Influência do Stretching Global Activo na Flexibilidade da ... - APF
Influência do Stretching Global Activo na Flexibilidade da ... - APF
Influência do Stretching Global Activo na Flexibilidade da ... - APF
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto<br />
(Carvalho, Vieira & Carvalho, 2004). A força ab<strong>do</strong>mi<strong>na</strong>l<br />
e <strong>do</strong>s membros inferiores têm-se mostra<strong>do</strong> factores<br />
determi<strong>na</strong>ntes para o salto vertical. A força <strong>do</strong>s<br />
membros superiores, particularmente <strong>do</strong>s braços e <strong>do</strong>s<br />
ombros, aju<strong>da</strong> a aumentar a força ao longo <strong>da</strong> região<br />
<strong>do</strong> tronco, crian<strong>do</strong> uma postura sóli<strong>da</strong> para aju<strong>da</strong>r a<br />
maximizar a técnica de salto, a produção de força e a<br />
transferência de forças entre o quadrante inferior e o<br />
superior (Carvalho, 1999).<br />
Ten<strong>do</strong> em conta que, no voleibol, to<strong>do</strong>s os joga<strong>do</strong>res<br />
têm que obrigatoriamente passar pela zo<strong>na</strong> de ataque,<br />
tor<strong>na</strong>-se necessário que estes conquistem planos ca<strong>da</strong><br />
vez mais eleva<strong>do</strong>s, através <strong>da</strong> impulsão vertical, para<br />
executarem os procedimentos técnico-tácticos como<br />
o remate, o serviço, o bloco e o passe, com maior<br />
eficácia.<br />
Com efeito, o ganho de alguns centímetros <strong>na</strong> altura<br />
<strong>do</strong> salto vertical possibilita ao atacante uma leitura<br />
significativamente melhora<strong>da</strong> <strong>da</strong> organização <strong>do</strong> bloco<br />
e <strong>da</strong> defesa <strong>da</strong> equipa adversária (Soares, 2002).<br />
Existem alguns estu<strong>do</strong>s que demonstram que um<br />
ganho <strong>na</strong> flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cadeia posterior proporcio<strong>na</strong><br />
um aumento de alguns centímetros no salto vertical.<br />
Davis, Ashby & McCale, (2005) compararam o efeito<br />
de três técnicas de stretching a<strong>na</strong>lítico nos isquiotibiais<br />
durante 4 sema<strong>na</strong>s e chegaram à conclusão que ambas<br />
aumentavam a flexibili<strong>da</strong>de e que, por sua vez, levavam<br />
a um aumento <strong>da</strong> performance <strong>do</strong> salto vertical.<br />
Também, Lee, Etnyre & Poindexter, (1989), num<br />
estu<strong>do</strong> com homens e mulheres <strong>da</strong>s equipas <strong>do</strong> Festival<br />
Olímpico <strong>do</strong>s Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, chegaram à conclusão<br />
que uma boa flexibili<strong>da</strong>de pode beneficiar o gesto <strong>do</strong><br />
salto vertical, levan<strong>do</strong> ao ganho de alguns centímetros<br />
no mesmo.<br />
Na eficácia <strong>do</strong> salto vertical, têm particular importância<br />
a força explosiva, a potência mecânica <strong>do</strong>s membros<br />
inferiores e a veloci<strong>da</strong>de inicial de saí<strong>da</strong>, pois quanto<br />
mais rápi<strong>do</strong> o atleta aban<strong>do</strong><strong>na</strong>r o solo, maior elevação<br />
atingirá o seu centro de gravi<strong>da</strong>de permitin<strong>do</strong>, assim,<br />
um maior alcance, em altura, no salto (Davis et al, 2005).<br />
Deste mo<strong>do</strong>, para o aumento <strong>da</strong> performance <strong>do</strong> salto<br />
vertical, contribuem, entre outros factores, a potência<br />
muscular e a flexibili<strong>da</strong>de.<br />
O treino de flexibili<strong>da</strong>de é específico de ca<strong>da</strong><br />
mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>de desportiva e, para além de poder<br />
possibilitar uma eventual diminuição <strong>da</strong> incidência de<br />
lesões musculares e permitir relaxamento muscular,<br />
permite aumentar a veloci<strong>da</strong>de e a performance <strong>do</strong><br />
gesto desportivo (Alter, 1997). No voleibol, para<br />
aumentar a impulsão vertical, tem de existir uma boa<br />
flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cadeia posterior, constituí<strong>da</strong><br />
principalmente pelos músculos <strong>da</strong> arca<strong>da</strong> <strong>do</strong> pé, tibial<br />
posterior, tricípete sural, isquiotibiais, glúteos e<br />
músculos espinhais (Grau, 2003), o que parece permitir<br />
um aumento <strong>da</strong> veloci<strong>da</strong>de e, por conseguinte, <strong>da</strong> altura<br />
<strong>do</strong> salto. Durante o salto, deve existir, também, um<br />
rácio de aproxima<strong>da</strong>mente 60% de força <strong>do</strong>s<br />
antagonistas em relação aos agonistas (Carvalho, Vieira<br />
& Carvalho, 2004). Em condições normais, o rácio I/<br />
Q é aproxima<strong>da</strong>mente 60%, mas se os isquiotibiais<br />
estiverem retraí<strong>do</strong>s, esse rácio é altera<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong><br />
necessária uma maior força por parte <strong>do</strong> quadricipede<br />
para realizar o movimento deseja<strong>do</strong>. Na prática, este<br />
facto leva a uma diminuição <strong>da</strong> eficácia <strong>do</strong> salto vertical.<br />
Assim, é mais adequa<strong>do</strong>, antes de tu<strong>do</strong> aumentar a<br />
flexibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s isquiotibiais, para permitir aumentar<br />
o rendimento <strong>do</strong> quadricipede (Grau, 2003; Souchard,<br />
2005).<br />
Segun<strong>do</strong> alguns autores, quer a flexibili<strong>da</strong>de, quer a<br />
força dependem de diversos factores. A flexibili<strong>da</strong>de<br />
depende <strong>da</strong>s medi<strong>da</strong>s antropométricas <strong>do</strong>s indivíduos,<br />
<strong>do</strong>s factores genéticos, <strong>da</strong> composição e mecânica<br />
muscular, <strong>da</strong> mecânica articular e ligamentar, <strong>da</strong><br />
composição corporal e de alguns factores hormo<strong>na</strong>is<br />
(Dias et al, 2005; Lamari, Marino, Cordeiro & Pellegrini,<br />
2007). A força, para além de depender <strong>da</strong> composição<br />
e mecânica articular, muscular e ligamentar, e <strong>da</strong><br />
composição corporal como a flexibili<strong>da</strong>de, depende<br />
ain<strong>da</strong> <strong>do</strong> tipo de contracção realiza<strong>do</strong> (concêntrica,<br />
excêntrica ou isométrica), <strong>do</strong> segmento corporal, <strong>do</strong><br />
sistema de alavancas, <strong>do</strong> tipo de movimento e <strong>da</strong><br />
proporção de massa corporal magra (Cureton, Collins,<br />
Hill & Mcelhannon 1998; Dias et al, 2005).<br />
Dentro <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s para aumento <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong>de,<br />
encontram-se os a<strong>na</strong>líticos, tais como o alongamento<br />
estático, balístico, dinâmico e activo (Lee et al, 1989), e<br />
os globais nos quais se enquadra o conceito <strong>do</strong> <strong>Stretching</strong><br />
<strong>Global</strong> <strong>Activo</strong> (SGA), que é um méto<strong>do</strong> basea<strong>do</strong> nos<br />
princípios <strong>da</strong> Reeducação Postural <strong>Global</strong> (RPG),<br />
cria<strong>do</strong> por Philippe Souchard e que está dirigi<strong>do</strong> à<br />
prática desportiva (Souchard, 2005). O <strong>Stretching</strong> <strong>Global</strong><br />
<strong>Activo</strong> consiste em autoposturas de mo<strong>do</strong> a melhorar<br />
o rendimento muscular, assim como, prevenir lesões<br />
(Grau, 2003).<br />
O SGA tem cinco princípios básicos que o distinguem<br />
<strong>do</strong> alongamento convencio<strong>na</strong>l. Esses princípios são:<br />
os músculos existirem <strong>na</strong> forma de cadeias musculares,<br />
a tridimensio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de, o conceito <strong>do</strong> material<br />
viscoelástico, o trabalho muscular dever ser activo e a<br />
importância <strong>da</strong> respiração.<br />
Também Gloria Melián (2001) fala <strong>do</strong>s cinco princípios<br />
<strong>do</strong> SGA, fazen<strong>do</strong> a distinção entre o alongamento<br />
convencio<strong>na</strong>l e o stretching global activo. Segun<strong>do</strong> a<br />
autora, o alongamento convencio<strong>na</strong>l consiste em<br />
estiramentos segmentares, passivos, sem contracção,<br />
8