Projeto Genoma do Câncer - Biotecnologia
Projeto Genoma do Câncer - Biotecnologia
Projeto Genoma do Câncer - Biotecnologia
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Novas Tecnologias<br />
Microesferas<br />
Biodegradáveis<br />
Uma nova alternativa para administração de vacinas de DNA<br />
Karla de Melo Lima<br />
Doutoranda <strong>do</strong> curso de Imunologia<br />
Básica e Aplicada<br />
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto<br />
Universidade de São Paulo<br />
klima@rpm.fmrp.usp.br<br />
Célio Lopes Silva<br />
Professor Titular de Imunologia da<br />
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto<br />
Universidade de São Paulo<br />
clsilva@fmrp.usp.br<br />
José Maciel Rodrigues Júnior<br />
Professor Adjunto da Faculdade de<br />
Farmácia da Universidade<br />
Federal de Minas Gerais<br />
rodrigue@dedalus.lcc.ufmg.br<br />
Fotos cedidas pelos autores<br />
a última década, os avanços<br />
no desenvolvimento<br />
de vacinas permitiram a<br />
introdução de novas estratégias<br />
para a obtenção<br />
e produção de antígenos,<br />
assim como foram desenvolvidas vias alternativas<br />
de administração e apresentação<br />
desses antígenos para as células <strong>do</strong><br />
sistema imune. Estas estratégias abriram<br />
caminho para inovações, particularmente<br />
no contexto <strong>do</strong> desenvolvimento de vacinas<br />
mais seguras, eficazes e polivalentes.<br />
Dentro deste contexto, as vacinas de DNA<br />
surgiram como uma alternativa<br />
interessante para o desencadeamento<br />
de proteção, especialmente<br />
quan<strong>do</strong> a resposta<br />
imune celular é requerida.<br />
A vacina gênica ou vacina<br />
de DNA, pode tornar-se<br />
um poderoso instrumento de<br />
combate a <strong>do</strong>enças infecciosas<br />
para as quais até hoje não<br />
existe prevenção segura,<br />
como herpes, AIDS, malária,<br />
tuberculose, hepatite, esquistossomose<br />
e dengue, dentre<br />
outras. O processo de vacinação<br />
envolve a inoculação intramuscular<br />
<strong>do</strong> DNA que leva<br />
a mensagem para a síntese <strong>do</strong><br />
antígeno apropria<strong>do</strong> no interior<br />
das células <strong>do</strong> indivíduo<br />
10 <strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento<br />
vacina<strong>do</strong>. Este tipo de vacinação<br />
apresenta uma grande<br />
vantagem, pois fornece ao<br />
organismo hospedeiro a informação<br />
genética necessária<br />
para que ele produza o<br />
antígeno com todas as características<br />
importantes para a<br />
geração de uma resposta imune.<br />
Isto, sem os efeitos colaterais<br />
que podem ser gera<strong>do</strong>s<br />
pela introdução de patógenos<br />
no organismo, ou problemas<br />
proporciona<strong>do</strong>s pela introdução das<br />
vacinas de subunidades associadas a adjuvantes<br />
que são frequentemente tóxicos. As<br />
vacinas de DNA representam uma meto<strong>do</strong>logia<br />
que se aproxima da infecção natural,<br />
alcançan<strong>do</strong> altos níveis da proteção<br />
desejada. Para a sua produção, uma porção<br />
<strong>do</strong> DNA <strong>do</strong> agente causa<strong>do</strong>r da <strong>do</strong>ença,<br />
que pode ser um vírus, bactéria, fungo<br />
ou um parasita, é retirada. Essa porção <strong>do</strong><br />
DNA, que normalmente representa um<br />
gene que codifica um antígeno imuno<strong>do</strong>minante<br />
ou um fator de virulência, apresenta<br />
a potencialidade de induzir o sistema<br />
Figura 1 – Obtenção das vacinas de DNA. Uma porção <strong>do</strong><br />
DNA de um patógeno, correspondente a um gene que<br />
codifica uma proteína antigênica apropriada, é retirada<br />
(A) e clonada em um plasmídeos conten<strong>do</strong> um gene de<br />
resistência a antibiótico (B). Os plasmídeos obti<strong>do</strong>s (C)<br />
são introduzi<strong>do</strong>s em células bacterianas (D). As bactérias<br />
são semeadas em um meio conten<strong>do</strong> antibiótico (E) onde<br />
apenas as células transformantes, isto é, que contêm o<br />
plasmídeo, serão capazes de crescer (F). Estes clones são<br />
então expandi<strong>do</strong>s em meio líqui<strong>do</strong> com antibiótico (G)<br />
possibilitan<strong>do</strong> a obtenção <strong>do</strong> plasmídeo em grande quantidade<br />
após a lise das células (H). Uma vez purifica<strong>do</strong>s os<br />
plasmídeos são utiliza<strong>do</strong>s como vacina de DNA<br />
imunológico para a produção de anticorpos<br />
ou estimular a imunidade mediada por<br />
células, principalmente linfócitos T auxiliares<br />
ou citotóxicos. O DNA é então clona<strong>do</strong><br />
em um plasmídeo e a transformação de<br />
células bacterianas é utilizada para a sua<br />
obtenção em grande quantidade. A figura<br />
1 ilustra o processo de obtenção das vacinas<br />
de DNA.<br />
A vacinação com DNA pode ser feita<br />
em várias espécies animais e no homem,<br />
por diversas vias e esquemas. Embora a<br />
injeção intramuscular seja um processo<br />
simples e de baixo custo, sua utilização na<br />
maioria das vezes requer uma<br />
quantidade elevada de plasmídeo<br />
para estimular uma resposta<br />
imune adequada. O uso de solução<br />
de glicose hipertônica para<br />
edemaciar o teci<strong>do</strong> muscular, ou<br />
de anestésicos locais como a<br />
bupivacaína, que são capazes de<br />
lesar o teci<strong>do</strong> e causar uma reação<br />
inflamatória, têm si<strong>do</strong> emprega<strong>do</strong>s,<br />
em modelos animais,<br />
como alternativas para aumentar<br />
a transfecção de células apresenta<strong>do</strong>ras<br />
de antígenos, como<br />
macrófagos e células dendríticas,<br />
após a injeção intramuscular<br />
(Davis et al., 1993). Entretanto,<br />
tais procedimentos não são aceitáveis<br />
para utilização em clínica<br />
humana devi<strong>do</strong> aos seus efeitos<br />
colaterais. Vários pesquisa<strong>do</strong>res<br />
mostraram que a injeção intramuscular<br />
requer uma quantidade<br />
de plasmídeo 100 vezes superior<br />
para gerar uma expressão<br />
equivalente àquela produzida<br />
pelo bombardeamento de partículas<br />
sob alta pressão com “gene<br />
gun” (Barry & Johnston, 1997).<br />
Esta diferença na eficácia de<br />
transfecção pode ser atribuída<br />
ao fato da injeção intramuscular<br />
colocar o plasmídeo em um<br />
ambiente extracelular onde quan-