156 set/out 2011 - Odebrecht Informa

Aí vem a pequena Joselín Mendoza, só
sorrisos e braços abertos e pés como
se flutuassem sobre o asfalto. Ela tem
6 anos. Corre eufórica em frente à sua
casa no barrio de San Agustín. Ela se
aproxima de nossa equipe e apresenta seu irmão, Jeyson,
de 1 ano. Jury, a mãe, apenas observa, da porta de
casa. A rua estreita onde fica a casa de Joselín, de Jeyson,
de Jury e de seu marido, José, e todas as outras
ruelas do lugar têm grafites por todo o canto – nas paredes,
nos muros, no chão, nas fachadas dos pequenos
bares e armazéns. Os grafites falam da arte, sobretudo
a música, que é produzida em San Agustín, uma comunidade
(em espanhol, na descrição fatalista e frequentemente
orgulhosa de seus moradores, um barrio; uma
favela, em bom português) situada na paróquia de San
Agustín del Sur, no município Libertador, um dos que
formam Caracas. San Agustín já deu ao país muitos músicos
que ficaram famosos e se tornaram heróis da comunidade,
do barrio, da favela. Pergunte a Joselín sobre
as famílias Quintero, Palacios, Bolívar, Rengifo, Paredes,
Blanco, e ela, talvez com uma pequena ajuda da mãe,
vai lhe dizer quais são seus integrantes mais famosos e
seus maiores sucessos.
“San Agustín tem uma identidade cultural muito forte”,
diz o psicólogo social Fernando Giuliani, há três anos
trabalhando no barrio. Ele apoia a atuação da Odebrecht
em San Agustín. A empresa foi responsável pela implantação
do Metrocable, um sistema de teleférico com 2 km
de extensão, conectado ao Sistema de Metrô de Caracas
e composto de cinco estações e 54 cabinas (cada uma
com capacidade para oito pessoas). Esse meio de transporte
não convencional, inaugurado em 2010, beneficia
todos os setores da comunidade, onde vivem 46 mil pessoas.
“Na história de San Agustín, além da produção de
arte, destacam-se as lutas políticas movidas pelos ideais
esquerdistas, sobretudo nos anos 1960. As pessoas aqui
têm forte sentimento de pertencimento. O Metrocable
pode gerar orgulho entre os moradores e elevar sua
autoestima ao afirmar-se como símbolo de acesso e de
integração, como um fator de articulação social”, argumenta
Fernando.
Estamos caminhando pelas ruas de San Agustín,
acompanhados por Fernando, e encontramos Daniel
Sosa e Maria Eugenia Ramirez, líderes na comunidade.
Sentamo-nos todos para conversar em frente à casa de
Ricarda Liendo, cuja avó, Francisca, ajudou a fundar San
A pequena Joselín com amigos e familiares: alegria
e esperança nas ruas estreitas de San Agustín
Agustín. Mais um pouco e junta-se a nós o professor Luis
Bolívar, percussionista que transmite seu conhecimento
às crianças do barrio em oficinas que fazem parte do
programa Juntos Construímos Valores, um dos que são
apoiados pela Odebrecht. O professor Bolívar conta que
está formando um conjunto com integrantes da empresa.
Ele ensina música folclórica tradicional venezuelana,
afrolatina e salsa.
Nascido ali, membro de uma família de cantores e
instrumentistas, deficiente visual, Luis Bolívar tenta ajudar
a levar adiante a cultura musical de San Agustín, iniciada
com os trabalhadores que, no início do século 20,
chegaram à região vindos da costa caribenha, na parte
oriental do país – detentora de uma rica tradição musical
– para participar de seu processo de urbanização.
Bolívar quer formar músicos, torná-los conhecidos na
cidade e no país. “Além da percussão, também vamos
ensinando um pouco de canto e de instrumentos de cordas...
Nas oficinas, as crianças aprendem a tocar e também
recebem material didático de educação musical.” A
construção do Metrocable tem possibilitado a chegada
de investimentos para a realização das oficinas. “A cultura
não quer subir escadas”, ele diz, usando a metáfora
para enfatizar a histórica escassez de investimentos
para o desenvolvimento da arte e dos artistas do barrio.
Maria Eugenia Ramirez entra na conversa para falar
de um dos principais projetos na esteira da implantação
do Metrocable, o qual contribuirá para que a música e os
músicos da comunidade fiquem mais conhecidos: a Rota
Turística Metrocable San Agustín, cujo desenvolvimento
está a cargo do Grupo de Apoio Comunitário (GAC), em
conjunto com a Cooperativa Sembrando Huellas, iniciativas
de responsabilidade social que têm participação
da Odebrecht. O GAC é encarregado da Agenda de Sus-
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