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PATOLOGIAS ASSOCIADAS AO DESMAME - Embrapa Suínos e Aves

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mas alimentados com leite de porca, apresentam arquitetura intestinal similar àqueles deixados mamando na porca,<br />

sem o estresse psicológico da separação.<br />

c) Retirada do leite da porca no desmame<br />

A retirada abrupta do leite da porca ao desmame, suprime o epitélio do intestino de fatores de crescimento,<br />

hormônios e outras substâncias bioativas presentes no leite da porca. Isto têm acentuado efeito nos processos que<br />

regulam o crescimento, diferenciação e função celular no epitélio intestinal. Os componentes bioativos envolvidos no<br />

desenvolvimento do intestino delgado, presentes em altas concentrações no leite da porca, são: fatores de crescimento<br />

epidérmico, poliaminas, insulina e fatores de crescimento semelhante a insulina.<br />

d) Mudanças na dieta associadas ao desmame<br />

O tipo de dieta fornecida aos leitões após o desmame parece influenciar a estrutura e função do intestino<br />

delgado. Leitões que receberam dieta na forma de papa tinham maior altura das vilosidade aos 8 e 11 dias pósdesmame,<br />

consumiram 13% mais alimento e cresceram 11% a mais do que os que receberam a mesma dieta na forma<br />

peletizada. O consumo voluntário de alimento nos primeiros dias após o desmame, geralmente, é baixo para atender as<br />

necessidades dos leitões em energia. Com isso, parece que a ingestão de energia após o desmame,<br />

independentemente do tipo de dieta, é a maior causa da atrofia das vilosidades. Também, tem sido sugerido que<br />

mudanças morfológicas no intestino de leitões desmamados, podem resultar de uma hipersensibilidade retardada à<br />

antígenos contidos na dieta. Nessa direção, o alto consumo de ração antes do desmame favorece a tolerância<br />

imunológica, enquanto que o baixo consumo sensibiliza o sistema imune e pré-dispõe os leitões desmamados a<br />

desenvolverem distúrbios entéricos. Há evidências que o farelo de soja, incluído na dieta do desmame, é antigênico<br />

(glicenina e β-conglicenina) e estimula uma resposta imune localizada, predispondo a diarréia. Como um dos mais<br />

potentes estímulos para proliferação intestinal é a presença de alimento no lúmen, a ausência de nutrientes, como<br />

ocorre logo após o desmame, resulta em atrofia das vilosidades e redução na taxa de produção de células das criptas.<br />

e) Problemas na disponibilidade de ração para os leitões logo após o desmame<br />

As vezes os leitões ingerem pouco alimento, simplesmente porque é feita restrição alimentar para controlar<br />

problemas entéricos, ou por problemas com o comedouro ou por falta de ração no cocho. Alguns comedouros podem<br />

apresentar problemas de fluxo da ração (devido a compactação) do depósito até o local de acesso dos leitões,<br />

principalmente, com dietas contendo alta quantidade de produtos láteos, em salas com alta temperatura e umidade.<br />

f) Citoquinas como reguladores do crescimento intestinal<br />

As citoquinas estão envolvidas na comunicação entre células linfóides da mucosa (placas de Payer), linfócitos<br />

da lâmina própria e linfócitos intra-epiteliais. Mas seu papel nas mudanças estruturais da mucosa do intestino delgado<br />

de leitões desmamados não tem sido investigado.<br />

2. Fatores sociais<br />

Em trabalho de composição de grupos de leitões no desmame, foram testados 3 métodos de agrupamentos<br />

para compor baias de 12 leitões cada: 6 leitões de 2 leitegadas (6X2), 4 leitões de 3 leitegadas (4X3) e 3 leitões de 4<br />

leitegadas (3X4). A composição 4X3 mostrou-se provocar menos contato físico (brigas) entre os leitões do que os<br />

demais grupos. Também, em trabalho realizado na França foi identificado como fator de risco para os problemas<br />

digestivos do desmame, o número de leitegadas de origem na formação do lote de leitões de uma baia, aparecendo<br />

como melhor situação quando o número de leitegadas de origem foi menor de 4 e como fator de risco mais forte quando<br />

maior de 7.<br />

3. Fatores ambientais e de manejo<br />

Leitões jovens, desmamados com idade inferior a 28 dias são muito sensíveis ao frio. Assim, a temperatura da<br />

creche é o primeiro parâmetro ambiental a ser controlado. Embora a ventilação é usada para controlar a temperatura,<br />

ela também deve fornecer aeração aos leitões e trabalhadores. No inverno uma taxa de ventilação mínima deve ser<br />

fornecida para manter a umidade relativa abaixo de 80% e para reduzir as concentrações de poeiras, microrganismos e<br />

gases no ambiente. O ideal é manter as concentrações de dióxido de carbono menor que 1500ppm (0,15%), de amônia<br />

menor que 10ppm e de microorganismos menor que 200.000 partículas bacterianas formadoras de colônias/m 3 . Os<br />

fatores mais importantes que influenciam estes valores são a densidade animal e a taxa de ventilação na sala ou na<br />

instalação.<br />

A associação entre o estresse pelo frio e a susceptibilidade à doenças infecciosas é bem documentada na<br />

literatura. Tem sido demonstrado que enquanto a resposta imune pode ser aumentada ou diminuída, dependendo do<br />

tipo e duração do estresse e da natureza e virulência do patógeno, a resistência do hospedeiro é geralmente reduzida<br />

durante o estresse pelo frio. Na ausência de outros fatores de risco, leitões mantidos em ambiente de termoneutralidade<br />

não sofrem de diarréia pós-desmame, mesmo na presença de amostra enterotoxigênicas de E. coli. Porém, a incidência<br />

e severidade da diarréia por E. coli é maior em leitões mantidos a 15 o C e menor naqueles a 30 o C (Tabela 2), mas<br />

esse efeito somente foi observado nos leitões alimentados à vontade.

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