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avaliação qualitativa da ação do ozônio na degradação ... - Fundagres

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AVALIAÇÃO QUALITATIVA DA AÇÃO DO OZÔNIO NA DEGRADAÇÃO DOS<br />

PIGMENTOS DA CASCA DE FRUTOS DE MAMÃO UTILIZANDO A<br />

ESPECTROSCOPIA FOTOACÚSTICA NO VISÍVEL<br />

Savio Figueira Corrêa 1 , Leo<strong>na</strong>r<strong>do</strong> Mota 2 , Jurandi Gonçalves de Oliveira 2 , Helion Vargas 4 ,<br />

Marcelo Gomes <strong>da</strong> Silva 5<br />

1 Doutoran<strong>do</strong> em Ciências Naturais; Laboratório de Ciências Físicas – LCFIS/CCT/UENF:<br />

savio@uenf.br; savio_cariello@yahoo.com.br<br />

2 Doutoran<strong>do</strong> em Ciências Naturais; Laboratório de Ciências Físicas – LCFIS/CCT/UENF:<br />

lcfisleo@yahoo.com<br />

3 Doutor em Biologia Vegetal; Laboratório de Melhoramento Genético Vegetal –<br />

LMGV/CCTA/UENF: jugo@uenf.br<br />

4 Doutor em Física; Laboratório de Ciências Físicas – LCFIS/CCT/UENF: vargas@uenf.br<br />

5 Doutor em Física; Laboratório de Ciências Físicas – LCFIS/CCT/UENF: mgs@uenf.br<br />

INTRODUÇÃO<br />

A poluição atmosférica pode ser um grande problema para a produção agrícola. Por<br />

exemplo, estan<strong>do</strong> <strong>na</strong> lista <strong>do</strong>s principais poluentes, o <strong>ozônio</strong> troposférico é responsável por<br />

gerar <strong>da</strong>nos em plantas, deixan<strong>do</strong>-as mais sensíveis a estresses ambientais, tais como:<br />

seca, temperaturas extremas e ataque de pragas, que resultam em per<strong>da</strong>s consideráveis à<br />

ativi<strong>da</strong>de agropecuária (MARTINS; RODRIGUES, 2001; BAIRD, 2002). Danos foliares<br />

causa<strong>do</strong>s pelo <strong>ozônio</strong> podem favorecer o desenvolvimento de <strong>do</strong>enças fúngicas, facilitan<strong>do</strong><br />

e aceleran<strong>do</strong> a infecção e a produção de esporos, além de permitir o ataque de insetos e<br />

outros artrópodes (BLACK et al., 2000).<br />

Além <strong>do</strong> comprometimento <strong>da</strong> produção agrícola, o aumento <strong>do</strong> <strong>ozônio</strong> troposférico leva a<br />

problemas de saúde respiratória, irrit<strong>ação</strong> nos olhos, agressão no cabelo e <strong>na</strong> pele, bem<br />

como à arboriz<strong>ação</strong> urba<strong>na</strong>, <strong>da</strong>nos a monumentos e edificações e ao comprometimento <strong>da</strong><br />

(LANGEBARTELS et al., 2002).<br />

O objetivo deste trabalho foi avaliar, de forma <strong>qualitativa</strong> e prelimi<strong>na</strong>r, o efeito degra<strong>da</strong>tivo <strong>da</strong><br />

<strong>ação</strong> <strong>do</strong> <strong>ozônio</strong> nos pigmentos <strong>da</strong> casca de frutos de mamão (Carica papaya L.) utilizan<strong>do</strong> a


espectroscopia fotoacústica.<br />

MATERIAL E MÉTODOS<br />

Dois grupos de cinco amostras de frutos de mamão no estádio 0 foram utiliza<strong>do</strong>s. Um grupo<br />

foi coloca<strong>do</strong> dentro de uma câmara e manti<strong>do</strong> a uma atmosfera típica de laboratório, usan<strong>do</strong><br />

um fluxo constante de 2L/h de ar durante 24 horas (grupo controle). O segun<strong>do</strong> grupo,<br />

também coloca<strong>do</strong> dentro de uma câmara, foi submeti<strong>do</strong> a uma atmosfera conten<strong>do</strong> 6 ppm<br />

de <strong>ozônio</strong>, sob fluxo de 2L/h, durante 24 horas (grupo trata<strong>do</strong>). Após esse perío<strong>do</strong>, análise<br />

espectral <strong>da</strong> casca de ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s frutos foi realiza<strong>da</strong> com um espectrômetro fotoacústico.<br />

O procedimento consistiu em retirar 3 discos de ca<strong>da</strong> fruto com diâmetro de 5mm e<br />

espessura de 1,5mm.<br />

O espectrômetro fotoacústico tem como fonte de luz uma lâmpa<strong>da</strong> de xenônio de 1000W <strong>da</strong><br />

Oriel Corporation. A luz gera<strong>da</strong> pela lâmpa<strong>da</strong> passa por um monocroma<strong>do</strong>r que cobre uma<br />

faixa espectral de 300nm a 750nm. O si<strong>na</strong>l fotoacústico foi gera<strong>do</strong> a uma freqüência de 17<br />

Hz e detecta<strong>do</strong> por um amplifica<strong>do</strong>r síncrone (Lock-in SR830 Stanford Research Systems).<br />

Como sensor, foi utiliza<strong>da</strong> uma célula fotoacústica (Model 300, <strong>da</strong> MTEC). Os espectros <strong>da</strong><br />

casca <strong>do</strong>s frutos trata<strong>do</strong>s com <strong>ozônio</strong> foram compara<strong>do</strong>s com os não trata<strong>do</strong>s.<br />

RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Na figura 1 são mostra<strong>do</strong>s espectros <strong>da</strong> casca <strong>do</strong> fruto <strong>do</strong> mamoeiro trata<strong>do</strong>s com <strong>ozônio</strong><br />

(linhas vermelhas) e não trata<strong>do</strong>s (linhas pretas). Conforme espera<strong>do</strong>, ca<strong>da</strong> espectro revela<br />

a existência de três faixas de absorção que estão relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s à cutícula cerosa (300-450<br />

nm), carotenóides (450-600 nm) e clorofila (600-750 nm) (NERY et al., 1987). Na mesma<br />

figura é mostra<strong>da</strong> a dependência temporal dessas absorções para os tempos: 0, 48, 72 e 96<br />

horas após o tratamento.


3, 2x10 -2<br />

Tr ata<strong>do</strong> 0 ho ras<br />

Contr ole 0 h oras<br />

Tra ta<strong>do</strong> 48 h oras<br />

Contro le 48 hora s<br />

2, 4x10 -2<br />

u.a.<br />

1, 6x10 -2<br />

8, 0x10 -3<br />

0,0<br />

3 00 4 00 5 00 600 700 800<br />

30 0 40 0 50 0 6 00 7 00 8 00<br />

2, 0x10 -2<br />

T ra ta<strong>do</strong> 72 ho ras<br />

Co ntro le 72 h ora s<br />

Tr ata<strong>do</strong> 96 h oras<br />

Contr ole 96 hora s<br />

u.a.<br />

1, 5x10 -2<br />

1, 0x10 -2<br />

5, 0x10 -3<br />

0,0<br />

3 00 4 00 5 00 600 700 800<br />

Comprimento de on<strong>da</strong> (nm)<br />

30 0 40 0 50 0 6 00 7 00 8 00<br />

Comprimento de on<strong>da</strong> (nm)<br />

FIGURA 1- Espectro <strong>da</strong> casa de frutos de mamão <strong>do</strong> grupo trata<strong>do</strong> com <strong>ozônio</strong> (linhas vermelhas) e<br />

controle (linhas pretas).<br />

Os resulta<strong>do</strong>s mostram variações <strong>qualitativa</strong>s <strong>da</strong>s intensi<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s faixas de absorção com<br />

o tempo. Para os frutos trata<strong>do</strong>s com <strong>ozônio</strong>, observou-se uma redução <strong>da</strong> intensi<strong>da</strong>de de<br />

absorção <strong>na</strong> faixa correspondente à cutícula cerosa, enquanto que nenhuma vari<strong>ação</strong><br />

significativa foi observa<strong>da</strong> para os frutos não trata<strong>do</strong>s. Outro comportamento apresenta<strong>do</strong><br />

foi a redução <strong>da</strong> absorção referente à clorofila, faixa 600-750 nm, com o tempo. Esse<br />

comportamento é típico devi<strong>do</strong> ao processo de matur<strong>ação</strong> <strong>do</strong> fruto, porém para as amostras<br />

trata<strong>da</strong>s com <strong>ozônio</strong> esse processo foi acelera<strong>do</strong> com uma redução total <strong>da</strong> absorção para<br />

72 horas após o tratamento. Esse efeito, já observa<strong>do</strong> por outros autores, leva a uma<br />

amarelecimento <strong>da</strong> casca devi<strong>do</strong> ao <strong>ozônio</strong> (CALATAYUD; BARRENO, 2001).


O amarelecimento precoce <strong>do</strong>s frutos trata<strong>do</strong>s com <strong>ozônio</strong> também pode ser observa<strong>do</strong> <strong>na</strong><br />

faixa centra<strong>da</strong> em 496 nm, com a degra<strong>da</strong>ção de carotenóide.<br />

As taxas de emissão de etileno e de dióxi<strong>do</strong> de carbono já foram monitora<strong>da</strong>s <strong>na</strong>s mesmas<br />

condições experimentais (CORRÊA et al., 2008). Os resulta<strong>do</strong>s mostraram que o pico<br />

climatérico para os frutos trata<strong>do</strong>s com <strong>ozônio</strong> foi antecipa<strong>do</strong> em <strong>do</strong>is dias em rel<strong>ação</strong> à<br />

posição <strong>do</strong> pico climatérico <strong>da</strong>s amostras não trata<strong>da</strong>s, confirman<strong>do</strong> assim a matur<strong>ação</strong><br />

antecipa<strong>da</strong> <strong>do</strong>s frutos trata<strong>do</strong>s.<br />

CONCLUSÃO<br />

Os frutos de mamão são sensíveis ao estresse causa<strong>do</strong> pela aplic<strong>ação</strong> <strong>do</strong> <strong>ozônio</strong>, ten<strong>do</strong><br />

como indica<strong>do</strong>r a degra<strong>da</strong>ção antecipa<strong>da</strong> <strong>da</strong> cutícula cerosa e <strong>da</strong> clorofila <strong>na</strong> casca <strong>do</strong>s<br />

frutos. A técnica se mostra bastante adequa<strong>da</strong> para avaliar <strong>qualitativa</strong>mente o efeito direto<br />

<strong>do</strong> <strong>ozônio</strong> sobre o estádio <strong>do</strong> fruto.<br />

AGRADECIMENTOS<br />

Os autores agradecem o apoio <strong>da</strong> Caliman Agrícola, CNPq e FAPERJ.<br />

REFERÊNCIAS<br />

BAIRD,C. Química Ambiental. Porto Alegre: Bookman, 2 ed., 2002, 622p.<br />

BLACK, V. J.; BLACK, C. R.; ROBERTS, J. A.; STEWART, C. A. Impact of ozone on the<br />

reproductive development of plants. New Phytologist, v. 147, p. 421-447, 2000.<br />

CALATAYUD, A.; BARRENO, E. Chlorophyll a fluorescence, antioxi<strong>da</strong>nt enzymes and lipid<br />

peroxi<strong>da</strong>tion in tomato in response to ozone and benomyl. Environmental Pollution, v. 115,<br />

p. 283-289, 2001.<br />

CORRÊA, S. A.; COUTO, F. M.; OLIVEIRA, J. G.; VARGAS, H.; STHEL, M. S.; DA SILVA, M.<br />

G. Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>ação</strong> <strong>do</strong> <strong>ozônio</strong> em frutos de mamoeiro (Carica papaya L. ‘golden’) utilizan<strong>do</strong> a


espectroscopia fotoacústica. In: XX Congresso Brasileiro de Fruticultura. A<strong>na</strong>is…Vitória-ES,<br />

2008<br />

LANGEBARTELS, C.; WOHLGEMUTH, H.; KSCHIESCHAN, S.; GRÜN, S.; SANDERMANN,<br />

H. Oxi<strong>da</strong>tive burst and cell death in ozone-exposed plants. Plant Physiology<br />

Biochemistry., v. 40, p. 567–575, 2002.<br />

MARTINS, R. A.; RODRIGUES, G. S. Efeitos Potencias <strong>do</strong> <strong>ozônio</strong> troposférico sobre as<br />

plantas cultiva<strong>da</strong>s e o biomonitoramento ambiental. In.: Mu<strong>da</strong>nças Climáticas Globais e a<br />

Agropecuária Brasileira, Jaguariú<strong>na</strong>: EMBRAPA, 397p, 2001.<br />

NERY, J. W.; PESSOA JR., O.; VARGAS, H.; REIS, F. A. M.; GABRIELLI, A. C.; MIRANDA,<br />

L. C. M.; VINHA, C. A. Photoacoustic spectroscopy for depth-profile a<strong>na</strong>lysis and herbicide<br />

monitoring in leaves. A<strong>na</strong>lyst, v. 112, 1487 – 1490, 1987.

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