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Revista Biotecnologia

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Bacillus<br />

Leon RAbinovitch,<br />

Clara de Fátima G. Cavados<br />

& Marli Maria Lima<br />

Pesquisadores do<br />

Instituto Oswaldo Cruz - FIOCRUZ<br />

Foto cedida pelos autores.<br />

ENTOMOPATOGÊNICOS<br />

Dos Bacillus estomapatogênicos, o que se espera?<br />

Algumas bactérias entomopatogênicas<br />

do gênero Bacillus - as<br />

que ocorrem naturalmente no<br />

meio ambiente ou as modificadas<br />

geneticamente - são matérias-primas<br />

para a industrialização de inseticidas<br />

bacterianos. Seus efeitos eletivos sobre<br />

as larvas de mosquitos são tão pronunciados,<br />

que as indústrias de inseticidas<br />

convencionais buscam ampliar suas utilizações<br />

com o objetivo de controlar<br />

pragas da agricultura e vetores de agentes<br />

etiológicos de doenças humanas e<br />

vegetais.<br />

Bactérias produtoras de<br />

corpos para-esporais<br />

As bactérias do gênero Bacillus têm<br />

como característica a produção natural<br />

de esporos. Enquanto dentro da célula,<br />

mergulhados no citoplasma, os esporos<br />

são chamados endósporos e o conjunto<br />

é denominado de esporângio. Não possuindo<br />

o esporo, a célula bacteriana<br />

encontra-se na sua forma vegetativa.<br />

Os Bacillus patogênicos para insetos<br />

podem sintetizar estruturas<br />

glicoprotéicas sólidas denominadas<br />

de cristais de d-<br />

endotoxina, cristais de toxina,<br />

cristais de proteína ou pró-toxina,<br />

de localização justaposta ao<br />

esporo. são chamados corpos<br />

para-esporais. Essas proteínas<br />

são codificadas por diferentes<br />

genes (ver Tabela 1). Numa mesma<br />

célula, podem ser encontradas<br />

uma ou mais dessas<br />

glicoproteínas, como, por exemplo,<br />

a linhagem B.thuringiensis<br />

sorovar israelensis, onde podem<br />

ser encontrados até cinco tipos<br />

diferentes de proteínas, todas<br />

com atividade contra larvas de mosquitos.<br />

O que faz essas proteínas permanecerem<br />

juntas dentro desse corpo são<br />

interações complexas do tipo pontes de<br />

hidrogênio e ligações dissulfeto. As<br />

protoxinas, como todas as proteínas, são<br />

formadas por duas regiões: uma porção<br />

C-terminal e outra N-terminal. Quando<br />

ativadas por proteases intestinais, elas<br />

perdem a porção C-terminal, restandolhes<br />

a N-terminal como parte ativa. As<br />

diferentes proteínas encontradas nas<br />

subespécies de B.thuringiensis diferem<br />

entre si pela sequência de aminoácidos<br />

integrantes da cadeia peptídica, da natureza<br />

dos aminoácidos e dos açúcares.<br />

Das várias espécies do gênero, algumas<br />

poucas como B. thuringiensis, B.<br />

sphaericus, B. popilliae, B. larvae, B.<br />

lentimorbus e B. laterosporus, têm a<br />

propriedade de sintetizar pró-toxinas ativas<br />

contra insetos. Essas espécies são as<br />

entomopatogênicas, e tem atividade sobre<br />

insetos das ordens Diptera,<br />

Lepidoptera e Coleoptera, mas atuam<br />

somente sobre a fase larvar, nunca sobre<br />

os adultos. As pró-toxinas, quando<br />

ingeridas, são solubilizadas pelo pH alcalino<br />

do trato intestinal do inseto-alvo e<br />

clivadas pelas proteases intestinais, tomando-se<br />

peptídios de menor tamanho.<br />

Estes são colhidos por receptores específicos<br />

encontrados no epitélio, e iniciam<br />

um processo de destruição tecidual,<br />

Figura 1: Corte ultrafino de Bacillus<br />

sphaericus ATCC 1593 entomopatogênico,<br />

vendo-se a d-endotoxina (c) com a forma<br />

de um paralelogramo próxima do esporo<br />

da bactéria (e).<br />

Cortesia de K.R. Araújo da Silva e M.N.<br />

Meirelles, Instituto Oswaldo Cruz.<br />

que colabora para a paralisação muscular,<br />

levando o inseto à morte. Esta também<br />

pode ocorrer em função de uma<br />

segunda causa associada à primeira, que<br />

é a multiplicação bacteriana na hemolinfa,<br />

determinando um processo septicêmico.<br />

A multiplicação celular, nesse caso, está<br />

relacionada à germinação do esporo no<br />

inseto, a sua multiplicação quando na<br />

forma vegetativa e, desta, voltando para<br />

esporo. Há indícios de que isso ocorra<br />

em B. sphaericus, por exemplo.<br />

Entretanto, o B. thuringiensis sorovar<br />

thuringiensis é capaz de produzir e<br />

excretar uma estrutura termo-resistente a<br />

120ºC, não protéica, a b-exotoxina, que<br />

atua ao nível da DNA polimerase, inibindo-a.<br />

O espectro de ação dessa é muito<br />

mais amplo que o a da d-endotoxina,<br />

atua sobre ordens de insetos como<br />

Diptera, Lepidoptera, Coleoptera,<br />

Orthoptera, Hemiptera, Hymenoptera,<br />

Acari, entre outras. A inespecificidade<br />

da d-exotoxina faz com que ela não seja<br />

utilizada na industrialização de inseticidas.<br />

Curiosamente, na espécie<br />

B.sphaericus, existem estirpes<br />

cristalogênicas (Figura 1), produtoras<br />

de um corpo paraesporal,<br />

que, basicamente, contém<br />

duas proteínas denominadas<br />

P51 e P42, que apresentam<br />

uma ação sinérgica entre si; e<br />

estirpes acristalogênicas, que possuem<br />

uma pequena atividade<br />

entomopatogênica. Essa atividade<br />

está relacionada com a produção<br />

durante a fase vegetativa<br />

de uma proteína denominada<br />

mtx1, que apresenta peso<br />

molecular estimado de 100 Kda.<br />

Além dessa, também já se sabe da existência<br />

de uma outra proteína, igualmente<br />

sintetizada durante a fase vegetativa -<br />

mtx2, com peso molecular estimado em<br />

32 Kda, cuja ação no inseto está sendo<br />

investigada.<br />

Com relação aos outros Bacillus<br />

que apresentam atividade<br />

40 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento

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