Projeto Genoma do Câncer - Biotecnologia
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Figura 2 – Avaliação in situ da<br />
expressão da enzima β-galactosidade<br />
em células J777 transfectadas in<br />
vitro com o plasmídeo pSV-βgal<br />
(Invitrogen®) utilizan<strong>do</strong> o méto<strong>do</strong><br />
de bombardeamento com partículas<br />
de ouro. As setas indicam as<br />
partículas de ouro no citoplasma<br />
da célula<br />
tidades significativas <strong>do</strong> DNA são rapidamente<br />
degradadas por nucleases. Em contraste,<br />
com o bombardeamento de partículas<br />
ocorre liberação <strong>do</strong> DNA dentro das<br />
células, evitan<strong>do</strong> a degradação <strong>do</strong>s plasmídeos<br />
funcionais (Figura 2). Embora promova<br />
uma transfecção eficiente, a imunização<br />
pelo bombardeamento de partículas<br />
apresenta inconvenientes como a necessidade<br />
de aparelhos especiais para a sua<br />
execução e a necessidade de <strong>do</strong>ses de<br />
reforço. Além disso, como muitos patógenos<br />
penetram no organismo através de<br />
superfícies mucosas como aquelas <strong>do</strong> trato<br />
respiratório, gastrointestinal ou urogenital<br />
entre outras, seria vantajoso que as vacinas<br />
de DNA também estimulassem a imunidade<br />
nestes teci<strong>do</strong>s. Embora demonstra<strong>do</strong><br />
que vacinas de DNA são capazes de estimular<br />
uma resposta humoral em superfícies<br />
mucosas sua administração por estas<br />
vias requer o desenvolvimento de estratégias<br />
que assegurem a sua estabilidade<br />
principalmente no que concerne à administração<br />
por via oral.<br />
A busca por alternativas para administração<br />
de vacinas, levou Preis e Langer<br />
(1979) a aplicarem a tecnologia da liberação<br />
controlada de fármacos no campo da<br />
imunização. Eles demonstraram que a produção<br />
de anticorpos em camun<strong>do</strong>ngos<br />
imuniza<strong>do</strong>s com uma única <strong>do</strong>se de um<br />
antígeno conti<strong>do</strong> numa matriz polimérica<br />
não degradável, mantinha-se por mais de<br />
6 meses em níveis comparáveis aos <strong>do</strong>s<br />
camun<strong>do</strong>ngos imuniza<strong>do</strong>s por duas vezes<br />
com o mesmo antígeno incorpora<strong>do</strong> em<br />
adjuvante completo de Freund. Entretanto,<br />
a aplicação desta estratégia suscitou a<br />
preocupação sobre os possíveis efeitos<br />
adversos que a presença deste material no<br />
organismo poderia ocasionar crian<strong>do</strong>-se,<br />
desta forma, a necessidade de remoção<br />
cirúrgica <strong>do</strong> implante após a liberação <strong>do</strong><br />
antígeno. Neste senti<strong>do</strong>, a síntese de polímeros<br />
biodegradáveis contribuiu para a<br />
melhoria <strong>do</strong> sistema visto que eles não<br />
requerem remoção cirúrgica e efeitos colaterais<br />
a longo prazo podem ser minimiza<strong>do</strong>s<br />
uma vez que tais polímeros se<br />
degradam em função <strong>do</strong> tempo. Dentre os<br />
polímeros biodegradáveis comercialmente<br />
disponíveis, os poliésteres deriva<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong>s áci<strong>do</strong>s lático e glicólico (PLGA) merecem<br />
destaque por serem aprova<strong>do</strong>s pelo<br />
Figura 3 – Microscopia eletrônica de varredura mostran<strong>do</strong> microesferas de PLGA<br />
após o preparo (A) e após a liberação <strong>do</strong> antígeno encapsula<strong>do</strong> (B) (Barra = 5<br />
µm)<br />
FDA para utilização na clínica humana e<br />
terem uma longa história de segurança.<br />
Além disso, quimicamente, estes polímeros<br />
podem apresentar diferenças no tamanho<br />
das cadeias e no número de monômeros<br />
de áci<strong>do</strong> lático e glicólico presentes nas<br />
mesmas. Tais diferenças estão diretamente<br />
relacionadas com a degradação permitin<strong>do</strong><br />
assim, a obtenção de diferentes polímeros<br />
cujo tempo de degradação pode variar<br />
entre alguns dias e vários meses. No organismo,<br />
estes polímeros são hidrolisa<strong>do</strong>s e<br />
uma vez degrada<strong>do</strong>s, são gera<strong>do</strong>s o áci<strong>do</strong><br />
lático e o glicólico que são compostos<br />
inócuos ao organismo. O desenvolvimento<br />
de sistemas de liberação controlada de<br />
fármacos e antígenos visan<strong>do</strong> a otimização<br />
da resposta terapêutica e imunológica é<br />
uma das principais linhas de pesquisa <strong>do</strong><br />
Laboratório de Tecnologia Farmacêutica<br />
da Faculdade de Farmácia da UFMG.<br />
As microesferas poliméricas surgiram<br />
como alternativa de sistema de liberação<br />
controlada que pudesse ser administra<strong>do</strong><br />
de maneira simples, sem a necessidade de<br />
técnicas cirúrgicas, contan<strong>do</strong> apenas com<br />
o auxílio de seringa. Elas são partículas<br />
poliméricas esféricas cujo diâmetro varia<br />
entre 1 e 250 µm (figura 3) e constituem um<br />
sistema matricial ou reservatório no qual o<br />
antígeno está dissolvi<strong>do</strong>, disperso ou encapsula<strong>do</strong>.<br />
Microesferas constituídas de<br />
poliésteres <strong>do</strong>s áci<strong>do</strong>s lático e glicólico<br />
(PLGA) possuem a vantagem de serem<br />
biodegradáveis sem manifestações ulcerativas<br />
no sítio de administração se utilizadas<br />
por via parenteral. Além disso, sua potencialidade<br />
de utilização como adjuvante<br />
reside também no fato delas formarem,<br />
após administração subcutânea ou intramuscular,<br />
um depósito onde o antígeno é<br />
libera<strong>do</strong> lentamente, de maneira controlada,<br />
de acor<strong>do</strong> com o polímero utiliza<strong>do</strong> na<br />
sua fabricação. A velocidade de hidrólise<br />
de tais polímeros depende: de sua composição<br />
química; da proporção <strong>do</strong>s monômeros;<br />
<strong>do</strong> tamanho da cadeia e <strong>do</strong> tamanho<br />
das partículas, poden<strong>do</strong>-se obter tempos<br />
de degradação que variam entre algumas<br />
semanas e vários meses. A combinação da<br />
difusão através de poros e da erosão da<br />
matriz polimérica permite controlar a taxa<br />
de liberação <strong>do</strong> antígeno encapsula<strong>do</strong> nas<br />
microesferas. Esta propriedade permitiu a<br />
criação <strong>do</strong> conceito de vacina de <strong>do</strong>se<br />
única onde uma formulação composta por<br />
microesferas de tamanho, porosidade e<br />
composição polimérica diferentes, liberaria<br />
o antígeno encapsula<strong>do</strong> em intervalos<br />
de tempo substituin<strong>do</strong> as <strong>do</strong>ses de reforço<br />
de uma vacina convencional (Figura 4).<br />
Outra vantagem destes sistemas reside no<br />
fato de poderem ser administra<strong>do</strong>s por<br />
diferentes vias. As potencialidades de microesferas<br />
como adjuvantes de vacinas<br />
foram recentemente revisadas por Lima &<br />
<strong>Biotecnologia</strong> Ciência & Desenvolvimento 11