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Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

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APRESENTAÇÃO<br />

“Quando eu <strong>de</strong>cidi não amamentar mais,<br />

chorei, sofri, passei pelo <strong>de</strong>smame com as<br />

meninas, fiquei: - eu tenho alimento <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong> mim, mas vou parar <strong>de</strong> amamentar”<br />

(Fernanda Young, escritora). 1<br />

Adoto como ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong>sta dissertação algumas idéias que foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidas na época em que escrevi a monografia “O sexo oposto: prostituição e<br />

domesticação da sexualida<strong>de</strong> feminina”, como parte obrigatória <strong>de</strong> conclusão do curso <strong>de</strong><br />

Psicologia, da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro. 2 Neste estudo, direcionei a minha<br />

análise para o papel social reservado às mulheres, principalmente no que tange ao seu papel<br />

<strong>de</strong> mulher-mãe. Abor<strong>de</strong>i também algumas questões que contribuíram para reforçar minhas<br />

indagações sobre a naturalização do papel da mulher como mãe, como o estabelecimento, a<br />

partir da divulgação <strong>de</strong> um discurso biomédico, da amamentação enquanto uma “função”<br />

naturalmente feminina e que, portanto, <strong>de</strong>ve ser cumprida.<br />

Dois outros fatores acabaram, mais tar<strong>de</strong>, por reforçar a minha escolha sobre o tema.<br />

Em 2001, assisti a duas entrevistas em que o papel da amamentação enquanto parte<br />

fundamental <strong>de</strong> ser-mãe era discutida. A primeira entrevista foi concedida pela escritora<br />

Fernanda Young. 3 Na época, ela que havia acabado <strong>de</strong> parir gêmeas, veio a público<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o seu direito <strong>de</strong> não querer amamentar no peito suas duas filhas. E, a segunda, foi<br />

com a atriz Tereza Seiblitz 4 falando sobre o quanto foi indispensável para ela amamentar<br />

seus dois filhos no peito e que ela não concebia a idéia <strong>de</strong> que algumas mães escolhiam não<br />

amamentar.<br />

1 Fernanda Young escolheu fazer o <strong>de</strong>smame quando suas filhas tinham dois meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> (PROGRAMA<br />

Mãe & Cia: <strong>de</strong>pressão pós-parto, parte II. Canal <strong>de</strong> televisão GNT/NET, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 28 set. 2001).<br />

2 Neste trabalho, uma das questões presentes é o fato <strong>de</strong> que a mulher começa a ser socialmente glorificada<br />

através do papel <strong>de</strong> mãe, e o ato <strong>de</strong> amamentar, complementando esse papel, lhe daria um prazer in<strong>de</strong>finido<br />

(SUDO, 2001).<br />

3 Programa Mãe & Cia: <strong>de</strong>pressão pós-parto, parte II. Canal <strong>de</strong> televisão fechado GNT/NET, Rio <strong>de</strong> Janeiro,<br />

28 set. 2001.<br />

4 Programa Mãe & Cia: bebê, parte II. Canal <strong>de</strong> televisão fechado GNT/NET, Rio <strong>de</strong> Janeiro, 01 out. 2001.

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