Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto Tabela 3: Média (desvio padrão) <strong>do</strong>s ganhos obti<strong>do</strong>s entre as diferentes medições e respectivo valor de p obti<strong>do</strong> no teste de Mann-Whitney. Ganhos obti<strong>do</strong>s <strong>na</strong> 2ª medição Passive Knee Extension à direita Média (desvio padrão) Passive Knee Extension à esquer<strong>da</strong> Média (desvio padrão) Distância <strong>do</strong>s de<strong>do</strong>s ao chão Média (desvio padrão) CMJ Média (desvio padrão) Controlo 0,14(0,53)º 0,21(0,58)º -0,07(0,47)cm 0,4(0,005)cm Experimental 4,64(3,45)º 4,14(2,57)º -0,93(0,99)cm 1,3(0,016)cm Mann-Whitney p
Revista Portuguesa de Fisioterapia no Desporto É, ain<strong>da</strong>, de salientar que com a realização deste estu<strong>do</strong>, verificou-se que os ganhos de flexibili<strong>da</strong>de obti<strong>do</strong>s com o treino de SGA influenciaram os ganhos <strong>na</strong> impulsão vertical, o que foi possível observar através <strong>da</strong>s médias obti<strong>da</strong>s nos ganhos de salto, medi<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> Countermouvement Jump, que acompanharam o aumento <strong>da</strong>s médias obti<strong>da</strong>s nos ganhos de flexibili<strong>da</strong>de. Segun<strong>do</strong> Carvalho, Vieira & Carvalho (2004) o ganho de poucos centímetros são difíceis de alcançar e representam muitas vezes o ficar em vigésimo lugar ou ganhar uma me<strong>da</strong>lha. Contu<strong>do</strong>, não foi possível estabelecer uma correlação entre as variáveis flexibili<strong>da</strong>de e salto, visto que com a realização <strong>do</strong> teste de correlação de Spearman (não paramétrico) não se verificou o pressuposto de lineari<strong>da</strong>de entre elas, o que se poderia dever ao reduzi<strong>do</strong> tamanho amostral deste estu<strong>do</strong>. Os ganhos obti<strong>do</strong>s <strong>na</strong> flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cadeia posterior ficaram a dever-se a diversos factores, entre os quais as proprie<strong>da</strong>des viscoelásticas (Grau, 2003). O comportamento viscoelástico implica uma combi<strong>na</strong>ção de proprie<strong>da</strong>des viscosas, onde a deformação é dependente <strong>da</strong> carga aplica<strong>da</strong>, <strong>do</strong> grau de amplitude e <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des elásticas (Grau 2003; Mélian 2001). Segun<strong>do</strong> alguns estu<strong>do</strong>s que utilizaram o stretching a<strong>na</strong>lítico e o SGA, é possível afirmar que os ganhos de flexibili<strong>da</strong>de influenciam os ganhos de impulsão vertical (Davis et al, 2005 & Lee et al, 1989). Davis et al (2005) consideram que o aumento de alguns centímetros <strong>na</strong> impulsão vertical melhora a performance <strong>do</strong> salto, trazen<strong>do</strong> benefícios ao atleta em situações de jogo, como seja o remate ou o bloco. Também, segun<strong>do</strong> Woolstenhulme, Griffiths, Woolstenhulme, Parcell, (2006) o treino de flexibili<strong>da</strong>de utilizan<strong>do</strong> o alongamento a<strong>na</strong>lítico, nomea<strong>da</strong>mente o alongamento balístico, demonstra aumentar a performance <strong>do</strong> salto vertical. No que diz respeito ao treino de flexibili<strong>da</strong>de recorren<strong>do</strong> ao SGA, Discry & Michel (2002) encontraram ganhos <strong>na</strong> impulsão vertical de cerca de 10,08 cm, num estu<strong>do</strong> com duração de 4 sema<strong>na</strong>s. Os mesmos autores fizeram a comparação entre os treinos de stretching a<strong>na</strong>lítico e de SGA no ganho de impulsão vertical, verifican<strong>do</strong> que esses ganhos foram significativamente superiores nos indivíduos que realizaram o treino de SGA (Discry & Michel 2002). Comparativamente ao trabalho apresenta<strong>do</strong>, o estu<strong>do</strong> realiza<strong>do</strong> por estes autores apresentou resulta<strong>do</strong>s superiores num menor espaço de tempo, no entanto não foi possível confrontar os <strong>do</strong>is estu<strong>do</strong>s, visto que no estu<strong>do</strong> destes autores não foram revela<strong>da</strong>s as características <strong>do</strong>s atletas, nem a periodici<strong>da</strong>de com que foi realiza<strong>do</strong> o treino em estu<strong>do</strong>, dizen<strong>do</strong> ape<strong>na</strong>s que eles não realizavam trabalho específico de flexibili<strong>da</strong>de. Contu<strong>do</strong>, existem estu<strong>do</strong>s contraditórios em relação à influência <strong>da</strong> flexibili<strong>da</strong>de sobre a impulsão vertical. Bradley, Olsen & Portas (2007) e Wallmann, Mercer & McWhorter (2005) realizaram um treino de flexibili<strong>da</strong>de a<strong>na</strong>lítica com o objectivo de verificar se este influenciava a impulsão vertical, e observaram que o treino de flexibili<strong>da</strong>de não teve qualquer efeito sobre a impulsão vertical. Segun<strong>do</strong> os mesmos autores, estes resulta<strong>do</strong>s poderiam dever-se ao facto <strong>do</strong>s estu<strong>do</strong>s terem si<strong>do</strong> transversais, não ten<strong>do</strong> existi<strong>do</strong> um perío<strong>do</strong> de seguimento. Outro <strong>do</strong>s aspectos a referir neste estu<strong>do</strong> é a relação entre a flexibili<strong>da</strong>de e a força. Segun<strong>do</strong> o conceito de flexibili<strong>da</strong>de global, o músculo é um elástico vivo, visto que o material elástico <strong>da</strong>s fibras musculares tem a capaci<strong>da</strong>de de se deformar e manter esses ganhos, entran<strong>do</strong> não só <strong>na</strong> deformi<strong>da</strong>de elástica, mas também <strong>na</strong> deformi<strong>da</strong>de plástica, uma vez que um alongamento realiza<strong>do</strong> num perío<strong>do</strong> mais longo tempo e com uma carga peque<strong>na</strong> leva a maiores ganhos de flexibili<strong>da</strong>de (Grau, 2003). O ganho de flexibili<strong>da</strong>de é importante no aumento <strong>da</strong> força <strong>do</strong> quadricipede, necessária para o salto vertical, visto que durante o salto, deve existir uma razão I/Q de cerca de 60% (Carvalho, Vieira & Carvalho, 2004), o que não acontece se os isquiotibiais estiverem retraí<strong>do</strong>s. Com a retracção <strong>do</strong>s isquiotibiais, essa razão é altera<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> necessária uma maior produção de força pelo quadricipede para realizar o movimento, diminuin<strong>do</strong> a performance <strong>do</strong> salto vertical. (Grau, 2003). Portanto, é mais adequa<strong>do</strong>, primeiro trabalhar a flexibili<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s isquiotibiais, para aumentar o rendimento <strong>do</strong> quadricipede (Grau, 2003). Hunter & Marshall (2002) estu<strong>da</strong>ram esta relação entre a flexibili<strong>da</strong>de e a força e verificaram que o rendimento <strong>do</strong> salto vertical aumentava com o treino de flexibili<strong>da</strong>de. É ain<strong>da</strong> de referir que no treino de flexibili<strong>da</strong>de a<strong>na</strong>lítico, os ganhos de flexibili<strong>da</strong>de iniciais são superiores aos <strong>do</strong> treino de SGA, em que os ganhos são superiores após um perío<strong>do</strong> de a<strong>da</strong>ptação (Discry & Michel 2002; Souchard 2005, 2006). Isto pode deverse ao facto de numa fase mais avança<strong>da</strong> <strong>do</strong> praticante, este já não reagir tão facilmente às cargas simples, como no início de ca<strong>da</strong> uni<strong>da</strong>de de treino, visto que até ao alcance <strong>da</strong>s suas capaci<strong>da</strong>des funcio<strong>na</strong>is os ganhos são muito mais acentua<strong>do</strong>s <strong>do</strong> que após esse limite (Castelo, Barreto, Alves, Santos, Carvalho, Vieira, 1996). Ao longo <strong>da</strong> realização deste estu<strong>do</strong> encontraram-se algumas limitações, tais como a escassez de bibliografia sobre o tema. Ape<strong>na</strong>s foi encontra<strong>do</strong> um estu<strong>do</strong> que utilizasse o SGA como méto<strong>do</strong> de treino para ganho de flexibili<strong>da</strong>de. Outra limitação foi a dificul<strong>da</strong>de em encontrar testes para avaliar exclusivamente a flexibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cadeia posterior, ten<strong>do</strong>-se encontra<strong>do</strong> 15