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156 set/out 2011 - Odebrecht Informa

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A igreja de Santo Antônio e, na página ao lado, uma casa<br />

típica da região: imagens de um Brasil real e encantador<br />

Rondônia antes de ser Rondônia. Década<br />

de 1970. Uma família de seringueiros foge<br />

da falta de perspectivas no Acre. Vai parar<br />

em terras também brutas: mata fechada,<br />

escorpiões, malária. As crianças caem doentes.<br />

Recuperados, fazem o primeiro “passeio”. Pegam<br />

o trem na estação Madeira-Mamoré, em Porto Velho, e<br />

desembarcam perto da igrejinha de Santo Antônio, no vilarejo<br />

ao lado, de mesmo nome. Para Moisés, uma das<br />

crianças, a vista é de um rio corpulento, verdadeiro mar<br />

de água doce. “Vi aquilo e fiquei emocionado. Para mim<br />

era a visão do infinito!”<br />

Aos poucos, o menino Moisés domava o infinito Rio<br />

Madeira. Brincava por aquelas bandas. Havia um navio<br />

naufragado. Ele mergulhava nas águas escuras do rio,<br />

à caça de tesouros no barco: louças inglesas, mobiliário<br />

antigo, coisas esquecidas por todos. Não por ele, sempre<br />

à cata de troféus imaginários.<br />

Ao atravessar o rio a nado, chegava ao presídio desativado<br />

da ilha. Antiga casa de horrores, torturas e fantasmas:<br />

prato cheio para um menino curioso. Gostava de ler<br />

as frases nas paredes, escritas quando os presos estavam<br />

ali: “Este é o lugar onde o filho chora e a mãe não<br />

vê”. “O homem que aqui entra, desaparece para sempre<br />

da civilização”. Sabedoria de presos.<br />

Todas essas recordações hoje viraram nostalgia pura:<br />

a ilha onde <strong>out</strong>rora existiu o presídio atualmente é ocupada<br />

por uma parte da Usina Hidrelétrica Santo Antônio,<br />

em construção pela Santo Antônio Energia, empresa formada<br />

por <strong>Odebrecht</strong>, Furnas, Andrade Gutierrez, Banif,<br />

Cemig e FI-FGTS. A usina terá capacidade para produzir<br />

3.150 megawatts, suficientes para abastecer 40 milhões<br />

de pessoas. O início de sua operação está previsto para<br />

dezembro de <strong>2011</strong>.<br />

O garoto Moisés é hoje Antônio Moisés Cavalcanti, 50<br />

anos. Carpinteiro de ofício, há anos ele cuida da igreja<br />

de Santo Antônio. A construção da usina, que ocupou alguns<br />

sítios da memória afetiva dos rondonienses (como<br />

o presídio), foi acompanhada de um delicado esforço de<br />

preservação. Monumentos históricos ganharam posição<br />

de destaque ao lado da obra. A procissão de São Pedro,<br />

realizada pela colônia de pescadores desde os anos 1930,<br />

conta com apoio logístico da Santo Antônio. O “porto”<br />

onde a imagem do santo desembarcava foi tomado pela<br />

usina, mas <strong>out</strong>ro caminho será construído.<br />

“Algumas coisas mudam de lugar, mas não podemos<br />

ignorar os benefícios econômicos de uma usina de energia<br />

limpa”, comenta Moisés. Ele próprio foi valorizado:<br />

com a obra, ganhou oficialmente o posto de administrador<br />

da igrejinha e recebe salário para isso.<br />

Novo ciclo de desenvolvimento<br />

A construção da hidrelétrica representa um segundo<br />

ciclo de desenvolvimento econômico para a região. O<br />

primeiro aconteceu há 100 anos, com o erguimento da<br />

estrada de ferro Madeira-Mamoré por uma companhia<br />

inglesa. O objetivo: escoar a produção nacional de borracha.<br />

Verdadeiro marco histórico e cultural, não apenas de<br />

Rondônia (território transformado em estado em 1982),<br />

mas também do Brasil, a antiga estação de trem estava<br />

em ruínas até a chegada da Santo Antônio Energia, que se<br />

responsabilizou pela reforma.<br />

Mas, ao contrário da época da construção da<br />

“Mad Maria”(como era conhecida a estrada de ferro),<br />

hoje a obra segue os mais altos padrões de sustentabilidade.<br />

Porto Velho e região vivem uma escalada<br />

de prosperidade. Entre 2003 e 2007, a cidade<br />

ganhou apenas 1.800 novas vagas de emprego. De-<br />

informainforma<br />

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