Revista Biotecnologia
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Plantio comecial de cajueiro anão precoe<br />
com irrigação.<br />
desuniformidade manifestou-se também no<br />
peso da castanha, afetando a indústria de<br />
processamento em termos de rendimento e<br />
nos aspectos relativos às cotações de preço<br />
no mercado internacional.<br />
2. TIPOS VARIETAIS<br />
Na natureza existem dois tipos de cajueiros<br />
bem definidos em relação ao porte denominados<br />
comum e anão.<br />
O cajueiro comum, que é o mais difundido,<br />
possui porte elevado, com altura que varia<br />
de 8 m a 15 m e envergadura da copa que<br />
chega a atingir 20 m. Apresenta grande<br />
variação na distribuição dos ramos e no<br />
formato da copa, que vai desde ereta e<br />
compacta até espraiada (Barros, 1988). A<br />
capacidade produtiva individual do cajueiro<br />
comum é muito variável, com plantas<br />
que produzem menos de 1 kg até cerca de<br />
180 kg de castanha por safra. Apresenta<br />
grande variabilidade no peso do fruto, que<br />
vai de 3 g a 33 g, com peso do pedúnculo<br />
variando de 20g a 500g. A idade mínima de<br />
estabilização da produção das plantas é<br />
superior a 8 anos, sendo normal também<br />
ocorrer entre 12 e 14 anos. Em todos os<br />
plantios efetuados a partir de sementes, foi<br />
utilizado esse tipo varietal.<br />
O cajueiro tipo anão precoce,<br />
também conhecido por<br />
cajueiro de seis meses, caracteriza-se<br />
pelo porte baixo,<br />
altura abaixo de 4 m,<br />
copa homogênea com variação<br />
no tamanho de 5,0m a<br />
6,5m, diâmetro do caule e<br />
envergadura bem inferiores<br />
ao do tipo comum e inicia o<br />
florescimento aos 6-18 meses.<br />
O peso do fruto nas<br />
populações naturais varia de<br />
3g a 19g e o do pedúnculo<br />
de 20g a 160g, o que significa<br />
dizer que são características<br />
com menor variabilidade em<br />
relação ao tipo comum. A capacidade<br />
produtiva individual também é menor, até<br />
o momento com a máxima produção registrada<br />
de 43 kg de castanhas/safra/planta<br />
(Barros, 1988).<br />
3. POTENCIALIDADES<br />
O sucesso na exploração econômica<br />
do cajueiro nos diferentes agrossistemas<br />
para onde ele tem sido levado depende de<br />
sistemas de produção que incluam, fundamentalmente,<br />
indivíduos adaptados às condições<br />
de clima e de solo de cada situação,<br />
razão pela qual cabe ao melhoramento<br />
genético importante papel na viabilização<br />
da cultura, independente do ambiente onde<br />
ela for explorada.<br />
Além da amêndoa da castanha de<br />
caju (ACC), que é o produto de maior<br />
interesse e maior aceitação nos mercados<br />
do mundo inteiro, o cajueiro possibilita a<br />
obtenção do líquido da casca da castanha<br />
(LCC), um subproduto com grande potencial<br />
de aproveitamento industrial, principalmente<br />
na indústria química, mas de<br />
valor econômico efetivo atualmente muito<br />
baixo por alguns fatores tecnológicos<br />
limitantes, razão pela qual não tem sido<br />
objeto de interesse momentâneo para melhoramento.<br />
O cajueiro oferece,<br />
ainda, o falso-fruto ou pedúnculo,<br />
cujo potencial de aproveitamento<br />
é muito expressivo pelas opções<br />
no mercado de frutas, tanto<br />
no consumo in natura como no<br />
fabrico de doces, sucos, refrigerantes,<br />
etc., mas sua<br />
expressividade econômica ainda<br />
é baixa quando comparada<br />
com o volume total de produção<br />
(Barros et al., 1993), o que tem<br />
gerado os menores indicadores<br />
econômicos da cultura em termos<br />
de exportação.<br />
O aumento da lucratividade do<br />
cajueiro mediante a maximização<br />
do aproveitamento do<br />
pedúnculo, notadamente no<br />
mercado de frutas, constitui o<br />
principal desafio do melhoramento<br />
genético, ao qual cabe a responsabilidade<br />
de gerar clones que propiciem<br />
pedúnculos que satisfaçam aos mais diferentes<br />
paladares, de forma que conquiste<br />
os mercados das regiões mais desenvolvidas<br />
e economicamente mais prósperas do<br />
País. Isto porque os méritos de produtividade<br />
e melhoria de qualidade dos produtos<br />
podem ser obtidos por meio de alterações<br />
no ambiente ou nas plantas cultivadas.<br />
Alterações no ambiente envolvem diversas<br />
variáveis, como neutralização dos efeitos<br />
de elementos tóxicos, correção da reação e<br />
da fertilização do solo, combate sistemático<br />
das pragas, doenças e plantas invasoras,<br />
correção do teor de umidade do solo por<br />
meio de irrigação e, muitas vezes, drenagem,<br />
manejo do pomar, colheita,<br />
armazenamento e transporte, que envolvem<br />
sempre o emprego racional de insumos<br />
e a disponibilidade de técnicas mais modernas<br />
de cultivo, acarretando, muitas vezes,<br />
custos elevados para o produtor.<br />
Já o melhoramento genético das plantas,<br />
por outro lado, envolve um conjunto de<br />
procedimentos com fundamentação científica,<br />
cujo objetivo é alterar as características<br />
das cultivares, de modo que os novos<br />
materiais obtidos possibilitem aumento na<br />
produtividade e na qualidade do produto<br />
final, a menor custo e de forma mais<br />
duradoura. Para tanto, o trabalho pode ser<br />
dirigido para caracteres como tolerância ao<br />
estresse hídrico, adaptação a elevados teores<br />
de elementos tóxicos do solo, resistência<br />
a doenças e tolerância a pragas, redução<br />
do porte das plantas, precocidade,<br />
mudanças no comprimento do ciclo de<br />
frutificação, alterações na constituição física<br />
e química dos frutos e pseudofrutos, de<br />
maneira que o resultado final seja a maior<br />
lucratividade para o investidor e maior<br />
satisfação para o consumidor.<br />
<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento 19