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universidade federal de santa catarina programa ... - LEPTEN - UFSC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA<br />

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA<br />

MECÂNICA<br />

Gil Goss Júnior<br />

TRANSFERÊNCIA DE CALOR E QUEDA DE PRESSÃO<br />

DURANTE A CONDENSAÇÃO CONVECTIVA DO<br />

R-134a EM MICROCANAIS PARALELOS<br />

Florianópolis(SC)<br />

2011


Gil Goss Júnior<br />

TRANSFERÊNCIA DE CALOR E QUEDA DE PRESSÃO<br />

DURANTE A CONDENSAÇÃO CONVECTIVA DO<br />

R-134a EM MICROCANAIS PARALELOS<br />

Dissertação submetida ao Programa<br />

<strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia Mecânica<br />

para a obtenção do Grau <strong>de</strong><br />

Mestre em Engenharia.<br />

Orientador: Prof. Júlio César Passos,<br />

Dr.<br />

Florianópolis(SC)<br />

2011


Catalogação na fonte elaborada pela biblioteca da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina<br />

A cha catalográca é confeccionada pela Biblioteca Central.<br />

Tamanho: 7cm x 12 cm<br />

Fonte: Times New Roman 9,5<br />

Maiores informações em:<br />

http://www.bu.ufsc.br/<strong>de</strong>sign/Catalogacao.html


Dedico esse trabalho à toda minha família,<br />

pelo apoio e carinho e à vovó Celina,<br />

cujos ensinamentos jamais serão esquecidos.


AGRADECIMENTOS<br />

Venho, por meio <strong>de</strong>sse espaço, expressar minha enorme gratidão<br />

a todos que, contribuindo direta ou indiretamente, tornaram possível a<br />

realização <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

Agra<strong>de</strong>ço ao meu orientador, professor Júlio César Passos, por<br />

ter acreditado e conado em meu trabalho, e por ter sido, também, um<br />

gran<strong>de</strong> motivador, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a minha graduação.<br />

Ao CNPq, a CAPES, à <strong>UFSC</strong>, ao POSMEC e ao <strong>LEPTEN</strong>/Boiling<br />

por terem proporcionado condições nanceira e estrutural necessárias<br />

para que eu <strong>de</strong>senvolvesse esse trabalho <strong>de</strong> pesquisa.<br />

A todos os colegas <strong>de</strong> trabalho do grupo Boiling, em especial a<br />

Isac, Tefo e Dudinho, que trabalharam diretamente com esse projeto<br />

e contrubuíram muito para a montagem da bancada experimental e<br />

realização dos testes.<br />

Aos colegas <strong>de</strong> mestrado Augusto, Borin, Joel, Paulo e Moser<br />

pelas intermináveis noites <strong>de</strong> estudo e discussão que contribuíram não<br />

somente para a minha formação intelectual, mas também, pessoal. E<br />

as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fast foods que permitiram tantas horas ininterruptas <strong>de</strong><br />

estudos no POLO.<br />

A todos os amigos que sempre estiveram do meu lado em todos<br />

os momentos. Em especial ao Amaury, certamente um amigo para a<br />

vida toda.<br />

A meu pai Gil, por ter me dado, não somente seu nome, mas<br />

também, toda a atenção que um lho necessita.<br />

A minha mãe Selene, que foi, além <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> educadora,<br />

uma formadora <strong>de</strong> caráter.<br />

A minha irmã Marina, que sempre esteve ao meu lado para ouvir<br />

todos os meus problemas e tentar resolvê-los, mesmo quando estes não<br />

podiam ser resolvidos.<br />

Ao tio Djalminha, tia Eneida e Fernanda, por me acolherem em<br />

tantos ns <strong>de</strong> semana e terem feito papéis <strong>de</strong> pai, mãe e irmã, quando<br />

eles não estavam presentes.<br />

A minha linda, carinhosa e compreensiva namorada Fernanda,<br />

que sempre conou no meu potencial e esteve comigo quando eu mais<br />

precisei.


Agra<strong>de</strong>ço também à todos que zeram e fazem parte da minha<br />

vida.


Os que se encantam com a prática sem a<br />

ciência são como os timoneiros que entram<br />

no navio sem timão nem bússola,<br />

nunca tendo certeza do seu <strong>de</strong>stino.<br />

Leonardo da Vinci


RESUMO<br />

Con<strong>de</strong>nsadores constituídos <strong>de</strong> microcanais são consi<strong>de</strong>rados uma boa<br />

solução tecnológica em resposta à crescente <strong>de</strong>manda por sistemas compactos,<br />

que garantam a redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> materiais e o uso <strong>de</strong><br />

menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uidos refrigerantes. O presente trabalho tem<br />

como objetivo estudar o comportamento termo-hidráulico da con<strong>de</strong>nsação<br />

convectiva do R-134a no interior <strong>de</strong> oito microcanais paralelos,<br />

arranjados horizontalmente, com diâmetros <strong>de</strong> 0,8 mm. O comportamento<br />

do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção, h, e<br />

da queda <strong>de</strong> pressão por atrito, obtidos experimentalmente, é analisado<br />

em função <strong>de</strong> diferentes variáveis, como título <strong>de</strong> vapor, x v ,<br />

uxo <strong>de</strong> calor, q ′′ , velocida<strong>de</strong> mássica, G, e temperatura do uido,<br />

T f . As condições <strong>de</strong> teste são as seguintes: 0, 55 < x v < 1; 7, 3 bar <<br />

p < 9, 7 bar; 28 o C < T f < 38 o C; 17 kW.m −2 < q ′′ < 53 kW.m −2 e<br />

230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1 . O resfriamento da superfície<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação é obtido por meio <strong>de</strong> três resfriadores do tipo Peltier<br />

(RPs), cuja calibração é consi<strong>de</strong>rada uma inovação do presente trabalho.<br />

Os resultados mostram que o título <strong>de</strong> vapor, o uxo <strong>de</strong> calor e a<br />

velocida<strong>de</strong> mássica exercem importante inuência sobre o h, enquanto<br />

que a queda <strong>de</strong> pressão por atrito é função direta da velocida<strong>de</strong> mássica<br />

e da temperatura do escoamento. Uma conclusão importante do<br />

trabalho é que a queda <strong>de</strong> pressão em microcanais é bem estimada com<br />

o uso <strong>de</strong> formulações <strong>de</strong>senvolvidas para escoamentos bifásicos adiabáticos<br />

em canais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s diâmetros. Já para a transferência <strong>de</strong> calor,<br />

os resultados mostram que a previsão dos h's requerem mo<strong>de</strong>los semiempíricos<br />

ou correlações para escoamentos em con<strong>de</strong>nsação no interior<br />

<strong>de</strong> microcanais.<br />

Palavras-chave: con<strong>de</strong>nsação convectiva, microcanais, transferência<br />

<strong>de</strong> calor, queda <strong>de</strong> pressão


ABSTRACT<br />

Con<strong>de</strong>nsers comprised of microchannels are consi<strong>de</strong>red a good technological<br />

solution in response to the increasing <strong>de</strong>mand for compact<br />

systems, ensuring a <strong>de</strong>crease in the material costs and the use of a<br />

lower quantity of refrigerants. The objective of this study was to investigate<br />

the thermal-hydraulic behavior of the refrigerant R-134a, un<strong>de</strong>r<br />

convective con<strong>de</strong>nsation conditions, in eight, 0.8 mm diameter, parallel<br />

microchannels assembled horizontally. The behavior of the convective<br />

heat transfer coecient, h, and pressure drop due to friction were obtained<br />

experimentally and analyzed as a function of several dierent variables,<br />

such as vapor quality, x v , heat ux, q ′′ , mass velocity, G, and uid<br />

temperature, T f . The test conditions were: 0.55 < x v < 1; 7.3 bar <<br />

p < 9.7 bar; 28 o C < T f < 38 o C; 17 kW.m −2 < q ′′ < 53 kW.m −2<br />

and 230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1 . The con<strong>de</strong>nsation surface<br />

was cooled using three Peltier Coolers (RPs), for which the calibration<br />

presented herein is consi<strong>de</strong>red to be innovative. The results show<br />

that vapor quality, heat ux and mass velocity have an important in-<br />

uence on h, while the pressure drop due to friction varies mainly as<br />

a function of the mass velocity and ow temperature. An important<br />

conclusion drawn from the study is that the use of the equations <strong>de</strong>veloped<br />

for adiabatic multi-phase ow in channels with large diameters<br />

provi<strong>de</strong>s a good estimate of the pressure drop. However, to predict the<br />

heat transfer coecient results semi-empirical mo<strong>de</strong>ls or correlations<br />

for con<strong>de</strong>nsation in microchannels is required.<br />

Keywords: convective con<strong>de</strong>nsation, microchannels, heat transfer,<br />

pressure drop


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 2.1 Tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores utilizados na refrigeração industrial:<br />

a) resfriado a ar; b) e c) resfriado a água; d) evaporativo.<br />

Modicado <strong>de</strong> Stoecker e Jabardo (2002).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />

Figura 2.2 Efeito do diâmetro da tubulação sobre as diferentes<br />

forças durante a ebulição para G = 200 kg.m −2 s −1 e q ′′ =<br />

1 MW.m −2 , (KANDLIKAR, 2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />

Figura 2.3 Tensões interfaciais agindo sobre uma gota em repouso. 44<br />

Figura 2.4 Força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />

Figura 2.5 Força <strong>de</strong> coesão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46<br />

Figura 2.6 Diferentes congurações <strong>de</strong> uma gota em repouso sobre<br />

uma superfície sólida.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47<br />

Figura 2.7 Curvas <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação para o vapor d'água. Adaptado<br />

<strong>de</strong> Tanasawa (1991) (MARTO, 1998).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48<br />

Figura 2.8 Con<strong>de</strong>sação em gotas sobre superfície <strong>de</strong> PVDF (GAN-<br />

ZELES, 2002) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49<br />

Figura 2.9 Perl <strong>de</strong> temperatura na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> um vapor<br />

puro saturado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51<br />

Figura 2.10 Princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um termopar.. . . . . . . . . 54<br />

Figura 2.11 Vista em corte do resfriador Peltier. . . . . . . . . . . . . . . . . . 55<br />

Figura 2.12 Elemento termoelétrico que compõe o resfriador Peltier.<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55<br />

Figura 2.13 Distribuição do escoamento em <strong>de</strong>z canais em função<br />

do título <strong>de</strong> vapor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58<br />

Figura 2.14 Distribuidores <strong>de</strong> seção transversal variável, (IDELCHIK,<br />

1994). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58<br />

Figura 2.15 Distribuição das fases líquido/vapor no escoamento em<br />

um tubo <strong>de</strong> dimensões convencionais. Modicado <strong>de</strong> Collier e<br />

Thome (1994). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61<br />

Figura 2.16 Padrões <strong>de</strong> escoamento em microcanais, (CHENG; RI-<br />

BATSKI; THOME, 2008).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63<br />

Figura 2.17 Mapa <strong>de</strong> Felcar, Ribatski e Jabardo (2007) <strong>de</strong>senvolvido<br />

para escoamentos adiabáticos em canais <strong>de</strong> pequeno diâmetro(1 <<br />

D h < 5 mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />

Figura 2.18 Comparação entre os mapas <strong>de</strong> padrão para o R-134a


em con<strong>de</strong>nsação e ar-água no interior <strong>de</strong> um tubo medindo 2 mm<br />

<strong>de</strong> diâmetro (YANG; SHIEH, 2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65<br />

Figura 2.19 Mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>senvolvido por Coleman e Garimella<br />

para canais <strong>de</strong> seção transversal quadrada e D h = 1 mm. . 66<br />

Figura 2.20 Linhas <strong>de</strong> transição entre os regimes em função do diâmetro<br />

da tubulação (COLEMAN; GARIMELLA, 1999). . . . . . . . . . . . 67<br />

Figura 2.21 Comparação entre os mapas <strong>de</strong> regime para canais circulares<br />

e retangulares (COLEMAN; GARIMELLA, 1999). . . . . . . . . . . 68<br />

Figura 2.22 Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento intermitente<br />

(COLEMAN; GARIMELLA, 2000). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69<br />

Figura 2.23 Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento anular (COLE-<br />

MAN; GARIMELLA, 2000).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70<br />

Figura 2.24 Componentes da queda <strong>de</strong> pressão total em manifolds,<br />

(STEINKE; KANDLIKAR, 2006).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72<br />

Figura 2.25 Resultado da comparação entre escoamentos no interior<br />

<strong>de</strong> canais com diferentes formas. Extraído <strong>de</strong> Wang e Rose (2006). 93<br />

Figura 3.1 Esquema do circuito experimental.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95<br />

Figura 3.2 Vista isométrica da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira<br />

elétrica; 2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico;<br />

5) pós-con<strong>de</strong>nsador; 6) bomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96<br />

Figura 3.3 Fotograa da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira elétrica;<br />

2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico;<br />

5) pós-con<strong>de</strong>nsador; 6) bomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97<br />

Figura 3.4 Vista externa (a) e interna (b) da cal<strong>de</strong>ira elétrica . . . 98<br />

Figura 3.5 Vista explodida da seção <strong>de</strong> teste: 1) microcanais; 2)<br />

placa <strong>de</strong> cobre; 3) resfriadores Peltier; 4) bloco <strong>de</strong> cobre; 5) sumidouro<br />

<strong>de</strong> calor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100<br />

Figura 3.6 Esquema da montagem dos microcanais com a chapa<br />

<strong>de</strong> cobre e os manifolds <strong>de</strong> entrada e saída. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101<br />

Figura 3.7 Fotograa do resfriador Peltier da marca Danvic, utilizado<br />

no experimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103<br />

Figura 3.8 Fotograa (a) e dimensões, em mm (b) do sumidouro<br />

<strong>de</strong> calor.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103<br />

Figura 3.9 Vista do pós-con<strong>de</strong>nsador em corte.. . . . . . . . . . . . . . . . . . 104<br />

Figura 3.10 Fotograa do tubo utilizado na homogeneização da<br />

temperatura das juntas frias dos termopares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107<br />

Figura 3.11 Fotograa (a) e corte longitudinal (b) da bucha <strong>de</strong><br />

teon montada na tubulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112


Figura 3.12 Localização dos furos na chapa <strong>de</strong> cobre, com dimensões<br />

em mm, para a medição <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> do microcon<strong>de</strong>nsador.<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />

Figura 3.13 Face inferior da placa <strong>de</strong> cobre após a xação dos termopares<br />

e preenchimento com cola.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />

Figura 3.14 Fotograa <strong>de</strong> uma etapa da montagem do sistema <strong>de</strong><br />

calibração do resfriador Peltier.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115<br />

Figura 3.15 Fotograa da montagem do sistema <strong>de</strong> calibração do<br />

resfriador Peltier.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116<br />

Figura 3.16 Curvas <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong> um dos resfriadores para 3 A <<br />

I RP < 8 A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117<br />

Figura 3.17 Comparação entre as curvas <strong>de</strong> calibração para três<br />

resfriadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118<br />

Figura 4.1 Diagrama <strong>de</strong> bloco do procedimento <strong>de</strong> testes. . . . . . . . 124<br />

Figura 4.2 Intervenções realizadas nas etapas <strong>de</strong>notadas por A<br />

e B na gura anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125<br />

Figura 4.3 Dados medidos durante um intervalo <strong>de</strong> 90 s. . . . . . . . . 127<br />

Figura 4.4 Diagrama <strong>de</strong> blocos referente ao tratamento <strong>de</strong> dados.128<br />

Figura 4.5 Representação esquemática das parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong><br />

pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129<br />

Figura 4.6 Área <strong>de</strong> distribuição consi<strong>de</strong>rada nos cálculos (dimensões<br />

em mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131<br />

Figura 4.7 Sensibilida<strong>de</strong> do cálculo do título <strong>de</strong> vapor na saída da<br />

seção <strong>de</strong> teste para as condições apresentadas na Tabela 4.3 . . . . 136<br />

Figura 5.1 Pontos experimentais plotados no mapa <strong>de</strong> padrões<br />

proposto por Coleman e Garimella. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140<br />

Figura 5.2 Contribuição <strong>de</strong> cada parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão experimental<br />

em todos os testes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141<br />

Figura 5.3 Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre ∆p atrito . . . . . . . 142<br />

Figura 5.4 Inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre ∆p atrito . . . . . . . . . . . . 143<br />

Figura 5.5 Inuência da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong><br />

trabalho sobre ∆p atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145<br />

Figura 5.6 Comparação dos resultados experimentais para a queda<br />

<strong>de</strong> pressão por atrito com mo<strong>de</strong>los da literatura. . . . . . . . . . . . . . . . . 149<br />

Figura 5.7 Temperaturas, h e título <strong>de</strong> vapor em função da posição<br />

na seção <strong>de</strong> teste e do uxo <strong>de</strong> calor para G = 445 kg.m −2 .s −1 e<br />

p = 8, 4 bar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151


Figura 5.8 Inuência do título <strong>de</strong> vapor sobre o h para diferentes<br />

condições. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153<br />

Figura 5.9 Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre o h em função<br />

da posição na seção <strong>de</strong> teste (a e c) e do título <strong>de</strong> vapor (b e d)<br />

para duas diferentes condições <strong>de</strong> teste.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />

Figura 5.10 Números <strong>de</strong> Reynolds da fase líquida para as mesmas<br />

condições <strong>de</strong> teste apresentadas nas Figuras 5.9c e 5.9d. . . . . . . . . 156<br />

Figura 5.11 Inuência do uxo <strong>de</strong> calor médio sobre o h para diferentes<br />

condições em função <strong>de</strong>: a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b)<br />

título <strong>de</strong> vapor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157<br />

Figura 5.12 Médias locais das temperaturas da pare<strong>de</strong> em função<br />

do título <strong>de</strong> vapor para as mesmas condições <strong>de</strong> teste apresentadas<br />

na Figura 5.11. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158<br />

Figura 5.13 Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />

o h para G = 230 kg.m −2 .s −1 e q m ′′ = 21 kW.m −2 em função <strong>de</strong>:<br />

a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.. . . . . . . . . . . . . . . .159<br />

Figura 5.14 Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />

o h para G = 335 kg.m −2 .s −1 e q m ′′ = 24 kW.m −2 em função <strong>de</strong>:<br />

a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.. . . . . . . . . . . . . . . .159<br />

Figura 5.15 Comparação dos resultados experimentais para a transferência<br />

<strong>de</strong> calor com mo<strong>de</strong>los da literatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165<br />

Figura 5.16 Comparação entre as espessuras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado calculadas<br />

através <strong>de</strong> diferentes formulações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167<br />

Figura A.1 Con<strong>de</strong>nsação sobre uma pare<strong>de</strong> vertica <strong>de</strong> largura b. . 185<br />

Figura B.1 Esquema <strong>de</strong> um escoamento anular no interior <strong>de</strong> uma<br />

tubulação circular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191<br />

Figura C.1 Fotograa da seção <strong>de</strong> visualização após o embutimento.<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195<br />

Figura C.2 Detalhe do capilar preenchido com a resina.. . . . . . . . . . 196<br />

Figura D.1 Esquema da primeira seção <strong>de</strong> teste projetada . . . . . . . 199<br />

Figura D.2 Dimensões da chapa <strong>de</strong> cobre usinada. . . . . . . . . . . . . . . . 200<br />

Figura D.3 Vista isométrica da chapa <strong>de</strong> cobre usinada. . . . . . . . . . 200<br />

Figura D.4 Esquema da montagem da matriz <strong>de</strong> aperto. . . . . . . . . . 201<br />

Figura D.5 Fotograa da matriz <strong>de</strong> aperto montada . . . . . . . . . . . . . 202<br />

Figura D.6 Resultados dos testes <strong>de</strong> soldagem por difusão.. . . . . . . 203<br />

Figura D.7 Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />

<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 2 kgf.m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204


Figura D.8 Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />

<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 3 kgf.m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204<br />

Figura D.9 Seção <strong>de</strong> teste projetada para utilizar RPs com microcanais<br />

usinados a partir <strong>de</strong> eletroerosão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205<br />

Figura D.10 Detalhe dos microcanais a serem usinados com eletroerosão.<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205<br />

Figura E.1 Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão<br />

por atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Blasius.211<br />

Figura E.2 Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão<br />

por atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Phillips<br />

(1987). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211<br />

Figura E.3 Resultados experimentais <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>,<br />

temperatura do uido e h para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong><br />

teste.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213<br />

Figura E.4 Comparação do h para diferentes condições <strong>de</strong> teste. . 214<br />

Figura E.5 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />

o calculado através da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter. . . . . . . . . . . . . . 214<br />

Figura E.6 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />

o calculado através da correlação <strong>de</strong> Gnielinski (1976). . . . . . . . . . . 215<br />

Figura E.7 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />

o calculado através da correlação <strong>de</strong> Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936).. . . . . . . 215<br />

Figura E.8 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />

o calculado através da correlação <strong>de</strong> Petukhov (1970). . . . . . . . . . . 216<br />

Figura F.1 Valores <strong>de</strong> incerteza padrão relativa para o coeciente<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção em função do título <strong>de</strong><br />

vapor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 2.1 Condições experimentais <strong>de</strong> diversos trabalhos. . . . . . . . 53<br />

Tabela 2.2 Grupos adimensionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59<br />

Tabela 2.3 Valores propostos por Lockhart e Martinelli (1949) para<br />

a constante C para os diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento.. . . . . . . . . 78<br />

Tabela 2.4 Resumo dos resultados encontrados na literatura sobre<br />

a inuência das variáveis sobre a ∆p e o h. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94<br />

Tabela 3.1 Rugosida<strong>de</strong> dos tubos capilares utilizados nesse trabalho,<br />

medidas <strong>de</strong> outros autores.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100<br />

Tabela 3.2 Características dos transdutores <strong>de</strong> pressão. . . . . . . . . . . 105<br />

Tabela 3.3 Coecientes das curvas <strong>de</strong> calibração obtidas para cada<br />

termopar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109<br />

Tabela 3.4 Proprieda<strong>de</strong>s do R-134a à p = 8, 4 bar . . . . . . . . . . . . . . . . 121<br />

Tabela 4.1 Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à entrada da<br />

seção <strong>de</strong> teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130<br />

Tabela 4.2 Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à saída da seção<br />

<strong>de</strong> teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135<br />

Tabela 4.3 Condições <strong>de</strong> teste utilizadas na Figura 4.7 . . . . . . . . . . . 137<br />

Tabela 5.1 Resumo dos resultados obtidos experimentalmente sobre<br />

a inuência das variáveis sobre a ∆p e o h . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169<br />

Tabela E.1 Parcelas da queda <strong>de</strong> pressão para o teste com G =<br />

3520 kg.m −2 .s −1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />

CTC<br />

CPL<br />

DDP<br />

IAM<br />

LABMETRO<br />

<strong>LEPTEN</strong><br />

LMPT<br />

NRVA<br />

POLO<br />

RP<br />

ST<br />

TP<br />

Coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />

na con<strong>de</strong>nsação convectiva<br />

Sistema <strong>de</strong> Bombeamento Capilar<br />

(Capillary Pumped Loop)<br />

Diferença <strong>de</strong> potencial<br />

Incerteza Absoluta Média<br />

Laboratórios <strong>de</strong> Metrologia<br />

Laboratórios <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Processos<br />

<strong>de</strong> Conversão e Tecnologia <strong>de</strong> Energia<br />

Laboratório <strong>de</strong> Meios Porosos e<br />

Proprieda<strong>de</strong>s Termofísicas<br />

Núcleo <strong>de</strong> Pesquisa em Refrigeração,<br />

Ventilação e Condicionamento <strong>de</strong> Ar<br />

Laboratórios <strong>de</strong> Pesquisa em Refrigeração<br />

e Termofísica<br />

Resfriador Peltier<br />

Seção <strong>de</strong> teste<br />

Termopar


LISTA DE SÍMBOLOS<br />

Alfabeto Latino:<br />

Símbolo Denição Unida<strong>de</strong> [<br />

A Área<br />

m<br />

2<br />

Bo Número <strong>de</strong> Bond [−]<br />

b Largura [m]<br />

C c Coeciente <strong>de</strong> contração [−] [<br />

c p Calor especíco à pressão constante J.kg −1 .K −1]<br />

Co Número <strong>de</strong> connamento [-]<br />

D Diâmetro [m]<br />

Eo Número <strong>de</strong> Eötvos [-]<br />

f Fator <strong>de</strong> atrito [-]<br />

F Força [N] [<br />

F' Força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento<br />

N.m<br />

−1<br />

[<br />

F Força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />

N.m<br />

−2<br />

Fr Número <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong> [−]<br />

F r t Número <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong> modicado [−]<br />

F T P Multiplicador bifásico [−] [<br />

G Velocida<strong>de</strong> mássica<br />

kg.m −2 .s −1]<br />

Ga Número <strong>de</strong> Galileo [−] [<br />

g Aceleração da gravida<strong>de</strong><br />

m.s<br />

−2<br />

h Coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor [W.m −2 .K −1 ]<br />

i Entalpia especíca [J/kg]<br />

I corrente elétrica [A]<br />

i lv Entalpia <strong>de</strong> vaporização [[J/kg]<br />

j Velocida<strong>de</strong> supercial<br />

m.s<br />

−1<br />

Ja Número <strong>de</strong> Jakob [−]<br />

k Condutivida<strong>de</strong> térmica [W.m −1 .K −1 ]<br />

K Coeciente <strong>de</strong> perda [−]<br />

L Comprimento [m] [<br />

ṁ Vazão mássica<br />

kg.s<br />

−1<br />

N i i-ésimo segmento []<br />

Nu Número <strong>de</strong> Nusselt [−]<br />

p Pressão [P a]<br />

Pr Número <strong>de</strong> Prandtl [−]<br />

Q Potência [W ]<br />

q Calor [J]


q Fluxo <strong>de</strong> calor por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />

[ ]<br />

W.m<br />

−2<br />

R a Rugosida<strong>de</strong> média [µm]<br />

Re Número <strong>de</strong> Reynolds [−]<br />

R Raio [m]<br />

[<br />

s Coeciente <strong>de</strong> Seebeck<br />

V.K<br />

−1<br />

T Temperatura [ o C]<br />

T r Temperatura adimensional [−]<br />

T + Temperatura turbulenta adim. [ o C]<br />

u ∗ Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrito<br />

m.s<br />

−1<br />

u Incerteza padrão [ ]<br />

U Incerteza expandida [ ]<br />

We Número <strong>de</strong> Weber [−] [<br />

v Velocida<strong>de</strong><br />

m.s<br />

−1<br />

V Tensão/Volume [V ]/ [ m 3]<br />

X Parâmetro <strong>de</strong> Lockhart - Martinelli [−] [<br />

x v Título <strong>de</strong> vapor<br />

V.K<br />

−1<br />

z Posição [m]<br />

Alfabeto Grego:<br />

α Fração <strong>de</strong> vazio [−]<br />

δ Espessura da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado [m]<br />

δ + Espessura do con<strong>de</strong>nsado adim. [−]<br />

∆p Queda <strong>de</strong> pressão [P a]<br />

ɛ Rugosida<strong>de</strong> relativa [−]<br />

γ Relação entre áreas [[−]<br />

µ Viscosida<strong>de</strong> dinâmica<br />

kg.m −1 .s −1]<br />

Ω Fator <strong>de</strong> correção [−]<br />

φ Multiplicador bifásico [−]<br />

Ψ Multiplicador bifásico [[−]<br />

ρ Massa especíca<br />

kg.m<br />

−3<br />

[<br />

σ Tensão supercial<br />

N.m<br />

−1<br />

θ Ângulo [ o ]<br />

ζ Coeciente <strong>de</strong> resistência [−]<br />

Índices:<br />

a<br />

amb<br />

at<br />

b<br />

a<strong>de</strong>são<br />

ambiente<br />

atrito<br />

termômetro <strong>de</strong> bulbo


c coesão / combinada<br />

cond condução<br />

cont contração<br />

crit crítico<br />

dist distribuição<br />

<strong>de</strong>sac <strong>de</strong>saceleração<br />

bif bifásico<br />

e espalhamento<br />

ent entrada<br />

eq equivalente<br />

estrat estraticado<br />

exp expansão<br />

f<br />

uido / lado frio<br />

fab fornecido pelo fabricante<br />

h homogêneo / hidráulico<br />

hom homogêneo<br />

i<br />

inércia / interface<br />

Joule efeito Joule<br />

l<br />

líquido<br />

lim limite<br />

lo líquido somente (liquid only)<br />

lv interface líquido-vapor<br />

m medido<br />

M quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento<br />

micro microcanais<br />

mo modicado<br />

p pare<strong>de</strong><br />

Peltier efeito Peltier<br />

pol polinômio<br />

q lado quente<br />

r, resist resistência elétrica<br />

red reduzida<br />

RP resfriador Peltier<br />

sat saturação<br />

sl interface sólido-líquido<br />

sv interface sólido-vapor<br />

st seção <strong>de</strong> teste<br />

τ atrito<br />

v vapor<br />

V leitura <strong>de</strong> tensão<br />

vo vapor somente (vapor only)


0 referência<br />

90 curva em 90 o


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO p. 35<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA p. 39<br />

2.1 Tipos <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>nsadores . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39<br />

2.1.1 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Direto . . . . . . . . . p. 39<br />

2.1.2 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Indireto . . . . . . . . p. 40<br />

2.1.3 Con<strong>de</strong>nsador Evaporativo . . . . . . . . . . . . p. 40<br />

2.2 Distinção entre Macro e Microcanais . . . . . . . . . . p. 41<br />

2.3 Ângulo <strong>de</strong> Contato e Molhabilida<strong>de</strong> . . . . . . . . . . . p. 43<br />

2.4 Modos <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47<br />

2.4.1 Con<strong>de</strong>nsação em Gotas . . . . . . . . . . . . . p. 48<br />

2.4.2 Con<strong>de</strong>nsação em Película . . . . . . . . . . . . p. 50<br />

2.5 Maneiras <strong>de</strong> Promover a Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . . p. 51<br />

2.5.1 Resfriador Peltier . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 52<br />

2.5.2 Princípio <strong>de</strong> Funcionamento . . . . . . . . . . . p. 52<br />

2.5.3 Equacionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55<br />

2.6 Distribuição do Escoamento . . . . . . . . . . . . . . . p. 57<br />

2.7 Denições Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 58<br />

2.8 Padrões <strong>de</strong> Escoamento na Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . p. 61<br />

2.8.1 Classicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 62<br />

2.8.2 Mapas <strong>de</strong> Padrões <strong>de</strong> Escoamento . . . . . . . p. 63<br />

2.9 Fração <strong>de</strong> Vazio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 68<br />

2.10 Queda <strong>de</strong> Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 71<br />

2.10.1 Escoamento Monofásico . . . . . . . . . . . . . p. 72<br />

2.10.2 Escoamento em Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . . . p. 75<br />

2.10.2.1 Mo<strong>de</strong>lo Homogêneo . . . . . . . . . . p. 75<br />

2.10.2.2 Mo<strong>de</strong>lo Heterogêneo . . . . . . . . . . p. 76<br />

2.10.2.3 Mo<strong>de</strong>los e Correlações . . . . . . . . . p. 77<br />

2.10.3 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre a Queda <strong>de</strong> Pressão<br />

Bifásica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 81<br />

2.11 Transferência <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 83<br />

2.11.1 Mo<strong>de</strong>los para Escoamento Monofásico . . . . . p. 83<br />

2.11.2 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Estraticado<br />

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 84<br />

2.11.3 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Anular p. 86<br />

2.11.4 Mo<strong>de</strong>los Multi-Regimes . . . . . . . . . . . . . p. 90<br />

2.11.5 Correlações Empíricas . . . . . . . . . . . . . . p. 90


2.11.6 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre o h . . . . . . . p. 91<br />

2.12 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 94<br />

3 APARATO EXPERIMENTAL p. 95<br />

3.1 Descrição da Bancada . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 95<br />

3.1.1 Cal<strong>de</strong>ira Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 97<br />

3.2 Seção <strong>de</strong> Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 99<br />

3.2.1 Características dos RP's utilizados . . . . . . . p. 102<br />

3.3 Pós-con<strong>de</strong>nsador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 103<br />

3.4 Sistemas <strong>de</strong> Medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 104<br />

3.4.1 Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 105<br />

3.4.2 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 106<br />

3.4.2.1 Calibração dos Termopares . . . . . . p. 106<br />

3.4.2.2 Incerteza dos Termopares . . . . . . . p. 109<br />

3.4.2.3 Medição da Temperatura do uido . . p. 111<br />

3.4.2.4 Medição da Temperatura <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong><br />

na Seção <strong>de</strong> Teste . . . . . . . . . . . p. 111<br />

3.4.3 Vazão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 112<br />

3.4.4 Fluxo <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 114<br />

3.4.5 Incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 119<br />

3.5 Proprieda<strong>de</strong>s Termofísicas do R-134a . . . . . . . . . . p. 120<br />

4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS p. 123<br />

4.1 Realização dos Testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 123<br />

4.2 Tratamento dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 127<br />

4.2.1 Comparação dos Resultados Experimentais com<br />

os Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 135<br />

4.2.2 Escolha do Número <strong>de</strong> Segmentos . . . . . . . p. 136<br />

4.2.3 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 137<br />

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES p. 139<br />

5.1 Caracterização das Condições <strong>de</strong> Teste . . . . . . . . . p. 139<br />

5.2 Resultados para a Queda <strong>de</strong> Pressão . . . . . . . . . . p. 140<br />

5.2.1 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica . . . . . . . . . . p. 141<br />

5.2.2 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . p. 142<br />

5.2.3 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação . . . . . . p. 144<br />

5.2.4 Comparação com Mo<strong>de</strong>los . . . . . . . . . . . . p. 144<br />

5.3 Resultados para a Transferência <strong>de</strong> Calor . . . . . . . p. 150<br />

5.3.1 Efeito do Título <strong>de</strong> Vapor . . . . . . . . . . . . p. 151<br />

5.3.2 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica . . . . . . . . . . p. 154<br />

5.3.3 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . p. 157<br />

5.3.4 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação . . . . . . p. 159


5.3.5 Comparação com Mo<strong>de</strong>los . . . . . . . . . . . . p. 160<br />

5.4 Aplicabilida<strong>de</strong> da Teoria <strong>de</strong> Nusselt . . . . . . . . . . . p. 166<br />

5.5 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 168<br />

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES p. 171<br />

REFERÊNCIAS p. 175<br />

APÊNDICE A -- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt p. 185<br />

APÊNDICE B -- Dedução da Espessura da Película <strong>de</strong><br />

Con<strong>de</strong>nsado p. 191<br />

APÊNDICE C -- Determinação Experimental do Diâmetro<br />

do Tubo Capilar p. 195<br />

APÊNDICE D -- Descrição das Tentativas <strong>de</strong> Projeto<br />

da Seção <strong>de</strong> Teste p. 199<br />

APÊNDICE E -- Resultados do Escoamento Monofásico<br />

<strong>de</strong> Líquido p. 209<br />

APÊNDICE F -- Incerteza Experimental no Cálculo <strong>de</strong><br />

h p. 219


35<br />

1 INTRODUÇÃO<br />

Microcon<strong>de</strong>nsadores são importantes componentes <strong>de</strong> trocadores<br />

<strong>de</strong> calor compactos. Sua utilização é motivada por três fatores<br />

importantes: redução do espaço disponível para transferência <strong>de</strong> calor,<br />

diminuição do custo com materiais utilizados em trocadores <strong>de</strong> calor e<br />

a pressão <strong>de</strong> órgãos ambientais pela diminuição do uso <strong>de</strong> uidos refrigerantes,<br />

os quais contribuem para o aumento do efeito estufa. Além <strong>de</strong><br />

tudo isso, trocadores <strong>de</strong> calor que utilizam escoamentos com mudança<br />

<strong>de</strong> fase em microcanais, apresentam altos coecientes <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor. Por outro lado, esses sistemas operam com altos valores <strong>de</strong><br />

queda <strong>de</strong> pressão, o que sobrecarrega o sistema <strong>de</strong> bombeamento do<br />

uido.<br />

O domínio e a compreensão dos mecanismos físicos envolvidos<br />

na con<strong>de</strong>nsação em microcanais é, por conseguinte, condição essencial<br />

na perdurável busca pelo aumento da efetivida<strong>de</strong> dos sistemas que os<br />

utilizam. As pesquisas na área <strong>de</strong> ebulição em microcanais, evoluíram<br />

consi<strong>de</strong>ravelmente nas últimas duas décadas, <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s uxos <strong>de</strong> calor, principalmente na indústria <strong>de</strong><br />

resfriamento <strong>de</strong> componentes eletrônicos. Entretanto, pesquisas referentes<br />

à queda <strong>de</strong> pressão e à transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação em<br />

microcanais continuam muito limitadas, principalmente em geometrias<br />

submilimétricas.<br />

Con<strong>de</strong>nsadores são, todavia, importantes componentes em sistemas<br />

<strong>de</strong> refrigeração, <strong>de</strong> cujo bom funcionamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o coeciente<br />

<strong>de</strong> performance do ciclo termodinâmico. Assim como microtrocadores<br />

<strong>de</strong> calor necessitam remover altas taxas <strong>de</strong> calor (microevaporadores),<br />

a taxa com que o calor é rejeitado para o ambiente <strong>de</strong>ve ser, também,<br />

mantida em patamares elevados. Por isso, a otimização <strong>de</strong> microcon<strong>de</strong>nsadores<br />

é uma área <strong>de</strong> fundamental importância no estudo da miniaturização<br />

<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> refrigeração e resfriamento.<br />

A con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> microcanais é aplicada em diversos<br />

sistemas, como por exemplo, em condicionadores <strong>de</strong> ar automotivos.<br />

Esses equipamentos utilizam canais com diâmetros hidráulicos na faixa<br />

<strong>de</strong> 0,5 mm a 1,5 mm em seu con<strong>de</strong>nsador, (MATKOVIC et al., 2009).<br />

Equipamentos utilizados em outros sistemas <strong>de</strong> resfriamento complexos,<br />

como no controle térmico <strong>de</strong> satélites e em sistemas <strong>de</strong> resfriamento<br />

miniaturizados, como CPL (Capillary Pumped Loops) e minitubos<br />

<strong>de</strong> calor, têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoar seus projetos, com o<br />

melhor entendimento <strong>de</strong> escoamentos bifásicos no interior <strong>de</strong> microca-


36<br />

nais. Através <strong>de</strong>ssas constatações, vê-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos estudos<br />

na área <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação em microcanais, principalmente porque a maioria<br />

dos trabalhos que envolvam con<strong>de</strong>nsação, são <strong>de</strong>senvolvidos para<br />

canais com D h ≥ 1 mm, (GARIMELLA, 2006).<br />

Esse trabalho visa a contribuir para a melhor compreensão <strong>de</strong> escoamentos<br />

em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> pequenas geometrias, através<br />

da análise experimental do comportamento termo-hidráulico da con<strong>de</strong>nsação<br />

<strong>de</strong> R-134a em oito microcanais paralelos, arranjados horizontalmente,<br />

com 0, 8 mm <strong>de</strong> diâmetro. Serão analisados o coeciente <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor por con<strong>de</strong>nsação (CTC), h, e a queda <strong>de</strong> pressão<br />

<strong>de</strong>vida ao atrito na con<strong>de</strong>nsação do uido <strong>de</strong> trabalho. Para isso,<br />

foi projetada e construída uma bancada experimental, on<strong>de</strong> vapor <strong>de</strong><br />

R-134a é gerado em uma cal<strong>de</strong>ira elétrica e con<strong>de</strong>nsado por meio <strong>de</strong><br />

resfriadores do tipo Peltier (RPs). A seção <strong>de</strong> teste é instrumentada<br />

com <strong>de</strong>zessete termopares, dois transdutores <strong>de</strong> pressão e três RPs. Os<br />

resultados obtidos são analisados em função dos seguintes parâmetros:<br />

velocida<strong>de</strong> mássica, temperatura, uxo <strong>de</strong> calor e título <strong>de</strong> vapor do<br />

uido refrigerante.<br />

A validação <strong>de</strong> formulações encontradas na literatura para a predição<br />

do h e da queda <strong>de</strong> pressão também é realizada. Entre mo<strong>de</strong>los<br />

semi-empíricos e correlações são testadas 10 formulações propostas para<br />

o h e 8 para a queda <strong>de</strong> pressão. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predição em microcanais,<br />

por correlações e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para canais convencionais<br />

é, também, discutida no trabalho.<br />

Este trabalho está estruturado conforme é <strong>de</strong>scrito a seguir.<br />

No segundo capítulo, são apresentados alguns tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores<br />

e modos <strong>de</strong> se obter a con<strong>de</strong>nsação. Fundamentos da con<strong>de</strong>nsação<br />

também são apresentados ao leitor, como por exemplo, o processo <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, os diferentes modos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação e os padrões<br />

<strong>de</strong> escoamentos em tubos horizontais. Além disso, é exposto o<br />

estado da arte no que diz respeito à inuência dos diversos parâmetros<br />

na con<strong>de</strong>nsação convectiva em microcanais. São apresentados, também,<br />

mo<strong>de</strong>los e correlações propostas para o cálculo do h e da queda<br />

<strong>de</strong> pressão no interior <strong>de</strong> dutos horizontais.<br />

No capítulo terceiro, é <strong>de</strong>scrito o aparato experimental utilizado<br />

para a obtenção dos dados. São apresentados os equipamentos, bem<br />

como os instrumentos e procedimentos <strong>de</strong> medição utilizados.<br />

No quarto capítulo, são expostos os procedimentos adotados na<br />

realização dos testes experimentais, bem como no tratamento dos dados<br />

obtidos.<br />

No capítulo cinco, apresentam-se os resultados experimentais ob-


tidos na con<strong>de</strong>nsação em microcanais. Faz-se uma análise da inuência<br />

<strong>de</strong> diversos parâmetros sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e a<br />

queda <strong>de</strong> pressão na con<strong>de</strong>nsação. Além disso, os resultados experimentais<br />

são comparados com mo<strong>de</strong>los e correlações presentes na literatura.<br />

O sexto capítulo apresenta as conclusões obtidas no presente<br />

estudo, bem como recomendações para trabalhos futuros.<br />

No m, são listadas as referências bibliográcas utilizadas ao<br />

longo <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

No apêndice A, é apresentada a <strong>de</strong>dução do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt,<br />

bastante utilizado mesmo quase um século <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> proposto.<br />

O apêndice B apresenta a <strong>de</strong>dução do cálculo da espessura <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nsado em um escoamento no regime anular.<br />

O apêndice C mostra como foi <strong>de</strong>terminada a avaliação do diâmetro<br />

interno dos microcanais utilizados no presente trabalho, bem<br />

como sua incerteza.<br />

No apêndice D, são apresentados os projetos <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> teste<br />

que antece<strong>de</strong>ram o mo<strong>de</strong>lo utilizado neste trabalho.<br />

O apêndice E apresenta os resultados experimentais obtidos no<br />

escoamento monofásico <strong>de</strong> líquido no interior <strong>de</strong> microcanais.<br />

Finalmente, o apêndice F mostra o cálculo das incertezas inerentes<br />

à avaliação do h experimental.<br />

37


39<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 TIPOS DE CONDENSADORES<br />

Na indústria, são encontrados diferentes tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores,<br />

como ilustrado na Figura 2.1. Eles po<strong>de</strong>m ser classicados quanto<br />

ao modo construtivo em con<strong>de</strong>nsadores <strong>de</strong> contato direto, indireto e<br />

evaporativo.<br />

Figura 2.1: Tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores utilizados na refrigeração industrial:<br />

a) resfriado a ar; b) e c) resfriado a água; d) evaporativo. Modi-<br />

cado <strong>de</strong> Stoecker e Jabardo (2002).<br />

2.1.1 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Direto<br />

Con<strong>de</strong>nsadores <strong>de</strong> contato direto são aqueles em que ocorre a<br />

mistura do uido frio, também chamado con<strong>de</strong>nsador, com um uido<br />

quente a ser con<strong>de</strong>nsado. Geralmente se caracteriza por um baixo custo<br />

<strong>de</strong> instalação, alta transferência <strong>de</strong> calor para uma baixa potência e<br />

baixo custo <strong>de</strong> manutenção. Porém, como ocorre uma mistura entre<br />

uidos isto o torna impraticável em várias aplicações. Po<strong>de</strong>m utilizar<br />

combinações do mesmo uido em fases diferentes, no qual vapor a ser


40<br />

con<strong>de</strong>nsado é misturado com a fase líquida do mesmo uido, como<br />

também a mistura entre dois uidos imiscíveis.<br />

A torre <strong>de</strong> resfriamento é o tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> contato direto<br />

mais comum na indústria. Esse equipamento é utilizado no resfriamento<br />

<strong>de</strong> água, a qual é aspergida contra uma corrente <strong>de</strong> ar ambiente. Calor<br />

e massa são transferidos da água para o ar, diminuindo a temperatura<br />

da água em questão.<br />

2.1.2 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Indireto<br />

Este tipo <strong>de</strong> trocador <strong>de</strong> calor tem como principal característica<br />

a não mistura dos uidos durante o processo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação. A transferência<br />

<strong>de</strong> calor acontece através <strong>de</strong> placas ou superfícies <strong>de</strong> metal que<br />

separam os uidos, motivo <strong>de</strong> também serem chamados <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores<br />

<strong>de</strong> superfície. Os tipos a, b e c da Figura 2.1 representam variações<br />

<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador.<br />

2.1.3 Con<strong>de</strong>nsador Evaporativo<br />

Neste equipamento, ilustrado na Figura 2.1d, o vapor a ser con<strong>de</strong>nsado<br />

escoa no interior <strong>de</strong> uma serpentina exposta a uma corrente<br />

<strong>de</strong> ar que ui externamente à tubulação. Neste tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador<br />

também não há mistura entre os uidos. O vapor é admitido pela<br />

tubulação na parte superior do con<strong>de</strong>nsador e para aumentar a transferência<br />

<strong>de</strong> calor, água é aspergida sobre a superfície externa dos tubos,<br />

criando um escoamento em contra-corrente <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, e <strong>de</strong><br />

ar, ascen<strong>de</strong>nte. O calor é transferido do uido no interior da serpentina<br />

para a película evaporativa <strong>de</strong> água, que por sua vez é transferido para<br />

a corrente <strong>de</strong> ar em convecção. Esses con<strong>de</strong>nsadores muito se assemelham<br />

com torres <strong>de</strong> resfriamento, on<strong>de</strong> água é resfriada a partir <strong>de</strong> uma<br />

contra corrente <strong>de</strong> ar. Todavia, con<strong>de</strong>nsador evaporativo é a evolução<br />

mais sensata dos sistemas com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> (por exemplo con<strong>de</strong>nsadores<br />

<strong>de</strong> ciclo com amônia) que utilizam um trocador <strong>de</strong> calor<br />

e uma torre <strong>de</strong> arrefecimento em conjunto, pois possuem instalação e<br />

operação mais simples, além <strong>de</strong> ocupar menor espaço.


41<br />

2.2 DISTINÇÃO ENTRE MACRO E MICROCANAIS<br />

Diversos autores como Coleman e Garimella (1999), Kim et al.<br />

(2003) e Chung e Kawaji (2004), <strong>de</strong>monstraram que os regimes <strong>de</strong> transição<br />

entre os padrões não são os mesmos em micro e macrocanais.<br />

Isso ocorre <strong>de</strong>vido à diferente inuência das forças que agem sobre o<br />

escoamento: a <strong>de</strong> atrito, a <strong>de</strong> tensão supercial e a gravitacional. Na<br />

microescala, as forças <strong>de</strong> atrito e <strong>de</strong> tensão supercial tornam-se mais<br />

importantes que a força gravitacional, comportamento oposto ao que<br />

ocorre em escoamentos no interior <strong>de</strong> canais convencionais. Um exemplo<br />

disso é que em geometrias muito pequenas não se observa a estraticação<br />

do escoamento no interior da tubulação, regime muito comum<br />

em canais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro.<br />

Dessa maneira, a extrapolação <strong>de</strong> correlações <strong>de</strong>senvolvidas para<br />

canais com diâmetros convencionais em microcanais po<strong>de</strong> introduzir<br />

erros signicativos na avaliação da queda <strong>de</strong> pressão e da transferência<br />

<strong>de</strong> calor. Por isso, torna-se necessário conhecer um limite <strong>de</strong> transição<br />

entre macro e microescala, o que é um assunto muito discutido, pois <strong>de</strong><br />

fato não há unanimida<strong>de</strong> quanto a esse limite. Alguns critérios baseiamse<br />

apenas no tamanho do diâmetro da tubulação para i<strong>de</strong>nticar o<br />

limite, não dando importância para as proprieda<strong>de</strong>s do uido envolvido<br />

no processo. Todavia, essa classicação torna-se frágil à medida que se<br />

analisa a motivação <strong>de</strong> tal distinção, que é a diferente inuência das<br />

forças que agem sobre o escoamento.<br />

Com essa motivação, Kandlikar (2010) apresentou um trabalho<br />

que compara a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco forças importantes na ebulição convectiva<br />

em diferentes diâmetros. São elas: Forças <strong>de</strong> inércia, <strong>de</strong> tensão<br />

supercial, <strong>de</strong> atrito, gravitacional (<strong>de</strong> empuxo) e <strong>de</strong> evaporação (variação<br />

da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento). Para isso, o autor compara a<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za das forças por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área da seção transversal<br />

da tubulação. Tais forças são apresentadas a seguir:


42<br />

Força <strong>de</strong> inércia: F ′′<br />

i<br />

∼ G2<br />

ρ<br />

(2.1)<br />

Força <strong>de</strong> tensão supercial: F σ ′′ ∼ σ D<br />

(2.2)<br />

Força <strong>de</strong> atrito: F τ ′′ ∼ µG<br />

ρD<br />

(2.3)<br />

Força gravitacional: F g ′′ ∼ (ρ l − ρ v ) gD (2.4)<br />

( ) 2 Q<br />

Força <strong>de</strong> evaporação:<br />

F M ′′ 1<br />

∼<br />

(2.5)<br />

i lv ρ v G<br />

A Figura 2.2 apresenta o efeito do diâmetro da tubulação para<br />

um escoamento <strong>de</strong> R123 com velocida<strong>de</strong> mássica <strong>de</strong> 200 kg.m −2 s −1 e<br />

q ′′ = 1 MW.m −2 .<br />

Figura 2.2: Efeito do diâmetro da tubulação sobre as diferentes forças<br />

durante a ebulição para G = 200 kg.m −2 s −1 e q ′′ = 1 MW.m −2 ,<br />

(KANDLIKAR, 2010).<br />

Os resultados mostram que para gran<strong>de</strong>s diâmetros (D = 10 mm)<br />

a força gravitacional e a <strong>de</strong> inércia apresentam maiores or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za,<br />

seguidas pelas forças <strong>de</strong> tensão supercial, <strong>de</strong> evaporação e, por


43<br />

último, a <strong>de</strong> atrito. À medida que o diâmetro da tubulação diminui, a<br />

força <strong>de</strong> tensão supercial passa a exercer um papel mais importante,<br />

seguida da força <strong>de</strong> inércia, <strong>de</strong> atrito, evaporação, e por último, <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>.<br />

Esse resultado corrobora que um critério <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>ve ser<br />

embasado fenomenologicamente.<br />

Kew e Cornwell (1997) propuseram um critério <strong>de</strong> transição baseado<br />

no número <strong>de</strong> connamento, Co, <strong>de</strong>nido pela razão entre o comprimento<br />

capilar -proporcional ao diâmetro <strong>de</strong> partida das bolhas na<br />

ebulição, e o diâmetro hidráulico do canal.<br />

√<br />

σ/g(ρl − ρ v )<br />

Co =<br />

(2.6)<br />

D h<br />

Segundo Kew e Cornwell (1997), a transição ocorre quando Co =<br />

0, 5, ou seja, Co > 0, 5 - microcanal; e Co < 0, 5 - macrocanal.<br />

Brauner e Maron (1992) utilizam a estabilida<strong>de</strong> do escoamento<br />

estraticado como critério <strong>de</strong> transição entre macro e microcanais,<br />

baseando-se no número <strong>de</strong> Eötvos, Eo, apresentado na Equação 2.7.<br />

(2π) 2 σ<br />

Eo =<br />

(2.7)<br />

(ρ l − ρ v )gDh<br />

2<br />

Segundo os autores quando Eo > 1, há o predomínio das forças<br />

<strong>de</strong> tensão supercial no escoamento, caracterizando-se um microcanal.<br />

Para um tubo <strong>de</strong> diâmetro D, tem-se a seguinte relação entre os números<br />

<strong>de</strong> connamento e <strong>de</strong> Eötvos:<br />

Eo = (2πCo) 2 (2.8)<br />

O que torna o critério <strong>de</strong> Brauner e Maron (1992), mais restritivo<br />

do que aquele <strong>de</strong> Kew e Cornwell (1997), pois a condição Eo > 1<br />

equivale a Co > 0, 16.<br />

Antes da discussão sobre os modos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação, é importante<br />

enten<strong>de</strong>r-se os conceitos <strong>de</strong> ângulo <strong>de</strong> contato e molhabilida<strong>de</strong>, que<br />

serão apresentados a seguir.<br />

2.3 ÂNGULO DE CONTATO E MOLHABILIDADE<br />

Uma gota <strong>de</strong> líquido em contato com uma superfície sólida em<br />

um meio <strong>de</strong> gás ou vapor po<strong>de</strong> assumir diferentes formas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />

da interrelação entre as energias interfaciais do sistema sólido-líquidovapor.<br />

A Figura 2.3 apresenta um corte com um plano normal à su-


44<br />

perfície sólida sobre a qual repousa uma gota líquida em equilíbrio com<br />

seu vapor.<br />

Figura 2.3: Tensões interfaciais agindo sobre uma gota em repouso.<br />

O ângulo <strong>de</strong> contato, θ, me<strong>de</strong> o ângulo entre a interface sólidolíquido<br />

e a tangente à interface líquido-vapor, no ponto I, comum às<br />

três fases na intersecção <strong>de</strong> um plano vertical normal à superfície sólida.<br />

Consi<strong>de</strong>rando as três forças por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento da linha<br />

tripla (lugar geométrico on<strong>de</strong> se encontram as três fases), em N/m<br />

ou, <strong>de</strong> forma equivalente, as energias interfaciais, por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />

(J.m −2 ), que mantém o ponto I da Figura 2.3 em equilíbrio, tem-se a<br />

seguinte equação <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças em I:<br />

rearranjando, tem-se:<br />

σ sl − σ sv + σ lv cosθ = 0 (2.9)<br />

σ sv = σ sl + σ lv cosθ. (2.10)<br />

on<strong>de</strong> σ lv , σ sl e σ sv representam as forças por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento,<br />

ou energias interfaciais, nas interfaces líquido-vapor, líquido-sólido e<br />

sólido-vapor, respectivamente. A Eq. 2.10 é conhecida como fórmula<br />

<strong>de</strong> Neumann ou equação <strong>de</strong> Young (CAREY, 1992).<br />

A anida<strong>de</strong> do líquido com o sólido <strong>de</strong>ne o conceito <strong>de</strong> molhabilida<strong>de</strong>,<br />

cuja quanticação po<strong>de</strong> ser feita por meio do ângulo <strong>de</strong><br />

contato, θ, (CAREY, 1992). Desse modo, quanto menor o ângulo <strong>de</strong><br />

contato, maior é a molhabilida<strong>de</strong>. Todavia, para enten<strong>de</strong>r-se melhor a<br />

relação entre tais conceitos, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>nir as forças <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e coesão,<br />

como apresentado em Tanasawa (1991).<br />

Quando uma gota com formato <strong>de</strong> meia esfera encontra-se sobre<br />

uma superfície, a força a<strong>de</strong>siva F ′ a, entre o líquido e o sólido é <strong>de</strong>rivada<br />

<strong>de</strong> um experimento mental, ilustrado na Figura 2.4.<br />

O trabalho reversível <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, ou força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são por unida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> comprimento da linha tripla, representa a energia supercial requerida<br />

para recolocar em contato uma gota <strong>de</strong> líquido envolta por um


45<br />

Figura 2.4: Força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são.<br />

meio gasoso. Na Figura 2.4 são esquematizadas duas situações: a da<br />

esquerda, em que a gota tem a sua base em contato com o sólido e a<br />

interface hemisférica, com o vapor; e a da direita, em que a gota <strong>de</strong><br />

líquido está envolvida por vapor e a superfície sólida está em contato<br />

com o vapor. A energia <strong>de</strong> superfície, ou seja, energia necessária para<br />

formar todas as interfaces, na situação da direita é igual a:<br />

enquanto a da esquerda é:<br />

2σ lv + σ sv (2.11)<br />

σ lv + σ sl (2.12)<br />

A diferença entre as energias <strong>de</strong> superfície nas duas situações<br />

representa o trabalho reversível <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são da gota, representado pela<br />

Eq. 2.13:<br />

F ′ a = σ sv + σ lv − σ sl (2.13)<br />

Combinando as Equações 2.9 e 2.13 chega-se a equação <strong>de</strong> Young-<br />

Dupree, Equação 2.14:<br />

F ′ a = σ lv (1 + cosθ) (2.14)<br />

Por outro lado, se a força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, que mantém a gota líquida<br />

em contato com a superfície é muito forte para <strong>de</strong>sprendê-la, a gota<br />

po<strong>de</strong> quebrar-se ao meio, formando duas gotas: uma <strong>de</strong>positada sobre<br />

a superfície sólida; e outra completamente envolta pelo vapor. Essa<br />

situação é ilustrada à direita da Figura 2.5.<br />

Neste caso, a energia supercial para formar as interfaces na<br />

situação da direita é igual a:<br />

3σ lv + σ sl (2.15)<br />

A energia supercial para o caso anterior ao <strong>de</strong>smembramento


46<br />

Figura 2.5: Força <strong>de</strong> coesão.<br />

da gota é:<br />

σ lv + σ sl (2.16)<br />

A diferença <strong>de</strong> energia supercial entre estas duas situações é a<br />

energia supercial <strong>de</strong> coesão, ou força <strong>de</strong> coesão por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento,<br />

F ′ c, representada pela Eq. 2.17:<br />

F ′ c = 2σ lv (2.17)<br />

A molhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um líquido em um sólido, ou anida<strong>de</strong> entre<br />

o líquido e o sólido, resulta da competição entre as forças <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e<br />

coesão. A energia supercial <strong>de</strong> espalhamento, F ′ e, é igual à diferença<br />

entre as energias superciais <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e <strong>de</strong> coesão:<br />

F ′ e = F ′ a − F ′ c = σ sv − σ lv − σ ls (2.18)<br />

A força <strong>de</strong> espalhamento também representa a energia necessária<br />

para reduzir a área da interface sólido-líquido. Substituindo-se a<br />

Equação 2.9, chega-se na Equação 2.19:<br />

F ′ e = σ lv (cosθ − 1) (2.19)<br />

Assim, po<strong>de</strong>m ser obtidas algumas situações, representadas na Figura<br />

2.6:<br />

F e ′ = 0; θ = 0 o → Líquido totalmente molhante<br />

⎧<br />

⎨ 0 o < θ < 90 o → Líquido molhante<br />

F e ′ < 0 90 o < θ < 180 o → Líquido não-molhante<br />

⎩<br />

ou parcialmente molhante<br />

F e ′ = −2σ lv ; θ = 180 o → Líquido totalmente não-molhante


47<br />

Figura 2.6: Diferentes congurações <strong>de</strong> uma gota em repouso sobre<br />

uma superfície sólida.<br />

2.4 MODOS DE CONDENSAÇÃO<br />

Quando se tem vapor em contato com uma superfície, cuja temperatura<br />

é mantida sucientemente menor que a temperatura <strong>de</strong> saturação<br />

do uido, po<strong>de</strong> ocorrer a mudança <strong>de</strong> fase vapor-líquido sobre a<br />

mesma, a qual chamamos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação heterogênea. Tal fenômeno<br />

po<strong>de</strong> ser classicado em dois modos, ou regimes: con<strong>de</strong>nsação em película<br />

ou em gotas. A con<strong>de</strong>nsação em película é mais fácil <strong>de</strong> ser obtida<br />

que a con<strong>de</strong>nsação em gotas, entretanto, segundo Tanasawa (1991), é<br />

difícil prever o tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação que será obtido por um vapor sobre<br />

uma superfície.<br />

Assim como no processo <strong>de</strong> ebulição, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se observar os<br />

diferentes regimes em uma curva, chamada <strong>de</strong> curva <strong>de</strong> Nukiyama, ou<br />

<strong>de</strong> ebulição, o mesmo ocorre na con<strong>de</strong>nsação. A curva <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação,<br />

apresentada na Figura 2.7 divi<strong>de</strong> o processo em três diferentes regiões:<br />

película, gota e <strong>de</strong> transição.<br />

Na Figura 2.7 têm-se no eixo das abcissas a diferença entre as<br />

temperaturas <strong>de</strong> saturação do uido e da pare<strong>de</strong> sólida e, nas or<strong>de</strong>nadas,<br />

o uxo <strong>de</strong> calor. Mantendo-se, por exemplo, um valor xo <strong>de</strong> uxo<br />

<strong>de</strong> calor, quanto mais à esquerda no gráco, maior o coeciente <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor, pois consegue-se trocar a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

calor com uma diferença <strong>de</strong> temperatura entre uido e pare<strong>de</strong> menor.<br />

De maneira semelhante, mantendo-se constante um valor <strong>de</strong> diferença<br />

<strong>de</strong> temperatura, quanto maior a velocida<strong>de</strong> do vapor, maior é o uxo<br />

<strong>de</strong> calor transferido. Isso porque consegue-se obter um uxo <strong>de</strong> calor<br />

maior com as mesmas temperaturas <strong>de</strong> uido e pare<strong>de</strong>, o que signica<br />

maior CTC. Assim, pela Figura 2.7, ca claro que a con<strong>de</strong>nsação em<br />

gotas é o modo mais eciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor.


48<br />

Figura 2.7: Curvas <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação para o vapor d'água. Adaptado <strong>de</strong><br />

Tanasawa (1991) (MARTO, 1998).<br />

2.4.1 Con<strong>de</strong>nsação em Gotas<br />

Este é um modo muito complexo da con<strong>de</strong>nsação, cuja ocorrência<br />

é percebida em casos especiais on<strong>de</strong> o uido é parcialmente molhante, e<br />

sua manutenção é, na maioria dos casos, bastante difícil. Tal condição<br />

po<strong>de</strong> ser alcançada através da adição <strong>de</strong> contaminantes (promotores<br />

<strong>de</strong> gotas) no uido, ou uso <strong>de</strong> supercícies chamadas hidrofóbicas (não<br />

molhantes ao uido), como ouro, prata ou polímeros especiais. Todavia,<br />

conforme Carey (1992), para líquidos com baixa tensão interfacial,<br />

como refrigerantes em geral, nenhum promotor da con<strong>de</strong>nsação em gotas<br />

foi mencionado na literatura.<br />

A Figura 2.8 é parte <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong>senvolvido por Ganzeles<br />

(2002), a qual apresenta a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor d'água sobre uma<br />

placa <strong>de</strong> uoreto <strong>de</strong> polivinili<strong>de</strong>no (PVDF), posicionada na vertical em<br />

um trocador <strong>de</strong> calor.<br />

Nela po<strong>de</strong>m-se perceber alguns padrões diferentes da con<strong>de</strong>nsação<br />

em gotas:<br />

I Trilha praticamente seca formada imediatamente após a drenagem.<br />

II Pequenas gotas com tamanho praticamente igual <strong>de</strong>vido ao crescimento<br />

por con<strong>de</strong>nsação.


49<br />

Figura 2.8: Con<strong>de</strong>sação em gotas sobre superfície <strong>de</strong> PVDF (GANZE-<br />

LES, 2002)<br />

III Gotas pequenas e gran<strong>de</strong>s formadas principalmente pela coalescência.<br />

IV Gotas maiores e pequenas <strong>de</strong>vido à coalescência.<br />

V Gotas gran<strong>de</strong>s com algumas pequenas, on<strong>de</strong> a drenagem po<strong>de</strong> ocorrer<br />

muito em breve.<br />

A con<strong>de</strong>nsação em gotas é composta por subprocessos combinados<br />

aleatoreamente: formação, crescimento (com ou sem coalescência)<br />

e partida da gota; cuja sequência é <strong>de</strong>nominada ciclo <strong>de</strong> vida (MARTO,<br />

1998) e (TANASAWA, 1991). Esse processo é altamente dinâmico e apesar<br />

<strong>de</strong> já ter sido muito estudado, há diversas questões não respondidas<br />

sobre a natureza <strong>de</strong> alguns fenômenos.<br />

Apesar <strong>de</strong> numerosos estudos sobre a formação da gota, este mecanismo<br />

é um assunto muito <strong>de</strong>batido no meio cientíco. Isso porque<br />

há dois diferentes mo<strong>de</strong>los propostos para este processo. O primeiro <strong>de</strong>les<br />

(provavelmente proposto por Eucken (1937), segundo Carey (1992))<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o ciclo inicia com a nucleação heterogênea <strong>de</strong> gotas microscópicas,<br />

as quais são formadas e crescem nos chamados sítios <strong>de</strong> nucleação,<br />

enquanto outras partes da superfície permanecem secas. Esta<br />

última situação po<strong>de</strong> ser observada na Trilha I da Figura 2.8.<br />

O segundo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a formação das gotas se dá a<br />

partir da quebra <strong>de</strong> uma película líquida pré-existente. Nesse caso


50<br />

as gotas são formadas quando a película atinge uma espessura crítica<br />

(<strong>de</strong> aproximadamente 1 µm, segundo Carey (1992)). A superfície em<br />

questão apresenta, <strong>de</strong>ssa maneira, tanto gotas quanto películas.<br />

Em função da constante con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor na sua superfície,<br />

a gota já formada cresce muito rapidamente e po<strong>de</strong> coalescer, caso<br />

haja o contato com outras gotas, e <strong>de</strong>slocar-se constantemente sobre<br />

a superfície. Quando a gota atinge certo tamanho, ela <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>-se<br />

da superfície, por ação da gravida<strong>de</strong> ou força <strong>de</strong> arraste causada por<br />

movimento <strong>de</strong> vapor, permitindo o reinício do ciclo.<br />

Segundo Marto (1998), na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor d'água à pressão<br />

atmosférica, sobre superfícies <strong>de</strong> cobre, a con<strong>de</strong>nsação em gotas<br />

po<strong>de</strong> apresentar coecientes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor 10 a 20 vezes<br />

maiores que em película. Por este motivo, este modo é amplamente<br />

estudado há mais <strong>de</strong> 30 anos. Em contrapartida, a con<strong>de</strong>nsação em<br />

gotas ainda é um mistério e informações contraditórias sobre o assunto<br />

são bastante comuns na literatura.<br />

2.4.2 Con<strong>de</strong>nsação em Película<br />

Este é o modo mais frequente <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação na maioria dos<br />

sistemas <strong>de</strong> engenharia (GHIAASIAAN, 2008). Ocorre quando o líquido<br />

con<strong>de</strong>nsado forma uma película sobre a superfície sólida resfriada, a<br />

qual po<strong>de</strong> permanecer estagnada ou escoar em regime laminar ou turbulento.<br />

Tal modo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação ocorre tão somente com uidos<br />

molhantes. Com uidos não molhantes a coalescência das gotas geradas<br />

ten<strong>de</strong> a formar a película <strong>de</strong> líquido, principalmente para uxos <strong>de</strong><br />

calor elevados. Escoamentos em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> microcanais<br />

exibem a ocorrência <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação na maior parte<br />

da sua conguração, como será visto na Seção 2.8.<br />

Quando se fala em con<strong>de</strong>nsação em película, a primeira coisa<br />

que surge na mente <strong>de</strong> um engenheiro é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt (1916).<br />

Pela sua importância nessa área <strong>de</strong> pesquisa (continua sendo muito<br />

utilizado até hoje, quase um século após seu <strong>de</strong>senvolvimento), este<br />

mo<strong>de</strong>lo é apresentado no Apêndice A. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt (1916),<br />

apesar <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>senvolvido para situações i<strong>de</strong>ais, po<strong>de</strong> ser aplicado<br />

a diversas condições, através <strong>de</strong> algumas modicações. Sua teoria é a<br />

base para gran<strong>de</strong> parte dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a con<strong>de</strong>nsação<br />

convectiva em regime estraticado, como apresentado na Seção 2.11.2.<br />

Na con<strong>de</strong>nsação em película <strong>de</strong> um vapor saturado puro, Figura<br />

2.9, po<strong>de</strong>mos citar quatro processos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na


51<br />

direção radial <strong>de</strong> uma tubulação: a convecção entre pare<strong>de</strong> e película<br />

líquida, a condução <strong>de</strong> calor através da película con<strong>de</strong>nsada e do vapor;<br />

e a convecção na interface líquido-vapor.<br />

Figura 2.9: Perl <strong>de</strong> temperatura na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> um vapor puro<br />

saturado<br />

A condução <strong>de</strong> calor no lado do vapor existe, pois a temperatura<br />

da interface é menor do que a temperatura <strong>de</strong> saturação do vapor.<br />

Todavia, sua magnitu<strong>de</strong> é normalmente <strong>de</strong>sprezada na gran<strong>de</strong> maioria<br />

das aplicações práticas, salvo para pressões sucientemente baixas<br />

(STEPHAN, 1992). Como a con<strong>de</strong>nsação do vapor na interface da película<br />

ocasiona altas taxas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor, a condução <strong>de</strong><br />

calor através da película líquida é geralmente a resistência dominante à<br />

transferência <strong>de</strong> calor nesse modo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação (GHIAASIAAN, 2008).<br />

Por isso, em problemas envolvendo a con<strong>de</strong>nsação em película, um parâmetro<br />

muito importante quando se <strong>de</strong>seja calcular a taxa <strong>de</strong> calor<br />

transferido é a espessura da película líquida, base da <strong>de</strong>dução da teoria<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação em película no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt (1916).<br />

É importante lembrar que, na prática, dicilmente tem-se a condição<br />

<strong>de</strong> vapor puro <strong>de</strong> qualquer substância. Na gran<strong>de</strong> maioria dos<br />

casos há gases não con<strong>de</strong>nsáveis misturados ao vapor - ar em muitos<br />

casos, os quais são responsáveis pela redução da taxa <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação em película (TANASAWA, 1991).<br />

2.5 MANEIRAS DE PROMOVER A CONDENSAÇÃO<br />

Diversos trabalhos têm sido publicados na literatura envolvendo<br />

a con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos. Uma das primeiras discussões<br />

que se faz, quando se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> estudar esse processo, é a respeito da


52<br />

maneira como o calor será removido do vapor, a m <strong>de</strong> promoverse<br />

a mudança <strong>de</strong> fase. A Tabela 2.1 apresenta as condições <strong>de</strong> teste<br />

<strong>de</strong> diversos trabalhos experimentais recentes, que são citados ao longo<br />

<strong>de</strong>sse texto. A última coluna apresenta os métodos <strong>de</strong> resfriamento<br />

utilizados nos respectivos estudos.<br />

Po<strong>de</strong>-se notar que, <strong>de</strong> todos os trabalhos citados na Tabela 2.1,<br />

somente um <strong>de</strong>les não utiliza um uido secundário como promotor da<br />

con<strong>de</strong>nsação: o <strong>de</strong> Baird, Fletcher e Haynes (2003). Este trabalho utiliza<br />

resfriadores do tipo Peltier - conhecidos comercialmente como pastilhas<br />

termelétricas, cujas características são abordadas na Seção 2.5.1.<br />

No trabalho <strong>de</strong> Baird, Fletcher e Haynes (2003), o cálculo do uxo <strong>de</strong><br />

calor removido por esses elementos é feito utilizando as equações <strong>de</strong>duzidas<br />

na Seção 2.5.3, as quais são difíceis <strong>de</strong> utilizar com precisão.<br />

Além disso, os autores apresentam essa equação <strong>de</strong> maneira errada em<br />

seu trabalho. Curiosamente, tal equação, fornece o valor do uxo <strong>de</strong><br />

calor removido pelos RPs com incerteza consi<strong>de</strong>rada baixa, <strong>de</strong> ±10%,<br />

segundo os autores.<br />

2.5.1 Resfriador Peltier<br />

Como relatado anteriormente, a gran<strong>de</strong> maioria dos experimentos<br />

na área <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação utilizam água como elemento promotor da<br />

con<strong>de</strong>nsação. Este trabalho apresenta uma opção pouco comum, assim<br />

como o trabalho <strong>de</strong>senvolvido por Baird, Fletcher e Haynes (2003),<br />

que é o uso <strong>de</strong> resfriadores do tipo Peltier (RPs). Tais elementos são,<br />

basicamente, refrigeradores em miniatura, os quais, segundo Chein e<br />

Chen (2005), são os únicos refrigeradores <strong>de</strong>sse tipo viáveis comercialmente.<br />

Eles são encontrados em alguns equipamentos já bastante<br />

comercializados, como a<strong>de</strong>gas portáteis, principalmente pelo fato <strong>de</strong><br />

serem silenciosos. Seu coeciente <strong>de</strong> performance (COP), entretanto, é<br />

mais baixo que o <strong>de</strong> outros ciclos <strong>de</strong> refrigeração <strong>de</strong> compressão <strong>de</strong> vapor.<br />

A seguir, serão apresentados os funcionamento <strong>de</strong>sses elementos,<br />

bem como as características dos resfriadores utilizados.<br />

2.5.2 Princípio <strong>de</strong> Funcionamento<br />

Os RPs funcionam baseados basicamente nos efeitos Seebeck e<br />

Peltier. O efeito Seebeck, <strong>de</strong>scoberto experimentalmente por Thomas<br />

Seebeck em 1821, baseia-se na <strong>de</strong>pendência da proprieda<strong>de</strong> eletrônica <strong>de</strong>


53<br />

Tabela 2.1: Condições experimentais <strong>de</strong> diversos trabalhos.<br />

Autores Canal 1 Diâmetro Fluido <strong>de</strong> G Método <strong>de</strong><br />

hidráulico (mm) trabalho (kg.m −2 .s −1 ) resfriamento<br />

Yang e Webb (1996) M-R 1,56; 2,64 R12 400 - 1400 Água<br />

Yan e Lin (1999) U-C 2,0 R-134a 100 - 200 Água<br />

Baird, Fletcher e U-C 0,92; 1,95 R123, R11 70 - 600 Resfriador Peltier<br />

Haynes (2003)<br />

Kim et al. (2003) U-C 0,691 R-134a 100 - 600 Água<br />

Koyama et al. (2003) M-R 0,807 - 1,062 R22, R407C, 400 - 1100 Água<br />

R-134a<br />

Garimella et al. (2005) U,R-C 0,5 - 4,91 R-134a 150 - 750 Água<br />

Bandhauer et al. (2006) U-C 0,506 - 1,524 R-134a 150 - 750 Água<br />

Matkovic et al. (2009) U-C 0,96 R-134a, R32 100 - 1200 Água<br />

Sapali e Patil (2010) U-C 9,42; 9,52 R-134a, R-404A 90 - 800 Refrigerante<br />

1 M:multicanais; U:único canal; R:retangular; C:circular


54<br />

diferentes materiais com relação à temperatura. Quando as junções <strong>de</strong><br />

os <strong>de</strong> dois materiais diferentes estão sujeitas a temperaturas distintas,<br />

é produzida uma tensão elétrica, a qual é proporcional à diferença <strong>de</strong><br />

temperatura das extremida<strong>de</strong> dos os. Este efeito também é o mesmo<br />

do princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um termopar, on<strong>de</strong> uma das junções<br />

é colocada em contato com a temperatura a medir e a outra a uma<br />

temperatura <strong>de</strong> referência, como mostrado no esquema da Figura 2.10.<br />

Figura 2.10: Princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um termopar.<br />

Jean-Charles Peltier <strong>de</strong>scobriu, em 1832, que se uma tensão for<br />

aplicada a um sistema <strong>de</strong>sse tipo, um uxo <strong>de</strong> calor será transferido<br />

<strong>de</strong> uma ponta a outra, como em uma bomba <strong>de</strong> calor, ou seja, po<strong>de</strong>-se<br />

obter com esses disposivos, a transformação <strong>de</strong> energia elétrica em gradiente<br />

<strong>de</strong> temperatura. Esse efeito é utilizado para remover calor em<br />

pastilhas termoelétricas (Thermelectric coolers), batizadas <strong>de</strong> resfriadores<br />

Peltier, em homenagem a seu <strong>de</strong>scobridor.<br />

O resfriador Peltier (RP) é formado, basicamente, por elementos<br />

termoelétricos e dois substratos, como mostrado na Figura 2.11.<br />

O elemento termoelétrico consiste em um termopar (composto pelos<br />

materiais tipo n e p nas guras seguintes), formados por dois semicondutores<br />

<strong>de</strong> materiais distintos. As juntas fria e quente estão em<br />

contato com chapas <strong>de</strong> cobre paralelas, as quais, por sua vez, estão em<br />

contato com substratos <strong>de</strong> material cerâmico. A Figura 2.12 apresenta<br />

os componentes <strong>de</strong> uma pastilha, <strong>de</strong>talhados em um único elemento<br />

termelétrico.<br />

O substrato cerâmico adjacente à junta fria, ca em contato com<br />

a superfície que se <strong>de</strong>seja remover calor - ou fonte quente. O substrato<br />

cerâmico unido à junta quente é associado a uma fonte fria (dissipador<br />

<strong>de</strong> calor), responsável pelo resfriamento <strong>de</strong>ssa superfície. A potência removida<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, além da quantida<strong>de</strong> e dos materiais dos termopares,<br />

da corrente elétrica <strong>de</strong> alimentação do resfriador e das temperaturas dos<br />

dois substratos, aumentando à medida que a diferença <strong>de</strong> temperatura


55<br />

Figura 2.11: Vista em corte do resfriador Peltier.<br />

Figura 2.12: Elemento termoelétrico que compõe o resfriador Peltier.<br />

entre os dois diminui. Dessa forma, o uxo <strong>de</strong> calor máximo removido<br />

pelo resfriador termoelétrico para uma dada corrente elétrica, é<br />

alcançado quando as temperaturas dos dois substratos igualam-se, o<br />

que equivale a atingir o COP máximo.<br />

2.5.3 Equacionamento<br />

A seguir, são revisadas as equações para se estimar as potências<br />

removida e rejeitada pelas pastilhas resfriadoras. Essa primeira é<br />

<strong>de</strong>talhada a seguir (HOLMAN, 1980) e foi utilizada para estimar a potência<br />

removida por Chein e Chen (2005) e Baird, Fletcher e Haynes


56<br />

(2003). Foi <strong>de</strong>scrito anteriormente que o efeito Peltier é controlado pelo<br />

coeciente <strong>de</strong> Peltier. Este coeciente é <strong>de</strong>nido como o produto do coeciente<br />

<strong>de</strong> Seebeck do termopar utilizado na pastilha pela temperatura<br />

absoluta do lado frio. Assim, a potência <strong>de</strong>vida ao efeito Peltier, em<br />

W, po<strong>de</strong> ser expressa por:<br />

Q P elt = I RP s T f (2.20)<br />

on<strong>de</strong> I RP , s e T f representam a corrente elétrica <strong>de</strong> alimentação, em<br />

A, o coeciente <strong>de</strong> Seebeck, em V.K −1 e a temperatura do lado frio do<br />

RP, em K, respectivamente.<br />

Entretanto, há duas parcelas <strong>de</strong> uxo <strong>de</strong> calor in<strong>de</strong>sejáveis, as<br />

quais <strong>de</strong>terioram esse valor da potência removida pelo resfriador. Uma<br />

<strong>de</strong>las é associada ao efeito Joule, que ocorre em função do aquecimento<br />

dos materiais que compõem os termopares, quando da passagem da<br />

corrente elétrica. Essa parcela po<strong>de</strong> ser calculada pela Equação 2.21:<br />

Q Joule = I2 RP ω<br />

(2.21)<br />

2A RP<br />

on<strong>de</strong> ω representa a resistivida<strong>de</strong> elétrica dos materiais que compõem<br />

os termopares, em Ωm e A RP representa a área por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento<br />

do RP, em m.<br />

A segunda parcela <strong>de</strong>gradante da potência removida é relativa à<br />

difusão <strong>de</strong> calor do lado quente para o lado frio do resfriador. Esse calor<br />

é transferido através dos materiais do termopar, e po<strong>de</strong> ser calculado<br />

pela da Equação 2.22:<br />

Q cond = k RP A RP (T q − T f ) (2.22)<br />

on<strong>de</strong> k RP e T q representam o coeciente <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica dos<br />

materiais das junções, em W.(mK) −1 e a temperatura do lado quente<br />

do RP.<br />

Combinando as três equações acima, po<strong>de</strong>-se estimar a potência<br />

líquida removida pelo resfriador Peltier (Q RP ) <strong>de</strong> N junções (termopares)<br />

através da Equação 2.23:<br />

Q RP = 2N<br />

[<br />

sI RP T f − I2 RP ω<br />

]<br />

2A − k RP A RP (T q − T f )<br />

(2.23)<br />

A Eq. 2.23 apresenta uma forma bastante simples <strong>de</strong> se estimar<br />

a taxa <strong>de</strong> calor removido pelo RP. Entretanto, é necessário conhecer as<br />

proprieda<strong>de</strong>s dos materiais envolvidos no processo, tais como o coeci-


57<br />

ente <strong>de</strong> Seebeck, s, e a condutivida<strong>de</strong> térmica, k. Essas proprieda<strong>de</strong>s<br />

são o gran<strong>de</strong> segredo das empresas que fabricam as pastilhas, pois cada<br />

empresa utiliza diferentes ligas nos termopares. Devido à diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

obtenção <strong>de</strong>ssas proprieda<strong>de</strong>s, a utilização da Eq. 2.23 torna-se difícil<br />

<strong>de</strong> utilizar com precisão.<br />

Além disso, a Eq. 2.23 <strong>de</strong>spreza algumas resistências térmicas,<br />

como a condução através do substrato cerâmico e as resistências <strong>de</strong><br />

contato entre: elementos termelétricos - chapas <strong>de</strong> cobre - substratos<br />

cerâmicos.<br />

2.6 DISTRIBUIÇÃO DO ESCOAMENTO<br />

Com o intuito <strong>de</strong> aumentar a efetivida<strong>de</strong> térmica, trocadores <strong>de</strong><br />

calor compactos utilizam diversos microcanais em sua composição. Um<br />

dos problemas que isso remete é à má distribuição do escoamento no<br />

interior <strong>de</strong>sses pequenos dutos. Em um microcon<strong>de</strong>nsador constituído<br />

<strong>de</strong> multicanais, por exemplo, se algum <strong>de</strong>sses microcanais apresenta<br />

quantida<strong>de</strong> muito reduzida <strong>de</strong> vapor, esse po<strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>nsado muito<br />

rapidamente. Já canais com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapor, ten<strong>de</strong>m a<br />

apresentar velocida<strong>de</strong> reduzida, dicultando a con<strong>de</strong>nsação. O que se<br />

obtém, é uma redução do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor médio<br />

<strong>de</strong>sse equipamento.<br />

Vist e Pettersen (2004), na sua revisão bibliográca, armam<br />

que a distribuição do escoamento está diretamente ligada à queda <strong>de</strong><br />

pressão nos canais. Esses autores realizaram um trabalho experimental<br />

com o objetivo <strong>de</strong> avaliar a má distribuição do escoamento <strong>de</strong> R-134a<br />

em <strong>de</strong>z microcanais paralelos, posicionados na vertical, com 4 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro interno cada. Uma conclusão importante do trabalho é que a<br />

distribuição da vazão do escoamento melhora à medida que o título <strong>de</strong><br />

vapor na entrada dos canais é aumentado, tanto em escoamentos ascen<strong>de</strong>ntes<br />

como <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Este último, apresentado na Figura 2.13,<br />

on<strong>de</strong> o eixo das or<strong>de</strong>nadas apresenta a vazão mássica relativa do tubo,<br />

que é a razão entre a vazão do canal pela vazão média <strong>de</strong> todos os<br />

tubos.<br />

Segundo Bontemps (2005), como a distribuição do escoamento<br />

está diretamente ligada à perda <strong>de</strong> carga nos canais, diferentes rugosida<strong>de</strong>s<br />

entre eles po<strong>de</strong> afetar a distribuição do escoamento.<br />

Segundo I<strong>de</strong>lchik (1994), para se obter uma distribuição mais<br />

uniforme do escoamento <strong>de</strong>ve-se utilizar um distribuidor <strong>de</strong> área variável,<br />

a qual diminui na direção do escoamento, sendo mínima em frente


58<br />

Figura 2.13: Distribuição do escoamento em <strong>de</strong>z canais em função do<br />

título <strong>de</strong> vapor.<br />

ao último tubo, assim como mostra a Figura 2.14.<br />

Figura 2.14: Distribuidores <strong>de</strong> seção transversal variável, (IDELCHIK,<br />

1994).<br />

2.7 DEFINIÇÕES IMPORTANTES<br />

Nesta seção, serão apresentadas algumas relações fundamentais<br />

para o estudo <strong>de</strong> escoamentos bifásicos. Tais relações serão discutidas<br />

e utilizadas frequentemente no texto.<br />

A primeira relação aqui apresentada é a da fração <strong>de</strong> vazio, α, a<br />

qual é melhor discutida na Seção 2.9. A fração <strong>de</strong> vazio é <strong>de</strong>nida como<br />

sendo a razão entre as área ocupada pelo vapor (ou gás), A v , e a área


59<br />

total da seção transversal do duto, A st , em uma dada seção transversal:<br />

α = A v<br />

A st<br />

(2.24)<br />

O fator <strong>de</strong> escorregamento, S, é <strong>de</strong>nido como a razão entre a<br />

velocida<strong>de</strong> média das fases vapor, v v , e líquida, v l :<br />

S = v v<br />

v l<br />

= ρ l x v (1 − α)<br />

ρ v (1 − x v ) α<br />

(2.25)<br />

Outro parâmetro muito utilizado em escoamentos bifásicos é a<br />

velocida<strong>de</strong> supercial <strong>de</strong> cada fase. Tal parâmetro representa a velocida<strong>de</strong><br />

que cada fase teria se escoasse sozinha através da tubulação com a<br />

velocida<strong>de</strong> mássica G. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nir a velocida<strong>de</strong> supercial da fase<br />

no escoamento como a razão entre a velocida<strong>de</strong> mássica pela massa especíca<br />

da fase em questão. Assim, a velocida<strong>de</strong> supercial do líquido,<br />

j l , é <strong>de</strong>nida como:<br />

e a do vapor, j v :<br />

j l = G(1 − x v)<br />

ρ l<br />

(2.26)<br />

j v = Gx v<br />

ρ v<br />

(2.27)<br />

Para nalizar, a Tabela 2.2 apresenta os números adimensionais<br />

utilizados no presente trabalho, assim como seu signicado físico.<br />

Tabela 2.2: Grupos adimensionais<br />

Parâmetro Signicado Físico Denição<br />

Número <strong>de</strong> Razão entre as forças <strong>de</strong><br />

Reynolds, inércia e viscosa Re = GD<br />

Re<br />

µ<br />

Número <strong>de</strong><br />

Reynolds<br />

supercial<br />

Número <strong>de</strong> Reynolds <strong>de</strong><br />

cada fase<br />

Re l = GD(1 − x v)<br />

µ l<br />

Re v = GDx v<br />

µ v


60<br />

Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Reynolds<br />

Reynolds líquido/vapor<br />

somente<br />

(liquid/vapor<br />

consi<strong>de</strong>rando que toda<br />

a vazão do escoamento<br />

consiste em uma única<br />

fase (líquido ou vapor)<br />

only)<br />

Número <strong>de</strong><br />

Re bif<br />

Reynolds<br />

Número <strong>de</strong> Reynolds<br />

para o escoamento bifásico<br />

bifásico,<br />

Número <strong>de</strong> Coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

Nusselt, Nu<br />

<strong>de</strong> calor adimen-<br />

sional<br />

Número <strong>de</strong><br />

Prandtl, P r<br />

Número <strong>de</strong><br />

Galileo, Ga<br />

Razão entre as difusivida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

movimento e <strong>de</strong> calor<br />

Razão entre as forças<br />

gravitacional e viscosa<br />

Re lo = GD<br />

µ l<br />

Re vo = GD<br />

µ v<br />

Re bif = GD<br />

µ h<br />

Nu = hD<br />

k l<br />

P r = µc P<br />

k<br />

Ga = ρ l (ρ l − ρ v ) gD 3<br />

µ 2 l<br />

Número <strong>de</strong><br />

Jakob, Ja<br />

Número <strong>de</strong><br />

Frou<strong>de</strong>, F r<br />

Número <strong>de</strong><br />

Weber, W e<br />

Razão entre calor sensível<br />

e latente<br />

Razão entre as forças <strong>de</strong><br />

inércia e gravitacional<br />

Razão entre as forças <strong>de</strong><br />

inércia e <strong>de</strong> tensão supercial<br />

Ja = cp l (T sat − T p )<br />

i lv<br />

F r = (G/ρ l) 2<br />

gD<br />

W e = G2 D<br />

ρ v σ


61<br />

Número<br />

Bond, Bo<br />

<strong>de</strong><br />

Razão entre as forças<br />

gravitacional e <strong>de</strong> tensão<br />

supercial Bo = g (ρ l − ρ v ) D 2<br />

σ<br />

2.8 PADRÕES DE ESCOAMENTO NA CONDENSAÇÃO<br />

O primeiro passo para o entendimento da con<strong>de</strong>nsação em microcanais,<br />

é a caracterização do escoamento, pois isto é o elo da associação<br />

entre queda <strong>de</strong> pressão e transferência <strong>de</strong> calor, (GARIMELLA, 2006). Da<br />

mesma forma que po<strong>de</strong>mos caracterizar o escoamento monofásico em<br />

diferentes regimes - laminar, transição e turbulento, o mesmo ocorre em<br />

escoamentos envolvendo duas fases, (COLLIER; THOME, 1994). Nesse<br />

caso os regimes são função da conguração geométrica adotada pelas diferentes<br />

interfaces entre as fases no interior do duto. Tais congurações<br />

são também chamadas <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> escoamento. Em escoamentos<br />

bifásicos, po<strong>de</strong>m-se obter diferentes padrões, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da fração <strong>de</strong><br />

vazio, da geometria do tubo, das proprieda<strong>de</strong>s do uido, do título e da<br />

velocida<strong>de</strong> mássica do escoamento. É interessante observar que no interior<br />

<strong>de</strong> um mesmo tubo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador, po<strong>de</strong>-se notar a presença <strong>de</strong><br />

diferentes padrões <strong>de</strong> escoamento à medida que se distancia da entrada<br />

do canal, como apresentado na Figura 2.15.<br />

Figura 2.15: Distribuição das fases líquido/vapor no escoamento em<br />

um tubo <strong>de</strong> dimensões convencionais. Modicado <strong>de</strong> Collier e Thome<br />

(1994).


62<br />

2.8.1 Classicação<br />

A Figura 2.16 apresenta os padrões <strong>de</strong> escoamento básicos observados<br />

na con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> dutos <strong>de</strong> pequeno diâmetro. É<br />

importante <strong>de</strong>ixar claro que alguns regimes aqui apresentados po<strong>de</strong>m<br />

ocorrer (e <strong>de</strong> certa forma acontecem na maioria dos casos) simultaneamente,<br />

tornando o escoamento mais complexo.<br />

• Escoamento com Névoa (Misto): Escoamentos com elevados título<br />

<strong>de</strong> vapor e velocida<strong>de</strong> mássica, ten<strong>de</strong>m a arrancar gotículas<br />

líquidas previamente formadas na pare<strong>de</strong> do duto. Estas passam<br />

a escoar misturadas ao vapor, formando uma névoa, <strong>de</strong>nominada<br />

<strong>de</strong> entrainment.<br />

• Escoamento Anular: Quando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapor é gran<strong>de</strong><br />

(alto título <strong>de</strong> vapor), este ten<strong>de</strong> a escoar na parte central,empurrando<br />

o líquido para a pare<strong>de</strong> do tubo. Por conseguinte, o líquido banha<br />

toda a superfície do tubo, formando um anel, quando o duto é<br />

circular. Caso haja a ocorrência <strong>de</strong> névoa misturada ao vapor,<br />

esse escoamento é <strong>de</strong>nominado anular misto.<br />

• Escoamento Estraticado: Este padrão ocorre para velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> vapor muito baixas. Caracteriza-se pela separação total entre<br />

as fases por uma interface lisa, on<strong>de</strong> líquido e vapor escoam na<br />

parte inferior e superior do tubo, respectivamente. O con<strong>de</strong>nsado<br />

formado no topo do tubo escoa pela pare<strong>de</strong> para a piscina <strong>de</strong><br />

líquido pela ação da gravida<strong>de</strong>.<br />

• Escoamento Intermitente (slug - Agitado/plug - Pistonado): Este<br />

padrão caracteriza-se pela presença <strong>de</strong> bolhas <strong>de</strong> vapor alongadas.<br />

Finas películas <strong>de</strong> líquido, separam a bolha da pare<strong>de</strong> e também<br />

bolhas subsequentes. Quando a frente da bolha apresenta formato<br />

arredondado, o escoamento é chamado <strong>de</strong> pistonado (plug<br />

ow). Quando as longas bolhas são <strong>de</strong>formadas e não apresentam<br />

arredondamento na sua parte frontal, o padrão é também<br />

chamado <strong>de</strong> agitado (slug ow).<br />

• Escoamento Disperso (Borbulhado): Pequenas bolhas <strong>de</strong> vapor<br />

distorcidas ten<strong>de</strong>m a escoar dispersas no líquido, preferencialmente<br />

na parte central e superior do tubo. Este regime é tipicamente<br />

encontrado em congurações <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong> mássica e<br />

baixo título <strong>de</strong> vapor.


63<br />

Figura 2.16:<br />

BATSKI; THOME, 2008).<br />

Padrões <strong>de</strong> escoamento em microcanais, (CHENG; RI-<br />

2.8.2 Mapas <strong>de</strong> Padrões <strong>de</strong> Escoamento<br />

A m <strong>de</strong> predizer o regime presente no interior <strong>de</strong> um tubo para<br />

uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> escoamento, bem como as linhas <strong>de</strong> transição<br />

entre tais regimes, mapas <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> escoamento foram construídos.<br />

Esses po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos baseados em mecanismos físicos<br />

e/ou empiricamente. Existem mapas para escoamentos bifásicos, em<br />

canais convencionais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 50. Todavia, em microcanais<br />

poucos foram <strong>de</strong>senvolvidos, tampouco para con<strong>de</strong>nsação em canais<br />

com pequenos diâmetros.<br />

A maioria dos padrões <strong>de</strong> escoamento encontrados na literatura,<br />

refere-se a escoamentos adiabáticos. Nesses casos, os uidos ar-água,<br />

nitrogênio-água e ar-óleos são os mais utilizados. A Figura 2.17 apresenta<br />

um mapa <strong>de</strong> padrões para a predição <strong>de</strong> escoamentos adiabáticos<br />

em canais com pequenos diâmetros <strong>de</strong>senvolvido por Felcar, Ribatski<br />

e Jabardo (2007). Seguindo a forma clássica, a carta <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong><br />

escoamentos foi construída em função das velocida<strong>de</strong>s superciais do<br />

líquido (j l ) e do gas (j v ), que representam as velocida<strong>de</strong>s das fases no<br />

interior do tubo e cujas <strong>de</strong>nições são apresentadas na Seção 2.7. O<br />

mo<strong>de</strong>lo em questão foi baseado no mapa <strong>de</strong> Taitel e Dukler (1976), o<br />

qual foi <strong>de</strong>senvolvido para canais convencionais. O trabalho levou em<br />

conta o efeito da tensão supercial nas linhas <strong>de</strong> transição do mo<strong>de</strong>lo<br />

base, através da inclusão dos números <strong>de</strong> Weber e Eötvos. Segundo os<br />

autores, o método utilizado funciona bem para escoamentos no interior<br />

<strong>de</strong> canais com diâmetro 1 < D h < 5 mm.<br />

Esses escoamentos, sem transferência <strong>de</strong> calor, simulam escoa-


64<br />

Figura 2.17: Mapa <strong>de</strong> Felcar, Ribatski e Jabardo (2007) <strong>de</strong>senvolvido<br />

para escoamentos adiabáticos em canais <strong>de</strong> pequeno diâmetro(1 <<br />

D h < 5 mm).<br />

mentos em con<strong>de</strong>nsação e ebulição, <strong>de</strong>vido à simplicação experimental.<br />

Todavia, a extrapolação <strong>de</strong>sses resultados para escoamentos em<br />

con<strong>de</strong>nsação não são muito apropriados, <strong>de</strong>vido às diferentes proprieda<strong>de</strong>s<br />

dos uidos envolvidos, como por exemplo a massa especíca, que<br />

causa velocida<strong>de</strong>s muito maiores para escoamentos com ar do que com<br />

vapor <strong>de</strong> uidos refrigerantes.<br />

Yang e Shieh (2001) estudaram os padrões em escoamentos <strong>de</strong> arágua<br />

e R-134a em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos circulares medindo<br />

1, 2 e 3 mm <strong>de</strong> diâmetro e para 300 kg.m −2 .s −1 < G < 1600 kg.m −2 .s −1 .<br />

A Figura 2.18 apresenta uma comparação entre as linhas <strong>de</strong> transição<br />

dos escoamentos <strong>de</strong> ar-água e R-134a em con<strong>de</strong>nsação no interior do<br />

mesmo tubo, com D = 2 mm.<br />

Os autores vericaram somente os regimes disperso, intermitente<br />

e anular nos escoamentos em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> todos os tubos<br />

e para o <strong>de</strong> 1 mm adiabático. Além disso, o regime estraticado com<br />

ondas foi observado nos escoamentos adiabáticos nos tubos com D = 2<br />

e 3 mm.<br />

Na literatura, foi encontrado somente um mapa <strong>de</strong> padrões para<br />

con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong>senvolvido para canais com D h < 2 mm. Em Garimella


65<br />

Figura 2.18: Comparação entre os mapas <strong>de</strong> padrão para o R-134a<br />

em con<strong>de</strong>nsação e ar-água no interior <strong>de</strong> um tubo medindo 2 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro (YANG; SHIEH, 2001).<br />

(2006) são apresentadas as equações <strong>de</strong> um mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>senvolvido<br />

por Coleman e Garimella para a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a em canais<br />

com seção transversal quadrada e com D h = 1 mm, Figura 2.19. Neste<br />

caso, o mapa <strong>de</strong> padrões foi construído em função da velocida<strong>de</strong> mássica<br />

total do escoamento, G, na or<strong>de</strong>nada, e do título <strong>de</strong> vapor na abcissa.<br />

Todavia, não ca claro qual trabalho foi o pioneiro no <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do mapa, pois Garimella (2006) cita quatro diferentes artigos para tal,<br />

sendo que as equações mostradas em Garimella (2006) para as curvas<br />

<strong>de</strong> transição não foram encontradas em nenhum <strong>de</strong>les. Além disso, um<br />

dos trabalhos citados menciona somente o mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> 4 mm.<br />

Este mo<strong>de</strong>lo será usado como base para o presente trabalho, pois além<br />

<strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>senvolvido para dimensões parecidas, o uido utilizado é<br />

o mesmo (R-134a).<br />

Diversos estudos são encontrados na literatura envolvendo mapas<br />

<strong>de</strong> padrões, principalmente em escoamentos adiabáticos. Dentre


66<br />

Figura 2.19: Mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>senvolvido por Coleman e Garimella<br />

para canais <strong>de</strong> seção transversal quadrada e D h = 1 mm.<br />

eles alguns apresentam informações importantes sobre a inuência <strong>de</strong><br />

parâmetros do escoamento nas linhas <strong>de</strong> transição entre os regimes.<br />

Coleman e Garimella (1999) conduziram um estudo sobre o efeito<br />

do diâmetro e da geometria do canal sobre os mapas <strong>de</strong> regime em escoamentos<br />

adiabáticos. Seus resultados foram baseados em experimentos<br />

com ar-água em tubos retangulares e circulares para 1, 3 < D h <<br />

5, 5 mm. Os autores concluíram que o diâmetro hidráulico da tubulação<br />

tem gran<strong>de</strong> inuência nas linhas <strong>de</strong> transição, como mostra a Figura<br />

2.20. Segundo eles isso ocorre pois com a diminuição do diâmetro,<br />

os efeitos da tensão supercial tornam-se mais dominantes e o líquido<br />

ten<strong>de</strong> a molhar a pare<strong>de</strong> do tubo, suprimindo o regime <strong>de</strong> escoamento<br />

disperso e aumentando a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência dos padrões anular<br />

e intermitente. A Figura 2.20 mostra que para D < 2, 6 mm o<br />

diâmetro da tubulação apresenta menor inuência nas linhas <strong>de</strong> transição<br />

e o regime estraticado é suprimido.<br />

Ainda em Coleman e Garimella (1999), a Figura 2.21 apresenta<br />

o efeito da geometria do canal no padrão <strong>de</strong> escoamento. Po<strong>de</strong>-se perceber<br />

que a transição do regime disperso para intermitente e anular é a<br />

mais inuenciada pela forma geométrica. Esse comportamento ocorre,<br />

pois em canais retangulares a manutenção da película líquida nas pare<strong>de</strong>s<br />

da tubulação é facilitada pela formação do menisco. Assim, o<br />

regime <strong>de</strong> gotas dispersas é menor em canais com cantos vivos.


67<br />

Figura 2.20: Linhas <strong>de</strong> transição entre os regimes em função do diâmetro<br />

da tubulação (COLEMAN; GARIMELLA, 1999).<br />

É interessante notar que o mesmo trabalho analisa resultados<br />

<strong>de</strong> outros autores para gran<strong>de</strong>s diâmetros (entre 11,5 e 258,0 mm) e<br />

conclui que, para canais convencionais, a inuência do diâmetro tem<br />

pouco efeito nas linhas <strong>de</strong> transição. Esse resultado ocorre pois em<br />

canais gran<strong>de</strong>s, as forças gravitacional e <strong>de</strong> atrito apresentam or<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior a da força <strong>de</strong> tensão supercial. Dessa maneira,<br />

mesmo aumentando o valor <strong>de</strong>ssa última com a diminuição do diâmetro,<br />

há pouca mudança nas linhas <strong>de</strong> transição.<br />

Coleman e Garimella (2000) <strong>de</strong>senvolveram um trabalho similar,<br />

todavia para escoamentos em con<strong>de</strong>nsação, on<strong>de</strong> os autores analisam a<br />

inuência do diâmetro hidráulico da tubulação nas linhas <strong>de</strong> transição.<br />

As condições <strong>de</strong> teste utilizadas foram: 0 < x < 1; 150 kg.m −2 .s −1 <<br />

G < 750 kg.m −2 .s −1 . O efeito do diâmetro da tubulação é mostrado<br />

nas Figuras 2.22 e 2.23.<br />

Po<strong>de</strong>-se observar claramente a tendência do crescimento das regiões<br />

intermitente -Plug/Slug, (Figura 2.22) e anular (Figura 2.23) com<br />

a diminuição do diâmetro da tubulação. Os autores encontraram ainda<br />

que o regime estraticado diminui com a redução do diâmetro, até não<br />

ser mais observado para D h = 3 mm. O mecanismo que explica tais<br />

efeitos é o mesmo citado no trabalho citado anteriormente pelos mes-


68<br />

Figura 2.21: Comparação entre os mapas <strong>de</strong> regime para canais circulares<br />

e retangulares (COLEMAN; GARIMELLA, 1999).<br />

mos autores: o aumento da força <strong>de</strong> tensão supercial frente às forças<br />

gravitacional e inercial com o <strong>de</strong>créscimo do diâmetro.<br />

Kim et al. (2003) apud Cavallini et al. (2006) também conduziram<br />

um trabalho sobre a visualização <strong>de</strong> escoamentos em con<strong>de</strong>nsação<br />

no interior <strong>de</strong> tubos com D = 0, 75 mm. Foi utilizado o uido R-<br />

134a à temperatura <strong>de</strong> 40 o C na faixa <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s mássicas entre<br />

100 kg.m −2 .s −1 e 600 kg.m −2 .s −1 . Os autores observaram a ocorrência<br />

dos regimes anular, agitado e borbulhado. Não houve ocorrência do<br />

regime estraticado.<br />

2.9 FRAÇÃO DE VAZIO<br />

Uma informação muito importante, quando se estuda escoamentos<br />

bifásicos, diz respeito à relação entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido e <strong>de</strong><br />

vapor presentes no interior do duto, <strong>de</strong>nominada fração <strong>de</strong> vazio, α,<br />

<strong>de</strong>nida na Seção 2.7. Esse fator inuencia tanto o regime <strong>de</strong> escoamento,<br />

quanto, consequentemente, a transferência <strong>de</strong> calor e queda<br />

<strong>de</strong> pressão. A diminuição da fração <strong>de</strong> vazio, por exemplo, signica<br />

menor área para o escoamento <strong>de</strong> vapor. Isso leva ao aumento da sua


69<br />

Figura 2.22: Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento intermitente (CO-<br />

LEMAN; GARIMELLA, 2000).<br />

velocida<strong>de</strong>, que por sua vez aumenta o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong><br />

calor e a queda <strong>de</strong> pressão. Diversas correlações e mo<strong>de</strong>los têm sido<br />

propostas para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>ste parâmetro, as quais normalmente<br />

são função do título <strong>de</strong> vapor e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s dos uidos. Segundo<br />

Thome (2004), formulações para a predição da fração <strong>de</strong> vazio <strong>de</strong>senvolvidas<br />

para canais convencionais po<strong>de</strong>m ser aplicadas em microcanais,<br />

para os mesmos regimes <strong>de</strong> escoamento nas quais os mo<strong>de</strong>los foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidos.<br />

Lockhart e Martinelli (1949) propuseram uma correlação para a<br />

fração <strong>de</strong> vazio para uma ampla faixa <strong>de</strong> condições testadas:<br />

[ ( ) 0,64 ( ) 0,36 ( ) ] 0,07 −1<br />

1 − xv ρv µl<br />

α = 1 + 0, 28<br />

(2.28)<br />

ρ l µ v<br />

x v<br />

A correlação <strong>de</strong> Baroczy (1965), apresentada a seguir, foi <strong>de</strong>senvolvida<br />

baseada em escoamentos adiabáticos <strong>de</strong> mercúrio líquidonitrogêneo<br />

e ar-água. Esta formulação é uma das mais utilizadas na<br />

literatura em geral e a mais precisa, segundo Carey (1992) e Stephan


70<br />

Figura 2.23: Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento anular (COLEMAN;<br />

GARIMELLA, 2000).<br />

(1992):<br />

[ ( ) 0,74 ( ) 0,65 ( ) ] 0,13 −1<br />

1 − xv ρv µl<br />

α = 1 +<br />

(2.29)<br />

ρ l µ v<br />

x v<br />

Dalkilic e Wongwises (2009) apresentam 35 correlações para a<br />

predição da fração <strong>de</strong> vazio. Dentre elas, a única <strong>de</strong>senvolvida propriamente<br />

para a con<strong>de</strong>nsação é a proposta por Graham (1998). Esta<br />

correlação foi <strong>de</strong>senvolvida empiricamente para escoamentos <strong>de</strong> R-134a<br />

e R410A no interior <strong>de</strong> tubos horizontais com D = 7, 04 mm e velocida<strong>de</strong>s<br />

mássicas entre 75 e 450 kg.m −2 .s −1 :<br />

{<br />

α =<br />

1 − e {−1−0,3ln(F rt)−0,0328[ln(F rt)]2 } p/ F r t > 0, 01032<br />

0 p/ F r t < 0, 01032<br />

(2.30)<br />

on<strong>de</strong> F r t representa o número <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong> modicado, <strong>de</strong>nido por Hurlburt<br />

(1997), como segue:


71<br />

[<br />

x 3<br />

F r t =<br />

vG 2 ] 1/2‘<br />

(2.31)<br />

ρ 2 vgD(1 − x v )<br />

Segundo Graham (1998), a correlação apresentou incerteza <strong>de</strong><br />

10% em relação aos dados experimentais, nos regimes anular e estrati-<br />

cado.<br />

Quando se consi<strong>de</strong>ram que as velocida<strong>de</strong>s do vapor e do líquido<br />

no interior do duto são iguais (S = 1), têm-se o mo<strong>de</strong>lo homogêneo,<br />

que é melhor discutido na Seção 2.10.2.1. Neste caso, a fração <strong>de</strong> vazio<br />

é <strong>de</strong>terminada da seguinte maneira:<br />

α hom =<br />

[<br />

1 +<br />

2.10 QUEDA DE PRESSÃO<br />

( 1 − xv<br />

x v<br />

) (<br />

ρv<br />

ρ l<br />

)] −1<br />

(2.32)<br />

A avaliação da queda <strong>de</strong> pressão em microcon<strong>de</strong>nsadores é <strong>de</strong><br />

fundamental importância por dois motivos, principalmente. O primeiro<br />

diz respeito ao projeto do trocador <strong>de</strong> calor. Quanto maior for a queda<br />

<strong>de</strong> pressão, maior terá que ser a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombeamento do sistema.<br />

O segundo ponto é na questão da transferência <strong>de</strong> calor. O<br />

coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local (h) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das temperaturas<br />

locais da pare<strong>de</strong> do tubo e do uido. Esta última, na con<strong>de</strong>nsação,<br />

é função da pressão local do escoamento. Dessa forma, uma boa metodologia<br />

para o cálculo da queda <strong>de</strong> pressão em um con<strong>de</strong>nsador, remete<br />

também à baixa incerteza na estimativa da temperatura do uido, que<br />

por sua vez, representa conabilida<strong>de</strong> no cálculo do coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor.<br />

Experimentos com microcanais são normalmente providos <strong>de</strong><br />

plena ou manifolds, componentes responsáveis pela distribuição do escoamento<br />

entre os diferentes canais. Pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, é entre<br />

esses distribuidores que a queda <strong>de</strong> pressão é geralmente medida.<br />

I<strong>de</strong>lchik (1994) propõe um método para calcular a queda <strong>de</strong> pressão<br />

total em sistemas que possuem distribuidores. Todavia, sua utilização<br />

é restrita à canais com gran<strong>de</strong>s diâmetros.<br />

No cálculo da queda <strong>de</strong> pressão total em um microcanal para<br />

escoamento monofásico, Steinke e Kandlikar (2006) propõem consi<strong>de</strong>rar<br />

as parcelas <strong>de</strong> perdas <strong>de</strong>vido à contração e expansão na entrada e saída<br />

do microcanal, respectivamente, ao escoamento em <strong>de</strong>senvolvimento e<br />

à queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito. Essas parcelas são apresentado na


72<br />

Figura 2.24.<br />

Figura 2.24: Componentes da queda <strong>de</strong> pressão total em manifolds,<br />

(STEINKE; KANDLIKAR, 2006).<br />

As formulações encontradas para escoamentos monofásicos e bifásicos<br />

apresentam bastante diferença. Por esse motivo esta seção será<br />

sub-dividida em duas partes: uma para o problema monofásico e outra<br />

para a con<strong>de</strong>nsação.<br />

2.10.1 Escoamento Monofásico<br />

Em escoamentos monofásicos, po<strong>de</strong>-se calcular cada parcela apresentada<br />

na Eq. 4.1 através <strong>de</strong> uma única equação, a equação <strong>de</strong> Darcy-<br />

Weisbach, apresentada a seguir (IDELCHIK, 1994):<br />

∆p = ζ G2<br />

(2.33)<br />

2ρ<br />

on<strong>de</strong> ζ representa o coeciente <strong>de</strong> resistência, po<strong>de</strong>ndo ser relativo a<br />

perdas locais (mudanças <strong>de</strong> direção ou velocida<strong>de</strong>) ou ao atrito interfacial<br />

uido-pare<strong>de</strong>:<br />

O coeciente <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>vido ao atrito po<strong>de</strong> ser calculado<br />

da seguinte forma:


73<br />

ζ atrito = 4fL<br />

(2.34)<br />

D<br />

on<strong>de</strong> L representa o comprimento da tubulação e f o fator <strong>de</strong> atrito,<br />

ou fator <strong>de</strong> fanning. Este último <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos fatores, como<br />

geometria e rugosida<strong>de</strong> da tubulação e regime <strong>de</strong> escoamento (laminar,<br />

<strong>de</strong> transição ou turbulento).<br />

Para escoamento laminar (Re < 2300) no interior <strong>de</strong> canais circulares,<br />

o fator <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do número <strong>de</strong> Reynolds do<br />

escoamento. Pela lei <strong>de</strong> Hagen-Poiseuille:<br />

f = 16<br />

(2.35)<br />

Re<br />

Em escoamentos turbulentos, a rugosida<strong>de</strong> da tubulação é um<br />

fator importante na <strong>de</strong>terminação do fator <strong>de</strong> atrito. I<strong>de</strong>lchik (1994)<br />

propõe que tubos possam ser consi<strong>de</strong>rados hidraulicamente lisos para<br />

Re < Re lim , on<strong>de</strong> Re lim é calculado da seguinte forma:<br />

Re lim = 26, 9<br />

ɛ 1,143 (2.36)<br />

on<strong>de</strong> ɛ representa a rugosida<strong>de</strong> relativa do tubo, <strong>de</strong>nida como a razão<br />

entre a rugosida<strong>de</strong> média e o diâmetro da tubulação.<br />

Para escoamentos turbulentos em tubos lisos diversas correlações<br />

são encontradas na literatura. É bom lembrar que em escoamentos<br />

turbulentos, normalmente <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra-se a região <strong>de</strong> entrada, on<strong>de</strong> o<br />

escoamento não é plenamente <strong>de</strong>senvolvido, pois esta região é muito pequena.<br />

Segundo Bejan (2004), a região <strong>de</strong> entrada é aproximadamente<br />

<strong>de</strong>z vezes o diâmetro da tubulação. Dessa forma, para um tubo com<br />

D = 0, 77 mm e L = 114 mm a região <strong>de</strong> entrada correspon<strong>de</strong> a menos<br />

<strong>de</strong> 7% do comprimento do tubo.<br />

Blasius, em 1913, propôs a seguinte correlação para o fator <strong>de</strong><br />

atrito em escoamentos turbulentos plenamente <strong>de</strong>senvolvidos:<br />

f = 0, 0791Re −1/4 (2.37)<br />

Já Phillips (1987) propôs uma correlação, apresentada na Eq. 2.38,<br />

para estimar o fator <strong>de</strong> atrito em escoamentos turbulentos tanto na região<br />

<strong>de</strong> entrada quanto na plenamente <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> dutos circulares.<br />

on<strong>de</strong><br />

f = ARe B (2.38)


74<br />

1, 01612<br />

A = 0, 09290 +<br />

z/D<br />

0, 32930<br />

B = −0, 26800 −<br />

z/D<br />

(2.39)<br />

(2.40)<br />

on<strong>de</strong> z é a distância da entrada da tubulação, em m.<br />

Os coecientes <strong>de</strong> resistência locais po<strong>de</strong>m ser obtidos na literatura.<br />

Na expansão, segundo Ghiaasiaan (2008):<br />

ζ exp = 2γ (1 − γ) (2.41)<br />

on<strong>de</strong> γ representa uma relação entre as áreas menor e maior da mudança<br />

geométrica, que para o caso <strong>de</strong> microcanais paralelos tem a seguinte<br />

forma:<br />

γ = A micro<br />

(2.42)<br />

A dist<br />

on<strong>de</strong> os sub-índices micro e dist são relativos aos microcanais e ao<br />

distribuidor, respectivamente.<br />

Para a contração, ainda segundo Ghiaasiaan (2008):<br />

[ ( ) ]<br />

2 1<br />

ζ cont = − 1 + 1 − γ 2 (2.43)<br />

C c<br />

on<strong>de</strong> C c é o coeciente <strong>de</strong> contração, que po<strong>de</strong> ser calculado, segundo<br />

Geiger e Rohrer (1966) apud Ghiaasiaan (2008) pela seguinte equação:<br />

C c = 1 −<br />

1 − γ<br />

2, 08 (1 − γ) + 0, 5371<br />

(2.44)<br />

Para o coeciente <strong>de</strong> resistência relativo à curva em 90 o , Phillips<br />

(1987) apud Garimella (2006) sugere a seguinte equação:<br />

ζ 90 = γ 2 ∗ K 90 (2.45)<br />

on<strong>de</strong> K 90 representa o coeciente <strong>de</strong> perda, cujo valor sugerido por<br />

I<strong>de</strong>lchik (1994) é <strong>de</strong> K 90 = 1, 19.


75<br />

2.10.2 Escoamento em Con<strong>de</strong>nsação<br />

Em escoamentos bifásicos no interior <strong>de</strong> tubos posicionados na<br />

horizontal, a queda <strong>de</strong> pressão é composto <strong>de</strong> duas parcelas. Uma <strong>de</strong>las<br />

é relativa ao atrito e outra à <strong>de</strong>saceleração <strong>de</strong>vido à mudança <strong>de</strong> fase,<br />

como mostra a Eq. 2.46.<br />

(∆p) microcanais<br />

= (∆p) atrito<br />

+ (∆p) <strong>de</strong>saceleração<br />

(2.46)<br />

Como a massa especíca do líquido é muito maior que a do vapor<br />

(em torno <strong>de</strong> 30 vezes na pressão <strong>de</strong> 8 bar para o R-134a), quando da<br />

con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> um tubo com diâmetro interno constante, a<br />

velocida<strong>de</strong> do escoamento diminui, respeitando a lei da conservação da<br />

massa. Por consequência disso, a pressão do escoamento é aumentada,<br />

segundo a conservação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento. Por esse motivo,<br />

tem-se a presença da queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração na Eq. 2.46, que<br />

na verda<strong>de</strong> representa um ganho <strong>de</strong> pressão. Seu valor po<strong>de</strong> ser calculado<br />

através da Eq. 2.47, utilizando-se o mo<strong>de</strong>lo homogêneo, (CAREY,<br />

1992):<br />

[<br />

] [<br />

]<br />

G 2 x 2 v<br />

∆p <strong>de</strong>sac =<br />

ρ v α + G2 (1 − x v ) 2 G 2 x 2 v<br />

−<br />

ρ l (1 − α) ρ v α + G2 (1 − x v ) 2<br />

ρ l (1 − α)<br />

ent<br />

saída<br />

(2.47)<br />

A queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito em escoamentos bifásicos é<br />

a maior parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão em um trocador <strong>de</strong> calor. Seu cálculo<br />

envolve algumas aproximações e, na literatura, encontram-se dois<br />

diferentes mo<strong>de</strong>los para sua estimativa: o homogêneo e o heterogêneo,<br />

(COLLIER; THOME, 1994).<br />

2.10.2.1 Mo<strong>de</strong>lo Homogêneo<br />

O mo<strong>de</strong>lo homogêneo, apesar <strong>de</strong> ser o mais simples do ponto<br />

<strong>de</strong> vista matemático, funciona muito bem em certos regimes <strong>de</strong> escoamento,<br />

como borbulhado e disperso. Este mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>ra que as<br />

velocida<strong>de</strong>s do líquido e do vapor são iguais. Em outras palavras, o<br />

fator <strong>de</strong> escorregamento, S, (ver Seção 2.7) é igual a 1.<br />

A queda <strong>de</strong> pressão é calculada consi<strong>de</strong>rando-se um escoamento<br />

monofásico, on<strong>de</strong> as proprieda<strong>de</strong>s físicas são médias <strong>de</strong> cada fase, ou<br />

seja, <strong>de</strong>ne-se um pseudo-uido, (CAREY, 1992) e (COLLIER; THOME,


76<br />

1994). Assim, a formulação é a mesma que a utilizada na Seção 2.10.1.<br />

Entretanto, a massa especíca, ρ, para o escoamento consi<strong>de</strong>rado<br />

homogêneo é calculada da seguinte forma, (COLLIER; THOME, 1994):<br />

1<br />

ρ h<br />

= x v<br />

ρ v<br />

+ 1 − x v<br />

ρ l<br />

(2.48)<br />

Para a viscosida<strong>de</strong> homogênea (utilizada para o cálculo <strong>de</strong> Re h<br />

no fator <strong>de</strong> atrito), diversas correlações são encontradas na literatura.<br />

A mais comum, segundo Carey (1992) é a proposta por McAdams,<br />

Woods e Bryan (1942), apresentada a seguir:<br />

2.10.2.2 Mo<strong>de</strong>lo Heterogêneo<br />

1<br />

µ h<br />

= x v<br />

µ v<br />

+ 1 − x v<br />

µ l<br />

(2.49)<br />

O mo<strong>de</strong>lo heterogêneo consi<strong>de</strong>ra que vapor e líquido escoam cada<br />

qual com sua respectiva velocida<strong>de</strong> média, por isso é também chamado<br />

<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fases separadas. Essa abordagem funciona muito bem no<br />

regime <strong>de</strong> escoamento anular, (COLLIER; THOME, 1994). Neste mo<strong>de</strong>lo,<br />

a queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito, ∆p at , é calculada em função da<br />

queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> um escoamento monofásico, multiplicada por um<br />

fator <strong>de</strong> correção, φ 2 , também chamado <strong>de</strong> multiplicador bifásico. Este,<br />

é baseado em correlações, geralmente empíricas, on<strong>de</strong> o escoamento monofásico<br />

base po<strong>de</strong> ser: líquido, vapor, líquido somente (liquid only)<br />

ou vapor somente (vapor only):<br />

∆p at,bif = ∆p at,l φ 2 l = ∆p at,v φ 2 v = ∆p at,lo φ 2 lo = ∆p at,vo φ 2 vo (2.50)<br />

Assim, utilizando-se a equaçao <strong>de</strong> Darcy-Weisbach, Eq. 2.33,<br />

com o conceito <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> mássica, G, <strong>de</strong>nido na Seção 2.7 tem-se:<br />

∆p at,bif = 2(1 − x v) 2 G 2 L<br />

Dρ l<br />

f l φ 2 l = 2x2 vG 2 L<br />

f v φ 2 v<br />

Dρ v<br />

= 2G2 L<br />

f lo φ 2 lo = 2G2 L<br />

f vo φ 2 vo (2.51)<br />

Dρ l Dρ v<br />

on<strong>de</strong> os fatores <strong>de</strong> atrito para os escoamentos base po<strong>de</strong>m ser calculados<br />

utilizando-se correlações para escoamento monofásico, como a Eq. 2.37,


77<br />

com o número <strong>de</strong> Reynolds referente à fase (ver Tabela 2.2).<br />

2.10.2.3 Mo<strong>de</strong>los e Correlações<br />

Diversos mo<strong>de</strong>los e correlações foram propostos na literatura<br />

para o cálculo do fator <strong>de</strong> atrito e dos multiplicadores bifásicos. As formulações<br />

<strong>de</strong>nominadas clássicas para os multiplicadores bifásicos aqui<br />

apresentadas são as <strong>de</strong> Lockhart e Martinelli (1949), Chisholm (1973) e<br />

Frie<strong>de</strong>l (1979). O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido por Lockhart e Martinelli (1949)<br />

para os multiplicadores bifásicos é consi<strong>de</strong>rado o percursor nessa área,<br />

e até hoje ele serve <strong>de</strong> base para mo<strong>de</strong>los mais recentes.<br />

No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Lockhart e Martinelli (1949), os multiplicadores<br />

bifásicos são funções do parâmetro <strong>de</strong> Lockhart - Martinelli, X, o qual<br />

é <strong>de</strong>nido como sendo a razão entre os gradientes <strong>de</strong> pressão por atrito<br />

das fases líquida e <strong>de</strong> vapor, respectivamente:<br />

)<br />

X 2 =<br />

(<br />

dp<br />

dz<br />

(<br />

dp<br />

dz<br />

)<br />

at,l<br />

at,v<br />

(2.52)<br />

Lockhart e Martinelli (1949) <strong>de</strong>niram os multiplicadores bifásicos<br />

para líquido, vapor e líquido somente, apresentados respectivamente<br />

a seguir:<br />

e<br />

φ 2 l = 1 + C X + 1<br />

X 2 (2.53)<br />

φ 2 v = 1 + CX + X 2 (2.54)<br />

φ 2 lo = φ 2 l (1 − x v ) 1,75 (2.55)<br />

on<strong>de</strong> C é uma constante que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do regime <strong>de</strong> escoamento (turbulento<br />

ou laminar) <strong>de</strong> cada fase. A Tabela 2.3 apresenta os valores para<br />

essa constante, propostos por Lockhart e Martinelli (1949):<br />

Já Chisholm (1973), sugere a inclusão dos efeitos do uxo <strong>de</strong><br />

massa e das proprieda<strong>de</strong>s do uido nos multiplicadores bifásicos. Para<br />

isso, o autor propõe uma correlação empírica, baseada em um mo<strong>de</strong>lo<br />

proposto por Baroczy (1966), para o cálculo do multiplicador bifásico,<br />

baseado em experimentos com água/vapor d'água, ar/água e mercúrio/nitrogêneo,<br />

apresentada a seguir.


78<br />

Tabela 2.3: Valores propostos por Lockhart e Martinelli (1949) para a<br />

constante C para os diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento.<br />

vapor líquido X valor <strong>de</strong> C<br />

laminar laminar X ll 5<br />

laminar turbulento X lt 10<br />

turbulento laminar X tl 12<br />

turbulento turbulento X tt 20<br />

φ 2 lo = 1 + ( Y 2 − 1 ) [ Bx (2−n)/2<br />

v<br />

]<br />

(1 − x v ) (2−n)/2 + x 2−n<br />

v<br />

(2.56)<br />

on<strong>de</strong><br />

Y 2 = ∆p at,vo<br />

∆p at,lo<br />

(2.57)<br />

O parâmetro B é obtido da seguinte maneira:<br />

⎧<br />

√55<br />

⎪⎨ G<br />

p/ 0 < Y < 9, 5<br />

520<br />

B =<br />

Y ⎪⎩<br />

√ p/ 9, 5 < Y < 28 (2.58)<br />

G<br />

15000<br />

Y 2√ p/ Y > 28 G<br />

O parâmetro n <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> Reynolds <strong>de</strong> líquido somente:<br />

{ 1 p/ Relo ≤ 2100<br />

n =<br />

(2.59)<br />

0, 25 p/ Re lo > 2100<br />

Frie<strong>de</strong>l (1979) <strong>de</strong>senvolveu uma correlação, também empírica,<br />

para a <strong>de</strong>terminação do multiplicador bifásico. O autor baseou-se em<br />

25000 pontos obtidos em escoamentos adiabáticos no interior <strong>de</strong> canais<br />

com D > 1 mm para propor uma formulação, apresentada na Eq. 2.60,<br />

a qual baseia-se nos números <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong>, F r, e <strong>de</strong> Weber, W e, <strong>de</strong>nidos<br />

na Tabela 2.2 :<br />

φ 2 0, 324F H<br />

lo = E +<br />

(2.60)<br />

F r 0,045 W e 0,035<br />

on<strong>de</strong> os parâmetros E, F e H são <strong>de</strong>terminados da seguinte forma:<br />

( )<br />

E = (1 − x v ) 2 ρl f vo<br />

+ x v (2.61)<br />

ρ v f lo


79<br />

H =<br />

F = x 0,78<br />

v (1 − x v ) 0,24 (2.62)<br />

(<br />

ρl<br />

ρ v<br />

) 0,91 (<br />

µv<br />

µ l<br />

) 0,19 (<br />

1 − µ v<br />

µ l<br />

) 0,7<br />

(2.63)<br />

Essa correlação proposta por Frie<strong>de</strong>l (1979) é muito utilizada<br />

tanto em escoamentos na vertical quanto na horizontal. Segundo Garimella<br />

(2006), seus resultados são insatisfatórios em muitos casos. Isso<br />

ocorre principalmente porque a correlação é utilizada em condições<br />

muito diferentes das que a formulação foi proposta.<br />

Uma correlação mais recente, proposta por Muller-Steinhagen e<br />

Heck (1986) para a predição da queda <strong>de</strong> pressão bifásica por atrito, é<br />

mais simples que as anteriores e consi<strong>de</strong>rada mais eciente. Os autores<br />

<strong>de</strong>senvolveram a correlação baseados em 9300 dados obtidos com diversos<br />

uidos em canais com diâmetros entre 4 mm e 392 mm, apresentada<br />

a seguir:<br />

∆p at,bif = F (1 − x v ) 1/3 + ∆p at,vo x 3 v (2.64)<br />

on<strong>de</strong> o parâmetro F é <strong>de</strong>terminado da maneira que segue:<br />

F = ∆p at,lo + 2 (∆p at,vo − ∆p at,lo ) x v (2.65)<br />

Correlações <strong>de</strong>senvolvidas propriamente para o cálculo da queda<br />

<strong>de</strong> pressão por atrito, no interior <strong>de</strong> microcanais, também são encontradas<br />

na literatura. Zhang e Webb (2001) propuseram uma correlação<br />

empírica para a predição da queda <strong>de</strong> pressão por atrito, baseados em<br />

escoamentos <strong>de</strong> R-134a, R-22 e R-404A no interior <strong>de</strong> multicanais circulares<br />

com D = 2, 13 mm. Os autores utilizaram, também, dados<br />

obtidos em tubos com diâmetros medindo 6, 25 mm e 3, 25 mm, e propõem<br />

a seguinte fórmula para o multiplicador bifásico líquido somente,<br />

φ lo :<br />

φ lo = (1 − x v ) 2 + 2, 87x 2 vp −1<br />

red<br />

+ 1, 68x0,8 v (1 − x v ) 0,25 p −1,64<br />

red<br />

(2.66)<br />

on<strong>de</strong> p red é a pressão reduzida (p red = p/p crit ).<br />

Revellin e Thome (2007) realizaram experimentos com escoamento<br />

bifásico adiabático, utilizando dois diferentes uidos refrigerantes<br />

(R-134a e R-245f), no interior <strong>de</strong> microcanais <strong>de</strong> vidro com<br />

D = 0, 790 mm. Baseados nesses resultados, autores propuseram a<br />

seguinte correlação baseada no mo<strong>de</strong>lo homogêneo para o cálculo do


80<br />

fator <strong>de</strong> atrito:<br />

f bif = 6Re −3/5<br />

h<br />

(2.67)<br />

on<strong>de</strong> Re h representa o número <strong>de</strong> Reynolds do escoamento bifásico,<br />

consi<strong>de</strong>rando o mo<strong>de</strong>lo homogêneo, com µ h obtido através da Eq. 2.49,<br />

e cuja fórmula é apresentada na Tabela 2.2.<br />

Seus dados, todavia, são na sua gran<strong>de</strong> maioria para baixos títulos<br />

<strong>de</strong> vapor, informação importante que po<strong>de</strong> ser extraída do trabalho<br />

dos autores, mas que não é comentada pelos mesmos.<br />

Cavallini et al. (2006) <strong>de</strong>senvolveram uma correlação empírica<br />

para o cálculo do fator <strong>de</strong> atrito e do multiplicador bifásico para líquido<br />

somente, f lo e φ lo , Eqs. 2.68 e 2.69, respectivamente. A correlação é<br />

baseada em dados obtidos por diversos autores na con<strong>de</strong>nsação em<br />

microcanais, comportando os regimes anular e anular misto:<br />

f bif = 0, 046Re −0,2<br />

lo<br />

(2.68)<br />

φ lo = Z + 3, 595F H (1 − E) W (2.69)<br />

os parâmetros Z, F, H e W são calculados da seguinte forma:<br />

H =<br />

Z = (1 − x v ) 2 + x 2 v<br />

(<br />

ρl<br />

ρ v<br />

) (<br />

µv<br />

µ l<br />

) 0,2<br />

(2.70)<br />

F = x 0,9525 (1 − x v ) 0,414 (2.71)<br />

(<br />

ρl<br />

ρ v<br />

) 1,132 (<br />

µv<br />

µ l<br />

) 0,44 (<br />

1 − µ v<br />

µ l<br />

) 3,542<br />

(2.72)<br />

W = 1, 398p red (2.73)<br />

on<strong>de</strong> p red é a pressão reduzida do uido (p red = p/p crit ).<br />

A variável E da Eq. 2.69 representa a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido que<br />

escoa na forma <strong>de</strong> gotas, as quais encontram-se misturadas ao núcleo <strong>de</strong><br />

vapor - entrainment liquid, característica do escoamento anular misto.<br />

Segundo Cavallini et al. (2006), o valor <strong>de</strong> E po<strong>de</strong> ser obtido através<br />

da equação proposta por Paleev e Filippovich (1966), representada na<br />

Eq. 2.74:<br />

[ (ρvc ) ( ) ] 2 µl j v<br />

E = 0, 015 + 0, 44log<br />

10 4 (2.74)<br />

ρ l σ


81<br />

O valor <strong>de</strong> ρ vc é obtido através da seguinte equação:<br />

[ ]<br />

1 + (1 − xv )<br />

ρ vc = ρ v E<br />

x v<br />

(2.75)<br />

Hewitt, Shires e Bott (1994) apud Garimella (2006) propuseram<br />

calcular as quedas <strong>de</strong> pressão locais em escoamento bifásico através<br />

dos mo<strong>de</strong>los homogêneo ou heterogêneo. Para o cálculo <strong>de</strong> ∆p cont os<br />

autores sugerem o uso da mesma equação <strong>de</strong> Darcy-Weisbach, Eq. 2.33,<br />

utilizando a massa especíca homogênea (Eq. 2.48). O valor <strong>de</strong> ζ é<br />

calculado através da Eq. 2.43. Assim, a equação recomendada por<br />

Hewitt, Shires e Bott (1994) para o cálculo da queda <strong>de</strong> pressão na<br />

contração <strong>de</strong> um escoamento em con<strong>de</strong>nsação tem a seguinte forma:<br />

[ ( ) ]<br />

2<br />

∆p cont = G2 1<br />

− 1 + 1 − γ 2 (2.76)<br />

2ρ h C c<br />

Para a expansão, Hewitt, Shires e Bott (1994) sugerem o uso do<br />

mo<strong>de</strong>lo heterogêneo. Assim, a queda <strong>de</strong> pressão na expansão abrupta<br />

<strong>de</strong> um escoamento bifásico po<strong>de</strong> ser calculada através da Eq. 2.33, com<br />

ρ = ρ l e ζ <strong>de</strong>nido por:<br />

ζ exp,bif = ζ exp Ψ s (2.77)<br />

on<strong>de</strong> ζ exp é o coeciente <strong>de</strong> resistência na expansão <strong>de</strong> escoamento monofásico<br />

(Eq. 2.41) e Ψ s é o multiplicador bifásico, <strong>de</strong>nido da seguinte<br />

forma:<br />

{ ( )<br />

ρl [0,<br />

Ψ s = 1 + − 1 25xv (1 − x v ) + x 2 ] }<br />

v (2.78)<br />

ρ v<br />

Para as perdas <strong>de</strong> pressão nas curvas em 90 o , não foi encontrado<br />

nenhum trabalho na literatura.<br />

2.10.3 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre a Queda <strong>de</strong> Pressão<br />

Bifásica<br />

Muitos são os fatores que po<strong>de</strong>m alterar a queda <strong>de</strong> pressão em<br />

microcanais. A geometria do canal, tipo <strong>de</strong> uido, velocida<strong>de</strong> mássica,<br />

temperatura do uido e título <strong>de</strong> vapor são comumente investigadas<br />

na literatura. Alguns resultados obtidos por diferentes pesquisas são<br />

mostrados nesta seção.


82<br />

Yan e Lin (1999) estudaram a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a em um<br />

tubo <strong>de</strong> 2,0 mm <strong>de</strong> diâmetro interno, para 100 kg.m −2 .s −1 < G <<br />

200kg.m −2 .s −1 , 25 o C < T fluido < 50 o C e 10 kW.m −2 < q ′′ <<br />

20 kW.m −2 . Os autores concluíram que a queda <strong>de</strong> pressão aumenta<br />

com a diminuição da temperatura do uido e com o aumento da velocida<strong>de</strong><br />

mássica, efeito mais acentuado para x v > 0, 3. A queda <strong>de</strong><br />

pressão também apresentou aumento com o título <strong>de</strong> vapor, principalmente<br />

para temperaturas <strong>de</strong> saturação mais baixas. Uma gura <strong>de</strong>sse<br />

mesmo trabalho compara a queda <strong>de</strong> pressão obtida para dois valores<br />

<strong>de</strong> uxo <strong>de</strong> calor diferentes, 10 e 20 kW.m −2 , para G = 200 kg.m −2 .s −1<br />

e T = 40 o C. A gura em questão mostra claramente que aumentandose<br />

o uxo <strong>de</strong> calor têm-se uma diminuição da queda <strong>de</strong> pressão para<br />

toda a faixa <strong>de</strong> título <strong>de</strong> vapor testada 0, 18 < x v < 0.9. Os autores<br />

preferiram, todavia, concluir que com somente dois valores <strong>de</strong> q ′′ não<br />

se po<strong>de</strong> comentar nada à respeito.<br />

Garimella, Agarwal e Killion (2005) realizaram experimentos na<br />

con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a no interior <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> vidro com diâmetros<br />

entre 0, 506 mm e 4, 91 mm. Os testes foram executados para<br />

T fluido = 52, 5 o C e 150 kg.m −2 .s −1 < G < 750kg.m −2 .s −1 nos regimes<br />

anular, anular misto, disperso e intermitente. Seus resultados<br />

mostraram que para x v < 0, 2, a queda <strong>de</strong> pressão é pouco sensível<br />

ao aumento da velocida<strong>de</strong> mássica. Já para valores <strong>de</strong> título <strong>de</strong> vapor<br />

mais altos, nota-se o aumento da queda <strong>de</strong> pressão por atrito com o<br />

aumento da velocida<strong>de</strong> mássica Além disso, vericou-se também que a<br />

queda <strong>de</strong> pressão aumenta com o título <strong>de</strong> vapor, principalmente para<br />

G > 300kg.m −2 .s −1 . Neste trabalho, os autores também comparam<br />

o efeito do diâmetro do canal para as três velocida<strong>de</strong>s mássicas mais<br />

altas. Vericou-se que a queda <strong>de</strong> pressão aumenta com a diminuição<br />

do diâmetro, principalmente para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados.<br />

Zhang e Webb (2001), que propuseram uma correlação para o<br />

cálculo da queda <strong>de</strong> pressão bifásica em microcanais, também apresentaram<br />

uma discussão <strong>de</strong> seus resultados experimentais para escoamentos<br />

adiabáticos. A queda <strong>de</strong> pressão bifásica foi intensicada com o<br />

aumento da velocida<strong>de</strong> mássica e do título <strong>de</strong> vapor e com a diminuição<br />

da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido. Os testes mostrados no trabalho<br />

foram realizados para 400 kg.m −2 .s −1 < G < 1000 kg.m −2 .s −1 ,<br />

25 o C < T fluido < 55 o C.<br />

Escoamento adiabático também foi objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> Yang e<br />

Webb (1996). Os autores estudaram escoamentos <strong>de</strong> R-12 em canais retangulares<br />

lisos, com D h = 2, 64 mm, e microaletados, D h = 1, 56 mm.<br />

Para o tubo liso, foi observado um aumento da queda <strong>de</strong> pressão com


83<br />

o incremento do título <strong>de</strong> vapor e da velocida<strong>de</strong> mássica, sendo esta<br />

última mais evi<strong>de</strong>nte à medida que o título aumenta. Para o tubo aletado,<br />

o mesmo comportamento foi observado, porém neste caso a queda<br />

<strong>de</strong> pressão aumentou <strong>de</strong> maneira mais acentuada com o título <strong>de</strong> vapor.<br />

2.11 TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />

Trocadores <strong>de</strong> calor que utilizam uidos em con<strong>de</strong>nsação, apresentam<br />

enorme importância na indústria <strong>de</strong> refrigeração, automotiva e<br />

em processos industriais em geral. A <strong>de</strong>manda por equipamentos mais<br />

compactos e com melhor efetivida<strong>de</strong> remete à busca pelo aumento dos<br />

coecientes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. Todavia, isso só po<strong>de</strong> ser alcançado,<br />

quando se <strong>de</strong>tém um bom conhecimento acerca dos mecanismos<br />

físicos que agem sobre esse fenômeno, os quais estão intimamente ligados<br />

aos padrões <strong>de</strong> escoamento, discutidos na Seção 2.8.<br />

Numerosos estudos sobre esse tema são encontrados na literatura,<br />

tanto na área experimental, com o intuito <strong>de</strong> observar o comportamento<br />

do h e dos regimes <strong>de</strong> escoamento, quanto trabalhos analíticos,<br />

na tentativa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor, além <strong>de</strong><br />

combinações entre os dois. A seguir, são apresentados alguns mo<strong>de</strong>los<br />

e correlações utilizadas na literatura, subdivididos em grupos baseados<br />

nos diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento. Mais além, é discutida a<br />

inuência <strong>de</strong> diversos parâmetros sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor.<br />

2.11.1 Mo<strong>de</strong>los para Escoamento Monofásico<br />

Em escoamentos monofásicos, diversos mo<strong>de</strong>los foram propostos<br />

<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século passado. Aqui, são apresentados alguns <strong>de</strong>les,<br />

<strong>de</strong>senvolvidos para escoamentos turbulentos, para temperatura da pare<strong>de</strong><br />

ou uxo <strong>de</strong> calor uniforme. Gran<strong>de</strong> parte das correlações para o<br />

cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt em escoamentos monofásicos, Nu l , apresenta<br />

a seguinte forma:<br />

Nu l = CRe n P r m l (2.79)<br />

A correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter po<strong>de</strong> ser aplicada para 0, 7 <<br />

P r l < 160, Re > 10000 na região completamente <strong>de</strong>senvolvida. Para<br />

escoamentos submetidos a resfriamento, esta equação tem a seguinte<br />

forma:


84<br />

Nu l = 0, 023Re 4/5 P r 0,3<br />

l<br />

(2.80)<br />

Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936) propuseram uma pequena modicação na<br />

equação <strong>de</strong> Dittus-Boelter para corrigir variações nas proprieda<strong>de</strong>s do<br />

escoamento, causadas por uxos <strong>de</strong> calor elevados:<br />

( ) 0,14<br />

Nu l = 0, 023Re 4/5 P r 1/3 µ<br />

l<br />

(2.81)<br />

µ p<br />

on<strong>de</strong> todas as proprieda<strong>de</strong>s são avaliadas na temperatura média do<br />

escoamento, exceto µ p , que é obtida com a temperatura da pare<strong>de</strong>.<br />

Petukhov (1970) <strong>de</strong>senvolveu uma correlação mais recente para<br />

o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt em escoamento monofásico turbulento e<br />

completamente <strong>de</strong>senvolvido. Esta equação é valida para 0, 5 < P r l <<br />

2000 e (10 4 < Re < 5 ∗ 10 6 ), a qual é apresentada na Eq. 2.82:<br />

Nu =<br />

(f/8)ReP r<br />

( l<br />

) (2.82)<br />

1, 07 + 12, 7(f/8) 1/2 P r 2/3<br />

l<br />

− 1<br />

on<strong>de</strong> f representa o fator <strong>de</strong> atrito, o qual po<strong>de</strong> ser calculado utilizando<br />

as Eqs. 2.37 e 2.38.<br />

Depois disso, Gnielinski (1976) propôs uma modicação da correlação<br />

anterior, para que a mesma pu<strong>de</strong>sse ser utilizada para Reynolds<br />

menores. Assim, para 3000 < Re < 5 ∗ 10 6 e 0, 5 < P r l < 2000:<br />

(f/8) (Re − 1000) P r l<br />

Nu =<br />

( ) (2.83)<br />

1 + 12, 7(f/8) 1/2 P r 2/3<br />

l<br />

− 1<br />

2.11.2 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Estraticado<br />

Em escoamentos on<strong>de</strong> a velocida<strong>de</strong> do vapor é muito baixa e<br />

as forças <strong>de</strong> atrito interfaciais são pequenas, observa-se geralmente o<br />

regime estraticado (COLLIER; THOME, 1994). Como realçado nesse<br />

mesmo trabalho, esse regime é normalmente observado em canais <strong>de</strong><br />

diâmetros convencionais. Todavia, como foi mostrado na Seção 2.8.2<br />

e armado por Garimella (2006), alguns autores assumem que a con<strong>de</strong>nsação<br />

ocorre também com predominância da gravida<strong>de</strong>, mesmo em<br />

canais da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 3 mm.<br />

O mecanismo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor nesse tipo <strong>de</strong> escoamento<br />

baseia-se na espessura da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado. A maioria dos mo-


85<br />

<strong>de</strong>los propostos assume que a película <strong>de</strong> líquido laminar escoa do topo<br />

para a base do tubo pela superfície interna do mesmo. Na base da tubulação,<br />

forma-se uma piscina <strong>de</strong> líquido com espessura bem superior<br />

à observada na parte superior do mesmo.<br />

Segundo Marto (1998), nesses casos, po<strong>de</strong>-se aplicar como primeira<br />

aproximação, a equação <strong>de</strong> Nusselt para con<strong>de</strong>nsação sobre tubos<br />

horizontais modicada para o cálculo do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong><br />

calor médio em todo o perímetro do tubo, Equação 2.84.<br />

ou para o número <strong>de</strong> Nusselt:<br />

h estrat = Ω<br />

[<br />

ρl (ρ l − ρ v )gi lv k 3 l<br />

Dµ l (T sat − T p )<br />

Nu estrat = Ω<br />

] 1/4<br />

(2.84)<br />

[ D 3 ] 1/4<br />

ρ l (ρ l − ρ v )gi lv<br />

(2.85)<br />

k l µ l (T sat − T p )<br />

on<strong>de</strong> Ω é um fator <strong>de</strong> correção que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido<br />

na camada estraticada (no fundo do tubo).<br />

Segundo Marto (1998), esse mo<strong>de</strong>lo foi primeiramente proposto<br />

por Chato em 1962, on<strong>de</strong> Ω = 0, 555, o qual <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rava a parcela <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor na base do tubo, on<strong>de</strong> o líquido está acumulado.<br />

Dobson et al. (1994) <strong>de</strong>senvolveram uma correlação para Ω, baseada<br />

no parâmetro <strong>de</strong> Lockhart-Martinelli, consi<strong>de</strong>rando os escoamentos<br />

<strong>de</strong> líquido e <strong>de</strong> vapor turbulentos, apresentada a seguir:<br />

0, 375<br />

Ω = (2.86)<br />

X 0,23<br />

tt<br />

Haraguchi, Koyama e Fuji (1994) propuseram um fator <strong>de</strong> correção,<br />

Ω, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das proprieda<strong>de</strong>s do uido e do escoamento:<br />

{ [<br />

] } √ (<br />

Ω(ξ) = ξ + 10 (1 − ξ) 0,1 − 1 + 1, 7.10 −4 Re lo ξ 1 − √ ξ)<br />

(2.87)<br />

on<strong>de</strong> ξ é obtido a partir da Eq. 2.88:<br />

⎡<br />

ξ = ⎣1 + ρ ( ) ⎛ v 1 − xv<br />

√<br />

⎝0, 4 + 0, 6<br />

ρ l x v<br />

√ ρ l<br />

ρ v<br />

+ 0, 4 1−xv<br />

x v<br />

1 + 0, 4 1−xv<br />

x v<br />

⎞⎤<br />

⎠⎦<br />

−1<br />

(2.88)<br />

on<strong>de</strong> x v representa o título <strong>de</strong> vapor local.


86<br />

2.11.3 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Anular<br />

Em escoamentos anulares, a velocida<strong>de</strong> do vapor é gran<strong>de</strong>, intensicando<br />

a força <strong>de</strong> atrito interfacial vapor-líquido e reduzindo a<br />

importância da força gravitacional. A maioria dos mo<strong>de</strong>los propostos<br />

para a con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos são para esse regime. Boa parte<br />

<strong>de</strong>les tem a forma da Eq 2.89 para o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt local:<br />

Nu anular = Nu l F T P + S (2.89)<br />

on<strong>de</strong> Nu l é o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento monofásico turbulento,<br />

em convecção forçada do líquido, F T P é um multiplicador bifásico<br />

que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do título local e S representa um termo <strong>de</strong> ajuste para o<br />

mo<strong>de</strong>lo, que é zero na maioria das correlações.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Traviss, Rohsenow e Baron (1973) <strong>de</strong>senvolvido<br />

para con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R22 no interior <strong>de</strong> canais com D = 8 mm, utiliza<br />

esse tipo <strong>de</strong> abordagem, no qual o multiplicador bifásico é <strong>de</strong>terminado<br />

como segue:<br />

F T P = (<br />

F<br />

1<br />

X tt<br />

+ 2,85<br />

X 0,476<br />

tt<br />

) (2.90)<br />

on<strong>de</strong><br />

⎧<br />

0, ⎪⎨ { 707P r l Re 0,5<br />

l } p/ Re l < 50<br />

F = 5 P r l + ln[1 + P r l (0, 0964Re 0,585<br />

l<br />

− 1)] p/ 50 < Re l < 1125<br />

]<br />

⎪⎩ 5<br />

[P r l + ln(1 + 5P r l ) + ln(0,0031Re0,812 l )<br />

2<br />

p/ Re l > 1125<br />

(2.91)<br />

e o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento <strong>de</strong> líquido é:<br />

Nu l = 0, 15Re 0,9<br />

l<br />

P r l (2.92)<br />

Shah (1979) também <strong>de</strong>senvolveu uma correlação para F T P , baseado<br />

nos resultados experimentais <strong>de</strong> diversos uidos no interior <strong>de</strong><br />

canais com 7 mm < D < 40 mm, no qual:<br />

F T P = (1 − x v) 0,8 + 3, 8x 0,76<br />

v (1 − x v ) 0,04<br />

(2.93)<br />

p 0,38<br />

red<br />

e o número <strong>de</strong> Nusselt do escoamento monofásico é calculado a partir<br />

da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter, Eq. 2.80, com Re calculado para o<br />

escoamento <strong>de</strong> líquido somente, Re lo .


87<br />

Outra correlação encontrada na literatura para a con<strong>de</strong>nsação<br />

convectiva é a proposta por Soliman, Schuster e Berenson (1968). Nela,<br />

os autores propõem a separação do fator multiplicador, F T P em três<br />

parcelas: atrito (F f ), quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento (F m ) e gravida<strong>de</strong> (F a ).<br />

Esta última po<strong>de</strong> ser negligenciada em escoamentos na horizontal.<br />

e<br />

Nu l = 0, 036 ρ0,5 l<br />

P r 0,65<br />

l<br />

D<br />

µ l<br />

(2.94)<br />

F T P = √ F f + F m + F a (2.95)<br />

[<br />

F f = 0, 0225G2 Re −0,2<br />

( ) 0,0523<br />

vo<br />

(x 1,8 µl<br />

v + 5, 7<br />

(1 − x v ) 0,47 xv<br />

1,33<br />

ρ v µ v<br />

( ) 0,261 ( ) 0,105 ( ) ] 0,522 ρv<br />

µl<br />

X<br />

+ 8, 11<br />

(1 − x v ) 0,94 x 0,86 ρv<br />

v<br />

ρ l µ v ρ l<br />

(2.96)<br />

F m = DG2<br />

4ρ v<br />

( −∆xv<br />

L<br />

+ (2x v − 1 − βx v )<br />

∗<br />

) [ (<br />

ρv<br />

2(1 − x v )<br />

(<br />

ρv<br />

ρ l<br />

) 1/3<br />

+<br />

( ) ( ) 4/3<br />

1 ρv<br />

− 3 + 2x<br />

x v ρ l<br />

) 2/3<br />

+<br />

ρ l<br />

(2β − β )<br />

− βx v ∗<br />

x v<br />

( ) 5/3 ( ) ]<br />

ρv<br />

ρv<br />

+ 2(1 − x v − β + βx v )<br />

(2.97)<br />

ρ l ρ l<br />

on<strong>de</strong>,<br />

β =<br />

{ 2 se Rel < 200<br />

1, 25 se Re l > 200<br />

(2.98)<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Soliman, Schuster e Berenson (1968) foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

para escoamentos <strong>de</strong> diversos uidos em con<strong>de</strong>nsação no interior<br />

<strong>de</strong> tubos com 7, 44 mm < D < 11, 66 mm<br />

Dobson e Chato (1998) também <strong>de</strong>senvolveram uma correlação<br />

para o cálculo <strong>de</strong> F T P , a qual apresenta a seguinte forma:


88<br />

2, 22<br />

F T P = 1 + (2.99)<br />

X 0,89<br />

tt<br />

Os autores propõem calcular o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento<br />

monofásico a partir da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter, Eq. 2.80.<br />

Tal correlação foi <strong>de</strong>senvolvida baseando-se em experimentos <strong>de</strong> diversos<br />

tipos <strong>de</strong> uidos refrigerantes no interior <strong>de</strong> tubos com diâmetros<br />

<strong>de</strong> 4, 6 mm, 7, 04 mm e 31, 4 mm. Seus testes englobaram<br />

25 kg.m −2 .s −1 < G < 800 kg.m −2 .s −1 e 35 o C < T fluido < 60 o C.<br />

Alguns mo<strong>de</strong>los propostos para o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt<br />

na con<strong>de</strong>nsação em regime anular são baseados em escoamentos turbulentos.<br />

Esses mo<strong>de</strong>los apresentam a seguinte forma:<br />

Nu = D h ρ l cp l u ∗<br />

(2.100)<br />

k l T +<br />

on<strong>de</strong> D h , k l , ρ l e cp l representam o diâmetro hidráulico da tubulação,<br />

em m, a condutivida<strong>de</strong> térmica do líquido, em W.m −1 .K −1 , a massa<br />

especíca do líquido, em kg.m −3 e o calor especíco à pressão constante<br />

do líquido, em J.kg −1 .K −1 , respectivamente. T + representa a<br />

temperatura turbulenta adimensional, a qual é função da espessura da<br />

película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado adimensional, δ + . A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrito, u ∗ , é<br />

normalmente calculada como segue:<br />

√<br />

u ∗ τi<br />

=<br />

(2.101)<br />

ρ l<br />

on<strong>de</strong> τ i representa a tensão <strong>de</strong> atrito interfacial, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do gradiente<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão, <strong>de</strong>nida como:<br />

τ i = dp D h<br />

(2.102)<br />

dz 4<br />

Cavallini et al. (2006) propuseram uma correlação para o cálculo<br />

do número <strong>de</strong> Nusselt em con<strong>de</strong>nsação para uidos refrigerantes<br />

nos regimes anular e anular misto, no interior <strong>de</strong> canais com<br />

0, 4 < D h < 3 mm. Nela, o gradiente <strong>de</strong> pressão é calculado a partir<br />

da correlação proposta pelos mesmos autores (Eqs. 2.68 - 2.75). A<br />

temperatura turbulenta adimensional é <strong>de</strong>terminada a partir da lei da<br />

temperatura da pare<strong>de</strong>, (MARTINELLI, 1947):


89<br />

⎧<br />

P ⎪⎨ { r l δ + ( )]} se δ + ≤ 5<br />

T + δ<br />

= 5 P r l + ln<br />

[1 + P r + l 5 − 1 se 5 < δ + < 30<br />

{<br />

( )}<br />

⎪⎩<br />

δ<br />

5 P r l + ln (1 + 5P r l ) + 0, 495ln<br />

+<br />

30<br />

se δ + ≥ 30<br />

(2.103)<br />

on<strong>de</strong> δ + representa a espessura da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado turbulenta<br />

adimensionalisada, obtida como segue:<br />

{ √<br />

Rel /2 se Re l ≤ 1145<br />

δ + =<br />

0, 0504Re 7/8<br />

l<br />

se Re l ≥ 1145<br />

(2.104)<br />

Bandhauer, Agarwall e Garimella (2006) também <strong>de</strong>senvolveram<br />

uma correlação para o cálculo <strong>de</strong> Nusselt em con<strong>de</strong>nsação<br />

para escoamento anular. Seu mo<strong>de</strong>lo cobre uma ampla faixa <strong>de</strong><br />

diâmetros (0, 4 mm < D h < 4, 9 mm) e <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s mássicas<br />

(150 kg.m −2 .s −1 < G < 750 kg.m −2 .s −1 ) para o uido R-134a. A<br />

temperatura turbulenta adimensional é <strong>de</strong>terminada como segue (para<br />

Re l < 2100):<br />

{<br />

( )]}<br />

δ<br />

T + +<br />

= 5 P r + ln<br />

[1 + P r l<br />

5 − 1 (2.105)<br />

e a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado turbulenta:<br />

δ + = δρ lu ∗<br />

µ l<br />

(2.106)<br />

on<strong>de</strong> δ representa a espessura da película <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado, <strong>de</strong>nida<br />

como segue:<br />

δ = R ( 1 − √ α ) (2.107)<br />

on<strong>de</strong> R e α representam o raio da tubulação e a fração <strong>de</strong> vazio volumétrica,<br />

calculada através da Eq. 2.29, correlação <strong>de</strong> Baroczy (1965),<br />

respectivamente.<br />

Mesmo não sendo muito comum os trabalhos apresentarem a<br />

<strong>de</strong>dução <strong>de</strong> δ, vale a pena se fazer isso. Essa <strong>de</strong>dução é apresentada no<br />

Apêndice B e será muito útil na discussão dos resultados experimentais<br />

<strong>de</strong>sta dissertação, Capítulo 5.


90<br />

2.11.4 Mo<strong>de</strong>los Multi-Regimes<br />

Há, na literatura, mo<strong>de</strong>los propostos para serem utilizados em<br />

mais <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> escoamento. O mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto<br />

por Koyama et al. (2003) é baseado em escoamentos <strong>de</strong> R-134a no<br />

interior <strong>de</strong> canais retangulares com diâmetro hidráulico <strong>de</strong> 1, 11 mm e<br />

0, 8 mm e apresentado na Eq. 2.108.<br />

Nu = ( Nu 2 anular + Nu 2 estrat) 1/2<br />

(2.108)<br />

on<strong>de</strong> Nu estrat é o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento estraticado<br />

proposto por Haraguchi, Koyama e Fuji (1994), Eq. 2.87 e Nu anular é<br />

o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento anular proposto por Haraguchi,<br />

Koyama e Fuji (1994), apresentado a seguir:<br />

(<br />

) ( )<br />

Nu anular = 0, 00152 1 + 0, 6P r 0,8 φ v<br />

l<br />

Re 0,77<br />

l<br />

(2.109)<br />

X tt<br />

on<strong>de</strong>, segundo Koyama et al. (2003), φ v <strong>de</strong>ve ser calculado através da<br />

correlação <strong>de</strong> Mishima e Hibiki (1995), apresentada a seguir:<br />

2.11.5 Correlações Empíricas<br />

φ 2 v = 1 + 21 ( 1 − e −0,319D) X tt + X 2 tt (2.110)<br />

O último tipo <strong>de</strong> equação para o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt<br />

para a con<strong>de</strong>nsação aqui apresentado são as correlações empíricas, as<br />

quais são baseadas apenas em resultados experimentais. A correlação<br />

proposta por Yan e Lin (1999) para escoamento <strong>de</strong> R-134a no interior<br />

<strong>de</strong> tubos circulares com D = 2 mm para baixas velocida<strong>de</strong>s mássicas<br />

(100 kg.m −2 .s −1 < G < 200 kg.m −2 .s −1 ) é um exemplo <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />

correlação, a qual é apresentada na Eq. 2.111. Segundo o mapa <strong>de</strong> padrões<br />

proposto por Coleman e Garimella, Figura 2.19, a faixa <strong>de</strong> testes<br />

engloba escoamentos dos tipos anular e intermitente. Segundo Goss,<br />

Macarini e Passos (2011), que compararam os resultados experimentais<br />

para o h em microcanais com D = 0, 8 mm, essa correlação prediz bem<br />

dados para x ≤ 0, 75 e G < 125 kg.m −2 .s −1 , on<strong>de</strong>, segundo o mapa <strong>de</strong><br />

padrões <strong>de</strong> Coleman e Garimella, tem-se o regime intermitente. Para<br />

x > 0, 90, para regime <strong>de</strong> escoamento anular, segundo mapa <strong>de</strong> Coleman<br />

e Garimella, a correlação subestimou os dados experimentais.


91<br />

6, 48Re 1,04<br />

eq<br />

Nu =<br />

(2.111)<br />

P r −0,33<br />

l<br />

Bo 0,3 Re lo<br />

on<strong>de</strong> Bo e Re eq representam, respectivamente, os números <strong>de</strong> Bond<br />

(ver Tabela 2.2) e <strong>de</strong> Reynolds equivalente. Esse último é <strong>de</strong>nido da<br />

seguinte forma:<br />

Re eq = G eqD<br />

(2.112)<br />

µ l<br />

on<strong>de</strong> G eq representa a velocida<strong>de</strong> mássica equivalente, <strong>de</strong>nida como<br />

segue:<br />

[<br />

( ) ] 0,5 ρl<br />

G eq = G (1 − x v ) + x v (2.113)<br />

ρ v<br />

Moser, Webb e Na (1998) propõem uma correlação empírica para<br />

a <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> Nusselt na con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong><br />

tubos com 3, 14 mm < D < 20 mm, apresentada a seguir:<br />

−0,113P r−0,563<br />

l<br />

l<br />

r−0,448<br />

0, 09940,126P l<br />

1+0,11025P r−0,448<br />

Re Remo P r 0,815<br />

l<br />

Nu = [<br />

]<br />

[1, 58ln (Re mo ) − 3, 28] 2, 58ln (Re mo ) + 13, 7P r 2/3<br />

l<br />

− 19, 1<br />

(2.114)<br />

on<strong>de</strong> Re mo é um número <strong>de</strong> Reynolds modicado, <strong>de</strong>nido pela<br />

Eq. 2.115<br />

Re mo = φ 8/7<br />

lo Re lo (2.115)<br />

on<strong>de</strong> φ lo e Re lo representam o multiplicador bifásico, calculado a partir<br />

da correlação <strong>de</strong> Frie<strong>de</strong>l (1979), Eqs. 2.60, e o número <strong>de</strong> Reynolds para<br />

líquido somente.<br />

2.11.6 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre o h<br />

Os parâmetros <strong>de</strong> um escoamento po<strong>de</strong>m inuenciar o CTC obtido.<br />

Fatores como geometria do canal, velocida<strong>de</strong> mássica, título <strong>de</strong><br />

vapor, temperatura <strong>de</strong> saturação do uido e o próprio uido po<strong>de</strong>m<br />

causar aumento ou diminuição do calor transferido em um sistema.<br />

Por isso, a inuência <strong>de</strong>ssas características <strong>de</strong>vem ser bem conhecidas<br />

quando se <strong>de</strong>seja projetar ou analisar um trocador <strong>de</strong> calor.


92<br />

Yang e Webb (1996) basearam-se em seus resultados experimentais<br />

com R-12 em canais retangulares lisos (D h = 2, 637 mm) e microaletados<br />

(D h = 1, 564 mm) para concluir que, na con<strong>de</strong>nsação em<br />

microcanais, o CTC aumenta com a velocida<strong>de</strong> mássica e o título. Este<br />

resultado foi obtido em toda a faixa testada (400 kg.m −2 .s −1 < G <<br />

1400 kg.m −2 .s −1 ; 4 kW.m −2 < q ′′ < 12 kW.m −2 e 0, 12 < x v <<br />

0, 97). Além disso, os tubos microaletados apresentaram aumento no<br />

h comparados aos tubos lisos. Este aumento cou mais evi<strong>de</strong>nciado<br />

para baixas velocida<strong>de</strong>s mássicas. Tal resultado po<strong>de</strong> ser explicado baseado<br />

na força <strong>de</strong> drenagem, causada pela tensão supercial. Segundo<br />

os autores, essa parcela <strong>de</strong> força torna-se importante em baixos uxos<br />

mássicos, on<strong>de</strong> a força <strong>de</strong> atrito interfacial é pequena. Com o aumento<br />

<strong>de</strong>ssa última (altas velocida<strong>de</strong> mássica e título), a força <strong>de</strong> tensão supercial<br />

tem seu papel diminuído.<br />

Yan e Lin (1999) investigaram a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a no interior<br />

<strong>de</strong> tubos com 2 mm. Para altos títulos <strong>de</strong> vapor o h apresentou<br />

aumento com x v e com o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> q ′′ e da temperatura <strong>de</strong> saturação<br />

do uido. Entretanto, tais efeitos não foram observados para<br />

x v < 0, 4.<br />

Baird, Fletcher e Haynes (2003) estudaram a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong><br />

R123 e R11 em tubos com diâmetros <strong>de</strong> 0, 92 e 1, 95 mm para uma<br />

amplas faixas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s mássicas (70 − 600 kg.m −2 .s −1 ), uxos <strong>de</strong><br />

calor (15 − 110 kW.m −2 ) e pressões (1, 2 − 4, 1 bar). Seus resultados<br />

mostram melhora do h com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica, título <strong>de</strong><br />

vapor e uxo <strong>de</strong> calor, principalmente para altos valores <strong>de</strong> título <strong>de</strong><br />

vapor. Já o aumento da pressão do sistema, ocasiona o efeito oposto<br />

sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. O tubo <strong>de</strong> menor diâmetro<br />

apresentou CTC's relativamente maiores.<br />

Wang e Rose (2006) investigaram, numericamente, a inuência<br />

da seção transversal do duto no h local, em um con<strong>de</strong>nsador com taxa<br />

<strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> calor mantida constante. Seu mo<strong>de</strong>lo numérico leva em<br />

conta a inuência das forças <strong>de</strong> tensão supercial, atrito <strong>de</strong> vapor e<br />

gravitacional. A Figura 2.25 mostra um dos resultados <strong>de</strong>sse trabalho.<br />

Segundo a Figura 2.25, para uma mesma condição, os canais que<br />

apresentam cantos vivos (com seções transversais triangulares, quadradas<br />

e retangulares) apresentam CTCs maiores que os calculados para<br />

canais circulares <strong>de</strong> mesmo D h no início do con<strong>de</strong>nsador. Ao longo do<br />

comprimento do trocador <strong>de</strong> calor, o CTC dos canais com cantos vivos<br />

diminui em uma taxa maior que o duto circular, até que no nal do<br />

tubo, este último é o maior. Os cantos vivos contribuem para a formação<br />

<strong>de</strong> uma na película <strong>de</strong> líquido na pare<strong>de</strong> do tubo, o que aumenta


93<br />

Figura 2.25: Resultado da comparação entre escoamentos no interior<br />

<strong>de</strong> canais com diferentes formas. Extraído <strong>de</strong> Wang e Rose (2006).<br />

o CTC. Todavia, essa mesma película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, quando muito<br />

espessa - muito con<strong>de</strong>nsado, causa diminuição do h. Esse resultado<br />

contribui para corroborar a teoria <strong>de</strong> que em microcanais o efeito da<br />

tensão supercial e da espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado dominam a taxa <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor.<br />

Matkovic et al. (2009) realizaram um estudo experimental muito<br />

rico na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a e R32 à temperatura <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong><br />

40 o C no interior <strong>de</strong> canais circulares com D = 0, 96 mm. Os autores<br />

analisaram escoamentos com velocida<strong>de</strong>s mássicas na faixa <strong>de</strong><br />

100 kg.m −2 .s −1 < G < 1200 kg.m −2 .s −1 . Seus resultados mostram<br />

que o CTC apresenta melhora com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica<br />

para altos valores <strong>de</strong>ssa (G > 200 kg.m −2 .s −1 ).<br />

Sapali e Patil (2010) investigaram escoamentos <strong>de</strong> R-134a e<br />

R404A em tubos circulares lisos (com D = 8, 56 mm) e microaletados<br />

(com D = 8, 96 mm). As condições <strong>de</strong> teste incluíram temperaturas<br />

<strong>de</strong> saturação entre 35 o C < T sat < 60 o C e velocida<strong>de</strong>s mássicas entre<br />

90 kg.m −2 .s −1 < G < 800 kg.m −2 .s −1 . Os autores encontraram que<br />

o CTC aumenta com a velocida<strong>de</strong> mássica (mais nítido para altos Gs)<br />

e diminui com a temperatura <strong>de</strong> saturação do escoamento para toda a<br />

faixa testada. Além disso, o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor obtido<br />

para o R-134a apresentou-se sempre maior que para o uido R404A.


94<br />

Isso <strong>de</strong>ve-se ao fato que o R404A tem tensão supercial e condutivida<strong>de</strong><br />

térmica menores. O resultado da comparação entre o tubo liso<br />

e o microaletado está <strong>de</strong> acordo com o obtido por outros autores. O<br />

tubo microaletado apresentou aumento no h <strong>de</strong> até 2,5 vezes comparado<br />

ao tubo liso para baixos valores <strong>de</strong> G nos escoamentos com R-134a.<br />

Todavia, para altas velocida<strong>de</strong>s mássicas esse efeito diminui <strong>de</strong>vido à<br />

inundação <strong>de</strong> líquido sobre as estrias.<br />

2.12 RESUMO<br />

Neste capítulo, foram apresentadas as principais características<br />

<strong>de</strong> escoamentos bifásicos e em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos e dutos.<br />

As diferenças entre escoamentos em macro e microcanais são discutidas.<br />

Os diferentes modos e mecanismos que inuenciam na con<strong>de</strong>nsação<br />

foram mostrados, bem como, os regimes <strong>de</strong> escoamento obtidos em microcanais.<br />

Diversas correlações e mo<strong>de</strong>los propostos para a queda <strong>de</strong><br />

pressão em escoamentos bifásicos, e para o coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação foram apresentados. A inuência <strong>de</strong> parâmetros<br />

do escoamento sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e a<br />

queda <strong>de</strong> pressão por atrito, obtidos por diferentes autores, também foi<br />

apresentada nesse capítulo, e é mostrada, em resumo, na Tabela 2.4.<br />

Tabela 2.4: Resumo dos resultados encontrados na literatura sobre a<br />

inuência das variáveis sobre a ∆p e o h.<br />

⇑ G ⇑ x v ⇑ T ⇑ q ′′ ⇑ D<br />

⇑ ∆p ⇑ ∆p ⇓ ∆p ⇓ ∆p - Yan e Lin (1999) ⇓ ∆p<br />

⇑ h ⇑ h ⇓ h ⇓ h - Yan e Lin (1999) ⇓ h<br />

⇑ h - Baird, Fletcher<br />

e Haynes (2003)


95<br />

3 APARATO EXPERIMENTAL<br />

Uma <strong>de</strong>scrição do aparato experimental utilizado no trabalho<br />

será aqui apresentada. As características construtivas e funções dos<br />

componentes serão abordadas neste capítulo, bem como os instrumentos<br />

<strong>de</strong> medição utilizados.<br />

3.1 DESCRIÇÃO DA BANCADA<br />

As Figuras 3.1, 3.2 e 3.3 apresentam respectivamente um esquema,<br />

um <strong>de</strong>senho isométrico e uma fotograa do aparato experimental,<br />

<strong>de</strong>senvolvido e construído no <strong>LEPTEN</strong>/Boiling 2 .<br />

Figura 3.1: Esquema do circuito experimental.<br />

Para a realização dos testes experimentais em con<strong>de</strong>nsação convectiva,<br />

vapor <strong>de</strong> uido refrigerante é gerado em uma cal<strong>de</strong>ira elétrica<br />

(Seção 3.1.1) e direcionado para a seção <strong>de</strong> teste, on<strong>de</strong> a con<strong>de</strong>nsação<br />

é promovida, passando antes por um superaquecedor, o qual, apesar<br />

2 Este aparato faz parte do projeto <strong>de</strong> pesquisa, processo No 477331/2007-6,<br />

aprovado pelo edital MCT/CNPq 15/2007.


96<br />

Figura 3.2: Vista isométrica da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira elétrica;<br />

2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico; 5)<br />

pós-con<strong>de</strong>nsador; 6) bomba.<br />

<strong>de</strong> instalado não foi utilizado nos testes. Após ser parcialmente con<strong>de</strong>nsado<br />

na seção <strong>de</strong> teste, o uido <strong>de</strong> trabalho escoa em direção ao<br />

pós-con<strong>de</strong>nsador (Seção 3.3), on<strong>de</strong> o vapor ainda presente é con<strong>de</strong>nsado<br />

por contato com a superfície externa <strong>de</strong> uma serpentina <strong>de</strong> cobre,<br />

no interior da qual circula água, cuja temperatura é controlada por<br />

um banho térmico. A vazão <strong>de</strong> R-134a na seção <strong>de</strong> teste não é função<br />

da bomba, mas, sim, da potência dissipada pela resistência elétrica na<br />

cal<strong>de</strong>ira e da temperatura do uido secundário no pós-con<strong>de</strong>nsador.<br />

A reposição <strong>de</strong> uido na cal<strong>de</strong>ira é controlada através <strong>de</strong> um<br />

sensor <strong>de</strong> nível, instalado em seu interior. Este sensor é diretamente<br />

ligado a uma micro-bomba <strong>de</strong> engrenagem, da Liquio, com vazão <strong>de</strong><br />

1,83 l/min, que opera <strong>de</strong> forma intermitente. Antes <strong>de</strong> chegar à cal<strong>de</strong>ira,<br />

o uido passa ainda por um trocador <strong>de</strong> calor casco-tubo, o qual<br />

também não é utilizado nos testes reportados nesse trabalho. Como<br />

acessórios, a bancada ainda possui válvulas <strong>de</strong> gaveta (registro) e <strong>de</strong><br />

retenção e um ltro, para evitar a entrada <strong>de</strong> partículas sólidas na<br />

bomba. Instrumentos <strong>de</strong> medição (Seção 3.4) <strong>de</strong> vazão, temperatura e<br />

pressão equipam o aparato experimental.<br />

Os componentes da bancada são interligados por tubos <strong>de</strong> cobre<br />

<strong>de</strong> diâmetro igual a 1/2", os quais são conectados aos equipamentos


97<br />

Figura 3.3: Fotograa da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira elétrica;<br />

2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico; 5) póscon<strong>de</strong>nsador;<br />

6) bomba.<br />

através <strong>de</strong> conexões angeadas. Todas as medições efetuadas na bancada<br />

experimental são realizadas por um sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados,<br />

o qual as envia a um microcomputador. Neste, um <strong>programa</strong> feito em<br />

LabView é responsável por: apresentar os dados <strong>de</strong> maneira a facilitar<br />

o controle dos testes; fazer um tratamento prévio dos dados e guardálos<br />

na memória do computador. A seguir, os componentes da bancada<br />

experimental são <strong>de</strong>talhados.<br />

3.1.1 Cal<strong>de</strong>ira Elétrica<br />

A Figura 3.4 apresenta imagens da cal<strong>de</strong>ira elétrica externa e<br />

em corte. O equipamento é feito em aço inoxidável e possui como<br />

dimensões: 260 mm <strong>de</strong> altura, 115 mm <strong>de</strong> diâmetro externo e 10 mm<br />

<strong>de</strong> espessura. Este equipamento é isolado do meio externo por uma<br />

manta <strong>de</strong> polietileno expandido <strong>de</strong> 10 mm <strong>de</strong> espessura. A cal<strong>de</strong>ira<br />

é responsável pela geração <strong>de</strong> vapor do uido <strong>de</strong> trabalho, a partir


98<br />

do aquecimento do líquido, o qual é promovido por uma resistência<br />

elétrica (1) <strong>de</strong> 48 Ω, capaz <strong>de</strong> dissipar até 1000W, sendo alimentada<br />

por um variador <strong>de</strong> voltagem (Variac) da marca AUJE. A resistência<br />

elétrica é instalada no topo da cal<strong>de</strong>ira, assim, promove a saída do<br />

vapor levemente superaquecido.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 3.4: Vista externa (a) e interna (b) da cal<strong>de</strong>ira elétrica<br />

O uido <strong>de</strong> trabalho é direcionado pela bomba para o interior<br />

da cal<strong>de</strong>ira (2) na forma <strong>de</strong> líquido subresfriado. O vapor gerado é<br />

direcionado para a seção <strong>de</strong> teste através da abertura (3). A bomba<br />

repositora <strong>de</strong> uido opera <strong>de</strong> forma intermitente, ou seja, só há entrada<br />

<strong>de</strong> líquido na cal<strong>de</strong>ira quando seu nível atinge um valor consi<strong>de</strong>rado<br />

baixo. Este controle é realizado por meio <strong>de</strong> um sensor <strong>de</strong> nível mo<strong>de</strong>lo<br />

RF-3001D da marca Digimec (4), que é instalado no interior do gerador<br />

<strong>de</strong> vapor. Este sensor é, resumidamente, um controlador liga-<strong>de</strong>sliga,<br />

que quando o nível <strong>de</strong> líquido está baixo, o sensor aciona um relé, que<br />

por sua vez, permite o funcionamento da bomba.<br />

Externamente, por questões <strong>de</strong> segurança, há um visor (5), para<br />

que se possa aferir o nível <strong>de</strong> líquido no interior do equipamento. A<br />

cal<strong>de</strong>ira é equipada, ainda, com uma válvula (6), a qual permite a saída<br />

<strong>de</strong> vapor caso a pressão em seu interior atinja valores muito elevados.


99<br />

A pressão é medida por um transdutor <strong>de</strong> pressão (7) WTP-4010 da<br />

marca Wärme. Na saída da cal<strong>de</strong>ira há uma válvula <strong>de</strong> retenção que<br />

impe<strong>de</strong> o retorno <strong>de</strong> vapor, além <strong>de</strong> um termopar tipo E, que permite<br />

o monitoramento da temperatura do vapor gerado. O termopar é inserido<br />

no interior do tubo através <strong>de</strong> uma bucha <strong>de</strong> teon, <strong>de</strong>scrita na<br />

Seção 3.4.2.3.<br />

3.2 SEÇÃO DE TESTE<br />

A Seção <strong>de</strong> teste é apresentada esquematicamente em vista explodida,<br />

na Figura 3.5. Este conjunto é formado por oito microcanais<br />

<strong>de</strong> cobre (1), os quais são soldados à uma placa (2), também <strong>de</strong> cobre,<br />

com dimensões área <strong>de</strong> 30 x 90 mm 2 e 3,5 mm <strong>de</strong> espessura, três<br />

resfriadores do tipo Peltier (3), cada um com área <strong>de</strong> 30 x 30 mm 2 ,<br />

uma chapa <strong>de</strong> cobre (4), com dimensões <strong>de</strong> 30 x 90 mm 2 e 4 mm <strong>de</strong><br />

espessura, cujo intuito é uniformizar a temperatura do lado quente dos<br />

RPs, e um sumidouro <strong>de</strong> calor (5). Estes cinco elementos são unidos<br />

por pressão entre duas placas <strong>de</strong> alumínio, presas por quatro parafusos<br />

<strong>de</strong> rosca sem m. Toda a montagem é, ainda, isolada do ambiente<br />

externo com lã <strong>de</strong> rocha.<br />

A Figura 3.6 apresenta a montagem dos oito microcanais com os<br />

tubos coletores <strong>de</strong> entrada e saída, também chamados <strong>de</strong> manifolds e<br />

a chapa <strong>de</strong> cobre. Esse tipo <strong>de</strong> montagem, mostrado na Figura 3.6, é<br />

muito semelhante ao encontrado em coletores solares para aquecimento<br />

<strong>de</strong> água. Antes <strong>de</strong> se chegar a tal conguração, outras tentativas bem<br />

mais complexas, <strong>de</strong>scritas no Apêndice D, foram feitas, sem, porém,<br />

obter sucesso.<br />

Os microcanais são tubos capilares <strong>de</strong> cobre, com diâmetros nominais<br />

interno <strong>de</strong> 0, 031” (0,8 mm) e externo <strong>de</strong> 2,0 mm, e 107 mm<br />

<strong>de</strong> comprimento. Medições realizadas nos diâmetros internos dos tubos<br />

e apresentadas no Apêndice C, mostraram que os tubos utilizados<br />

apresentam D = 0, 77 ± 0, 01 mm. A medição da rugosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses tubos<br />

não foi feita neste trabalho, pois diferentemente do diâmetro, essa<br />

gran<strong>de</strong>za não tem tanta importância aqui e, além disso, varia pouco<br />

entre diferentes lotes fornecidos <strong>de</strong> uma mesma empresa. Fez-se um<br />

levantamento <strong>de</strong> outros trabalhos publicados na <strong>UFSC</strong>, no laboratório<br />

<strong>de</strong> pesquisa POLO (antigo NRVA), que realizaram a medição <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong><br />

média interna, R a <strong>de</strong> tais tubos. O valor <strong>de</strong> R a representa a<br />

média aritmética dos valores absolutos das imperfeições, em relação à<br />

linha média, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um percurso <strong>de</strong> medição. Esses trabalhos são


100<br />

Figura 3.5: Vista explodida da seção <strong>de</strong> teste: 1) microcanais; 2) placa<br />

<strong>de</strong> cobre; 3) resfriadores Peltier; 4) bloco <strong>de</strong> cobre; 5) sumidouro <strong>de</strong><br />

calor.<br />

apresentados na Tabela 3.1:<br />

Tabela 3.1: Rugosida<strong>de</strong> dos tubos capilares utilizados nesse trabalho,<br />

medidas <strong>de</strong> outros autores.<br />

Raferência Rugosida<strong>de</strong> média Incerteza (95% <strong>de</strong> conança)<br />

Goncalves (1994) 0, 59 µm 0, 15 µm<br />

Boabaid (1994) 0, 58 µm 0, 15 µm<br />

Zangari (1998) 0, 59 µm -<br />

Assim, a rugosida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>sses capilares consi<strong>de</strong>rada é <strong>de</strong><br />

R a = 0, 59 ± 0, 15 µm.<br />

O uido é distribuído pelos microcanais através <strong>de</strong> um tubo coletor<br />

- distribuidor (manifold) <strong>de</strong> cobre, o qual é unido aos capilares<br />

através <strong>de</strong> brasagem com liga <strong>de</strong> prata. O mesmo elemento está presente<br />

na saída dos canais. O manifold é um tubo <strong>de</strong> cobre, com diâmetro<br />

interno e comprimento <strong>de</strong> 3, 4 mm, e 70 mm, respectivamente, on<strong>de</strong><br />

uma das extremida<strong>de</strong>s é fechada com liga <strong>de</strong> prata.


101<br />

Figura 3.6: Esquema da montagem dos microcanais com a chapa <strong>de</strong><br />

cobre e os manifolds <strong>de</strong> entrada e saída.<br />

Na construção da seção <strong>de</strong> teste, após a brasagem dos microcanais<br />

com os manifolds, os capilares são unidos à placa <strong>de</strong> cobre, a qual<br />

apresenta oito ranhuras, com raio <strong>de</strong> 1 mm, que servem <strong>de</strong> alojamento<br />

para os tubos. Esse acoplamento é promovido através <strong>de</strong> solda <strong>de</strong> estanho,<br />

a m <strong>de</strong> diminuir a resistência <strong>de</strong> contato entre o tubo e a placa <strong>de</strong><br />

cobre. A superfície da placa e dos microcanais foi previamente limpa<br />

com ácido sulfúrico, para eliminação das impurezas, o que facilita a<br />

brasagem. A placa é, então, aquecida <strong>de</strong> forma homogênea e estanho<br />

líquido é aplicado sobre as ranhuras. Os tubos, já unidos aos manifolds,<br />

são encaixados, então, sobre as ranhuras.<br />

Previamente, a união entre os microcanais e os manifolds fora<br />

realizada também com estanho. Todavia, esse material tem menor<br />

resistência mecânica que a prata. Por causa do esforço no momento da<br />

montagem da seção <strong>de</strong> teste, ocorreram pequenas ssuras nessa união,<br />

causando o refugo <strong>de</strong> toda a montagem. Dessa forma, os capilares, a<br />

chapa <strong>de</strong> cobre e os manifolds foram refeitos e a brasagem realizada,<br />

então, com liga <strong>de</strong> prata nesse local.<br />

Houve a tentativa <strong>de</strong> unir os capilares e a chapa <strong>de</strong> cobre através<br />

da adição <strong>de</strong> liga <strong>de</strong> prata também. Todavia, isso não foi possível<br />

pelo fato da área a unir ser muito gran<strong>de</strong> e da liga <strong>de</strong> prata apresen-


102<br />

tar um alto ponto <strong>de</strong> fusão. Essa última característica requer gran<strong>de</strong><br />

aquecimento dos componentes a serem unidos, para que se tenha a fusão<br />

do material adicionado. Além <strong>de</strong> elevado, o aquecimento <strong>de</strong>ve ser<br />

uniforme, caso contrário, o material fundido concentra-se somente na<br />

parte mais quente da peça. A uniformida<strong>de</strong> do aquecimento sob alta<br />

temperatura não foi possível, por isso a opção pelo estanho entre os<br />

microcanais e a placa <strong>de</strong> cobre.<br />

No lado inferior da chapa <strong>de</strong> cobre - on<strong>de</strong> são soldados os microcanais,<br />

são feitas as medições <strong>de</strong> temperatura, cujos <strong>de</strong>talhes são<br />

discutidos na Seção 3.4.2.4. No lado superior da chapa <strong>de</strong> cobre, são<br />

montados os três resfriadores Peltier (RPs), uma chapa <strong>de</strong> cobre e o sumidouro<br />

<strong>de</strong> calor, conforme mostrado no esquema da Figura 3.5. Uma<br />

pasta térmica à base <strong>de</strong> prata, da marca Arctic Silver, é utilizada no<br />

contato entre cada elemento da seção <strong>de</strong> teste, a m <strong>de</strong> diminuir a resistência<br />

à transferência <strong>de</strong> calor Esse conjunto faz parte do processo<br />

<strong>de</strong> resfriamento do RP, o qual foi apresentado na Seção 2.5.1.<br />

3.2.1 Características dos RP's utilizados<br />

Como reportado anteriormente, este trabalho utiliza três pastilhas<br />

termoelétricas, as quais suportam corrente elétrica e tensão <strong>de</strong><br />

alimentação máximas <strong>de</strong> 6 A e 8, 5 V , respectivamente, com potência<br />

removida máxima <strong>de</strong> 49, 7 W. Os RPs têm formato quadrado, com 30<br />

mm <strong>de</strong> lado. Os resfriadores utilizados são alimentados com uma fonte<br />

<strong>de</strong> potência mo<strong>de</strong>lo Agilent N5769A, a qual apresenta corrente e tensão<br />

<strong>de</strong> saída máximas <strong>de</strong> 15 A e 100 V, respectivamente. A Figura 3.7 apresenta<br />

a fotograa do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> resfriador Peltier utilizado no presente<br />

experimento.<br />

Como relatado na Seção 2.5.1, o bom funcionamento do resfriador<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do resfriamento da sua face quente. Caso isso não ocorra,<br />

a temperatura do lado quente, T q , torna-se muito elevada, aumentado<br />

a parcela <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> calor no elemento (Eq. 2.22), e reduzindo a<br />

potência líquida removida pela pastilha. A m <strong>de</strong> garantir um bom<br />

resfriamento, o presente experimento utiliza como sumidouro <strong>de</strong> calor,<br />

um escoamento <strong>de</strong> uma solução contendo 80% <strong>de</strong> água e 20% <strong>de</strong><br />

etileno glicol, em volume, cuja temperatura <strong>de</strong> congelamento é <strong>de</strong> aproximadamente<br />

−10 o C. A temperatura da mistura é controlada por um<br />

banho térmico MQBMP-01 da marca Microquímica, o qual consegue<br />

mantê-la a temperaturas <strong>de</strong> até −2 o C. Essa mistura remove calor dos<br />

resfriadores através <strong>de</strong> um trocador <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> alumínio, apresentado


103<br />

Figura 3.7: Fotograa do resfriador Peltier da marca Danvic, utilizado<br />

no experimento.<br />

em <strong>de</strong>talhe, na Figura 3.8.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 3.8: Fotograa (a) e dimensões, em mm (b) do sumidouro <strong>de</strong><br />

calor.<br />

Na Figura 3.5, po<strong>de</strong>-se notar que entre o trocador <strong>de</strong> calor e<br />

os resfriadores há uma chapa <strong>de</strong> cobre. Em seu interior são instalados<br />

três termopares, cujas temperaturas servem para <strong>de</strong>terminar a potência<br />

removida por cada RP, <strong>de</strong>scrito na Seção 3.4.4.<br />

3.3 PÓS-CONDENSADOR<br />

O pós-con<strong>de</strong>nsador apresenta três funções na bancada experimental.<br />

Primeiramente, ele <strong>de</strong>ve promover a con<strong>de</strong>nsação total do<br />

uido <strong>de</strong> trabalho proveniente da seção <strong>de</strong> teste (1), e que será di-


104<br />

recionado para a bomba (2). A outra função, é o controle da pressão<br />

e da vazão <strong>de</strong> trabalho do R-134a, cujos <strong>de</strong>talhes são abordados no capítulo<br />

seguinte. Além, ainda, <strong>de</strong> ser utilizado para o carregamento da<br />

bancada com uido <strong>de</strong> trabalho.<br />

Figura 3.9: Vista do pós-con<strong>de</strong>nsador em corte.<br />

Detalhes da sua construção são mostrados na Figura 3.9. Suas<br />

dimensões são iguais às da cal<strong>de</strong>ira elétrica. Este equipamento apresenta<br />

em seu interior uma serpentina <strong>de</strong> cobre (3), pela qual água proveniente<br />

<strong>de</strong> um banho térmico da marca LAUDA, mo<strong>de</strong>lo RK8 KP,<br />

escoa. Assim como a cal<strong>de</strong>ira, o pós-con<strong>de</strong>nsador apresenta um visor<br />

<strong>de</strong> líquido (4), utilizado principalmente para controlar o nível <strong>de</strong> uido<br />

no processo <strong>de</strong> carregamento e <strong>de</strong>scarregamento do uido <strong>de</strong> trabalho<br />

da bancada. Esses procedimentos são realizados respectivamente pelas<br />

válvulas <strong>de</strong> números (5) e (6), e <strong>de</strong>scritos com mais <strong>de</strong>talhes no capítulo<br />

posterior.<br />

3.4 SISTEMAS DE MEDIÇÃO<br />

A seguir, são <strong>de</strong>talhados os instrumentos e os procedimentos <strong>de</strong><br />

calibração - quando necessários, utilizados nesse trabalho para a medição<br />

<strong>de</strong> pressão, temperatura, vazão mássica e uxo <strong>de</strong> calor.


105<br />

3.4.1 Pressão<br />

A pressão é medida na cal<strong>de</strong>ira elétrica e na seção <strong>de</strong> teste. Neste<br />

último são instalados um transdutor <strong>de</strong> pressão absoluta - no manifold<br />

<strong>de</strong> entrada, e outro <strong>de</strong> pressão diferencial - entre os manifolds <strong>de</strong> entrada<br />

e saída. A ligação entre os instrumentos e os manifolds é feita com tubos<br />

<strong>de</strong> cobre <strong>de</strong> 2 mm <strong>de</strong> diâmetro interno. Os mo<strong>de</strong>los utilizados são da<br />

marca Wärme (WTP-4010), e, segundo a informação repassada pelo<br />

fabricante, os transdutores foram calibrados com incerteza <strong>de</strong> 0,25% do<br />

fundo <strong>de</strong> escala. As características dos instrumentos são apresentadas<br />

na Tabela 3.2.<br />

Tabela 3.2: Características dos transdutores <strong>de</strong> pressão.<br />

Característica Absoluta Diferencial<br />

Faixa 0-20 bar 0-3 bar<br />

Sinal <strong>de</strong> saída 0-10 V 0-10 V<br />

Alimentação 10-30 V 10-30 V<br />

Pressão estática - 20 bar<br />

Incerteza 50 mbar 7,5 mbar<br />

O transdutor <strong>de</strong> pressão diferencial foi calibrado para uma <strong>de</strong>terminada<br />

pressão estática, <strong>de</strong> 20 bar. A informação passada pelo fabricante<br />

é que caso o sistema opere em diferentes pressões estáticas,<br />

<strong>de</strong>ve-se fazer um ajuste <strong>de</strong> zero. Ou seja, nesses casos, o sinal do<br />

transdutor <strong>de</strong>ve ser corrigido.<br />

Para isso, foi feito um levantamento do erro <strong>de</strong> zero do transdutor<br />

diferencial. O equipamento foi instalado em uma bancada <strong>de</strong> calibração<br />

<strong>de</strong> transdutores <strong>de</strong> pressão e as duas extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medição foram<br />

conectadas no aparelho. Assim, garantiu-se a mesma pressão nas duas<br />

entradas <strong>de</strong> sinais do transdutor.<br />

A pressão foi variada a cada 1 bar entre 7 e 10 bar e foram efetuadas<br />

3 medições para cada valor <strong>de</strong> pressão ajustada. O resultado obtido<br />

mostrou um erro sistemático <strong>de</strong> zero médio <strong>de</strong> 0,085 bar, com <strong>de</strong>svio<br />

padrão <strong>de</strong> 0,003 bar. Assim, foi feita a correção do erro sistemático e o<br />

valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão foi incorporado à incerteza do instrumento, cujo<br />

cálculo é apresentado na Eq. 3.1:<br />

√<br />

u c (∆p) = u(∆p fab ) 2 + u(∆p zero ) 2 (3.1)


106<br />

on<strong>de</strong> u(∆p fab ) e u(∆p zero ) representam os valores <strong>de</strong> incerteza do fabricante<br />

e da correção <strong>de</strong> zero, respectivamente. Dessa maneira, a nova<br />

incerteza do instrumento passa a ser u c (∆p) = 8, 1 mbar = 810 P a<br />

3.4.2 Temperatura<br />

Na bancada experimental, são utilizados <strong>de</strong>zoito termopares,<br />

sendo treze xados na chapa <strong>de</strong> cobre sob os microcanais (tipo K),<br />

três na placa <strong>de</strong> sobre sobre o lado quente dos resfriadores (tipo E) e<br />

outros cinco (tipo E) localizados em diferentes pontos do circuito experimental,<br />

indicados com a letra T, na Figura 3.1. A medição <strong>de</strong><br />

temperatura efetuada na saída da seção <strong>de</strong> teste é feita através <strong>de</strong> um<br />

sensor <strong>de</strong> temperatura existente no interior do uxímetro mássico. Os<br />

treze termopares da seção <strong>de</strong> teste me<strong>de</strong>m a temperatura da pare<strong>de</strong> da<br />

placa <strong>de</strong> cobre (ver Seção 3.4.2.4), enquanto que os instalados antes e<br />

<strong>de</strong>pois do superaquecedor indicam a temperatura do uido no centro<br />

do escoamento (ver Seção 3.4.2.3). Os <strong>de</strong>mais, estão em contato com a<br />

pare<strong>de</strong> da tubulação, pois são utilizados para aferir sem muita precisão<br />

a temperatura do uido nesses locais.<br />

3.4.2.1 Calibração dos Termopares<br />

A pesquisa experimental do processo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação visando<br />

à obtenção do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>fronta-se, com<br />

frequência, com a diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> precisão na medição das diferenças entre<br />

a temperatura <strong>de</strong> saturação do uido e a temperatura da superfície<br />

do tubo, pois essa diferença é, em geral, muito pequena. Este trabalho<br />

utiliza termopares dos tipos E e K, ambos com diâmetros <strong>de</strong> 0,5 mm.<br />

O cálculo da incerteza é mostrado na Seção 3.4.2.2. Foi levantada a<br />

curva <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong> todos os termopares utilizados na bancada.<br />

O princípio <strong>de</strong> funcionamento do termopar é explicado na Seção<br />

2.5.2 e apresentado na Figura 2.10. A junta fria dos TPs estão,<br />

normalmente, <strong>de</strong>ntro dos sistemas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados, o que é um<br />

gran<strong>de</strong> problema, visto que esses equipamentos possuem apenas um<br />

sensor <strong>de</strong> temperatura no seu interior. E como os multiplexadores são<br />

formados por vários elementos que liberam calor, a temperatura no seu<br />

interior é variável. Esse fator mascara alguns dados <strong>de</strong> temperatura<br />

medidos, pois a temperatura <strong>de</strong> referência medida pelo multiplexador<br />

nem sempre é a temperatura exata da junta fria.


107<br />

Com o intuito <strong>de</strong> se evitar esse problema, utilizam-se extensões<br />

dos terminais do multiplexador, feitas <strong>de</strong> os <strong>de</strong> cobre (mesmo material<br />

dos bornes do sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados). Assim, a junta fria<br />

do termopar passa a ser formada na extremida<strong>de</strong> da extensão. Cada<br />

termopar foi, então, ligado às extensões, que por sua vez foram conectadas<br />

aos terminais do multiplexador. As juntas frias são todas inseridas<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um pequeno tubo <strong>de</strong> cobre, como mostra a Figura 3.10, com<br />

a intenção <strong>de</strong> garantir que todas as junções permaneçam na mesma<br />

temperatura. Tais conexões são <strong>de</strong>ixadas à temperatura ambiente e<br />

xadas na parte traseira da bancada experimental.<br />

Figura 3.10: Fotograa do tubo utilizado na homogeneização da temperatura<br />

das juntas frias dos termopares.<br />

A diferença entre as temperaturas das juntas quente (local on<strong>de</strong><br />

se <strong>de</strong>seja medir) e fria (localizada no interior do tubo <strong>de</strong> cobre) é função<br />

da diferença <strong>de</strong> potencial entre os os do TP, como mostra a Eq. 3.2.<br />

Por experiência, sabe-se que para uma faixa <strong>de</strong> temperatura pequena<br />

(60 o C, por exemplo), essa função é linear. Assim:<br />

T − T amb = f(V ) = αV + β (3.2)<br />

on<strong>de</strong> T e T amb são as temperaturas que se <strong>de</strong>seja obter (junta quente)<br />

e do ambiente (junta fria), respectivamente. E α e β representam os<br />

coecientes angular e linear da reta.<br />

Outro termopar, do mesmo tipo do utilizado na medição, tem a<br />

junta quente inserida no interior <strong>de</strong> uma garrafa térmica, cujo conteúdo


108<br />

é uma mistura <strong>de</strong> gelo e água <strong>de</strong>stilados. Essa mistura é utilizada, pois<br />

sua temperatura é conhecida (0 o C). Esse é o termopar <strong>de</strong> referência, e<br />

a diferença <strong>de</strong> temperatura entre a o ambiente e a garrafa é função da<br />

diferença <strong>de</strong> potencial, V 0 :<br />

T amb − T 0 = f(V 0 ) = α 0 V 0 + β 0 (3.3)<br />

Somando-se as Eqs. 3.2 e 3.3 e substituindo-se o valor <strong>de</strong> T 0 =<br />

0 o C, têm-se:<br />

T = f(V ) − f(V 0 ) = αV + α 0 V 0 + β + β 0 (3.4)<br />

Ou seja, a temperatura que se <strong>de</strong>seja obter, T, é função apenas<br />

das tensões medidas e dos coecientes das curvas <strong>de</strong> cada termopar.<br />

Pelo conhecimento adquirido no laboratório, sabe-se que termopares<br />

do mesmo tipo apresentam o mesmo coeciente angular (diferenças da<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0, 1%. Assim, consi<strong>de</strong>rando α = α 0 = α T e acoplando a soma<br />

dos coecientes lineares em um único valor (β + β 0 = β T ), po<strong>de</strong>mos<br />

reescrever a Eq. 3.3 da seguinte forma:<br />

T = α T (V − V 0 ) + β T (3.5)<br />

Dessa forma, obtêm-se uma equação para a temperatura que é<br />

função apenas das DDPs medidas nos termopares e dos coecientes α T<br />

e β T . Precisa-se, então, apenas calibrar os termopares para encontrar<br />

os coecientes das retas.<br />

Para isso, todos os termopares foram colocados no interior <strong>de</strong> um<br />

béquer contendo um termômetro <strong>de</strong> bulbo calibrado, água <strong>de</strong>stilada e<br />

um misturador, para homogeneizar a temperatura do conjunto. Este<br />

béquer foi inserido em um banho térmico, com temperatura ajustável.<br />

Os coecientes α T e β são <strong>de</strong>terminados variando-se as temperaturas<br />

do banho térmico a cada 5 o C. Para os termopares do tipo E, a faixa <strong>de</strong><br />

calibração utilizada foi entre 20 o C e 80 o C. Já os transdutores <strong>de</strong> temperatura<br />

do tipo K, foram calibrados para temperaturas entre −10 o C<br />

e 40 o C.<br />

Assim, foram obtidos os coecientes das retas para cada termopar,<br />

os quais são mostrados na Tabela 3.3, on<strong>de</strong> as letras K e E indicam<br />

os tipos <strong>de</strong> TPs.


109<br />

Tabela 3.3: Coecientes das curvas <strong>de</strong> calibração obtidas para cada<br />

termopar.<br />

Termopar (o<br />

α T β T<br />

C.V −1) ( o C)<br />

E1 24162 0,91<br />

E2 24114 0,98<br />

E3 24124 0,97<br />

E4 24143 0,95<br />

E5 24139 0,95<br />

E6 24154 0,89<br />

E7 24153 0,88<br />

E8 24133 0,90<br />

K1 25355 -0,42<br />

K2 25381 -0,52<br />

K3 25367 -0,46<br />

K4 25359 -0,46<br />

K5 25352 -0,48<br />

K6 25372 -0,35<br />

K7 25337 -0,32<br />

K8 25416 -0,37<br />

K9 25331 -0,33<br />

K10 25348 -0,31<br />

K11 25365 -0,33<br />

K12 25360 -0,37<br />

K13 25370 -0,40<br />

3.4.2.2 Incerteza dos Termopares<br />

Devido às imperfeições dos equipamentos e do procedimento,<br />

a temperatura calculada através do polinômio po<strong>de</strong> não correspon<strong>de</strong>r<br />

precisamente à medição real. As fontes <strong>de</strong> incerteza envolvidas no procedimento<br />

<strong>de</strong> calibração <strong>de</strong>scrito na seção anterior são as seguintes 3 :<br />

• Incerteza do termômetro <strong>de</strong> bulbo, u(T b );<br />

• Incerteza do polinômio, u(T pol );<br />

• Incerteza do sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados, u(T V ).<br />

3 Algumas fontes, por representarem valores muito pequenos <strong>de</strong> incerteza ou elevada<br />

diculda<strong>de</strong> na sua estimativa, foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas nesse trabalho.


110<br />

A incerteza do termômetro é a combinação das incertezas <strong>de</strong><br />

sua calibração (0, 05 o C segundo certicado) e resolução (0, 05/ √ (3) =<br />

0, 03 o C), cuja menor divisão <strong>de</strong> escala é <strong>de</strong> 1 o C. Assim, u(T b ) =<br />

0, 06 o C.<br />

O polinômio obtido para cada termopar (utilizando os coecientes<br />

da Tabela 3.3) apresenta um pequeno <strong>de</strong>svio do valor real medido<br />

pelo termômetro. Sua incerteza po<strong>de</strong> ser estimada pelo <strong>de</strong>svio padrão<br />

entre os resíduos, que são as diferenças das temperaturas indicada pelo<br />

termômetro <strong>de</strong> bulbo, T b , e a obtida pelo polinômio, T pol , para os dados<br />

<strong>de</strong> tensão medidos:<br />

u(T pol ) = σ(T b − T pol ) (3.6)<br />

As incertezas médias relativas aos polinômios dos termopares K<br />

e E foram <strong>de</strong> u(pol) K = 0, 10 o C e u(pol) E = 0, 07 o C, respectivamente.<br />

A aquisição <strong>de</strong> dados foi feita utilizando o multiplexador AGI-<br />

LENT 34790A. Segundo o fabricante, a incerteza relativa à medição <strong>de</strong><br />

tensão para a faixa utilizada (0-100 mV) é composta <strong>de</strong> duas parcelas:<br />

u(V ) = 0, 005%V m + 4E−06 (3.7)<br />

on<strong>de</strong> V m é a tensão medida.<br />

Todavia, essa é a incerteza da tensão, cuja unida<strong>de</strong>, no caso, é<br />

em volts. Para se obter o valor <strong>de</strong> u(T V ) <strong>de</strong>ve-se utilizar o conceito <strong>de</strong><br />

incerteza propagada. Assim, sabendo-se que a temperatura é função<br />

da diferença entre as tensões do TP que se <strong>de</strong>seja calibrar e do TP <strong>de</strong><br />

referência:<br />

u(T V ) =<br />

√ (∂Teq<br />

∂V u(V ) ) 2<br />

+<br />

( ) 2 ∂Tpol<br />

u(V 0 ) (3.8)<br />

∂V 0<br />

on<strong>de</strong> T eq , V e V 0 representam o polinômio obtido no processo <strong>de</strong> calibração,<br />

as tensões medidas nos termopares cuja temperatura <strong>de</strong>seja-se<br />

saber e <strong>de</strong> referência, respectivamente.<br />

Os valores médios <strong>de</strong> incerteza obtidos <strong>de</strong>vido ao erro do multiplexador,<br />

para os termopares dos tipos K e E, foram u(T V ) K = 0, 10 o C<br />

e u(T V ) E = 0, 13 o C, respectivamente.<br />

Po<strong>de</strong>-se, então, obter a incerteza padrão combinada na medição<br />

<strong>de</strong> temperatura a partir da Eq 3.9:<br />

u c (T ) = √ u 2 (T b ) + u 2 (pol) + u 2 (T V ) (3.9)


111<br />

Os resultados <strong>de</strong> incerteza média obtido para os dois tipos <strong>de</strong><br />

termopares, foi o mesmo: u c (T ) = 0, 15 o C. Para um intervalo <strong>de</strong> con-<br />

ança <strong>de</strong> 95%, a incerteza expandia dos termopares po<strong>de</strong> ser obtida<br />

multiplicando-se a incerteza padrão combinada pelo coeciente <strong>de</strong> stu<strong>de</strong>nt,<br />

t = 2. Assim, a incerteza expandida da medição <strong>de</strong> temperatura<br />

é: U(T ) = ±0, 30 o C.<br />

3.4.2.3 Medição da Temperatura do uido<br />

A temperatura do uido <strong>de</strong> trabalho é medida antes e após o<br />

superaquecedor. Cada termopar é inserido no interior <strong>de</strong> uma bucha <strong>de</strong><br />

teon, permitindo a medição da temperatura no centro do escoamento,<br />

como mostra, a fotograa da bucha instalada, Figura 3.11(a) e um<br />

esquema do corte longitudinal, Figura 3.11(b).<br />

Duas camadas <strong>de</strong> borracha são colocadas sobre a bucha, uma sob<br />

os os do termopar e outra sobre esses. Esse conjunto é pressionado por<br />

um tubo <strong>de</strong> teon para que não haja vazamento <strong>de</strong> uido, como mostra<br />

a Figura 3.11(a). Para que os tubos mantenham-se na posição, um<br />

sistema <strong>de</strong> posicionamento feito utilizando-se barras roscadas e placas<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras é utilizado.<br />

3.4.2.4 Medição da Temperatura <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong> na Seção <strong>de</strong> Teste<br />

Na parte inferior do bloco <strong>de</strong> cobre, treze termopares do tipo K<br />

são instalados, como apresentado na Figura 3.12. Na mesma gura,<br />

po<strong>de</strong>-se perceber que são instalados termopares em quatro posições<br />

distantes 20 mm na direção axial dos capilares. Nesses locais, três termopares<br />

são dispostos na direção da largura da chapa. A única exceção<br />

é o furo do centro na chapa, cuja medição <strong>de</strong> temperatura é utilizada<br />

apenas no cálculo do uxo <strong>de</strong> calor removido pelo resfriador Peltier (ver<br />

Seção 3.4.4). Os furos possuem diâmetro <strong>de</strong> 1, 3 mm e profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

1 mm.<br />

Os termopares são xados à base dos furos com cola instantânea<br />

(super bon<strong>de</strong>r). Os furos são então preenchidos por uma mistura <strong>de</strong><br />

cola epoxi com pó <strong>de</strong> cobre. Essa mistura é aplicada sobre toda a face<br />

inferior do bloco <strong>de</strong> cobre, como mostra a Figura 3.13.


112<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 3.11: Fotograa (a) e corte longitudinal (b) da bucha <strong>de</strong> teon<br />

montada na tubulação.<br />

3.4.3 Vazão<br />

A vazão do escoamento é <strong>de</strong>terminada por meio <strong>de</strong> um uxímetro<br />

do tipo Coriolis, que me<strong>de</strong> além da vazão mássica, a temperatura<br />

e a massa especíca do uido. Este equipamento está instalado entre<br />

a seção <strong>de</strong> teste e o pós-con<strong>de</strong>nsador, como mostra o esquema da<br />

Figura 3.1. O mo<strong>de</strong>lo é equipado pelo medidor MASS2100 DI 1.5 e


113<br />

Figura 3.12: Localização dos furos na chapa <strong>de</strong> cobre, com dimensões<br />

em mm, para a medição <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> do microcon<strong>de</strong>nsador.<br />

Figura 3.13: Face inferior da placa <strong>de</strong> cobre após a xação dos termopares<br />

e preenchimento com cola.


114<br />

por um conversor <strong>de</strong> sinal MASS6000, ambos da marca Siemens, cuja<br />

faixa <strong>de</strong> medição é <strong>de</strong> 0,1 a 45 kg/h para a água. Segundo o fabricante,<br />

a incerteza do instrumento é <strong>de</strong> 0,1% para ṁ < 0, 5 kg.h −1 e<br />

0,03% para ṁ > 0, 5 kg.h −1 . O sinal <strong>de</strong> vazão é enviado diretamente<br />

ao microcomputador através do conversor.<br />

3.4.4 Fluxo <strong>de</strong> Calor<br />

Durante o trabalho experimental, a primeira técnica utilizada<br />

para se medir o uxo <strong>de</strong> calor, removido do uido em con<strong>de</strong>nsação, foi<br />

a <strong>de</strong> transdutores <strong>de</strong> uxo <strong>de</strong> calor (uxímetros <strong>de</strong> calor). Todavia, a<br />

diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> instalação, a fragilida<strong>de</strong> dos produtos comprados (mesmo<br />

importados) e a alta resistência térmica <strong>de</strong>sses, motivaram a busca por<br />

outra solução.<br />

A Eq. 2.23 apresenta uma forma simples <strong>de</strong> calcular a potência<br />

removida. Entretanto, como relatado anteriormente, a empresa negouse<br />

a fornecer as características construtivas dos materiais utilizados nas<br />

pastilhas termelétricas. Tentou-se, em vão, utilizar valores comuns <strong>de</strong><br />

proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> materiais usualmente presentes nos resfriadores, todavia<br />

os resultados foram inconsistentes.<br />

Em vista disso, partiu-se para um método alternativo. O novo<br />

método forneceu resultados consistentes para a medição da potência<br />

removida, com baixa incerteza, e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma inovação<br />

importante <strong>de</strong>sse trabalho. Primeiramente fez-se um levantamento das<br />

variáveis que po<strong>de</strong>riam afetar a potência removida. Concluiu-se que<br />

para levantar uma curva <strong>de</strong> calibração dos resfriadores, <strong>de</strong>veria ser monitorado<br />

o comportamento das temperaturas das faces quente e fria das<br />

pastilhas, além da corrente elétrica, tensão <strong>de</strong> alimentação da mesma e<br />

temperatura do uido resfriador.<br />

Após vários testes com os resfriadores durante aproximadamente<br />

um mês, foi <strong>de</strong>nido o melhor procedimento para se levantar a curva <strong>de</strong><br />

potência removida. Para isso, o RP foi posicionado entre dois blocos<br />

<strong>de</strong> cobre, cada qual com um termopar no seu interior, como mostrado<br />

na Figura 3.14.<br />

O bloco <strong>de</strong> cobre inferior é aquecido por uma resistência elétrica<br />

(<strong>de</strong> 1, 5 Ω) construída com uma liga <strong>de</strong> níquel-cromo e revestida com<br />

ta kapton. Essa resistência dissipa uma potência conhecida, Q resist ,<br />

controlada através <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> tensão e é isolada termicamente<br />

do meio externo através <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> cortiça. No contato entre<br />

o resfriador e os blocos <strong>de</strong> cobre, utiliza-se uma pasta térmica espe-


115<br />

Figura 3.14: Fotograa <strong>de</strong> uma etapa da montagem do sistema <strong>de</strong><br />

calibração do resfriador Peltier.<br />

cial para resfriadores peltier, da marca Arctic Silver, feita à base <strong>de</strong><br />

prata, a qual apresenta alta condutivida<strong>de</strong> térmica (350 W.(mK) −1 ).<br />

Os termopares fornecem a temperatura das duas faces das pastilhas.<br />

Os blocos <strong>de</strong> cobre passam por um processo <strong>de</strong> lixamento e polimento<br />

manual, antes da montagem do sistema <strong>de</strong> calibração. Eles<br />

possuem o mesmo tamanho que o RP, 30 mm x 30 mm, e espessura<br />

<strong>de</strong> 4 mm. O termopar é alocado no interior <strong>de</strong> um furo <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong><br />

diâmetro e 15 mm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (exatamente no centro da chapa).<br />

Após a alocação dos termopares, o furo é preenchido com uma mistura<br />

<strong>de</strong> cola epóxi e pó <strong>de</strong> cobre, a m <strong>de</strong> diminuir a resistência térmica.<br />

A chapa <strong>de</strong> cobre superior tem a face posta em contato com um<br />

trocador <strong>de</strong> calor, muito semelhante ao utilizado na seção <strong>de</strong> teste (<strong>de</strong>scrito<br />

na Seção 3.2.1), mas com 40 mm <strong>de</strong> comprimento. Por ele escoa<br />

uma solução <strong>de</strong> água e monoetileno glicol com temperatura controlada<br />

por meio <strong>de</strong> um banho térmico. As peças são montadas entre duas<br />

placas <strong>de</strong> alumínio, que fecham o conjunto através <strong>de</strong> quatro barras<br />

roscadas, como apresentado na Figura 3.15.<br />

Todo o conjunto é isolado termicamente do meio externo com lã<br />

<strong>de</strong> rocha. O trocador <strong>de</strong> calor (sumidouro) e a resistência elétrica são,<br />

ainda, separadas das placas <strong>de</strong> alumínio por camadas <strong>de</strong> cortiça, outro


116<br />

Figura 3.15: Fotograa da montagem do sistema <strong>de</strong> calibração do resfriador<br />

Peltier.<br />

material isolante térmico.<br />

As variáveis controladas nos testes foram as correntes elétricas<br />

<strong>de</strong> alimentação do Peltier e da resistência elétrica e a temperatura do<br />

uido resfriador. As medições se concentraram, inicialmente, nas temperaturas<br />

do uido resfriador, e das faces quente e fria do Peltier, além<br />

da corrente e da tensão dissipadas na resistência elétrica e no resfriador<br />

Peltier. Foi vericado que, para uma mesma corrente <strong>de</strong> alimentação<br />

e temperatura do uido refrigerador, o aumento da potência dissipada<br />

pela resistência elétrica causava variação nas temperaturas <strong>de</strong> ambas<br />

as faces do Peltier. Mesma consequência foi notada para variações na<br />

corrente <strong>de</strong> alimentação dos RPs.<br />

Devido ao bom isolamento do sistema, a perda <strong>de</strong> calor para o<br />

ambiente externo foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada. Um balanço <strong>de</strong> energia mostrou<br />

que o calor perdido era cem vezes menor que o calor dissipado pela<br />

resistência. Dessa forma, foi consi<strong>de</strong>rado que a potência removida pelo<br />

RP, Q f , e a dissipada pela resistência elétrica, Q resist , são iguais, as<br />

quais são calculadas através da Eq. 3.10:<br />

Q f = Q resist = V r I r (3.10)<br />

on<strong>de</strong> V r e I r representam a tensão, em V, e a corrente elétrica, em A,<br />

<strong>de</strong> alimentação da resistência.<br />

Depois <strong>de</strong> muitas tentativas, chegou-se a conclusão que a potência<br />

removida pelo resfriador Peltier, Q f , é função da corrente elétrica


117<br />

do mesmo e <strong>de</strong> um número adimensional, T r . Esse número, batizado<br />

<strong>de</strong> temperatura adimensional, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das temperaturas das faces<br />

do RP, e calculado por:<br />

T r = T q − T f<br />

T q<br />

(3.11)<br />

on<strong>de</strong> T q e T f representam as temperaturas da face quente e fria do<br />

resfriador Peltier, em K, respectivamente.<br />

O interessante é que esse número adimensional, T r , apresentado<br />

na Eq. 3.11 é o coeciente <strong>de</strong> performance i<strong>de</strong>al do resfriador Peltier,<br />

caso ele estivesse operando como uma máquina térmica. A utilização<br />

do número adimensional T r permite a obtenção <strong>de</strong> uma curva linear<br />

<strong>de</strong> potência removida para cada corrente <strong>de</strong> alimentação do RP, I RP ,<br />

como mostra a Figura 3.16. Esta, apresenta as curvas obtidas para<br />

um dos resfriadores Peltier utilizados na seção <strong>de</strong> teste, que contempla<br />

3 A < I RP < 8 A e 6, 1 W < Q f < 32, 3 W. O levantamento da curva <strong>de</strong><br />

calibração <strong>de</strong> cada Peltier foi obtido a partir <strong>de</strong> um intervalo <strong>de</strong> variação<br />

da potência dissipada pela resistência elétrica <strong>de</strong> aproximadamente 5W.<br />

Tentativas foram feitas para juntar as curvas <strong>de</strong> diferentes correntes em<br />

uma única, mas não se obteve sucesso.<br />

Figura 3.16: Curvas <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong> um dos resfriadores para 3 A <<br />

I RP < 8 A.


118<br />

Cada par <strong>de</strong> pontos obtidos para o mesmo valor <strong>de</strong> corrente do<br />

resfriador e <strong>de</strong> potência dissipada pela resistência elétrica, mostrados na<br />

Figura 3.16, correspon<strong>de</strong> às temperaturas <strong>de</strong> uido resfriador <strong>de</strong> −2 o C<br />

e 4 o C. Uma característica importante é que com a utilização <strong>de</strong> T r , a<br />

inuência da temperatura do uido resfriador é mínima, principalmente<br />

para potências menores, on<strong>de</strong> a dupla <strong>de</strong> pontos é muito próxima.<br />

A Figura 3.17 apresenta a comparação entre as curvas obtidas<br />

por três resfriadores diferentes. Po<strong>de</strong>-se notar que as curvas são diferentes<br />

para todas as correntes elétricas do RP. Esse comportamento<br />

corrobora a diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a Eq. 2.23, on<strong>de</strong> mesmo para resfriadores<br />

idênticos, <strong>de</strong> mesmo lote <strong>de</strong> fabricação, as características <strong>de</strong><br />

funcionamento são diferentes.<br />

Figura 3.17: Comparação entre as curvas <strong>de</strong> calibração para três resfriadores.<br />

Todavia, uma característica importante <strong>de</strong> um bom método para<br />

se <strong>de</strong>terminar a potência removida pelos resfriadores, é a sua baixa incerteza.<br />

O cálculo da incerteza da potência removida pelos resfriadores,<br />

utilizando as equações linearizadas para cada corrente, é apresentado<br />

na próxima seção.


119<br />

3.4.5 Incerteza<br />

Foi constatado que são três as fontes <strong>de</strong> incerteza no cálculo da<br />

potência removida por cada RP: a potência dissipada pela resistência<br />

elétrica, u(Q resist ) a <strong>de</strong>terminação da temperatura adimensional, u(T r )<br />

e a curva calculada pela linha <strong>de</strong> tendência, u(pol). Dessa maneira,<br />

a incerteza padrão combinada da potência removida pelo resfriador<br />

Peltier, u c (Q f ), é obtida combinando as parcelas acima citadas:<br />

u c (Q f ) = √ u 2 (Q Resist ) + u 2 (T r ) + u 2 (pol) (3.12)<br />

A incerteza expandida da potência removida para um intervalo<br />

<strong>de</strong> conança <strong>de</strong> 95% é:<br />

U(Q f ) = 2u c (Q f ) (3.13)<br />

A potência dissipada pela resistência elétrica é calculada através<br />

da Eq. 3.10, on<strong>de</strong> são duas as fontes <strong>de</strong> incerteza: a tensão e a corrente<br />

elétrica. Assim, combinando-se essas incertezas têm-se:<br />

√ (∂Qresist<br />

u(Q resist ) =<br />

) 2 ( ) 2 ∂Qresist<br />

u(V r ) + u(I r ) (3.14)<br />

∂V r ∂I r<br />

O valor da tensão é obtido através do sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />

dados HP, mo<strong>de</strong>lo 34970A. Segundo o fabricante, para a faixa <strong>de</strong> medição<br />

utilizada (0 - 10 V), a incerteza <strong>de</strong> medição da tensão, em volts,<br />

é calculado pela Eq. 3.15:<br />

u(V r ) = 0, 0035%V r + 0, 005 (3.15)<br />

on<strong>de</strong> V r representa o valor <strong>de</strong> tensão medido.<br />

A corrente elétrica é medida através <strong>de</strong> um multímetro da marca<br />

Minipa, mo<strong>de</strong>lo ET - 2651. Os dados do fabricante do equipamento<br />

informam que a precisão da leitura, em amperes, na faixa utilizada<br />

(0-20 A) é obtida por:<br />

u(I r ) = 2%I r + 0, 015 (3.16)<br />

on<strong>de</strong> I r representa o valor <strong>de</strong> corrente medido.<br />

O fabricante não informou qual o nível <strong>de</strong> conança <strong>de</strong>sses dados.<br />

Todavia, é correto supor que estes dados são para 95% <strong>de</strong> conança.<br />

Para o cálculo da incerteza padrão, <strong>de</strong>ve-se, então, dividir o valor obtido


120<br />

pela Eq. 3.16 por √ 3, admitindo-se uma distribuição retangular <strong>de</strong>sses<br />

dados <strong>de</strong> precisão.<br />

A temperatura adimensional é obtida através da Eq. 3.11, sendo<br />

função das temperaturas das faces quente e fria do resfriador, T q e<br />

T f , respectivamente. A incerteza combinada relativa à temperatura<br />

adimensional, u(T r ) , é calculada através da Eq. 3.17:<br />

√ (∂Qf ) 2<br />

u(T r ) = u(T )<br />

(3.17)<br />

∂T r<br />

on<strong>de</strong> Q f e u(T ) representam a equação do polinômio obtido com os<br />

dados experimentais e a incerteza na <strong>de</strong>terminação da temperatura<br />

adimensional, obtida através da Eq. 3.18.<br />

√ (∂Tr ) 2 ( ) 2 ∂Tr<br />

u(T ) = u(T q ) + u(T r ) (3.18)<br />

∂T q ∂T r<br />

on<strong>de</strong> u(T q ) e u(T f ) são as incertezas padrão dos termopares, cujo valor<br />

é <strong>de</strong> 0, 15 o C, como relatado na Seção 3.4.2.2.<br />

Finalmente, a última parcela <strong>de</strong> incerteza é relativa à obtenção<br />

do polinômio, u(pol), realizada através do método <strong>de</strong> mínimos quadrados.<br />

Esta parcela é obtida através do <strong>de</strong>svio padrão do resíduo, que é<br />

a diferença entre o valor <strong>de</strong> Q Resist e o obtido através da curva, feita<br />

para todos os pontos experimentais. Assim:<br />

u(pol) = σ(Q resist − Q f ) (3.19)<br />

A incerteza expandida da potência removida pelos resfriadores<br />

é tomada como a máxima obtida <strong>de</strong>ntre os três RPs utilizados. Este<br />

valor correspon<strong>de</strong> a U(Q f ) = 0, 9 W.<br />

3.5 PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DO R-134A<br />

O R-134a (1,1,1,2-Tetrauoretano), cuja fórmula molecular é<br />

CH 2 F CF 3 , é um uido refrigerante halogenado utilizado em sistemas<br />

<strong>de</strong> refrigeração doméstico e automotivo. Este uido sintético foi introduzido<br />

no mercado no começo dos anos noventa, com o objetivo <strong>de</strong><br />

substituir o R-12, um CFC que apresentava gran<strong>de</strong> perigo à camada<br />

<strong>de</strong> ozônio. A Tabela 3.4 apresenta algumas proprieda<strong>de</strong>s do R-134a à<br />

pressão <strong>de</strong> 8, 4 bar, obtidas através do software EES.


121<br />

Tabela 3.4: Proprieda<strong>de</strong>s do R-134a à p = 8, 4 bar<br />

Proprieda<strong>de</strong> Valor Unida<strong>de</strong><br />

Calor especíco do líquido, c P 1,457 kJ.kg −1 .K −1<br />

Calor latente <strong>de</strong> vaporização, i lv 170,2 kJ.kg −1<br />

Condutivida<strong>de</strong> térmica do líquido, k l 0,0793 W.m −1 .K −1<br />

Massa especíca do líquido, ρ l 1176 kg.m −3<br />

Massa especíca do vapor, ρ v 41 kg.m −3<br />

Massa molar, M 102 g.mol −1<br />

Número <strong>de</strong> Prandtl do líquido, P r l 3,23 -<br />

Temperatura crítica, T crit 101 o C<br />

Temperatura <strong>de</strong> saturação, T sat 33,0 o C<br />

Tensão supercial, σ 0,00702 N.m −1<br />

Viscosida<strong>de</strong> dinâmica do líquido, µ l 1,76x10 −4 P a.s<br />

Pressão crítica, p crit 40,6 bar


122


123<br />

4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS<br />

Neste capítulo, serão <strong>de</strong>scritos os procedimentos utilizados na realização<br />

dos testes, bem como no tratamento dos dados obtidos. Os testes<br />

realizados na bancada experimental, <strong>de</strong>scrita no capítulo anterior,<br />

caracterizam-se pelo difícil controle das variáveis pressão e velocida<strong>de</strong><br />

mássica do escoamento. Um <strong>programa</strong> <strong>de</strong>senvolvido em MATLAB divi<strong>de</strong><br />

a seção <strong>de</strong> teste em diversos segmentos e permite o cálculo <strong>de</strong> todas<br />

as proprieda<strong>de</strong>s do escoamento em cada posição da seção <strong>de</strong> teste.<br />

4.1 REALIZAÇÃO DOS TESTES<br />

Os testes são realizados no aparato experimental <strong>de</strong>scrito no capítulo<br />

anterior. Para isso, a bancada é carregada com o uido <strong>de</strong> trabalho<br />

(R-134a). Esse procedimento é realizado através da válvula <strong>de</strong><br />

carregamento, <strong>de</strong>notada pelo número 5 na Figura 3.9. Primeiramente<br />

é feito vácuo em todo o aparato experimental. Isso elimina gases não<br />

con<strong>de</strong>nsáveis, que po<strong>de</strong>riam se misturar ao uido e inuenciar a con<strong>de</strong>nsação.<br />

Além disso, o vácuo facilita o carregamento <strong>de</strong> uido.<br />

Com o aparato evacuado, todos os registros da bancada são fechados<br />

e o banho térmico do pós-con<strong>de</strong>nsador é ligado à temperatura<br />

<strong>de</strong> 10 o C. O cilindro contendo o uido refrigerante é, então, conectado<br />

à válvula <strong>de</strong> carregamento e o pós-con<strong>de</strong>nsador preenchido com R-134a<br />

até o topo. A válvula <strong>de</strong> carregamento é fechada e o banho térmico do<br />

pós-con<strong>de</strong>nsador ajustado à temperatura <strong>de</strong> 30 o C. Quando esse valor é<br />

alcançado, todos os registros da bancada são abertos e a bomba é ligada<br />

no modo contínuo para que o uido escoe até a cal<strong>de</strong>ira. No momento<br />

em que a cal<strong>de</strong>ira é totalmente preenchida, o processo <strong>de</strong> carregamento<br />

é feito novamente. Todavia, agora somente até a etapa <strong>de</strong> enchimento<br />

do pós-con<strong>de</strong>nsador.<br />

Os testes são feitos seguindo uma planilha, on<strong>de</strong> as condições<br />

<strong>de</strong> pressão na entrada da seção <strong>de</strong> teste, p ent , velocida<strong>de</strong> mássica, G,<br />

e uxo <strong>de</strong> calor médio dos RPs, q ′′ , são pré-estabelecidas. Obter essas<br />

condições é um trabalho difícil, pois essas variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

três fatores: a potência dissipada na resistência elétrica da cal<strong>de</strong>ira,<br />

Q cald e as temperaturas dos banhos térmicos dos RPs, T b,RP e do póscon<strong>de</strong>nsador,<br />

T b,pc . A variação da potência dissipada ou <strong>de</strong> alguma das<br />

temperaturas afeta tanto a pressão do uido quanto o uxo <strong>de</strong> calor e a<br />

vazão. O método utilizado para alcançar uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong>


124<br />

pressão, uxo <strong>de</strong> calor e velocida<strong>de</strong> mássica é apresentado no diagrama<br />

<strong>de</strong> bloco da Figura 4.1.<br />

Figura 4.1: Diagrama <strong>de</strong> bloco do procedimento <strong>de</strong> testes.<br />

Mantendo-se as temperaturas dos banhos xas e aumentandose<br />

a tensão <strong>de</strong> alimentação da resistência elétrica, por exemplo, temse<br />

um aumento da velocida<strong>de</strong> mássica do vapor e, consequentemente<br />

aumentos da taxa <strong>de</strong> evaporação na cal<strong>de</strong>ira, e na pressão do uido<br />

na entrada da seção <strong>de</strong> teste - aumento da temperatura na cal<strong>de</strong>ira.<br />

Além disso, a potência removida pelos RPs também aumenta. Caso


125<br />

Figura 4.2: Intervenções realizadas nas etapas <strong>de</strong>notadas por A e B<br />

na gura anterior.<br />

a temperatura do banho térmico do pós-con<strong>de</strong>nsador seja aumentada,<br />

mantidas a potência dissipada na cal<strong>de</strong>ira e a temperatura do banho<br />

do RP, tem-se o aumento da pressão e da potência removida pelos<br />

RPs, e a diminuição da velocida<strong>de</strong> mássica do uido <strong>de</strong> trabalho. Por<br />

outro lado, aumentando-se apenas a temperatura do banho térmico que<br />

resfria os RPs, têm-se diminuição da taxa <strong>de</strong> calor removido na seção<br />

<strong>de</strong> teste, um aumento da pressão e diminuição da vazão do R-134a.<br />

Todas essas possíveis combinações são esquematizadas na Figura 4.2,<br />

on<strong>de</strong> são indicadas as intervenções do operador, no modo A ou no modo<br />

B.<br />

Primeiramente são ajustadas a potência a ser dissipada na cal<strong>de</strong>ira<br />

(entre 60 W e 250 W), e <strong>de</strong>terminadas a temperatura no banho


126<br />

resfriador dos RPs (entre −2 o C e 4 o C) e a temperatura do banho térmico<br />

do pós-con<strong>de</strong>nsador (entre 10 o C e 35 o C). Quando o sistema atinge<br />

o regime permanente faz-se uma comparação entre as condições <strong>de</strong>sejadas<br />

e reais <strong>de</strong> pressão e velocida<strong>de</strong> mássica. Caso essas condições<br />

não sejam satisfeitas, <strong>de</strong>ve-se intervir nos valores preestabelecidos <strong>de</strong><br />

temperatura do banho térmico do pós-con<strong>de</strong>nsador, T b,pc , e da potência<br />

dissipada na cal<strong>de</strong>ira elétrica, Q cald . Essa intervenção, apresentada pela<br />

letra A na Figura 4.1, é esquematizada com <strong>de</strong>talhes na Figura 4.2.<br />

Nota-se que nessa etapa não se faz atenção à potência removida<br />

pelos RPs. Esse ajuste é menos complicado. Depois que a velocida<strong>de</strong><br />

mássica e a pressão do uido atingem os valores <strong>de</strong>sejados, ajusta-se o<br />

valor da potência removida pelos RPs. Se os valores real e <strong>de</strong>sejado <strong>de</strong><br />

q ′′ são diferentes, modicam-se as temperaturas dos banhos térmicos,<br />

como mostra a letra B na Figura 4.1, e é <strong>de</strong>scrito na Figura 4.2.<br />

Uma vez satisfeita a última condição, conforme mostra o esquema<br />

B da igura 4.2, são feitas 80 aquisições <strong>de</strong> dados na frequência<br />

<strong>de</strong> 1,5 s utilizando o multiplexador Agilent 34790A. Esses dados são<br />

salvos no microcomputador através do software LabView. O procedimento,<br />

cujo esquema é apresentado no diagrama da Figura 4.1, que<br />

vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>nição das condições até a leitura dos dados <strong>de</strong>mora, em<br />

média, 3 h. Inicia-se, então, a etapa <strong>de</strong> tratamento dos dados, a qual é<br />

<strong>de</strong>scrita na próxima seção.<br />

Uma característica da bancada é a operação intermitente da<br />

bomba. Isso causa pequenas oscilações também na pressão e na vazão<br />

do vapor que é gerado na cal<strong>de</strong>ira elétrica. Na Figura 4.3, são<br />

plotados os sinais <strong>de</strong> vazão mássica <strong>de</strong> vapor, uxo <strong>de</strong> calor removido<br />

pelo RP2, temperatura do uido na entrada da seção <strong>de</strong> teste, temperatura<br />

do bloco <strong>de</strong> cobre medida por um dos 13 termopares, pressão na<br />

entrada e queda <strong>de</strong> pressão na seção <strong>de</strong> teste. Todas essas variáveis são<br />

mostradas em função do tempo, durante um intervalo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong>,<br />

aproximadamente, 90 s.<br />

A Figura 4.3 mostra gran<strong>de</strong>s oscilações na velocida<strong>de</strong> mássica<br />

e na queda <strong>de</strong> pressão, principalmente. Essa última é causada não<br />

somente pela bomba, mas também por outros motivos que não se sabe<br />

ao certo, inerentes ao processo <strong>de</strong> escoamento do uido <strong>de</strong> trabalho,<br />

visto que no escoamento monofásico essa oscilação do sinal é menor.<br />

As medições <strong>de</strong> temperatura e uxo <strong>de</strong> calor são pouco afetadas pela<br />

intermitência da bomba. Para a redução dos dados são utilizados os<br />

valores médios das variáveis medidas.


127<br />

Figura 4.3: Dados medidos durante um intervalo <strong>de</strong> 90 s.<br />

4.2 TRATAMENTO DOS DADOS<br />

Os valores médios dos sinais das variáveis medidas são os parâmetros<br />

<strong>de</strong> entrada no <strong>programa</strong> <strong>de</strong> cálculo, <strong>de</strong>senvolvido no MATLAB,<br />

o qual tem por objetivo calcular o estado do uido ao longo da seção<br />

<strong>de</strong> teste. Este <strong>programa</strong> realiza os cálculos para um único microcanal,<br />

ou seja, a vazão mássica total e a taxa <strong>de</strong> calor extraído com os resfriadores<br />

Peltier são divididos por 8. Dessa forma têm-se a vazão média<br />

em um canal, consi<strong>de</strong>rando uma distribuição i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> vazão e uxo <strong>de</strong><br />

calor médio na superfície interna do canal. Todas as proprieda<strong>de</strong>s do


128<br />

uido utilizadas são calculadas através do <strong>programa</strong> Engineering Equation<br />

Solver (EES). A Figura 4.4 apresenta um diagrama <strong>de</strong> blocos com<br />

o resumo do procedimento adotado no tratamento <strong>de</strong> dados.<br />

Figura 4.4: Diagrama <strong>de</strong> blocos referente ao tratamento <strong>de</strong> dados.<br />

O <strong>programa</strong> consiste, basicamente, na divisão do microcanal em


129<br />

N partes iguais, on<strong>de</strong> se tem sempre os parâmetros no início <strong>de</strong> cada<br />

segmento e são calculados seus valores no nal do mesmo. Procedimento<br />

este semelhante ao método <strong>de</strong> elementos nitos. O segmento<br />

N i , por exemplo, utiliza como parâmetros <strong>de</strong> entrada, os mesmos valores<br />

calculados no nal do segmento N i−1 . E assim é feito até o último<br />

segmento.<br />

Os dados <strong>de</strong> entrada do problema são: temperatura e pressão do<br />

uido na entrada da seção <strong>de</strong> teste; queda <strong>de</strong> pressão na seção <strong>de</strong> teste;<br />

temperaturas medidas na pare<strong>de</strong> do bloco <strong>de</strong> cobre; potência removida<br />

por cada RP e velocida<strong>de</strong> mássica. Uma característica <strong>de</strong> escoamentos<br />

com mudança <strong>de</strong> fase, que diculta a análise térmica do processo, é a<br />

<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>ste com a pressão do uido. Para se conhecer o coeciente<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local, <strong>de</strong>ve-se saber a temperatura <strong>de</strong><br />

saturação do uido nesse mesmo local. Pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se instalar<br />

um medidor <strong>de</strong> temperatura no interior dos tubos capilares, esse<br />

dado é obtido da pressão <strong>de</strong> saturação. Portanto, <strong>de</strong>ve-se avaliar, com<br />

boa precisão, a pressão em cada ponto dos microcanais.<br />

A diferença <strong>de</strong> pressão é medida entre os manifolds da seção <strong>de</strong><br />

teste. A Figura 4.5 apresenta um esquema da seção <strong>de</strong> teste incluindo<br />

as parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão consi<strong>de</strong>radas no problema.<br />

Figura 4.5: Representação esquemática das parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão<br />

Dessa forma, a queda <strong>de</strong> pressão total, medida pelo transdutor<br />

<strong>de</strong> pressão, é composta pelas parcelas representadas na Figura 4.5 e na


130<br />

Tabela 4.1: Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à entrada da seção<br />

<strong>de</strong> teste<br />

Parcela ζ G<br />

(∆p) manifold,entrada<br />

Eq. 2.34 ṁ/A mani<br />

(∆p) 90,entrada<br />

Eq. 2.45 ṁ/A mani<br />

(∆p) cont<br />

Eq. 2.43 ṁ/A dist<br />

seguinte expressão:<br />

(∆p) medida<br />

= (∆p) manifold,entrada<br />

+ (∆p) local,entrada<br />

+ (∆p) microcanais<br />

+<br />

+ (∆p) local,saída<br />

+ (∆p) manifold,saída<br />

(4.1)<br />

A perda local na entrada é aproximada para uma composição <strong>de</strong><br />

duas mudanças geométricas: uma mudança <strong>de</strong> direção em 90 o e uma<br />

contração. E na saída, consi<strong>de</strong>ra-se primeiramente uma expansão e<br />

<strong>de</strong>pois uma curva em 90 o . As parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes<br />

à entrada da seção <strong>de</strong> teste são todas calculadas utilizando a equação<br />

<strong>de</strong> Darcy-Weisbach, apresentada na Eq. 2.33.<br />

Como o vapor chega à seção <strong>de</strong> teste levemente superaquecido,<br />

as parcelas (∆p) manifold,entrada<br />

e (∆p) local,entrada<br />

são calculadas para o<br />

escoamento monofásico <strong>de</strong> vapor. Os valores dos coecientes <strong>de</strong> resistência<br />

e das velocida<strong>de</strong>s mássicas utilizadas no cálculo <strong>de</strong> cada parcela<br />

<strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão são mostradas na Tabela 4.1.<br />

Na Eq. 2.34 o fator <strong>de</strong> atrito utilizado é o <strong>de</strong> Blasius, para escoamento<br />

turbulento (Eq. 2.37). A área da seção transversal do manifold,<br />

A mani , é calculada da seguinte forma:<br />

A mani = πD2 mani<br />

(4.2)<br />

4<br />

on<strong>de</strong> D mani = 3, 5 mm é o diâmetro interno do manifold.<br />

Já a área <strong>de</strong> distribuição, A dist , é consi<strong>de</strong>rada a área por on<strong>de</strong><br />

o vapor escoa antes <strong>de</strong> sofrer a contração e ser distribuído nos oito<br />

microcanais, representada pela Eq. 4.3. A Figura 4.6 representa esquematicamente<br />

essa área, a partir <strong>de</strong> um corte axial no manifold.<br />

30 ∗ 2 ∗ 10−6<br />

A dist = (4.3)<br />

8<br />

Nota-se que a área do distribuidor é dividido por oito, pois a


131<br />

Figura 4.6: Área <strong>de</strong> distribuição consi<strong>de</strong>rada nos cálculos (dimensões<br />

em mm)<br />

queda <strong>de</strong> pressão nos microcanais é avaliada apenas consi<strong>de</strong>rando um<br />

único microcanal. Consi<strong>de</strong>ra-se que a queda <strong>de</strong> pressão é a mesma em<br />

todos os microcanais.<br />

Descontando-se as parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão na entrada da<br />

seção <strong>de</strong> teste da pressão medida, têm-se o valor da pressão na entrada<br />

do microcanal. Com isso calcula-se a temperatura <strong>de</strong> saturação relativa<br />

à essa pressão, T sat . Esse valor é comparado com a temperatura medida<br />

na entrada da seção <strong>de</strong> teste, T ent a qual é consi<strong>de</strong>rada a mesma no<br />

início dos microcanais 4 . Assim, se T sat < T ent o uido está no estado <strong>de</strong><br />

vapor superaquecido. Caso T sat = T ent , então o uido está entrando<br />

na seção <strong>de</strong> teste já no estado <strong>de</strong> saturação. Em média, nos testes,<br />

a temperatura do uido medida apresentou um superaquecimento <strong>de</strong><br />

0, 7 o C.<br />

A pressão e a temperatura na entrada do microcanal, além da vazão<br />

<strong>de</strong> uido medida no uxímetro mássico dividida por oito, são as condições<br />

<strong>de</strong> entrada do primeiro segmento. Com esses dados, calculam-se<br />

as proprieda<strong>de</strong>s do uido e é feito um balanço <strong>de</strong> energia, utilizando-se<br />

o valor <strong>de</strong> potência removida pelo primeiro resfriador Peltier. Com esse<br />

balanço, Eq. 4.4, calcula-se a temperatura na saída do segmento:<br />

4 Essa consi<strong>de</strong>ração é muito boa, visto que cálculos simples, incluindo o isolamento<br />

do tubo mostraram que essa redução é sempre menor que 0, 1 o C.


132<br />

T saída,Ni = T ent,Ni − Q f /(8N)<br />

(4.4)<br />

c P ṁ un<br />

on<strong>de</strong> c P , Q f , ṁ un e N representam o calor especíco do R-134a à<br />

pressão constante - calculado na entrada do segmento, em J.kg −1 .K −1 ,<br />

a potência total removida pelo RP, em W, a vazão mássica em um<br />

único microcanal (vazão mássica total dividida por oito), em kg.s −1 , e<br />

o número <strong>de</strong> segmentos, respectivamente. O subíndice Ni representa o<br />

i-ésimo segmento.<br />

A queda <strong>de</strong> pressão no segmento, on<strong>de</strong> o uido encontra-se no estado<br />

<strong>de</strong> vapor superaquecido, é calculada através da equação <strong>de</strong> Darcy-<br />

Weisbach, Eq. 2.33, on<strong>de</strong> o fator <strong>de</strong> atrito é obtido pela correlação <strong>de</strong><br />

Blasius, Eq. 2.37. Assim:<br />

p saída,Ni = p ent,Ni − ∆p Blasius (4.5)<br />

O segmento subsequente utiliza como temperatura e pressão <strong>de</strong><br />

entrada, as mesmas condições <strong>de</strong> saída do segmento anterior. Devese<br />

conferir, entretanto, se o uido já está no estado <strong>de</strong> saturação.<br />

Calcula-se a temperatura <strong>de</strong> saturação do uido na saída do segmento,<br />

T sat,saída,Ni , em função <strong>de</strong> p saída,Ni , e compara-se com a temperatura do<br />

uido obtida pela Eq. 4.4. Caso T sat,saída,Ni < T saída,Ni , o escoamento<br />

continua no estado <strong>de</strong> vapor superaquecido, e repete-se o procedimento<br />

(Eqs. 4.4 e 4.5). Se T sat,saída,Ni = T saída,Ni , então o escoamento já se<br />

encontra no estado <strong>de</strong> saturação.<br />

Quando isso acontecer, consi<strong>de</strong>ra-se como condição <strong>de</strong> entrada<br />

do próximo segmento o título <strong>de</strong> vapor igual a 1. A outra condição<br />

consi<strong>de</strong>rada na entrada do segmento é a pressão do uido, cujo valor<br />

é o calculado na saída do segmento anterior. Calculam-se, então, as<br />

proprieda<strong>de</strong>s do uido e realiza-se um balanço <strong>de</strong> energia no mesmo,<br />

para que se obtenha o valor da entalpia na saída <strong>de</strong>sse segmento. Esse<br />

balanço é apresentado na Eq. 4.6:<br />

i saida,Ni = i ent,Ni − Q f /(8N)<br />

ṁ un<br />

(4.6)<br />

on<strong>de</strong> i ent,Ni , i saída,Ni e N representam as entalpias <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída<br />

do i-ésimo segmento, em J.kg −1 , e o número <strong>de</strong> segmentos utilizados,<br />

respectivamente.<br />

Com o valor <strong>de</strong> i saída,Ni calculado, po<strong>de</strong>-se obter o título <strong>de</strong> vapor<br />

na saída do segmento, x v;saída,Ni :


133<br />

x v;saída,Ni = i saída,Ni − i l,Ni<br />

i lv,Ni<br />

(4.7)<br />

on<strong>de</strong> i l,Ni e i lv representam as entalpias do líquido e <strong>de</strong> vaporização,<br />

em J.kg −1 , calculadas em função da pressão na entrada do segmento<br />

N i .<br />

A <strong>de</strong>terminação da queda <strong>de</strong> pressão bifásica é feita assumindose<br />

que ela ocorre linearmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do escoamento bifásico até a<br />

saída dos manifolds. O i<strong>de</strong>al seria fazer essa consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>scontando<br />

também a queda <strong>de</strong> pressão no manifold <strong>de</strong> saída, todavia, para se<br />

calcular essas parcelas, <strong>de</strong>ve-se ter conhecimento do título <strong>de</strong> vapor na<br />

saída dos microcanais. A queda <strong>de</strong> pressão na saída é, entretanto, muito<br />

pequena. Além disso, há uma compensação na queda <strong>de</strong> pressão na<br />

saída, visto que a parcela referente à expansão é negativa, enquanto que<br />

as parcelas <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> direção e atrito no manifold são positivas.<br />

A pressão na saída <strong>de</strong> cada segmento é, então, <strong>de</strong>terminada da seguinte<br />

forma:<br />

p saída,Ni = p ent,Ni − ∆p lin<br />

(4.8)<br />

N<br />

on<strong>de</strong> ∆p lin e N representam a queda <strong>de</strong> pressão medida experimentalmente<br />

já <strong>de</strong>scontadas as parcelas referentes à entrada dos microcanais<br />

e o número <strong>de</strong> segmentos utilizado, respectivamente.<br />

Nas quatro posições distantes da entrada dos microcanais, on<strong>de</strong><br />

são feitas as medições <strong>de</strong> temperatura do bloco <strong>de</strong> cobre (ver Figura<br />

3.12), po<strong>de</strong>-se calcular o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por<br />

convecção, h, durante a con<strong>de</strong>nsação. Isso é feito a partir da <strong>de</strong>nição<br />

do h, apresentada na Eq. 4.9:<br />

h =<br />

q ′′<br />

T f [f(p)] − T p<br />

(4.9)<br />

on<strong>de</strong> q ′′ , T p e T f [f(p)] representam o uxo <strong>de</strong> calor médio removido<br />

pelo RP, em W.m −2 e as temperaturas média da pare<strong>de</strong> dos tubos e do<br />

uido <strong>de</strong> trabalho, em o C, respectivamente. A temperatura do uido <strong>de</strong><br />

trabalho é a temperatura da saturação da pressão média no segmento.<br />

A temperatura da pare<strong>de</strong> é tomada como a média das três medições<br />

feitas na posição on<strong>de</strong> o h está sendo obtido. O uxo <strong>de</strong> calor médio<br />

removido por cada RP é calculado da seguinte forma:<br />

q ′′ =<br />

Q f<br />

8πDL RP<br />

(4.10)


134<br />

on<strong>de</strong> Q f , D e L RP representam a potência total removida pelo RP, em<br />

W, o diâmetro interno do microcanal, em m, e o comprimento do RP<br />

(L RP = 0, 03 m) , respectivamente. O <strong>de</strong>nominador da Eq. 4.10 signi-<br />

ca a área supercial interna <strong>de</strong> todos os microcanais, que se encontram<br />

sob o efeito do RP em questão.<br />

Po<strong>de</strong>-se perceber que este trabalho consi<strong>de</strong>ra que a potência total<br />

removida por cada RP é uniforme e proveniente apenas do uido <strong>de</strong><br />

trabalho. Ou seja, não há calor sendo transferido <strong>de</strong> um resfriador<br />

para outro. Essa é uma aproximação, pois na proximida<strong>de</strong> entre um<br />

RP e outro, <strong>de</strong>ve haver transferência <strong>de</strong> calor entre eles, visto que eles<br />

removem diferentes potências.<br />

Deve-se tomar cuidado <strong>de</strong> utilizar o valor <strong>de</strong> potência removida<br />

correta na Eq. 4.10. Isso porque são utilizados na seção <strong>de</strong> teste três<br />

RPs, e cada um apresenta uma potência removida diferente. Assim, no<br />

avanço <strong>de</strong> segmento, calcula-se a posição <strong>de</strong>sse com referência à entrada<br />

dos microcanais, Eq. 4.11, e se compara este valor com o posicionamento<br />

dos três RPs.<br />

L Ni = L Ni−1 + L canal<br />

(4.11)<br />

N<br />

on<strong>de</strong> L Ni , L Ni−1 , L canal e N representam as posições dos segmentos<br />

atual e anterior, o comprimento total dos microcanais e o número <strong>de</strong><br />

segmentos, respectivamente. Dessa meneira, é averiguado qual dos<br />

três RPs está na posição do segmento:<br />

⎧<br />

⎨<br />

⎩<br />

RP 1 se L Ni < 0, 03m<br />

RP 2 se 0, 03m ≤ L Ni < 0, 06m<br />

RP 3 se 0, 06m ≤ L Ni < 0, 09m<br />

Caso L Ni > 0, 09 m, o segmento está localizado na parte adiabática<br />

dos microcanais. Essa região tem comprimento total <strong>de</strong> 7 mm<br />

e nela é calculada apenas a queda <strong>de</strong> pressão em cada segmento.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se que não há variação <strong>de</strong> entalpia nessa parte do escoamento,<br />

todavia, como há queda <strong>de</strong> pressão, há também variação na<br />

temperatura e no título <strong>de</strong> vapor do escoamento, os quais são ainda<br />

calculados no nal <strong>de</strong> cada segmento. Quando se chega ao segmento<br />

nal (L Ni = L Capilar = 0, 097 mm), tem-se o título <strong>de</strong> vapor, a pressão<br />

e a temperatura na saída dos microcanais. Com isso, calculam-se as<br />

parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à expansão do vapor, à curva<br />

em 90 o e ao atrito nos manifolds, apresentadas na Tabela 4.2.<br />

5 As proprieda<strong>de</strong>s ρ e µ são calculadas através do mo<strong>de</strong>lo homogêneo, pelas Eqs.<br />

2.48 e 2.49, respectivamente


135<br />

Tabela 4.2: Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à saída da seção <strong>de</strong><br />

teste<br />

Parcela ζ G<br />

(∆p) exp<br />

Eq. 2.77 ṁ/A microcanais<br />

(∆p) 90,saída<br />

Eq. 2.45 5 ṁ/A dist<br />

(∆p) manifold,saída<br />

Eq. 2.34 5 ṁ/A mani<br />

Têm-se, então, o valor <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão do escoamento no<br />

interior dos microcanais, ∆p microcanais , <strong>de</strong>scontando-se <strong>de</strong> ∆p lin as parcelas<br />

<strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão da saída do manifold, apresentadas na Tabela<br />

4.2.<br />

4.2.1 Comparação dos Resultados Experimentais com os Teóricos<br />

Um dos objetivos <strong>de</strong>ste trabalho é a comparação entre os resultados<br />

experimentais com os teóricos, calculados através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e<br />

correlações da literatura. Para isso, são apresentadas, no Capítulo 2,<br />

formulações propostas por diversos autores para o cálculo do coeciente<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local na con<strong>de</strong>nsação e para a queda <strong>de</strong> pressão<br />

por atrito no interior dos canais. Nos segmentos, além do cálculo<br />

da pressão, temperatura, título <strong>de</strong> vapor e entalpia, são calculados os<br />

valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão e h utilizando oito e <strong>de</strong>z formulações, entre<br />

mo<strong>de</strong>los e correlações, respectivamente.<br />

É estimada a queda <strong>de</strong> pressão teórica, calculada com cada uma<br />

das seis formulações, em cada segmento, com as proprieda<strong>de</strong>s do uido<br />

e o título <strong>de</strong> vapor calculados no início e no centro <strong>de</strong> cada segmento,<br />

respectivamente. A queda <strong>de</strong> pressão total teórica nos microcanais é<br />

obtida somando-se as parcelas <strong>de</strong> todos os segmentos:<br />

∆p atrito;teórica =<br />

N∑<br />

∆p atrito;teórica Ni (4.12)<br />

i=1<br />

Além disso, é avaliada a queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>saceleração<br />

do escoamento em cada segmento, utilizando-se a Eq. 2.47. Esses<br />

valores são todos somados, compondo a parcela <strong>de</strong> ∆p <strong>de</strong>saceleração (ver<br />

Eq. 2.46). Assim, po<strong>de</strong>-se obter a queda <strong>de</strong> pressão experimental por<br />

atrido no interior dos microcanais, ∆p atrito utilizando-se a Eq. 2.46.<br />

Esse é o valor comparado com as formulações teóricas para a queda <strong>de</strong>


136<br />

pressão na Seção 5.2.4.<br />

Já o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção é calculado<br />

a partir dos mo<strong>de</strong>los e correlações nas quatro posições on<strong>de</strong> a<br />

temperatura da pare<strong>de</strong> é medida. Esse cálculo é feito também utilizando<br />

as proprieda<strong>de</strong>s do uido estimadas no início <strong>de</strong> cada segmento.<br />

Seus valores são comparados com os obtidos experimentalmente através<br />

da Eq. 4.9 na Seção 5.3.5.<br />

4.2.2 Escolha do Número <strong>de</strong> Segmentos<br />

O <strong>programa</strong> para cálculos <strong>de</strong>senvolvido em MATLAB e EES, <strong>de</strong>scrito<br />

nesse capítulo apresenta como característica a divisão dos tubos<br />

na seção <strong>de</strong> teste em N segmentos. Fez-se uma análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>,<br />

a m <strong>de</strong> estimar o número <strong>de</strong> divisões a partir do qual as variáveis não<br />

sofrem alteração. A Figura 4.7 apresenta o título <strong>de</strong> vapor calculado<br />

na saída da seção <strong>de</strong> teste para cinco diferentes condições, numeradas<br />

<strong>de</strong> 1 a 5, no eixo das abcissas e apresentadas na Tabela 4.3.<br />

Figura 4.7: Sensibilida<strong>de</strong> do cálculo do título <strong>de</strong> vapor na saída da<br />

seção <strong>de</strong> teste para as condições apresentadas na Tabela 4.3


137<br />

Tabela 4.3: Condições <strong>de</strong> teste utilizadas na Figura 4.7<br />

Condição p ent T sat G<br />

(bar) ( o C) (kg.m −2 .s −1 )<br />

q m<br />

′′<br />

(kW.m −2 )<br />

1 7,3 29 230 21<br />

2 9,7 38 335 26<br />

3 8,4 33 385 25<br />

4 8,4 33 445 29<br />

5 9,7 38 335 17<br />

Foram testadas três diferentes números <strong>de</strong> divisões, e po<strong>de</strong>-se<br />

perceber pela Figura 4.7 que a partir <strong>de</strong> 194 divisões, que correspon<strong>de</strong><br />

a 0, 5 mm cada segmento, o valor do título não mais se altera. A maior<br />

diferença entre os valores <strong>de</strong> x v calculados com N = 291 e N = 194<br />

foi <strong>de</strong> 560 ppm. Desta maneira, os cálculos apresentados nesse trabalho<br />

utilizam 194 segmentos.<br />

4.2.3 Resumo<br />

Este capítulo apresentou os procedimentos adotados na realização<br />

dos testes experimentais em bancada e no tratamento dos dados<br />

obtidos. Foi explicado <strong>de</strong>talhadamente o processo <strong>de</strong> controle das variáveis<br />

pressão, velocida<strong>de</strong> mássica e uxo <strong>de</strong> calor nos testes experimentais.<br />

O procedimento <strong>de</strong> cálculo das condições do uido <strong>de</strong> trabalho<br />

em cada ponto da seção <strong>de</strong> teste é <strong>de</strong>scrito, cuja característica é a divisão<br />

da mesma em N segmentos. A escolha <strong>de</strong>sse número <strong>de</strong> segmentos<br />

também é relatada ao nal do capítulo


138


139<br />

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Neste Capítulo, são apresentados os resultados obtidos na bancada<br />

experimental <strong>de</strong>scrita no Capítulo 3, utilizando a metodologia<br />

<strong>de</strong>scrita no Capítulo 4. Primeiramente, é feita a caracterização das<br />

condições <strong>de</strong> teste, utilizando-se, um mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> escoamento.<br />

Após, é discutida a inuência do título <strong>de</strong> vapor, da velocida<strong>de</strong> mássica,<br />

do uxo <strong>de</strong> calor e da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido na<br />

queda <strong>de</strong> pressão e na transferência <strong>de</strong> calor para a con<strong>de</strong>nsação no<br />

interior <strong>de</strong> microcanais. Por m, os dados experimentais para ∆p e h<br />

são comparados com os obtidos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e correlações apresentadas<br />

nas Seções 2.10 e 2.11.<br />

5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TESTE<br />

Foram obtidos 56 dados para a queda <strong>de</strong> pressão e 212 para o<br />

coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local na con<strong>de</strong>nsação, <strong>de</strong>ntre os<br />

quais 10 foram <strong>de</strong>scartados por apresentarem incerteza maior que 80%.<br />

As condições <strong>de</strong> teste englobam:<br />

• 230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1<br />

• 17 kW.m −2 < q ′′ m < 53 6<br />

kW.m −2<br />

• 0, 55 < x v < 1<br />

• 7, 3 bar < p < 9, 7 bar<br />

• 28 o C < T sat < 38 o C<br />

• 0 < Re l < 616<br />

• 6621 < Re v < 28145<br />

Para as condições <strong>de</strong>scritas acima, o número <strong>de</strong> Eötvos,Eo, cou<br />

em torno <strong>de</strong> 50, e o <strong>de</strong> connamento, Co foi <strong>de</strong> aproximadamente 1,1,<br />

ambos bem acima dos limites <strong>de</strong> transição entre macro e microcanais,<br />

<strong>de</strong> 1 para Eo e 0,5 para Co, apresentados na Seção 2.2. Esses resultados<br />

expressam que nas condições testadas, o escoamento interno a<br />

6 A gran<strong>de</strong> maioria dos dados engloba uxos <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> até 29 kW.m −2 . Todavia,<br />

uma mudança do sistema <strong>de</strong> resfriamento dos resfriadores permitiu a realização <strong>de</strong><br />

testes adicionais com uxos <strong>de</strong> calor mais altos, 48 e 53kW.m −2


140<br />

microcanais, do presente estudo, <strong>de</strong>ve ser inuenciado pelos efeitos da<br />

microescala.<br />

A Figura 5.1 apresenta todos os dados experimentais obtidos no<br />

presente estudo, plotados no mapa <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong>scrito por Coleman e<br />

Garimella.<br />

Figura 5.1: Pontos experimentais plotados no mapa <strong>de</strong> padrões proposto<br />

por Coleman e Garimella.<br />

A Figura 5.1 mostra que os dados experimentais estão nos padrões<br />

<strong>de</strong> escoamento anular e misto. Todos esse padrões encaixam-se<br />

<strong>de</strong>ntro do padrão básico anular.<br />

5.2 RESULTADOS PARA A QUEDA DE PRESSÃO<br />

A Figura 5.2 apresenta todas as nove diferentes parcelas, consi<strong>de</strong>radas<br />

nesse trabalho, que contribuem para a queda <strong>de</strong> pressão medida<br />

entre os manifolds, ∆p. Fica claro que as parcelas referentes às mudanças<br />

<strong>de</strong> direção em 90 o , ao atrito nos manifolds e à parte monofásica<br />

da seção <strong>de</strong> teste são <strong>de</strong>sprezíveis (somadas elas representam menos <strong>de</strong><br />

0,5% da queda <strong>de</strong> pressão total). As parcelas referentes à <strong>de</strong>saceleração<br />

e à expansão na saída dos microcanais têm valor negativo, ou seja, representam<br />

um ganho <strong>de</strong> pressão. O valor da <strong>de</strong>saceleração representa,


141<br />

no máximo, 2,5% da queda <strong>de</strong> pressão total na seção <strong>de</strong> teste. As parcelas<br />

referentes à expansão e contração representam em média 2% e<br />

5,5%, respectivamente, da queda <strong>de</strong> pressão total.<br />

Figura 5.2: Contribuição <strong>de</strong> cada parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão experimental<br />

em todos os testes.<br />

A seguir, são apresentadas as inuências dos parâmetros velocida<strong>de</strong><br />

mássica, uxo <strong>de</strong> calor e temperatura <strong>de</strong> saturação sobre a queda<br />

<strong>de</strong> pressão. O efeito do título <strong>de</strong> vapor não po<strong>de</strong> ser analisado, como foi<br />

feito anteriormente para a transferência <strong>de</strong> calor, pois nesse caso têm-se<br />

apenas um valor <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão para cada condição <strong>de</strong> teste.<br />

5.2.1 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica<br />

A Figura 5.3 apresenta a queda <strong>de</strong> pressão por atrito média nos<br />

microcanais, em função da velocida<strong>de</strong> mássica para três diferentes condições<br />

<strong>de</strong> teste. Foram testadas quatro valores diferentes <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s<br />

mássicas, na faixa <strong>de</strong> 230 − 445 kg.m −2 .s −1 .<br />

A velocida<strong>de</strong> mássica, segundo a Figura 5.3, apresenta inuência<br />

signicativa na queda <strong>de</strong> pressão por atrito nos microcanais. Nas três<br />

diferentes condições apresentadas, bem como em todos os <strong>de</strong>mais testes,<br />

aumentando-se o valor <strong>de</strong> G, a queda <strong>de</strong> pressão também aumenta.<br />

Esse resultado é esperado, pois a queda <strong>de</strong> pressão é proporcional ao


142<br />

Figura 5.3: Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre ∆p atrito .<br />

quadrado da velocida<strong>de</strong> do escoamento (ver Eq. 2.33).<br />

5.2.2 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor<br />

A inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre a queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido<br />

ao atrito no interior dos microcanais é apresentada na Figura 5.4.<br />

Não há, <strong>de</strong> acordo com a Figura 5.4, inuência notável do uxo<br />

<strong>de</strong> calor sobre a perda <strong>de</strong> carga distribuída para as condições testadas.<br />

O que acontece nesse caso, é uma compensação <strong>de</strong> efeitos. Po<strong>de</strong>mos


143<br />

Figura 5.4: Inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre ∆p atrito .<br />

consi<strong>de</strong>rar que a perda <strong>de</strong> carga em escoamentos bifásicos é a composição<br />

<strong>de</strong> três parcelas <strong>de</strong> atrito: líquido-pare<strong>de</strong>, vapor-pare<strong>de</strong> e líquidovapor.<br />

Como o escoamento é anular, não há a ocorrência da interface<br />

vapor-pare<strong>de</strong>.<br />

Sabendo-se que quanto maior o uxo <strong>de</strong> calor, menor o título <strong>de</strong><br />

vapor médio nos canais, ou seja, maior a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado,<br />

po<strong>de</strong>mos concluir que a vazão mássica (ou velocida<strong>de</strong> mássica)<br />

do líquido é maior. Assim, a parcela <strong>de</strong> atrito líquido-pare<strong>de</strong> aumenta


144<br />

com o aumento do uxo <strong>de</strong> calor. Entretanto, a diminuição <strong>de</strong> x v reduz<br />

o valor do fator <strong>de</strong> escorregamento, S (ver Seção 2.7), diminuindo assim<br />

a parcela <strong>de</strong> atrito na interface líquido-vapor. Na comparação dos<br />

pontos <strong>de</strong> uxos <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> q ′′ = 27 kW.m −2 e q ′′ = 53 kW.m −2 para<br />

as condições <strong>de</strong> teste apresentadas no gráco superior da Figura 5.4,<br />

tem-se que a média da velocida<strong>de</strong> mássica da parcela líquida é 2, 3 vezes<br />

maior para o caso <strong>de</strong> maior uxo <strong>de</strong> calor. Por outro lado, o fator <strong>de</strong><br />

escorregamento é 2, 6 vezes menor, para o caso <strong>de</strong> maior uxo <strong>de</strong> calor.<br />

5.2.3 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação<br />

Como relatado na seção anterior, po<strong>de</strong>-se dividir a perda <strong>de</strong><br />

carga em escoamentos bifásicos no regime anular em duas parcelas:<br />

uma <strong>de</strong>vido ao atrito líquido-pare<strong>de</strong> e outra na interface líquido-vapor.<br />

Comparando-se os resultados obtidos para as pressões <strong>de</strong> 7, 3 bar e<br />

9, 7 bar apresentados no gráco superior da Figura 5.5, nota-se que a<br />

parcela <strong>de</strong> atrito líquido-pare<strong>de</strong> é a mesma para ambos os casos, visto<br />

que a vazão mássica do líquido é a mesma (o título <strong>de</strong> vapor é o mesmo<br />

em ambos os casos, na saída da seção <strong>de</strong> teste). O fator <strong>de</strong> escorregamento,<br />

S, entretanto, que permite que se tenha uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za<br />

da parcela <strong>de</strong> atrito entre as diferentes fases, sofre a inuência da razão<br />

entre as massas especícas do líquido e do vapor.<br />

Com o aumento da pressão <strong>de</strong> saturação, a massa especíca do<br />

líquido <strong>de</strong>cresce e a do vapor aumenta, diminuindo tal razão. Para a<br />

pressão <strong>de</strong> 9, 7 bar, essa razão é 30% menor que na pressão <strong>de</strong> 7, 3 bar.<br />

Fisicamente falando, a queda <strong>de</strong>ssa razão signica dizer que o vapor<br />

ocupará um espaço menor no interior do tubo, e o líquido, um espaço<br />

maior. Como as vazões mássicas <strong>de</strong> ambas as fases mantêm-se as mesmas<br />

para as diferentes pressões, a velocida<strong>de</strong> do vapor <strong>de</strong>cresce e a<br />

do líquido aumenta, diminuindo o fator <strong>de</strong> escorregamento, S, entre<br />

elas. Ou seja, nesse caso particular, o fator <strong>de</strong> escorregamento entre as<br />

fases diminui em 30% quando a pressão/temperatura <strong>de</strong> saturação do<br />

escoamento aumenta <strong>de</strong> 7, 3 bar para 9, 7 bar.<br />

5.2.4 Comparação com Mo<strong>de</strong>los<br />

Os grácos da Figura 5.6 apresentam as comparações dos resultados<br />

experimentais obtidos para a perda <strong>de</strong> carga com os mo<strong>de</strong>los<br />

<strong>de</strong>scritos na Seção 2.10.2.3. Analogamente ao apresentado na análise


145<br />

Figura 5.5: Inuência da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong> trabalho<br />

sobre ∆p atrito<br />

comparativa do h, utiliza-se a incerteza absoluta média, IAM, para<br />

comparar os valores experimentais e teóricos. Para a queda <strong>de</strong> pressão<br />

por atrito, esse valor é <strong>de</strong>nido como segue:<br />

∣ IAM =<br />

∆p Experimental − ∆p Mo<strong>de</strong>lo ∣∣∣<br />

∣<br />

∗ 100 (5.1)<br />

∆p Experimental<br />

on<strong>de</strong> ∆p Experimental e ∆p Mo<strong>de</strong>lo representam a queda <strong>de</strong> pressão por<br />

atrito experimental e a obtida através do mo<strong>de</strong>lo ou correlação, respec-


146<br />

tivamente.<br />

Os valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão friccional calculados a partir <strong>de</strong><br />

Lockhart e Martinelli (1949) e Zhang e Webb (2001) não são apresentados,<br />

pois tais formulações apresentaram resultados bem discordantes<br />

dos obtidos no presente estudo, a ponto <strong>de</strong> sua comparação no gráco<br />

não ser possível. Essas formulações superestimaram em mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />

vezes a perda <strong>de</strong> carga medida.<br />

O mo<strong>de</strong>lo que apresentou os melhores resultados na comparação<br />

com os dados experimentais foi o proposto por Cavallini et al. (2006),<br />

com IAM = 7, 9%, apresentado na Figura 5.6a. Este foi <strong>de</strong>senvolvido<br />

para escoamento anular puro e anular misto, comparáveis aos regimes<br />

dos testes <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

O mo<strong>de</strong>lo homogêneo, o mais simples <strong>de</strong> todos, apresentou bons<br />

resultados, como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 5.6b. Como esperado, ele<br />

subestima os resultados para a queda <strong>de</strong> pressão, visto que, o mo<strong>de</strong>lo<br />

consi<strong>de</strong>ra que não há escorregamento entre as fases. Sabe-se, porém,<br />

que no regime <strong>de</strong> escoamento anular há consi<strong>de</strong>rável diferença entre as<br />

velocida<strong>de</strong>s do vapor e do líquido, como discutido na seção anterior.<br />

Diferentemente do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Lockhart e Martinelli (1949), os<br />

mo<strong>de</strong>los clássicos <strong>de</strong> Chisholm (1973), Figura 5.6c, e Frie<strong>de</strong>l (1979),<br />

Figura 5.6d, apresentaram bons resultados para a predição da queda<br />

<strong>de</strong> pressão, com respectivas incertezas absolutas média <strong>de</strong> 11% e 17%<br />

em relação aos dados experimentais. Ambos os mo<strong>de</strong>los superestimaram<br />

praticamente todos os dados experimentais obtidos. A correlação<br />

proposta por Muller-Steinhagen e Heck (1986), cuja comparação com os<br />

dados experimentais é mostrada na Figura 5.6e, apresentou incerteza<br />

média absoluta <strong>de</strong> 22%, todavia, como os mo<strong>de</strong>los citados anteriormente,<br />

ele superestimou praticamente todos os dados medidos. Esses<br />

bons resultados apresentados pelos quatro mo<strong>de</strong>los citados nesse parágrafo<br />

remetem a uma conclusão muito importante: a perda <strong>de</strong> carga<br />

em escoamentos com con<strong>de</strong>nsação convectiva no interior <strong>de</strong> microcanais<br />

po<strong>de</strong> ser estimada utilizando-se correlações propostas para a perda <strong>de</strong><br />

carga em canais convencionais para escoamentos adiabáticos.<br />

Finalmente, a correlação empírica proposta por Revellin e<br />

Thome (2007) apresentou uma incerteza média <strong>de</strong> 78%, Figura 5.6f,<br />

sendo que o mo<strong>de</strong>lo superestimou todos os dados. A correlação empírica<br />

<strong>de</strong> Revellin e Thome (2007), apesar <strong>de</strong> ter sido proposta para<br />

escoamento no interior <strong>de</strong> canais com o mesmo diâmetro do utilizado<br />

nesse trabalho, foi <strong>de</strong>senvolvida baseada majoritariamente em resultados<br />

experimentais com baixos títulos <strong>de</strong> vapor.


147<br />

(a)<br />

(b)


148<br />

(c)<br />

(d)


149<br />

(e)<br />

(f)<br />

Figura 5.6: Comparação dos resultados experimentais para a queda <strong>de</strong><br />

pressão por atrito com mo<strong>de</strong>los da literatura.


150<br />

5.3 RESULTADOS PARA A TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />

Uma característica importante dos dados apresentados nesta seção<br />

diz respeito à forma <strong>de</strong> resfriamento da superfície <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação.<br />

Mesmo a remoção <strong>de</strong> calor sendo efetuada por três resfriadores Peltiers<br />

da mesma marca e lote <strong>de</strong> fabricação, eles apresentam eciência<br />

diferente. Em outras palavras, para uma dada condição <strong>de</strong> entrada do<br />

uido na seção <strong>de</strong> teste, cada um dos três resfriadores remove potências<br />

diferentes. A Figura 5.7 apresenta os resultados obtidos para a<br />

condição <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> G = 445 kg.m −2 .s −1 e p = 9, 7 bar.<br />

Po<strong>de</strong>-se perceber que o uxo <strong>de</strong> calor varia <strong>de</strong> 23 a 31 kW.m −2<br />

para esta condição <strong>de</strong> teste. Na comparação dos dados, o uxo <strong>de</strong> calor<br />

é consi<strong>de</strong>rado o valor médio entre os três, que em praticamente todos<br />

os casos é o valor do uxo removido pelo Peltier do centro.<br />

Entretanto, pela Figura 5.7, observa-se que o <strong>de</strong>créscimo do título<br />

<strong>de</strong> vapor (gráco do topo) apresenta pouca variação <strong>de</strong> inclinação.<br />

Ou seja, a variação do uxo <strong>de</strong> calor não é suciente para alterar muito<br />

a forma com que o título <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong>cresce.<br />

Ainda na Figura 5.7, o gráco inferior apresenta as temperaturas<br />

da pare<strong>de</strong> da seção <strong>de</strong> teste e <strong>de</strong> saturação do uido. Nas quatro<br />

posições, as temperaturas da pare<strong>de</strong> são sempre muito próximas. As diferenças<br />

entre as temperaturas da pare<strong>de</strong> medidas na mesma posição z<br />

não ultrapassaram 0, 5 o em todos os testes. Isso po<strong>de</strong> ser um indício <strong>de</strong><br />

que a distribuição <strong>de</strong> vazões nos diferentes canais ten<strong>de</strong> a ser uniforme.<br />

Além disso, po<strong>de</strong>-se notar que a diferença entre as temperaturas do<br />

uido e da pare<strong>de</strong> é muito pequena na primeira posição medida. Esse<br />

fato gera altos valores <strong>de</strong> incerteza experimental para os h's medidos<br />

(apresentada no Apêndice F) em z = 15 mm, como po<strong>de</strong> ser observado<br />

no gráco do centro.<br />

O gráco do centro da Figura 5.7 apresenta os coecientes <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor por con<strong>de</strong>nsação nas quatro posições, calculados<br />

utilizando-se a média entre as três temperaturas medidas em cada<br />

posição z. Assim como relatado no parágrafo anterior, a incerteza experimental<br />

diminui à medida que se distancia da entrada do tubo. Isso<br />

<strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que a diferença entre as temperaturas do uido e da<br />

pare<strong>de</strong> cresce ao longo da seção <strong>de</strong> teste.


151<br />

Figura 5.7: Temperaturas, h e título <strong>de</strong> vapor em função da posição<br />

na seção <strong>de</strong> teste e do uxo <strong>de</strong> calor para G = 445 kg.m −2 .s −1 e p =<br />

8, 4 bar.<br />

5.3.1 Efeito do Título <strong>de</strong> Vapor<br />

A inuência do título <strong>de</strong> vapor sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor durante a con<strong>de</strong>nsação é analisada para uma <strong>de</strong>terminada<br />

condição <strong>de</strong> teste, aproveitando-se das medições <strong>de</strong> temperatura da pare<strong>de</strong><br />

do canal nas quatro diferentes posições. As Figuras 5.8 apresentam<br />

os resultados para quatro condições <strong>de</strong> teste distintas, on<strong>de</strong> se observa


152<br />

que esses efeitos são muito similares. É importante ressaltar que as<br />

<strong>de</strong>mais condições testadas, e não apresentadas aqui, mostram sempre<br />

as mesmas tendências.<br />

(a)<br />

(b)


153<br />

(c)<br />

(d)<br />

Figura 5.8: Inuência do título <strong>de</strong> vapor sobre o h para diferentes<br />

condições.


154<br />

Analisando-se a Figura 5.8 po<strong>de</strong>-se concluir que o título <strong>de</strong> vapor<br />

exerce inuência signicativa no coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor,<br />

principalmente para altos títulos <strong>de</strong> vapor. De fato, nesses pontos é<br />

evi<strong>de</strong>nte o padrão <strong>de</strong> escoamento anular, on<strong>de</strong> a espessura da película<br />

con<strong>de</strong>nsada apresenta a maior resistência térmica à transferência <strong>de</strong><br />

calor, dominando esse fenômeno. Assim, quanto maior a quantida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado (menor título) mais <strong>de</strong>gradado é o valor do CTC.<br />

O comportamento do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor é muito<br />

similar para todas as condições, apresentando sempre uma queda acentuada<br />

no início da seção <strong>de</strong> teste (títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados) e<br />

ten<strong>de</strong>ndo a estabilizar-se para x v mais baixo, quando a película <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nsado torna-se mais espessa.<br />

As guras 5.8b e c apresentam um pequeno aumento do h no<br />

ponto <strong>de</strong> menor título <strong>de</strong> vapor. Essa característica po<strong>de</strong> indicar uma<br />

transição <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> escoamento. Como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido<br />

con<strong>de</strong>nsado já é alta, o vapor escoa com velocida<strong>de</strong> muito elevada.<br />

Este fato po<strong>de</strong> gerar a formação <strong>de</strong> ondas na interface vapor-líquido,<br />

em função do gran<strong>de</strong> fator <strong>de</strong> escorregamento, S, causando um pequeno<br />

aumento do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor.<br />

5.3.2 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica<br />

No presente trabalho, encontrou-se uma clara inuência da velocida<strong>de</strong><br />

mássica, G, na faixa <strong>de</strong> 230 kg.m −2 .s −1 a 445 kg.m −2 .s −1 ,<br />

sobre o h. Nos grácos apresentados na Figura 5.9, é mostrado que o<br />

CTC sempre aumenta com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica e que este<br />

efeito torna-se mais acentuado para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados (G<br />

≥ 335 kg.m −2 .s −1 ).<br />

(a)<br />

(b)


155<br />

(c)<br />

(d)<br />

Figura 5.9: Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre o h em função da<br />

posição na seção <strong>de</strong> teste (a e c) e do título <strong>de</strong> vapor (b e d) para duas<br />

diferentes condições <strong>de</strong> teste.<br />

Po<strong>de</strong>-se explicar esse fenômeno baseando-se no padrão <strong>de</strong> escoamento<br />

anular, que ocorre nos casos, acima consi<strong>de</strong>rados. Como relatado<br />

anteriormente, a resistência à transferência <strong>de</strong> calor através da película<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado domina o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor em um escoamento<br />

em con<strong>de</strong>nsação no regime anular. Todavia, quando essa<br />

película <strong>de</strong> líquido é muito na - alto título <strong>de</strong> vapor, os outros mecanismos<br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor também exercem papel importante<br />

(ver página 51). Como apresentado na Seção 2.4.2, além da condução<br />

<strong>de</strong> calor através da película, a transferência <strong>de</strong> calor por convecção nas<br />

interfaces sólido-líquido e líquido-vapor são mecanismos presentes no<br />

escoamento em película.<br />

A Figura 5.10 apresenta as curvas do número <strong>de</strong> Reynolds do escoamento<br />

<strong>de</strong> líquido, Re l , no interior <strong>de</strong> um microcanal, para as quatro<br />

velocida<strong>de</strong>s mássicas testadas, nas mesmas condições apresentadas na<br />

Figura 5.9c e 5.9d.<br />

Segundo a Figura 5.10, para <strong>de</strong>terminado título <strong>de</strong> vapor, o número<br />

<strong>de</strong> Reynolds da fase líquida aumenta com a velocida<strong>de</strong> mássica.<br />

Dessa maneira, a advecção <strong>de</strong>sse con<strong>de</strong>nsado aumenta, elevando a capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor do escoamento bifásico para a pare<strong>de</strong><br />

dos microcanais. Para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados, a transferência<br />

<strong>de</strong> calor por convecção entre a pare<strong>de</strong> da tubulação e a película con<strong>de</strong>nsada,<br />

po<strong>de</strong> representar um papel importante no calor total removido<br />

do uido.<br />

Todavia, com o <strong>de</strong>créscimo do título <strong>de</strong> vapor, a espessura da película<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado aumenta, o que eleva o valor da resistência térmica


156<br />

Figura 5.10: Números <strong>de</strong> Reynolds da fase líquida para as mesmas<br />

condições <strong>de</strong> teste apresentadas nas Figuras 5.9c e 5.9d.<br />

à condução <strong>de</strong> calor através da mesma. Nesse caso, a convecção entre a<br />

pare<strong>de</strong> da tubulação e o líquido con<strong>de</strong>nsado, exerce papel pouco importante<br />

na transferência <strong>de</strong> calor. Quando essa película torna-se espessa,<br />

então, a inuência da velocida<strong>de</strong> mássica no coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor tem seu papel diminuído, por apresentar uma resistência térmica<br />

à transferência <strong>de</strong> calor muito menor que a resistência apresentada<br />

pela condução <strong>de</strong> calor através da película.<br />

5.3.3 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor<br />

Como foi visto, na Seção 2.11.6, o efeito do uxo <strong>de</strong> calor sobre o<br />

coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor não é muito claro na con<strong>de</strong>nsação<br />

em microcanais. A Figura 5.11 apresenta o efeito do uxo <strong>de</strong> calor<br />

médio removido pelos resfriadores Peltier sobre a transferência <strong>de</strong> calor<br />

para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> teste. Na Figura 5.11a, o eixo das<br />

abcissas é a distância da entrada da seção <strong>de</strong> teste, enquanto que na<br />

Figura 5.11b, o eixo horizontal tem como variável o título <strong>de</strong> vapor,<br />

x v . As <strong>de</strong>mais condições testadas apresentam comportamento muito<br />

semelhante aos apresentados na Figura 5.11.


157<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 5.11: Inuência do uxo <strong>de</strong> calor médio sobre o h para diferentes<br />

condições em função <strong>de</strong>: a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor<br />

Na Figura 5.11a, para todas as posições on<strong>de</strong> a temperatura da<br />

pare<strong>de</strong> é medida, o h aumenta com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor. Todavia,<br />

pela Figura 5.11b, percebe-se que esse efeito ocorre com clareza,<br />

somente para x v < 0, 90.<br />

Analisando-se a inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre o h em função<br />

do título <strong>de</strong> vapor, Figura 5.11b, nota-se que, para x v > 0, 90, não é<br />

clara esta <strong>de</strong>pendência, pois as diferenças entre os hs para cada uxo <strong>de</strong><br />

calor estão na faixa <strong>de</strong> incerteza experimental para o h. Para x v < 0, 90,<br />

todavia, a Figura 5.11b apresenta a tendência <strong>de</strong> que o CTC aumenta<br />

com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor, para um mesmo título <strong>de</strong> vapor.<br />

Po<strong>de</strong>-se concluir, para títulos <strong>de</strong> vapor menores do que 0, 90, que para<br />

uma mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado, o h é maior quando o<br />

uxo <strong>de</strong> calor é mais baixo.<br />

A análise <strong>de</strong>sta tendência <strong>de</strong> resultados do h em função do título<br />

<strong>de</strong> vapor, para diferentes uxos <strong>de</strong> calor, também po<strong>de</strong> ser enriquecida<br />

ao se consi<strong>de</strong>rar o comportamento da temperatura da pare<strong>de</strong> da<br />

tubulação para diferentes uxos <strong>de</strong> calor. Quanto maior o uxo <strong>de</strong><br />

calor, menor é a temperatura da pare<strong>de</strong> da tubulação. A Figura 5.12<br />

apresenta essa tendência, on<strong>de</strong> as médias locais das temperaturas da<br />

pare<strong>de</strong> da tubulação medidas estão plotadas em função do título <strong>de</strong><br />

vapor local.<br />

O aumento da temperatura da pare<strong>de</strong> - causado pela diminuição<br />

<strong>de</strong> q ′′ , causa o aumento da temperatura do líquido con<strong>de</strong>nsado. Isso<br />

gera um acréscimo na condutivida<strong>de</strong> térmica do mesmo, aumentando,<br />

assim, a condução <strong>de</strong> calor pela película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado e a melhora<br />

do h. Além disso, aumentando-se a temperatura do líquido, tem-se a


158<br />

Figura 5.12: Médias locais das temperaturas da pare<strong>de</strong> em função do<br />

título <strong>de</strong> vapor para as mesmas condições <strong>de</strong> teste apresentadas na<br />

Figura 5.11.<br />

diminuição da massa especíca do líquido, que diminui a espessura <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nsado (menor volume ocupado por ele), contribuindo, também,<br />

para a melhora do h.<br />

5.3.4 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação<br />

A inuência da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong> trabalho<br />

sobre o h é apresentada nas Figuras 5.13 e 5.14 para duas diferentes<br />

condições <strong>de</strong> teste.<br />

Em ambas as guras apresentadas nessa seção, ca claro que a<br />

pressão não exerce inuência signicativa sobre o h, para as condições<br />

testadas no trabalho.<br />

O que ocorre, nesse caso, é uma compensação entre os efeitos das<br />

proprieda<strong>de</strong>s da película líquida e das características do escoamento.<br />

Diferentemente do que acontecia na seção anterior, quando somente<br />

a temperatura do líquido era inuenciada pela variação do uxo <strong>de</strong><br />

calor, o aumento da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido é percebido<br />

pelo vapor também. Po<strong>de</strong>m-se consi<strong>de</strong>rar as mesmas consequências<br />

citadas na seção anterior, sobre o aumento da temperatura da pare<strong>de</strong>


159<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 5.13: Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />

o h para G = 230 kg.m −2 .s −1 e q ′′ m = 21 kW.m −2 em função <strong>de</strong>: a)<br />

posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.<br />

(a)<br />

(b)<br />

Figura 5.14: Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />

o h para G = 335 kg.m −2 .s −1 e q ′′ m = 24 kW.m −2 em função <strong>de</strong>: a)<br />

posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.


160<br />

para o líquido. Ou seja, o aumento da temperatura ten<strong>de</strong> a causar uma<br />

melhora do CTC em função do aumento da condução <strong>de</strong> calor pela<br />

película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado.<br />

Em contrapartida, o aumento da temperatura causa redução na<br />

velocida<strong>de</strong> do vapor e aumento na do líquido. Como consequência disso,<br />

o fator <strong>de</strong> escorregamento, S, é reduzido, assim como a espessura da<br />

película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, o que contribui para a diminuição do h. Para<br />

se ter uma idéia <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, aumentando-se a pressão <strong>de</strong><br />

7, 4 bar para 9, 7 bar, o fator <strong>de</strong> escorregamento diminui em quase três<br />

vezes. Menor fator <strong>de</strong> escorregamento signica menor atrito interfacial<br />

entre líquido e vapor. No regime anular misto, as gotas <strong>de</strong> líquido<br />

presentes no núcleo <strong>de</strong> vapor são arrancadas da película líquida, em<br />

função do cisalhamento entre o vapor e a própria película. Como esse<br />

cisalhamento diminui com a redução do fator <strong>de</strong> escorregamento, o que<br />

se tem é uma menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gotas no núcleo <strong>de</strong> vapor, e maior<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado na pare<strong>de</strong> do tubo, diminuindo o<br />

valor do CTC.<br />

5.3.5 Comparação com Mo<strong>de</strong>los<br />

Nesta seção serão apresentadas as comparações entre os dados<br />

obtidos experimentalmente com mo<strong>de</strong>los teóricos para o coeciente <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor por convecção na con<strong>de</strong>nsação. Os mo<strong>de</strong>los utilizados<br />

na comparação foram <strong>de</strong>scritos na Seção 2.11 e <strong>de</strong>senvolvidos<br />

para diferentes condições. Os grácos apresentados na Figura 5.15 mostram<br />

tais comparações, juntamente com o valor da incerteza absoluta<br />

média, IAM, em relação aos dados experimentais, a qual é <strong>de</strong>nida da<br />

seguinte forma:<br />

∣ IAM =<br />

h Experimental − h Mo<strong>de</strong>lo ∣∣∣<br />

∣<br />

∗ 100 (5.2)<br />

h Experimental<br />

on<strong>de</strong> h Experimental e h Mo<strong>de</strong>lo representam os coecientes <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação experimental e o obtido através do mo<strong>de</strong>lo<br />

ou correlação, respectivamente.<br />

Po<strong>de</strong>-se notar a ausência das correlações propostas por Yan e<br />

Lin (1999) e <strong>de</strong> Bandhauer, Agarwall e Garimella (2006) as quais apresentaram<br />

mais <strong>de</strong> 100% <strong>de</strong> incerteza quando comparadas aos dados<br />

experimentais. A primeira <strong>de</strong>las, apesar <strong>de</strong> ter sido proposta para canais<br />

com pequenos diâmetros (2 mm, no caso), foi <strong>de</strong>senvolvida para<br />

baixas velocida<strong>de</strong>s mássicas (entre 100 e 200 kg.m −2 .s −1 ). Além disso,


161<br />

(a)<br />

(b)


162<br />

(c)<br />

(d)


163<br />

(e)<br />

(f)


164<br />

(g)<br />

(h)<br />

Figura 5.15: Comparação dos resultados experimentais para a transferência<br />

<strong>de</strong> calor com mo<strong>de</strong>los da literatura.


165<br />

esse mo<strong>de</strong>lo foi baseado em dados obtidos para escoamento intermitente,<br />

que como po<strong>de</strong> ser observado na Figura 5.1 não é o caso dos<br />

resultados obtidos nesse trabalho.<br />

Já o mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto por Bandhauer, Agarwall e<br />

Garimella (2006), foi <strong>de</strong>senvolvido para uma ampla faixa <strong>de</strong> diâmetros<br />

e velocida<strong>de</strong>s mássicas, englobando diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento<br />

para o mesmo uido <strong>de</strong> trabalho utilizado nesse experimento. A correlação<br />

é função da espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, a qual, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

da fração <strong>de</strong> vazio. Segundo os autores, a fração <strong>de</strong> vazio <strong>de</strong>ve ser calculada<br />

através da correlação <strong>de</strong> Baroczy (1965). Talvez esse possa ser<br />

o problema da correlação: a incerteza na avaliação da espessura <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nsado.<br />

A formulação que apresentou melhores resultados foi o mo<strong>de</strong>lo<br />

semi-empírico proposto por Cavallini et al. (2006), mostrado na Figura<br />

5.15a, com IAM = 19, 5%. Não por acaso, tal mo<strong>de</strong>lo foi proposto<br />

para predizer o h <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação nos regimes anular e anular misto,<br />

para uidos refrigerantes. Esse mo<strong>de</strong>lo é o único que contabiliza as gotículas<br />

<strong>de</strong> líquido que escoam no núcleo <strong>de</strong> vapor, no escoamento misto.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Cavallini et al. (2006) somente não funcionou bem para<br />

os CTC's mais elevados. Nesse caso, esses pontos apresentam gran<strong>de</strong>s<br />

incertezas experimentais, pois são relativos à diferenças <strong>de</strong> temperatura<br />

entre a pare<strong>de</strong> do tubo e o uido muito pequenas.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Koyama et al. (2003), apresentado na Figura 5.15b,<br />

também foi proposto para ser utilizado em microcanais com uidos refrigerantes.<br />

Seus resultados, porém, caram um pouco aquém do esperado,<br />

com incerteza absoluta média <strong>de</strong> 40%. Tal mo<strong>de</strong>lo, entretanto,<br />

não apresenta para quais regimes <strong>de</strong> escoamento a correlação é válida.<br />

A correlação <strong>de</strong> Dobson et al. (1994), Figura 5.15c, proposta<br />

para escoamento estraticado subestimou todos os valores experimentais<br />

para o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. Este resultado, já<br />

esperado, conrma o fato <strong>de</strong> que escoamentos em regime estraticado<br />

apresentam h's menores que os obtidos em escoamentos anulares, os<br />

quais apresentam espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado muito menor, intensicando<br />

a troca térmica.<br />

As <strong>de</strong>mais correlações apresentadas - <strong>de</strong> Moser, Webb e Na<br />

(1998), Figura 5.15d, Dobson e Chato (1998), Figura 5.15e, Shah<br />

(1979), Figura 5.15f, Soliman, Schuster e Berenson (1968), Figura 5.15g<br />

e Traviss, Rohsenow e Baron (1973), Figura 5.15h, foram propostas<br />

para a con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> canais convencionais e - com exceção<br />

da correlação <strong>de</strong> Dobson e Chato (1998), com IAM = 39%, subestimaram<br />

praticamente todos os resultados experimentais. Tal informação


166<br />

conrma o que já foi <strong>de</strong>scrito no Capítulo 2, sobre as diferenças existentes<br />

nos mecanismos físicos dominantes em macro e microcanais.<br />

5.4 APLICABILIDADE DA TEORIA DE NUSSELT<br />

A teoria <strong>de</strong> Nusselt para a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor estagnado em<br />

placa vertical, <strong>de</strong>scrita no Apêndice A, serve como base para diversos<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação convectiva. Todavia, as hipóteses utilizadas<br />

na sua <strong>de</strong>dução, obrigam algumas modicações para sua aplicabilida<strong>de</strong>.<br />

Uma das conclusões mais importantes que vem da <strong>de</strong>dução <strong>de</strong>ssa teoria,<br />

já mencionada nas discussões dos resultados, é a <strong>de</strong> que a única resistência<br />

à transferência <strong>de</strong> calor entre a pare<strong>de</strong> e o vapor em con<strong>de</strong>nsação<br />

diz respeito à condução <strong>de</strong> calor através da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado. A<br />

partir disso chega-se a seguinte conclusão:<br />

δ = k l<br />

(5.3)<br />

h<br />

Mo<strong>de</strong>los baseados nessa teoria, - por exemplo Bandhauer,<br />

Agarwall e Garimella (2006) e Cavallini et al. (2006), todavia com a<br />

consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que o escoamento da película con<strong>de</strong>nsada é turbulento,<br />

concordam que o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente da espessura da película con<strong>de</strong>nsada. A Eq. 2.107<br />

apresenta uma forma simples <strong>de</strong> estimar a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado em<br />

um escoamento anular. A Figura 5.16 apresenta a comparação entre<br />

os valores <strong>de</strong> δ obtidos experimentalmente baseados na Eq. 5.3, pela<br />

teoria <strong>de</strong> Nusselt, Eq. A.14, e os calculados a partir da Eq. 2.107 7 ,<br />

utilizando as correlações para a fração <strong>de</strong> vazio propostas por Baroczy<br />

(1965), Graham (1998) e utilizando-se o mo<strong>de</strong>lo homogêneo (Eq. 2.32).<br />

Da Figura 5.16 conclui-se, primeiramente, que a espessura <strong>de</strong><br />

con<strong>de</strong>nsado calculada pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt superestima muito os valores<br />

experimentais. Esse resultado era <strong>de</strong> se esperar, visto que a teoria<br />

<strong>de</strong> Nusselt baseia-se na hipótese <strong>de</strong> que a tensão cisalhante na interface<br />

líquido-vapor é nula. Ou seja, consi<strong>de</strong>ra que o vapor escoa com velocida<strong>de</strong><br />

muito baixa. Essa hipótese não é nem um pouco razoável para<br />

a con<strong>de</strong>nsação convectiva, visto que a velocida<strong>de</strong> do vapor é gran<strong>de</strong>,<br />

causando menor espessura <strong>de</strong> película, como mostrado na Figura 5.16<br />

O valor <strong>de</strong> δ calculado através da fração <strong>de</strong> vazio estimada pelo<br />

mo<strong>de</strong>lo homogêneo, apresenta resultados opostos. O mo<strong>de</strong>lo homogê-<br />

7 Cabe lembrar que a Eq. 2.107 consi<strong>de</strong>ra escoamento anular puro, ou seja, sem<br />

gotas <strong>de</strong> líquido dispersas no núcleo <strong>de</strong> vapor


167<br />

Figura 5.16: Comparação entre as espessuras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado calculadas<br />

através <strong>de</strong> diferentes formulações.<br />

neo subestimou a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, o que signica que a fração<br />

<strong>de</strong> vazio predita por esse mo<strong>de</strong>lo é maior do que a real.<br />

As espessuras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado calculadas utilizando-se as frações<br />

<strong>de</strong> vazio propostas por Baroczy (1965) e Graham (1998) apresentaram<br />

bons resultados. Com IAM = 14%, a correlação <strong>de</strong> Graham (1998),<br />

<strong>de</strong>senvolvida para a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> uidos refrigerantes, mostrou-se<br />

bem eciente na predição da fração <strong>de</strong> vazio. Tal resultado mostra<br />

que, a fração <strong>de</strong> vazio durante a con<strong>de</strong>nsação é melhor prevista por<br />

correlações <strong>de</strong>senvolvidas para esse fenômeno.<br />

Como já discutido nesse capítulo, a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que a resistência<br />

térmica à condução <strong>de</strong> calor na película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado é a resistência<br />

dominante à transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação em regime<br />

anular, é altamente aceitável. Na Seção 5.3.2 foi discutido, também,<br />

que para títulos muito elevados, essa consi<strong>de</strong>ração é menos acertada,<br />

visto que nessas condições, a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado é tão na a ponto<br />

<strong>de</strong> a convecção exercer papel importante na transferência <strong>de</strong> calor. Esse<br />

fato é conrmado analisando-se a Figura 5.16, on<strong>de</strong> para títulos muito<br />

elevados, a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado obtida experimentalmente é menor<br />

que calculada pelos mo<strong>de</strong>los teóricos <strong>de</strong> fração <strong>de</strong> vazio. Ou seja, <strong>de</strong><br />

fato, é provável que nesses pontos <strong>de</strong> maior título, a Eq. 5.3 torna-se


168<br />

incorreta, pois a resistência à troca <strong>de</strong> calor por convecção apresenta<br />

or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za semelhante à representada pela condução <strong>de</strong> calor<br />

pela película.<br />

5.5 RESUMO<br />

Neste capítulo, foram caracterizadas as condições <strong>de</strong> teste e analisadas<br />

as inuências do título <strong>de</strong> vapor, da velocida<strong>de</strong> mássica, do uxo<br />

<strong>de</strong> calor e da pressão <strong>de</strong> saturação do uido sobre a queda <strong>de</strong> pressão<br />

e o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor,h, na con<strong>de</strong>nsação do R-134a<br />

em microcanais paralelos, as quais são mostradas na Tabela 5.1. Os<br />

mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>scritos no Capítulo 2 para a predição do CTC, da queda <strong>de</strong><br />

pressão por atrito e da fração <strong>de</strong> vazio também foram testados.<br />

As condições testadas são equivalentes às previstas pelos regimes<br />

anular e misto, no mapa <strong>de</strong> padrões proposto por Coleman e Garimella.<br />

A queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito apresentou redução com o aumento<br />

da temperatura <strong>de</strong> saturação. Em contrapartida, ∆p atrito aumentou<br />

com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica. O uxo <strong>de</strong> calor não mostrou<br />

efeito aparente sobre a queda <strong>de</strong> pressão.<br />

Os resultados indicam que o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />

na con<strong>de</strong>nsação diminui com a diminuição do título <strong>de</strong> vapor até um<br />

certo valor (<strong>de</strong> 0,9 a 0,7, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da condição), tornando-se, em seguida,<br />

constante. O CTC aumenta com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor,<br />

para x v < 0, 9. Ao contrário disso, o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica<br />

gera h's maiores, principalmente para títulos mais elevados. Em contrapartida,<br />

o h mostrou não sofrer inuência da pressão nas condições<br />

testadas. A consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que a resistência térmica à transferência<br />

<strong>de</strong> calor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fundamentalmente da condução <strong>de</strong> calor pelo con<strong>de</strong>nsado,<br />

mostrou-se a<strong>de</strong>quada para x v < 0, 95, on<strong>de</strong> a espessura é<br />

consi<strong>de</strong>rável.<br />

Na comparação dos dados experimentais com os mo<strong>de</strong>los teóricos<br />

para a queda <strong>de</strong> pressão, pô<strong>de</strong>-se observar que os mo<strong>de</strong>los clássicos,<br />

<strong>de</strong>senvolvidos para escoamentos adiabáticos em canais convencionais,<br />

funcionam bem na con<strong>de</strong>nsação em microcanais. O mo<strong>de</strong>lo proposto<br />

por Cavallini et al. (2006), <strong>de</strong>senvolvido para a con<strong>de</strong>nsação, foi o que<br />

apresentou os melhores resultados, com IAM = 8%.<br />

Na transferência <strong>de</strong> calor, todavia, os resultados mostram tendência<br />

diferente. As correlações propostas para canais convencionais,<br />

mesmo para escoamentos anulares, apresentaram resultados ruins, subestimando<br />

os h's obtidos experimentalmente. Cavallini et al. (2006)


169<br />

<strong>de</strong>senvolveram um mo<strong>de</strong>lo, cuja incerteza média em relação aos dados<br />

experimentais foi <strong>de</strong> 19,5% (o mais baixo <strong>de</strong> todos os mo<strong>de</strong>los testados).<br />

Para a fração <strong>de</strong> vazio, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido por Graham<br />

(1998), para a con<strong>de</strong>nsação com uidos refrigerantes, mostrou-se muito<br />

bom, apresentando IAM = 14%. Os mo<strong>de</strong>los propostos para escoamentos<br />

adiabáticos, entretanto, não alcançaram o mesmo sucesso.<br />

Tabela 5.1: Resumo dos resultados obtidos experimentalmente sobre a<br />

inuência das variáveis sobre a ∆p e o h .<br />

⇑ G ⇑ x v ⇑ T ⇑ q ′′<br />

⇑ ∆p - ⇓ ∆p sem efeito<br />

⇑ h ⇑ h sem efeito ⇓ h (para x v < 0, 9)


170


171<br />

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />

Neste trabalho foram apresentados os resultados experimentais<br />

obtidos para o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e para a queda<br />

<strong>de</strong> pressão na con<strong>de</strong>nsação em oito microcanais paralelos, com D =<br />

0, 8 mm. As seguintes condições <strong>de</strong> teste foram utilizadas: 0, 55 <<br />

x v < 1; 7, 3 bar < p < 9, 7 bar; 28 o C < T f < 38 o C; 17 kW.m −2 < q ′′ <<br />

53 kW.m −2 e 230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1 . A bancada experimental<br />

construída, no presente mestrado, permitiu a con<strong>de</strong>nsação<br />

do R-134a com a utilização <strong>de</strong> resfriadores do tipo Peltier. Os resultados<br />

experimentais para a queda <strong>de</strong> pressão permitem as seguintes<br />

conclusões:<br />

• De todas as parcelas consi<strong>de</strong>radas na queda <strong>de</strong> pressão entre os<br />

manifolds da seção <strong>de</strong> teste, a <strong>de</strong> atrito representa em média 94%<br />

da queda <strong>de</strong> pressão total.<br />

• A queda <strong>de</strong> pressão por atrito apresentou aumento com o acréscimo<br />

da velocida<strong>de</strong> mássica do escoamento.<br />

• O uxo <strong>de</strong> calor não apresentou efeito sobre a queda <strong>de</strong> pressão<br />

nas condições analisadas.<br />

• A queda <strong>de</strong> pressão apresentou aumento com a diminuição da<br />

temperatura (pressão) <strong>de</strong> saturação do R-134a nos testes efetuados.<br />

• A queda <strong>de</strong> pressão calculada através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e correlações<br />

mostrou que mesmo formulações para escoamentos adiabáticos<br />

em canais convencionais, conseguem predizer com boa aproximação<br />

a queda <strong>de</strong> pressão no escoamento em con<strong>de</strong>nsação em<br />

microcanais.<br />

• O mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto por Cavallini et al. (2006), <strong>de</strong>senvolvido<br />

para a con<strong>de</strong>nsação, foi o que apresentou os melhores<br />

resultados, com IAM = 8%.<br />

Os resultados experimentais obtidos para a transferência <strong>de</strong> calor<br />

permitem concluir que:<br />

• A transferência <strong>de</strong> calor no escoamento em con<strong>de</strong>nsação, em regime<br />

anular, é dominada pela condução <strong>de</strong> calor através da película<br />

<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, δ, principalmente para títulos <strong>de</strong> vapor<br />

abaixo <strong>de</strong> 0, 95.


172<br />

• A estimativa da espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, apresenta fundamental<br />

importância na avaliação do h. O cálculo <strong>de</strong> δ utilizando-se<br />

o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt superestimou os valores obtidos experimentalmente,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se que a resistência à condução na película<br />

domina o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. O cálculo<br />

<strong>de</strong> δ utilizando a correlação para fração <strong>de</strong> vazio proposta por<br />

Graham (1998) apresentou bons resultados, principalmente para<br />

x v < 0, 95.<br />

• O coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor no interior dos microcanais<br />

aumenta com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica, G, principalmente<br />

para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados.<br />

• O h diminui com o <strong>de</strong>créscimo do título <strong>de</strong> vapor até um certo<br />

valor (entre 0, 9 a 0, 7, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da condição <strong>de</strong> teste) e <strong>de</strong>pois<br />

ten<strong>de</strong> a permanecer constante.<br />

• A temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong> trabalho não apresentou<br />

inuência perceptível sobre o h nos testes realizados.<br />

• O CTC apresentou aumento com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor<br />

para x v < 0, 9.<br />

• Os mo<strong>de</strong>los e correlações propostos para canais convencionais não<br />

apresentaram resultados satisfatórios na predição dos h's em microcanais.<br />

• O mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto por Cavallini et al. (2006) foi o<br />

que melhor previu os dados experimentais, apresentando incerteza<br />

média <strong>de</strong> 19,5%.<br />

Como recomendação para trabalhos futuros na con<strong>de</strong>nsação em<br />

microcanais sugere-se:<br />

• Realização <strong>de</strong> testes utilizando diferentes uidos e com a seção <strong>de</strong><br />

teste na posição vertical.<br />

• Efetuar testes para uxos <strong>de</strong> calor mais elevados, a m <strong>de</strong> se obter<br />

menores títulos <strong>de</strong> vapor na saída da seção <strong>de</strong> teste.<br />

• Utilizar microcanais com diferentes seções transversais, a m <strong>de</strong><br />

se estudar o efeito da tensão supercial em seções com cantos<br />

vivos e do diâmetro sobre o h e a queda <strong>de</strong> pressão.


173<br />

• Utilizar superfícies recobertas com materiais hidrofóbicos, para<br />

tentar se obter a con<strong>de</strong>nsação em gotas e analisar, assim, seu<br />

efeito sobre o h.<br />

• Realizar um estudo que permita a visualização do fenômeno da<br />

con<strong>de</strong>nsação em microcanais, utilizando uma câmera <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>.


174


175<br />

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182


APÊNDICE A -- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt


185<br />

No ano <strong>de</strong> 1916, Wilhelm Nusselt propôs um mo<strong>de</strong>lo analítico<br />

para a transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor saturado, em repouso,<br />

sobre superfícies verticais. Esse mo<strong>de</strong>lo é baseado nas seguintes<br />

simplicações:<br />

a) Velocida<strong>de</strong> do vapor e da película líquida muito baixas;<br />

b) Espessura da película líquida muito pequena;<br />

c) O vapor encontra-se na temperatura <strong>de</strong> saturação.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se o problema <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação mostrado na Figura<br />

A.1, em regime permanente, po<strong>de</strong>-se escrever um simples balanço<br />

<strong>de</strong> força na direção x, sobre um elemento innitesimal da película,<br />

mostrado na mesma gura, da seguinte forma:<br />

Figura A.1: Con<strong>de</strong>nsação sobre uma pare<strong>de</strong> vertica <strong>de</strong> largura b.<br />

τ y+∆y ∆xb − τ y ∆xb + p x ∆yb − p x+∆x ∆yb + ρ l g∆V = 0 (A.1)<br />

Dividindo-se a Eq. A.1 pelo elemento <strong>de</strong> volume ∆V<br />

rearranjando a equação, chega-se a:<br />

= ∆x∆yb e<br />

τ y+∆y − τ y<br />

∆y<br />

+ p x − p x+∆x<br />

∆x<br />

No limite, quando ∆y, ∆x → 0, tem-se:<br />

= −ρ l g (A.2)


186<br />

∂τ<br />

∂y + ∂p<br />

∂x = −ρ lg<br />

(A.3)<br />

Através <strong>de</strong> um balanço simples na direção y nota-se que ∂p/∂y = 0.<br />

Da equação fundamental <strong>de</strong> hidrostática, na fase vapor, e consi<strong>de</strong>rando,<br />

como aproximação, que o gradiente <strong>de</strong> pressão na fase líquida na direção<br />

x é igual ao mesmo gradiente na fase vapor, então:<br />

∂p<br />

∂x = dp v<br />

dx = −ρ vg<br />

(A.4)<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se o con<strong>de</strong>nsado como um uido Newtoniano,<br />

po<strong>de</strong>-se escrever:<br />

∂u<br />

τ = µ l (A.5)<br />

∂y<br />

on<strong>de</strong> µ l e u representam a viscosida<strong>de</strong> dinâmica e a velocida<strong>de</strong>, respectivamente,<br />

do líquido con<strong>de</strong>nsado. Substituindo na Eq. A.3, obtêm-se:<br />

∂ 2 u<br />

∂y 2 = −(ρ l − ρ v ) g<br />

µ l<br />

(A.6)<br />

Integrando-se a Eq. A.6 e assumindo-se massa especíca e viscosida<strong>de</strong><br />

constantes, obtêm-se um perl <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> parabólico, on<strong>de</strong>:<br />

u = − (ρ l − ρ v ) g<br />

2µ l<br />

y 2 + C 1 y + C 2 (A.7)<br />

Para <strong>de</strong>terminar-se as constantes C 1 e C 2 , utilizam-se as seguintes<br />

condições <strong>de</strong> contorno:<br />

• y = 0 → u = 0<br />

• y = δ → ∂u/∂y = 0 ; hipótese (a)<br />

Com essas condições, a Eq. A.7, toma a seguinte forma:<br />

u = g (ρ [<br />

l − ρ v ) y<br />

δ 2<br />

µ l δ − 1 ( ) ]<br />

y<br />

2<br />

2 δ<br />

(A.8)<br />

Po<strong>de</strong>-se obter a taxa <strong>de</strong> vazão mássica, ou taxa <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado,<br />

da seguinte forma:<br />

ṁ =<br />

∫ δ<br />

0<br />

u (ρ l − ρ v ) bδ = ρ l (ρ l − ρ v ) gb<br />

3µ l<br />

δ 3 (A.9)


187<br />

Derivando-se a equação acima em relação à δ, obtem-se:<br />

dṁ<br />

dδ = ρ l (ρ l − ρ v ) gb<br />

µ l<br />

δ 2 (A.10)<br />

Da simplicação (I), consi<strong>de</strong>ra-se que a transferência <strong>de</strong> calor<br />

através da película dá-se, somente, por condução, negligenciando-se os<br />

efeitos convectivos. Assim, o uxo <strong>de</strong> calor que atravessa um elemento<br />

innitesimal (com ∆x → 0) da película na direção y, dq, po<strong>de</strong> ser<br />

representado da seguinte maneira:<br />

dq = k l (T sat − T p )<br />

dxb<br />

(A.11)<br />

δ<br />

on<strong>de</strong> T sat e T p representam as temperaturas <strong>de</strong> saturação do vapor e<br />

da pare<strong>de</strong>, respectivamente. Da simplicação (III), po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar<br />

que o calor removido pelo líquido na interface líquido-vapor em um<br />

elemento innitesimal, é totalmente <strong>de</strong>vido à mudança <strong>de</strong> fase:<br />

dq = i lv dṁ<br />

(A.12)<br />

on<strong>de</strong> i lv representa a entalpia <strong>de</strong> vaporização do uido.<br />

Combinando as Eqs. A.10, A.11 e A.12, a seguinte equação<br />

diferencial para δ é obtida:<br />

dδ<br />

dx = k lµ l (T sat − T p )<br />

ρ l (ρ l − ρ v ) gi lv δ 3<br />

(A.13)<br />

Integrando a Eq. A.13 entre 0 < x < δ, para δ = 0 em x = 0,<br />

chega-se a:<br />

δ x =<br />

[ 4kl µ l x (T sat − T p )<br />

ρ l (ρ l − ρ v ) gi lv<br />

] 1/4<br />

(A.14)<br />

Como a transferência <strong>de</strong> calor através da película é consi<strong>de</strong>rada<br />

apenas em função da condução <strong>de</strong> calor, po<strong>de</strong>mos escrever que todo o<br />

calor removido na interface pare<strong>de</strong>-líquido é proveniente da condução<br />

<strong>de</strong> calor através da película. Assim:<br />

q ′′ = h l (T sat − T p ) = k l (T sat − T p )<br />

(A.15)<br />

δ<br />

on<strong>de</strong> h l representa o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção.<br />

Dessa forma:


188<br />

h l = k l<br />

(A.16)<br />

δ<br />

Utilizando-se a <strong>de</strong>nição do número <strong>de</strong> Nusselt e combinando<br />

as Eqs.A.14 e A.16, têm-se o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt para a transferência<br />

<strong>de</strong> calor por con<strong>de</strong>nsação local sobre uma placa plana, apresentado a<br />

seguir:<br />

[<br />

ρl (ρ l − ρ v ) gi lv x 3 ] 1/4<br />

Nu x =<br />

(A.17)<br />

4k l µ l (T sat − T p )<br />

Esta equação é válida para escoamento laminar na camada limite<br />

formada pela espessura <strong>de</strong> líquido. Neste caso, o número <strong>de</strong> Reynolds<br />

baseado na velocida<strong>de</strong> média do líquido, Re δ , é menor do que 30, on<strong>de</strong>:<br />

Re δ = 4ρ lu δ δ<br />

= 4gρ l (ρ l − ρ v ) δ 3<br />

(A.18)<br />

µ l 3µ 3 l<br />

on<strong>de</strong> u δ representa a velocida<strong>de</strong> média da película, em m.s −1 .<br />

No intervalo <strong>de</strong> Re δ entre 30 e 1800, a interface líquido-vapor<br />

apresenta ondulações. Com Re δ > 1800, o escoamento na película<br />

líquida é turbulento, conforme mostrado em Incropera e DeWitt (2003).


APÊNDICE B -- Dedução da Espessura da Película <strong>de</strong><br />

Con<strong>de</strong>nsado


191<br />

Escoamentos no regime anular são caracterizados pela formação<br />

<strong>de</strong> uma película líquida que cobre toda a pare<strong>de</strong> interna da tubulação,<br />

enquanto que o vapor escoa no interior <strong>de</strong>ssa película. A espessura <strong>de</strong>ssa<br />

película anular δ, é um parâmetro muito importante na <strong>de</strong>terminação<br />

do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação, visto que a<br />

condução <strong>de</strong> calor através <strong>de</strong>la representa, na maioria das vezes, a maior<br />

parcela <strong>de</strong> resistência à troca térmica, como apresentado na Seção 2.4.2.<br />

A Figura B.1 apresenta um esquema do corte transversal <strong>de</strong> um tubo<br />

circular, <strong>de</strong> raio R, no qual tem-se o regime anular.<br />

Figura B.1: Esquema <strong>de</strong> um escoamento anular no interior <strong>de</strong> uma<br />

tubulação circular<br />

Como <strong>de</strong>nido na Eq. 2.24 da página 58, a fração <strong>de</strong> vazio é a<br />

razão entre a área ocupada pelo vapor e a área transversal da tubulação.<br />

Consi<strong>de</strong>rando-se que todo o líquido con<strong>de</strong>nsado esteja na forma<br />

<strong>de</strong> película anular, como mostrado na Figura B.1, po<strong>de</strong>mos escrever a<br />

fração <strong>de</strong> vazio, α, como:<br />

rearranjando os termos:<br />

π (R − δ)2<br />

α =<br />

πR 2<br />

= R2 − 2Rδ + δ 2<br />

R 2<br />

δ 2 − (2R)δ + R 2 (1 − α) = 0<br />

(B.1)<br />

(B.2)


192<br />

Têm-se, então, uma equação cuja variável é a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado,<br />

δ, <strong>de</strong> segundo grau, a qual po<strong>de</strong> ser resolvida pelo método <strong>de</strong><br />

Bhaskara:<br />

δ = 2R ± √ 4R 2 − 4R 2 (1 − α)<br />

2<br />

= R ± R √ 1 − (1 − α)<br />

= R ( 1 ± √ α ) (B.3)<br />

Para que seja satisfeita a condição <strong>de</strong> que δ < R, a solução da<br />

Eq. B.2 é:<br />

δ = R ( 1 − √ α )<br />

(B.4)


APÊNDICE C -- Determinação Experimental do Diâmetro<br />

do Tubo Capilar


195<br />

Para se obter um valor preciso do diâmetro interno dos microcanais<br />

foi utilizada uma técnica similar à <strong>de</strong>scrita em Silva (2008). No<br />

trabalho em questão, assim como neste, foram confeccionadas seções<br />

<strong>de</strong> visualização. Essas são compostas <strong>de</strong> três seções <strong>de</strong> tubos capilares,<br />

as quais são encaixadas em placas <strong>de</strong> acrílico circulares, com 30 mm<br />

<strong>de</strong> diâmetro, para que os tubos permaneçam na vertical. Após isso, o<br />

conjunto é inserido em uma uma máquina <strong>de</strong> embutimento a vácuo da<br />

marca Streuers, utilizando-se uma resina epóxi especial para este m.<br />

Esse procedimento foi efetuado junto ao LMPT/<strong>UFSC</strong>. A Figura C.1<br />

mostra a fotograa da seção <strong>de</strong> visualização após o polimento. Na<br />

Figura C.2 é feita uma aproximação no capilar, o qual é totalmente<br />

preenchido com resina, condição necessária para evitar a <strong>de</strong>formação<br />

do mesmo.<br />

Figura C.1: Fotograa da seção <strong>de</strong> visualização após o embutimento.<br />

A medição do diâmetro interno foi realizada utilizando um microscópico<br />

óptico, acoplado a um micrômetro, cuja escala foi utilizada<br />

para se medir o diâmetro. Procedimento, esse, efetuado junto ao LAB-<br />

METRO/<strong>UFSC</strong>.<br />

Após 35 medidas <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> nove seções transversais dos<br />

capilares, chegou-se a um valor médio para o diâmetro interno <strong>de</strong> D =<br />

0, 77 mm, com um <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> S = 0, 03 mm. Consi<strong>de</strong>rando-


196<br />

Figura C.2: Detalhe do capilar preenchido com a resina.<br />

se a incerteza relativa ao micrômetro e ao <strong>de</strong>svio padrão da média,<br />

obteve-se um valor para a incerteza do diâmetro interno dos capilares<br />

<strong>de</strong> ±0, 01 mm, para um intervalo <strong>de</strong> conança <strong>de</strong> 95%.


APÊNDICE D -- Descrição das Tentativas <strong>de</strong> Projeto da<br />

Seção <strong>de</strong> Teste


199<br />

Antes <strong>de</strong> se obter a seção <strong>de</strong> teste utilizada nesse trabalho, foram<br />

feitas outras tentativas, que serão aqui mostradas. A primeira idéia<br />

do projeto foi a <strong>de</strong> se construir uma seção <strong>de</strong> teste com microcanais<br />

retangulares. Inicialmente, a con<strong>de</strong>nsação seria promovida não por<br />

resfriadores Peltier, mas sim, por um uido secundário (monoetileno<br />

glicol, no caso). A Figura D.1 apresenta um esquema da primeira<br />

proposta <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> teste.<br />

Figura D.1: Esquema da primeira seção <strong>de</strong> teste projetada<br />

Os microcanais, peça <strong>de</strong> cobre mostrada na Figura D.1, seria<br />

construído através da soldagem por difusão entre uma chapa usinada<br />

e outra lisa. Essa chapa usinada é mostrada nas Figuras D.2 e D.3, as<br />

quais apresentam as dimensões e uma vista isométrica da peça.<br />

Para que se tenha o estanque dos canais, uma chapa <strong>de</strong> cobre<br />

lisa, <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong> espessura, é soldada por difusão sobre a peça usinada.<br />

Difusão é um processo <strong>de</strong> soldagem on<strong>de</strong> os materiais a unir<br />

permanecem no estado sólido. A formação da junta ocorre em nível<br />

atômico, por interdifusão molecular, e o processo se dá sob condições<br />

pre<strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong> atmosfera, tempo, pressão e elevada temperatura.<br />

As Figuras D.4 e D.5 apresentam um esquema da matriz <strong>de</strong><br />

aperto das chapas e a fotograa da matriz já montada. A matriz é<br />

formada por duas chapas <strong>de</strong> aço inoxidável, on<strong>de</strong> o conjunto <strong>de</strong> peças<br />

a soldar é colocado em seu interior. O aperto das chapas é promovido<br />

por parafusos também <strong>de</strong> aço inoxidável. A pressão é necessária para<br />

garantir o contato uniforme entre as superfícies, todavia, não <strong>de</strong>ve ser<br />

alta a ponto <strong>de</strong> causar <strong>de</strong>formações macroscópicas nas peças. Geral-


200<br />

Figura D.2: Dimensões da chapa <strong>de</strong> cobre usinada.<br />

Figura D.3: Vista isométrica da chapa <strong>de</strong> cobre usinada.<br />

mente utilizam-se pressões entre 5 MPa e 40 MPa, sendo essa, função<br />

do dispositivo usado para aplicação da carga e da geometria das peças<br />

a soldar. O conjunto montado é inserido no interior <strong>de</strong> um forno com<br />

atmosfera controlada.


201<br />

Figura D.4: Esquema da montagem da matriz <strong>de</strong> aperto.<br />

A temperatura é a variável mais importante do processo, a qual<br />

é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,5 a 0,8 da temperatura <strong>de</strong> fusão do material. Elevadas<br />

temperaturas promovem o aumento da mobilida<strong>de</strong> dos átomos na interface.<br />

O tempo <strong>de</strong> permanência das peças no forno também inuencia


202<br />

Figura D.5: Fotograa da matriz <strong>de</strong> aperto montada<br />

no processo. O tempo <strong>de</strong> união po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns segundos até<br />

diversas horas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do sistema em questão e da temperatura<br />

<strong>de</strong> junção. A variável tempo está intimamente relacionada com a temperatura<br />

<strong>de</strong> processo. Antes <strong>de</strong> as peças irem ao forno, elas passam por<br />

um processo <strong>de</strong> limpeza com ácido sulfúrico. Alumina é aplicada entre<br />

as superfícies <strong>de</strong> cobre e as matrizes <strong>de</strong> aço, para evitar a soldagem<br />

entre esses materiais.<br />

Inicialmente os parafusos da matriz são submetidos a um torque<br />

inicial, e quando a matriz é colocada sob alta temperatura, o aperto<br />

entre as chapas é aumentado. Isso <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> os parafusos<br />

e as matrizes, <strong>de</strong> aço inoxidável, possuírem coecientes <strong>de</strong> expansão<br />

térmica diferentes dos das chapas a serem soldadas, <strong>de</strong> cobre. Foram<br />

testados dois diferentes apertos dos parafusos da matriz, <strong>de</strong> 8 kgf.m<br />

e 5 kgf.m em chapas usinadas especialmente para isso, sem os plena<br />

<strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> uido. Os resultados obtidos são apresentados<br />

na Figura D.6. Nela são mostradas fotograas das chapas <strong>de</strong> cobre,<br />

com 10 canais, antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> elas serem inseridas no forno para a<br />

soldagem. Utilizou-se temperatura <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 450 o C, por três<br />

horas.<br />

Como po<strong>de</strong>-se notar na Figura D.6, os resultados dos primeiros<br />

protótipos foram muito ruins. Houve um extremo amassamento dos<br />

ressaltos que separam os canais da seção <strong>de</strong> teste para dois testes realizados.<br />

Diante disso, foi efetuado um procedimento <strong>de</strong> cálculo, a m <strong>de</strong><br />

se obter um torque i<strong>de</strong>al, baseado na dilatação dos materiais e obtevese,<br />

com isso, que um torque <strong>de</strong> aperto dos parafusos seria <strong>de</strong> 2 kgf.m.


203<br />

Figura D.6: Resultados dos testes <strong>de</strong> soldagem por difusão.<br />

Assim, agora com a seção <strong>de</strong> teste completa, mostrada na Figura D.2,<br />

montou-se a matriz e foi efetuada a soldagem. Entretanto, como se<br />

po<strong>de</strong> notar na Figura D.7, on<strong>de</strong> foi recortado uma seção das chapas,<br />

não houve a união entre elas.<br />

Em alguns pontos da união, como mostra o <strong>de</strong>talhe da Figura<br />

D.7, houve uma difusão supercial apenas, mostrando que o aperto<br />

não fora suciente. Fez-se, então mais um teste <strong>de</strong> soldagem com as<br />

chapas, <strong>de</strong>ssa vez com um torque <strong>de</strong> 3 kgf.m. O resultado é mostrado<br />

na Figura D.7, a qual mostra uma fotograa da seção <strong>de</strong> teste cortada<br />

transversalmente.<br />

Na Figura D.8 po<strong>de</strong>-se perceber que houve um amassamento dos<br />

canais. Além disso, vê-se que os mesmos caram com diferentes formas<br />

geométricas. A avaliação das dimensões foi feita através da comparação<br />

das dimensões da fotograa com a escala <strong>de</strong> um paquímetro. Os<br />

valores mostrados na gura são as dimensões dos canais, em mm. A<br />

média da largura e da altura dos canais obtidas após a soldagem foi <strong>de</strong><br />

0,24 mm e 0,45 mm, respectivamente. Comparando com os valores inicias,<br />

ambos com 0,50 mm, percebe-se que houve variação nas medidas,<br />

principalmente na altura dos canais. O amassamento das superfícies<br />

externas, assinalado em vermelho, foi causado pela má distribuição da<br />

alumina sobre as chapas, cujo controle é difícil.<br />

Em vista da diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se controlar as dimensões dos canais,<br />

partiu-se para um novo projeto. Dessa vez a idéia era a <strong>de</strong> construir<br />

uma seção <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> seção transversal circular, on<strong>de</strong> os microcanais,<br />

com diâmetro interno <strong>de</strong> 0, 6 mm seriam feitos a partir <strong>de</strong> eletroerosão.<br />

A seção <strong>de</strong> teste seria construída da maneira apresentada na Figura D.9,<br />

on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>talhe dos microcanais é mostrado na FIgura D.10.<br />

A con<strong>de</strong>nsação seria promovida com a utilização <strong>de</strong> resfriadores<br />

Peltier, da mesma forma como ocorre nesse trabalho. Foi solicitada a


204<br />

Figura D.7: Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />

<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 2 kgf.m.<br />

Figura D.8: Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />

<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 3 kgf.m.


205<br />

Figura D.9: Seção <strong>de</strong> teste projetada para utilizar RPs com microcanais<br />

usinados a partir <strong>de</strong> eletroerosão.<br />

Figura D.10: Detalhe dos microcanais a serem usinados com eletroerosão.<br />

usinagem dos microcanais, todavia as empresas que tentaram efetuar<br />

esse procedimento não obtiveram sucesso. O comprimento da chapa <strong>de</strong><br />

cobre (100 mm) foi consi<strong>de</strong>rado muito gran<strong>de</strong> pelas empresas. Dessa<br />

maneira, elas não conseguiram obter o mesmo diâmetro durante toda<br />

a extensão da mesma. Após isso partiu-se para o projeto da seção<br />

utilizada nesse trabalho.


206


APÊNDICE E -- Resultados do Escoamento Monofásico <strong>de</strong><br />

Líquido


209<br />

Testes com escoamento monofásico são <strong>de</strong> extrema importância<br />

para a validação <strong>de</strong> trabalhos na área <strong>de</strong> escoamentos bifásicos. Isso<br />

ocorre pois correlações e os mo<strong>de</strong>los para queda <strong>de</strong> pressão e transferência<br />

<strong>de</strong> calor funcionam para micro e macrocanais. E há formulações<br />

propostas para escoamentos <strong>de</strong> uma única fase <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século<br />

passado.<br />

Dessa forma, os procedimentos <strong>de</strong> medição, aquisição dos dados<br />

e metodologia <strong>de</strong> cálculos são validados utilizando os resultados monofásicos.<br />

Em outras palavras, se os resultados experimentais e teóricos<br />

apresentam boa compatibilida<strong>de</strong>, a bancada e o procedimento experimental<br />

são bem fundados.<br />

As condições <strong>de</strong> teste utilizadas para a análise <strong>de</strong> escoamento<br />

monofásico englobam velocida<strong>de</strong>s mássicas mais altas que as utilizadas<br />

nos testes bifásicos. Essa escolha fundamenta-se em dois pontos: O<br />

primeiro é que a bancada não permite trabalhar com escoamento <strong>de</strong><br />

líquido apenas utilizando baixas vazões, pois a bomba opera com rotação<br />

constante. Dessa forma, não se tem um bom controle da vazão<br />

<strong>de</strong> líquido que chega à seção <strong>de</strong> teste. Em segundo lugar, os valores<br />

<strong>de</strong> h e <strong>de</strong> ∆p obtidos nos testes monofásicos são da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>za dos utilizados nos testes em con<strong>de</strong>nsação.<br />

Assim, testes monofásicos foram feitos para <strong>de</strong>z condições diferentes,<br />

que englobam:<br />

• 19, 7 o C < T inicial<br />

< 32, 5 o C<br />

• 2100 kg.m −2 .s −1<br />

< G < 3880 kg.m −2 .s −1<br />

• 8650 < Re l < 16300<br />

• 34 kW.m −2 < q ′′ < 49 kW.m −2<br />

O procedimento <strong>de</strong> cálculo é semelhante ao <strong>de</strong>scrito no Capítulo<br />

4. Na análise dos dados monofásicos serão utilizadas correlações e<br />

mo<strong>de</strong>los da literatura propostos para a queda <strong>de</strong> pressão e para a transferência<br />

<strong>de</strong> calor em tubos lisos. Isso porquê, pela Eq. 2.36, obteve-se<br />

Re lim = 98000 para D = 0, 77 e ɛ = 0, 59 com Re l < Re lim .<br />

E.1 QUEDA DE PRESSÃO<br />

A validação da abordagem do problema da queda <strong>de</strong> pressão<br />

utilizada nesse trabalho, que leva em conta as parcelas locais e <strong>de</strong> atrito,<br />

apresentada na Seção 2.10 é bastante importante. As parcelas <strong>de</strong> perdas


210<br />

locais representam aproximadamente 3 % da perda total <strong>de</strong> pressão<br />

medida. A Tabela E.1 apresenta os valores <strong>de</strong> cada parcela <strong>de</strong> perda<br />

<strong>de</strong> pressão para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> teste.<br />

Tabela E.1: Parcelas da queda <strong>de</strong> pressão para o teste com G =<br />

3520 kg.m −2 .s −1<br />

Parcela Valor (P a) Contribuição na ∆p total (%)<br />

∆p manifolds 102 0,5<br />

∆p 90 2 x 4 0,04<br />

. ∆p contração 1190 5,4<br />

∆p atrito 21445 97,3<br />

∆p expansão -596 2,7<br />

∆p total 22149 -<br />

Po<strong>de</strong>-se notar, a partir dos dados da Tabela E.1 que as únicas<br />

parcelas que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sprezadas são às referentes à mudança <strong>de</strong> direção<br />

e ao atrito nos manifolds, as quais juntas contribuem com 0, 54%<br />

no caso apresentado. Todavia, as <strong>de</strong>mais parcelas <strong>de</strong> perdas localizadas<br />

<strong>de</strong>vem ser levadas em consi<strong>de</strong>ração, pois contribuem em quase 3% da<br />

perda <strong>de</strong> carga medida. As Figuras E.1 e E.2 apresentam a comparação<br />

entre os resultados experimentais e calculados através das correlações<br />

<strong>de</strong> Blasius, Eq 2.37 e Phillips (1987), Eq 2.38 para a perda <strong>de</strong> carga<br />

nos microcanais.<br />

As Figuras E.1 e E.2 mostram que a medição da queda <strong>de</strong> pressão<br />

e a metodologia <strong>de</strong> cálculo para as perdas localizadas utilizadas<br />

na bancada são válidos. A correlação <strong>de</strong> Blasius superestimou todos<br />

os dados experimentais, apresentando incerteza média <strong>de</strong> 11,4%. Isso<br />

ocorre pois a correlação <strong>de</strong> Blasius não leva em consi<strong>de</strong>ração a região<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do escoamento, que representa aproximadamente<br />

7% do comprimento total do tubo. E esta região apresenta valores <strong>de</strong><br />

fator <strong>de</strong> atrito mais elevados que na região <strong>de</strong>senvolvida. Enquanto que<br />

a <strong>de</strong> Phillips (1987) teve incerteza média <strong>de</strong> 5,6% em comparação com<br />

os dados experimentais. Tal correlação apresentou resultados melhores,<br />

pois consi<strong>de</strong>ra a parcela <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, na entrada do tubo.<br />

E.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />

O coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local por convecção<br />

monofásico,h l , é calculado a partir da seguinte <strong>de</strong>nição:


211<br />

Figura E.1: Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão por<br />

atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Blasius.<br />

Figura E.2: Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão por<br />

atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Phillips (1987).


212<br />

q′′<br />

h l =<br />

T p − T f<br />

(E.1)<br />

on<strong>de</strong> q ′′ , T p e T f representam o uxo <strong>de</strong> calor removido da seção <strong>de</strong><br />

testes, em W.m −2 e as temperaturas da pare<strong>de</strong> e do uido.<br />

O uxo <strong>de</strong> calor é obtido da mesma forma que é feito no escoamento<br />

bifásico, a partir da Eq. 4.10, na página 133. A temperatura<br />

da pare<strong>de</strong> é obtida diretamente através dos termopares, os quais estão<br />

instalados nas 4 seções mostradas na Figura 3.12. Ou seja, como foi<br />

feito na análise bifásica, po<strong>de</strong>m-se obter o h local em quatro seções<br />

distantes da entrada dos microcanais, on<strong>de</strong> a temperatura da pare<strong>de</strong><br />

é a média das três temperaturas medidas. A temperatura do uido é<br />

calculada através <strong>de</strong> um balanço <strong>de</strong> energia em cada elemento da seção<br />

<strong>de</strong> teste, o qual é apresentado na Eq. E.2:<br />

T f =<br />

Q f<br />

+ T f;i−1 (E.2)<br />

ṁc P<br />

on<strong>de</strong> T f;i−1 , Q f e c P representam a temperatura do uido no segmento<br />

anterior, a potência removida pelo RP, em W, e o calor especíco à<br />

pressão constante do líquido, em J.kg −1 .K −1 .<br />

A Figura E.3 apresenta a curva <strong>de</strong> temperaturas do uido na<br />

seção <strong>de</strong> testes, obtida pela Eq. E.2 (curva em azul) e obtida através<br />

<strong>de</strong> interpolação linear entre as temperaturas medidas na entrada e na<br />

saída da seção <strong>de</strong> teste. Além disso, as temperaturas da pare<strong>de</strong> dos<br />

microcanais nas quatro seções medidas, também são plotadas para os<br />

três locais, como mostra a legenda no gráco para uma <strong>de</strong>terminada<br />

condição <strong>de</strong> teste. Po<strong>de</strong>-se notar que há mínima variação entre as<br />

temperaturas da pare<strong>de</strong> medidas, a qual encontra-se <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong><br />

incerteza, cujo cálculo é <strong>de</strong>scrito na Seção 3.4.2.2.<br />

Outra comparação que po<strong>de</strong> ser feita é entre as duas curvas <strong>de</strong><br />

temperatura do uido, calculadas <strong>de</strong> forma diferente, como <strong>de</strong>scrito<br />

no parágrafo anterior. A variação entre ambas é muito pequena, o que<br />

valida a utilização das curvas <strong>de</strong> calibração dos resfriadores Peltier para<br />

o cálculo do calor removido.<br />

A Figura E.3 apresenta também os h's nos quatro pontos on<strong>de</strong> a<br />

temperatura é medida, também com as respectivas faixas <strong>de</strong> incerteza<br />

inclusas. A incerteza no cálculo <strong>de</strong> h é semelhante ao apresentado no<br />

Apêndice F. A única diferença é em relação à incerteza na temperatura<br />

do uido, que nesse caso é efetuado a partir da Eq. E.2. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />

que os quatro pontos utuam em torno da média, representada pela<br />

linha tracejada. O local on<strong>de</strong> há maior distanciamento da média é o <strong>de</strong>


213<br />

Figura E.3: Resultados experimentais <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>, temperatura<br />

do uido e h para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> teste.<br />

z = 75 mm, todavia, ainda <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> incerteza.<br />

A Figura E.4 apresenta os coecientes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />

obtidos para três diferentes condições testadas. A linha tracejada<br />

representa o h médio para cada condição. Po<strong>de</strong>-se perceber que o h<br />

monofásico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da velocida<strong>de</strong> mássica do uido, aumentando à<br />

medida que G aumenta.<br />

Por m, nas Figuras E.5 a E.8 são apresentadas as comparações<br />

entre os h's obtidos experimentalmente com os calculados pelas


214<br />

Figura E.4: Comparação do h para diferentes condições <strong>de</strong> teste.<br />

correlações apresentadas na Seção 2.11.1.<br />

Figura E.5: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />

calculado através da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter.<br />

Os resultados comparativos mostram que os dados experimen-


215<br />

Figura E.6: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />

calculado através da correlação <strong>de</strong> Gnielinski (1976).<br />

Figura E.7: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />

calculado através da correlação <strong>de</strong> Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936).


216<br />

Figura E.8: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />

calculado através da correlação <strong>de</strong> Petukhov (1970).<br />

tais são bem relacionados com todas as formulações utilizadas. Deu-se<br />

preferência por utilizar as correlações mais clássicas da literatura, pois<br />

são elas as mais aceitas. A correlação que apresentou melhores resultados<br />

foi a <strong>de</strong> Gnielinski (1976), com IAM = 4, 3 % a qual é uma<br />

modicação da correlação <strong>de</strong> Petukhov (1970), cuja incerteza média<br />

absoluta foi <strong>de</strong> 4, 5 %. A equação <strong>de</strong> Dittus-Boelter superestima um<br />

pouco a maioria dos dados, todavia a incerteza absoluta média obtida<br />

foi <strong>de</strong> 5, 7 %, valor bastante aceitável. Finalmente, a última correlação<br />

utilizada para a comparação foi a <strong>de</strong> Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936), com<br />

IAM = 4, 8 %.


APÊNDICE F -- Incerteza Experimental no Cálculo <strong>de</strong> h


219<br />

Boa parte da metodologia para o cálculo da incerteza experimental<br />

aqui apresentada, segue os procedimentos <strong>de</strong>scritos por Holman<br />

(1989). A Eq. 4.9 <strong>de</strong>ne o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na<br />

con<strong>de</strong>nsação, o qual é aqui reapresentado:<br />

q ′′<br />

h =<br />

T p − T f [f(p)]<br />

on<strong>de</strong> q ′′ , T p e T f [f(p)] representam o uxo <strong>de</strong> calor removido pelo RP,<br />

em W.m −2 e as temperaturas média da pare<strong>de</strong> dos tubos e do uido<br />

<strong>de</strong> trabalho, em o C, respectivamente. Para facilitar a visualização, esse<br />

capítulo utilizará T f [f(p)] = T f .<br />

A incerteza expandida do h, U(h), é calculada consi<strong>de</strong>rando-se<br />

innitos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Isso porque, cada variável utilizada é a<br />

média <strong>de</strong> 80 pontos medidos. Assim, para um nível <strong>de</strong> conança <strong>de</strong><br />

95% :<br />

U(h) = 2u c (h)<br />

(F.1)<br />

on<strong>de</strong> u c (h) é a incerteza combinada do coeciente <strong>de</strong> transferência<br />

<strong>de</strong> calor por convecção. Seu valor é obtido através do método da incerteza<br />

propagada, a qual combina as incertezas <strong>de</strong> todas as variáveis<br />

presentes na equação. Dessa forma, a incerteza combinada para o h na<br />

con<strong>de</strong>nsação, u c (h) é:<br />

u c (h) =<br />

√ [ ] ∂h<br />

2 [ ] ∂h<br />

2 [ ] ∂h<br />

2<br />

∂q ′′ u(q′′ ) + u(T p ) + u(T f ) (F.2)<br />

∂T p ∂T f<br />

on<strong>de</strong> u(q ′′ ), u(T p ) e u(T f ) são as incertezas padrão <strong>de</strong> cada variável.<br />

O valor <strong>de</strong> u(T p ) obtido é o proveniente da calibração dos termopares,<br />

visto que seu valor utilizado é diretamente a média das medições. Não<br />

é consi<strong>de</strong>rado o <strong>de</strong>svio padrão das três medições efetuadas, visto que<br />

não é esperado que esses valores sejam iguais, pois eles são medidos<br />

sobre canais diferentes.Assim, u(T p ) = 0, 15 o C.<br />

O uxo <strong>de</strong> calor removido pelo RP <strong>de</strong> cada microcanal é a razão<br />

entre a potência removida pelo resfriador pela área supercial <strong>de</strong> todos<br />

os microcanais, calculado a partir da Eq. 4.10, e relembrada aqui:<br />

q ′′ =<br />

(F.3)<br />

8πDL RP<br />

on<strong>de</strong> Q f , D e L RP representam a potência total removida pelo RP,<br />

em W, o diâmetro interno do microcanal, em m, e o comprimento do<br />

Q f


220<br />

RP (L RP = 0, 03 m) , respectivamente.<br />

Assim, a incerteza relativa ao uxo <strong>de</strong> calor combina as incertezas<br />

<strong>de</strong> Q f , D e L RP :<br />

√ [ ] ∂q<br />

u c (q ′′ ′′<br />

2 [ ] ∂q<br />

′′ 2 [ ] ∂q<br />

′′<br />

2<br />

) = u(Q f ) +<br />

∂Q f ∂D u(D) + u(L RP )<br />

∂L RP<br />

(F.4)<br />

A incerteza relativa à potência removida pelo RP, u(Q f ), foi calculada<br />

na Seção 3.4.5, on<strong>de</strong> foi obtido o valor <strong>de</strong> u(Q f ) = 0, 5 W . O<br />

cálculo da incerteza relativa ao diâmetro interno da tubulação,u(D), é<br />

apresentado no Apêndice C, cujo valor obtido foi <strong>de</strong> u(D) = 0, 01 mm<br />

A incerteza na largura do resfriador Peltier, segundo o fabricante do<br />

mesmo é <strong>de</strong> U(L RP ) = 0, 2 mm. Assim, consi<strong>de</strong>rando uma distribuição<br />

retangular, tem-se:<br />

u(L RP ) = U RP<br />

√<br />

3<br />

= 0, 12 mm (F.5)<br />

O valor <strong>de</strong> incerteza mais difícil <strong>de</strong> ser estimado é o da temperatura<br />

do uido, u(T f ). Esse valor é calculado em função da pressão local<br />

do uido. Como neste trabalho foram testadas três diferentes pressões<br />

na entrada da seção <strong>de</strong> teste, 7, 3 bar, 8, 4 bar e 9, 7 bar, foi obtida<br />

uma curva <strong>de</strong> temperatura em função da pressão para cada valor <strong>de</strong> p,<br />

utilizando o software EES, as quais são apresentadas a seguir:<br />

T f = −6, 52 + 4, 75p ⇒ p ent = 7, 3 bar (F.6)<br />

T f = −3, 20 + 4, 26p ⇒ p ent = 8, 4 bar (F.7)<br />

T f = 1, 11 + 3, 83p ⇒ p ent = 9, 7 bar (F.8)<br />

on<strong>de</strong> p representa a pressão local, no centro do segmento on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>seja<br />

avaliar o h,em bar, e T f a temperatura <strong>de</strong> saturação da respectiva<br />

pressão p, em o C. A faixa <strong>de</strong> valores utilizada para a obtenção <strong>de</strong> cada<br />

função levou em conta a queda <strong>de</strong> pressão máxima obtida em todos os<br />

testes para cada vapor <strong>de</strong> pressão, ou seja, o domínio <strong>de</strong> p utilizado em<br />

cada equação, D(p), foi <strong>de</strong>:<br />

D(p) = {p ent − ∆p max , p ent }<br />

(F.9)<br />

on<strong>de</strong> ∆p max representa o valor máximo <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão medida<br />

entre todos os testes da respectiva p ent .<br />

A incerteza relativa à temperatura do uido, u(T f ), utilizando


221<br />

o conceito <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> incerteza é:<br />

∣ u(T f ) =<br />

∂T f ∣∣∣<br />

∣<br />

∂p u(p)<br />

(F.10)<br />

on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>rivada ∂T f /∂p refere-se às funções <strong>de</strong>scritas nas Eqs. F.6 a<br />

F.8.<br />

A pressão local do uido, p, é a pressão do uido na entrada<br />

da seção subtraída da queda <strong>de</strong> pressão entre a entrada e o local on<strong>de</strong><br />

se está avaliando p. Para facilitar o cálculo será consi<strong>de</strong>rada que essa<br />

parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão é a queda <strong>de</strong> pressão total no escoamento<br />

bifásico no interior do microcanal, ∆p lin . Ou seja:<br />

u(p) = p ent − ∆p lin<br />

(F.11)<br />

Assim, po<strong>de</strong>-se estimar que a incerteza relativa à pressão local<br />

do uido no interior dos microcanais da seguinte forma:<br />

u(p) = √ u 2 (p ent ) + u 2 (∆p)<br />

(F.12)<br />

on<strong>de</strong>, como apresentado na Seção 3.4.1, u(p ent ) = 50 mbar e<br />

u(∆p) = 8, 1 mbar.<br />

Desta forma, a incerteza expandida do h, calculada a partir da<br />

Eq. F.1 é apresentada em forma <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> h na Figura F.1<br />

para diferentes faixas <strong>de</strong> título <strong>de</strong> vapor.<br />

A Figura F.1 mostra que a incerteza calculada apresenta altos<br />

valores para x v > 0, 95, chegando próximo a 70% do valor <strong>de</strong> h, em<br />

alguns casos. Para x v < 0, 95 a incerteza não ultrapassa 35% do<br />

valor medido. Isso ocorre em função da pequena diferença entre as<br />

temperaturas do uido e da pare<strong>de</strong> do tubo, que para títulos muito<br />

elevados chega a ser <strong>de</strong> apenas 0, 5 o C.


222<br />

Figura F.1: Valores <strong>de</strong> incerteza padrão relativa para o coeciente <strong>de</strong><br />

transferência <strong>de</strong> calor por convecção em função do título <strong>de</strong> vapor.

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