Projeto Genoma do Câncer - Biotecnologia
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Vejamos o princípio<br />
<strong>do</strong> méto<strong>do</strong> <strong>do</strong>s DNA-arrays<br />
e das sondas complexas<br />
de cDNA (Jordan,<br />
1998).<br />
Essencialmente, os<br />
méto<strong>do</strong>s das assinaturas<br />
de hibridação usam sondas<br />
complexas preparadas<br />
a partir de RNAs mensageiros<br />
de uma dada linhagem<br />
celular, teci<strong>do</strong> ou<br />
amostra cirúrgica por<br />
transcrição reversa e marcação<br />
radioativa. A sonda<br />
contém muitas espécies<br />
de RNAs mensageiros que<br />
podem variar muito em<br />
quantidade; por exemplo,<br />
no cérebro, podemos encontrar<br />
espécies varian<strong>do</strong><br />
de 1.000 a 30.000 moléculas<br />
de RNA mensageiro por célula.<br />
Sugere-se que uma célula de mamífero<br />
típica contenha, aproximadamente,<br />
300.000 moléculas individuais de RNAs<br />
mensageiros. Algumas delas estão presentes<br />
em abundância que variam de um<br />
a vários por cento.<br />
Uma parcela razoável de RNAs mensageiros<br />
são de espécies raras, representa<strong>do</strong>s<br />
a uma molécula por célula ou<br />
mesmo menos (uma espécie de RNA<br />
mensageiro presente somente uma vez a<br />
cada dez células poderá, mesmo assim,<br />
ter significa<strong>do</strong> biológico).<br />
O seqüenciamento sistemático de<br />
cDNAs poderá proporcionar os da<strong>do</strong>s<br />
de caracterização <strong>do</strong> transcriptoma, especialmente<br />
se feito em bibliotecas de<br />
cDNA (Okubo et al., 1992).<br />
Entretanto, a quantificação de baixos<br />
níveis de expressão envolve uma quantidade<br />
não usual de seqüenciamentos:<br />
para seqüenciarmos um da<strong>do</strong> RNA mensageiro<br />
abundante de 1:10.000 faz-se<br />
necessário o seqüenciamento de 50 a<br />
100.000 clones. Para cada biblioteca !<br />
Os méto<strong>do</strong>s que envolvem os tags<br />
(etiquetas moleculares de cDNAs) diminuem<br />
o seqüenciamento pela redução<br />
de cada cDNA, mas o trabalho para<br />
padronizar esses méto<strong>do</strong>s é enorme e as<br />
limitações estatísticas ainda persistem.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, os méto<strong>do</strong>s de hibridação<br />
molecular, usan<strong>do</strong> sondas complexas<br />
e um grande arranjo de alvos de<br />
DNA (DNA-arrays) têm seu poder deriva<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong> fato de que cada experimento<br />
individual proporciona uma grande quantidade<br />
de informação; ainda não há<br />
méto<strong>do</strong> rival para as medidas de expressão<br />
gênica em grande escala.<br />
É claro que o seqüenciamento <strong>do</strong><br />
Figura 1.<br />
Utilização de bibliotecas de cDNA,<br />
produtos de PCR ou oligonucleotídeos<br />
na confecção <strong>do</strong>s DNA-arrays<br />
e suas alternativas de análise<br />
DNA é e será o “méto<strong>do</strong> final” para a<br />
caracterização da estrutura gênica. Com<br />
ele podemos deduzir a seqüência <strong>do</strong>s<br />
resíduos de aminoáci<strong>do</strong>s da proteína<br />
mesmo sem a termos isola<strong>do</strong>.<br />
Mas fica claro que o caminho mais<br />
rápi<strong>do</strong> e lógico para identificarmos os<br />
genes implica<strong>do</strong>s nos fenômenos biológicos<br />
normais e patológicos está sen<strong>do</strong><br />
o uso <strong>do</strong>s DNA-arrays.<br />
O poder <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s que também<br />
estão sen<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>s de assinaturas<br />
de hibridação se deve ao fato de que<br />
milhares de níveis de expressão podem<br />
ser mensura<strong>do</strong>s num único experimento.<br />
Brevemente, uma sonda complexa é<br />
hibridada com um array consistin<strong>do</strong> de<br />
muitos “alvos de DNA”, cada um representan<strong>do</strong><br />
um gene em particular. Seguiremos<br />
a definição a<strong>do</strong>tada por Jordan<br />
(1998), onde o DNA imobiliza<strong>do</strong> é considera<strong>do</strong><br />
como alvo.<br />
Os DNA alvos podem ser tanto colônias<br />
de bactérias fixadas em membranas,<br />
produtos PCR de clones de cDNA ou<br />
oligonucleotídeos sintéticos desenha<strong>do</strong>s<br />
para ensaiar um gene em particular.<br />
O ponto importante é que a combinação<br />
de uma sonda complexa conten<strong>do</strong><br />
muitas espécies de RNAs mensageiros<br />
com um grande arranjo (array) de<br />
alvos, o que permite a coleção de um<br />
grande volume de informações<br />
em paralelo.<br />
Nesse ponto, temos<br />
que salientar que as diferenças<br />
entre esse tipo<br />
de hibridação com as<br />
clássicas hibridações<br />
Southern- e northernblot.<br />
Nestas últimas, trabalhamos<br />
com um excesso<br />
de sonda, o DNA<br />
alvo é hibrida<strong>do</strong> até a<br />
saturação, no final da<br />
incubação.<br />
Nos experimentos de<br />
medidas de expressão<br />
gênica, entretanto, cada<br />
seqüência individual na<br />
sonda complexa está<br />
presente em pequenas<br />
quantidades em relação<br />
ao(s) seu(s) alvo(s) no<br />
array.<br />
Determinações realizadas pelo grupo<br />
de um <strong>do</strong>s autores (B. Jordan, ver<br />
Nguyen et al., 1995) para esses arrays<br />
indicaram uma proporção de 30 ng de<br />
inserto de cDNA de uma colônia de E.<br />
coli crescida sobre a membrana de<br />
nylon para menos de 0,1 ng de RNA<br />
mensageiro (cDNA).<br />
Nessas condições, a cinética de hibridação<br />
é linear e a quantidade da<br />
sonda hibridada a um da<strong>do</strong> alvo será<br />
proporcional à abundância da seqüência<br />
correspondente na sonda complexa<br />
e, portanto, ao nível de expressão <strong>do</strong><br />
gene na célula ou teci<strong>do</strong> <strong>do</strong> qual a sonda<br />
foi preparada.<br />
Embora o princípio <strong>do</strong> uso de DNAarrays<br />
tenha si<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong> tão ce<strong>do</strong><br />
como, em 1991 (Lennon & Lehrach,<br />
1991), somente quatro anos após é que<br />
apareceram os primeiros trabalhos mostran<strong>do</strong><br />
a possibilidade de quantificação<br />
em DNA-arrays (Nguyen et al., 1995;<br />
Zhao et al., 1995; Pietu et al., 1996).<br />
A aquisição <strong>do</strong>s da<strong>do</strong>s usan<strong>do</strong> sondas<br />
radioativas ou fluorescentes envolve<br />
outras necessidades como algoritmos<br />
para detecção <strong>do</strong>s pontos (spots de hibridação),<br />
subtração <strong>do</strong> background, atribuição<br />
<strong>do</strong>s sinais às entidades corretas<br />
(Granjeaud et al., 1996) e, geralmente,<br />
procedimentos corretos para o manuseio<br />
de milhares de da<strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s em<br />
cada experimento individual.<br />
Os requerimentos para um sistema<br />
ideal são, principalmente, a habilidade<br />
de quantificar níveis de expressão abaixo<br />
<strong>do</strong> nível de uma molécula por célula<br />
(1/300.000); dar uma resposta linear<br />
dentro da faixa de abundância (1/300.000<br />
a 1/100); capacidade de mensuração de<br />
<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento 35