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Eritropoetina Recombinante Humana na Anemia da Prematuridade

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<strong>Eritropoeti<strong>na</strong></strong> <strong>Recombi<strong>na</strong>nte</strong> <strong>Huma<strong>na</strong></strong> <strong>na</strong> <strong>Anemia</strong><br />

<strong>da</strong> Prematuri<strong>da</strong>de<br />

Recombi<strong>na</strong>nt Human Erythropoietin in The <strong>Anemia</strong> of Prematurity<br />

Chang Yin Chia 1 , Clea Rodrigues Leone 2<br />

Berçário Anexo à Materni<strong>da</strong>de<br />

Discipli<strong>na</strong> de Neo<strong>na</strong>tologia, Departamento de Pediatria<br />

Instituto <strong>da</strong> Criança "Prof. Pedro de Alcântara"<br />

HC-FMUSP<br />

Unitermos: Eritropoieti<strong>na</strong> <strong>Recombi<strong>na</strong>nte</strong> <strong>Huma<strong>na</strong></strong>; <strong>Anemia</strong> <strong>da</strong> Prematuri<strong>da</strong>de; Eritropoieti<strong>na</strong>; Epo; RHEPO; RHUEPO<br />

Keywords: Recombi<strong>na</strong>nt Human Erythropoiietin; <strong>Anemia</strong> of Prematurity; Erythropoietin; Epo; RHEPO; RHUEPO<br />

RESUMO:<br />

A anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de é uma enti<strong>da</strong>de clínica<br />

frequentemente encontra<strong>da</strong> em berçários de<br />

alto risco. O aumento <strong>da</strong> sua incidência é decorrente<br />

<strong>da</strong> melhoria nos cui<strong>da</strong>dos neo<strong>na</strong>tais com<br />

consequente aumento <strong>da</strong> sobrevi<strong>da</strong> dos recém<strong>na</strong>scidos<br />

pré-termo (RN-PT) e de muito baixo<br />

peso. A sua apresentação e/ou manifestações<br />

clínicas, muitas vezes, levam a inter<strong>na</strong>ções prolonga<strong>da</strong>s<br />

com tratamentos onerosos, cuja eficácia<br />

ain<strong>da</strong> é discuti<strong>da</strong>. Com o enfoque <strong>na</strong> fisiopatologia<br />

<strong>da</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, é apresentado<br />

uma revisão <strong>da</strong> literatura recente sobre este<br />

assunto, as propostas de tratamento e, particularmente,<br />

a respeito do novo tratamento utilizandose<br />

a eritropoieti<strong>na</strong> recombi<strong>na</strong>nte huma<strong>na</strong><br />

(rhEPO). Discute-se, com detalhes, a sua indicação,<br />

basea<strong>da</strong> em todos os estudos clínicos realizados<br />

com o uso <strong>da</strong> rhEPO <strong>na</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de<br />

até o momento.<br />

Introdução<br />

A anemia é uma enti<strong>da</strong>de clínica freqüentemente<br />

encontra<strong>da</strong> em recém-<strong>na</strong>scidos pré-termo (RN-PT)<br />

submetidos a cui<strong>da</strong>dos intensivos. O aumento <strong>da</strong> sua<br />

incidência é uma decorrência do aumento de sobrevi<strong>da</strong><br />

destes RN devido ao aperfeiçoamento dos cui<strong>da</strong>dos<br />

neo<strong>na</strong>tais. Duas formas de anemia são identifica<strong>da</strong>s<br />

nestas crianças. A mais precoce, que ocorre <strong>na</strong>s duas<br />

primeiras sema<strong>na</strong>s de vi<strong>da</strong>, decorre principalmente <strong>da</strong><br />

espoliação causa<strong>da</strong> pela coleta de sangue para exames<br />

laboratoriais. Nestas crianças, a transfusão de sangue<br />

se faz necessária precocemente devido à necessi<strong>da</strong>de<br />

de manter a oferta de oxigênio aos tecidos. SHANNON<br />

relata que, em 20 crianças de admissões consecutivas,<br />

sobreviventes de uma UTI neo<strong>na</strong>tal, o volume médio<br />

de sangue retirado <strong>na</strong> primeira sema<strong>na</strong> de vi<strong>da</strong> foi de<br />

cerca de 38,9 ml, o que corresponde a uma percentagem<br />

considerável do volume circulatório delas 42 . Este<br />

volume, mesmo se utilizando técnicas de microanálise<br />

alia<strong>da</strong>s a indicações precisas, pode ser reduzido<br />

em muito pouco. Muitas vezes, estas crianças<br />

recebem mais de uma transfusão, podendo o volume<br />

fi<strong>na</strong>l exceder o seu volume circulatório.<br />

Uma forma mais tardia de anemia, que se desenvolve<br />

a partir <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> sema<strong>na</strong> de vi<strong>da</strong>, principalmente<br />

entre 4 a 12 sema<strong>na</strong>s, sendo mais precoce<br />

quanto menor a i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l, é a denomi<strong>na</strong><strong>da</strong><br />

anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de. O seu mecanismo é semelhante<br />

à que ocorre <strong>na</strong>s crianças de termo; existe um<br />

gradual decréscimo <strong>na</strong> concentração de hemoglobi<strong>na</strong><br />

até por volta de 8 a 12 sema<strong>na</strong>s de vi<strong>da</strong>, após o qual,<br />

mantém-se estável e novamente se eleva. Uma vez que<br />

a concentração de hemoglobi<strong>na</strong> do cordão não varia<br />

entre RN-PT e RN de termo (RN-T), a diferença está <strong>na</strong><br />

magnitude <strong>da</strong> que<strong>da</strong>, sendo que o seu <strong>na</strong>dir é inversamente<br />

proporcio<strong>na</strong>l à i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l. O processo<br />

é auto-limitado. Assim, em crianças de termo, está anemia<br />

é considera<strong>da</strong> fisiológica, já que não ocorrem<br />

manifestações clínicas, fazendo parte de uma a<strong>da</strong>p-<br />

1 - Médica Assistente Bolsista do Berçário Anexo à Materni<strong>da</strong>de - HC<br />

2 - Prof a Livre Docente em Pediatria do Departamento de Pediatria <strong>da</strong> FMUSP<br />

Médica Chefe do Berçário Anexo à Materni<strong>da</strong>de - HC - FMUSP


tação normal <strong>da</strong> transição <strong>da</strong> circulação intra-uteri<strong>na</strong> à<br />

forma onde acontece a respiração pulmo<strong>na</strong>r. Porém,<br />

nos RN-PT, a que<strong>da</strong> do hematócrito muitas vezes leva<br />

à necessi<strong>da</strong>de de transfusões sangüíneas, por vezes<br />

repeti<strong>da</strong>s, devido às manifestações clínicas presentes,<br />

sendo rotula<strong>da</strong> como não fisiológica 3 .<br />

Como fatores predisponentes ao desenvolvimento<br />

de anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, além <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l,<br />

cita-se também a veloci<strong>da</strong>de rápi<strong>da</strong> de crescimento<br />

dos RN-PT, onde a eritropoiese não consegue<br />

responder às necessi<strong>da</strong>des do organismo, sendo um<br />

dos motivos a peque<strong>na</strong> resposta <strong>na</strong> produção <strong>da</strong><br />

eritropoieti<strong>na</strong> (EPO), que ain<strong>da</strong> é programa<strong>da</strong> conforme<br />

o ambiente fetal.<br />

O uso <strong>da</strong> eritropoeti<strong>na</strong>, uma vez desenvolvi<strong>da</strong> a<br />

forma recombi<strong>na</strong>nte huma<strong>na</strong>, tem sido motivo de<br />

muitos estudos, ensaios clínicos e protocolos, a fim de<br />

estabelecer o seu uso como roti<strong>na</strong> para prevenção e<br />

tratamento <strong>da</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, <strong>na</strong> tentativa<br />

de minimizar os riscos existentes <strong>da</strong> transfusão<br />

sangüínea e de diminuir a morbi<strong>da</strong>de desta patologia.<br />

<strong>Anemia</strong> <strong>da</strong> Prematuri<strong>da</strong>de<br />

Eritropoese no Feto e no Recém-Nascido<br />

Sabe-se que o volume sangüíneo feto-placentário é<br />

de 115 a 125 ml/kg de peso corpóreo e que aumenta<br />

acompanhando o rápido crescimento fetal. O<br />

hematócrito fetal eleva-se de cerca de 40% antes de 28<br />

sema<strong>na</strong>s de i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l para 50% ao termo;<br />

desta forma, a massa de cédulas vermelhas quadruplica<br />

nos últimos três meses de gestação 37 .<br />

A eritropoese fetal inicia-se no saco amniótico com<br />

cerca de 14 dias de gestação e se mantém, neste local,<br />

até os 2 meses, com a produção de eritrocitos<br />

macrocíticos e nucleados. A eritropoese fetal típica<br />

ocorre primariamente no fígado e secun<strong>da</strong>riamente no<br />

baço, entre 6 a 8 sema<strong>na</strong>s de gestação, e é também<br />

encontra<strong>da</strong> no timo. Durante o segundo trimestre, a<br />

eritropoese hepática diminui e há o aumento desta<br />

ativi<strong>da</strong>de em medula óssea. A partir de 30 sema<strong>na</strong>s,<br />

to<strong>da</strong>s as cavi<strong>da</strong>des ósseas são preenchi<strong>da</strong>s por medula<br />

óssea. Ao termo, praticamente to<strong>da</strong> a eritropoese<br />

ocorre no osso.<br />

Quando é atingi<strong>da</strong> a maturi<strong>da</strong>de, são descritos três<br />

progenitores eritróides: as Uni<strong>da</strong>des Formadoras de<br />

burst Eritróides (BFU-E) primitivos e maduros e as<br />

Uni<strong>da</strong>des Formadoras de Colônias Eritróides (CFU-E).<br />

As BFU-E primitivas têm capaci<strong>da</strong>de proliferativa<br />

intensa e são dependentes de grande quanti<strong>da</strong>de de<br />

eritropoieti<strong>na</strong> in vitro. O grau no qual as BFU-E primitivas<br />

requerem eritropoeti<strong>na</strong> in vivo ain<strong>da</strong> é<br />

desconhecido, uma vez que não é possível, muitas<br />

vezes, realizar-se um estudo muito extenso nos RNPT<br />

com anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, devido ao grau de<br />

hipóxia que apresentam ou devido à hipertransfusão,<br />

pois estes são potentes moduladores do nível de eritropoeti<strong>na</strong>,<br />

alterando, assim, a proliferação dos progenitores<br />

eritróides. Enquanto as BFU-E amadurecem<br />

e se diferenciam, suas capaci<strong>da</strong>des proliferativas<br />

diminuem e as suas sensibili<strong>da</strong>des à eritropoieti<strong>na</strong><br />

aumentam, atingindo valores cerca de 2 a 4,4 vezes<br />

maiores do que as do RN-PT sem anemia e as do adulto,<br />

respectivamente 12 . Inicialmente, as BFU-E são também<br />

responsáveis a um grupo de fatores de crescimento<br />

hematopoético denomi<strong>na</strong>do Ativi<strong>da</strong>de promotora<br />

de burst (BPA), que inclui a interleuci<strong>na</strong>-3 (estimula<br />

uma multilinhagem de células), fator estimulador<br />

<strong>da</strong> colônia granulócito-macrófago (GM-CSF), que<br />

estimula a stem cell pluripotente e as linhagens granulocítica<br />

e macrofágica, e a interleuci<strong>na</strong>-6, cuja ativi<strong>da</strong>de<br />

é dependente dos outros fatores, estimulando<br />

principalmente a stem cell 15>32 .<br />

As CFU-E não possuem grande capaci<strong>da</strong>de proliferativa<br />

e são dependentes obrigatoriamente <strong>da</strong> eritropoeti<strong>na</strong>.<br />

Após uma a duas divisões, tor<strong>na</strong>m-se pronormoblastos,<br />

também conhecidos como eritrocitos primitivos.<br />

Exceto a eritropoiese que ocorre no saco amniótico,<br />

este processo é primariamente controla<strong>da</strong> pela<br />

eritropoieti<strong>na</strong> durante o período fetal, particularmente<br />

<strong>na</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>da</strong> gestação. Os níveis de<br />

eritropoieti<strong>na</strong> aumentam gradualmente durante o terceiro<br />

trimestre como forma de desenvolvimento regulado.<br />

Este aumento, paralelamente à elevação do<br />

hematócrito, decorre <strong>da</strong> maior necessi<strong>da</strong>de de<br />

oxigênio do feto em crescimento num ambiente intrauterino<br />

relativamente hipóxico. A alta afini<strong>da</strong>de pelo<br />

oxigênio (curva de dissociação de O2 desvia<strong>da</strong> para a<br />

esquer<strong>da</strong>) do sangue fetal é, teoricamente, uma vantagem,<br />

num ambiente onde a mais alta pressão parcial<br />

de O2 no sangue (veia umbilical) é de 40 torr 37 . Esta<br />

característica pode dificultar a utilização de O2 pelos<br />

tecidos fetais em desenvolvimento. Existe, também,<br />

uma mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> produção de hemoglobi<strong>na</strong>, de F para<br />

A, no fi<strong>na</strong>l <strong>da</strong> gestação; sendo que, ao termo, 80% <strong>da</strong><br />

hemoglobi<strong>na</strong> circulante é do tipo F, mas 50% <strong>da</strong> hemoglobi<strong>na</strong><br />

que está sendo sintetiza<strong>da</strong> é do tipo A. A<br />

eritropoieti<strong>na</strong> provavelmente não atravessa a placenta,<br />

e a sua produção parece ser controla<strong>da</strong> pelo feto e


não pela mãe. O feto é capaz de aumentar a produção<br />

de eritropoeti<strong>na</strong> frente a pequeños estímulos de<br />

hipóxia, diferentemente do adulto; além disso, as células<br />

progenitoras fetais e do recém-<strong>na</strong>scido são mais<br />

responsivas à eritropoeti<strong>na</strong> e estão em maior número<br />

ao <strong>na</strong>scimento do que no adulto 16 .<br />

Ao <strong>na</strong>scimento, pode ocorrer uma transfusão placento-fetal<br />

de cerca de 10 a 15 ml/kg, quando o<br />

cordão é clampeado após 20 a 30 segundos no parto<br />

vagi<strong>na</strong>l; com o parto cesareano, esta transfusão não<br />

ocorre 37 .<br />

Definição<br />

A anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de é uma condição que<br />

ocorre em RN-PT, decorrente <strong>da</strong> que<strong>da</strong> gradual do<br />

hematócrito a partir <strong>da</strong> quarta sema<strong>na</strong> de vi<strong>da</strong> até por<br />

volta de 8 a 12 sema<strong>na</strong>s, e é caracteriza<strong>da</strong> por<br />

hematócrito ou concentração de hemoglobi<strong>na</strong> abaixo<br />

<strong>da</strong>queles esperados para a i<strong>da</strong>de, acompanhados de<br />

reticulocitopenia, hipoplasia de medula óssea e baixo<br />

nível de eritropoieti<strong>na</strong> em relação à intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

anemia. Sua forma de apresentação é normocrômica e<br />

normocítica. É um processo auto-limitado e sua intensi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> que<strong>da</strong> é inversamente proporcio<strong>na</strong>l à i<strong>da</strong>de<br />

gestacio<strong>na</strong>l 15 ' 16 ' 11 ' 20 ' 35 .<br />

Fisiopatologia<br />

A maioria dos RN-PT, principalmente aqueles de<br />

muito baixo peso(46 . Vários<br />

estudos revelaram que o nível de eritropoieti<strong>na</strong><br />

em RN-PT não transfundidos cai por volta de 4 a 12<br />

sema<strong>na</strong>s de vi<strong>da</strong>, enquanto paralelamente ocorre a<br />

redução do hematócrito 36 . E também, o nível de eritropoeti<strong>na</strong><br />

aumenta com a i<strong>da</strong>de pós-conceptual ,<br />

sendo quase indetectável ao <strong>na</strong>scimento <strong>na</strong>queles RN-<br />

PT extremo 07 ' 16 . Comparando-se esta forma de anemia<br />

àquelas que ocorrem <strong>na</strong> aplasia medular seletiva <strong>da</strong><br />

série vermelha, leucemias ou mesmo em adultos normais,<br />

verificou-se que o nível de eritropoeti<strong>na</strong> em RN-<br />

PT não transfundidos é i<strong>na</strong>dequa<strong>da</strong>mente mais baixo<br />

que o esperado para o grau de anemia detectado. E<br />

que o nível de resposta <strong>da</strong> eritropoieti<strong>na</strong> é inversamente<br />

proporcio<strong>na</strong>l à tensão de oxigênio venoso central<br />

54 . Em conseqüência disso, os RNPT desenvolvem<br />

anemia com reticulocitopenia e hipoplasia medular 16 .<br />

A partir deste achado, foi necessário determi<strong>na</strong>r se<br />

os precursores eritrocitários nestes RN seriam capazes<br />

de responder à eritropoeti<strong>na</strong>. Usando ensaios in vitro<br />

com eritropoieti<strong>na</strong> recombi<strong>na</strong>nte huma<strong>na</strong> (rhEPO),<br />

dois autores encontraram resultados concor<strong>da</strong>ntes:<br />

SHANNON em 1987 concluiu que os progenitores<br />

eritróides estavam presentes no sangue periférico dos<br />

RN com anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de e que estes apresentavam<br />

resposta intrínseca à EPO normal 41 . RHON-<br />

DEAU, em 1988, encontrou resultado semelhante em<br />

células do aspirado de medula óssea 39 . Mais tarde,<br />

EMMERSON, em 1991, demonstrou a presença de precursores<br />

eritróides circulantes e que estes apresentavam<br />

resposta intrínseca mais intensa a baixas doses<br />

de EPO e, pelo menos, a mesma resposta a doses<br />

maiores, compara<strong>da</strong>s àquelas apresenta<strong>da</strong>s por RN<br />

não anêmicos e adultos 13 .<br />

Várias hipóteses foram levanta<strong>da</strong>s para explicar o<br />

baixo nível de EPO encontrado <strong>na</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de.<br />

Uma delas é a de que existe uma falha <strong>na</strong><br />

transição <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> eritropoieti<strong>na</strong> do nível hepático<br />

para os rins, sugerido por ZANJANI em 1980;<br />

além disso, DALLMAN mostrou, em 1984, que a produção<br />

de EPO é menos sensível à hipóxia a nível hepático<br />

em comparação com a produção re<strong>na</strong>l 10 . Estas<br />

observações são confirma<strong>da</strong>s por OHLS em 1994, sugerindo<br />

também uma possível imaturi<strong>da</strong>de dos sensores<br />

de oxigênio re<strong>na</strong>is 35 . SCHUSTER, em 1987, sugere<br />

como mecanismo de resposta <strong>da</strong> produção de<br />

EPO frente ao estímulo hipóxico, a síntese de novo<br />

regula<strong>da</strong> pela mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de RNA mensageiro<br />

específico; e o sítio desta síntese localizar-se-ia<br />

<strong>na</strong> região dos túbulos re<strong>na</strong>is e seu interstício, mas não<br />

nos tufos glomerulares 40 .<br />

Outros sugerem que a baixa concentração de EPO<br />

encontra<strong>da</strong> nos RN-PT seja devido à sua farma-


cocinética peculiar. Usando um modelo animal, WID-<br />

NESS e col. especulam que a rápi<strong>da</strong> elimi<strong>na</strong>ção e o<br />

grande volume de distribuição <strong>da</strong> EPO nos RN-PT<br />

levariam ao baixo nível sérico encontrado, não<br />

estando relacio<strong>na</strong>do a uma diminuição de sua produção<br />

57 ; sendo o mesmo postulado sugerido por outros<br />

trabalhos 42 ' 24 . Mais tarde, estes achados teriam<br />

implicações no uso clínico <strong>da</strong> rhEPO 06 .<br />

Quanto aos fatores <strong>da</strong> BPA, observou-se resposta<br />

normal dos precursores eritróides neo<strong>na</strong>tais in vitro-,<br />

porém a expressão de muitos produtos genéticos<br />

responsáveis pela BPA parecem estar diminuidos nos<br />

RN-PT, podendo ser este um dos fatores responsáveis<br />

pela anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de 32 .<br />

Tem sido também proposto um desenvolvimento<br />

controlado tipo down regulation entre a eritropoeti<strong>na</strong>,<br />

seu receptor, sensores de oxigênio e outros genes de<br />

fatores de crescimento eritropoiéticos, <strong>na</strong> gênese <strong>da</strong><br />

anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de 16 .<br />

Os fatores nutricio<strong>na</strong>is, tais como: ferro, vitami<strong>na</strong><br />

E, ácido fólico e proteí<strong>na</strong>s também teriam o seu papel;<br />

porém a sua suplementação logo após o <strong>na</strong>scimento<br />

não previne o aparecimento desta patologia.<br />

Recentemente, KIVIVUORI e col, investigaram RN de<br />

muito baixo peso, dividindo os grupos em adequados<br />

para a i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l (AIG) e pequenos para a<br />

i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l (PIG), encontrando o mesmo nível<br />

de EPO nos dois grupos; o grupo de AIG tinha maior<br />

concentração de pré-albumi<strong>na</strong> entre 3 a 6 sema<strong>na</strong>s de<br />

i<strong>da</strong>de e, neste mesmo grupo, foi encontrado maior<br />

volume eritrocitário circulante 23 .<br />

A transfusão precoce de RN criticamente doentes<br />

leva à substituição <strong>da</strong> hemoglobi<strong>na</strong> fetal (HbF) pela do<br />

tipo adulto (HbA), que transporta oxigênio aos tecidos<br />

mais prontamente que aquela, diminuindo o estímulo<br />

para a produção <strong>da</strong> EPO 39 .<br />

Outros fatores são implicados <strong>na</strong> deman<strong>da</strong> adicio<strong>na</strong>l<br />

<strong>da</strong> eritropoiese: o crescimento rápido destes RN<br />

e a menor vi<strong>da</strong> média (70 dias) dos eritrocitos<br />

neo<strong>na</strong>tais em relação ao do adolescente e adulto.<br />

Propostas de Tratamento<br />

A anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de é uma <strong>da</strong>s manifestações<br />

do processo dinâmico do crescimento e desenvolvimento<br />

do recém-<strong>na</strong>scido. Apesar <strong>da</strong> severi<strong>da</strong>de e<br />

conseqüências clínicas, o seu processo é auto-limitado<br />

e, talvez, o aumento arbitrário do hematócrito possa<br />

não ser benéfico. Além dos riscos conhecidos <strong>da</strong> transfusão,<br />

a elevação do hematócrito pode suprimir a síntese<br />

de EPO, agravando ou alterando o curso <strong>na</strong>tural<br />

deste processo. Os sintomas que podem ocorrer<br />

decorrentes desta patologia são: apnéia, bradicardia,<br />

letargia, taquicardia e taquipnéia, intolerância alimentar,<br />

per<strong>da</strong> ou não ganho de peso.<br />

Vários tratamentos são citados <strong>na</strong> literatura, entre<br />

eles, a transfusão de concentrado de hemácias, uso de<br />

fatores estimuladores <strong>da</strong> eritropoiese, como a interleuci<strong>na</strong>-3,<br />

GM-CSF, fator de crescimento de stem cell e<br />

a própria EPO. A suplementação precoce de nutrientes,<br />

como ferro, vitami<strong>na</strong> E e proteí<strong>na</strong>s também têm<br />

sido propostos.<br />

O uso de estimuladores <strong>da</strong> eritropoiese ain<strong>da</strong> não<br />

é uma prática rotineira, não ape<strong>na</strong>s devido à sua<br />

peque<strong>na</strong> disponibili<strong>da</strong>de, como também, devido a<br />

muitas dúvi<strong>da</strong>s a respeito <strong>da</strong> sua eficácia e segurança<br />

do seu uso.<br />

A transfusão de concentrado de hemácias, apesar<br />

do seu uso rotineiro no tratamento <strong>da</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de,<br />

tem sua indicação ain<strong>da</strong> controversa e<br />

mal-defini<strong>da</strong>. O melhor índice para se prever o aparecimento<br />

de sintomas ain<strong>da</strong> é o cálculo do oxigênio<br />

disponível. Desta forma, são cita<strong>da</strong>s como indicações<br />

para a transfusão: o aparecimento de sintomas,<br />

aumento do nível de lactato em RNPT com hematócrito<br />

abaixo de 30% 10 e o baixo índice de oxigênio<br />

disponível (


O objetivo deste tratamento ain<strong>da</strong> é uma questão<br />

a se discutir; talvez, de diminuir o número de transfusões,<br />

ou de melhorar o crescimento e minimizar as<br />

manifestações clínicas ou, então, de diminuir os dias<br />

de inter<strong>na</strong>ção. Alguns autores consideram que a<br />

eritropoieti<strong>na</strong> recombi<strong>na</strong>nte huma<strong>na</strong> (rhEPO) constitui<br />

um tratamento relativamente seguro, com uma eficácia<br />

boa e mais barato quando comparado ao uso de transfusões<br />

sangüíneas, levando-se em conta que o período<br />

necessário de uso é curto, pois a patologia é autolimita<strong>da</strong><br />

e a dose é relativamente peque<strong>na</strong> 49 ' 20 - 11 , outros;<br />

já não o consideram tão barato, tendo em consideração<br />

os recursos do meio em que o tratamento é<br />

feito 31 .<br />

Eritropoieti<strong>na</strong> e a sua<br />

Forma <strong>Recombi<strong>na</strong>nte</strong> <strong>Huma<strong>na</strong></strong><br />

Biologia<br />

A eritropoieti<strong>na</strong> é um hormônio glicoprotéico de<br />

34 kD, cujo estudo inicialmente era dificultado pela<br />

sua escassez. Isto foi possível a partir de 1977, quando<br />

MIYAKE e col. purificaram o hormônio em uri<strong>na</strong> de<br />

indivíduos com anemia aplástica. À seguir, com o<br />

sequenciamento parcial dos aminoácidos <strong>da</strong> EPO<br />

uri<strong>na</strong>ria, foi possível a identificação e clo<strong>na</strong>gem do<br />

genoma do DNA humano responsável pela sua produção.<br />

O gene clo<strong>na</strong>do foi expresso em células de<br />

ovarios de hamsters chineses, permitindo a síntese de<br />

quanti<strong>da</strong>des em massa, possibilitando o seu estudo.<br />

O sítio primário <strong>da</strong> produção deste hormônio <strong>na</strong><br />

vi<strong>da</strong> fetal são os macrófagos hepáticos; a partir do terceiro<br />

trimestre, ocorre uma transferência desta síntese<br />

para as células peritubulares re<strong>na</strong>is. Este processo<br />

parece ser geneticamente determi<strong>na</strong>do.<br />

Aparentemente, o fígado tem uma sensibili<strong>da</strong>de à<br />

hipóxia diminui<strong>da</strong>, através <strong>da</strong> comparação <strong>da</strong>s quanti<strong>da</strong>des<br />

de eritropoieti<strong>na</strong> produzi<strong>da</strong>s entre ele e os rins,<br />

sendo ape<strong>na</strong>s 10% <strong>da</strong> produção re<strong>na</strong>l mediante o<br />

mesmo estímulo hipóxico. Além disso, o fígado requer<br />

maior tempo de exposição ao estímulo. Este fato tem<br />

o seu papel em evitar a policitemia e os seus efeitos<br />

deletéricos <strong>na</strong> vi<strong>da</strong> intrauteri<strong>na</strong>, e pode ser explicado<br />

através <strong>da</strong> circulação. No feto, o sangue oxige<strong>na</strong>do <strong>da</strong><br />

placenta chega via veia umbilical ao fígado e grande<br />

parte dele viaja através do dueto venoso direto para o<br />

coração. Ao fi<strong>na</strong>l do terceiro trimestre, o dueto venoso<br />

tor<strong>na</strong>-se estreito e, como conseqüência, há um aumento<br />

<strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de de oxigênio que chega ao fígado.<br />

Esta constricção do dueto venoso correlacio<strong>na</strong>-se temporariamente<br />

com a transferência do sítio de produção<br />

<strong>da</strong> eritropoieti<strong>na</strong> do fígado aos rins. Após o <strong>na</strong>scimento,<br />

o fluxo placentário cessa e fecha o dueto venoso;<br />

desta forma, o sangue hepático é suprido pela artéria<br />

hepática e veia porta, com peque<strong>na</strong> concentração de<br />

oxigênio; enquanto isso, há um aumento do volume e<br />

concentração sangüínea de oxigênio para os rins.<br />

Não existem estoques pré-fabricados de eritropoieti<strong>na</strong>.<br />

A sua resposta relacio<strong>na</strong>-se diretamente ao grau<br />

de hipóxia que o organismo experimenta, levando à<br />

produção de novo de RNA mensageiro específico.<br />

O mecanismo exato <strong>da</strong> ação do sensor de oxigênio<br />

ain<strong>da</strong> não é claro. Uma proteí<strong>na</strong> contendo o grupo<br />

heme é exposto <strong>na</strong> superfície <strong>da</strong>s células produtoras<br />

de EPO e é sensível às mu<strong>da</strong>nças de tensão de<br />

oxigênio.<br />

Após a sua secreção, a EPO liga-se à superfície de<br />

células progenitoras eritróides, estimulando a sua proliferação<br />

e diferenciação. Dois tipos de receptores,<br />

pelo menos, são citados <strong>na</strong>s células alvo 01 . A responsivi<strong>da</strong>de<br />

celular à EPO relacio<strong>na</strong>-se ao número de<br />

receptores expostos. O efeito intracelular após a ligação<br />

hormônio-receptor é desconhecido, estando em<br />

investigação a existência de segundos mensageiros.<br />

Alguns autores postulam a influência <strong>da</strong> variação do<br />

cálcio intracelular como mediador <strong>da</strong> ação <strong>da</strong> EPO nos<br />

precursores eritróides 01 .<br />

A EPO regula a veloci<strong>da</strong>de de produção de células<br />

vermelhas pela medula óssea, o tempo de sua resposta<br />

frente ao estímulo hipóxico é de cerca de um dia; a<br />

partir de então, existe um intervalo de uma sema<strong>na</strong><br />

para a maturação dos precursores eritróides, levando<br />

ao aumento do hematócrito. Em condições basais, a<br />

sua concentração é de 10 a 20 mU/ml em crianças<br />

saudáveis, e é responsável pela reposição de 1% do<br />

volume de células vermelhas circulantes, que é elimi<strong>na</strong>do<br />

diariamente pelo sistema retículo-endotelial 11 .<br />

Usos Clínicos <strong>da</strong> rhEPO<br />

Além <strong>da</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de, outras indicações<br />

para o uso <strong>da</strong> rhEPO são descritas.<br />

O primeiro teste foi realizado em 1987 com adultos<br />

portadores de doença re<strong>na</strong>l termi<strong>na</strong>l. Nestes<br />

pacientes, que eram submetidos a hemodiálise, foi<br />

elimi<strong>na</strong><strong>da</strong> a necessi<strong>da</strong>de de transfusão e houve melhora<br />

<strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>. A veloci<strong>da</strong>de de resposta<br />

do hematócrito foi dose dependente, tor<strong>na</strong>ndo-se<br />

estável após uma sema<strong>na</strong> de administração. Outro<br />

efeito benéfico encontrado foi a redução <strong>da</strong> sobrecar-


ga de ferro acarretado pela politransfusão 11 .<br />

Ensaios clínicos realizados após estes primeiros<br />

achados também obtiveram resultados satisfatórios.<br />

Dentre os efeitos colaterais encontrados, cita-se: deficiência<br />

de ferro devido ao seu gasto acelerado podendo<br />

levar a anemia rebote (sendo um dos motivos de<br />

eficácia relativa em alguns estudos), hipertensão arterial<br />

(conseqüente à policitemia ou, talvez, fosse uma<br />

condição pré-existente nesses pacientes re<strong>na</strong>is), convulsões<br />

(geralmente precoce), hipercalemia e hiperfosfatemia.<br />

Em 1989, a Natio<strong>na</strong>l Kidney Foun<strong>da</strong>tion recomendou<br />

o uso rotineiro <strong>da</strong> rhEPO no tratamento <strong>da</strong> anemia<br />

devido a doença re<strong>na</strong>l crônica, com a ressalva <strong>da</strong><br />

necessi<strong>da</strong>de de se monitorizar os níveis de ferro séricos<br />

e fazer uma suplementação adequa<strong>da</strong> 11 .<br />

Os ensaios em pacientes pediátricos são mais<br />

escassos devido à opção em primeiro lugar do transplante<br />

re<strong>na</strong>l como tratamento definitivo de doença<br />

re<strong>na</strong>l crônica. Nos trabalhos existentes com crianças<br />

portadoras de doença re<strong>na</strong>l termi<strong>na</strong>l, foram encontrados<br />

respostas adequa<strong>da</strong>s de correção <strong>da</strong> anemia, com<br />

citações menos freqüente dos efeitos colaterais.<br />

Alguns resultados não tão satisfatórios são descritos,<br />

sendo justificados pela grande veloci<strong>da</strong>de de crescimento<br />

dessas crianças, onde a eritropoiese, mesmo<br />

estimula<strong>da</strong>, foi insuficiente.<br />

Outros usos em potencial em doenças onde também<br />

ocorre a anemia devido ao baixo nível <strong>da</strong> EPO<br />

sérica são citados: artrite reumatóide, colite ulcerativa,<br />

AIDS, doenças malig<strong>na</strong>s, cardiopatias congênitas com<br />

possibili<strong>da</strong>de de desenvolver insuficiência cardíaca,<br />

devido à que<strong>da</strong> fisiológica do hematócrito após o<br />

<strong>na</strong>scimento ou com a fi<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de de aumentar a massa<br />

eritrocitária, tor<strong>na</strong>ndo-se doador autólogo de cirurgias<br />

eletivas.<br />

As anormali<strong>da</strong>des de beta-globi<strong>na</strong>s (anemia falciforme<br />

e talassemia) também têm peque<strong>na</strong> produção<br />

de EPO em relação ao grau de anemia; a rhEPO<br />

aumenta o número de células produtoras de HbF,<br />

atuando como um agente celular ciclo dependente<br />

modificando a expressão dos genes <strong>da</strong> globi<strong>na</strong> 43 ' 46 .<br />

Em crianças com isoimunização pelo sistema Rh<br />

que receberam várias transfusões intrauteri<strong>na</strong>s, ocorre<br />

anemia tardia por volta de l a 3 meses de i<strong>da</strong>de, associa<strong>da</strong><br />

a hipoplasia eritróide seletiva e baixos níveis de<br />

EPO, sendo que os seus progenitores eritróides são<br />

altamente responsivos a este hormônio. Uma <strong>da</strong>s<br />

hipóteses é a de que a HbA não seja um estimulador<br />

potente para a produção <strong>da</strong> EPO como é a HbF 16 .<br />

Uso específico <strong>na</strong> <strong>Anemia</strong> <strong>da</strong> Prematuri<strong>da</strong>de<br />

O uso <strong>da</strong> rhEPO <strong>na</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de não<br />

é ain<strong>da</strong> uma indicação rotineira, há ain<strong>da</strong> muitas<br />

questões a serem esclareci<strong>da</strong>s. Uma vez que a própria<br />

indicação de transfusão <strong>na</strong>s crianças portadoras desta<br />

patologia é controversa, é ain<strong>da</strong> mais controverso se a<br />

utilização de rhEPO evitaria futuras transfusões, sendo<br />

que as crianças de risco ain<strong>da</strong> são mal caracteriza<strong>da</strong>s.<br />

Por outro lado, ain<strong>da</strong> não se estabeleceu a melhor<br />

época para a sua administração, desde que existe uma<br />

latência entre a sua administração até o aumento <strong>da</strong><br />

massa eritrocitária. Sabe-se ape<strong>na</strong>s que não teria eficácia<br />

quando administra<strong>da</strong> para o tratamento <strong>da</strong>quela<br />

forma de anemia que ocorre <strong>na</strong>s 2 primeiras sema<strong>na</strong>s.<br />

Outra questão é se o uso <strong>da</strong> rhEPO não poderia levar<br />

a outros problemas clínicos ou influenciar aqueles já<br />

existentes em RN-PT.<br />

Os ensaios clínicos existentes mostram uma efetivi<strong>da</strong>de<br />

em estimular a eritropoiese e redução do<br />

número de transfusões variáveis; mas doses sema<strong>na</strong>is<br />

entre 300 a 1200 uni<strong>da</strong>des/Kg são associados ao<br />

aumento do número de reticulócitos e do hematócrito,<br />

com diminuição <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de transfusão. Um<br />

fator limitante <strong>da</strong> sua eficácia é relacio<strong>na</strong>do aos estoques<br />

limitados de ferro nos RNPT de muito baixo peso<br />

e suplementação i<strong>na</strong>dequa<strong>da</strong>; outros fatores poderiam<br />

ser: o intervalo entre as doses e a via de administração,<br />

provalvelmente devido à farmacocinética <strong>da</strong> eritropoieti<strong>na</strong><br />

nos prematuros, já discuti<strong>da</strong>. A via subcutánea<br />

aparentemente tem melhor resposta que a via<br />

endovenosa 06 .<br />

A segurança do uso <strong>da</strong> rhEPO ain<strong>da</strong> é uma incógnita:<br />

Não sendo conhecidos se existe produção de<br />

anticorpos específicos ou se o tratamento levaria à<br />

depleção de stem cell, progenitores eritróides ou de<br />

outras linhagens.<br />

Um efeito colateral observado por vários autores é<br />

a neutropenia decorrente <strong>da</strong> diminuição de produção.<br />

Há uma diminuição <strong>da</strong> formação <strong>da</strong>s colônias granulocítica<br />

e macrofágica. Este efeito é observado em RN<br />

ou em precursores neo<strong>na</strong>tais com administração <strong>da</strong><br />

rhEPO, não ocorrendo em células adultas. Não foi evidenciado<br />

aumento <strong>da</strong> incidência de infecções decorrentes<br />

desta neutropenia 55 ; e o seu mecanismo ain<strong>da</strong> é<br />

incerto. Estudos sugerem que existe uma down regulation<br />

<strong>na</strong> produção, pois receptores de EPO estão presentes<br />

<strong>na</strong> superfície <strong>da</strong>s células progenitoras granulocítica<br />

e macrofágica neo<strong>na</strong>tais, o que não é encontrado<br />

<strong>na</strong>s células adultas 10 . Não foi encontrado nenhum<br />

efeito sobre a série plaquetária. Outros estudos


evelam que há menor número de precursores <strong>da</strong>s<br />

séries granulocítica e macrofágica <strong>na</strong> medula óssea<br />

<strong>da</strong>queles tratados com rhEPO em relação aos transfundidos<br />

11 .<br />

Outros efeitos colaterais recentemente descritos<br />

em RN-PT nos quais foram administrados rh-EPO para<br />

tratamento <strong>da</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de foram:<br />

hipertensão arterial sistêmica e convulsões 48 .<br />

Outra incógnita está <strong>na</strong> questão <strong>da</strong> suplementação<br />

de ferro, se a dieta seria suficiente, qual seria a dose necessária<br />

ou se esta teria variação com a i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l;<br />

além de, se a suplementação levaria à peroxi<strong>da</strong>ção<br />

lipídica, requerendo administração de vitami<strong>na</strong> E.<br />

A dose ideal também não está estabeleci<strong>da</strong>.<br />

Devido à farmacocinética peculiar nos prematuros e a<br />

sua veloci<strong>da</strong>de de crescimento, muitos estudos encontraram<br />

efetivi<strong>da</strong>de ape<strong>na</strong>s em doses maiores que<br />

aquelas utiliza<strong>da</strong>s em adultos (que variou entre 15 a<br />

500 uni<strong>da</strong>des/Kg) 11 .<br />

Outra observação interessante é a de que a veloci<strong>da</strong>de<br />

de desaparecimento de eritropoieti<strong>na</strong> nos RN<br />

<strong>na</strong>scidos de mães com pré-eclâmpsia e nos policitêmicos<br />

é aproxima<strong>da</strong>mente a metade <strong>da</strong> do adulto 16 .<br />

Estudos Clínicos Realizados com o uso <strong>da</strong> rhEPO<br />

Em 1990, HALPERIN e colaboradores 19 publicaram<br />

um trabalho utilizando a rhEPO em 7RN com anemia<br />

<strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de. As crianças tinham i<strong>da</strong>de entre 21 e<br />

33 dias, peso de <strong>na</strong>scimento entre 860 a 1800g e a<br />

dose utiliza<strong>da</strong> no estudo foi de 25 a 100 uni<strong>da</strong>des por<br />

quilo de peso, via subcutánea, três vezes por sema<strong>na</strong>,<br />

por 4 sema<strong>na</strong>s. A resposta foi considera<strong>da</strong> boa, uma<br />

vez que a média de contagem de reticulócitos praticamente<br />

duplicou após 10 dias de administração, com<br />

uma elevação já importante a partir de 7 dias de tratamento.<br />

Em 6 dos 7 pacientes, houve a correção ou a<br />

estabilização <strong>da</strong> anemia. Em um deles, houve o<br />

declínio do hematócrito durante o tratamento; e, em<br />

três deles, houve uma que<strong>da</strong> no hematócrito após um<br />

período de resposta ao tratamento, durante ou mesmo<br />

após a interrupção deste. Apesar de todos os RN receberem<br />

suplementação oral de ferro <strong>na</strong> dose de 2<br />

mg/kg, observou-se um rápido declínio dos níveis de<br />

ferriti<strong>na</strong> séri<strong>na</strong> e saturação de transferri<strong>na</strong> durante os<br />

10 primeiros dias de tratamento. Verificou-se, também,<br />

trombocitose precoce em 6 RN e neutropenia tardia,<br />

principalmente <strong>na</strong>queles de menor i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l,<br />

sendo ambos transitórios 19 .<br />

No ano seguinte, SHANNON e col., administraram<br />

100 unid/kg de rhEPO 2 vezes por sema<strong>na</strong>, ou placebo,<br />

em 20 RN-PT de muito baixo peso, por 6 sema<strong>na</strong>s,<br />

num estudo placebo-controlado. Ao fi<strong>na</strong>l desse período,<br />

não houve diferenças no hematócrito, <strong>na</strong> contagem<br />

de reticulócitos ou <strong>na</strong> necessi<strong>da</strong>de de transfusão<br />

sangüínea, ape<strong>na</strong>s um aumento <strong>na</strong> contagem de reticulócitos<br />

precocemente nos RN que receberam rhEPO.<br />

Não foram observados efeitos colaterais no grupo<br />

tratado, incluindo trombocitose, neutropenia ou<br />

hipertensão. Os autores especularam que a ausência<br />

de resposta possa ter sido decorrente <strong>da</strong> baixa dose de<br />

rhEPO administra<strong>da</strong>, estoques i<strong>na</strong>dequados de ferro<br />

ou, menos provável, a partir <strong>da</strong>s evidências in vitro, de<br />

resposta i<strong>na</strong>dequa<strong>da</strong> dos precursores eritróides 44 .<br />

Em um outro estudo, BECK e col. investigaram 16<br />

RN com i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l média de 29 sema<strong>na</strong>s e<br />

i<strong>da</strong>de média de início de tratamento de 42 dias. Foi<br />

utiliza<strong>da</strong> dose sema<strong>na</strong>l intravenosa de 10 a 200<br />

unid/kg, incluindo 2 a 4 pacientes por grupo de acordo<br />

com a dose. A concentração média de hemoglobi<strong>na</strong><br />

inicial foi de 8,7 mg/dl. Somente 4 RN necessitaram<br />

de transfusão após o início do tratamento e todos<br />

apresentaram elevação <strong>da</strong> concentração de hemoglobi<strong>na</strong><br />

a partir de 3 sema<strong>na</strong>s de tratamento. Em 5 RN<br />

houve neutropenia transitória severa (


de neutrófilos periféricos após 20 dias de tratamento.<br />

Os autores concluíram que o uso de rhEPO pode<br />

reduzir a necessi<strong>da</strong>de de transfusão em RN-PT com<br />

anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de sintomática.<br />

OBLADEN e MAIER, em 1991, publicaram o<br />

primeiro estudo multicêntrico (Ensaio Randomizado<br />

Multicêntrico Europeu), onde foram estu<strong>da</strong>dos 93 RN-<br />

PT, divididos em respiração espontânea e ventilação<br />

artificial. A i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l foi entre 28 e 32 sema<strong>na</strong>s.<br />

Trinta uni<strong>da</strong>des por quilo de rhEPO foram <strong>da</strong>dos<br />

a ca<strong>da</strong> 3 dias, entre 4 a 25 dias de vi<strong>da</strong>, via subcutánea.<br />

Suplementação de ferro foi utiliza<strong>da</strong> <strong>na</strong> dose<br />

de 2 mg/kg, a partir de 14 dias de vi<strong>da</strong>. Não houve<br />

diferenças no hematócrito, contagem de reticulócitos<br />

ou ferriti<strong>na</strong> sérica. O número de reticulócitos foi discretamente<br />

mais alto <strong>na</strong>s crianças trata<strong>da</strong>s, nos controles<br />

dos dias 13 e 25. Não foram observados efeitos<br />

colaterais 30 . Recentemente, em 1994, estes mesmos<br />

autores, publicaram um novo e<strong>na</strong>io multicêntrico (12<br />

centros em 6 países europeus) e controlado 3137 .<br />

Participaram deste estudo, 241 RN, sendo 61 com peso<br />

de <strong>na</strong>scimento de 750g a 999g, 86 de lOOOg a 1249g e<br />

94 de 1250g a I499g; destes, 136 são RN com i<strong>da</strong>de<br />

gestacio<strong>na</strong>l menor do que 30 sema<strong>na</strong>s. A dose de<br />

rhEPO utiliza<strong>da</strong> foi de 750 unid/kg por sema<strong>na</strong>, dividi<strong>da</strong><br />

em 3 aplicações sema<strong>na</strong>is, entre 3 e 42 dias de<br />

vi<strong>da</strong>, <strong>na</strong>s 120 crianças randomiza<strong>da</strong>s. Tanto o grupo<br />

controle como o estudo receberam suplementação de<br />

ferro de 2mg/kg. O índice de sucesso, definido como<br />

ausência <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de transfusão e hematócrito<br />

nunca abaixo de 32%, foi de 4,1% no grupo controle<br />

e 27,5% no grupo que recebeu a eritropoieti<strong>na</strong>.<br />

Observou-se melhor resposta <strong>na</strong> contagem de reticulócitos<br />

e no hematócrito fi<strong>na</strong>l em RN > 1200g e<br />

hematócrito inicial > 48%. Não foram observados<br />

efeitos colaterais. Ocorreram 2 mortes súbitas no<br />

grupo tratado com rhEPO e l no grupo controle. Ao<br />

fi<strong>na</strong>l do estudo, o nível de ferriti<strong>na</strong> era mais baixo no<br />

grupo que recebeu rhEPO. A conclusão deste trabalho<br />

foi de que a rhEPO reduz a necessi<strong>da</strong>de de transfusão<br />

em RN de muito baixo peso, se utiliza<strong>da</strong> durante as<br />

primeiras 6 sema<strong>na</strong>s de vi<strong>da</strong> 31 .<br />

Em 1992, foram publicados 2 pesquisas utilizandose<br />

a rhEPO em altas doses, antes do aparecimento <strong>da</strong><br />

anemia. SHANNON e col. 46 randomizaram 8 RN-PT<br />

assintomáticos para receberem 100 unid/kg de rhEPO,<br />

5 vezes por sema<strong>na</strong> (sendo que esta dose era aumenta<strong>da</strong><br />

para 200 unid/kg/dose se a contagem de reticulócitos<br />

não fosse satisfatória após 2 a 3 sema<strong>na</strong>s); ou<br />

placebo. Todos os RN receberam suplementação de<br />

ferro de 6mg/kg/d e a duração do estudo foi de 6<br />

sema<strong>na</strong>s. Ao fi<strong>na</strong>l do tratamento, a contagem de reticulócitos<br />

e o hematócrito foi significantemente maior<br />

no grupo que recebeu a rhEPO. Houve a necessi<strong>da</strong>de<br />

de transfusão em l <strong>da</strong>s 4 crianças e em 3 <strong>da</strong>s 4, respectivamente,<br />

no grupo que recebeu rhEPO e no controle.<br />

Não foram observados efeitos colaterais, incluindo<br />

neutropenia ou alteração do número de plaquetas,<br />

durante o estudo. À seguir, CARNIELLI e col. 08 randomizaram<br />

22 RN-PT que receberam 400 unid/kg de<br />

rhEPO, três vezes por sema<strong>na</strong>, e ferro 20mg/kg sema<strong>na</strong>l,<br />

via intravenosa, a partir do segundo dia de vi<strong>da</strong><br />

até a alta (em 11 RN) ou nenhuma medicação como<br />

controle (11 RN). O grupo tratado necessitou de<br />

menor número e quanti<strong>da</strong>de de transfusões e apresentou<br />

maior contagem de reticulócitos e hematócrito.<br />

Não foram observados efeitos colaterais; foi sugerido<br />

que a trombocitose transitória observa<strong>da</strong> por vários<br />

autores pudesse, talvez, ser devido à ação direta <strong>da</strong><br />

rhEPO sobre os megacariócitos ou secundária à deficiência<br />

de ferro.<br />

Nesse mesmo ano, SHANNON e col. 47 publicaram<br />

outro estudo com número pequeno de casos, randomizado<br />

e cego, incluindo ape<strong>na</strong>s 4 RN por grupo.<br />

Todos os pacientes eram assintomáticos, com peso de<br />

<strong>na</strong>scimento ao redor de 900g. O tratamento foi feito<br />

entre 4 a 28 dias de vi<strong>da</strong>. A dose de rhEPO foi de 100<br />

unid/kg via subcutánea, 5 vezes por sema<strong>na</strong>, por seis<br />

sema<strong>na</strong>s. A dose foi dobra<strong>da</strong> em RN com n Q de reticulócitos<br />

estacio<strong>na</strong>rio inferior a 200.000/mm 3 após 2<br />

sema<strong>na</strong>s ou a 300.000/mm 3 após 3 sema<strong>na</strong>s. A dose de<br />

suplementação de ferro foi de 3mg/kg, sendo aumenta<strong>da</strong><br />

para 6mg/kg se houvesse boa tolerância. O grupo<br />

controle recebeu placebo. Após l sema<strong>na</strong> de tratamento,<br />

o grupo que recebeu rhEPO apresentou contagem<br />

de reticulócitos médio 3 vezes maior do que o<br />

do grupo controle. Durante as 6 sema<strong>na</strong>s de tratamento,<br />

a necessi<strong>da</strong>de de transfusão sangüínea foi<br />

substancialmente maior no grupo placebo e o hematócrito<br />

fi<strong>na</strong>l consideralvemente maior no grupo tratado.<br />

Não foram observados efeitos colaterais, incluindo<br />

a. neutropenia e a trombocitose. Esse foi o ponto de<br />

parti<strong>da</strong> de um estudo multicêntrico, controlado e randomizado,<br />

concluído em 1993, sendo publicado em<br />

1994 por PHIBBS e KEITH 38 , com descrição detalha<strong>da</strong><br />

em 1995 48 . Neste estudo, participaram 11 centros norteamericanos,<br />

num total de 157 RN randomizados (80<br />

placebo e 77 tratados com rhEPO). Critérios de<br />

inclusão foram: i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l < 31 sema<strong>na</strong>s, peso<br />

de <strong>na</strong>scimento ^ 1250g e aporte calórico 2>


60Kcal/kg/d. A i<strong>da</strong>de de início do tratamento foi de 24<br />

dias e o hematócrito de 32%. Um terço <strong>da</strong>s crianças<br />

estavam em IMV e 50% ain<strong>da</strong> recebiam (k A dose foi<br />

de 100 unid/kg, 5 vezes por sema<strong>na</strong>, subcutánea, por<br />

seis sema<strong>na</strong>s. Suplementação de ferro foi de 6<br />

mg/kg/d. Como resultados, foram observados maior<br />

contagem de reticulócitos, assim como hematócrito, ao<br />

fi<strong>na</strong>l do tratamento. O número e o volume de transfusões<br />

também foi menor no grupo que recebeu<br />

rhEPO, sendo que, <strong>na</strong>queles RN que mesmo tratados<br />

necessitaram de transfusão sangüínea, esta foi relacio<strong>na</strong><strong>da</strong><br />

às per<strong>da</strong>s através de flebotomías. A dosagem<br />

de ferro sérico foi menor no meio do tratamento e<br />

equivalente, ao fi<strong>na</strong>l entre o grupo tratado e o controle.<br />

A contagem de granulócitos foi semelhante em<br />

ambos os grupos no decorrer de todo o tratamento,<br />

assim como o crescimento dos RN estu<strong>da</strong>dos. Como<br />

efeitos colaterais deste estudo, foram observados 2<br />

casos de hipertensão arterial sistêmica, sendo o<br />

primeiro caso durante a terceira sema<strong>na</strong> de tratamento,<br />

com duração de l dia, no qual recebeu hidralazi<strong>na</strong><br />

e não houve a necessi<strong>da</strong>de de interrupção do uso de<br />

rhEPO; e o segundo, foi associado a evidências clínicas<br />

e laboratoriais de insuficiência re<strong>na</strong>l agu<strong>da</strong>; além<br />

de um caso de convulsões. Das 125 crianças que<br />

foram acompanha<strong>da</strong>s a longo prazo (pelo menos 6<br />

meses), foram documentados 4 casos de morte tardia,<br />

sendo 3 no grupo placebo (2 deles por provável síndrome<br />

<strong>da</strong> morte súbita e l por pneumonia aspirativa)<br />

e l no grupo tratado com rhEPO, com 11 meses de<br />

i<strong>da</strong>de, por enterocolite necrosante tardia. Os critérios<br />

de transfusão adotados foram muito rígidos e conservadores<br />

48 .<br />

Em 1994, foi também publicado um outro estudo<br />

multicêntrico, desta vez Sul-Africano, por MEYER e<br />

MEYER 29 . Incluiu 80 RN, num estudo duplo-cego,<br />

placebo-controlado. A i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l foi menor do<br />

que 32 sema<strong>na</strong>s e o peso de <strong>na</strong>scimento


nos primeiros dias de vi<strong>da</strong>, <strong>na</strong> tentativa de evitar o<br />

aparecimento posterior <strong>da</strong> anemia num grau mais<br />

acentuado. Outros, porém, fizeram o seu uso <strong>na</strong>quele<br />

período onde a anemia não somente já estava instala<strong>da</strong>,<br />

como também já haviam manifestações clínicas<br />

importantes em decorrência dela; e o objetivo <strong>da</strong> terapêutica,<br />

neste caso, foi de diminuir a morbi<strong>da</strong>de<br />

desta patologia, minimizando as suas manifestações<br />

clínicas e hemodinâmicas. Nos dois casos, vimos que<br />

os resultados foram satisfatórios, sob o ponto de vista<br />

de que a rhEPO foi capaz de diminuir o número e a<br />

quanti<strong>da</strong>de de transfusões sangüíneas de forma considerável.<br />

Por outro lado, muitos RN-PT necessitaram de<br />

transfusões precoces, particularmente <strong>na</strong>s 2 primeiras<br />

sema<strong>na</strong>s de vi<strong>da</strong>, antes mesmo que o uso <strong>da</strong> rhEPO<br />

pudesse levar a alguma resposta <strong>na</strong> eritropoiese. E<br />

disso decorre a dúvi<strong>da</strong> se estas transfusões levariam a<br />

alterações <strong>na</strong> resposta a rhEPO, como produção de<br />

diferentes cadeaias de hemoglobi<strong>na</strong>, ou se levariam à<br />

policitemia com aumento <strong>da</strong> viscosi<strong>da</strong>de sanguínea e<br />

à hiperbilirrubinemia.<br />

Outras questões ain<strong>da</strong> mais refi<strong>na</strong><strong>da</strong>s, mesmo<br />

hipotéticas, seriam: se ocorre aumento dos níveis de<br />

hemoglobi<strong>na</strong> F nos RN tratados com rhEPO; quais<br />

seriam os efeitos <strong>da</strong> estimulação <strong>da</strong> eritropoiese relacio<strong>na</strong><strong>da</strong>s<br />

a outra linhagens celulares como a granulocítica<br />

e megacariocítica, não somente relacio<strong>na</strong>dos<br />

ao número mas também às suas funções; se existe<br />

alteração no transporte, liberação e utilização de O 2<br />

pelos tecidos, se pode ocorrer a produção de anticorpos<br />

contra a eritropoieti<strong>na</strong>, mesmo a longo prazo, e,<br />

fi<strong>na</strong>lmente, uma questão ain<strong>da</strong> mais complica<strong>da</strong> devido<br />

aos recursos limitados em nosso meio, se os benefícios<br />

frente aos custos deste tipo de tratamento seriam<br />

compensatórios, levando-se em conta os itens<br />

ain<strong>da</strong> não esclarecidos em relação a sua segurança e<br />

eficácia.<br />

Ain<strong>da</strong> não se conhece qual o esquema de administração<br />

e os limites <strong>da</strong> dose que levariam a uma<br />

resposta dose-dependente adequa<strong>da</strong>, sem levar a<br />

efeitos colaterais desastrosos, muitas vezes ain<strong>da</strong> não<br />

conhecidos, podendo ser decorrentes de doses excessivas<br />

ou não. Doses eleva<strong>da</strong>s foram necessárias em<br />

alguns estudos, porém elas deman<strong>da</strong>m monitorização<br />

rigorosa.<br />

Portanto, mesmo que o excesso de "entusiasmo<br />

terapêutico" deva ser evitado, o progresso científico<br />

aliado a posteriores ensaios clínicos bem controlados<br />

e, consequentemente, ao melhor esclarecimento <strong>da</strong>s<br />

questões já cita<strong>da</strong>s, podem tor<strong>na</strong>r a rhEPO um recurso<br />

terapêutico ou profilático de roti<strong>na</strong> para os RN de<br />

risco para a anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de.<br />

A partir <strong>da</strong> análise realiza<strong>da</strong> dos <strong>da</strong>dos de literatura,<br />

no momento, é possível chegar-se às seguintes<br />

conclusões a respeito do uso <strong>da</strong> eritropoieti<strong>na</strong> recombi<strong>na</strong>nte<br />

huma<strong>na</strong> <strong>na</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de:<br />

a) Estudos pré-clínicos, in vitro, comprovaram a<br />

efetivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> rhEPO em estimular a proliferação de<br />

precursores eritróides medulares, aumentando a<br />

eritropoiese. Posteriormente, vieram as confirmações<br />

clínicas, no começo através de ensaios clínicos em<br />

pacientes com doenças re<strong>na</strong>is ou em outras formas de<br />

anemias decorrentes de baixos níveis de eritropoieti<strong>na</strong><br />

sérica e, a seguir, com o seu uso em RN-PT com anemia<br />

<strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de;<br />

b) a maioria dos RN-PT que utilizaram a rhEPO tinham<br />

i<strong>da</strong>de gestacio<strong>na</strong>l menor do que 31 sema<strong>na</strong>s e<br />

peso de <strong>na</strong>scimento inferior ou por volta de 1500g; o<br />

seu uso <strong>na</strong> anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de ain<strong>da</strong> não está<br />

bem estabelecido, tendo se reconhecido a sua possível<br />

ação com base <strong>na</strong> fisiopatologia desta anemia e a sua<br />

indicação seria uma decorrência <strong>da</strong> sua efetivi<strong>da</strong>de<br />

observa<strong>da</strong> nos trabalhos clínicos já realizado;<br />

c) a rhEPO mostrou-se eficaz em RN-PT, especialmente<br />

em estudos multicêntricos realizados com uma<br />

amostragem mais significativa, reduzindo o número e<br />

o volume de transfusões sangüíneas necessárias;<br />

d) uma elevação do número de reticulócitos considera<strong>da</strong><br />

eficaz que é correlacio<strong>na</strong><strong>da</strong> à manutenção de<br />

uma eritropoiese capaz de acompanhar o ritmo de<br />

crescimento dos RN-PT foi de 200.000/mm 3 , ou seja,<br />

4% 47 ; a dose que mostrou a efetivamente deseja<strong>da</strong> variou<br />

de 300 a 1200 uni<strong>da</strong>des por quilo sema<strong>na</strong>l, com<br />

diferentes esquemas propostos; doses menores, por<br />

exemplo, de 200 unid/kg, levaram a respostas subclínicas<br />

37 ' 44 ;<br />

e) dentro dos esquemas propostos de utilização <strong>da</strong><br />

rhEPO, a dose sema<strong>na</strong>l dividi<strong>da</strong> em várias aplicações<br />

e a via subcutánea mostraram-se mais eficazes;<br />

O a suplementação de ferro se faz necessária dentro<br />

do esquema terapêutico com rhEPO, a falta desta<br />

foi relacio<strong>na</strong><strong>da</strong> a falhas terapêuticas; doses baixas de<br />

suplementação levaram a depleção de estoques<br />

orgânicos de ferro e até a anemia rebote 19 ; outras<br />

suplementações como vitami<strong>na</strong> E, calorias e proteí<strong>na</strong>s<br />

ain<strong>da</strong> não foram estabeleci<strong>da</strong>s;<br />

g) a melhor época para o início do tratamento<br />

ain<strong>da</strong> não é bem defini<strong>da</strong>, a maioria dos autores o<br />

indicam precocemente, nos primeiros dias de vi<strong>da</strong>,


outros, obtiveram respostas satisfatórias utilizando-o<br />

em RN-PT com até 6 sema<strong>na</strong>s de vi<strong>da</strong> 3138 ;<br />

h) o efeito colateral mais citado foi a granulocitopenia,<br />

recentes estudos multicêntricos não confirmaram<br />

este achado, apesar de ter sido mencio<strong>na</strong>do<br />

em outros estudos menores e em animais de experimentação;<br />

outros efeitos colaterais citados foram: deficiências<br />

de ferro e vitami<strong>na</strong> E, síndrome <strong>da</strong> morte<br />

súbita dos recém-<strong>na</strong>scidos, trombocitose. Recentemente,<br />

foram descritos 2 casos de hipertensão arterial<br />

sistêmica e um caso de convulsões em RN-PT com<br />

anemia <strong>da</strong> prematuri<strong>da</strong>de tratados com rhEPO. Outros<br />

efeitos colaterais observados em pacientes com<br />

doença re<strong>na</strong>l como hipercalemia e hiperfosfatemia<br />

não foram vistos em RN-PT;<br />

i) quanto à avaliação dos custos e benefícios desta<br />

terapêutica, devemos levar em consideração não ape<strong>na</strong>s<br />

fatores clínicos conhecidos como riscos de transfusão<br />

versus dúvi<strong>da</strong>s a respeito <strong>da</strong> eficácia e segurança<br />

<strong>da</strong> rhEPO, mas também, os fatores sociais do meio<br />

que a utiliza;<br />

j) e fi<strong>na</strong>lmente, a fim de melhor esclarecer as<br />

muitas dúvi<strong>da</strong>s que ain<strong>da</strong> restaram e de conduzir a<br />

rhEPO para uso rotineiro no tratamento <strong>da</strong> anemia <strong>da</strong><br />

prematuri<strong>da</strong>de, ensaios clínicos bem controlados<br />

ain<strong>da</strong> são necessários, além de uma análise estatística<br />

que reú<strong>na</strong> todos os <strong>da</strong>dos obtidos até o momento e<br />

outros que ain<strong>da</strong> estão por surgir.<br />

Summary: Recombi<strong>na</strong>nt Human Erythropoietin<br />

in the <strong>Anemia</strong> of Prematurity<br />

<strong>Anemia</strong> of prematurity is a clinical disturb frequently<br />

found in high risk neo<strong>na</strong>tal units. Its<br />

increasing incidence is related to newborn's<br />

improvai ma<strong>na</strong>gement and the consequent rising<br />

in premature and very low birth weight newborn's<br />

survival The clinical features frequently<br />

cause long term hospital permanence with unreliable<br />

high cost therapies. In this study, the<br />

authors present a review on this subject, with<br />

special focus on anemia of prematurity pathophysiology<br />

and the new therapy proposes mostly<br />

the use of human recombi<strong>na</strong>nt erythropoietin.<br />

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Recebido para publicação: 30/08/95<br />

Aceito para publicação: 28/09/95<br />

Endereço para publicação<br />

Dra. Chang Yin Chia<br />

Berçário Anexo à Materni<strong>da</strong>de<br />

Instituto Central - 10 o an<strong>da</strong>r<br />

Hospital <strong>da</strong>s Clínicas - FMUSP<br />

Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, s/ n o<br />

CEP 05403-000 - São Paulo - SP

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