BRASIL - Swisscam
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foco: melhores lugares na Suíça<br />
Suíça de moto<br />
O ronco do motor indica o que está por vir – uma semana viajando pela Suíça a bordo de uma<br />
Ducati – na garupa da moto pilotada por Urs Zaugg, ex-presidente do Clube da Yamaha na<br />
Suíça, e acompanhado pelo Cônsul Geral da Suíça em São Paulo, Hans Hauser, piloto da moto<br />
que conduz o fotógrafo Roberto Seba.<br />
Aideia da viagem, desde o início,<br />
foi percorrer quase uma volta<br />
completa pelo país, utilizando<br />
estradas secundárias sempre<br />
que possível.<br />
No terceiro dia de viagem, logo<br />
após cruzar a cidade de Gstaad,<br />
aprendi o que se tornaria para mim o fator mais<br />
interessante de uma viagem pela Suíça. O choque<br />
cultural foi marcante. As placas em alemão desaparecem<br />
e tudo é escrito em francês. A convivência<br />
harmoniosa entre três culturas – a alemã (60% do<br />
país), francesa (30%) e italiana (10%) -, é a marca<br />
deste pequeno país. Há ainda um quarto idioma,<br />
o romanche, embora seu percentual de influência<br />
seja bem reduzido. Tal miscelânea cultural não<br />
impede que cada morador tenha seus hábitos característicos<br />
conforme a região em que viva. Mas,<br />
seja pensando como um francês, agindo como um<br />
alemão, ou vivendo como um italiano, todos são<br />
suíços. E orgulham-se disso.<br />
A viagem partiu dos arredores de Lucerna, situada<br />
na parcela alemã, e logo chegamos às margens do<br />
Lago Sarner, o primeiro dos tantos de cor esmeralda<br />
que veria nos vales alpinos. A sequência de<br />
curvas e o movimento de sobe-e-desce é a marca<br />
de qualquer passeio pelo país. Como me diria dias<br />
depois o guia Philipp Steiner, em Lausanne, “na<br />
Suíça, nunca viajamos em linha reta”, referindo-se<br />
a necessidade de serpentear as encostas dos Alpes<br />
para avançar no caminho.<br />
28<br />
swisscam magazine 63 12/2010<br />
A primeira parada, próxima à cidade de Interlaken,<br />
foi na vila de Lauterbrunnen. A cidade recebe os<br />
visitantes que vêm conhecer a cachoeira Trümmelbach,<br />
formada pelo degelo de glaciares. Na região<br />
também fica a estação de trem mais alta da Europa,<br />
a Jungfraujoch, localizada a 3.454 metros de altitude.<br />
Na graciosa Grindelwald, a verticalidade das<br />
montanhas fez com que eu estivesse quase sempre<br />
com o pescoço torto, atraído pelos diversos picos<br />
eternamente nevados. A visão dos Alpes do alto da<br />
estação First é soberba. A grandiosidade das montanhas<br />
faz Grindelwald, no fundo do vale, parecer<br />
uma vila de Lego.<br />
O comportamento dos motoristas nas estradas<br />
suíças também chamou minha atenção. Não<br />
lembro de um carro sequer tentando aquela ultrapassagem<br />
imprudente típica numa estrada de<br />
mão dupla no Brasil. Após passar por Gstaad, a<br />
viagem seguiu por uma estrada alternativa formidável,<br />
controlada pelos militares e só aberta ao<br />
público nos fins de semana. Do alto da montanha,<br />
avistamos lá embaixo o majestoso Lac Genéve.<br />
A descida ocorreu por uma bela rota em forma de<br />
caracol, rumo à cidade de Lausanne.<br />
Viajar de moto pela Suíça proporciona a oportunidade<br />
de cruzar um dos trechos mais bonitos e históricos<br />
não só do país, mas de toda a Europa. É imperdível<br />
subir o extenso zigue-zague a caminho do céu até<br />
alcançar o Furka Pass, a 2.436 metros de altitude,<br />
situado um pouco antes de seu vizinho mais famoso,<br />
a passagem de São Gotardo.<br />
por Luciano Velleda<br />
O relevo acidentado dos Alpes suíços durante séculos<br />
foi uma barreira para a circulação de pessoas e<br />
mercadorias. Batizada de São Gotardo, a passagem<br />
foi aberta em 1834 e alterou radicalmente o tráfego<br />
e o comércio entre a parte norte e sul do país, na<br />
direção da Itália.<br />
O auge das caravanas para cruzar o São Gotardo<br />
ocorreu até o ano de 1882, quando o primeiro trem<br />
inaugurou o túnel que corta a montanha. Em 1980,<br />
outro túnel foi aberto para os carros e o histórico<br />
caminho perdeu sua função. Hoje em dia, a rota é<br />
percorrida apenas por viajantes de carro, bicicleta<br />
ou moto, boquiabertos com a espetacular paisagem.<br />
Cruzamos o São Gotardo e iniciamos a descida em<br />
direção à cidade de Lugano. Ao chegar lá embaixo, a<br />
Suíça acolhe os viajantes em italiano.<br />
No último dia atravessamos outra importante passagem,<br />
a de São Bernardino. Ao descer pela última vez<br />
os Alpes, paramos para almoçar na vila de Splügen,<br />
um daqueles lugarejos que quando vistos da janela do<br />
trem surgem e somem em cinco segundos. Splügen<br />
logo ficou para trás e rumamos em direção a Zurique,<br />
a última parada da viagem. Zurique é uma cidade<br />
atraente, habitada por pessoas charmosas. Mais algumas<br />
curvas e o motor das motos roncaram com força<br />
pela última vez antes de silenciar na frente do hotel.<br />
Como ir<br />
O piloto Urs Zaugg organiza roteiros de três dias a<br />
partir de US$ 2.200 (sem parte aérea), ou de cinco<br />
dias, a partir de US$ 3.200, passando por Lucerna,<br />
Grindelwald, Gruyère, Lugano e Andermat (zaugg@<br />
uzimex.com ou zaugg@ducati-tourimus.ch)<br />
Fotos: Roberto Seba