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A República e a Estrada de Ferro Therezopolis. Estudo sobre uma ...

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liberalização da economia por um gabinete conservador, buscando apoio do capital<br />

monetário para o Império ao mesmo tempo em que este rompia <strong>de</strong>finitivamente com o<br />

escravismo.<br />

A instabilida<strong>de</strong> das bases econômicas <strong>sobre</strong> as quais se assentava o Governo<br />

Provisório o levou a concessões ainda maiores ao capital monetário, sem se preocupar<br />

com as contradições entre o trabalho e o capital, pois o “bem comum” estaria<br />

assegurado pelo progresso material. No entanto, os ganhos fáceis e as oportunida<strong>de</strong>s<br />

abertas a todos através <strong>de</strong> investimentos na Bolsa do Rio <strong>de</strong> Janeiro predominaram no<br />

senso comum, colaborando para consolidar <strong>uma</strong> ilusão segundo a qual o dinheiro ali<br />

investido multiplicar-se-ia sozinho após o transcurso do tempo. Tal ilusão se apoiou<br />

ainda na euforia gerada pela passagem à República, fato que contribuía para associar ao<br />

Império e à agroexportação perspectivas mo<strong>de</strong>stas e lentas <strong>de</strong> lucro quando comparadas<br />

àquelas abertas pela negociação <strong>de</strong> todo tipo <strong>de</strong> ações.<br />

Em sua crítica à Economia Política, Marx adverte que toda riqueza social provém<br />

do trabalho e que os juros correspon<strong>de</strong>m apenas a <strong>uma</strong> parcela do mais-valor extraído<br />

pelos capitalistas “funcionantes”, à remuneração do capital convertido em mercadoria.<br />

Esta visão geral do processo produtivo é, no entanto perdida pelo proprietário do capital<br />

monetário, que imagina po<strong>de</strong>r mantê-lo permanentemente sob esta forma.<br />

Na perspectiva da reprodução do capital portador <strong>de</strong> juros, como<br />

<strong>de</strong>tentor <strong>de</strong> recursos sociais <strong>de</strong> produção sob forma monetária, todo o<br />

processo subsequente não lhe interessa e, portanto, a ativida<strong>de</strong><br />

específica da extração <strong>de</strong> <strong>sobre</strong>trabalho não lhe diz respeito. Seu<br />

problema é assegurar a venda do capital monetário, tendo como<br />

contrapartida sua reprodução ampliada. O capital funcionante<br />

permanente é, pois, fundamental, <strong>uma</strong> vez que a especulação, a<br />

frau<strong>de</strong>, ou o saque, outras tantas ativida<strong>de</strong>s a que se dirige o capital<br />

monetário, se limitam a puncionar, sem produzir ampliada e<br />

regularmente mais-valor. (FONTES, 2010, p.25)<br />

Durante o “encilhamento”, temos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicar a teoria <strong>de</strong> Marx a<br />

novas formas <strong>de</strong> atuação do capital no Brasil, sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ter em conta as<br />

especificida<strong>de</strong>s que <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> sua singular historicida<strong>de</strong>. Nesse sentido, procuraremos<br />

estabelecer um diálogo entre a produção historiográfica e alg<strong>uma</strong>s impressões <strong>de</strong> época<br />

registradas na obra literária O Encilhamento, do Viscon<strong>de</strong> <strong>de</strong> Taunay. O autor, que<br />

publica sua obra em 1893, em folhetins da “Gazeta <strong>de</strong> Notícias”, com o pseudônimo <strong>de</strong><br />

Heitor Malheiros, estabelece <strong>uma</strong> dura crítica aos rumos políticos e econômicos<br />

Anais do XXVI Simpósio Nacional <strong>de</strong> História – ANPUH • São Paulo, julho 2011 15

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