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dos anos 1970 (Kucinski, 2003; Menegozzo et al., 2009, p. 26; Ferreira e<br />

Fortes, 2008, p. 419). Outro exemplo encontra-se em 1977, quando da prisão<br />

de militantes do Movimento pela Emancipação do Proletariado e da<br />

Convergência Socialista – ambas organizações clandestinas que aderiram<br />

ao PT (Ferreira e Fortes, 2008, p. 416 e 418; Menegozzo et al., 2009, p.<br />

49-50) – acusados de distribuírem documentos considerados subversivos<br />

em manifestações do 1º de maio. Fato semelhante ocorrera com diversos<br />

sindicalistas do ABC, entre os quais o próprio Lula, enquadrados na Lei de<br />

Segurança Nacional pelo papel de liderança que desempenhavam junto ao<br />

movimento operário (Fragoso, 1984).<br />

Conforme atestam a repressão e os atentados sofridos nos final dos<br />

anos 1970 por organizações e movimentos que aderiram ao PT, em tempos<br />

de repressão a informação e, consequentemente, os documentos que a veiculava<br />

adquiriam valor estratégico ainda mais acentuado: sob a censura prévia<br />

da imprensa e da produção editorial, buscas policiais por provas documentais<br />

de atividade subversiva eram efetuadas sem mandado; os militantes, por<br />

razões de segurança, eram orientados a destruir as provas documentais de<br />

suas opiniões e atividades políticas. Nesta verdadeira guerra de informações<br />

opunham-se nos bastidores as fontes e as versões dos fatos sustentados pela<br />

ditadura e seu aparato repressivo, e o esforço de recolhimento e compilação<br />

de provas dos crimes cometidos pelo regime, materializados respectivamente<br />

no Projeto “Orvil” e no Projeto “Brasil Nunca Mais” (Figueiredo, 2009).<br />

Sob brutais restrições, a Fundação Wilson Pinheiro (1980-1985)<br />

Neste contexto relativamente desfavorável à atividade da esquerda e à<br />

produção e preservação das provas materiais de sua existência e trajetória é<br />

que surge o PT. O partido nasce, assim, sob brutais restrições. Não apenas<br />

técnicas e materiais (devido à falta de recursos e infraestrutura), mas também<br />

políticas, tendo vários de seus diretórios e lideranças sido alvos de atentados<br />

terroristas (Deckes, 1985, p. 126-134). Isso se refletiu na precariedade do tratamento<br />

de seus arquivos durante anos. Fato pouco conhecido mas revelador<br />

das condições existentes à época é o extravio da Ata de Fundação do PT, lavrada<br />

no Encontro do Colégio Sion em fevereiro de 1980. Visando a legalização<br />

do partido, uma segunda ata que instituiu a Direção Nacional Provisória<br />

do PT em junho de 1980 foi preparada por ocasião da Reunião Nacional de<br />

Fundação (Gadotti e Pereira, 1989, p. 48). Com este episódio, emblemático,<br />

estabeleceu-se, digamos, uma dupla legalidade: duas listas legítimas de<br />

“fundadores”, encabeçadas por dois “filiados nº 1” do PT: Mário Pedrosa em<br />

fevereiro e Apolônio de Carvalho em junho.<br />

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