Microcitoses: Volumes Reticulocitários ... - NewsLab
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Artigo<br />
<strong>Microcitoses</strong>: <strong>Volumes</strong> Reticulocitários,<br />
Reticulocitopenias e Eritrogramas<br />
Maria de Lourdes Pires Nascimento, MD<br />
Médica, Presidente da Fundação para Assistência as Anemias, Parasitoses e Desnutrição (FANEPA)<br />
Professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA)<br />
Salvador. BA<br />
Resumo<br />
Os exames do Reticulocitograma, quando apresentam<br />
modificações, informam sobre o tipo de atividade da medula<br />
eritropoiética. Objetivo: Através dos exames do Reticulocitograma<br />
e do Eritrograma, comparar um grupo com<br />
Normocitose Eritrocitária com outros grupos que apresentem<br />
<strong>Microcitoses</strong> Eritrocitárias (MCVuu3), que entre eles<br />
se diferenciem através das associações entre os valores<br />
dos <strong>Volumes</strong> Reticulocitários Médios (MRVuu3) normais e<br />
diminuídos e das Contagens Corrigidas de Reticulócitos<br />
(CRC %) Normais e ou com Reticulocitopenias. Metodologia:<br />
Em 536 casos (classe socioeconômica de baixo poder<br />
aquisitivo), com reticulocitogramas e eritrogramas<br />
executados em contador hematológico Pentra 120 Retic<br />
ABX, foram separados cinco grupos: 1) Normocitose (N<br />
= 194) MCVuu3, CRC% e MRVuu3 dentro dos valores<br />
normais; 2) Microcitose (N = 154) MCVuu3 diminuído<br />
(máximo até 79uu3), CRC% normal (de 0.75 % a 2.30<br />
%) e MRVuu3 normal (de 89 uu3 a 109 uu3); 3) Micropenia<br />
(N = 42) MCVuu3 diminuído, CRC% diminuído e<br />
MRVuu3 normal; 4) Anemia (N = 111) MCVuu3 diminuído,<br />
CRC% normal e MRVuu3 diminuído e 5) Anepenia (N<br />
= 35) MCVuu3 diminuído, CRC% diminuído e MRVuu3<br />
diminuído. Principais Resultados: No total dos casos com<br />
Microcitose (N = 342), 57.3% apresentaram MRVuu3<br />
normal com presença de <strong>Microcitoses</strong> (MCV uu3 diminuído).<br />
Exames do Reticulocitograma (significantes, p
= 1.1 (± 0.3), MRVuu3 = 93.5(± 4.4), RETM % = 9.4 (±<br />
4.4), RETH % = 2.4 (± 2.0) e MFI % = 13.7 (± 3.6).<br />
Grupo Micropenia: CRC % = 0.6 (± 0.1), MRVuu3 =<br />
95.3 (± 4.3), RETM % = 7.1 (± 4.1), RETH % = 1.0 (±<br />
1.0) e MFI % = 10.7 (± 2.7). Grupo Anemia: CRC % =<br />
1.2 (± 0.3), MRVuu3 = 80.9 (± 5.6), RETM % = 10.2 (±<br />
6.0), RETH % = 3.4 (± 3.0) e MFI % = 14.6 (± 5.5).<br />
Grupo Anepenia: CRC % = 0.6 (± 0.1), MRVuu3 = 81.4<br />
(± 6.3), RETM % = 9.7 (± 5.4), RETH % = 1.9 (± 1.4) e<br />
MFI % = 12.5 (± 3.8). Exames do Eritrograma (significantes,<br />
p
Introdução<br />
M<br />
icrocitose eritrocitária é a<br />
presença de volumes eritrocitários<br />
menores do que o normal,<br />
sendo considerada a alteração<br />
morfológica mais prevalente em<br />
resultados laboratoriais (1).<br />
Na medula óssea, na seqüência<br />
de maturação das células eritropoiéticas<br />
para alcançar o estágio<br />
de hemácia, estas são as células<br />
que antecedem a hemácia:<br />
proeritroblasto eritroblasto basófilo<br />
eritroblasto policromatófilo<br />
eritroblasto ortocromático<br />
à reticulócitos hemácia ou eritrócitos.<br />
O reticulócito é considerado<br />
uma hemácia imatura.<br />
Sendo o reticulócito o estágio<br />
celular que antecede a hemácia, as<br />
suas modificações – na qualidade<br />
e ou na quantidade – deverão ter<br />
relações com as alterações que<br />
encontramos nas hemácias.<br />
Em condições normais a grande<br />
maioria dos reticulócitos está<br />
na medula óssea para completar<br />
a sua transformação em hemácia,<br />
porém, sempre alguns reticulócitos<br />
são liberados para a circulação<br />
sangüínea, circulam entre 24<br />
a 48 horas no sangue periférico,<br />
onde também acontece a transformação<br />
em hemácia. As principais<br />
etapas de transformação do<br />
reticulócito em hemácia são:<br />
a) Término da complementação<br />
da produção dos 20% restantes da<br />
síntese da hemoglobina que é necessária<br />
para o funcionamento das<br />
hemácias normais (2).<br />
b) Diminuição do volume, porque<br />
os reticulócitos são cerca de<br />
20% a 25% maiores do que as hemácias<br />
(2, 3, 4).<br />
c) Eliminação das granulações<br />
reticulocitárias, sendo estas uma<br />
das principais características que<br />
diferenciam reticulócitos das hemácias.<br />
Mesmo que o volume reticulocitário<br />
já esteja com o tamanho<br />
de uma hemácia normal, mas, a<br />
partir da presença de no máximo<br />
duas granulações, a célula será<br />
identificada (através de metodologia<br />
por automação) como reticulócito.<br />
Este tipo de identificação reticulocitária<br />
foi conseqüência da padronização<br />
oficial (5, 6, 7).<br />
A microcitose surge em conseqüência<br />
da alteração na relação<br />
entre a síntese da hemoglobina no<br />
interior dos eritroblastos e as divisões<br />
celulares (8, 9). Quando no<br />
interior dos eritroblastos, a concentração<br />
da hemoglobina sintetizada<br />
está em torno de 25% do total da<br />
hemoglobina que a hemácia normal<br />
necessitará, já deve ter acontecido<br />
no máximo quatro divisões<br />
celulares e é este valor de 25% de<br />
hemoglobina sintetizada que “bloqueia”<br />
o mecanismo de divisões nos<br />
eritroblastos posteriores (8).<br />
Quando existe deficiência de<br />
substâncias essenciais para a síntese<br />
da hemoglobina, após a quarta<br />
divisão dos eritroblastos, ainda<br />
não existem os 25% de hemoglobina,<br />
então, outras divisões celulares<br />
acontecem e, deste modo, surge<br />
o teor crítico de 25% de hemoglobina,<br />
porém, aparecerão reticulócitos<br />
com volumes menores do<br />
que o normal (8, 10). Por este motivo<br />
a presença de reticulócitos<br />
menores que o normal é um indicador<br />
precoce do desenvolvimento<br />
de anemias microcíticas (4, 9, 11).<br />
As microcitoses podem estar<br />
acompanhadas da presença de<br />
micrócitos e de menor percentagem<br />
de reticulócitos na circulação<br />
periférica, ou seja, de reticulocitopenias.<br />
Micrócitos são hemácias muito<br />
pequenas com volumes abaixo de<br />
70uu 3 , podendo ter ou não modificação<br />
na sua espessura (12, 13,<br />
14, 15). Quando os eritrogramas<br />
são executados por automação,<br />
na presença de uma ou mais de<br />
uma destas três condições, aparece<br />
a emissão do alarme micrócito:<br />
1) microesferócitos que surge<br />
após o envelhecimento natural<br />
da hemácia normal; 2) hemácia<br />
com a forma bicôncava característica,<br />
porém, muito pequena<br />
por causa do excesso das divisões<br />
celulares, geralmente presente<br />
nas anemias microcíticas e 3) na<br />
esferocitose hereditária, que é<br />
uma anemia genética em conseqüência<br />
de um defeito na membrana<br />
eritrocitária.<br />
O número de reticulócitos no<br />
sangue periférico depende de: a)<br />
do nível de transformação dos eritroblastos<br />
em reticulócitos; b) do<br />
grau de imaturidade dos reticulócitos<br />
liberados; c) do tempo que os<br />
reticulócitos levam no sangue periférico<br />
para se transformarem em<br />
hemácias (16, 17, 18, 19).<br />
Através de métodos manuais,<br />
raramente se detectavam as reticulocitopenias,<br />
que passaram a ser<br />
mais evidentes após a existência<br />
de resultados da avaliação por automação<br />
(20).<br />
124<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004
Antes da automação, em relação<br />
aos reticulócitos, somente<br />
tínhamos a informação da contagem<br />
reticulocitária, que se refere<br />
ao número de reticulócitos circulantes.<br />
Não existiam informações<br />
acerca da qualidade dos reticulócitos<br />
que estavam sendo liberados<br />
para a circulação. Além<br />
de que, nem sempre era feita a<br />
contagem corrigida de reticulócitos<br />
e este fato devia contribuir<br />
para que os casos com reticulocitopenias<br />
fossem considerados,<br />
com valores normais e ou elevados<br />
(19, 20).<br />
Os exames reticulocitários executados<br />
por automação apresentam<br />
os seguintes tipos de avaliações:<br />
a) Identificação reticulocitária<br />
através do uso de corante e<br />
enzimas específicas, fazendo<br />
com que a presença das granulações<br />
reticulocitárias passem a<br />
emitir fluorescência, permitindo<br />
a identificação daqueles reticulócitos<br />
que possuem a partir de,<br />
no máximo, duas granulações<br />
(5, 6, 7, 21, 22).<br />
b) Resultados da contagem reticulocitária<br />
sendo foi feita em um<br />
total de 30.000 células, com emissão<br />
dos dois tipos de contagens:<br />
sem correção e a contagem corrigida<br />
de reticulócitos.<br />
c) Existência de outros exames<br />
que informam sobre a qualidade<br />
dos reticulócitos que estão circulando<br />
no sangue periférico: volume<br />
reticulocitário médio, percentagem<br />
de reticulócitos por grau de maturidade,<br />
percentagem de granulações<br />
reticulocitárias dos reticulócitos<br />
imaturos.<br />
Ao conjunto dos exames reticulocitários<br />
se denomina reticulocitograma,<br />
e através destes exames se<br />
tem comprovado que as suas modificações<br />
informam sobre o tipo de<br />
atividade da medula eritropoiética<br />
(23, 24, 25, 26).<br />
Em conseqüência do tipo de avaliação<br />
reticulocitária por automação<br />
e dos novos exames sobre a qualidade<br />
dos reticulócitos no sangue<br />
periférico, algumas questões podem<br />
ser levantadas:<br />
1) Os casos com volumes reticulocitários<br />
dentro dos limites normais<br />
também poderão se transformar<br />
em hemácias microcíticas<br />
Uma das características das anemias<br />
microcíticas é o maior número<br />
de hemácias/mm 3 .<br />
2) Os casos com reticulocitopenias<br />
apresentam menor número de<br />
hemácias/mm 3 <br />
3) Associação do volume reticulocitário<br />
diminuído com reticulocitopenia<br />
são os casos que apresentam<br />
nos eritrogramas maior intensidade<br />
de anemia microcítica<br />
Objetivo<br />
Através dos exames do Reticulocitograma<br />
e do Eritrograma, comparar<br />
um grupo com Normocitose<br />
Eritrocitária com outros grupos que<br />
apresentem <strong>Microcitoses</strong> Eritrocitárias,<br />
que entre eles se diferenciem<br />
através das associações entre os<br />
valores dos <strong>Volumes</strong> Reticulocitários<br />
Médios (normais e diminuídos)<br />
e das Contagens Corrigidas de Reticulócitos<br />
Normais e ou com Reticulocitopenias.<br />
Metodologia<br />
A amostra deste estudo foram<br />
casos do Arquivo da Fundação de<br />
Assistência as Anemias e Parasitoses.<br />
Foram selecionados 536 casos<br />
dos quais foram coletados os seguintes<br />
dados: procedência, faixa<br />
etária, sexo e resultados laboratoriais<br />
com normocitoses e microcitoses<br />
eritrocitárias associadas a<br />
contagens corrigidas de reticulócitos<br />
com valores normais e ou diminuídos.<br />
Todos os casos tiveram seus<br />
exames executados no mesmo tipo<br />
de equipamento com as mesmas<br />
condições.<br />
A procedência dos casos foi:<br />
- Comunidades, correspondendo<br />
a resultados de creches, escolas<br />
públicas e amostra de população<br />
de subúrbios de Salvador<br />
e de cidades do interior da<br />
Bahia;<br />
- Ambulatórios, resultados de<br />
exames de pessoas que procuraram<br />
ambulatórios de serviços<br />
públicos (postos de saúde e hospitais<br />
públicos);<br />
- Emergência, resultados de exames<br />
de serviço de atendimento<br />
de emergência de hospital público.<br />
As faixas etárias foram: Infância<br />
(1 a 10 anos), Adolescência (11<br />
a 17 anos), Adulta (18 a 59 anos) e<br />
idosa (a partir de 60 anos).<br />
Foram excluídas desta amostra:<br />
crianças com idade abaixo de um<br />
ano, casos com leucocitoses, com<br />
hemoglobinopatias, mulheres gestantes<br />
e puérperas, porque nestes<br />
tipos de casos poderiam existir<br />
modificações reticulocitárias inter-<br />
126<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004
ferindo na análise dos resultados<br />
(27, 28, 29, 30).<br />
Na caracterização da amostra,<br />
somente para os casos que apresentaram<br />
microcitose, através das<br />
variáveis procedência e faixas etárias,<br />
foram feitas as seguintes classificações:<br />
- Comunidade, compreendendo<br />
os casos procedentes de creches,<br />
escolas públicas e amostra<br />
da população de Salvador e<br />
cidades do interior da Bahia.<br />
- Hospitalar, significando os casos<br />
procedentes de ambulatórios e<br />
serviço de emergência.<br />
- Infantes, somente os casos que<br />
apresentaram idade de 1 a 10<br />
anos<br />
- Não Infantes, associação de todos<br />
os casos com idade a partir<br />
de 11 anos (adolescentes, adultos<br />
e idosos).<br />
A separação em Infantes e Não<br />
Infantes foi baseada no fato de que<br />
determinadas microcitoses apresentam<br />
maiores freqüências na Infância<br />
(31, 32, 33, 34, 35, 36).<br />
Todos os casos da amostra, após<br />
coleta sangüínea com anticoagulante<br />
(EDTA), tiveram os exames do<br />
reticulocitograma e do eritrograma<br />
executados em equipamento Pentra<br />
120 Retic ABX.<br />
Para este trabalho destacamos<br />
os seguintes exames do reticulocitograma,<br />
sendo que os valores<br />
considerados de referência (normais)<br />
foram aqueles preconizados<br />
para o equipamento Pentra 120<br />
Retic ABX (37):<br />
- Contagem Corrigida de Reticulócitos<br />
(CRC %), que é feita através<br />
de uma fórmula que utiliza<br />
a contagem percentual de reticulócitos<br />
e a razão entre hematócrito<br />
do paciente e o hematócrito<br />
normal. A contagem corrigida<br />
está indicada principalmente<br />
nos casos com anemia (12,<br />
33, 38). O valor normal vai de<br />
0.75 % a 2.30 %.<br />
- Volume Reticulocitário Médio<br />
(MRVuu 3 ) é a avaliação dos “tamanhos”<br />
de todos os reticulócitos<br />
identificados, sendo o resultado<br />
o valor médio de todos os<br />
volumes. O valor normal considerado<br />
foi de 89uu 3 a 109uu 3 .<br />
- Graus de Maturidade dos Reticulócitos,<br />
sendo classificados em<br />
três níveis: Reticulócitos com<br />
Alta Maturidade (RETL %),<br />
aqueles que têm menor número<br />
de granulações, e os outros<br />
dois tipos são reticulócitos imaturos,<br />
Reticulócitos com Baixa<br />
Maturidade (RETH %), aqueles<br />
que apresentam os maiores números<br />
de granulações e Reticulócitos<br />
com Média Maturidade<br />
(RETM %), os que possuem<br />
quantidades de granulações que<br />
são intermediárias entre aqueles<br />
com Alta Maturidade e Baixa<br />
Maturidade. Valores de Referências:<br />
RETL de 81.0 % a 96.4 %,<br />
RETM de 1.1 % a 15.2 % e RETH<br />
de 0.03 % a 3.95 %.<br />
- Freqüência de Granulações Reticulocitárias<br />
(MFI %): em vista<br />
das granulações emitirem fluorescência,<br />
este índice significa o<br />
cálculo da freqüência média das<br />
fluorescências que foram emitidas<br />
pelos reticulócitos imaturos<br />
(RETM + RETH). Quanto maior<br />
for a emissão de fluorescência,<br />
maior será o valor médio do MFI<br />
%, significando que existe maior<br />
grau de imaturidade dos reticulócitos<br />
no sangue periférico.<br />
Em condições normais, no sangue<br />
periférico existe pequena<br />
percentagem de reticulócitos<br />
imaturos (6, 7, 39). Valores de<br />
Referência para MFI de 6.3 % a<br />
17.3 %.<br />
Estes foram os exames do Eritrograma<br />
analisados neste estudo,<br />
com os seus respectivos valores de<br />
referência:<br />
- Contagem de Hemácias (RBC/<br />
mm 3 ) de 3.500.000/mm 3 a<br />
5.900.000/mm 3 (33)<br />
- Volume Globular Médio (MCV<br />
uu 3 ) de 81uu 3 a 99uu 3 (40)<br />
- Hemoglobina Globular Média<br />
(MCH yy) de 26yy a 34yy (37)<br />
- Índice de Variação do Tamanho<br />
das Hemácias (RDW) até 15.5<br />
(37)<br />
- Dosagem de Hemoglobina (HGB<br />
g/dl), de 12.0 g/dl a 16.3 g/dl<br />
(33),<br />
- Hematócrito (HCT %), de 36 %<br />
a 55 % (39) e<br />
- Concentração de Hemoglobina<br />
Globular Média (MCHC %) de 31<br />
% a 36 % (37).<br />
Do eritrograma ainda foi destacada,<br />
a presença ou ausência do<br />
alarme micrócito.<br />
Para as análises dos exames do<br />
reticulocitograma e eritrograma, na<br />
dependência dos resultados do<br />
MCV, CRC e MRV, os casos foram<br />
reunidos nos seguintes grupos:<br />
Normocitose:<br />
MCV = Normal de 81 uu 3 a 98 uu 3<br />
CRC = Normal de 0.75 % a 2.30 %<br />
MRV = Normal de 89 uu 3 a 109 uu 3<br />
128<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004
Grupos com Microcitose e MRV<br />
Normal<br />
Microcitose:<br />
MCV = Diminuído, máximo de 79 uu 3<br />
CRC = Normal de 0.75 % a 2.30 %<br />
MRV = Normal de 89 uu 3 a 109 uu 3<br />
Micropenia:<br />
MCV = Diminuído, máximo de 79 uu 3<br />
CRC = Diminuído, máximo até<br />
0.74 %<br />
MRV = Normal, de 89 uu 3 a 109 uu 3<br />
Resultados<br />
Grupos com Microcitose e MRV<br />
Diminuído<br />
Anemia:<br />
MCV = Diminuído, máximo de 79 uu 3<br />
CRC = Normal de 0.75 % a 2.30 %<br />
MRV = Diminuído, máximo até 88<br />
uu 3<br />
Anepenia:<br />
MCV = Diminuído, máximo de 79 uu 3<br />
CRC = Diminuído, máximo de 0.74 %<br />
MRV = Diminuído, máximo até 88 uu 3<br />
Para as análises estatísticas<br />
foram usados os testes de<br />
Mantel-Haenszel, Yates corrected,<br />
Fisher exact, Kruskal-<br />
Wallis H para as distribuições<br />
não paramétricas o Bartlett’s<br />
test. Os níveis de significância<br />
foram p
Tabela III – Grupos Normocitose, Microcitose, Micropenia, Anemia e Anepenia: Exames do<br />
Reticulocitograma e Eritrograma - Médias e D.P.<br />
Exames do<br />
Reticulocitograma<br />
Normocitose Microcitose Micropenia Anemia Anepenia<br />
(N = 194) (N = 154) (N = 42) (N = 111) (N = 35)<br />
CRC % 1.2 (± 0.3) 1.1 (± 0.3) 0.6 (± 0.1) 1.2 (± 0.3) 0.6 (± 0.1)<br />
MRV uu 3 100.7 (± 4.8) 93.5 (± 4.4) 95.3 (± 4.3) 80.9 (± 5.6) 81.4 (± 6.3)<br />
RETL % 90.7 (± 3.4) 88.2 (± 6.0) 91.7 (± 4.7) 86.4 (± 8.8) 88.4 (± 6.3)<br />
RETM % 7.6 (± 2.9) 9.4 (± 4.4) 7.1 (± 4.1) 10.2 (± 6.0) 9.7 (± 5.4)<br />
RETH % 1.6 (± 1.1) 2.4 (± 2.0) 1.0 (± 1.0) 3.4 (± 3.0) 1.9 (± 1.4)<br />
MFI % 12.0 (± 2.1) 13.7 (± 3.6) 10.7 (± 2.7) 14.6 (± 5.5) 12.5 (± 3.8)<br />
Exames do<br />
Eritrograma<br />
RBC 4.632.000 4.657.000 4.508.000 4.825.000 4.631.000<br />
/ mm 3 (± 309.000) (± 599.000) (± 488.000) (± 771.000) (± 835.000)<br />
MCV uu 3 85.4 (± 3.1) 76.4 (± 3.2) 76.8 (± 2.2) 68.7 (± 6.4) 70.4 (± 6.4)<br />
MCH yy 29.1 (± 1.4) 25.6 (± 1.7) 25.7 (± 1.0) 22.7 (± 2.8) 23.3 (± 2.6)<br />
RDW 11.7 (± 1.0) 15.0 (± 2.8) 14.7 (± 2.2) 16.9 (± 3.4) 16.6 (± 3.2)<br />
HGB g/dl 13.4 (± 1.0) 11.9 (± 1.6) 11.6 (± 1.2) 10.9 (± 1.9) 10.7 (± 1.9)<br />
HCT % 39.5 (± 2.7) 35.4 (± 4.6) 34.6 (± 3.4) 33.1 (± 5.4) 32.5 (± 6.1)<br />
MCHC % 34.0 (± 0.6) 33.6 (± 0.8) 33.5 (± 0.7) 32.9 (± 1.5) 33.1 (± 1.4)<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004<br />
131
Tabela IV – Grupos Normocitose, Microcitose, Micropenia, Anemia e Anepenia: Exames do<br />
Reticulocitograma e Eritrograma - Significâncias Kruskal Wallis H e Bartllett’s test (p
Tabela V – Grupos Microcitose X Micropenia e<br />
Anemia X Anepenia: Exames do Reticulocitograma e Eritrograma: Significâncias kruskal-Wallis H e Bartlelt’s test (p
Discussão<br />
Características da Amostra<br />
Analisada<br />
Tabela I – no total dos 342 casos<br />
com microcitoses (MRV no máximo<br />
até 79 uu 3 ), 57.3 % deles<br />
apresentaram o volume reticulocitário<br />
médio dentro dos limites<br />
normais (MRV de 89 uu 3 a 109 uu 3 ).<br />
Isto significa que reticulócitos com<br />
volumes normais, ao se transformarem<br />
em hemácias podem originar<br />
hemácias microcíticas.<br />
Tabela II – nas comunidades,<br />
existiram maiores freqüências<br />
(significantes) de casos com microcitoses<br />
e MRV normais – Microcitose<br />
= 65.6 % dos casos e<br />
Micropenia = 78.6 % dos casos -<br />
enquanto que com procedência<br />
Hospitalar existiram maiores freqüências<br />
para os casos com microcitose<br />
e MRV diminuídos. Anemia<br />
= 64.0 % dos casos e Anepenia<br />
= 57.1 % dos casos.<br />
Em relação aos Infantes, não<br />
existiu diferença (significante) para<br />
a presença normal ou diminuída do<br />
volume reticulocitário, porque em<br />
todos os grupos com microcitose<br />
as maiores freqüências foram sempre<br />
para os Infantes: Microcitose<br />
= 67.5 % dos casos, Micropenia =<br />
81.0 % dos casos, Anemia = 73.9<br />
% dos casos e Anepenia = 71.4 %<br />
dos casos.<br />
A maior freqüência de microcitoses<br />
na Infância não é uma ocorrência<br />
nova, pois vários trabalhos<br />
vêm mostrando este fato (31, 32,<br />
33, 34, 35, 36), na grande maioria<br />
dos casos tem origem nas deficiências<br />
nutricionais, podendo ter<br />
implicações no desenvolvimento<br />
cognitivo e imunocompetente (35).<br />
Quanto aos sexos não existiram<br />
diferenças significantes, entre<br />
a presença de microcitose com<br />
MRV normal ou diminuído.<br />
Grupos Normocitose,<br />
Microcitose e Micropenia<br />
Comparando-se o grupo Normocitose<br />
com os grupos Microcitose<br />
e Micropenia temos:<br />
Reticulocitograma - Tabelas<br />
III e IV<br />
A) Estes três grupos têm em<br />
comum os volumes reticulocitários<br />
médios dentro dos limites normais<br />
- MRV de 89 uu 3 a 109 uu 3 (37),<br />
entretanto os grupos Microcitose e<br />
Micropenia já apresentam valores<br />
médios menores (significantes) em<br />
relação ao Normocitose:<br />
MRVuu 3 : Microcitose = 93.5<br />
(± 4.4), Micropenia = 95.3 (± 4.3)<br />
e Normocitose = 100.7 (± 4.8).<br />
B) Nos exames do reticulocitograma,<br />
pode-se observar que<br />
a qualidade dos reticulócitos do<br />
grupo Microcitose é diferente do<br />
grupo Micropenia, através da<br />
contagem reticulocitária (CRC),<br />
dos reticulócitos imaturos (RETM<br />
e RETH) e das granulações reticulocitárias<br />
(MFI). Porque o grupo<br />
Microcitose apresenta maiores<br />
valores médios (significantes),<br />
enquanto que no grupo Micropenia<br />
temos os menores valores<br />
médios:<br />
CRC %: Microcitose = 1.1 (±<br />
0.3), Micropenia = 0.6 (± 0.1) e<br />
Normocitose = 1.2 (± 0.3)<br />
RETM %: Microcitose = 9.4 (±<br />
4.4), Micropenia = 7.1 (± 4.1) e<br />
Normocitose = 7.6 (± 2.9)<br />
RETH %: Microcitose = 2.4 (±<br />
2.0), Micropenia = 1.0 (± 1.0) e<br />
Normocitose = 1.6 (± 1.1)<br />
MFI %: Microcitose = 13.7 (±<br />
3.6), Micropenia = 10.7 (± 2.7) e<br />
Normocitose = 12.0 (± 2.1)<br />
Eritrograma – Tabelas III, IV e VI<br />
Os grupos Microcitose e Micropenia<br />
apresentam:<br />
A) Maioria dos exames com os<br />
mesmos fatos, ou seja, valores<br />
(significantes) diminuídos para<br />
MCV, MCH, HGB, HCT e MCHC:<br />
MCV uu 3 : Microcitose = 76.4<br />
(± 3.2), Micropenia = 76.8 (± 2.2)<br />
e Normocitose = 85.4 (± 3.1)<br />
MCH yy: Microcitose = 25.6 (±<br />
1.7), Micropenia = 25.7 (± 1.0) e<br />
Normocitose = 29.1 (± 1.4)<br />
HGB g/dl: Microcitose = 11.9<br />
(± 1.6), Micropenia = 11.6 (± 1.2)<br />
e Normocitose = 13.4 (± 1.0)<br />
HCT %: Microcitose = 35.4 (±<br />
4.6), Micropenia = 34.6 (± 3.4) e<br />
Normocitose = 39.5 (± 2.7)<br />
MCHC %: Microcitose = 33.6<br />
(± 3.2), Micropenia = 33.5 (± 0.7)<br />
e Normocitose = 34.0 (± 0.6)<br />
B) Maiores valores médios<br />
(significantes) para o RDW:<br />
RDW: Microcitose = 15.0 (±<br />
2.8), Micropenia = 14.7 (± 2.2) e<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004<br />
135
Normocitose = 11.7 (± 1.0)<br />
Sendo o RDW um índice que<br />
quando mais elevado está informando<br />
que existe maiores variações<br />
nos tamanhos das hemácias,<br />
isto significa que apesar dos<br />
grupos Microcitose e Micropenia<br />
apresentarem valores médios<br />
dentro dos limites normais para o<br />
RDW, porém já existem mais variedades<br />
nos tamanhos dos seus<br />
volumes eritrocitários do que no<br />
grupo Normocitose.<br />
C) O único exame do eritrograma<br />
que diferencia o grupo Microcitose<br />
do Micropenia, quando<br />
comparados com o Normocitose,<br />
é o valor do RBC/mm 3 , porque o<br />
Microcitose tem valor mais elevado<br />
(significante), enquanto que o<br />
Micropenia apresenta menor valor<br />
(significante):<br />
RBC/mm 3 : Microcitose =<br />
4.657.000 (± 599.000), Micropenia<br />
= 4.508.000 (± 488.000) e Normocitose<br />
= 4.632.000 (± 309.000).<br />
Sendo o grupo Micropenia<br />
aquele que também teve Reticulocitopenia,<br />
este menor valor para<br />
RBC/mm 3 deve ter relação com a<br />
presença da sua Reticulocitopenia.<br />
D) Presença de casos com o<br />
alarme Micrócitos (Tabela VI): os<br />
grupos Microcitose e Micropenia<br />
apresentaram maiores freqüências<br />
(significativas) de casos para a<br />
presença do alarme Micrócitos<br />
quando comparados com o grupo<br />
Normocitose:<br />
Presença de casos com Micrócitos:<br />
Microcitose = 76.0 %,<br />
Micropenia = 72.8 % e Normocitose<br />
= 0.5 %<br />
Nos grupos Microcitose e Micropenia<br />
das três condições responsáveis<br />
pelo aparecimento do alarme<br />
micrócitos, duas devem estar<br />
presentes nestes dois grupos, aumentando<br />
a possibilidade da presença<br />
do alarme micrócitos: 1) o<br />
envelhecimento precoce (antes dos<br />
120 dias normais) das hemácias<br />
por serem microcíticas e 2) o aparecimento<br />
de algumas hemácias<br />
com volumes abaixo de 70 uu 3<br />
(muito microcíticas), desde quando<br />
nestes dois grupos já existiu<br />
maior variação no tamanho das<br />
hemácias (RDW mais elevado).<br />
Grupos Normocitose, Anemia<br />
e Anepenia<br />
Comparando-se o grupo Normocitose<br />
com os grupos Anemia<br />
e Anepenia temos:<br />
Reticulocitograma - Tabelas<br />
III e IV<br />
A) Os grupos Anemia e Anepenia<br />
tem em comum os valores médios<br />
para os volumes reticulocitários<br />
abaixo do normal:<br />
MRV uu 3 : Anemia = 80.9 (±<br />
5.6), Anepenia = 81.4 (± 6.3) e<br />
Normocitose = 100.7 (± 4.8)<br />
B) Entre os grupos Anemia e<br />
Anepenia a principal diferença<br />
está na presença da reticulocitopenia<br />
do grupo Anepenia: CRC<br />
%: Anemia = 1.2 (± 0.3), Anepenia<br />
= 0.6 (± 0.1) e Normocitose<br />
= 1.2 (± 0.3)<br />
C) Os grupos Anemia e Anepenia<br />
têm o mesmo tipo de qualidade<br />
para os reticulócitos, sendo que<br />
isto os diferenciam do Normocitose,<br />
porque os grupos Anemia e<br />
Anepenia apresentam maiores valores<br />
médios (significantes) para<br />
os reticulócitos imaturos (RETM e<br />
RETH) e para as granulações reticulocitárias<br />
(MFI):<br />
RETM %: Anemia = 10.2 (±<br />
6.0), Anepenia = 9.7 (± 5.4) e<br />
Normocitose = 7.6 (± 2.9)<br />
RETH %: Anemia = 3.4 (±<br />
3.0), Anepenia = 1.9 (± 1.4) e<br />
Normocitose = 1.6 (± 1.1)<br />
MFI %: Anemia = 14.6 (±<br />
5.5), Anepenia = 12.5 (± 3.8) e<br />
Normocitose = 12.0 (± 2.1)<br />
Um dos seguintes fatos e ou os<br />
dois podem ser os responsáveis<br />
pela presença dos maiores valores<br />
médios para RETM, RETH e MFI<br />
dos grupos Anemia e Anepenia:<br />
1) Nas anemias mais graves<br />
(hemoglobina e hematócrito com<br />
valores diminuídos) o tempo de<br />
maturação dos reticulócitos na<br />
medula diminui (normal de 3,5 dias<br />
passa para 1,5 dia) então maior<br />
número de reticulócitos imaturos<br />
é liberado para o sangue periférico.<br />
Estes reticulócitos permanecerão<br />
mais de 48 horas no sangue<br />
periférico para que possam se<br />
transformar em hemácias (4). Nestas<br />
condições teremos maior número<br />
de reticulócitos imaturos no<br />
sangue periférico. Este número de<br />
reticulócitos será um valor relativo,<br />
porque nas microcitoses, por<br />
136<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004
causa do maior número de divisões<br />
celulares, existe também um número<br />
mais elevado de hemácias.<br />
Este é o principal motivo para que<br />
se faça a contagem corrigida de<br />
reticulócitos (38).<br />
2) A presença de maior quantidade<br />
de granulações reticulocitárias<br />
pode ser por conta de maior<br />
número de receptores de transferrina<br />
na membrana dos reticulócitos<br />
imaturos (41, 42, 43). Isto<br />
pode ser encontrado na deficiência<br />
de ferro e na heterozigose para<br />
as beta-talassemias (44, 45).<br />
Eritrograma – Tabelas III, IV e VI<br />
Nos exames dos eritrogramas<br />
os grupos Anemias e Anepenia<br />
quando comparados com o grupo<br />
Normocitose tem:<br />
A) valores médios maiores<br />
para RBC e RDW:<br />
RBC/mm 3 : Anemia =<br />
4.825.000 (± 771.000), Anepenia<br />
= 4.631.000 (± 835.000) e Normocitose<br />
= 4.632.000 (±<br />
309.000)<br />
RDW: Anemia = 16.9 (± 3.4),<br />
Anepenia = 16.6 (± 3.2) e Normocitose<br />
= 11.7 (± 1.0)<br />
Os valores do RDW dos grupos<br />
Anemia e Anepenia estão acima<br />
do valor normal, logo nestes<br />
dois grupos é muito grande a variação<br />
no tamanho das hemácias,<br />
ou seja existe presença da<br />
anisocitose franca.<br />
B) menores valores médios<br />
para MCV, MCH, HGB, HCT e<br />
MCHC:<br />
MCV uu 3 : Anemia = 68.7 (±<br />
6.4), Anepenia = 70.4 (± 6.4) e<br />
Normocitose = 85.4 (± 3.1)<br />
MCH yy: Anemia = 22.7 (±<br />
2.8), Anepenia = 23.3 (± 2.6) e<br />
Normocitose = 29.1 (± 1.4)<br />
HGB g/dl: Anemia = 10.9 (±<br />
1.9), Anepenia = 10.7 (± 1.9) e<br />
Normocitose = 13.4 (± 1.0)<br />
HCT %: Anemia = 33.1 (±<br />
5.4), Anepenia = 32.5 (± 6.1) e<br />
Normocitose = 39.5 (± 2.7)<br />
MCHC %: Anemia = 32.9 (±<br />
1.5), Anepenia = 33.1 (± 1.4) e<br />
Normocitose = 34.0 (± 0.6)<br />
Os grupos Anemia e Anepenia<br />
apresentam os valores médios de<br />
MCV, MCH, HGB e HCT abaixo dos<br />
valores normais (33, 37, 40). Geralmente,<br />
quando diminui a concentração<br />
de hemoglobina é que começam<br />
a aparecer os sintomas clínicos<br />
das anemias: fadiga, palpitações,<br />
dispnéia, etc.(46). Vários autores<br />
têm referido que os diagnósticos<br />
clínicos das anemias microcíticas<br />
adquiridas só ocorrem quando<br />
já existem diminuições significantes<br />
de hemoglobina sendo necessário<br />
que existam outras evidências<br />
para que se possa intervir mais<br />
precocemente (31, 35, 36, 47, 48).<br />
C) Presença de casos com o<br />
alarme Micrócitos (Tabela VI): os<br />
grupos Anemia e Anepenia, assim<br />
como os grupos Microcitose e Micropenia<br />
também apresentaram<br />
maiores freqüências (significativas)<br />
de casos com o alarme Micrócitos<br />
quando comparados com<br />
o grupo Normocitose:<br />
Presença de casos com Micrócitos:<br />
Anemia = 96.4 %, Anepenia<br />
= 88.6 % e Normocitose =<br />
0.5 %.<br />
Para as maiores freqüências de<br />
Micrócitos nos grupos Anemia e<br />
Anepenia, os fatos responsáveis<br />
por estas freqüências devem ser<br />
os mesmos, já citados anteriormente,<br />
quando da discussão da<br />
presença de micrócitos nos grupos<br />
Microcitose e Micropenia.<br />
Grupos com <strong>Microcitoses</strong> e Reticulocitopenias:<br />
Microcitose X Micropenia e<br />
Anemia X Anepenia<br />
Tabelas III e V – As principais<br />
diferenças em comum para os<br />
grupos com reticulocitopenias (Micropenia<br />
e Anepenia), quando<br />
comparados com aqueles que somente<br />
apresentaram microcitose<br />
porém com valores de CRC % normais<br />
(grupos Microcitose e Anemia)<br />
foram que os grupos com reticulocitopenias<br />
tiveram menor<br />
valor médio (significativos) para<br />
o reticulócito mais imaturo (RETH<br />
%) e para a quantidade de granulações<br />
reticulocitárias (MFI %):<br />
RETH %: Micropenia = 1.0 (±<br />
1.0) e Microcitose = 2.4 (± 2.0);<br />
Anepenia = 1.9 (± 1.4) e Anemia<br />
= 3.4 (± 3.0)<br />
MFI %: Micropenia = 10.7 (±<br />
2.7) e Microcitose = 13.7 (± 3.6);<br />
Anepenia = 12.5 (± 3.8) e Anemia<br />
= 14.6 (± 5.5).<br />
138<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004
No grupo Micropenia outras diferenças<br />
com o grupo Microcitose<br />
são evidentes, porque além dos<br />
fatos já citados, o grupo com Micropenia<br />
em relação ao grupo Microcitose<br />
também apresenta maior<br />
valor médio para o MRVuu3 e<br />
menores valores médios (significantes)<br />
para RETM % e RBC/mm 3 :<br />
MRV uu 3 : Micropenia = 95.3 (±<br />
4.3) e Microcitose = 93.4 (± 4.4)<br />
RETM %: Micropenia = 7.1<br />
(± 4.1) e Microcitose = 9.4 (± 4.4)<br />
RBC/mm 3 : Micropenia =<br />
4.508.000 (± 488.000) e Microcitose<br />
= 4.657.000 (± 599.000)<br />
Quando existe menor número de<br />
reticulócitos na circulação sangüínea,<br />
pode ser um indicativo de que<br />
esta medula esteja com diminuição<br />
de sua atividade eritropoiética, comumente<br />
denominada de hipoatividade<br />
ou medula com resposta<br />
arregenerativa. Este tipo de atividade<br />
eritropoiética pode ser encontrada<br />
em diversas anemias, que são<br />
agrupadas em quatro categorias:<br />
a) alteração na síntese da hemoglobina,<br />
estas são as condições<br />
mais freqüentes, tendo destaque<br />
especial a deficiência de ferro; b)<br />
alteração da eritropoiese, aqui temos<br />
as anemias crônicas por deficiência<br />
de folatos, desnutrição, anemias<br />
secundárias as leucemias agudas<br />
e crônicas, anemias aplásticas<br />
hereditárias e adquiridas; c) anemias<br />
secundárias a doenças sistêmicas,<br />
encontrada em tuberculose,<br />
brucelose, doenças do colágeno, insuficiência<br />
renal, neoplasias não hematológicas;<br />
d) estímulo eritropoiético<br />
regulado em um nível mais<br />
baixo do que o normal, pode existir<br />
no hipotireoidismo e na hipofunção<br />
da hipófise anterior (31, 32, 49, 50).<br />
Sendo as anemias por deficiências<br />
na síntese da hemoglobina<br />
(nutricionais) as mais freqüentes<br />
entre as microcitoses, alguns trabalhos<br />
mostram que:<br />
a) Nas desnutrições, independente<br />
da deficiência do ferro, existe<br />
uma “incapacidade” do complexo<br />
ferro/transferrina em transferir<br />
o ferro para os reticulócitos,<br />
existindo a possibilidade de que a<br />
membrana dos receptores de<br />
transferrina esteja comprometida<br />
por causa da desnutrição (51, 52).<br />
b) Desnutrição e infecções são<br />
fatores etiológicos sugestivos de<br />
depressão na medula eritropoiética<br />
(53).<br />
c) Determinadas substâncias<br />
(anfotericina B, hipercalcemia, derivados<br />
da uréia) podem ser causas<br />
da depressão eritropoiética<br />
(54, 55, 56).<br />
Conclusões<br />
Pelo exposto se pode concluir<br />
sobre as questões levantadas na<br />
introdução que:<br />
1) A presença de microcitose<br />
eritrocitária pode ser conseqüência<br />
de reticulócitos com volumes dentro<br />
dos limites normais – MRV de 89<br />
uu3 a 109 uu 3 – como foi visto nos<br />
grupos Microcitose e Micropenia.<br />
2) Nem todos os grupos com<br />
reticulocitopenia apresentam menor<br />
valor para a contagem de hemácias.<br />
Somente o grupo Micropenia<br />
(volume reticulocitário normal e microcitose)<br />
apresentou reticulocitopenia<br />
com menor valor para RBC/<br />
mm 3 . Sendo também este o único<br />
dos três grupos com microcitose que<br />
apresentou na sua qualidade de reticulócitos<br />
circulantes, o menor valor<br />
para os reticulócitos imaturos<br />
(RETM e RETH) e para as granulações<br />
reticulocitárias (MFI).<br />
3) A presença ou ausência de<br />
reticulocitopenias não esteve associada<br />
à maior intensidade das<br />
microcitoses. As maiores intensidades<br />
para as microcitoses foram<br />
para os grupos Anemia e Anepenia,<br />
sendo que estes grupos tiveram<br />
em comum o valor abaixo do<br />
normal para os volumes reticulocitários<br />
médios (MRV uu 3 ).<br />
4) Fatores responsáveis pela<br />
depressão da medula eritropoiética<br />
podem causar reticulocitopenias.<br />
Agradecimentos<br />
A autora agradece a Maria Auxiliadora<br />
L. Dias da Silva, professora<br />
de inglês da UFBA e UNI-<br />
Bahia, por ter transcrito o resumo<br />
para o inglês.<br />
Correspondência para:<br />
Maria de Lourdes Pires Nascimento<br />
mlpnascimento@uol.com.br<br />
140<br />
<strong>NewsLab</strong> - edição 67 - 2004
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