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PORTAL DO SERVIDOR.indb - Universidade Estadual de Londrina

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mês para usar como ‘interesse didático’, que funcionava assim: aquela<br />

consulta era usada para dar aula. Então era muito mais <strong>de</strong>morada,<br />

todos os alunos mexiam no animal, faziam perguntas e por isso a gente<br />

não cobrava. Eu sempre estourava a cota, porque não tinha coragem <strong>de</strong><br />

cobrar <strong>de</strong> pessoas que eu via que não tinham dinheiro”, confessa.<br />

Movida por este espírito altruísta, Eliane fazia mais do que apenas<br />

aten<strong>de</strong>r aos necessitados. Ao receber os representantes <strong>de</strong> laboratório<br />

que iam ao HV ven<strong>de</strong>r seus produtos, ela fazia uma exigência básica:<br />

a “cota dos pobres”. “Quando eles chegavam, eu avisava que para ter<br />

minha atenção tinha que <strong>de</strong>ixar a ‘sacolinha dos pobres’. Eu tinha um<br />

armário gran<strong>de</strong> que era lotado <strong>de</strong> amostra grátis <strong>de</strong>ixada por eles.<br />

Então, quando eu via que a pessoa gostava do seu animal, mas não<br />

tinha dinheiro, eu não tinha cara <strong>de</strong> cobrar. Remédio para cachorro<br />

é muito caro! Aí eu dava: a pessoa saía com o remédio, a ração e até o<br />

xampu para dar banho”, conta.<br />

Em troca das ‘contribuições’ para os pobres, Eliane ‘vestia a<br />

camisa’ dos produtos e fazia propaganda <strong>de</strong>les tanto em seu dia-a-dia,<br />

quanto nas palestras que ministrava: “Os laboratórios sabiam o que eu<br />

falava e que tinha repercussão. E eu nunca cobrei nada para mim: era<br />

só a ‘cota dos pobres’ mesmo”, garante. A professora consi<strong>de</strong>ra este<br />

trabalho como uma <strong>de</strong> suas missões na UEL e lamenta que não tenha<br />

conseguido <strong>de</strong>ixar nenhum continuador <strong>de</strong>sta obra: “Quando eu me<br />

aposentei acabou! Agora tem até uma norma da direção do HV que<br />

proibiu os professores <strong>de</strong> terem amostras grátis em suas salas. Eu não<br />

sei porquê! Dizem que foi para controlar o uso <strong>de</strong> psicotrópicos, mas no<br />

meu armário eu só tinha remédios comuns: antibióticos, vermífugos,<br />

xampus...”.<br />

O coração foi certamente o ‘guia-mor’ na vida <strong>de</strong> Eliane. Ela fala<br />

com orgulho e saudosismo <strong>de</strong> um tempo em que “a UEL era diferente.<br />

As coisas não eram tão corridas. Quando chegava um colega novo<br />

eu literalmente adotava. Viravam meus filhos queridos e assim nós<br />

vivíamos como uma gran<strong>de</strong> família no HV. Ficávamos no hospital até<br />

12 horas por dia, porque era prazeroso. E <strong>de</strong>pois eu trazia o pessoal<br />

para minha casa, fazia comida para todo mundo. Era a ‘casa da mãe’,<br />

alguns me chamam <strong>de</strong> ‘mãezona’ até hoje. Eles vinham aqui até para<br />

enrolar briga<strong>de</strong>iro nos aniversários dos meus filhos. Foi a época em<br />

que fomos mais felizes, mas infelizmente passou”, lastima.<br />

Portal do Servidor Aposentado da UEL: tempo <strong>de</strong> recordar<br />

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