio a tantas tradições e manifestações culturais, a<br />

religiosidade ocupa espaço de destaque no Recôncavo Baiano.<br />

Entre as festas religiosas, a da Irmandade da Boa Morte<br />

fez história e atrai milhares de turistas para a cidade histórica<br />

de Cachoeira.<br />

Nascida nas senzalas dos engenhos de cana-de-açúcar,<br />

há 150 anos, a Irmandade é formada por mulheres negras, a<br />

mais velha delas com 107 anos, devotas de Nossa Senhora e<br />

também dos orixás. Sua festa máxima, em agosto, começa<br />

na igreja e segue pelas ruas da cidade, com feijoada, caruru<br />

e cozido, além, é claro, do samba de roda.<br />

informa<br />

57


COMUNICAÇÃO<br />

Sônia Maisk:<br />

“Os impactos<br />

são mínimos”<br />

58<br />

UMA SÓ<br />

torcida<br />

texto Emanuella Sombra<br />

fotos Ricardo Fernandes<br />

Trabalho de<br />

comunicação<br />

do Consórcio Arena<br />

Salvador 2014 prioriza<br />

o diálogo constante<br />

com a população<br />

Da varanda de sua casa, no oitavo andar de<br />

um edifício da Avenida Joana Angélica, em<br />

Salvador, Sônia Maisk via o antigo estádio<br />

da Fonte Nova. “Daqui não se via o campo<br />

inteiro, mas uma trave, parte da torcida e<br />

o placar. Quando o Vitória fazia gol, meu filho morria de<br />

raiva”, ri a economista, enquanto observa as escavadeiras<br />

no local em que antes assistia aos clássicos Bahia<br />

x Vitória.<br />

Sônia, o marido e dois filhos, hoje, acompanham a<br />

construção da Arena Fonte Nova, que terá capacidade<br />

para 50 mil pessoas e substituirá o antigo estádio, im-<br />

58<br />

informa


plodido em 2010. São vizinhos da obra. Os gritos das torcidas<br />

tricolor e rubro-negra foram substituídos pelo som<br />

do bate-estaca. “Os impactos são mínimos”, ela avalia.<br />

“Além disso, temos contato direto com as pessoas do<br />

projeto, que sempre nos ouvem e buscam minimizar os<br />

transtornos.” Sônia, síndica do prédio, refere-se ao trabalho<br />

de comunicação que o Consórcio Arena Salvador<br />

(formado por <strong>Odebrecht</strong> e OAS) vem realizando durante<br />

a execução das obras, previstas para terminar no início<br />

de 2013. Duas frentes vêm sendo priorizadas nesse âmbito:<br />

a comunicação com a população e com a imprensa.<br />

Essa atuação começou antes mesmo da implosão,<br />

quando os moradores de 962 imóveis do entorno receberam<br />

correspondências convocado-os a reuniões nas<br />

quais foi detalhado o plano de evacuação, procedimento<br />

adotado por medida de segurança. Carros de som, faixas<br />

afixadas nas ruas do entorno e cartilhas informativas<br />

distribuídas aos moradores foram algumas ferramentas<br />

de comunicação utilizadas pelo consórcio, para que tudo<br />

corresse bem no dia da implosão. “O objetivo era deixar<br />

a população informada e contar com a colaboração da<br />

imprensa”, afirma Carine Aprile Iervese, Responsável<br />

por Comunicação no consórcio. O Case de Comunicação<br />

da Implosão da Fonte Nova é finalista do Prêmio Aberje,<br />

da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial,<br />

na categoria Comunicação e Relacionamento com a Imprensa,<br />

no Norte e Nordeste.<br />

“Sabemos que toda obra interfere no dia a dia das<br />

pessoas, mas nosso trabalho é mostrar à população<br />

que esse projeto deixará um importante legado para a<br />

cidade.” Carine explica que o trabalho de comunicação<br />

foi ainda mais intenso no dia da implosão, quando 2.467<br />

moradores tiveram que sair de suas residências por, no<br />

mínimo, cinco horas. Para isso, um centro de convivência<br />

foi disponibilizado aos que não podiam ficar na casa<br />

de parentes ou amigos.<br />

“Aqueles que, por motivos de saúde, necessitavam de<br />

mais cuidados, foram acomodados em um hotel”, acrescenta<br />

Luiza Lordelo, assistente social do consórcio. Foi o<br />

caso de Maria das Graças Pereira, que tem problemas<br />

respiratórios e dificuldades de locomoção. “Até hoje,<br />

quando preciso, ligo para um dos assistentes sociais”,<br />

diz a dona de casa, moradora da Ladeira do Pepino.<br />

foram registradas apenas 21 reclamações, entre agosto<br />

de 2010 e julho deste ano. O número para contato continua<br />

disponível, e reuniões com a comunidade são feitas<br />

sempre que necessário.<br />

O canal com a imprensa se mostrou essencial desde<br />

o início. O consórcio percebeu que a demanda por informações<br />

seria enorme, sobretudo por se tratar de uma<br />

arena que abrigará a Copa das Confederações (2013), a<br />

Copa do Mundo (2014) e partidas de futebol dos Jogos<br />

Olímpicos (2016) . “Desenvolvemos ferramentas que<br />

facilitaram o diálogo com o público externo”, diz Alexandre<br />

Chiavegatto, Diretor de Contrato do consórcio<br />

construtor. Além de entrevistas coletivas, foi criado um<br />

hotsite com informações atualizadas em tempo real no<br />

dia da implosão, com textos, fotos e vídeos, o que conferiu<br />

rapidez e transparência ao processo. Infografias e<br />

animações, simulando a implosão e a evolução da obra,<br />

foram disponibilizadas pelo consórcio e transmitidas<br />

maciçamente pela imprensa, suprindo a necessidade da<br />

mídia com informações seguras e reduzindo o assédio<br />

dos jornalistas aos engenheiros, que puderam se concentrar<br />

em seu trabalho. “Nós, engenheiros, costumamos<br />

fazer declarações técnicas nem sempre didáticas”,<br />

comenta Alexandre Chiavegatto. “A equipe de comunicação<br />

simplifica o nosso trabalho”. E a população agradece.<br />

Carine: ênfase no legado<br />

que o projeto deixará<br />

para a cidade<br />

Canal direto com a comunidade<br />

A prova de que a parceria vem dando certo é o reduzido<br />

número de queixas: dos 2.081 imóveis vistoriados,


Dona Celina com<br />

familiares na<br />

comunidade<br />

quilombola de<br />

Boitaraca, em Nilo<br />

Peçanha: “Meus<br />

antepassados<br />

construíram<br />

este lugar”<br />

60<br />

achegue-se<br />

texto Carlene Fontoura fotos Beg Figueiredo<br />

Um lugar calmo, com atmosfera familiar.<br />

Crianças que, no olhar, carregam<br />

liberdade e sonhos. Casas de arquitetura<br />

simples, mas encantadora. Esse<br />

é o cenário na comunidade quilombola<br />

de Boitaraca, localizada no município de Nilo Peçanha<br />

(BA). Os moradores dessa terra livre têm muitos<br />

motivos para não deixá-la. “Meus antepassados<br />

construíram este lugar. Nunca quis ir embora”, diz a<br />

matriarca Celina Neves Assunção, 74 anos, que se<br />

enche de felicidade quando recorda sua infância na<br />

comunidade.<br />

A cerca de 80 km dali, encontra-se uma cidadezinha<br />

tranquila e rodeada de belas árvores. Em Ibirapitanga<br />

(BA) – palavra que significa “Pau-Brasil” em<br />

tupi-guarani –, os moradores orgulham-se de ver o<br />

progresso nas ruas, ladeiras e praças. “Nossa cidade<br />

Baixo Sul da Bahia,<br />

região onde vivem 285 mil<br />

pessoas, reúne paisagens<br />

exuberantes e um grande<br />

potencial econômico,<br />

turístico e cultural<br />

era uma aldeia mal-arrumada. No período chuvoso,<br />

acumulava lama nas ruas. Hoje, a situação está bem<br />

melhor”, relata Altamirando Santos, 92 anos, que<br />

ostenta com orgulho a honra de ter sido o segundo<br />

prefeito do município.<br />

Dona Celina e seu Altamirando são moradores<br />

antigos de suas comunidades e têm muitas histórias<br />

para contar sobre Nilo Peçanha e Ibirapitanga. Ambas<br />

fazem parte de uma mesma Área de Proteção<br />

60<br />

informa


Ambiental (APA) – a do Pratigi – e com <strong>out</strong>ras nove<br />

cidades (Valença, Camamu, Ituberá, Presidente Tancredo<br />

Neves, Maraú, Taperoá, Cairu, Igrapiúna e Piraí<br />

do Norte) compõem o Baixo Sul da Bahia. Situada<br />

no leste da Bahia, a região abriga cerca de 285 mil<br />

pessoas, segundo o Censo Demográfico de 2010 do<br />

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).<br />

Com solo rico e fértil, em que se cultivam mandioca,<br />

cacau, cravo, dendê, borracha, palmito, piaçava,<br />

guaraná e pimenta-do-reino, o Baixo Sul encanta por<br />

sua paisagem e por seu grande potencial econômico,<br />

turístico e cultural. A região também é composta de<br />

um mosaico de APAs que, além de Pratigi, abrange a<br />

do Guaibim, Caminhos Ecológicos da Boa Esperança,<br />

Tinharé-Boipeba e a Baía de Camamu.<br />

Uma das primeiras terras a serem povoadas no<br />

Brasil, o Baixo Sul tem singular valor na história do<br />

país. No período colonial, a região assumiu o desafio<br />

de abastecer a recém-fundada Salvador com<br />

gêneros alimentícios. Durante o processo de independência<br />

do estado, a Fortaleza do Morro de São<br />

Paulo teve papel fundamental como um dos pontos<br />

estratégicos para a defesa da Bahia. “Por causa de<br />

sua arquitetura, por muitos anos a Fortaleza conseguiu<br />

evitar ataques estrangeiros contra a capital. É<br />

um dos maiores fortes do Brasil”, salienta Francisco<br />

Santana, arquiteto do Instituto do Patrimônio Histórico<br />

e Artístico Nacional (Iphan).<br />

Tempos de recuperação<br />

Acervo <strong>Odebrecht</strong><br />

Cachoeira localizada<br />

em Ituberá: cenários<br />

deslumbrantes são<br />

comuns no Baixo Sul<br />

No século 20, após a Segunda Guerra Mundial, a<br />

desorganização agrícola, industrial e a estagnação<br />

tomaram conta da região. A recuperação só foi possível<br />

a partir de 1980, com o crescimento do turismo.<br />

Alguns pontos tornaram-se conhecidos em âmbito<br />

nacional e internacional, como as ilhas de Tinharé e<br />

Boipeba, em Cairu, a cachoeira da Pancada Grande,<br />

em Ituberá, e Barra Grande, na Península de Maraú.<br />

Em 1999, a região passou a ser palco de diversas<br />

iniciativas fomentadas pela Fundação <strong>Odebrecht</strong>,<br />

decidida a atuar em locais com baixos Índices de<br />

Desenvolvimento Humano (IDH). A princípio, o trabalho<br />

da Fundação era voltado à formação de jovens,<br />

mas logo veio a constatação de que isso não poderia<br />

acontecer de forma isolada, sendo necessária a<br />

integração com as famílias. Dessa forma, por meio<br />

do Programa de Desenvolvimento Integrado e Sustentável<br />

do Mosaico de Áreas de Proteção Ambiental<br />

do Baixo Sul da Bahia (PDIS), a instituição passou a<br />

incentivar ações educacionais aliadas à geração de<br />

trabalho e renda. Apoiando organizações da sociedade<br />

civil de interesse público (oscips) e cooperativas,<br />

o PDIS vem se consolidando como um agregador de<br />

ações de cunho social, econômico, humano e ambiental.<br />

“A atuação, por mais nobre que seja, só se torna<br />

possível se realizada de forma sinérgica”, afirma<br />

Mauricio Medeiros, Presidente Executivo da Fundação<br />

<strong>Odebrecht</strong>. Por isso, o PDIS conta com parceiros<br />

de instâncias governamentais – federal, estadual e<br />

municipais – e da iniciativa privada. “O desafio é dar<br />

oportunidades às pessoas, força propulsora e criativa<br />

da região”, reforça Medeiros.<br />

Memória e tradição<br />

Pessoas como dona Celina também são beneficiadas<br />

pelos projetos apoiados pela Fundação <strong>Odebrecht</strong>.<br />

“No fim do ano, temos a Dança dos Velhinhos.<br />

Rapazes e moças se vestem como seus avôs<br />

e avós e saem como um cordão na rua, cantando<br />

e bailando”, ela explica. Essa dança, além de um<br />

divertimento, reflete as vivências cotidianas, em<br />

informa<br />

61


Altamirando: “Hoje, a situação está bem melhor”<br />

que os participantes recontam a vida das antigas<br />

senhoras da comunidade, com seu famoso samba<br />

de roda. Emocionada, dona Celina relembra e canta<br />

a canção: “No tempo da minha vó / mulé gostava<br />

de um só / usava trança e cocó / e não havia xodó”.<br />

Hoje, quem participa da dança são os mais jovens.<br />

Entre eles, Camila Neves Assunção, 22 anos, neta<br />

de dona Celina. “Nossa obrigação é valorizar a herança<br />

de nossos antepassados”, argumenta a ex-<br />

-aluna da Casa Familiar Agroflorestal, uma das oscips<br />

apoiadas pela Fundação <strong>Odebrecht</strong>.<br />

Além da Dança dos Velhinhos, <strong>out</strong>ras manifestações<br />

destacam-se, como bumba-meu-boi, zambiapunga,<br />

os congos, as barquinhas e a chegança<br />

de mouros, assim como o festejo religioso de Terno<br />

de Reis. Antonia Francelina de Jesus Filha, 70 anos,<br />

dona Nininha, conhece bem a cultura local. Moradora<br />

de Cairu, ela tem o título de Mestra do Saber,<br />

por ter resgatado muitas tradições da região. Há<br />

anos, costura fantasias, e criou o primeiro grupo<br />

mirim da cidade, Os Conguinhos.<br />

“Chamei as crianças para participar dos eventos<br />

porque elas ficavam soltas pelas ruas, muitas<br />

vezes com poucas roupas e até mesmo descalças.<br />

Estimulei uma campanha para doações de retalhos,<br />

material que usei para fazer as alegorias. Fizemos<br />

nossa primeira aparição em 2008, no Dia da Independência<br />

da Bahia, em 2 de julho. Foi um sucesso!”,<br />

conta, com alegria.<br />

Agroecoturismo<br />

É crescente o número de pessoas que, ao escolher<br />

um lugar para conhecer, busquem não apenas<br />

apreciar as belezas naturais, mas também vivenciar<br />

costumes e o modo de vida da população local. A Fundação<br />

<strong>Odebrecht</strong>, por meio do PDIS, vem estimulando<br />

no Baixo Sul o agroecoturismo, um modelo de turismo<br />

agrícola, ecológico e sustentável. “Estamos contribuindo<br />

para a geração de trabalho, renda e inclusão<br />

social, e para a valorização da cultura local”, diz Liliana<br />

Leite, Diretora-Executiva do Instituto de Desenvolvimento<br />

Sustentável do Baixo Sul da Bahia (Ides),<br />

oscip que promove o turismo sustentável na região.<br />

Conhecer o artesanato feito com fibra da piaçava<br />

é uma das atividades que estão no roteiro agroecoturístico<br />

do Baixo Sul, que contempla, principalmente,<br />

as comunidades quilombolas. “Ah, as mulheres fazem<br />

peças lindas!”, exclama dona Celina. Ela conta<br />

que busca na união com <strong>out</strong>ros moradores o fortalecimento<br />

da economia local. “Queremos autonomia<br />

no nosso trabalho”, afirma.<br />

Dona Nininha: título<br />

de Mestra do Saber<br />

por ter resgatado<br />

tradições da região<br />

62<br />

informa


GENTE<br />

De Macaé para a Coreia<br />

Clarisse e seus aprendizados<br />

no Oriente<br />

Engenheira civil e de petróleo, com mestrado<br />

em Engenharia de Petróleo, a mineira Clarisse<br />

Rodrigues ingressou na <strong>Odebrecht</strong> há quatro anos,<br />

como Jovem Parceira. Trabalhou em Macaé (RJ), na<br />

Bahia, e depois foi para a Coreia do Sul participar da<br />

construção do navio-sonda Norbe IX. “Os coreanos<br />

são amáveis, disciplinados e comprometidos. Passaram<br />

por uma guerra, reergueram-se e construíram<br />

uma das economias mais eficientes do mundo. O país<br />

é uma escola”, diz. De volta a Macaé em agosto de<br />

<strong>2011</strong>, como assistente de gerente da <strong>Odebrecht</strong> Óleo<br />

e Gás (OOG), Clarisse está feliz. “Já não sei mais viver<br />

longe do mar”, confessa.<br />

foto: Bruno Veiga<br />

foto: Edson Silva<br />

Um sansei em Angola<br />

Um caso de rápida e<br />

completa integração<br />

Francisco Sawaguthi é incansável. Gosta de conhecer<br />

pessoas, lugares e culturas, de interagir e de<br />

aprender. Já foi corretor de imóveis, dono de agência<br />

de turismo e de um restaurante. É engenheiro civil e<br />

de segurança do trabalho, administrador de empresas<br />

e tem MBAs em gestão ambiental e sustentabilidade.<br />

Está na <strong>Odebrecht</strong> há 11 anos e já morou no Equador,<br />

no Peru, na República Dominicana e no Japão. Desde<br />

janeiro, é Diretor de Sustentabilidade e Qualidade em<br />

Angola. Integrou-se rapidamente ao país. Tornou-se<br />

até subssíndico do condomínio onde mora. As horas de<br />

lazer, Sawaguthi, 54 anos, descendente de japoneses,<br />

aproveita a passadas largas. “Gosto de correr”, ele conta.<br />

“Na praia, na rua, onde for.”<br />

foto: Ricardo Sagebin<br />

A jornalista que virou barrageira<br />

Lilian trocou a vida na TV pelo estilo “cigano”<br />

Nascida em Santo André (SP), Lilian Campana é jornalista. Trabalhou<br />

por 15 anos em rádio e TV em Minas Gerais e Goiás. Há<br />

seis meses na <strong>Odebrecht</strong>, atua na área de comunicação social na<br />

Usina Santo Antônio, em Rondônia. Diz que virou barrageira. Essa<br />

é sua décima obra. Vive em Porto Velho com o marido, Dario Campana<br />

de Moraes, também da <strong>Odebrecht</strong>, e um de seus três filhos.<br />

“Tenho espírito de cigana, não gosto de rotina e aqui tudo acontece<br />

rapidamente”, explica. Ela não sente falta das facilidades das metrópoles.<br />

“A estrutura de Porto Velho atende às nossas necessidades”,<br />

diz. Sua principal diversão é a música. Sempre que podem,<br />

ela e Dario saem para dançar.<br />

informa<br />

63


fotografem!<br />

texto Edilson Lima<br />

64<br />

64<br />

informa


Concurso Fotografe sua Comunidade, realizado<br />

por <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong>, teve a participação de<br />

245 integrantes de 17 países, que enviaram 653 fotos.<br />

Veja as imagens vencedoras.<br />

1 º<br />

máquina<br />

“Em Moçambique, as mulheres<br />

percorrem, a pé, grandes distâncias,<br />

com pesos sobre a cabeça. Mas<br />

nunca negam um sorriso bondoso”<br />

> ANA ROQUE DE OLIVEIRA -<br />

MOÇAMBIQUE<br />

informa<br />

65


2 º<br />

máquina<br />

“Mãe e filho indo trabalhar de manhã cedo. Eles passam a maior parte do dia nesta ‘ligação’ especial,<br />

uma vez que não existem babás na cidade.” > CASSIO COSTA NOGUEIRA - GUINÉ<br />

66<br />

informa


3 º<br />

máquina<br />

“Em São Luis do Maranhão é assim; o vai e vem da vida se confunde com o da maré.”<br />

> LUIZ ANTONIO TREVIZOLI - BRASIL<br />

Ele é Diretor de Contrato nas obras do Terminal<br />

de Carvão, no Cais 8, no porto da<br />

cidade da Beira. Tem 31 anos e nasceu no<br />

Porto, em Portugal. Ela é Coordenadora da<br />

Equipe de Meio Ambiente da <strong>Odebrecht</strong> no<br />

Projeto Carvão Moatize. Tem 44 anos e também é natural<br />

de Portugal. Nuno Ricardo Almeida Teixeira e Ana Roque<br />

de Oliveira foram os primeiros colocados nas categorias<br />

celular e máquina fotográfica, respectivamente, do concurso<br />

Fotografe sua Comunidade, realizado por <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong>. Suas fotos retratam a diversidade cultural de<br />

Moçambique, país onde trabalham.<br />

O concurso vencido por Nuno e Ana foi o segundo<br />

promovido por <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> para os integrantes<br />

da Organização <strong>Odebrecht</strong>. Em 2010, foi realizado<br />

o Conte sua História na <strong>Odebrecht</strong>, que teve cerca<br />

de 200 participantes. Para o concurso de <strong>2011</strong>, cujo<br />

tema foi A Comunidade em que Você Trabalha, a revista<br />

recebeu a inscrição de 653 fotos, das quais 530<br />

produzidas com máquinas fotográficas e 123 com celulares.<br />

Concorreram 245 integrantes de 17 países.<br />

Eles compartilharam, por meio de suas fotos, aspectos<br />

variados das cidades em que trabalham. Entre as<br />

imagens, o registro do vai vem da maré, que se confunde<br />

com o da vida dos moradores de São Luís do Maranhão;<br />

no sertão pernambucano, destaque para um vaqueiro,<br />

figura nobre por bravura e profissão, com seu cavalo<br />

companheiro, levando o gado ao barreiro; em Cuba, uma<br />

das fotos mostra o belo pôr do sol de Havana.<br />

As inscrições foram feitas online, entre 4 e 22 de agosto.<br />

Cada integrante pôde concorrer em duas categorias:<br />

máquina fotográfica e celular. Os melhores colocados e<br />

alguns finalistas nas categorias máquina fotográfica e celular<br />

têm suas fotos publicadas nesta edição de <strong>Odebrecht</strong><br />

<strong>Informa</strong>. E todas as fotos finalistas serão mostradas<br />

no site da revista (www.odebrechtonline.com.br).<br />

As imagens foram avaliadas por uma comissão julgadora<br />

formada por Márcio Polidoro, Responsável por<br />

Comunicação na <strong>Odebrecht</strong>; Luciano Alfredo Bonaccini,<br />

Responsável por Programas Sociais na <strong>Odebrecht</strong>; Pedro<br />

Martinelli, fotógrafo; e Holanda Cavalcanti, editora<br />

de fotografia de <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong>.<br />

informa<br />

67


1 º<br />

celular<br />

“Ele era tão puro e ingênuo, que ficou com medo do celular, algo tão comum para nós. Depois que tirei a<br />

foto, mostrei para ele. Aí ele sorriu. ” > NUNO RICARDO ALMEIDA TEIXEIRA - MOÇAMBIQUE<br />

68<br />

informa


2 º<br />

celular<br />

“Pequenos estudantes que vivem em uma comunidade próxima do Tramo 4 da Rodovia IIRSA Norte.”<br />

> CRISTIAN ALVAREZ - PERU<br />

O resultado foi anunciado no dia 2 de <strong>set</strong>embro.<br />

Os três primeiros colocados na categoria máquina<br />

fotográfica foram: Ana Roque de Oliveira, da <strong>Odebrecht</strong><br />

Internacional (Moçambique); Cassio Costa<br />

Nogueira, da <strong>Odebrecht</strong> Internacional (Guiné); e Luiz<br />

Antonio Trevizoli, da <strong>Odebrecht</strong> Infraestrutura (Maranhão).<br />

Na categoria celular, a comissão premiou dois<br />

integrantes: Nuno Ricardo Almeida Teixeira, da <strong>Odebrecht</strong><br />

Internacional (Moçambique), e Cristian Alvarez,<br />

da <strong>Odebrecht</strong> América Latina e Angola (Peru).<br />

A foto que deu o primeiro lugar a Nuno Ricardo<br />

mostra um menino de uma das comunidades da Cidade<br />

da Beira cobrindo o rosto com as duas mãos<br />

quando Nuno aproximou-se dele para fazer uma<br />

foto com o celular: “Ele era tão puro e ingênuo, que<br />

ficou com medo do celular, algo tão comum para<br />

nós. Depois que tirei a foto, mostrei para ele. Aí ele<br />

sorriu. Diariamente, muitas crianças caminham sobre<br />

os trilhos da ferrovia que passa pela cidade, retirando<br />

pedras, para vender como brita ou usar na<br />

casa de seus pais”, conta Nuno Ricardo, que comemora<br />

a vitória: “Se fui escolhido, é porque a foto de<br />

alguma forma tocou e sensibilizou alguém. Como<br />

tenho paixão por fotografia, a sensação da vitória é<br />

muito boa”.<br />

Enquanto passeava na comunidade de Nhambalualu,<br />

na Província de Tete, em um domingo, Ana<br />

Roque viu uma mulher carregando um grande fardo<br />

na cabeça. Imediatamente, sacou sua máquina e a<br />

fotografou. “Em Moçambique, as mulheres percorrem,<br />

a pé, grandes distâncias, com pesos sobre a<br />

cabeça. Mas nunca negam um sorriso bondoso”,<br />

diz. Ela dedica sua vitória ao povo moçambicano:<br />

“São muito hospitaleiros, humildes e de grande<br />

dignidade”.<br />

Segundo Pedro Martinelli, membro da Comissão<br />

Julgadora, foi surpreendente notar no concurso<br />

o enfoque dado pelos integrantes às pessoas na<br />

hora de fotografar: “É revelador o olhar sociológico<br />

e ambiental dos participantes, seu interesse em documentar<br />

o cotidiano e a cultura dos lugares onde<br />

trabalham”.<br />

informa<br />

69


informainforma<br />

70


&<br />

NOTÍCIAS<br />

PESSOAS<br />

Veja a seguir reportagens sobre<br />

realizações recentes das equipes<br />

da Organização <strong>Odebrecht</strong> no Brasil<br />

e no mundo e seções sobre o dia a dia<br />

de integrantes das empresas<br />

72<br />

74<br />

76<br />

78<br />

FPSO Cidade de Itajaí, em construção em Cingapura,<br />

reforçará a produção brasileira com 80 mil barris de<br />

petróleo por dia<br />

Eder Menezes, um mineiro de Joanésia que leva a<br />

TEO aonde vai – sempre com muito bom humor<br />

Luís Felli, da ETH, escreve sobre as novas<br />

perspectivas que o <strong>set</strong>or bioenergético está trazendo<br />

para vidas e carreiras no Brasil<br />

Genésio C<strong>out</strong>o, um formador de pessoas forjado no<br />

trabalho atrás do balcão, na roda de capoeira e nos<br />

canteiros de obra<br />

O FPSO Cidade de Itajaí, que está<br />

sendo construído em Cingapura<br />

Acervo <strong>Odebrecht</strong><br />

informa<br />

71


ÓLEO & GÁS<br />

A solução em 4 letras<br />

Em construção em Cingapura, o FPSO Cidade de<br />

Itajaí terá capacidade de produzir 80 mil barris/dia<br />

e estocar 650 mil barris de petróleo<br />

texto Edilson Lima<br />

A<br />

produção de petróleo no<br />

Brasil ganhará o reforço,<br />

em 2012, do FPSO Cidade<br />

de Itajaí, uma unidade flutuante que<br />

aumentará em 80 mil barris por dia<br />

a produção nacional. A unidade<br />

está em construção no estaleiro<br />

Jurong, em Cingapura, contratado<br />

pela <strong>Odebrecht</strong> Óleo e Gás (OOG)<br />

em parceria com a norueguesa<br />

Teekay Petrojarl. Esse projeto, que<br />

faz parte da estratégia de<br />

crescimento da OOG, marcará<br />

a entrada da empresa na<br />

operação de FPSOs (Floating<br />

Production Storage and<br />

Offloading) no Brasil, consequência<br />

da experiência acumulada<br />

na operação do FPSO<br />

North Sea Producer, no Mar<br />

do Norte, desde 1997.<br />

O FPSO Cidade de Itajaí será<br />

resultado do completamento e<br />

upgrade do FPSO Petropod I, adquirido<br />

pela joint venture formada<br />

pela OOG e a Teekay. A previsão é<br />

de que chegue ao Brasil no segundo<br />

semestre de 2012. Em agosto<br />

do mesmo ano, a unidade deverá<br />

começar sua operação nos campos<br />

de Tiro e Sídon, no sul da Bacia de<br />

Santos, no litoral catarinense. O<br />

contrato com a Petrobras é por um<br />

período de nove anos, com a possibilidade<br />

de renovação por mais<br />

seis.<br />

Além dos 80 mil barris diários, o<br />

FPSO Cidade de Itajaí terá capacidade<br />

de estocagem de 650 mil barris,<br />

poderá atuar em lâmina d’água<br />

de até mil metros, e contará com<br />

flexibilidade para processar vários<br />

tipos de óleo. Com acomodações<br />

para 70 pessoas, o FPSO Cidade de<br />

Itajaí é considerado pela Petrobras<br />

um “navio de oportunidade”, que<br />

pode ser realocado para <strong>out</strong>ros poços<br />

no futuro. Os FPSOs são ideais<br />

para campos de petróleo que não<br />

possuem estrutura de escoamento<br />

por meio de oleodutos e gasodutos.<br />

Assim, o petróleo é processado e<br />

armazenado na própria unidade e,<br />

depois, transferido para os navios<br />

O FPSO Cidade de Itajaí no<br />

estaleiro em Cingapura:<br />

capacidade de estocagem de<br />

650 mil barris de petróleo<br />

72<br />

informa


“aliviadores”, nos quais é feito o<br />

transporte do óleo até a costa.<br />

A Teekay Petrojarl é detentora<br />

de grande experiência na operação<br />

de FPSOs e foi a vencedora dessa<br />

licitação promovida pela Petrobras<br />

em meados de 2010. “Após o convite<br />

da Teekay para entrarmos no<br />

negócio, tivemos um trabalho extenso<br />

de influenciá-<br />

-los [os integrantes<br />

da empresa] no<br />

sentido de criar as<br />

condições que nos<br />

dessem conforto em relação às<br />

nossas expectativas de resultado<br />

e exposição ao risco. No fim, todos<br />

chegamos à conclusão de que a<br />

parceria seria importante e agregaria<br />

valor para as duas empresas<br />

e, sobretudo, para o cliente”, diz<br />

Rodrigo Lemos, da OOG, Diretor de<br />

Operação de FPSOs no Brasil. Em<br />

maio de <strong>2011</strong>, foi criada uma joint<br />

venture para conduzir os trabalhos<br />

de construção, afretamento e operação<br />

do FPSO Cidade de<br />

Itajaí. Segundo Rodrigo, a<br />

decisão de buscar a parceria<br />

com a Teekay Petrojarl<br />

faz parte da estratégia de longo<br />

prazo da OOG: “Ter uma parceria<br />

com uma empresa do porte da Teekay<br />

é muito importante para nós,<br />

pois fortalece nossa experiência<br />

de 14 anos na operação do FPSO<br />

Acervo <strong>Odebrecht</strong><br />

North Sea Producer. Eles também<br />

perceberam o valor de ter um parceiro<br />

brasileiro como a OOG, que<br />

conhece bem o cliente, a legislação<br />

nacional e as particularidades<br />

do mercado”.<br />

Visualizando<br />

novos mares<br />

Para Jorge Mitidieri, Diretor-Superintendente<br />

da Unidade de Serviços<br />

Integrados da OOG, a participação<br />

nesse projeto será fundamental<br />

para que a empresa conquiste novos<br />

contratos de afretamento e operação<br />

de FPSOs no Brasil, sejam da<br />

Petrobras ou de <strong>out</strong>ros clientes.<br />

“Visualizamos um mercado crescente<br />

e com grande potencial. As<br />

empresas estão investindo e nós<br />

queremos iniciar e expandir nossa<br />

atuação.”<br />

De acordo com o Plano de Investimentos<br />

da Petrobras para <strong>2011</strong>-<br />

2015, do total de US$ 224,7 bilhões<br />

previstos para serem investidos,<br />

cerca de US$ 127,5 bilhões irão<br />

para exploração e produção de petróleo.<br />

A meta para <strong>2011</strong> é de uma<br />

produção diária de 2,8 milhões de<br />

barris de óleo equivalente (boe) por<br />

dia. Até 2015, a estatal pretende<br />

chegar à marca de 4 milhões de<br />

boe/dia.<br />

O objetivo da OOG com o FPSO<br />

Cidade de Itajaí é superar as expectativas<br />

iniciais de produção da Petrobras.<br />

Para os campos de Tiro e<br />

Sídon, estão previstos 150 milhões<br />

de barris de petróleo. No caso do<br />

FPSO North Sea Producer, o primeiro<br />

FPSO operado pela OOG,<br />

foram produzidos 110 milhões de<br />

barris de petróleo ao longo de 14<br />

anos, número bem acima dos 26<br />

milhões previstos no início do contrato.<br />

informa<br />

73


TEO – TECNOLOGIA EMPRESARIAL ODEBRECHT<br />

Bom humor, por favor!<br />

Para Eder Menezes, proporcionar um ambiente alegre e<br />

positivo é uma das formas de ação de um líder<br />

texto Zaccaria Junior fotos Élvio Luiz<br />

Estou tenso... É a primeira<br />

vez que eu dou uma entrevista”,<br />

confessa o mineiro<br />

Eder Hemetrio de Menezes,<br />

natural de Joanésia, Distrito de<br />

Ipatinga, cidade da região metropolitana<br />

do Vale do Aço, ao iniciar<br />

a conversa com a equipe de<br />

<strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong>.<br />

Contabilista de formação e pessoa<br />

de fala tranquila e amigável,<br />

Eder ingressou na Organização<br />

em 1980, na Tenenge, onde permaneceu<br />

até 1995. No ano seguinte,<br />

foi transferido para a CNO.<br />

Há mais de três décadas ligado à<br />

<strong>Odebrecht</strong>, participou de obras em<br />

vários estados brasileiros e, hoje,<br />

é Responsável pelo Programa de<br />

Planejamento na construção de<br />

uma Planta de PVC/MVC/OSBL da<br />

Braskem, em Maceió.<br />

Eder conta que a principal<br />

motivação para fazer parte da<br />

<strong>Odebrecht</strong>, lá no começo da década<br />

de 1980, foi, como ele mesmo<br />

define, a “paixão à primeira<br />

vista” pela Tecnologia Empresarial<br />

<strong>Odebrecht</strong> (TEO). “Quando<br />

comecei a trabalhar, planejava e<br />

até sonhava ter um nível de autonomia<br />

para promover mudanças<br />

e buscar novas formas de trabalho.<br />

É como sempre imaginei.”<br />

Em 1992, como chefe de Planejamento,<br />

Medição e Custos<br />

nas obras da Hidrelétrica Nova<br />

Ponte, em Minas Gerais, mesmo<br />

ano em que recebeu sua medalha<br />

de 15 anos de Organização, Eder<br />

teve a oportunidade de aprofundar<br />

a prática da TEO. “O interessante,<br />

motivador e desafiador é<br />

que você é o dono do seu negócio.<br />

Portanto, você tem de executar a<br />

obra dentro dos padrões de custo,<br />

prazo e qualidade, gerando resultados<br />

e deixando o cliente satisfeito”,<br />

diz Eder.<br />

No mote de que “cada obra é<br />

uma surpresa diferente”, Eder comenta<br />

que o melhor momento de<br />

seu trabalho é o que está por vir.<br />

É no que ele acredita. “Sempre há<br />

um momento melhor. Para mim, a<br />

chave da realização profissional é<br />

identificar-se com o trabalho, com<br />

a empresa e estar satisfeito com<br />

suas atividades. Enfrentei diversas<br />

crises em toda minha trajetória.<br />

74<br />

informa


Ficou o aprendizado de que não há<br />

crescimento pessoal e profissional<br />

sem esforço.”<br />

Eder lembra algumas passagens<br />

nas quais já sentiu vontade<br />

de parar por causa da pressão<br />

demasiada, já pensou em montar<br />

um negócio próprio, mas, à<br />

medida que amadureceu, foi conseguindo<br />

evitar grande parte dos<br />

percalços criadores e disseminadores<br />

de crises. “Minha vida se<br />

solidificou e simplificou com muito<br />

trabalho, planejamento e boa<br />

dose de dedicação. Nunca imaginei<br />

chegar onde cheguei. Talvez<br />

tentar fazer sempre o melhor,<br />

trabalhar muito e proporcionar<br />

um ambiente alegre e positivo<br />

seja, intuitivamente, a forma de<br />

ação de um líder”, analisa.<br />

Atualmente liderando 15 pessoas<br />

– entre elas, profissionais<br />

de Planejamento e engenheiros<br />

Químicos e de Produção – e no<br />

processo de identificação de mais<br />

duas, Eder conta que em sua trajetória<br />

percebeu que qualidades<br />

como determinação, foco, conhecimento<br />

e criatividade são ingredientes<br />

presentes na maioria das<br />

receitas de carreiras de líderes<br />

de sucesso.<br />

Na carona de suas analogias<br />

sobre os temperos e as qualidades<br />

de um líder, Eder diz que<br />

existe, sim, um ingrediente mágico<br />

na receita de sucesso: “Gostar<br />

do que se faz”. Ele argumenta:<br />

“Além de desempenhar com excelência<br />

o nosso próprio trabalho,<br />

também nos encarregamos<br />

de levar bom humor, simpatia e<br />

positividade para o ambiente de<br />

trabalho. E, garanto, são com esses<br />

pequenos gestos que o trabalho<br />

torna-se cada vez mais emocionante.<br />

Hoje, agradeço a Deus,<br />

que foi meu orientador e protetor<br />

nessa caminhada, agradeço à minha<br />

família, que me acolheu nas<br />

horas difíceis, e agradeço também<br />

por ter trabalhado e estar<br />

trabalhando com líderes e liderados<br />

que sempre me incentivaram<br />

e motivaram a sair da mesmice e<br />

fazer algo diferente”.<br />

Eder e sua<br />

equipe em<br />

uma situação<br />

frequente:<br />

todos sorrindo<br />

informa<br />

75


ARGUMENTO<br />

BOAS ENERGIAS<br />

76<br />

76<br />

informa


Vivendo momento de efervescência,<br />

<strong>set</strong>or bioenergético brasileiro transforma<br />

perpectivas de vida e carreira<br />

Nos últimos anos, o advento do carro<br />

flex e a busca por fontes limpas de<br />

energia elevaram a importância e a<br />

competitividade do <strong>set</strong>or de bioenergia<br />

brasileiro, que ganhou relevância no<br />

cenário nacional e atraiu olhares de países determinados<br />

a reduzir suas emissões de gases causadores<br />

de efeito estufa.<br />

Hoje, é um <strong>set</strong>or que oferece oportunidade de trabalho<br />

a 1 milhão de pessoas. A produção brasileira<br />

de etanol já alcançou 25 bilhões de litros na última<br />

safra, e deve chegar aos 60 bilhões até o fim desta<br />

década. Para dobrar a produção em ritmo acelerado,<br />

o <strong>set</strong>or tem recebido altos investimentos em modernas<br />

plantas agroindustriais, que expandem, a cada<br />

dia, a produtividade na geração de energia limpa e<br />

renovável.<br />

As inovações na cadeia produtiva – na área agrícola<br />

e industrial – reafirmam também o compromisso<br />

com a sustentabilidade. A mecanização da colheita<br />

de cana dispensa as queimadas nos canaviais. Essa<br />

evolução, que alcança hoje 63% dos canaviais do Estado<br />

de São Paulo, o maior centro produtor do país,<br />

elevou a produtividade e mudou definitivamente o<br />

perfil dos trabalhadores da bioenergia, sobretudo<br />

daqueles que atuam nas lavouras. Dessa forma, para<br />

continuar crescendo, o maior desafio dos produtores<br />

é recrutar força de trabalho qualificada e apta a operar<br />

as novas tecnologias com segurança e respeito<br />

ao meio ambiente.<br />

As empresas que ingressaram recentemente no<br />

<strong>set</strong>or, como a ETH, notaram que reunir profissionais<br />

capacitados significa formar suas próprias equipes.<br />

Por isso, grandes empresas de todo o Brasil estão<br />

implantando programas de qualificação. Em parceria<br />

com instituições públicas e privadas, como Senai<br />

(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e o<br />

Centro Paula Souza, buscam capacitar os trabalhadores<br />

e adaptá-los à nova realidade. O constante desenvolvimento<br />

garante oportunidades diferenciadas<br />

e confere a esses profissionais um verdadeiro plano<br />

de carreira.<br />

Nesse cenário, a ETH criou um programa de formação<br />

e qualificação que permeia toda a sua estrutura<br />

e abrange 15 mil Integrantes das nove unidades<br />

agroindustriais nos estados de São Paulo, Mato<br />

Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. Denominado Excelência<br />

ETH, o programa aproxima os integrantes<br />

das áreas Agrícola e Industrial da capacitação para<br />

a gestão de desempenho, a partir do conceito do ser<br />

“Dono do seu Negócio”, fundamentado na Tecnologia<br />

Empresarial <strong>Odebrecht</strong> (TEO). Mais do que fornecer<br />

conteúdo para exercer uma única função, esse programa<br />

leva os integrantes de volta às salas de aula,<br />

de onde sairão, após meses de qualificação, com<br />

uma ampla visão do processo produtivo e vislumbrando<br />

seus próximos passos dentro do <strong>set</strong>or bioenergético.<br />

Conceitos de Saúde, Segurança e Meio<br />

Ambiente também somam novas e diferenciadas capacitações<br />

a esses profissionais.<br />

Hoje, o <strong>set</strong>or bioenergético transforma municípios,<br />

vidas e carreiras. O momento efervescente no<br />

qual ele se encontra motiva a população a buscar<br />

novos rumos profissionais.<br />

As novas oportunidades fornecidas nesses ambientes,<br />

em poucos meses, alteram profundamente<br />

o perfil das comunidades, com a elevação da renda e<br />

o aquecimento da economia local. O crescimento da<br />

qualificação da população reflete-se quase de forma<br />

imediata na melhoria da qualidade de vida.<br />

O <strong>set</strong>or de Bioenergia encontra-se em um momento<br />

ímpar nos cenários nacional e internacional,<br />

e a ETH trabalha para que seus integrantes estejam<br />

aptos a superar seus desafios pessoais e profissionais,<br />

de modo a acompanharem o crescimento da<br />

empresa e da Organização <strong>Odebrecht</strong>.<br />

Luís Felli<br />

é Responsável por<br />

Operações Agroindustriais<br />

na ETH Bioenergia<br />

informa<br />

77


SABERES<br />

No balcão, na roda e<br />

no canteiro de obras<br />

Genésio Lemos C<strong>out</strong>o carrega na lembrança e no coração<br />

as circunstâncias e, sobretudo, os mestres que lhe<br />

proporcionaram os maiores aprendizados de sua vida<br />

Depoimento de Genésio C<strong>out</strong>o a Valber Carvalho<br />

Edição de texto para <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong>: Alice Galeffi<br />

O<br />

pai, um de seus três<br />

grandes mestres, desde<br />

cedo o colocou para<br />

trabalhar no negócio da família.<br />

Nas rodas de capoeira de Pastinha,<br />

seu segundo grande mestre,<br />

aprendeu a lidar com o jogo<br />

e os perigos da vida. Na <strong>Odebrecht</strong>,<br />

onde ingressou em 1989,<br />

aos 36 anos, conheceu a filosofia<br />

empresarial que iria consolidar<br />

sua educação. “Dr. Norberto<br />

<strong>Odebrecht</strong> foi o meu terceiro<br />

grande mestre. Meus líderes,<br />

que tiveram contato direto com<br />

ele, repassaram-me seus ensinamentos<br />

por meio da Educação<br />

pelo Trabalho.”<br />

Na Organização, Genésio Lemos<br />

C<strong>out</strong>o vem superando os<br />

desafios da vida e do trabalho<br />

com sucesso, apoiando a capacitação<br />

de pessoas e implantando<br />

projetos mundo afora. Em 1990,<br />

foi responsável pela primeira<br />

implantação do Programa Jovem<br />

Parceiro no exterior, no Equador.<br />

Em 2003, como Responsável por<br />

Administração e Finanças em<br />

Angola, coordenou um forte plano<br />

de qualificação e capacitação<br />

de integrantes angolanos. Atuou<br />

na formação de pessoas em toda<br />

a América Latina, apoiou a equipe<br />

que trabalha na aculturação<br />

de integrantes cubanos à Tecnologia<br />

Empresarial <strong>Odebrecht</strong> e<br />

hoje é Responsável por Pessoas,<br />

Sustentabilidade e Relações Institucionais<br />

na ETH.<br />

Genésio é o segundo integrante<br />

da Organização a dar seu<br />

depoimento para o Projeto Saberes<br />

– Gente que aprendeu no trabalho<br />

e na vida. Veja a íntegra do<br />

depoimento (de 20 minutos) no<br />

site de <strong>Odebrecht</strong> <strong>Informa</strong> (www.<br />

odebrechtonline.com.br) Leia, a<br />

seguir, trechos do depoimento.<br />

Aprendizado no balcão<br />

“Quando vim para a <strong>Odebrecht</strong>,<br />

já conhecia várias pessoas<br />

da Organização. Naquela época,<br />

em Salvador, a faculdade de<br />

Administração era na Avenida<br />

Joana Angélica, onde meu pai tinha<br />

uma casa comercial, o Bar<br />

e Loteria Santa Cruz. Eu e meus<br />

irmãos trabalhamos no balcão<br />

até nos formarmos. Alguns daqueles<br />

estudantes de Administração<br />

que frequentavam o Santa<br />

Cruz e que me viram pequeno<br />

fui reencontrar na <strong>Odebrecht</strong>.<br />

Esse conhecimento do pequeno<br />

empresariamento, negociando<br />

e atendendo a todos no balcão,<br />

definitivamente me ajudou muito<br />

na <strong>Odebrecht</strong> e na minha vida.”<br />

Escritório ambulante<br />

“O Transvase de Santa Elena<br />

foi a primeira obra da <strong>Odebrecht</strong><br />

no Equador. O país já tinha tido<br />

experiências com <strong>out</strong>ras empresas<br />

internacionais e viveu o<br />

problema da greve nessas empresas.<br />

No meu Programa de<br />

Ação, estava a relação sindical.<br />

Aprendi logo que tinha que ser<br />

humilde para entender e aceitar<br />

a cultura dos <strong>out</strong>ros e tolerante<br />

com as dificuldades que iria passar.<br />

Nossa obra no Equador tinha<br />

perímetro de 90 km. Quando percebi<br />

que os sindicalistas eram<br />

quase todos motoristas e circulavam<br />

como pombos-correios,<br />

peguei uma kombi e fiz dela um<br />

escritório. Levava nossa mensagem,<br />

nossos princípios, nossos<br />

valores. Circulavam comigo um<br />

integrante da área de Pessoas,<br />

um médico e uma assistente<br />

pessoal. Na kombi, estava escri-<br />

78<br />

informa


Genésio: “É muito gratificante<br />

fazer parte de uma Organização<br />

que transforma vidas”<br />

foto: Livia Aquino<br />

to “Oficina Ambulante”. Foi um<br />

sucesso.”<br />

Viemos para ficar<br />

“Quando cheguei ao Equador,<br />

uma pessoa local me alertou:<br />

‘Vocês vivem em gueto, precisam<br />

se integrar’. Compramos a<br />

ideia e passamos a investir fortemente<br />

na capacitação de engenheiros<br />

locais. Descobrimos<br />

que havia muitos engenheiros<br />

desempregados no país. Nós<br />

os resgatamos para o trabalho.<br />

Fomos também para dentro da<br />

universidade e implantamos, em<br />

1993, o Programa Jovem Parceiro,<br />

o primeiro fora do Brasil.<br />

Mostramos a eles que tínhamos<br />

ido para ficar. Muitos desses jovens<br />

são hoje líderes da Organização.”<br />

Crise na selva<br />

“No Equador, em 1997, vivi<br />

uma história marcante. Tivemos<br />

quatro pessoas sequestradas:<br />

dois engenheiros, um chefe de<br />

pessoal e um encarregado. Sob<br />

a liderança de Luiz Mameri,<br />

montamos um comitê de crise.<br />

Na ocasião, fiz grande amizade<br />

com Leopoldo Galindo, que tinha<br />

trabalhado comigo. Ele leu<br />

a notícia no jornal e me procurou:<br />

‘Dr. Genésio, sou colombiano,<br />

em que posso ajudar?’ Foi<br />

ele quem fez toda a negociação<br />

com os sequestradores. Quando<br />

nossos colegas, depois de<br />

63 dias, foram libertados, senti<br />

um engrandecimento humano<br />

impressionante. Percebi que<br />

possuía consolidadas em mim<br />

duas características do Parceiro<br />

<strong>Odebrecht</strong>: maturidade e confiabilidade.”<br />

informa<br />

79


foto: Livia Aquino<br />

Sou angoleiro<br />

“Aos 8 anos eu comecei a jogar<br />

capoeira, joguei quase todos<br />

os dias, dos 8 aos 18 anos,<br />

e com os melhores mestres. Tinha<br />

aulas com Mestre Pastinha<br />

às quintas e aos domingos. Com<br />

73 anos, ele passava os ensinamentos<br />

da mandinga, da malícia<br />

de rua. Era a Capoeira de<br />

Angola, como é conhecida. Na<br />

roda de capoeira, eu dizia “sou<br />

angoleiro”. Por isso, ir para Angola<br />

era uma coisa lúdica dentro<br />

de mim. E aí aconteceu: em<br />

2003, fui trabalhar em Angola.<br />

Mas chegando lá, logo ‘quebrei<br />

a cara’. Eles gostam do brasileiro,<br />

nos admiram, mas meu<br />

sonho lúdico não existia. Angola<br />

tinha pressa, havia saído de<br />

uma guerra de 30 anos e queria<br />

se reconstruir. Precisava realizar<br />

obras, qualificar pessoas e<br />

construir a rede social de assistência.<br />

Fizemos um trabalho<br />

maravilhoso no campo da saúde,<br />

da educação, da cultura e,<br />

obviamente, da engenharia e<br />

construção. E continuamos a<br />

fazer.”<br />

Pessoas sábias são<br />

simples porque<br />

aprenderam com<br />

a vida<br />

“Há três pessoas importantes<br />

e de presença forte na minha<br />

educação e na minha formação<br />

profissional. Em casa, meu pai,<br />

Tomé C<strong>out</strong>o, pernambucano,<br />

que me passou todos os seus<br />

valores. Depois teve o Mestre<br />

Pastinha, um pintor de paredes<br />

que conseguiu tirar a capoeira<br />

da marginalidade e levá-la para<br />

onde ela está hoje: no mundo inteiro.<br />

E, por último, Dr. Norberto<br />

<strong>Odebrecht</strong>, com quem aprendi<br />

muito por meio dos ensinamentos<br />

transmitidos por aqueles<br />

que foram seus liderados; seus<br />

ensinamentos me transformaram<br />

e me ajudaram a crescer.<br />

Hoje eu trabalho nas comunidades<br />

e também ajudo a mudar<br />

a vida das pessoas, seja com a<br />

educação ou com as obras que<br />

nós deixamos. Isso é o que faz a<br />

diferença, o legado que a gente<br />

deixa. É muito gratificante fazer<br />

parte de uma Organização que<br />

transforma vidas, uma Organização<br />

que nos honra e deixa histórias<br />

para a gente contar para<br />

os netos amanhã.”<br />

80<br />

informa


Próxima edição:<br />

Energia<br />

Fundada em 1944, a<br />

ODEBRECHT é uma<br />

organização de origem<br />

brasileira composta de<br />

negócios diversificados, com<br />

atuação e padrão de qualidade<br />

globais. Seus 140 mil<br />

integrantes estão presentes<br />

nas três Américas, na África,<br />

na Ásia e na Europa.<br />

RESPONSÁVEL POR COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL NA CONSTRUTORA NORBERTO<br />

ODEBRECHT S.A. Márcio Polidoro<br />

RESPONSÁVEL POR PROGRAMAS EDITORIAIS NA CONSTRUTORA NORBERTO<br />

ODEBRECHT S.A. Karolina Gutiez<br />

COORDENADORES NAS ÁREAS DE NEGÓCIOS Nelson Letaif Química e<br />

Petroquímica | Andressa Saurin Etanol e Açúcar | Bárbara Nitto Óleo e Gás |<br />

Daelcio Freitas Engenharia Ambiental | Sergio Kertész Realizações Imobiliárias |<br />

Coordenadora na Fundação <strong>Odebrecht</strong> Vivian Barbosa<br />

COORDENAÇÃO EDITORIAL Versal Editores<br />

Editor José Enrique Barreiro<br />

Editor Executivo Cláudio Lovato Filho<br />

Arte e Produção Gráfica Rogério Nunes<br />

Projeto Gráfico e Ilustrações Rico Lins<br />

Editora de Fotografia Holanda Cavalcanti<br />

Tiragem 7.800 exemplares • Pré-impressão e Impressão Pancrom<br />

REDAÇÃO: Rio de Janeiro (55) 21 2239-4023<br />

São Paulo (55) 11 3641-4743<br />

email: versal@versal.com.br


foto: Carlos Júnior<br />

“O desenvolvimento do<br />

ser humano é o ponto<br />

de partida e o ponto<br />

de chegada de nosso<br />

dever de servir”<br />

TEO [Tecnologia Empresarial <strong>Odebrecht</strong>]<br />

82<br />

informa

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