Eritropoetina Recombinante Humana na Anemia da Prematuridade
Eritropoetina Recombinante Humana na Anemia da Prematuridade
Eritropoetina Recombinante Humana na Anemia da Prematuridade
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
tação normal <strong>da</strong> transição <strong>da</strong> circulação intra-uteri<strong>na</strong> à<br />
forma onde acontece a respiração pulmo<strong>na</strong>r. Porém,<br />
nos RN-PT, a que<strong>da</strong> do hematócrito muitas vezes leva<br />
à necessi<strong>da</strong>de de transfusões sangüíneas, por vezes<br />
repeti<strong>da</strong>s, devido às manifestações clínicas presentes,<br />
sendo rotula<strong>da</strong> como não fisiológica 3 .<br />
Como fatores predisponentes ao desenvolvimento<br />
de anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, além <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l,<br />
cita-se também a veloci<strong>da</strong>de rápi<strong>da</strong> de crescimento<br />
dos RN-PT, onde a eritropoiese não consegue<br />
responder às necessi<strong>da</strong>des do organismo, sendo um<br />
dos motivos a peque<strong>na</strong> resposta <strong>na</strong> produção <strong>da</strong><br />
eritropoieti<strong>na</strong> (EPO), que ain<strong>da</strong> é programa<strong>da</strong> conforme<br />
o ambiente fetal.<br />
O uso <strong>da</strong> eritropoeti<strong>na</strong>, uma vez desenvolvi<strong>da</strong> a<br />
forma recombi<strong>na</strong>nte huma<strong>na</strong>, tem sido motivo de<br />
muitos estudos, ensaios clínicos e protocolos, a fim de<br />
estabelecer o seu uso como roti<strong>na</strong> para prevenção e<br />
tratamento <strong>da</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> tentativa<br />
de minimizar os riscos existentes <strong>da</strong> transfusão<br />
sangüínea e de diminuir a morbi<strong>da</strong>de desta patologia.<br />
<strong>Anemia</strong> <strong>da</strong> Prematuri<strong>da</strong>de<br />
Eritropoese no Feto e no Recém-Nascido<br />
Sabe-se que o volume sangüíneo feto-placentário é<br />
de 115 a 125 ml/kg de peso corpóreo e que aumenta<br />
acompanhando o rápido crescimento fetal. O<br />
hematócrito fetal eleva-se de cerca de 40% antes de 28<br />
sema<strong>na</strong>s de i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l para 50% ao termo;<br />
desta forma, a massa de cédulas vermelhas quadruplica<br />
nos últimos três meses de gestação 37 .<br />
A eritropoese fetal inicia-se no saco amniótico com<br />
cerca de 14 dias de gestação e se mantém, neste local,<br />
até os 2 meses, com a produção de eritrocitos<br />
macrocíticos e nucleados. A eritropoese fetal típica<br />
ocorre primariamente no fígado e secun<strong>da</strong>riamente no<br />
baço, entre 6 a 8 sema<strong>na</strong>s de gestação, e é também<br />
encontra<strong>da</strong> no timo. Durante o segundo trimestre, a<br />
eritropoese hepática diminui e há o aumento desta<br />
ativi<strong>da</strong>de em medula óssea. A partir de 30 sema<strong>na</strong>s,<br />
to<strong>da</strong>s as cavi<strong>da</strong>des ósseas são preenchi<strong>da</strong>s por medula<br />
óssea. Ao termo, praticamente to<strong>da</strong> a eritropoese<br />
ocorre no osso.<br />
Quando é atingi<strong>da</strong> a maturi<strong>da</strong>de, são descritos três<br />
progenitores eritróides: as Uni<strong>da</strong>des Formadoras de<br />
burst Eritróides (BFU-E) primitivos e maduros e as<br />
Uni<strong>da</strong>des Formadoras de Colônias Eritróides (CFU-E).<br />
As BFU-E primitivas têm capaci<strong>da</strong>de proliferativa<br />
intensa e são dependentes de grande quanti<strong>da</strong>de de<br />
eritropoieti<strong>na</strong> in vitro. O grau no qual as BFU-E primitivas<br />
requerem eritropoeti<strong>na</strong> in vivo ain<strong>da</strong> é<br />
desconhecido, uma vez que não é possível, muitas<br />
vezes, realizar-se um estudo muito extenso nos RNPT<br />
com anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, devido ao grau de<br />
hipóxia que apresentam ou devido à hipertransfusão,<br />
pois estes são potentes moduladores do nível de eritropoeti<strong>na</strong>,<br />
alterando, assim, a proliferação dos progenitores<br />
eritróides. Enquanto as BFU-E amadurecem<br />
e se diferenciam, suas capaci<strong>da</strong>des proliferativas<br />
diminuem e as suas sensibili<strong>da</strong>des à eritropoieti<strong>na</strong><br />
aumentam, atingindo valores cerca de 2 a 4,4 vezes<br />
maiores do que as do RN-PT sem anemia e as do adulto,<br />
respectivamente 12 . Inicialmente, as BFU-E são também<br />
responsáveis a um grupo de fatores de crescimento<br />
hematopoético denomi<strong>na</strong>do Ativi<strong>da</strong>de promotora<br />
de burst (BPA), que inclui a interleuci<strong>na</strong>-3 (estimula<br />
uma multilinhagem de células), fator estimulador<br />
<strong>da</strong> colônia granulócito-macrófago (GM-CSF), que<br />
estimula a stem cell pluripotente e as linhagens granulocítica<br />
e macrofágica, e a interleuci<strong>na</strong>-6, cuja ativi<strong>da</strong>de<br />
é dependente dos outros fatores, estimulando<br />
principalmente a stem cell 15>32 .<br />
As CFU-E não possuem grande capaci<strong>da</strong>de proliferativa<br />
e são dependentes obrigatoriamente <strong>da</strong> eritropoeti<strong>na</strong>.<br />
Após uma a duas divisões, tor<strong>na</strong>m-se pronormoblastos,<br />
também conhecidos como eritrocitos primitivos.<br />
Exceto a eritropoiese que ocorre no saco amniótico,<br />
este processo é primariamente controla<strong>da</strong> pela<br />
eritropoieti<strong>na</strong> durante o período fetal, particularmente<br />
<strong>na</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> gestação. Os níveis de<br />
eritropoieti<strong>na</strong> aumentam gradualmente durante o terceiro<br />
trimestre como forma de desenvolvimento regulado.<br />
Este aumento, paralelamente à elevação do<br />
hematócrito, decorre <strong>da</strong> maior necessi<strong>da</strong>de de<br />
oxigênio do feto em crescimento num ambiente intrauterino<br />
relativamente hipóxico. A alta afini<strong>da</strong>de pelo<br />
oxigênio (curva de dissociação de O2 desvia<strong>da</strong> para a<br />
esquer<strong>da</strong>) do sangue fetal é, teoricamente, uma vantagem,<br />
num ambiente onde a mais alta pressão parcial<br />
de O2 no sangue (veia umbilical) é de 40 torr 37 . Esta<br />
característica pode dificultar a utilização de O2 pelos<br />
tecidos fetais em desenvolvimento. Existe, também,<br />
uma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> produção de hemoglobi<strong>na</strong>, de F para<br />
A, no fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> gestação; sendo que, ao termo, 80% <strong>da</strong><br />
hemoglobi<strong>na</strong> circulante é do tipo F, mas 50% <strong>da</strong> hemoglobi<strong>na</strong><br />
que está sendo sintetiza<strong>da</strong> é do tipo A. A<br />
eritropoieti<strong>na</strong> provavelmente não atravessa a placenta,<br />
e a sua produção parece ser controla<strong>da</strong> pelo feto e