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156 set/out 2011 - Odebrecht Informa

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TECENDO<br />

uro<br />

O<br />

ão se conhece exatamente a origem<br />

Nda palavra Curundú, mas o que fica<br />

evidente é que suas três sílabas, donas<br />

de grande sonoridade musical,<br />

remetem à violência e à pobreza que<br />

afligem esse bairro popular da capital panamenha.<br />

Curundú é uma das favelas mais problemáticas da<br />

Cidade do Panamá. Padece de condições de vida<br />

muito precárias, mas, ao mesmo tempo, é um dos<br />

espaços mais festivos da cidade. Em qualquer canto<br />

desse comovente lugar, composto de um apertado<br />

labirinto de vielas e de precárias casas de madeira,<br />

pode aflorar uma festa no momento menos esperado.<br />

Em Curundú a vida é celebrada, não importa o<br />

quão frágil ela possa ser.<br />

Um exemplo disso foram as comemorações organizadas,<br />

há poucos meses, pela própria comunidade,<br />

para celebrar o dia da etnia emberá-wounaan,<br />

com um festival musical e esportivo, mostras de<br />

comidas típicas e de danças indígenas, bem como<br />

as festividades desenvolvidas pelos congos – a Temporada<br />

Congo –, que duram um mês e terminam na<br />

quarta-feira de cinzas.<br />

Embora a violência esteja presente no dia a dia<br />

da comunidade, seus habitantes também sabem<br />

se organizar contra ela. Grupos civis e religiosos<br />

realizam esforços constantes e perseverantes para<br />

combatê-la. Recentemente foi organizada uma<br />

marcha de jovens contra a violência, que ao desfilar<br />

por todo o bairro, foi somando adeptos a cada passo.<br />

Foi uma marcha atípica para Curundú, pois não<br />

tinha música nem gente dançando nem ambiente<br />

festivo. Apoiada por muitas presenças silenciosas,<br />

a marcha foi uma maneira de protestar diante da<br />

instabilidade nascida com o bairro e, ao mesmo<br />

tempo, de reforçar o poderoso espírito comunitário<br />

que dá alento a Curundú.<br />

Com seus artesãos, artistas,<br />

desportistas e trabalhadores<br />

da construção, a comunidade<br />

de Curundú transforma<br />

esperança e trabalho em<br />

uma vida melhor<br />

Nesse contexto, um dos trabalhos mais importantes<br />

realizados em Curundú é o que visa a reintegrar<br />

delinquentes à sociedade, liderado por pastores<br />

evangélicos no próprio bairro e dentro das<br />

prisões – um trabalho com o qual eles ganharam a<br />

confiança e o respeito da comunidade. As conversas<br />

constantes, os retiros espirituais e as orientações<br />

em grupo contribuíram para manter a coesão social<br />

e a esperança de ver dias melhores no bairro. Essa<br />

tarefa também tem sido realizada pelas equipes<br />

da <strong>Odebrecht</strong> no projeto que executam para o Ministério<br />

da Habitação e do Ordenamento Territorial<br />

(Miviot) e que tem a participação de moradores de<br />

Curundú que passaram ou passam por esse processo<br />

de reintegração social.<br />

Uma história de zinco e madeira<br />

A origem da favela remonta a 1920. Ela nasceu<br />

da necessidade de moradia para os operários antilhanos<br />

que tinham trabalhado na construção do<br />

Canal. A partir de 1945 começou a multiplicação<br />

das frágeis habitações e, então, Curundú adquiriu<br />

sua identidade. Um remoto censo, feito em 1958,<br />

indicou que Curundú tinha 615 moradias e 2.472<br />

habitantes.<br />

Entre 1960 e 1970, o número de habitantes triplicou,<br />

atingindo uma das mais altas densidades<br />

populacionais no Panamá. Em 17 de novembro de<br />

1971, foi criado o Acordo Municipal que deu origem<br />

à Corregedoria, atualmente habitada por cerca de 20<br />

mil pessoas de etnias mais variadas e que compõem<br />

uma particular mistura de culturas. As pessoas<br />

chegam a Curundú de todos os cantos. Elas vieram e<br />

vêm de províncias tão diferentes como Coclé, Colón,<br />

Los Santos, Darién e da Comarca Kuna Yala.<br />

Um grupo que se destaca pela sua força cultural<br />

são os congos, originários da costa atlântica pana-<br />

informa<br />

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