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PRIMEIRO<br />
SEMESTRE<br />
2012<br />
CADERNO DE TEATRO<br />
CADERNO DE TEATRO<br />
PRIMEIRO<br />
SEMESTRE<br />
2012<br />
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entre pós-dramático, performance, presença,<br />
etc. Certamente há desdobramentos no que<br />
tange à curiosidade de saber mais sobre o<br />
grupo, mas, sobretudo, em relação à formação<br />
de novos atores, pois boa parte da pedagogia<br />
desenvolvida no RS tem relação com o<br />
trabalho do grupo.<br />
Jezebel de Carli<br />
Correram os anos e em todos os momentos<br />
em que me foi possível procurei estar<br />
novamente entre o <strong>Odin</strong>, mesmo sem eles<br />
saberem. Estar sorrateiramente em 94, 95,<br />
2010 e, finalmente, em 2012 na residência<br />
entre grupos. Já não sou jovem nem consegui<br />
manter-me ao lado dos meus primeiros<br />
pares, àqueles que “se levantaram na ponta<br />
dos pés para que um dia pudessem voar”<br />
(referência ao texto de Eugenio Barba). Hoje,<br />
em 2012, estou ao lado de outros, tentando<br />
desesperadamente guiar um grupo. Ouvir as<br />
palavras de Barba, perceber as marcas no corpo<br />
da Iben, ouvir que uma atriz entregou sua<br />
vida ao teatro, ver Roberta pela primeira vez<br />
e seu corpo impregnado de trabalho, ouvir da<br />
Julia dizer “mas você tem um grupo...” e após<br />
receber um sorriso, chorar muitas vezes pela<br />
beleza, generosidade, devoção e respeito pelo<br />
teatro que esses homens e mulheres nos demonstram<br />
me fez, mais uma vez, ter vontade<br />
de seguir adiante, força para criar terremotos,<br />
querer que os que se foram retornem, tratar<br />
o outro com ternura e gratidão e, crer novamente<br />
que o teatro pode mudar o humano.<br />
Irion Nolasco<br />
Agora também está sendo um feedback de<br />
coisas, é emocionante. Eu me emociono sempre<br />
com o Barba. Ele não precisa fazer nada,<br />
ele simplesmente existe e espero que ele dure<br />
120 anos. (...) O grande lance do Barba é a eficácia.<br />
Aqui no sul dizemos: mata a cobra e<br />
mostra o pau. Ele fala e ele mostra, aí você<br />
fica olhando pra ele como se fosse mágica,<br />
magia. Para mim, ele é um mestre. E mestre,<br />
para mim, não é só a pessoa que sabe as coisas,<br />
é uma pessoa que ama o que faz, que tem<br />
paixão pelo que faz, que se incendeia pelo que<br />
faz. E assim é ele, o dia inteiro. Você vê ele<br />
assim, aqui, o tempo todo, rondando, vagando,<br />
preocupado com os detalhes. (...) Eu acho<br />
que o que atrai e toca todas as pessoas é que<br />
eles são verdadeiros. São de verdade, não são<br />
fake. Você pode ver o passar dos anos. Fiquei<br />
muito comovido com o primeiro trabalho que<br />
eles mostraram aqui, As Grandes Cidades sob<br />
a Lua. Você pode ver, eles envelheceram, mas<br />
com dignidade e verdade. É uma maravilha<br />
poder ver isso. Nem dá para falar muito. Eu<br />
fico tão emocionado que... Eu amo o <strong>Odin</strong>,<br />
sou suspeito para entrevistas.<br />
Jane Schöninger<br />
Foi uma overdose de ações, em tão pouco<br />
tempo. Queríamos mais tempo e mais e mais.<br />
A cidade, o Estado, o país esteve “em movimento”<br />
com essa passagem por aqui. O movimento<br />
de pessoas, o movimento das cabeças,<br />
o movimento dos sentimentos. Penso que,<br />
com esse movimento, há uma possibilidade<br />
de novas articulações entre grupos, entre<br />
profissionais. Podemos arriscar a colocar em<br />
poucas palavras o retorno que tivemos sobre<br />
esses dias: um “novo” oxigênio para o teatro.<br />
Lucas Sampaio<br />
Tive o primeiro contato com o <strong>Odin</strong> Teatret<br />
em Holstebro, durante o <strong>Odin</strong> Week Festival<br />
2011. Lá, entendi o significado do ator<br />
profissional, possuidor de ferramentas, virtudes,<br />
treinamento. Trata-se de uma união<br />
de artistas que prova a todos os colegas<br />
de profissão espalhados pelo mundo que<br />
o trabalho em conjunto alça voos inimagináveis.<br />
Neste momento, em Porto Alegre, o<br />
<strong>Odin</strong> faz-se necessário justamente na troca,<br />
mostrando que o teatro de grupo ainda<br />
é um caminho de forte identidade e de<br />
progresso artístico. É como se a existência<br />
deles se refletisse, em sua constância, na<br />
frase: “Acredite, acredite, acredite”.<br />
Álvaro Rosa Costa<br />
Esta experiência, residência, reverência ou<br />
seja lá o que for, com o <strong>Odin</strong> Teatret, explodiu<br />
na minha cabeça, conectou muitos, muitos<br />
pontos. Me colocou em estado de alerta, Marco<br />
Zero, Espiral, em movimento. Trabalho há<br />
muito tempo com música, apesar de ser Bacharel<br />
em Gravura. Muitas das questões que<br />
me instigavam no Instituto de Artes da UFGRS<br />
estão presentes nas palavras e nas ações dos<br />
integrantes do <strong>Odin</strong>. Após 24 anos, consigo<br />
entender a magia que estes jovens senhores,<br />
alquimistas, exercem sobre os artistas. Não<br />
só atores, mas vários artistas de vários segmentos.<br />
Eles dialogam com os princípios da<br />
criação, encontram ecos em Fayga Ostrower,<br />
Jung, no marceneiro da esquina. Eles "fazem".<br />
Se o resultado é brilhante, bom, ruim, a mim<br />
não interessa. Aquela massa submersa do<br />
iceberg, chamado <strong>Odin</strong>, é que me desafia. O<br />
que mais me pergunto: “E agora!?”. Só sei que<br />
vou "encontrar" várias possibilidades. E como<br />
disse Roberta Carreri: "Há uma vontade que<br />
me habita". Simples, sem fórmulas... trabalho,<br />
cumplicidade... possibilidades.<br />
PRISCILA DUARTE<br />
Teatro Diadokai<br />
Belo Horizonte, 4 de junho de 2012.<br />
Dinossauros em Porto Alegre<br />
A residência artística com o <strong>Odin</strong> Teatret<br />
Conheci o <strong>Odin</strong> Teatret como espectadora,<br />
durante um festival de teatro em Montevidéu<br />
(Uruguai) em 1986, quando eu ainda era<br />
uma estudante da graduação em teatro da<br />
UniRio. Lembro-me bem da minha impressão:<br />
foi como se eu visse a materialização de<br />
minhas aspirações juvenis, tão indefiníveis e,<br />
subitamente, tão reconhecíveis naquele grupo<br />
de artistas. Foi avassalador.