03.09.2014 Views

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

Iana Sudo MEDICALIZAÇÃO DAS MULHERES - Instituto de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Desta maneira, a medicina está inserida num contexto histórico-social próprio e que<br />

ela se constituiu num saber <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r que atua diretamente sobre os indivíduos, ao regular,<br />

gerir suas vidas, seus costumes e seus hábitos e controlar suas ações “para que seja possível<br />

utilizá-los ao máximo através <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> aprimoramento gradual e contínuo <strong>de</strong> suas<br />

capacida<strong>de</strong>s” (NUNES, 1982, p. 11). Autores como Vieira (2002a) e Camargo Jr (2003)<br />

também trabalham o conceito <strong>de</strong> medicalização como uma forma <strong>de</strong> transformar<br />

características da vida cotidiana do indivíduo em objetos da medicina, garantindo uma<br />

conformida<strong>de</strong> às normas sociais, intervindo na cultura e negando qualquer característica<br />

subjetiva.<br />

Esse saber médico, supostamente neutro e sinônimo <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>, passa a ser <strong>de</strong>cisivo<br />

nesse campo da sexualida<strong>de</strong> e da reprodução, principalmente no que se refere aos corpos<br />

das mulheres, que se tornam subordinados ao controle médico, acabando por produzir um<br />

controle disciplinador a um tipo necessário, para que não se perceba e se mantenha tal<br />

controle. Apesar <strong>de</strong> se referir a questões masculinas também, a medicalização termina por<br />

transformar principalmente os corpos das mulheres em objeto <strong>de</strong> uma lógica da medicina<br />

(BERRIOT-SALVADORE, 1991).<br />

2.1.2 A ciência e o sexo (im)perfeito<br />

Deste modo, conforme salientou Camargo Jr. (2003), o corpo surge como um<br />

espaço <strong>de</strong> intervenção e um monopólio médico. A ciência se impõe como um produto da<br />

veracida<strong>de</strong> e, assim, a produção <strong>de</strong> sentido acerca da saú<strong>de</strong> em nossa cultura passa a se<br />

ancorar nas concepções médico-científicas. No oci<strong>de</strong>nte, fazer referência à ciência é fazer<br />

referência ao verda<strong>de</strong>iro.<br />

De acordo com Birman (1997), o discurso científico consolidou, nos últimos trinta<br />

anos do século XX, o seu caráter <strong>de</strong> uma autorida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> um po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> valor inquestionável,<br />

que ocupa um lugar privilegiado socialmente e que se iniciou com a inserção das “práticas”

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!