universidade federal de santa catarina programa ... - LEPTEN - UFSC
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA<br />
MECÂNICA<br />
Gil Goss Júnior<br />
TRANSFERÊNCIA DE CALOR E QUEDA DE PRESSÃO<br />
DURANTE A CONDENSAÇÃO CONVECTIVA DO<br />
R-134a EM MICROCANAIS PARALELOS<br />
Florianópolis(SC)<br />
2011
Gil Goss Júnior<br />
TRANSFERÊNCIA DE CALOR E QUEDA DE PRESSÃO<br />
DURANTE A CONDENSAÇÃO CONVECTIVA DO<br />
R-134a EM MICROCANAIS PARALELOS<br />
Dissertação submetida ao Programa<br />
<strong>de</strong> Pós-graduação em Engenharia Mecânica<br />
para a obtenção do Grau <strong>de</strong><br />
Mestre em Engenharia.<br />
Orientador: Prof. Júlio César Passos,<br />
Dr.<br />
Florianópolis(SC)<br />
2011
Catalogação na fonte elaborada pela biblioteca da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina<br />
A cha catalográca é confeccionada pela Biblioteca Central.<br />
Tamanho: 7cm x 12 cm<br />
Fonte: Times New Roman 9,5<br />
Maiores informações em:<br />
http://www.bu.ufsc.br/<strong>de</strong>sign/Catalogacao.html
Dedico esse trabalho à toda minha família,<br />
pelo apoio e carinho e à vovó Celina,<br />
cujos ensinamentos jamais serão esquecidos.
AGRADECIMENTOS<br />
Venho, por meio <strong>de</strong>sse espaço, expressar minha enorme gratidão<br />
a todos que, contribuindo direta ou indiretamente, tornaram possível a<br />
realização <strong>de</strong>sse trabalho.<br />
Agra<strong>de</strong>ço ao meu orientador, professor Júlio César Passos, por<br />
ter acreditado e conado em meu trabalho, e por ter sido, também, um<br />
gran<strong>de</strong> motivador, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a minha graduação.<br />
Ao CNPq, a CAPES, à <strong>UFSC</strong>, ao POSMEC e ao <strong>LEPTEN</strong>/Boiling<br />
por terem proporcionado condições nanceira e estrutural necessárias<br />
para que eu <strong>de</strong>senvolvesse esse trabalho <strong>de</strong> pesquisa.<br />
A todos os colegas <strong>de</strong> trabalho do grupo Boiling, em especial a<br />
Isac, Tefo e Dudinho, que trabalharam diretamente com esse projeto<br />
e contrubuíram muito para a montagem da bancada experimental e<br />
realização dos testes.<br />
Aos colegas <strong>de</strong> mestrado Augusto, Borin, Joel, Paulo e Moser<br />
pelas intermináveis noites <strong>de</strong> estudo e discussão que contribuíram não<br />
somente para a minha formação intelectual, mas também, pessoal. E<br />
as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fast foods que permitiram tantas horas ininterruptas <strong>de</strong><br />
estudos no POLO.<br />
A todos os amigos que sempre estiveram do meu lado em todos<br />
os momentos. Em especial ao Amaury, certamente um amigo para a<br />
vida toda.<br />
A meu pai Gil, por ter me dado, não somente seu nome, mas<br />
também, toda a atenção que um lho necessita.<br />
A minha mãe Selene, que foi, além <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> educadora,<br />
uma formadora <strong>de</strong> caráter.<br />
A minha irmã Marina, que sempre esteve ao meu lado para ouvir<br />
todos os meus problemas e tentar resolvê-los, mesmo quando estes não<br />
podiam ser resolvidos.<br />
Ao tio Djalminha, tia Eneida e Fernanda, por me acolherem em<br />
tantos ns <strong>de</strong> semana e terem feito papéis <strong>de</strong> pai, mãe e irmã, quando<br />
eles não estavam presentes.<br />
A minha linda, carinhosa e compreensiva namorada Fernanda,<br />
que sempre conou no meu potencial e esteve comigo quando eu mais<br />
precisei.
Agra<strong>de</strong>ço também à todos que zeram e fazem parte da minha<br />
vida.
Os que se encantam com a prática sem a<br />
ciência são como os timoneiros que entram<br />
no navio sem timão nem bússola,<br />
nunca tendo certeza do seu <strong>de</strong>stino.<br />
Leonardo da Vinci
RESUMO<br />
Con<strong>de</strong>nsadores constituídos <strong>de</strong> microcanais são consi<strong>de</strong>rados uma boa<br />
solução tecnológica em resposta à crescente <strong>de</strong>manda por sistemas compactos,<br />
que garantam a redução <strong>de</strong> custos <strong>de</strong> materiais e o uso <strong>de</strong><br />
menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uidos refrigerantes. O presente trabalho tem<br />
como objetivo estudar o comportamento termo-hidráulico da con<strong>de</strong>nsação<br />
convectiva do R-134a no interior <strong>de</strong> oito microcanais paralelos,<br />
arranjados horizontalmente, com diâmetros <strong>de</strong> 0,8 mm. O comportamento<br />
do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção, h, e<br />
da queda <strong>de</strong> pressão por atrito, obtidos experimentalmente, é analisado<br />
em função <strong>de</strong> diferentes variáveis, como título <strong>de</strong> vapor, x v ,<br />
uxo <strong>de</strong> calor, q ′′ , velocida<strong>de</strong> mássica, G, e temperatura do uido,<br />
T f . As condições <strong>de</strong> teste são as seguintes: 0, 55 < x v < 1; 7, 3 bar <<br />
p < 9, 7 bar; 28 o C < T f < 38 o C; 17 kW.m −2 < q ′′ < 53 kW.m −2 e<br />
230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1 . O resfriamento da superfície<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação é obtido por meio <strong>de</strong> três resfriadores do tipo Peltier<br />
(RPs), cuja calibração é consi<strong>de</strong>rada uma inovação do presente trabalho.<br />
Os resultados mostram que o título <strong>de</strong> vapor, o uxo <strong>de</strong> calor e a<br />
velocida<strong>de</strong> mássica exercem importante inuência sobre o h, enquanto<br />
que a queda <strong>de</strong> pressão por atrito é função direta da velocida<strong>de</strong> mássica<br />
e da temperatura do escoamento. Uma conclusão importante do<br />
trabalho é que a queda <strong>de</strong> pressão em microcanais é bem estimada com<br />
o uso <strong>de</strong> formulações <strong>de</strong>senvolvidas para escoamentos bifásicos adiabáticos<br />
em canais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s diâmetros. Já para a transferência <strong>de</strong> calor,<br />
os resultados mostram que a previsão dos h's requerem mo<strong>de</strong>los semiempíricos<br />
ou correlações para escoamentos em con<strong>de</strong>nsação no interior<br />
<strong>de</strong> microcanais.<br />
Palavras-chave: con<strong>de</strong>nsação convectiva, microcanais, transferência<br />
<strong>de</strong> calor, queda <strong>de</strong> pressão
ABSTRACT<br />
Con<strong>de</strong>nsers comprised of microchannels are consi<strong>de</strong>red a good technological<br />
solution in response to the increasing <strong>de</strong>mand for compact<br />
systems, ensuring a <strong>de</strong>crease in the material costs and the use of a<br />
lower quantity of refrigerants. The objective of this study was to investigate<br />
the thermal-hydraulic behavior of the refrigerant R-134a, un<strong>de</strong>r<br />
convective con<strong>de</strong>nsation conditions, in eight, 0.8 mm diameter, parallel<br />
microchannels assembled horizontally. The behavior of the convective<br />
heat transfer coecient, h, and pressure drop due to friction were obtained<br />
experimentally and analyzed as a function of several dierent variables,<br />
such as vapor quality, x v , heat ux, q ′′ , mass velocity, G, and uid<br />
temperature, T f . The test conditions were: 0.55 < x v < 1; 7.3 bar <<br />
p < 9.7 bar; 28 o C < T f < 38 o C; 17 kW.m −2 < q ′′ < 53 kW.m −2<br />
and 230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1 . The con<strong>de</strong>nsation surface<br />
was cooled using three Peltier Coolers (RPs), for which the calibration<br />
presented herein is consi<strong>de</strong>red to be innovative. The results show<br />
that vapor quality, heat ux and mass velocity have an important in-<br />
uence on h, while the pressure drop due to friction varies mainly as<br />
a function of the mass velocity and ow temperature. An important<br />
conclusion drawn from the study is that the use of the equations <strong>de</strong>veloped<br />
for adiabatic multi-phase ow in channels with large diameters<br />
provi<strong>de</strong>s a good estimate of the pressure drop. However, to predict the<br />
heat transfer coecient results semi-empirical mo<strong>de</strong>ls or correlations<br />
for con<strong>de</strong>nsation in microchannels is required.<br />
Keywords: convective con<strong>de</strong>nsation, microchannels, heat transfer,<br />
pressure drop
LISTA DE FIGURAS<br />
Figura 2.1 Tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores utilizados na refrigeração industrial:<br />
a) resfriado a ar; b) e c) resfriado a água; d) evaporativo.<br />
Modicado <strong>de</strong> Stoecker e Jabardo (2002).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39<br />
Figura 2.2 Efeito do diâmetro da tubulação sobre as diferentes<br />
forças durante a ebulição para G = 200 kg.m −2 s −1 e q ′′ =<br />
1 MW.m −2 , (KANDLIKAR, 2010). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42<br />
Figura 2.3 Tensões interfaciais agindo sobre uma gota em repouso. 44<br />
Figura 2.4 Força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45<br />
Figura 2.5 Força <strong>de</strong> coesão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46<br />
Figura 2.6 Diferentes congurações <strong>de</strong> uma gota em repouso sobre<br />
uma superfície sólida.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47<br />
Figura 2.7 Curvas <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação para o vapor d'água. Adaptado<br />
<strong>de</strong> Tanasawa (1991) (MARTO, 1998).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48<br />
Figura 2.8 Con<strong>de</strong>sação em gotas sobre superfície <strong>de</strong> PVDF (GAN-<br />
ZELES, 2002) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49<br />
Figura 2.9 Perl <strong>de</strong> temperatura na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> um vapor<br />
puro saturado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51<br />
Figura 2.10 Princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um termopar.. . . . . . . . . 54<br />
Figura 2.11 Vista em corte do resfriador Peltier. . . . . . . . . . . . . . . . . . 55<br />
Figura 2.12 Elemento termoelétrico que compõe o resfriador Peltier.<br />
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55<br />
Figura 2.13 Distribuição do escoamento em <strong>de</strong>z canais em função<br />
do título <strong>de</strong> vapor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58<br />
Figura 2.14 Distribuidores <strong>de</strong> seção transversal variável, (IDELCHIK,<br />
1994). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58<br />
Figura 2.15 Distribuição das fases líquido/vapor no escoamento em<br />
um tubo <strong>de</strong> dimensões convencionais. Modicado <strong>de</strong> Collier e<br />
Thome (1994). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61<br />
Figura 2.16 Padrões <strong>de</strong> escoamento em microcanais, (CHENG; RI-<br />
BATSKI; THOME, 2008).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63<br />
Figura 2.17 Mapa <strong>de</strong> Felcar, Ribatski e Jabardo (2007) <strong>de</strong>senvolvido<br />
para escoamentos adiabáticos em canais <strong>de</strong> pequeno diâmetro(1 <<br />
D h < 5 mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64<br />
Figura 2.18 Comparação entre os mapas <strong>de</strong> padrão para o R-134a
em con<strong>de</strong>nsação e ar-água no interior <strong>de</strong> um tubo medindo 2 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro (YANG; SHIEH, 2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65<br />
Figura 2.19 Mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>senvolvido por Coleman e Garimella<br />
para canais <strong>de</strong> seção transversal quadrada e D h = 1 mm. . 66<br />
Figura 2.20 Linhas <strong>de</strong> transição entre os regimes em função do diâmetro<br />
da tubulação (COLEMAN; GARIMELLA, 1999). . . . . . . . . . . . 67<br />
Figura 2.21 Comparação entre os mapas <strong>de</strong> regime para canais circulares<br />
e retangulares (COLEMAN; GARIMELLA, 1999). . . . . . . . . . . 68<br />
Figura 2.22 Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento intermitente<br />
(COLEMAN; GARIMELLA, 2000). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69<br />
Figura 2.23 Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento anular (COLE-<br />
MAN; GARIMELLA, 2000).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70<br />
Figura 2.24 Componentes da queda <strong>de</strong> pressão total em manifolds,<br />
(STEINKE; KANDLIKAR, 2006).. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72<br />
Figura 2.25 Resultado da comparação entre escoamentos no interior<br />
<strong>de</strong> canais com diferentes formas. Extraído <strong>de</strong> Wang e Rose (2006). 93<br />
Figura 3.1 Esquema do circuito experimental.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 95<br />
Figura 3.2 Vista isométrica da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira<br />
elétrica; 2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico;<br />
5) pós-con<strong>de</strong>nsador; 6) bomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 96<br />
Figura 3.3 Fotograa da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira elétrica;<br />
2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico;<br />
5) pós-con<strong>de</strong>nsador; 6) bomba. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97<br />
Figura 3.4 Vista externa (a) e interna (b) da cal<strong>de</strong>ira elétrica . . . 98<br />
Figura 3.5 Vista explodida da seção <strong>de</strong> teste: 1) microcanais; 2)<br />
placa <strong>de</strong> cobre; 3) resfriadores Peltier; 4) bloco <strong>de</strong> cobre; 5) sumidouro<br />
<strong>de</strong> calor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100<br />
Figura 3.6 Esquema da montagem dos microcanais com a chapa<br />
<strong>de</strong> cobre e os manifolds <strong>de</strong> entrada e saída. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101<br />
Figura 3.7 Fotograa do resfriador Peltier da marca Danvic, utilizado<br />
no experimento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103<br />
Figura 3.8 Fotograa (a) e dimensões, em mm (b) do sumidouro<br />
<strong>de</strong> calor.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .103<br />
Figura 3.9 Vista do pós-con<strong>de</strong>nsador em corte.. . . . . . . . . . . . . . . . . . 104<br />
Figura 3.10 Fotograa do tubo utilizado na homogeneização da<br />
temperatura das juntas frias dos termopares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107<br />
Figura 3.11 Fotograa (a) e corte longitudinal (b) da bucha <strong>de</strong><br />
teon montada na tubulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
Figura 3.12 Localização dos furos na chapa <strong>de</strong> cobre, com dimensões<br />
em mm, para a medição <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> do microcon<strong>de</strong>nsador.<br />
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />
Figura 3.13 Face inferior da placa <strong>de</strong> cobre após a xação dos termopares<br />
e preenchimento com cola.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113<br />
Figura 3.14 Fotograa <strong>de</strong> uma etapa da montagem do sistema <strong>de</strong><br />
calibração do resfriador Peltier.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 115<br />
Figura 3.15 Fotograa da montagem do sistema <strong>de</strong> calibração do<br />
resfriador Peltier.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116<br />
Figura 3.16 Curvas <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong> um dos resfriadores para 3 A <<br />
I RP < 8 A. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117<br />
Figura 3.17 Comparação entre as curvas <strong>de</strong> calibração para três<br />
resfriadores. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118<br />
Figura 4.1 Diagrama <strong>de</strong> bloco do procedimento <strong>de</strong> testes. . . . . . . . 124<br />
Figura 4.2 Intervenções realizadas nas etapas <strong>de</strong>notadas por A<br />
e B na gura anterior. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125<br />
Figura 4.3 Dados medidos durante um intervalo <strong>de</strong> 90 s. . . . . . . . . 127<br />
Figura 4.4 Diagrama <strong>de</strong> blocos referente ao tratamento <strong>de</strong> dados.128<br />
Figura 4.5 Representação esquemática das parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong><br />
pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129<br />
Figura 4.6 Área <strong>de</strong> distribuição consi<strong>de</strong>rada nos cálculos (dimensões<br />
em mm). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131<br />
Figura 4.7 Sensibilida<strong>de</strong> do cálculo do título <strong>de</strong> vapor na saída da<br />
seção <strong>de</strong> teste para as condições apresentadas na Tabela 4.3 . . . . 136<br />
Figura 5.1 Pontos experimentais plotados no mapa <strong>de</strong> padrões<br />
proposto por Coleman e Garimella. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 140<br />
Figura 5.2 Contribuição <strong>de</strong> cada parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão experimental<br />
em todos os testes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141<br />
Figura 5.3 Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre ∆p atrito . . . . . . . 142<br />
Figura 5.4 Inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre ∆p atrito . . . . . . . . . . . . 143<br />
Figura 5.5 Inuência da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong><br />
trabalho sobre ∆p atrito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 145<br />
Figura 5.6 Comparação dos resultados experimentais para a queda<br />
<strong>de</strong> pressão por atrito com mo<strong>de</strong>los da literatura. . . . . . . . . . . . . . . . . 149<br />
Figura 5.7 Temperaturas, h e título <strong>de</strong> vapor em função da posição<br />
na seção <strong>de</strong> teste e do uxo <strong>de</strong> calor para G = 445 kg.m −2 .s −1 e<br />
p = 8, 4 bar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 151
Figura 5.8 Inuência do título <strong>de</strong> vapor sobre o h para diferentes<br />
condições. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153<br />
Figura 5.9 Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre o h em função<br />
da posição na seção <strong>de</strong> teste (a e c) e do título <strong>de</strong> vapor (b e d)<br />
para duas diferentes condições <strong>de</strong> teste.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155<br />
Figura 5.10 Números <strong>de</strong> Reynolds da fase líquida para as mesmas<br />
condições <strong>de</strong> teste apresentadas nas Figuras 5.9c e 5.9d. . . . . . . . . 156<br />
Figura 5.11 Inuência do uxo <strong>de</strong> calor médio sobre o h para diferentes<br />
condições em função <strong>de</strong>: a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b)<br />
título <strong>de</strong> vapor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 157<br />
Figura 5.12 Médias locais das temperaturas da pare<strong>de</strong> em função<br />
do título <strong>de</strong> vapor para as mesmas condições <strong>de</strong> teste apresentadas<br />
na Figura 5.11. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 158<br />
Figura 5.13 Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />
o h para G = 230 kg.m −2 .s −1 e q m ′′ = 21 kW.m −2 em função <strong>de</strong>:<br />
a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.. . . . . . . . . . . . . . . .159<br />
Figura 5.14 Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />
o h para G = 335 kg.m −2 .s −1 e q m ′′ = 24 kW.m −2 em função <strong>de</strong>:<br />
a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.. . . . . . . . . . . . . . . .159<br />
Figura 5.15 Comparação dos resultados experimentais para a transferência<br />
<strong>de</strong> calor com mo<strong>de</strong>los da literatura. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165<br />
Figura 5.16 Comparação entre as espessuras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado calculadas<br />
através <strong>de</strong> diferentes formulações. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 167<br />
Figura A.1 Con<strong>de</strong>nsação sobre uma pare<strong>de</strong> vertica <strong>de</strong> largura b. . 185<br />
Figura B.1 Esquema <strong>de</strong> um escoamento anular no interior <strong>de</strong> uma<br />
tubulação circular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 191<br />
Figura C.1 Fotograa da seção <strong>de</strong> visualização após o embutimento.<br />
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 195<br />
Figura C.2 Detalhe do capilar preenchido com a resina.. . . . . . . . . . 196<br />
Figura D.1 Esquema da primeira seção <strong>de</strong> teste projetada . . . . . . . 199<br />
Figura D.2 Dimensões da chapa <strong>de</strong> cobre usinada. . . . . . . . . . . . . . . . 200<br />
Figura D.3 Vista isométrica da chapa <strong>de</strong> cobre usinada. . . . . . . . . . 200<br />
Figura D.4 Esquema da montagem da matriz <strong>de</strong> aperto. . . . . . . . . . 201<br />
Figura D.5 Fotograa da matriz <strong>de</strong> aperto montada . . . . . . . . . . . . . 202<br />
Figura D.6 Resultados dos testes <strong>de</strong> soldagem por difusão.. . . . . . . 203<br />
Figura D.7 Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />
<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 2 kgf.m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204
Figura D.8 Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />
<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 3 kgf.m. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 204<br />
Figura D.9 Seção <strong>de</strong> teste projetada para utilizar RPs com microcanais<br />
usinados a partir <strong>de</strong> eletroerosão. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205<br />
Figura D.10 Detalhe dos microcanais a serem usinados com eletroerosão.<br />
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205<br />
Figura E.1 Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão<br />
por atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Blasius.211<br />
Figura E.2 Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão<br />
por atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Phillips<br />
(1987). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211<br />
Figura E.3 Resultados experimentais <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>,<br />
temperatura do uido e h para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong><br />
teste.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 213<br />
Figura E.4 Comparação do h para diferentes condições <strong>de</strong> teste. . 214<br />
Figura E.5 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />
o calculado através da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter. . . . . . . . . . . . . . 214<br />
Figura E.6 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />
o calculado através da correlação <strong>de</strong> Gnielinski (1976). . . . . . . . . . . 215<br />
Figura E.7 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />
o calculado através da correlação <strong>de</strong> Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936).. . . . . . . 215<br />
Figura E.8 Comparação entre o h obtido experimentalmente com<br />
o calculado através da correlação <strong>de</strong> Petukhov (1970). . . . . . . . . . . 216<br />
Figura F.1 Valores <strong>de</strong> incerteza padrão relativa para o coeciente<br />
<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção em função do título <strong>de</strong><br />
vapor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 222
LISTA DE TABELAS<br />
Tabela 2.1 Condições experimentais <strong>de</strong> diversos trabalhos. . . . . . . . 53<br />
Tabela 2.2 Grupos adimensionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59<br />
Tabela 2.3 Valores propostos por Lockhart e Martinelli (1949) para<br />
a constante C para os diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento.. . . . . . . . . 78<br />
Tabela 2.4 Resumo dos resultados encontrados na literatura sobre<br />
a inuência das variáveis sobre a ∆p e o h. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94<br />
Tabela 3.1 Rugosida<strong>de</strong> dos tubos capilares utilizados nesse trabalho,<br />
medidas <strong>de</strong> outros autores.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100<br />
Tabela 3.2 Características dos transdutores <strong>de</strong> pressão. . . . . . . . . . . 105<br />
Tabela 3.3 Coecientes das curvas <strong>de</strong> calibração obtidas para cada<br />
termopar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109<br />
Tabela 3.4 Proprieda<strong>de</strong>s do R-134a à p = 8, 4 bar . . . . . . . . . . . . . . . . 121<br />
Tabela 4.1 Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à entrada da<br />
seção <strong>de</strong> teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130<br />
Tabela 4.2 Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à saída da seção<br />
<strong>de</strong> teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135<br />
Tabela 4.3 Condições <strong>de</strong> teste utilizadas na Figura 4.7 . . . . . . . . . . . 137<br />
Tabela 5.1 Resumo dos resultados obtidos experimentalmente sobre<br />
a inuência das variáveis sobre a ∆p e o h . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169<br />
Tabela E.1 Parcelas da queda <strong>de</strong> pressão para o teste com G =<br />
3520 kg.m −2 .s −1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 210
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS<br />
CTC<br />
CPL<br />
DDP<br />
IAM<br />
LABMETRO<br />
<strong>LEPTEN</strong><br />
LMPT<br />
NRVA<br />
POLO<br />
RP<br />
ST<br />
TP<br />
Coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />
na con<strong>de</strong>nsação convectiva<br />
Sistema <strong>de</strong> Bombeamento Capilar<br />
(Capillary Pumped Loop)<br />
Diferença <strong>de</strong> potencial<br />
Incerteza Absoluta Média<br />
Laboratórios <strong>de</strong> Metrologia<br />
Laboratórios <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Processos<br />
<strong>de</strong> Conversão e Tecnologia <strong>de</strong> Energia<br />
Laboratório <strong>de</strong> Meios Porosos e<br />
Proprieda<strong>de</strong>s Termofísicas<br />
Núcleo <strong>de</strong> Pesquisa em Refrigeração,<br />
Ventilação e Condicionamento <strong>de</strong> Ar<br />
Laboratórios <strong>de</strong> Pesquisa em Refrigeração<br />
e Termofísica<br />
Resfriador Peltier<br />
Seção <strong>de</strong> teste<br />
Termopar
LISTA DE SÍMBOLOS<br />
Alfabeto Latino:<br />
Símbolo Denição Unida<strong>de</strong> [<br />
A Área<br />
m<br />
2<br />
Bo Número <strong>de</strong> Bond [−]<br />
b Largura [m]<br />
C c Coeciente <strong>de</strong> contração [−] [<br />
c p Calor especíco à pressão constante J.kg −1 .K −1]<br />
Co Número <strong>de</strong> connamento [-]<br />
D Diâmetro [m]<br />
Eo Número <strong>de</strong> Eötvos [-]<br />
f Fator <strong>de</strong> atrito [-]<br />
F Força [N] [<br />
F' Força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento<br />
N.m<br />
−1<br />
[<br />
F Força por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />
N.m<br />
−2<br />
Fr Número <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong> [−]<br />
F r t Número <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong> modicado [−]<br />
F T P Multiplicador bifásico [−] [<br />
G Velocida<strong>de</strong> mássica<br />
kg.m −2 .s −1]<br />
Ga Número <strong>de</strong> Galileo [−] [<br />
g Aceleração da gravida<strong>de</strong><br />
m.s<br />
−2<br />
h Coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor [W.m −2 .K −1 ]<br />
i Entalpia especíca [J/kg]<br />
I corrente elétrica [A]<br />
i lv Entalpia <strong>de</strong> vaporização [[J/kg]<br />
j Velocida<strong>de</strong> supercial<br />
m.s<br />
−1<br />
Ja Número <strong>de</strong> Jakob [−]<br />
k Condutivida<strong>de</strong> térmica [W.m −1 .K −1 ]<br />
K Coeciente <strong>de</strong> perda [−]<br />
L Comprimento [m] [<br />
ṁ Vazão mássica<br />
kg.s<br />
−1<br />
N i i-ésimo segmento []<br />
Nu Número <strong>de</strong> Nusselt [−]<br />
p Pressão [P a]<br />
Pr Número <strong>de</strong> Prandtl [−]<br />
Q Potência [W ]<br />
q Calor [J]
q Fluxo <strong>de</strong> calor por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />
[ ]<br />
W.m<br />
−2<br />
R a Rugosida<strong>de</strong> média [µm]<br />
Re Número <strong>de</strong> Reynolds [−]<br />
R Raio [m]<br />
[<br />
s Coeciente <strong>de</strong> Seebeck<br />
V.K<br />
−1<br />
T Temperatura [ o C]<br />
T r Temperatura adimensional [−]<br />
T + Temperatura turbulenta adim. [ o C]<br />
u ∗ Velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrito<br />
m.s<br />
−1<br />
u Incerteza padrão [ ]<br />
U Incerteza expandida [ ]<br />
We Número <strong>de</strong> Weber [−] [<br />
v Velocida<strong>de</strong><br />
m.s<br />
−1<br />
V Tensão/Volume [V ]/ [ m 3]<br />
X Parâmetro <strong>de</strong> Lockhart - Martinelli [−] [<br />
x v Título <strong>de</strong> vapor<br />
V.K<br />
−1<br />
z Posição [m]<br />
Alfabeto Grego:<br />
α Fração <strong>de</strong> vazio [−]<br />
δ Espessura da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado [m]<br />
δ + Espessura do con<strong>de</strong>nsado adim. [−]<br />
∆p Queda <strong>de</strong> pressão [P a]<br />
ɛ Rugosida<strong>de</strong> relativa [−]<br />
γ Relação entre áreas [[−]<br />
µ Viscosida<strong>de</strong> dinâmica<br />
kg.m −1 .s −1]<br />
Ω Fator <strong>de</strong> correção [−]<br />
φ Multiplicador bifásico [−]<br />
Ψ Multiplicador bifásico [[−]<br />
ρ Massa especíca<br />
kg.m<br />
−3<br />
[<br />
σ Tensão supercial<br />
N.m<br />
−1<br />
θ Ângulo [ o ]<br />
ζ Coeciente <strong>de</strong> resistência [−]<br />
Índices:<br />
a<br />
amb<br />
at<br />
b<br />
a<strong>de</strong>são<br />
ambiente<br />
atrito<br />
termômetro <strong>de</strong> bulbo
c coesão / combinada<br />
cond condução<br />
cont contração<br />
crit crítico<br />
dist distribuição<br />
<strong>de</strong>sac <strong>de</strong>saceleração<br />
bif bifásico<br />
e espalhamento<br />
ent entrada<br />
eq equivalente<br />
estrat estraticado<br />
exp expansão<br />
f<br />
uido / lado frio<br />
fab fornecido pelo fabricante<br />
h homogêneo / hidráulico<br />
hom homogêneo<br />
i<br />
inércia / interface<br />
Joule efeito Joule<br />
l<br />
líquido<br />
lim limite<br />
lo líquido somente (liquid only)<br />
lv interface líquido-vapor<br />
m medido<br />
M quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento<br />
micro microcanais<br />
mo modicado<br />
p pare<strong>de</strong><br />
Peltier efeito Peltier<br />
pol polinômio<br />
q lado quente<br />
r, resist resistência elétrica<br />
red reduzida<br />
RP resfriador Peltier<br />
sat saturação<br />
sl interface sólido-líquido<br />
sv interface sólido-vapor<br />
st seção <strong>de</strong> teste<br />
τ atrito<br />
v vapor<br />
V leitura <strong>de</strong> tensão<br />
vo vapor somente (vapor only)
0 referência<br />
90 curva em 90 o
SUMÁRIO<br />
1 INTRODUÇÃO p. 35<br />
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA p. 39<br />
2.1 Tipos <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>nsadores . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 39<br />
2.1.1 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Direto . . . . . . . . . p. 39<br />
2.1.2 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Indireto . . . . . . . . p. 40<br />
2.1.3 Con<strong>de</strong>nsador Evaporativo . . . . . . . . . . . . p. 40<br />
2.2 Distinção entre Macro e Microcanais . . . . . . . . . . p. 41<br />
2.3 Ângulo <strong>de</strong> Contato e Molhabilida<strong>de</strong> . . . . . . . . . . . p. 43<br />
2.4 Modos <strong>de</strong> Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 47<br />
2.4.1 Con<strong>de</strong>nsação em Gotas . . . . . . . . . . . . . p. 48<br />
2.4.2 Con<strong>de</strong>nsação em Película . . . . . . . . . . . . p. 50<br />
2.5 Maneiras <strong>de</strong> Promover a Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . . p. 51<br />
2.5.1 Resfriador Peltier . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 52<br />
2.5.2 Princípio <strong>de</strong> Funcionamento . . . . . . . . . . . p. 52<br />
2.5.3 Equacionamento . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 55<br />
2.6 Distribuição do Escoamento . . . . . . . . . . . . . . . p. 57<br />
2.7 Denições Importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 58<br />
2.8 Padrões <strong>de</strong> Escoamento na Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . p. 61<br />
2.8.1 Classicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 62<br />
2.8.2 Mapas <strong>de</strong> Padrões <strong>de</strong> Escoamento . . . . . . . p. 63<br />
2.9 Fração <strong>de</strong> Vazio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 68<br />
2.10 Queda <strong>de</strong> Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 71<br />
2.10.1 Escoamento Monofásico . . . . . . . . . . . . . p. 72<br />
2.10.2 Escoamento em Con<strong>de</strong>nsação . . . . . . . . . . p. 75<br />
2.10.2.1 Mo<strong>de</strong>lo Homogêneo . . . . . . . . . . p. 75<br />
2.10.2.2 Mo<strong>de</strong>lo Heterogêneo . . . . . . . . . . p. 76<br />
2.10.2.3 Mo<strong>de</strong>los e Correlações . . . . . . . . . p. 77<br />
2.10.3 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre a Queda <strong>de</strong> Pressão<br />
Bifásica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 81<br />
2.11 Transferência <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 83<br />
2.11.1 Mo<strong>de</strong>los para Escoamento Monofásico . . . . . p. 83<br />
2.11.2 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Estraticado<br />
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 84<br />
2.11.3 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Anular p. 86<br />
2.11.4 Mo<strong>de</strong>los Multi-Regimes . . . . . . . . . . . . . p. 90<br />
2.11.5 Correlações Empíricas . . . . . . . . . . . . . . p. 90
2.11.6 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre o h . . . . . . . p. 91<br />
2.12 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 94<br />
3 APARATO EXPERIMENTAL p. 95<br />
3.1 Descrição da Bancada . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 95<br />
3.1.1 Cal<strong>de</strong>ira Elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 97<br />
3.2 Seção <strong>de</strong> Teste . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 99<br />
3.2.1 Características dos RP's utilizados . . . . . . . p. 102<br />
3.3 Pós-con<strong>de</strong>nsador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 103<br />
3.4 Sistemas <strong>de</strong> Medição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 104<br />
3.4.1 Pressão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 105<br />
3.4.2 Temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 106<br />
3.4.2.1 Calibração dos Termopares . . . . . . p. 106<br />
3.4.2.2 Incerteza dos Termopares . . . . . . . p. 109<br />
3.4.2.3 Medição da Temperatura do uido . . p. 111<br />
3.4.2.4 Medição da Temperatura <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong><br />
na Seção <strong>de</strong> Teste . . . . . . . . . . . p. 111<br />
3.4.3 Vazão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 112<br />
3.4.4 Fluxo <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 114<br />
3.4.5 Incerteza . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 119<br />
3.5 Proprieda<strong>de</strong>s Termofísicas do R-134a . . . . . . . . . . p. 120<br />
4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS p. 123<br />
4.1 Realização dos Testes . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 123<br />
4.2 Tratamento dos Dados . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 127<br />
4.2.1 Comparação dos Resultados Experimentais com<br />
os Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 135<br />
4.2.2 Escolha do Número <strong>de</strong> Segmentos . . . . . . . p. 136<br />
4.2.3 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 137<br />
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES p. 139<br />
5.1 Caracterização das Condições <strong>de</strong> Teste . . . . . . . . . p. 139<br />
5.2 Resultados para a Queda <strong>de</strong> Pressão . . . . . . . . . . p. 140<br />
5.2.1 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica . . . . . . . . . . p. 141<br />
5.2.2 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . p. 142<br />
5.2.3 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação . . . . . . p. 144<br />
5.2.4 Comparação com Mo<strong>de</strong>los . . . . . . . . . . . . p. 144<br />
5.3 Resultados para a Transferência <strong>de</strong> Calor . . . . . . . p. 150<br />
5.3.1 Efeito do Título <strong>de</strong> Vapor . . . . . . . . . . . . p. 151<br />
5.3.2 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica . . . . . . . . . . p. 154<br />
5.3.3 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor . . . . . . . . . . . . p. 157<br />
5.3.4 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação . . . . . . p. 159
5.3.5 Comparação com Mo<strong>de</strong>los . . . . . . . . . . . . p. 160<br />
5.4 Aplicabilida<strong>de</strong> da Teoria <strong>de</strong> Nusselt . . . . . . . . . . . p. 166<br />
5.5 Resumo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . p. 168<br />
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES p. 171<br />
REFERÊNCIAS p. 175<br />
APÊNDICE A -- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt p. 185<br />
APÊNDICE B -- Dedução da Espessura da Película <strong>de</strong><br />
Con<strong>de</strong>nsado p. 191<br />
APÊNDICE C -- Determinação Experimental do Diâmetro<br />
do Tubo Capilar p. 195<br />
APÊNDICE D -- Descrição das Tentativas <strong>de</strong> Projeto<br />
da Seção <strong>de</strong> Teste p. 199<br />
APÊNDICE E -- Resultados do Escoamento Monofásico<br />
<strong>de</strong> Líquido p. 209<br />
APÊNDICE F -- Incerteza Experimental no Cálculo <strong>de</strong><br />
h p. 219
35<br />
1 INTRODUÇÃO<br />
Microcon<strong>de</strong>nsadores são importantes componentes <strong>de</strong> trocadores<br />
<strong>de</strong> calor compactos. Sua utilização é motivada por três fatores<br />
importantes: redução do espaço disponível para transferência <strong>de</strong> calor,<br />
diminuição do custo com materiais utilizados em trocadores <strong>de</strong> calor e<br />
a pressão <strong>de</strong> órgãos ambientais pela diminuição do uso <strong>de</strong> uidos refrigerantes,<br />
os quais contribuem para o aumento do efeito estufa. Além <strong>de</strong><br />
tudo isso, trocadores <strong>de</strong> calor que utilizam escoamentos com mudança<br />
<strong>de</strong> fase em microcanais, apresentam altos coecientes <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor. Por outro lado, esses sistemas operam com altos valores <strong>de</strong><br />
queda <strong>de</strong> pressão, o que sobrecarrega o sistema <strong>de</strong> bombeamento do<br />
uido.<br />
O domínio e a compreensão dos mecanismos físicos envolvidos<br />
na con<strong>de</strong>nsação em microcanais é, por conseguinte, condição essencial<br />
na perdurável busca pelo aumento da efetivida<strong>de</strong> dos sistemas que os<br />
utilizam. As pesquisas na área <strong>de</strong> ebulição em microcanais, evoluíram<br />
consi<strong>de</strong>ravelmente nas últimas duas décadas, <strong>de</strong>vido à necessida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s uxos <strong>de</strong> calor, principalmente na indústria <strong>de</strong><br />
resfriamento <strong>de</strong> componentes eletrônicos. Entretanto, pesquisas referentes<br />
à queda <strong>de</strong> pressão e à transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação em<br />
microcanais continuam muito limitadas, principalmente em geometrias<br />
submilimétricas.<br />
Con<strong>de</strong>nsadores são, todavia, importantes componentes em sistemas<br />
<strong>de</strong> refrigeração, <strong>de</strong> cujo bom funcionamento <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o coeciente<br />
<strong>de</strong> performance do ciclo termodinâmico. Assim como microtrocadores<br />
<strong>de</strong> calor necessitam remover altas taxas <strong>de</strong> calor (microevaporadores),<br />
a taxa com que o calor é rejeitado para o ambiente <strong>de</strong>ve ser, também,<br />
mantida em patamares elevados. Por isso, a otimização <strong>de</strong> microcon<strong>de</strong>nsadores<br />
é uma área <strong>de</strong> fundamental importância no estudo da miniaturização<br />
<strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> refrigeração e resfriamento.<br />
A con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> microcanais é aplicada em diversos<br />
sistemas, como por exemplo, em condicionadores <strong>de</strong> ar automotivos.<br />
Esses equipamentos utilizam canais com diâmetros hidráulicos na faixa<br />
<strong>de</strong> 0,5 mm a 1,5 mm em seu con<strong>de</strong>nsador, (MATKOVIC et al., 2009).<br />
Equipamentos utilizados em outros sistemas <strong>de</strong> resfriamento complexos,<br />
como no controle térmico <strong>de</strong> satélites e em sistemas <strong>de</strong> resfriamento<br />
miniaturizados, como CPL (Capillary Pumped Loops) e minitubos<br />
<strong>de</strong> calor, têm a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aperfeiçoar seus projetos, com o<br />
melhor entendimento <strong>de</strong> escoamentos bifásicos no interior <strong>de</strong> microca-
36<br />
nais. Através <strong>de</strong>ssas constatações, vê-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos estudos<br />
na área <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação em microcanais, principalmente porque a maioria<br />
dos trabalhos que envolvam con<strong>de</strong>nsação, são <strong>de</strong>senvolvidos para<br />
canais com D h ≥ 1 mm, (GARIMELLA, 2006).<br />
Esse trabalho visa a contribuir para a melhor compreensão <strong>de</strong> escoamentos<br />
em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> pequenas geometrias, através<br />
da análise experimental do comportamento termo-hidráulico da con<strong>de</strong>nsação<br />
<strong>de</strong> R-134a em oito microcanais paralelos, arranjados horizontalmente,<br />
com 0, 8 mm <strong>de</strong> diâmetro. Serão analisados o coeciente <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor por con<strong>de</strong>nsação (CTC), h, e a queda <strong>de</strong> pressão<br />
<strong>de</strong>vida ao atrito na con<strong>de</strong>nsação do uido <strong>de</strong> trabalho. Para isso,<br />
foi projetada e construída uma bancada experimental, on<strong>de</strong> vapor <strong>de</strong><br />
R-134a é gerado em uma cal<strong>de</strong>ira elétrica e con<strong>de</strong>nsado por meio <strong>de</strong><br />
resfriadores do tipo Peltier (RPs). A seção <strong>de</strong> teste é instrumentada<br />
com <strong>de</strong>zessete termopares, dois transdutores <strong>de</strong> pressão e três RPs. Os<br />
resultados obtidos são analisados em função dos seguintes parâmetros:<br />
velocida<strong>de</strong> mássica, temperatura, uxo <strong>de</strong> calor e título <strong>de</strong> vapor do<br />
uido refrigerante.<br />
A validação <strong>de</strong> formulações encontradas na literatura para a predição<br />
do h e da queda <strong>de</strong> pressão também é realizada. Entre mo<strong>de</strong>los<br />
semi-empíricos e correlações são testadas 10 formulações propostas para<br />
o h e 8 para a queda <strong>de</strong> pressão. A capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> predição em microcanais,<br />
por correlações e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para canais convencionais<br />
é, também, discutida no trabalho.<br />
Este trabalho está estruturado conforme é <strong>de</strong>scrito a seguir.<br />
No segundo capítulo, são apresentados alguns tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores<br />
e modos <strong>de</strong> se obter a con<strong>de</strong>nsação. Fundamentos da con<strong>de</strong>nsação<br />
também são apresentados ao leitor, como por exemplo, o processo <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, os diferentes modos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação e os padrões<br />
<strong>de</strong> escoamentos em tubos horizontais. Além disso, é exposto o<br />
estado da arte no que diz respeito à inuência dos diversos parâmetros<br />
na con<strong>de</strong>nsação convectiva em microcanais. São apresentados, também,<br />
mo<strong>de</strong>los e correlações propostas para o cálculo do h e da queda<br />
<strong>de</strong> pressão no interior <strong>de</strong> dutos horizontais.<br />
No capítulo terceiro, é <strong>de</strong>scrito o aparato experimental utilizado<br />
para a obtenção dos dados. São apresentados os equipamentos, bem<br />
como os instrumentos e procedimentos <strong>de</strong> medição utilizados.<br />
No quarto capítulo, são expostos os procedimentos adotados na<br />
realização dos testes experimentais, bem como no tratamento dos dados<br />
obtidos.<br />
No capítulo cinco, apresentam-se os resultados experimentais ob-
tidos na con<strong>de</strong>nsação em microcanais. Faz-se uma análise da inuência<br />
<strong>de</strong> diversos parâmetros sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e a<br />
queda <strong>de</strong> pressão na con<strong>de</strong>nsação. Além disso, os resultados experimentais<br />
são comparados com mo<strong>de</strong>los e correlações presentes na literatura.<br />
O sexto capítulo apresenta as conclusões obtidas no presente<br />
estudo, bem como recomendações para trabalhos futuros.<br />
No m, são listadas as referências bibliográcas utilizadas ao<br />
longo <strong>de</strong>sse trabalho.<br />
No apêndice A, é apresentada a <strong>de</strong>dução do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt,<br />
bastante utilizado mesmo quase um século <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> proposto.<br />
O apêndice B apresenta a <strong>de</strong>dução do cálculo da espessura <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nsado em um escoamento no regime anular.<br />
O apêndice C mostra como foi <strong>de</strong>terminada a avaliação do diâmetro<br />
interno dos microcanais utilizados no presente trabalho, bem<br />
como sua incerteza.<br />
No apêndice D, são apresentados os projetos <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> teste<br />
que antece<strong>de</strong>ram o mo<strong>de</strong>lo utilizado neste trabalho.<br />
O apêndice E apresenta os resultados experimentais obtidos no<br />
escoamento monofásico <strong>de</strong> líquido no interior <strong>de</strong> microcanais.<br />
Finalmente, o apêndice F mostra o cálculo das incertezas inerentes<br />
à avaliação do h experimental.<br />
37
39<br />
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />
2.1 TIPOS DE CONDENSADORES<br />
Na indústria, são encontrados diferentes tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores,<br />
como ilustrado na Figura 2.1. Eles po<strong>de</strong>m ser classicados quanto<br />
ao modo construtivo em con<strong>de</strong>nsadores <strong>de</strong> contato direto, indireto e<br />
evaporativo.<br />
Figura 2.1: Tipos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores utilizados na refrigeração industrial:<br />
a) resfriado a ar; b) e c) resfriado a água; d) evaporativo. Modi-<br />
cado <strong>de</strong> Stoecker e Jabardo (2002).<br />
2.1.1 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Direto<br />
Con<strong>de</strong>nsadores <strong>de</strong> contato direto são aqueles em que ocorre a<br />
mistura do uido frio, também chamado con<strong>de</strong>nsador, com um uido<br />
quente a ser con<strong>de</strong>nsado. Geralmente se caracteriza por um baixo custo<br />
<strong>de</strong> instalação, alta transferência <strong>de</strong> calor para uma baixa potência e<br />
baixo custo <strong>de</strong> manutenção. Porém, como ocorre uma mistura entre<br />
uidos isto o torna impraticável em várias aplicações. Po<strong>de</strong>m utilizar<br />
combinações do mesmo uido em fases diferentes, no qual vapor a ser
40<br />
con<strong>de</strong>nsado é misturado com a fase líquida do mesmo uido, como<br />
também a mistura entre dois uidos imiscíveis.<br />
A torre <strong>de</strong> resfriamento é o tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> contato direto<br />
mais comum na indústria. Esse equipamento é utilizado no resfriamento<br />
<strong>de</strong> água, a qual é aspergida contra uma corrente <strong>de</strong> ar ambiente. Calor<br />
e massa são transferidos da água para o ar, diminuindo a temperatura<br />
da água em questão.<br />
2.1.2 Con<strong>de</strong>nsador <strong>de</strong> Contato Indireto<br />
Este tipo <strong>de</strong> trocador <strong>de</strong> calor tem como principal característica<br />
a não mistura dos uidos durante o processo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação. A transferência<br />
<strong>de</strong> calor acontece através <strong>de</strong> placas ou superfícies <strong>de</strong> metal que<br />
separam os uidos, motivo <strong>de</strong> também serem chamados <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsadores<br />
<strong>de</strong> superfície. Os tipos a, b e c da Figura 2.1 representam variações<br />
<strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador.<br />
2.1.3 Con<strong>de</strong>nsador Evaporativo<br />
Neste equipamento, ilustrado na Figura 2.1d, o vapor a ser con<strong>de</strong>nsado<br />
escoa no interior <strong>de</strong> uma serpentina exposta a uma corrente<br />
<strong>de</strong> ar que ui externamente à tubulação. Neste tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador<br />
também não há mistura entre os uidos. O vapor é admitido pela<br />
tubulação na parte superior do con<strong>de</strong>nsador e para aumentar a transferência<br />
<strong>de</strong> calor, água é aspergida sobre a superfície externa dos tubos,<br />
criando um escoamento em contra-corrente <strong>de</strong> água, <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>nte, e <strong>de</strong><br />
ar, ascen<strong>de</strong>nte. O calor é transferido do uido no interior da serpentina<br />
para a película evaporativa <strong>de</strong> água, que por sua vez é transferido para<br />
a corrente <strong>de</strong> ar em convecção. Esses con<strong>de</strong>nsadores muito se assemelham<br />
com torres <strong>de</strong> resfriamento, on<strong>de</strong> água é resfriada a partir <strong>de</strong> uma<br />
contra corrente <strong>de</strong> ar. Todavia, con<strong>de</strong>nsador evaporativo é a evolução<br />
mais sensata dos sistemas com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> (por exemplo con<strong>de</strong>nsadores<br />
<strong>de</strong> ciclo com amônia) que utilizam um trocador <strong>de</strong> calor<br />
e uma torre <strong>de</strong> arrefecimento em conjunto, pois possuem instalação e<br />
operação mais simples, além <strong>de</strong> ocupar menor espaço.
41<br />
2.2 DISTINÇÃO ENTRE MACRO E MICROCANAIS<br />
Diversos autores como Coleman e Garimella (1999), Kim et al.<br />
(2003) e Chung e Kawaji (2004), <strong>de</strong>monstraram que os regimes <strong>de</strong> transição<br />
entre os padrões não são os mesmos em micro e macrocanais.<br />
Isso ocorre <strong>de</strong>vido à diferente inuência das forças que agem sobre o<br />
escoamento: a <strong>de</strong> atrito, a <strong>de</strong> tensão supercial e a gravitacional. Na<br />
microescala, as forças <strong>de</strong> atrito e <strong>de</strong> tensão supercial tornam-se mais<br />
importantes que a força gravitacional, comportamento oposto ao que<br />
ocorre em escoamentos no interior <strong>de</strong> canais convencionais. Um exemplo<br />
disso é que em geometrias muito pequenas não se observa a estraticação<br />
do escoamento no interior da tubulação, regime muito comum<br />
em canais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> diâmetro.<br />
Dessa maneira, a extrapolação <strong>de</strong> correlações <strong>de</strong>senvolvidas para<br />
canais com diâmetros convencionais em microcanais po<strong>de</strong> introduzir<br />
erros signicativos na avaliação da queda <strong>de</strong> pressão e da transferência<br />
<strong>de</strong> calor. Por isso, torna-se necessário conhecer um limite <strong>de</strong> transição<br />
entre macro e microescala, o que é um assunto muito discutido, pois <strong>de</strong><br />
fato não há unanimida<strong>de</strong> quanto a esse limite. Alguns critérios baseiamse<br />
apenas no tamanho do diâmetro da tubulação para i<strong>de</strong>nticar o<br />
limite, não dando importância para as proprieda<strong>de</strong>s do uido envolvido<br />
no processo. Todavia, essa classicação torna-se frágil à medida que se<br />
analisa a motivação <strong>de</strong> tal distinção, que é a diferente inuência das<br />
forças que agem sobre o escoamento.<br />
Com essa motivação, Kandlikar (2010) apresentou um trabalho<br />
que compara a magnitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> cinco forças importantes na ebulição convectiva<br />
em diferentes diâmetros. São elas: Forças <strong>de</strong> inércia, <strong>de</strong> tensão<br />
supercial, <strong>de</strong> atrito, gravitacional (<strong>de</strong> empuxo) e <strong>de</strong> evaporação (variação<br />
da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento). Para isso, o autor compara a<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za das forças por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área da seção transversal<br />
da tubulação. Tais forças são apresentadas a seguir:
42<br />
Força <strong>de</strong> inércia: F ′′<br />
i<br />
∼ G2<br />
ρ<br />
(2.1)<br />
Força <strong>de</strong> tensão supercial: F σ ′′ ∼ σ D<br />
(2.2)<br />
Força <strong>de</strong> atrito: F τ ′′ ∼ µG<br />
ρD<br />
(2.3)<br />
Força gravitacional: F g ′′ ∼ (ρ l − ρ v ) gD (2.4)<br />
( ) 2 Q<br />
Força <strong>de</strong> evaporação:<br />
F M ′′ 1<br />
∼<br />
(2.5)<br />
i lv ρ v G<br />
A Figura 2.2 apresenta o efeito do diâmetro da tubulação para<br />
um escoamento <strong>de</strong> R123 com velocida<strong>de</strong> mássica <strong>de</strong> 200 kg.m −2 s −1 e<br />
q ′′ = 1 MW.m −2 .<br />
Figura 2.2: Efeito do diâmetro da tubulação sobre as diferentes forças<br />
durante a ebulição para G = 200 kg.m −2 s −1 e q ′′ = 1 MW.m −2 ,<br />
(KANDLIKAR, 2010).<br />
Os resultados mostram que para gran<strong>de</strong>s diâmetros (D = 10 mm)<br />
a força gravitacional e a <strong>de</strong> inércia apresentam maiores or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za,<br />
seguidas pelas forças <strong>de</strong> tensão supercial, <strong>de</strong> evaporação e, por
43<br />
último, a <strong>de</strong> atrito. À medida que o diâmetro da tubulação diminui, a<br />
força <strong>de</strong> tensão supercial passa a exercer um papel mais importante,<br />
seguida da força <strong>de</strong> inércia, <strong>de</strong> atrito, evaporação, e por último, <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>.<br />
Esse resultado corrobora que um critério <strong>de</strong> transição <strong>de</strong>ve ser<br />
embasado fenomenologicamente.<br />
Kew e Cornwell (1997) propuseram um critério <strong>de</strong> transição baseado<br />
no número <strong>de</strong> connamento, Co, <strong>de</strong>nido pela razão entre o comprimento<br />
capilar -proporcional ao diâmetro <strong>de</strong> partida das bolhas na<br />
ebulição, e o diâmetro hidráulico do canal.<br />
√<br />
σ/g(ρl − ρ v )<br />
Co =<br />
(2.6)<br />
D h<br />
Segundo Kew e Cornwell (1997), a transição ocorre quando Co =<br />
0, 5, ou seja, Co > 0, 5 - microcanal; e Co < 0, 5 - macrocanal.<br />
Brauner e Maron (1992) utilizam a estabilida<strong>de</strong> do escoamento<br />
estraticado como critério <strong>de</strong> transição entre macro e microcanais,<br />
baseando-se no número <strong>de</strong> Eötvos, Eo, apresentado na Equação 2.7.<br />
(2π) 2 σ<br />
Eo =<br />
(2.7)<br />
(ρ l − ρ v )gDh<br />
2<br />
Segundo os autores quando Eo > 1, há o predomínio das forças<br />
<strong>de</strong> tensão supercial no escoamento, caracterizando-se um microcanal.<br />
Para um tubo <strong>de</strong> diâmetro D, tem-se a seguinte relação entre os números<br />
<strong>de</strong> connamento e <strong>de</strong> Eötvos:<br />
Eo = (2πCo) 2 (2.8)<br />
O que torna o critério <strong>de</strong> Brauner e Maron (1992), mais restritivo<br />
do que aquele <strong>de</strong> Kew e Cornwell (1997), pois a condição Eo > 1<br />
equivale a Co > 0, 16.<br />
Antes da discussão sobre os modos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação, é importante<br />
enten<strong>de</strong>r-se os conceitos <strong>de</strong> ângulo <strong>de</strong> contato e molhabilida<strong>de</strong>, que<br />
serão apresentados a seguir.<br />
2.3 ÂNGULO DE CONTATO E MOLHABILIDADE<br />
Uma gota <strong>de</strong> líquido em contato com uma superfície sólida em<br />
um meio <strong>de</strong> gás ou vapor po<strong>de</strong> assumir diferentes formas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo<br />
da interrelação entre as energias interfaciais do sistema sólido-líquidovapor.<br />
A Figura 2.3 apresenta um corte com um plano normal à su-
44<br />
perfície sólida sobre a qual repousa uma gota líquida em equilíbrio com<br />
seu vapor.<br />
Figura 2.3: Tensões interfaciais agindo sobre uma gota em repouso.<br />
O ângulo <strong>de</strong> contato, θ, me<strong>de</strong> o ângulo entre a interface sólidolíquido<br />
e a tangente à interface líquido-vapor, no ponto I, comum às<br />
três fases na intersecção <strong>de</strong> um plano vertical normal à superfície sólida.<br />
Consi<strong>de</strong>rando as três forças por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento da linha<br />
tripla (lugar geométrico on<strong>de</strong> se encontram as três fases), em N/m<br />
ou, <strong>de</strong> forma equivalente, as energias interfaciais, por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> área<br />
(J.m −2 ), que mantém o ponto I da Figura 2.3 em equilíbrio, tem-se a<br />
seguinte equação <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong> forças em I:<br />
rearranjando, tem-se:<br />
σ sl − σ sv + σ lv cosθ = 0 (2.9)<br />
σ sv = σ sl + σ lv cosθ. (2.10)<br />
on<strong>de</strong> σ lv , σ sl e σ sv representam as forças por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento,<br />
ou energias interfaciais, nas interfaces líquido-vapor, líquido-sólido e<br />
sólido-vapor, respectivamente. A Eq. 2.10 é conhecida como fórmula<br />
<strong>de</strong> Neumann ou equação <strong>de</strong> Young (CAREY, 1992).<br />
A anida<strong>de</strong> do líquido com o sólido <strong>de</strong>ne o conceito <strong>de</strong> molhabilida<strong>de</strong>,<br />
cuja quanticação po<strong>de</strong> ser feita por meio do ângulo <strong>de</strong><br />
contato, θ, (CAREY, 1992). Desse modo, quanto menor o ângulo <strong>de</strong><br />
contato, maior é a molhabilida<strong>de</strong>. Todavia, para enten<strong>de</strong>r-se melhor a<br />
relação entre tais conceitos, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>nir as forças <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e coesão,<br />
como apresentado em Tanasawa (1991).<br />
Quando uma gota com formato <strong>de</strong> meia esfera encontra-se sobre<br />
uma superfície, a força a<strong>de</strong>siva F ′ a, entre o líquido e o sólido é <strong>de</strong>rivada<br />
<strong>de</strong> um experimento mental, ilustrado na Figura 2.4.<br />
O trabalho reversível <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, ou força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são por unida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> comprimento da linha tripla, representa a energia supercial requerida<br />
para recolocar em contato uma gota <strong>de</strong> líquido envolta por um
45<br />
Figura 2.4: Força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são.<br />
meio gasoso. Na Figura 2.4 são esquematizadas duas situações: a da<br />
esquerda, em que a gota tem a sua base em contato com o sólido e a<br />
interface hemisférica, com o vapor; e a da direita, em que a gota <strong>de</strong><br />
líquido está envolvida por vapor e a superfície sólida está em contato<br />
com o vapor. A energia <strong>de</strong> superfície, ou seja, energia necessária para<br />
formar todas as interfaces, na situação da direita é igual a:<br />
enquanto a da esquerda é:<br />
2σ lv + σ sv (2.11)<br />
σ lv + σ sl (2.12)<br />
A diferença entre as energias <strong>de</strong> superfície nas duas situações<br />
representa o trabalho reversível <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são da gota, representado pela<br />
Eq. 2.13:<br />
F ′ a = σ sv + σ lv − σ sl (2.13)<br />
Combinando as Equações 2.9 e 2.13 chega-se a equação <strong>de</strong> Young-<br />
Dupree, Equação 2.14:<br />
F ′ a = σ lv (1 + cosθ) (2.14)<br />
Por outro lado, se a força <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, que mantém a gota líquida<br />
em contato com a superfície é muito forte para <strong>de</strong>sprendê-la, a gota<br />
po<strong>de</strong> quebrar-se ao meio, formando duas gotas: uma <strong>de</strong>positada sobre<br />
a superfície sólida; e outra completamente envolta pelo vapor. Essa<br />
situação é ilustrada à direita da Figura 2.5.<br />
Neste caso, a energia supercial para formar as interfaces na<br />
situação da direita é igual a:<br />
3σ lv + σ sl (2.15)<br />
A energia supercial para o caso anterior ao <strong>de</strong>smembramento
46<br />
Figura 2.5: Força <strong>de</strong> coesão.<br />
da gota é:<br />
σ lv + σ sl (2.16)<br />
A diferença <strong>de</strong> energia supercial entre estas duas situações é a<br />
energia supercial <strong>de</strong> coesão, ou força <strong>de</strong> coesão por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento,<br />
F ′ c, representada pela Eq. 2.17:<br />
F ′ c = 2σ lv (2.17)<br />
A molhabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um líquido em um sólido, ou anida<strong>de</strong> entre<br />
o líquido e o sólido, resulta da competição entre as forças <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e<br />
coesão. A energia supercial <strong>de</strong> espalhamento, F ′ e, é igual à diferença<br />
entre as energias superciais <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são e <strong>de</strong> coesão:<br />
F ′ e = F ′ a − F ′ c = σ sv − σ lv − σ ls (2.18)<br />
A força <strong>de</strong> espalhamento também representa a energia necessária<br />
para reduzir a área da interface sólido-líquido. Substituindo-se a<br />
Equação 2.9, chega-se na Equação 2.19:<br />
F ′ e = σ lv (cosθ − 1) (2.19)<br />
Assim, po<strong>de</strong>m ser obtidas algumas situações, representadas na Figura<br />
2.6:<br />
F e ′ = 0; θ = 0 o → Líquido totalmente molhante<br />
⎧<br />
⎨ 0 o < θ < 90 o → Líquido molhante<br />
F e ′ < 0 90 o < θ < 180 o → Líquido não-molhante<br />
⎩<br />
ou parcialmente molhante<br />
F e ′ = −2σ lv ; θ = 180 o → Líquido totalmente não-molhante
47<br />
Figura 2.6: Diferentes congurações <strong>de</strong> uma gota em repouso sobre<br />
uma superfície sólida.<br />
2.4 MODOS DE CONDENSAÇÃO<br />
Quando se tem vapor em contato com uma superfície, cuja temperatura<br />
é mantida sucientemente menor que a temperatura <strong>de</strong> saturação<br />
do uido, po<strong>de</strong> ocorrer a mudança <strong>de</strong> fase vapor-líquido sobre a<br />
mesma, a qual chamamos <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação heterogênea. Tal fenômeno<br />
po<strong>de</strong> ser classicado em dois modos, ou regimes: con<strong>de</strong>nsação em película<br />
ou em gotas. A con<strong>de</strong>nsação em película é mais fácil <strong>de</strong> ser obtida<br />
que a con<strong>de</strong>nsação em gotas, entretanto, segundo Tanasawa (1991), é<br />
difícil prever o tipo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação que será obtido por um vapor sobre<br />
uma superfície.<br />
Assim como no processo <strong>de</strong> ebulição, on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>-se observar os<br />
diferentes regimes em uma curva, chamada <strong>de</strong> curva <strong>de</strong> Nukiyama, ou<br />
<strong>de</strong> ebulição, o mesmo ocorre na con<strong>de</strong>nsação. A curva <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação,<br />
apresentada na Figura 2.7 divi<strong>de</strong> o processo em três diferentes regiões:<br />
película, gota e <strong>de</strong> transição.<br />
Na Figura 2.7 têm-se no eixo das abcissas a diferença entre as<br />
temperaturas <strong>de</strong> saturação do uido e da pare<strong>de</strong> sólida e, nas or<strong>de</strong>nadas,<br />
o uxo <strong>de</strong> calor. Mantendo-se, por exemplo, um valor xo <strong>de</strong> uxo<br />
<strong>de</strong> calor, quanto mais à esquerda no gráco, maior o coeciente <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor, pois consegue-se trocar a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
calor com uma diferença <strong>de</strong> temperatura entre uido e pare<strong>de</strong> menor.<br />
De maneira semelhante, mantendo-se constante um valor <strong>de</strong> diferença<br />
<strong>de</strong> temperatura, quanto maior a velocida<strong>de</strong> do vapor, maior é o uxo<br />
<strong>de</strong> calor transferido. Isso porque consegue-se obter um uxo <strong>de</strong> calor<br />
maior com as mesmas temperaturas <strong>de</strong> uido e pare<strong>de</strong>, o que signica<br />
maior CTC. Assim, pela Figura 2.7, ca claro que a con<strong>de</strong>nsação em<br />
gotas é o modo mais eciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor.
48<br />
Figura 2.7: Curvas <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação para o vapor d'água. Adaptado <strong>de</strong><br />
Tanasawa (1991) (MARTO, 1998).<br />
2.4.1 Con<strong>de</strong>nsação em Gotas<br />
Este é um modo muito complexo da con<strong>de</strong>nsação, cuja ocorrência<br />
é percebida em casos especiais on<strong>de</strong> o uido é parcialmente molhante, e<br />
sua manutenção é, na maioria dos casos, bastante difícil. Tal condição<br />
po<strong>de</strong> ser alcançada através da adição <strong>de</strong> contaminantes (promotores<br />
<strong>de</strong> gotas) no uido, ou uso <strong>de</strong> supercícies chamadas hidrofóbicas (não<br />
molhantes ao uido), como ouro, prata ou polímeros especiais. Todavia,<br />
conforme Carey (1992), para líquidos com baixa tensão interfacial,<br />
como refrigerantes em geral, nenhum promotor da con<strong>de</strong>nsação em gotas<br />
foi mencionado na literatura.<br />
A Figura 2.8 é parte <strong>de</strong> um trabalho <strong>de</strong>senvolvido por Ganzeles<br />
(2002), a qual apresenta a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor d'água sobre uma<br />
placa <strong>de</strong> uoreto <strong>de</strong> polivinili<strong>de</strong>no (PVDF), posicionada na vertical em<br />
um trocador <strong>de</strong> calor.<br />
Nela po<strong>de</strong>m-se perceber alguns padrões diferentes da con<strong>de</strong>nsação<br />
em gotas:<br />
I Trilha praticamente seca formada imediatamente após a drenagem.<br />
II Pequenas gotas com tamanho praticamente igual <strong>de</strong>vido ao crescimento<br />
por con<strong>de</strong>nsação.
49<br />
Figura 2.8: Con<strong>de</strong>sação em gotas sobre superfície <strong>de</strong> PVDF (GANZE-<br />
LES, 2002)<br />
III Gotas pequenas e gran<strong>de</strong>s formadas principalmente pela coalescência.<br />
IV Gotas maiores e pequenas <strong>de</strong>vido à coalescência.<br />
V Gotas gran<strong>de</strong>s com algumas pequenas, on<strong>de</strong> a drenagem po<strong>de</strong> ocorrer<br />
muito em breve.<br />
A con<strong>de</strong>nsação em gotas é composta por subprocessos combinados<br />
aleatoreamente: formação, crescimento (com ou sem coalescência)<br />
e partida da gota; cuja sequência é <strong>de</strong>nominada ciclo <strong>de</strong> vida (MARTO,<br />
1998) e (TANASAWA, 1991). Esse processo é altamente dinâmico e apesar<br />
<strong>de</strong> já ter sido muito estudado, há diversas questões não respondidas<br />
sobre a natureza <strong>de</strong> alguns fenômenos.<br />
Apesar <strong>de</strong> numerosos estudos sobre a formação da gota, este mecanismo<br />
é um assunto muito <strong>de</strong>batido no meio cientíco. Isso porque<br />
há dois diferentes mo<strong>de</strong>los propostos para este processo. O primeiro <strong>de</strong>les<br />
(provavelmente proposto por Eucken (1937), segundo Carey (1992))<br />
<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o ciclo inicia com a nucleação heterogênea <strong>de</strong> gotas microscópicas,<br />
as quais são formadas e crescem nos chamados sítios <strong>de</strong> nucleação,<br />
enquanto outras partes da superfície permanecem secas. Esta<br />
última situação po<strong>de</strong> ser observada na Trilha I da Figura 2.8.<br />
O segundo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a formação das gotas se dá a<br />
partir da quebra <strong>de</strong> uma película líquida pré-existente. Nesse caso
50<br />
as gotas são formadas quando a película atinge uma espessura crítica<br />
(<strong>de</strong> aproximadamente 1 µm, segundo Carey (1992)). A superfície em<br />
questão apresenta, <strong>de</strong>ssa maneira, tanto gotas quanto películas.<br />
Em função da constante con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor na sua superfície,<br />
a gota já formada cresce muito rapidamente e po<strong>de</strong> coalescer, caso<br />
haja o contato com outras gotas, e <strong>de</strong>slocar-se constantemente sobre<br />
a superfície. Quando a gota atinge certo tamanho, ela <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>-se<br />
da superfície, por ação da gravida<strong>de</strong> ou força <strong>de</strong> arraste causada por<br />
movimento <strong>de</strong> vapor, permitindo o reinício do ciclo.<br />
Segundo Marto (1998), na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor d'água à pressão<br />
atmosférica, sobre superfícies <strong>de</strong> cobre, a con<strong>de</strong>nsação em gotas<br />
po<strong>de</strong> apresentar coecientes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor 10 a 20 vezes<br />
maiores que em película. Por este motivo, este modo é amplamente<br />
estudado há mais <strong>de</strong> 30 anos. Em contrapartida, a con<strong>de</strong>nsação em<br />
gotas ainda é um mistério e informações contraditórias sobre o assunto<br />
são bastante comuns na literatura.<br />
2.4.2 Con<strong>de</strong>nsação em Película<br />
Este é o modo mais frequente <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação na maioria dos<br />
sistemas <strong>de</strong> engenharia (GHIAASIAAN, 2008). Ocorre quando o líquido<br />
con<strong>de</strong>nsado forma uma película sobre a superfície sólida resfriada, a<br />
qual po<strong>de</strong> permanecer estagnada ou escoar em regime laminar ou turbulento.<br />
Tal modo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação ocorre tão somente com uidos<br />
molhantes. Com uidos não molhantes a coalescência das gotas geradas<br />
ten<strong>de</strong> a formar a película <strong>de</strong> líquido, principalmente para uxos <strong>de</strong><br />
calor elevados. Escoamentos em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> microcanais<br />
exibem a ocorrência <strong>de</strong>sse modo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação na maior parte<br />
da sua conguração, como será visto na Seção 2.8.<br />
Quando se fala em con<strong>de</strong>nsação em película, a primeira coisa<br />
que surge na mente <strong>de</strong> um engenheiro é o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt (1916).<br />
Pela sua importância nessa área <strong>de</strong> pesquisa (continua sendo muito<br />
utilizado até hoje, quase um século após seu <strong>de</strong>senvolvimento), este<br />
mo<strong>de</strong>lo é apresentado no Apêndice A. O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt (1916),<br />
apesar <strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>senvolvido para situações i<strong>de</strong>ais, po<strong>de</strong> ser aplicado<br />
a diversas condições, através <strong>de</strong> algumas modicações. Sua teoria é a<br />
base para gran<strong>de</strong> parte dos mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>senvolvidos para a con<strong>de</strong>nsação<br />
convectiva em regime estraticado, como apresentado na Seção 2.11.2.<br />
Na con<strong>de</strong>nsação em película <strong>de</strong> um vapor saturado puro, Figura<br />
2.9, po<strong>de</strong>mos citar quatro processos <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na
51<br />
direção radial <strong>de</strong> uma tubulação: a convecção entre pare<strong>de</strong> e película<br />
líquida, a condução <strong>de</strong> calor através da película con<strong>de</strong>nsada e do vapor;<br />
e a convecção na interface líquido-vapor.<br />
Figura 2.9: Perl <strong>de</strong> temperatura na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> um vapor puro<br />
saturado<br />
A condução <strong>de</strong> calor no lado do vapor existe, pois a temperatura<br />
da interface é menor do que a temperatura <strong>de</strong> saturação do vapor.<br />
Todavia, sua magnitu<strong>de</strong> é normalmente <strong>de</strong>sprezada na gran<strong>de</strong> maioria<br />
das aplicações práticas, salvo para pressões sucientemente baixas<br />
(STEPHAN, 1992). Como a con<strong>de</strong>nsação do vapor na interface da película<br />
ocasiona altas taxas <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor, a condução <strong>de</strong><br />
calor através da película líquida é geralmente a resistência dominante à<br />
transferência <strong>de</strong> calor nesse modo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação (GHIAASIAAN, 2008).<br />
Por isso, em problemas envolvendo a con<strong>de</strong>nsação em película, um parâmetro<br />
muito importante quando se <strong>de</strong>seja calcular a taxa <strong>de</strong> calor<br />
transferido é a espessura da película líquida, base da <strong>de</strong>dução da teoria<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação em película no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt (1916).<br />
É importante lembrar que, na prática, dicilmente tem-se a condição<br />
<strong>de</strong> vapor puro <strong>de</strong> qualquer substância. Na gran<strong>de</strong> maioria dos<br />
casos há gases não con<strong>de</strong>nsáveis misturados ao vapor - ar em muitos<br />
casos, os quais são responsáveis pela redução da taxa <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação em película (TANASAWA, 1991).<br />
2.5 MANEIRAS DE PROMOVER A CONDENSAÇÃO<br />
Diversos trabalhos têm sido publicados na literatura envolvendo<br />
a con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos. Uma das primeiras discussões<br />
que se faz, quando se <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> estudar esse processo, é a respeito da
52<br />
maneira como o calor será removido do vapor, a m <strong>de</strong> promoverse<br />
a mudança <strong>de</strong> fase. A Tabela 2.1 apresenta as condições <strong>de</strong> teste<br />
<strong>de</strong> diversos trabalhos experimentais recentes, que são citados ao longo<br />
<strong>de</strong>sse texto. A última coluna apresenta os métodos <strong>de</strong> resfriamento<br />
utilizados nos respectivos estudos.<br />
Po<strong>de</strong>-se notar que, <strong>de</strong> todos os trabalhos citados na Tabela 2.1,<br />
somente um <strong>de</strong>les não utiliza um uido secundário como promotor da<br />
con<strong>de</strong>nsação: o <strong>de</strong> Baird, Fletcher e Haynes (2003). Este trabalho utiliza<br />
resfriadores do tipo Peltier - conhecidos comercialmente como pastilhas<br />
termelétricas, cujas características são abordadas na Seção 2.5.1.<br />
No trabalho <strong>de</strong> Baird, Fletcher e Haynes (2003), o cálculo do uxo <strong>de</strong><br />
calor removido por esses elementos é feito utilizando as equações <strong>de</strong>duzidas<br />
na Seção 2.5.3, as quais são difíceis <strong>de</strong> utilizar com precisão.<br />
Além disso, os autores apresentam essa equação <strong>de</strong> maneira errada em<br />
seu trabalho. Curiosamente, tal equação, fornece o valor do uxo <strong>de</strong><br />
calor removido pelos RPs com incerteza consi<strong>de</strong>rada baixa, <strong>de</strong> ±10%,<br />
segundo os autores.<br />
2.5.1 Resfriador Peltier<br />
Como relatado anteriormente, a gran<strong>de</strong> maioria dos experimentos<br />
na área <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação utilizam água como elemento promotor da<br />
con<strong>de</strong>nsação. Este trabalho apresenta uma opção pouco comum, assim<br />
como o trabalho <strong>de</strong>senvolvido por Baird, Fletcher e Haynes (2003),<br />
que é o uso <strong>de</strong> resfriadores do tipo Peltier (RPs). Tais elementos são,<br />
basicamente, refrigeradores em miniatura, os quais, segundo Chein e<br />
Chen (2005), são os únicos refrigeradores <strong>de</strong>sse tipo viáveis comercialmente.<br />
Eles são encontrados em alguns equipamentos já bastante<br />
comercializados, como a<strong>de</strong>gas portáteis, principalmente pelo fato <strong>de</strong><br />
serem silenciosos. Seu coeciente <strong>de</strong> performance (COP), entretanto, é<br />
mais baixo que o <strong>de</strong> outros ciclos <strong>de</strong> refrigeração <strong>de</strong> compressão <strong>de</strong> vapor.<br />
A seguir, serão apresentados os funcionamento <strong>de</strong>sses elementos,<br />
bem como as características dos resfriadores utilizados.<br />
2.5.2 Princípio <strong>de</strong> Funcionamento<br />
Os RPs funcionam baseados basicamente nos efeitos Seebeck e<br />
Peltier. O efeito Seebeck, <strong>de</strong>scoberto experimentalmente por Thomas<br />
Seebeck em 1821, baseia-se na <strong>de</strong>pendência da proprieda<strong>de</strong> eletrônica <strong>de</strong>
53<br />
Tabela 2.1: Condições experimentais <strong>de</strong> diversos trabalhos.<br />
Autores Canal 1 Diâmetro Fluido <strong>de</strong> G Método <strong>de</strong><br />
hidráulico (mm) trabalho (kg.m −2 .s −1 ) resfriamento<br />
Yang e Webb (1996) M-R 1,56; 2,64 R12 400 - 1400 Água<br />
Yan e Lin (1999) U-C 2,0 R-134a 100 - 200 Água<br />
Baird, Fletcher e U-C 0,92; 1,95 R123, R11 70 - 600 Resfriador Peltier<br />
Haynes (2003)<br />
Kim et al. (2003) U-C 0,691 R-134a 100 - 600 Água<br />
Koyama et al. (2003) M-R 0,807 - 1,062 R22, R407C, 400 - 1100 Água<br />
R-134a<br />
Garimella et al. (2005) U,R-C 0,5 - 4,91 R-134a 150 - 750 Água<br />
Bandhauer et al. (2006) U-C 0,506 - 1,524 R-134a 150 - 750 Água<br />
Matkovic et al. (2009) U-C 0,96 R-134a, R32 100 - 1200 Água<br />
Sapali e Patil (2010) U-C 9,42; 9,52 R-134a, R-404A 90 - 800 Refrigerante<br />
1 M:multicanais; U:único canal; R:retangular; C:circular
54<br />
diferentes materiais com relação à temperatura. Quando as junções <strong>de</strong><br />
os <strong>de</strong> dois materiais diferentes estão sujeitas a temperaturas distintas,<br />
é produzida uma tensão elétrica, a qual é proporcional à diferença <strong>de</strong><br />
temperatura das extremida<strong>de</strong> dos os. Este efeito também é o mesmo<br />
do princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um termopar, on<strong>de</strong> uma das junções<br />
é colocada em contato com a temperatura a medir e a outra a uma<br />
temperatura <strong>de</strong> referência, como mostrado no esquema da Figura 2.10.<br />
Figura 2.10: Princípio <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> um termopar.<br />
Jean-Charles Peltier <strong>de</strong>scobriu, em 1832, que se uma tensão for<br />
aplicada a um sistema <strong>de</strong>sse tipo, um uxo <strong>de</strong> calor será transferido<br />
<strong>de</strong> uma ponta a outra, como em uma bomba <strong>de</strong> calor, ou seja, po<strong>de</strong>-se<br />
obter com esses disposivos, a transformação <strong>de</strong> energia elétrica em gradiente<br />
<strong>de</strong> temperatura. Esse efeito é utilizado para remover calor em<br />
pastilhas termoelétricas (Thermelectric coolers), batizadas <strong>de</strong> resfriadores<br />
Peltier, em homenagem a seu <strong>de</strong>scobridor.<br />
O resfriador Peltier (RP) é formado, basicamente, por elementos<br />
termoelétricos e dois substratos, como mostrado na Figura 2.11.<br />
O elemento termoelétrico consiste em um termopar (composto pelos<br />
materiais tipo n e p nas guras seguintes), formados por dois semicondutores<br />
<strong>de</strong> materiais distintos. As juntas fria e quente estão em<br />
contato com chapas <strong>de</strong> cobre paralelas, as quais, por sua vez, estão em<br />
contato com substratos <strong>de</strong> material cerâmico. A Figura 2.12 apresenta<br />
os componentes <strong>de</strong> uma pastilha, <strong>de</strong>talhados em um único elemento<br />
termelétrico.<br />
O substrato cerâmico adjacente à junta fria, ca em contato com<br />
a superfície que se <strong>de</strong>seja remover calor - ou fonte quente. O substrato<br />
cerâmico unido à junta quente é associado a uma fonte fria (dissipador<br />
<strong>de</strong> calor), responsável pelo resfriamento <strong>de</strong>ssa superfície. A potência removida<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, além da quantida<strong>de</strong> e dos materiais dos termopares,<br />
da corrente elétrica <strong>de</strong> alimentação do resfriador e das temperaturas dos<br />
dois substratos, aumentando à medida que a diferença <strong>de</strong> temperatura
55<br />
Figura 2.11: Vista em corte do resfriador Peltier.<br />
Figura 2.12: Elemento termoelétrico que compõe o resfriador Peltier.<br />
entre os dois diminui. Dessa forma, o uxo <strong>de</strong> calor máximo removido<br />
pelo resfriador termoelétrico para uma dada corrente elétrica, é<br />
alcançado quando as temperaturas dos dois substratos igualam-se, o<br />
que equivale a atingir o COP máximo.<br />
2.5.3 Equacionamento<br />
A seguir, são revisadas as equações para se estimar as potências<br />
removida e rejeitada pelas pastilhas resfriadoras. Essa primeira é<br />
<strong>de</strong>talhada a seguir (HOLMAN, 1980) e foi utilizada para estimar a potência<br />
removida por Chein e Chen (2005) e Baird, Fletcher e Haynes
56<br />
(2003). Foi <strong>de</strong>scrito anteriormente que o efeito Peltier é controlado pelo<br />
coeciente <strong>de</strong> Peltier. Este coeciente é <strong>de</strong>nido como o produto do coeciente<br />
<strong>de</strong> Seebeck do termopar utilizado na pastilha pela temperatura<br />
absoluta do lado frio. Assim, a potência <strong>de</strong>vida ao efeito Peltier, em<br />
W, po<strong>de</strong> ser expressa por:<br />
Q P elt = I RP s T f (2.20)<br />
on<strong>de</strong> I RP , s e T f representam a corrente elétrica <strong>de</strong> alimentação, em<br />
A, o coeciente <strong>de</strong> Seebeck, em V.K −1 e a temperatura do lado frio do<br />
RP, em K, respectivamente.<br />
Entretanto, há duas parcelas <strong>de</strong> uxo <strong>de</strong> calor in<strong>de</strong>sejáveis, as<br />
quais <strong>de</strong>terioram esse valor da potência removida pelo resfriador. Uma<br />
<strong>de</strong>las é associada ao efeito Joule, que ocorre em função do aquecimento<br />
dos materiais que compõem os termopares, quando da passagem da<br />
corrente elétrica. Essa parcela po<strong>de</strong> ser calculada pela Equação 2.21:<br />
Q Joule = I2 RP ω<br />
(2.21)<br />
2A RP<br />
on<strong>de</strong> ω representa a resistivida<strong>de</strong> elétrica dos materiais que compõem<br />
os termopares, em Ωm e A RP representa a área por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento<br />
do RP, em m.<br />
A segunda parcela <strong>de</strong>gradante da potência removida é relativa à<br />
difusão <strong>de</strong> calor do lado quente para o lado frio do resfriador. Esse calor<br />
é transferido através dos materiais do termopar, e po<strong>de</strong> ser calculado<br />
pela da Equação 2.22:<br />
Q cond = k RP A RP (T q − T f ) (2.22)<br />
on<strong>de</strong> k RP e T q representam o coeciente <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> térmica dos<br />
materiais das junções, em W.(mK) −1 e a temperatura do lado quente<br />
do RP.<br />
Combinando as três equações acima, po<strong>de</strong>-se estimar a potência<br />
líquida removida pelo resfriador Peltier (Q RP ) <strong>de</strong> N junções (termopares)<br />
através da Equação 2.23:<br />
Q RP = 2N<br />
[<br />
sI RP T f − I2 RP ω<br />
]<br />
2A − k RP A RP (T q − T f )<br />
(2.23)<br />
A Eq. 2.23 apresenta uma forma bastante simples <strong>de</strong> se estimar<br />
a taxa <strong>de</strong> calor removido pelo RP. Entretanto, é necessário conhecer as<br />
proprieda<strong>de</strong>s dos materiais envolvidos no processo, tais como o coeci-
57<br />
ente <strong>de</strong> Seebeck, s, e a condutivida<strong>de</strong> térmica, k. Essas proprieda<strong>de</strong>s<br />
são o gran<strong>de</strong> segredo das empresas que fabricam as pastilhas, pois cada<br />
empresa utiliza diferentes ligas nos termopares. Devido à diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
obtenção <strong>de</strong>ssas proprieda<strong>de</strong>s, a utilização da Eq. 2.23 torna-se difícil<br />
<strong>de</strong> utilizar com precisão.<br />
Além disso, a Eq. 2.23 <strong>de</strong>spreza algumas resistências térmicas,<br />
como a condução através do substrato cerâmico e as resistências <strong>de</strong><br />
contato entre: elementos termelétricos - chapas <strong>de</strong> cobre - substratos<br />
cerâmicos.<br />
2.6 DISTRIBUIÇÃO DO ESCOAMENTO<br />
Com o intuito <strong>de</strong> aumentar a efetivida<strong>de</strong> térmica, trocadores <strong>de</strong><br />
calor compactos utilizam diversos microcanais em sua composição. Um<br />
dos problemas que isso remete é à má distribuição do escoamento no<br />
interior <strong>de</strong>sses pequenos dutos. Em um microcon<strong>de</strong>nsador constituído<br />
<strong>de</strong> multicanais, por exemplo, se algum <strong>de</strong>sses microcanais apresenta<br />
quantida<strong>de</strong> muito reduzida <strong>de</strong> vapor, esse po<strong>de</strong> ser con<strong>de</strong>nsado muito<br />
rapidamente. Já canais com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapor, ten<strong>de</strong>m a<br />
apresentar velocida<strong>de</strong> reduzida, dicultando a con<strong>de</strong>nsação. O que se<br />
obtém, é uma redução do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor médio<br />
<strong>de</strong>sse equipamento.<br />
Vist e Pettersen (2004), na sua revisão bibliográca, armam<br />
que a distribuição do escoamento está diretamente ligada à queda <strong>de</strong><br />
pressão nos canais. Esses autores realizaram um trabalho experimental<br />
com o objetivo <strong>de</strong> avaliar a má distribuição do escoamento <strong>de</strong> R-134a<br />
em <strong>de</strong>z microcanais paralelos, posicionados na vertical, com 4 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro interno cada. Uma conclusão importante do trabalho é que a<br />
distribuição da vazão do escoamento melhora à medida que o título <strong>de</strong><br />
vapor na entrada dos canais é aumentado, tanto em escoamentos ascen<strong>de</strong>ntes<br />
como <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. Este último, apresentado na Figura 2.13,<br />
on<strong>de</strong> o eixo das or<strong>de</strong>nadas apresenta a vazão mássica relativa do tubo,<br />
que é a razão entre a vazão do canal pela vazão média <strong>de</strong> todos os<br />
tubos.<br />
Segundo Bontemps (2005), como a distribuição do escoamento<br />
está diretamente ligada à perda <strong>de</strong> carga nos canais, diferentes rugosida<strong>de</strong>s<br />
entre eles po<strong>de</strong> afetar a distribuição do escoamento.<br />
Segundo I<strong>de</strong>lchik (1994), para se obter uma distribuição mais<br />
uniforme do escoamento <strong>de</strong>ve-se utilizar um distribuidor <strong>de</strong> área variável,<br />
a qual diminui na direção do escoamento, sendo mínima em frente
58<br />
Figura 2.13: Distribuição do escoamento em <strong>de</strong>z canais em função do<br />
título <strong>de</strong> vapor.<br />
ao último tubo, assim como mostra a Figura 2.14.<br />
Figura 2.14: Distribuidores <strong>de</strong> seção transversal variável, (IDELCHIK,<br />
1994).<br />
2.7 DEFINIÇÕES IMPORTANTES<br />
Nesta seção, serão apresentadas algumas relações fundamentais<br />
para o estudo <strong>de</strong> escoamentos bifásicos. Tais relações serão discutidas<br />
e utilizadas frequentemente no texto.<br />
A primeira relação aqui apresentada é a da fração <strong>de</strong> vazio, α, a<br />
qual é melhor discutida na Seção 2.9. A fração <strong>de</strong> vazio é <strong>de</strong>nida como<br />
sendo a razão entre as área ocupada pelo vapor (ou gás), A v , e a área
59<br />
total da seção transversal do duto, A st , em uma dada seção transversal:<br />
α = A v<br />
A st<br />
(2.24)<br />
O fator <strong>de</strong> escorregamento, S, é <strong>de</strong>nido como a razão entre a<br />
velocida<strong>de</strong> média das fases vapor, v v , e líquida, v l :<br />
S = v v<br />
v l<br />
= ρ l x v (1 − α)<br />
ρ v (1 − x v ) α<br />
(2.25)<br />
Outro parâmetro muito utilizado em escoamentos bifásicos é a<br />
velocida<strong>de</strong> supercial <strong>de</strong> cada fase. Tal parâmetro representa a velocida<strong>de</strong><br />
que cada fase teria se escoasse sozinha através da tubulação com a<br />
velocida<strong>de</strong> mássica G. Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>nir a velocida<strong>de</strong> supercial da fase<br />
no escoamento como a razão entre a velocida<strong>de</strong> mássica pela massa especíca<br />
da fase em questão. Assim, a velocida<strong>de</strong> supercial do líquido,<br />
j l , é <strong>de</strong>nida como:<br />
e a do vapor, j v :<br />
j l = G(1 − x v)<br />
ρ l<br />
(2.26)<br />
j v = Gx v<br />
ρ v<br />
(2.27)<br />
Para nalizar, a Tabela 2.2 apresenta os números adimensionais<br />
utilizados no presente trabalho, assim como seu signicado físico.<br />
Tabela 2.2: Grupos adimensionais<br />
Parâmetro Signicado Físico Denição<br />
Número <strong>de</strong> Razão entre as forças <strong>de</strong><br />
Reynolds, inércia e viscosa Re = GD<br />
Re<br />
µ<br />
Número <strong>de</strong><br />
Reynolds<br />
supercial<br />
Número <strong>de</strong> Reynolds <strong>de</strong><br />
cada fase<br />
Re l = GD(1 − x v)<br />
µ l<br />
Re v = GDx v<br />
µ v
60<br />
Número <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Reynolds<br />
Reynolds líquido/vapor<br />
somente<br />
(liquid/vapor<br />
consi<strong>de</strong>rando que toda<br />
a vazão do escoamento<br />
consiste em uma única<br />
fase (líquido ou vapor)<br />
only)<br />
Número <strong>de</strong><br />
Re bif<br />
Reynolds<br />
Número <strong>de</strong> Reynolds<br />
para o escoamento bifásico<br />
bifásico,<br />
Número <strong>de</strong> Coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
Nusselt, Nu<br />
<strong>de</strong> calor adimen-<br />
sional<br />
Número <strong>de</strong><br />
Prandtl, P r<br />
Número <strong>de</strong><br />
Galileo, Ga<br />
Razão entre as difusivida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
movimento e <strong>de</strong> calor<br />
Razão entre as forças<br />
gravitacional e viscosa<br />
Re lo = GD<br />
µ l<br />
Re vo = GD<br />
µ v<br />
Re bif = GD<br />
µ h<br />
Nu = hD<br />
k l<br />
P r = µc P<br />
k<br />
Ga = ρ l (ρ l − ρ v ) gD 3<br />
µ 2 l<br />
Número <strong>de</strong><br />
Jakob, Ja<br />
Número <strong>de</strong><br />
Frou<strong>de</strong>, F r<br />
Número <strong>de</strong><br />
Weber, W e<br />
Razão entre calor sensível<br />
e latente<br />
Razão entre as forças <strong>de</strong><br />
inércia e gravitacional<br />
Razão entre as forças <strong>de</strong><br />
inércia e <strong>de</strong> tensão supercial<br />
Ja = cp l (T sat − T p )<br />
i lv<br />
F r = (G/ρ l) 2<br />
gD<br />
W e = G2 D<br />
ρ v σ
61<br />
Número<br />
Bond, Bo<br />
<strong>de</strong><br />
Razão entre as forças<br />
gravitacional e <strong>de</strong> tensão<br />
supercial Bo = g (ρ l − ρ v ) D 2<br />
σ<br />
2.8 PADRÕES DE ESCOAMENTO NA CONDENSAÇÃO<br />
O primeiro passo para o entendimento da con<strong>de</strong>nsação em microcanais,<br />
é a caracterização do escoamento, pois isto é o elo da associação<br />
entre queda <strong>de</strong> pressão e transferência <strong>de</strong> calor, (GARIMELLA, 2006). Da<br />
mesma forma que po<strong>de</strong>mos caracterizar o escoamento monofásico em<br />
diferentes regimes - laminar, transição e turbulento, o mesmo ocorre em<br />
escoamentos envolvendo duas fases, (COLLIER; THOME, 1994). Nesse<br />
caso os regimes são função da conguração geométrica adotada pelas diferentes<br />
interfaces entre as fases no interior do duto. Tais congurações<br />
são também chamadas <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> escoamento. Em escoamentos<br />
bifásicos, po<strong>de</strong>m-se obter diferentes padrões, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da fração <strong>de</strong><br />
vazio, da geometria do tubo, das proprieda<strong>de</strong>s do uido, do título e da<br />
velocida<strong>de</strong> mássica do escoamento. É interessante observar que no interior<br />
<strong>de</strong> um mesmo tubo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsador, po<strong>de</strong>-se notar a presença <strong>de</strong><br />
diferentes padrões <strong>de</strong> escoamento à medida que se distancia da entrada<br />
do canal, como apresentado na Figura 2.15.<br />
Figura 2.15: Distribuição das fases líquido/vapor no escoamento em<br />
um tubo <strong>de</strong> dimensões convencionais. Modicado <strong>de</strong> Collier e Thome<br />
(1994).
62<br />
2.8.1 Classicação<br />
A Figura 2.16 apresenta os padrões <strong>de</strong> escoamento básicos observados<br />
na con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> dutos <strong>de</strong> pequeno diâmetro. É<br />
importante <strong>de</strong>ixar claro que alguns regimes aqui apresentados po<strong>de</strong>m<br />
ocorrer (e <strong>de</strong> certa forma acontecem na maioria dos casos) simultaneamente,<br />
tornando o escoamento mais complexo.<br />
• Escoamento com Névoa (Misto): Escoamentos com elevados título<br />
<strong>de</strong> vapor e velocida<strong>de</strong> mássica, ten<strong>de</strong>m a arrancar gotículas<br />
líquidas previamente formadas na pare<strong>de</strong> do duto. Estas passam<br />
a escoar misturadas ao vapor, formando uma névoa, <strong>de</strong>nominada<br />
<strong>de</strong> entrainment.<br />
• Escoamento Anular: Quando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapor é gran<strong>de</strong><br />
(alto título <strong>de</strong> vapor), este ten<strong>de</strong> a escoar na parte central,empurrando<br />
o líquido para a pare<strong>de</strong> do tubo. Por conseguinte, o líquido banha<br />
toda a superfície do tubo, formando um anel, quando o duto é<br />
circular. Caso haja a ocorrência <strong>de</strong> névoa misturada ao vapor,<br />
esse escoamento é <strong>de</strong>nominado anular misto.<br />
• Escoamento Estraticado: Este padrão ocorre para velocida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> vapor muito baixas. Caracteriza-se pela separação total entre<br />
as fases por uma interface lisa, on<strong>de</strong> líquido e vapor escoam na<br />
parte inferior e superior do tubo, respectivamente. O con<strong>de</strong>nsado<br />
formado no topo do tubo escoa pela pare<strong>de</strong> para a piscina <strong>de</strong><br />
líquido pela ação da gravida<strong>de</strong>.<br />
• Escoamento Intermitente (slug - Agitado/plug - Pistonado): Este<br />
padrão caracteriza-se pela presença <strong>de</strong> bolhas <strong>de</strong> vapor alongadas.<br />
Finas películas <strong>de</strong> líquido, separam a bolha da pare<strong>de</strong> e também<br />
bolhas subsequentes. Quando a frente da bolha apresenta formato<br />
arredondado, o escoamento é chamado <strong>de</strong> pistonado (plug<br />
ow). Quando as longas bolhas são <strong>de</strong>formadas e não apresentam<br />
arredondamento na sua parte frontal, o padrão é também<br />
chamado <strong>de</strong> agitado (slug ow).<br />
• Escoamento Disperso (Borbulhado): Pequenas bolhas <strong>de</strong> vapor<br />
distorcidas ten<strong>de</strong>m a escoar dispersas no líquido, preferencialmente<br />
na parte central e superior do tubo. Este regime é tipicamente<br />
encontrado em congurações <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong> mássica e<br />
baixo título <strong>de</strong> vapor.
63<br />
Figura 2.16:<br />
BATSKI; THOME, 2008).<br />
Padrões <strong>de</strong> escoamento em microcanais, (CHENG; RI-<br />
2.8.2 Mapas <strong>de</strong> Padrões <strong>de</strong> Escoamento<br />
A m <strong>de</strong> predizer o regime presente no interior <strong>de</strong> um tubo para<br />
uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> escoamento, bem como as linhas <strong>de</strong> transição<br />
entre tais regimes, mapas <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> escoamento foram construídos.<br />
Esses po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>senvolvidos baseados em mecanismos físicos<br />
e/ou empiricamente. Existem mapas para escoamentos bifásicos, em<br />
canais convencionais, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 50. Todavia, em microcanais<br />
poucos foram <strong>de</strong>senvolvidos, tampouco para con<strong>de</strong>nsação em canais<br />
com pequenos diâmetros.<br />
A maioria dos padrões <strong>de</strong> escoamento encontrados na literatura,<br />
refere-se a escoamentos adiabáticos. Nesses casos, os uidos ar-água,<br />
nitrogênio-água e ar-óleos são os mais utilizados. A Figura 2.17 apresenta<br />
um mapa <strong>de</strong> padrões para a predição <strong>de</strong> escoamentos adiabáticos<br />
em canais com pequenos diâmetros <strong>de</strong>senvolvido por Felcar, Ribatski<br />
e Jabardo (2007). Seguindo a forma clássica, a carta <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong><br />
escoamentos foi construída em função das velocida<strong>de</strong>s superciais do<br />
líquido (j l ) e do gas (j v ), que representam as velocida<strong>de</strong>s das fases no<br />
interior do tubo e cujas <strong>de</strong>nições são apresentadas na Seção 2.7. O<br />
mo<strong>de</strong>lo em questão foi baseado no mapa <strong>de</strong> Taitel e Dukler (1976), o<br />
qual foi <strong>de</strong>senvolvido para canais convencionais. O trabalho levou em<br />
conta o efeito da tensão supercial nas linhas <strong>de</strong> transição do mo<strong>de</strong>lo<br />
base, através da inclusão dos números <strong>de</strong> Weber e Eötvos. Segundo os<br />
autores, o método utilizado funciona bem para escoamentos no interior<br />
<strong>de</strong> canais com diâmetro 1 < D h < 5 mm.<br />
Esses escoamentos, sem transferência <strong>de</strong> calor, simulam escoa-
64<br />
Figura 2.17: Mapa <strong>de</strong> Felcar, Ribatski e Jabardo (2007) <strong>de</strong>senvolvido<br />
para escoamentos adiabáticos em canais <strong>de</strong> pequeno diâmetro(1 <<br />
D h < 5 mm).<br />
mentos em con<strong>de</strong>nsação e ebulição, <strong>de</strong>vido à simplicação experimental.<br />
Todavia, a extrapolação <strong>de</strong>sses resultados para escoamentos em<br />
con<strong>de</strong>nsação não são muito apropriados, <strong>de</strong>vido às diferentes proprieda<strong>de</strong>s<br />
dos uidos envolvidos, como por exemplo a massa especíca, que<br />
causa velocida<strong>de</strong>s muito maiores para escoamentos com ar do que com<br />
vapor <strong>de</strong> uidos refrigerantes.<br />
Yang e Shieh (2001) estudaram os padrões em escoamentos <strong>de</strong> arágua<br />
e R-134a em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos circulares medindo<br />
1, 2 e 3 mm <strong>de</strong> diâmetro e para 300 kg.m −2 .s −1 < G < 1600 kg.m −2 .s −1 .<br />
A Figura 2.18 apresenta uma comparação entre as linhas <strong>de</strong> transição<br />
dos escoamentos <strong>de</strong> ar-água e R-134a em con<strong>de</strong>nsação no interior do<br />
mesmo tubo, com D = 2 mm.<br />
Os autores vericaram somente os regimes disperso, intermitente<br />
e anular nos escoamentos em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> todos os tubos<br />
e para o <strong>de</strong> 1 mm adiabático. Além disso, o regime estraticado com<br />
ondas foi observado nos escoamentos adiabáticos nos tubos com D = 2<br />
e 3 mm.<br />
Na literatura, foi encontrado somente um mapa <strong>de</strong> padrões para<br />
con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong>senvolvido para canais com D h < 2 mm. Em Garimella
65<br />
Figura 2.18: Comparação entre os mapas <strong>de</strong> padrão para o R-134a<br />
em con<strong>de</strong>nsação e ar-água no interior <strong>de</strong> um tubo medindo 2 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro (YANG; SHIEH, 2001).<br />
(2006) são apresentadas as equações <strong>de</strong> um mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>senvolvido<br />
por Coleman e Garimella para a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a em canais<br />
com seção transversal quadrada e com D h = 1 mm, Figura 2.19. Neste<br />
caso, o mapa <strong>de</strong> padrões foi construído em função da velocida<strong>de</strong> mássica<br />
total do escoamento, G, na or<strong>de</strong>nada, e do título <strong>de</strong> vapor na abcissa.<br />
Todavia, não ca claro qual trabalho foi o pioneiro no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
do mapa, pois Garimella (2006) cita quatro diferentes artigos para tal,<br />
sendo que as equações mostradas em Garimella (2006) para as curvas<br />
<strong>de</strong> transição não foram encontradas em nenhum <strong>de</strong>les. Além disso, um<br />
dos trabalhos citados menciona somente o mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> 4 mm.<br />
Este mo<strong>de</strong>lo será usado como base para o presente trabalho, pois além<br />
<strong>de</strong> ter sido <strong>de</strong>senvolvido para dimensões parecidas, o uido utilizado é<br />
o mesmo (R-134a).<br />
Diversos estudos são encontrados na literatura envolvendo mapas<br />
<strong>de</strong> padrões, principalmente em escoamentos adiabáticos. Dentre
66<br />
Figura 2.19: Mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong>senvolvido por Coleman e Garimella<br />
para canais <strong>de</strong> seção transversal quadrada e D h = 1 mm.<br />
eles alguns apresentam informações importantes sobre a inuência <strong>de</strong><br />
parâmetros do escoamento nas linhas <strong>de</strong> transição entre os regimes.<br />
Coleman e Garimella (1999) conduziram um estudo sobre o efeito<br />
do diâmetro e da geometria do canal sobre os mapas <strong>de</strong> regime em escoamentos<br />
adiabáticos. Seus resultados foram baseados em experimentos<br />
com ar-água em tubos retangulares e circulares para 1, 3 < D h <<br />
5, 5 mm. Os autores concluíram que o diâmetro hidráulico da tubulação<br />
tem gran<strong>de</strong> inuência nas linhas <strong>de</strong> transição, como mostra a Figura<br />
2.20. Segundo eles isso ocorre pois com a diminuição do diâmetro,<br />
os efeitos da tensão supercial tornam-se mais dominantes e o líquido<br />
ten<strong>de</strong> a molhar a pare<strong>de</strong> do tubo, suprimindo o regime <strong>de</strong> escoamento<br />
disperso e aumentando a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência dos padrões anular<br />
e intermitente. A Figura 2.20 mostra que para D < 2, 6 mm o<br />
diâmetro da tubulação apresenta menor inuência nas linhas <strong>de</strong> transição<br />
e o regime estraticado é suprimido.<br />
Ainda em Coleman e Garimella (1999), a Figura 2.21 apresenta<br />
o efeito da geometria do canal no padrão <strong>de</strong> escoamento. Po<strong>de</strong>-se perceber<br />
que a transição do regime disperso para intermitente e anular é a<br />
mais inuenciada pela forma geométrica. Esse comportamento ocorre,<br />
pois em canais retangulares a manutenção da película líquida nas pare<strong>de</strong>s<br />
da tubulação é facilitada pela formação do menisco. Assim, o<br />
regime <strong>de</strong> gotas dispersas é menor em canais com cantos vivos.
67<br />
Figura 2.20: Linhas <strong>de</strong> transição entre os regimes em função do diâmetro<br />
da tubulação (COLEMAN; GARIMELLA, 1999).<br />
É interessante notar que o mesmo trabalho analisa resultados<br />
<strong>de</strong> outros autores para gran<strong>de</strong>s diâmetros (entre 11,5 e 258,0 mm) e<br />
conclui que, para canais convencionais, a inuência do diâmetro tem<br />
pouco efeito nas linhas <strong>de</strong> transição. Esse resultado ocorre pois em<br />
canais gran<strong>de</strong>s, as forças gravitacional e <strong>de</strong> atrito apresentam or<strong>de</strong>m<br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za superior a da força <strong>de</strong> tensão supercial. Dessa maneira,<br />
mesmo aumentando o valor <strong>de</strong>ssa última com a diminuição do diâmetro,<br />
há pouca mudança nas linhas <strong>de</strong> transição.<br />
Coleman e Garimella (2000) <strong>de</strong>senvolveram um trabalho similar,<br />
todavia para escoamentos em con<strong>de</strong>nsação, on<strong>de</strong> os autores analisam a<br />
inuência do diâmetro hidráulico da tubulação nas linhas <strong>de</strong> transição.<br />
As condições <strong>de</strong> teste utilizadas foram: 0 < x < 1; 150 kg.m −2 .s −1 <<br />
G < 750 kg.m −2 .s −1 . O efeito do diâmetro da tubulação é mostrado<br />
nas Figuras 2.22 e 2.23.<br />
Po<strong>de</strong>-se observar claramente a tendência do crescimento das regiões<br />
intermitente -Plug/Slug, (Figura 2.22) e anular (Figura 2.23) com<br />
a diminuição do diâmetro da tubulação. Os autores encontraram ainda<br />
que o regime estraticado diminui com a redução do diâmetro, até não<br />
ser mais observado para D h = 3 mm. O mecanismo que explica tais<br />
efeitos é o mesmo citado no trabalho citado anteriormente pelos mes-
68<br />
Figura 2.21: Comparação entre os mapas <strong>de</strong> regime para canais circulares<br />
e retangulares (COLEMAN; GARIMELLA, 1999).<br />
mos autores: o aumento da força <strong>de</strong> tensão supercial frente às forças<br />
gravitacional e inercial com o <strong>de</strong>créscimo do diâmetro.<br />
Kim et al. (2003) apud Cavallini et al. (2006) também conduziram<br />
um trabalho sobre a visualização <strong>de</strong> escoamentos em con<strong>de</strong>nsação<br />
no interior <strong>de</strong> tubos com D = 0, 75 mm. Foi utilizado o uido R-<br />
134a à temperatura <strong>de</strong> 40 o C na faixa <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s mássicas entre<br />
100 kg.m −2 .s −1 e 600 kg.m −2 .s −1 . Os autores observaram a ocorrência<br />
dos regimes anular, agitado e borbulhado. Não houve ocorrência do<br />
regime estraticado.<br />
2.9 FRAÇÃO DE VAZIO<br />
Uma informação muito importante, quando se estuda escoamentos<br />
bifásicos, diz respeito à relação entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido e <strong>de</strong><br />
vapor presentes no interior do duto, <strong>de</strong>nominada fração <strong>de</strong> vazio, α,<br />
<strong>de</strong>nida na Seção 2.7. Esse fator inuencia tanto o regime <strong>de</strong> escoamento,<br />
quanto, consequentemente, a transferência <strong>de</strong> calor e queda<br />
<strong>de</strong> pressão. A diminuição da fração <strong>de</strong> vazio, por exemplo, signica<br />
menor área para o escoamento <strong>de</strong> vapor. Isso leva ao aumento da sua
69<br />
Figura 2.22: Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento intermitente (CO-<br />
LEMAN; GARIMELLA, 2000).<br />
velocida<strong>de</strong>, que por sua vez aumenta o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong><br />
calor e a queda <strong>de</strong> pressão. Diversas correlações e mo<strong>de</strong>los têm sido<br />
propostas para a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>ste parâmetro, as quais normalmente<br />
são função do título <strong>de</strong> vapor e <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s dos uidos. Segundo<br />
Thome (2004), formulações para a predição da fração <strong>de</strong> vazio <strong>de</strong>senvolvidas<br />
para canais convencionais po<strong>de</strong>m ser aplicadas em microcanais,<br />
para os mesmos regimes <strong>de</strong> escoamento nas quais os mo<strong>de</strong>los foram<br />
<strong>de</strong>senvolvidos.<br />
Lockhart e Martinelli (1949) propuseram uma correlação para a<br />
fração <strong>de</strong> vazio para uma ampla faixa <strong>de</strong> condições testadas:<br />
[ ( ) 0,64 ( ) 0,36 ( ) ] 0,07 −1<br />
1 − xv ρv µl<br />
α = 1 + 0, 28<br />
(2.28)<br />
ρ l µ v<br />
x v<br />
A correlação <strong>de</strong> Baroczy (1965), apresentada a seguir, foi <strong>de</strong>senvolvida<br />
baseada em escoamentos adiabáticos <strong>de</strong> mercúrio líquidonitrogêneo<br />
e ar-água. Esta formulação é uma das mais utilizadas na<br />
literatura em geral e a mais precisa, segundo Carey (1992) e Stephan
70<br />
Figura 2.23: Efeito do D h no padrão <strong>de</strong> escoamento anular (COLEMAN;<br />
GARIMELLA, 2000).<br />
(1992):<br />
[ ( ) 0,74 ( ) 0,65 ( ) ] 0,13 −1<br />
1 − xv ρv µl<br />
α = 1 +<br />
(2.29)<br />
ρ l µ v<br />
x v<br />
Dalkilic e Wongwises (2009) apresentam 35 correlações para a<br />
predição da fração <strong>de</strong> vazio. Dentre elas, a única <strong>de</strong>senvolvida propriamente<br />
para a con<strong>de</strong>nsação é a proposta por Graham (1998). Esta<br />
correlação foi <strong>de</strong>senvolvida empiricamente para escoamentos <strong>de</strong> R-134a<br />
e R410A no interior <strong>de</strong> tubos horizontais com D = 7, 04 mm e velocida<strong>de</strong>s<br />
mássicas entre 75 e 450 kg.m −2 .s −1 :<br />
{<br />
α =<br />
1 − e {−1−0,3ln(F rt)−0,0328[ln(F rt)]2 } p/ F r t > 0, 01032<br />
0 p/ F r t < 0, 01032<br />
(2.30)<br />
on<strong>de</strong> F r t representa o número <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong> modicado, <strong>de</strong>nido por Hurlburt<br />
(1997), como segue:
71<br />
[<br />
x 3<br />
F r t =<br />
vG 2 ] 1/2‘<br />
(2.31)<br />
ρ 2 vgD(1 − x v )<br />
Segundo Graham (1998), a correlação apresentou incerteza <strong>de</strong><br />
10% em relação aos dados experimentais, nos regimes anular e estrati-<br />
cado.<br />
Quando se consi<strong>de</strong>ram que as velocida<strong>de</strong>s do vapor e do líquido<br />
no interior do duto são iguais (S = 1), têm-se o mo<strong>de</strong>lo homogêneo,<br />
que é melhor discutido na Seção 2.10.2.1. Neste caso, a fração <strong>de</strong> vazio<br />
é <strong>de</strong>terminada da seguinte maneira:<br />
α hom =<br />
[<br />
1 +<br />
2.10 QUEDA DE PRESSÃO<br />
( 1 − xv<br />
x v<br />
) (<br />
ρv<br />
ρ l<br />
)] −1<br />
(2.32)<br />
A avaliação da queda <strong>de</strong> pressão em microcon<strong>de</strong>nsadores é <strong>de</strong><br />
fundamental importância por dois motivos, principalmente. O primeiro<br />
diz respeito ao projeto do trocador <strong>de</strong> calor. Quanto maior for a queda<br />
<strong>de</strong> pressão, maior terá que ser a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombeamento do sistema.<br />
O segundo ponto é na questão da transferência <strong>de</strong> calor. O<br />
coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local (h) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das temperaturas<br />
locais da pare<strong>de</strong> do tubo e do uido. Esta última, na con<strong>de</strong>nsação,<br />
é função da pressão local do escoamento. Dessa forma, uma boa metodologia<br />
para o cálculo da queda <strong>de</strong> pressão em um con<strong>de</strong>nsador, remete<br />
também à baixa incerteza na estimativa da temperatura do uido, que<br />
por sua vez, representa conabilida<strong>de</strong> no cálculo do coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor.<br />
Experimentos com microcanais são normalmente providos <strong>de</strong><br />
plena ou manifolds, componentes responsáveis pela distribuição do escoamento<br />
entre os diferentes canais. Pela facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso, é entre<br />
esses distribuidores que a queda <strong>de</strong> pressão é geralmente medida.<br />
I<strong>de</strong>lchik (1994) propõe um método para calcular a queda <strong>de</strong> pressão<br />
total em sistemas que possuem distribuidores. Todavia, sua utilização<br />
é restrita à canais com gran<strong>de</strong>s diâmetros.<br />
No cálculo da queda <strong>de</strong> pressão total em um microcanal para<br />
escoamento monofásico, Steinke e Kandlikar (2006) propõem consi<strong>de</strong>rar<br />
as parcelas <strong>de</strong> perdas <strong>de</strong>vido à contração e expansão na entrada e saída<br />
do microcanal, respectivamente, ao escoamento em <strong>de</strong>senvolvimento e<br />
à queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito. Essas parcelas são apresentado na
72<br />
Figura 2.24.<br />
Figura 2.24: Componentes da queda <strong>de</strong> pressão total em manifolds,<br />
(STEINKE; KANDLIKAR, 2006).<br />
As formulações encontradas para escoamentos monofásicos e bifásicos<br />
apresentam bastante diferença. Por esse motivo esta seção será<br />
sub-dividida em duas partes: uma para o problema monofásico e outra<br />
para a con<strong>de</strong>nsação.<br />
2.10.1 Escoamento Monofásico<br />
Em escoamentos monofásicos, po<strong>de</strong>-se calcular cada parcela apresentada<br />
na Eq. 4.1 através <strong>de</strong> uma única equação, a equação <strong>de</strong> Darcy-<br />
Weisbach, apresentada a seguir (IDELCHIK, 1994):<br />
∆p = ζ G2<br />
(2.33)<br />
2ρ<br />
on<strong>de</strong> ζ representa o coeciente <strong>de</strong> resistência, po<strong>de</strong>ndo ser relativo a<br />
perdas locais (mudanças <strong>de</strong> direção ou velocida<strong>de</strong>) ou ao atrito interfacial<br />
uido-pare<strong>de</strong>:<br />
O coeciente <strong>de</strong> resistência <strong>de</strong>vido ao atrito po<strong>de</strong> ser calculado<br />
da seguinte forma:
73<br />
ζ atrito = 4fL<br />
(2.34)<br />
D<br />
on<strong>de</strong> L representa o comprimento da tubulação e f o fator <strong>de</strong> atrito,<br />
ou fator <strong>de</strong> fanning. Este último <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversos fatores, como<br />
geometria e rugosida<strong>de</strong> da tubulação e regime <strong>de</strong> escoamento (laminar,<br />
<strong>de</strong> transição ou turbulento).<br />
Para escoamento laminar (Re < 2300) no interior <strong>de</strong> canais circulares,<br />
o fator <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> apenas do número <strong>de</strong> Reynolds do<br />
escoamento. Pela lei <strong>de</strong> Hagen-Poiseuille:<br />
f = 16<br />
(2.35)<br />
Re<br />
Em escoamentos turbulentos, a rugosida<strong>de</strong> da tubulação é um<br />
fator importante na <strong>de</strong>terminação do fator <strong>de</strong> atrito. I<strong>de</strong>lchik (1994)<br />
propõe que tubos possam ser consi<strong>de</strong>rados hidraulicamente lisos para<br />
Re < Re lim , on<strong>de</strong> Re lim é calculado da seguinte forma:<br />
Re lim = 26, 9<br />
ɛ 1,143 (2.36)<br />
on<strong>de</strong> ɛ representa a rugosida<strong>de</strong> relativa do tubo, <strong>de</strong>nida como a razão<br />
entre a rugosida<strong>de</strong> média e o diâmetro da tubulação.<br />
Para escoamentos turbulentos em tubos lisos diversas correlações<br />
são encontradas na literatura. É bom lembrar que em escoamentos<br />
turbulentos, normalmente <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra-se a região <strong>de</strong> entrada, on<strong>de</strong> o<br />
escoamento não é plenamente <strong>de</strong>senvolvido, pois esta região é muito pequena.<br />
Segundo Bejan (2004), a região <strong>de</strong> entrada é aproximadamente<br />
<strong>de</strong>z vezes o diâmetro da tubulação. Dessa forma, para um tubo com<br />
D = 0, 77 mm e L = 114 mm a região <strong>de</strong> entrada correspon<strong>de</strong> a menos<br />
<strong>de</strong> 7% do comprimento do tubo.<br />
Blasius, em 1913, propôs a seguinte correlação para o fator <strong>de</strong><br />
atrito em escoamentos turbulentos plenamente <strong>de</strong>senvolvidos:<br />
f = 0, 0791Re −1/4 (2.37)<br />
Já Phillips (1987) propôs uma correlação, apresentada na Eq. 2.38,<br />
para estimar o fator <strong>de</strong> atrito em escoamentos turbulentos tanto na região<br />
<strong>de</strong> entrada quanto na plenamente <strong>de</strong>senvolvida <strong>de</strong> dutos circulares.<br />
on<strong>de</strong><br />
f = ARe B (2.38)
74<br />
1, 01612<br />
A = 0, 09290 +<br />
z/D<br />
0, 32930<br />
B = −0, 26800 −<br />
z/D<br />
(2.39)<br />
(2.40)<br />
on<strong>de</strong> z é a distância da entrada da tubulação, em m.<br />
Os coecientes <strong>de</strong> resistência locais po<strong>de</strong>m ser obtidos na literatura.<br />
Na expansão, segundo Ghiaasiaan (2008):<br />
ζ exp = 2γ (1 − γ) (2.41)<br />
on<strong>de</strong> γ representa uma relação entre as áreas menor e maior da mudança<br />
geométrica, que para o caso <strong>de</strong> microcanais paralelos tem a seguinte<br />
forma:<br />
γ = A micro<br />
(2.42)<br />
A dist<br />
on<strong>de</strong> os sub-índices micro e dist são relativos aos microcanais e ao<br />
distribuidor, respectivamente.<br />
Para a contração, ainda segundo Ghiaasiaan (2008):<br />
[ ( ) ]<br />
2 1<br />
ζ cont = − 1 + 1 − γ 2 (2.43)<br />
C c<br />
on<strong>de</strong> C c é o coeciente <strong>de</strong> contração, que po<strong>de</strong> ser calculado, segundo<br />
Geiger e Rohrer (1966) apud Ghiaasiaan (2008) pela seguinte equação:<br />
C c = 1 −<br />
1 − γ<br />
2, 08 (1 − γ) + 0, 5371<br />
(2.44)<br />
Para o coeciente <strong>de</strong> resistência relativo à curva em 90 o , Phillips<br />
(1987) apud Garimella (2006) sugere a seguinte equação:<br />
ζ 90 = γ 2 ∗ K 90 (2.45)<br />
on<strong>de</strong> K 90 representa o coeciente <strong>de</strong> perda, cujo valor sugerido por<br />
I<strong>de</strong>lchik (1994) é <strong>de</strong> K 90 = 1, 19.
75<br />
2.10.2 Escoamento em Con<strong>de</strong>nsação<br />
Em escoamentos bifásicos no interior <strong>de</strong> tubos posicionados na<br />
horizontal, a queda <strong>de</strong> pressão é composto <strong>de</strong> duas parcelas. Uma <strong>de</strong>las<br />
é relativa ao atrito e outra à <strong>de</strong>saceleração <strong>de</strong>vido à mudança <strong>de</strong> fase,<br />
como mostra a Eq. 2.46.<br />
(∆p) microcanais<br />
= (∆p) atrito<br />
+ (∆p) <strong>de</strong>saceleração<br />
(2.46)<br />
Como a massa especíca do líquido é muito maior que a do vapor<br />
(em torno <strong>de</strong> 30 vezes na pressão <strong>de</strong> 8 bar para o R-134a), quando da<br />
con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> um tubo com diâmetro interno constante, a<br />
velocida<strong>de</strong> do escoamento diminui, respeitando a lei da conservação da<br />
massa. Por consequência disso, a pressão do escoamento é aumentada,<br />
segundo a conservação da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento. Por esse motivo,<br />
tem-se a presença da queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> <strong>de</strong>saceleração na Eq. 2.46, que<br />
na verda<strong>de</strong> representa um ganho <strong>de</strong> pressão. Seu valor po<strong>de</strong> ser calculado<br />
através da Eq. 2.47, utilizando-se o mo<strong>de</strong>lo homogêneo, (CAREY,<br />
1992):<br />
[<br />
] [<br />
]<br />
G 2 x 2 v<br />
∆p <strong>de</strong>sac =<br />
ρ v α + G2 (1 − x v ) 2 G 2 x 2 v<br />
−<br />
ρ l (1 − α) ρ v α + G2 (1 − x v ) 2<br />
ρ l (1 − α)<br />
ent<br />
saída<br />
(2.47)<br />
A queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito em escoamentos bifásicos é<br />
a maior parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão em um trocador <strong>de</strong> calor. Seu cálculo<br />
envolve algumas aproximações e, na literatura, encontram-se dois<br />
diferentes mo<strong>de</strong>los para sua estimativa: o homogêneo e o heterogêneo,<br />
(COLLIER; THOME, 1994).<br />
2.10.2.1 Mo<strong>de</strong>lo Homogêneo<br />
O mo<strong>de</strong>lo homogêneo, apesar <strong>de</strong> ser o mais simples do ponto<br />
<strong>de</strong> vista matemático, funciona muito bem em certos regimes <strong>de</strong> escoamento,<br />
como borbulhado e disperso. Este mo<strong>de</strong>lo consi<strong>de</strong>ra que as<br />
velocida<strong>de</strong>s do líquido e do vapor são iguais. Em outras palavras, o<br />
fator <strong>de</strong> escorregamento, S, (ver Seção 2.7) é igual a 1.<br />
A queda <strong>de</strong> pressão é calculada consi<strong>de</strong>rando-se um escoamento<br />
monofásico, on<strong>de</strong> as proprieda<strong>de</strong>s físicas são médias <strong>de</strong> cada fase, ou<br />
seja, <strong>de</strong>ne-se um pseudo-uido, (CAREY, 1992) e (COLLIER; THOME,
76<br />
1994). Assim, a formulação é a mesma que a utilizada na Seção 2.10.1.<br />
Entretanto, a massa especíca, ρ, para o escoamento consi<strong>de</strong>rado<br />
homogêneo é calculada da seguinte forma, (COLLIER; THOME, 1994):<br />
1<br />
ρ h<br />
= x v<br />
ρ v<br />
+ 1 − x v<br />
ρ l<br />
(2.48)<br />
Para a viscosida<strong>de</strong> homogênea (utilizada para o cálculo <strong>de</strong> Re h<br />
no fator <strong>de</strong> atrito), diversas correlações são encontradas na literatura.<br />
A mais comum, segundo Carey (1992) é a proposta por McAdams,<br />
Woods e Bryan (1942), apresentada a seguir:<br />
2.10.2.2 Mo<strong>de</strong>lo Heterogêneo<br />
1<br />
µ h<br />
= x v<br />
µ v<br />
+ 1 − x v<br />
µ l<br />
(2.49)<br />
O mo<strong>de</strong>lo heterogêneo consi<strong>de</strong>ra que vapor e líquido escoam cada<br />
qual com sua respectiva velocida<strong>de</strong> média, por isso é também chamado<br />
<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> fases separadas. Essa abordagem funciona muito bem no<br />
regime <strong>de</strong> escoamento anular, (COLLIER; THOME, 1994). Neste mo<strong>de</strong>lo,<br />
a queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito, ∆p at , é calculada em função da<br />
queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> um escoamento monofásico, multiplicada por um<br />
fator <strong>de</strong> correção, φ 2 , também chamado <strong>de</strong> multiplicador bifásico. Este,<br />
é baseado em correlações, geralmente empíricas, on<strong>de</strong> o escoamento monofásico<br />
base po<strong>de</strong> ser: líquido, vapor, líquido somente (liquid only)<br />
ou vapor somente (vapor only):<br />
∆p at,bif = ∆p at,l φ 2 l = ∆p at,v φ 2 v = ∆p at,lo φ 2 lo = ∆p at,vo φ 2 vo (2.50)<br />
Assim, utilizando-se a equaçao <strong>de</strong> Darcy-Weisbach, Eq. 2.33,<br />
com o conceito <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> mássica, G, <strong>de</strong>nido na Seção 2.7 tem-se:<br />
∆p at,bif = 2(1 − x v) 2 G 2 L<br />
Dρ l<br />
f l φ 2 l = 2x2 vG 2 L<br />
f v φ 2 v<br />
Dρ v<br />
= 2G2 L<br />
f lo φ 2 lo = 2G2 L<br />
f vo φ 2 vo (2.51)<br />
Dρ l Dρ v<br />
on<strong>de</strong> os fatores <strong>de</strong> atrito para os escoamentos base po<strong>de</strong>m ser calculados<br />
utilizando-se correlações para escoamento monofásico, como a Eq. 2.37,
77<br />
com o número <strong>de</strong> Reynolds referente à fase (ver Tabela 2.2).<br />
2.10.2.3 Mo<strong>de</strong>los e Correlações<br />
Diversos mo<strong>de</strong>los e correlações foram propostos na literatura<br />
para o cálculo do fator <strong>de</strong> atrito e dos multiplicadores bifásicos. As formulações<br />
<strong>de</strong>nominadas clássicas para os multiplicadores bifásicos aqui<br />
apresentadas são as <strong>de</strong> Lockhart e Martinelli (1949), Chisholm (1973) e<br />
Frie<strong>de</strong>l (1979). O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido por Lockhart e Martinelli (1949)<br />
para os multiplicadores bifásicos é consi<strong>de</strong>rado o percursor nessa área,<br />
e até hoje ele serve <strong>de</strong> base para mo<strong>de</strong>los mais recentes.<br />
No mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Lockhart e Martinelli (1949), os multiplicadores<br />
bifásicos são funções do parâmetro <strong>de</strong> Lockhart - Martinelli, X, o qual<br />
é <strong>de</strong>nido como sendo a razão entre os gradientes <strong>de</strong> pressão por atrito<br />
das fases líquida e <strong>de</strong> vapor, respectivamente:<br />
)<br />
X 2 =<br />
(<br />
dp<br />
dz<br />
(<br />
dp<br />
dz<br />
)<br />
at,l<br />
at,v<br />
(2.52)<br />
Lockhart e Martinelli (1949) <strong>de</strong>niram os multiplicadores bifásicos<br />
para líquido, vapor e líquido somente, apresentados respectivamente<br />
a seguir:<br />
e<br />
φ 2 l = 1 + C X + 1<br />
X 2 (2.53)<br />
φ 2 v = 1 + CX + X 2 (2.54)<br />
φ 2 lo = φ 2 l (1 − x v ) 1,75 (2.55)<br />
on<strong>de</strong> C é uma constante que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do regime <strong>de</strong> escoamento (turbulento<br />
ou laminar) <strong>de</strong> cada fase. A Tabela 2.3 apresenta os valores para<br />
essa constante, propostos por Lockhart e Martinelli (1949):<br />
Já Chisholm (1973), sugere a inclusão dos efeitos do uxo <strong>de</strong><br />
massa e das proprieda<strong>de</strong>s do uido nos multiplicadores bifásicos. Para<br />
isso, o autor propõe uma correlação empírica, baseada em um mo<strong>de</strong>lo<br />
proposto por Baroczy (1966), para o cálculo do multiplicador bifásico,<br />
baseado em experimentos com água/vapor d'água, ar/água e mercúrio/nitrogêneo,<br />
apresentada a seguir.
78<br />
Tabela 2.3: Valores propostos por Lockhart e Martinelli (1949) para a<br />
constante C para os diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento.<br />
vapor líquido X valor <strong>de</strong> C<br />
laminar laminar X ll 5<br />
laminar turbulento X lt 10<br />
turbulento laminar X tl 12<br />
turbulento turbulento X tt 20<br />
φ 2 lo = 1 + ( Y 2 − 1 ) [ Bx (2−n)/2<br />
v<br />
]<br />
(1 − x v ) (2−n)/2 + x 2−n<br />
v<br />
(2.56)<br />
on<strong>de</strong><br />
Y 2 = ∆p at,vo<br />
∆p at,lo<br />
(2.57)<br />
O parâmetro B é obtido da seguinte maneira:<br />
⎧<br />
√55<br />
⎪⎨ G<br />
p/ 0 < Y < 9, 5<br />
520<br />
B =<br />
Y ⎪⎩<br />
√ p/ 9, 5 < Y < 28 (2.58)<br />
G<br />
15000<br />
Y 2√ p/ Y > 28 G<br />
O parâmetro n <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> Reynolds <strong>de</strong> líquido somente:<br />
{ 1 p/ Relo ≤ 2100<br />
n =<br />
(2.59)<br />
0, 25 p/ Re lo > 2100<br />
Frie<strong>de</strong>l (1979) <strong>de</strong>senvolveu uma correlação, também empírica,<br />
para a <strong>de</strong>terminação do multiplicador bifásico. O autor baseou-se em<br />
25000 pontos obtidos em escoamentos adiabáticos no interior <strong>de</strong> canais<br />
com D > 1 mm para propor uma formulação, apresentada na Eq. 2.60,<br />
a qual baseia-se nos números <strong>de</strong> Frou<strong>de</strong>, F r, e <strong>de</strong> Weber, W e, <strong>de</strong>nidos<br />
na Tabela 2.2 :<br />
φ 2 0, 324F H<br />
lo = E +<br />
(2.60)<br />
F r 0,045 W e 0,035<br />
on<strong>de</strong> os parâmetros E, F e H são <strong>de</strong>terminados da seguinte forma:<br />
( )<br />
E = (1 − x v ) 2 ρl f vo<br />
+ x v (2.61)<br />
ρ v f lo
79<br />
H =<br />
F = x 0,78<br />
v (1 − x v ) 0,24 (2.62)<br />
(<br />
ρl<br />
ρ v<br />
) 0,91 (<br />
µv<br />
µ l<br />
) 0,19 (<br />
1 − µ v<br />
µ l<br />
) 0,7<br />
(2.63)<br />
Essa correlação proposta por Frie<strong>de</strong>l (1979) é muito utilizada<br />
tanto em escoamentos na vertical quanto na horizontal. Segundo Garimella<br />
(2006), seus resultados são insatisfatórios em muitos casos. Isso<br />
ocorre principalmente porque a correlação é utilizada em condições<br />
muito diferentes das que a formulação foi proposta.<br />
Uma correlação mais recente, proposta por Muller-Steinhagen e<br />
Heck (1986) para a predição da queda <strong>de</strong> pressão bifásica por atrito, é<br />
mais simples que as anteriores e consi<strong>de</strong>rada mais eciente. Os autores<br />
<strong>de</strong>senvolveram a correlação baseados em 9300 dados obtidos com diversos<br />
uidos em canais com diâmetros entre 4 mm e 392 mm, apresentada<br />
a seguir:<br />
∆p at,bif = F (1 − x v ) 1/3 + ∆p at,vo x 3 v (2.64)<br />
on<strong>de</strong> o parâmetro F é <strong>de</strong>terminado da maneira que segue:<br />
F = ∆p at,lo + 2 (∆p at,vo − ∆p at,lo ) x v (2.65)<br />
Correlações <strong>de</strong>senvolvidas propriamente para o cálculo da queda<br />
<strong>de</strong> pressão por atrito, no interior <strong>de</strong> microcanais, também são encontradas<br />
na literatura. Zhang e Webb (2001) propuseram uma correlação<br />
empírica para a predição da queda <strong>de</strong> pressão por atrito, baseados em<br />
escoamentos <strong>de</strong> R-134a, R-22 e R-404A no interior <strong>de</strong> multicanais circulares<br />
com D = 2, 13 mm. Os autores utilizaram, também, dados<br />
obtidos em tubos com diâmetros medindo 6, 25 mm e 3, 25 mm, e propõem<br />
a seguinte fórmula para o multiplicador bifásico líquido somente,<br />
φ lo :<br />
φ lo = (1 − x v ) 2 + 2, 87x 2 vp −1<br />
red<br />
+ 1, 68x0,8 v (1 − x v ) 0,25 p −1,64<br />
red<br />
(2.66)<br />
on<strong>de</strong> p red é a pressão reduzida (p red = p/p crit ).<br />
Revellin e Thome (2007) realizaram experimentos com escoamento<br />
bifásico adiabático, utilizando dois diferentes uidos refrigerantes<br />
(R-134a e R-245f), no interior <strong>de</strong> microcanais <strong>de</strong> vidro com<br />
D = 0, 790 mm. Baseados nesses resultados, autores propuseram a<br />
seguinte correlação baseada no mo<strong>de</strong>lo homogêneo para o cálculo do
80<br />
fator <strong>de</strong> atrito:<br />
f bif = 6Re −3/5<br />
h<br />
(2.67)<br />
on<strong>de</strong> Re h representa o número <strong>de</strong> Reynolds do escoamento bifásico,<br />
consi<strong>de</strong>rando o mo<strong>de</strong>lo homogêneo, com µ h obtido através da Eq. 2.49,<br />
e cuja fórmula é apresentada na Tabela 2.2.<br />
Seus dados, todavia, são na sua gran<strong>de</strong> maioria para baixos títulos<br />
<strong>de</strong> vapor, informação importante que po<strong>de</strong> ser extraída do trabalho<br />
dos autores, mas que não é comentada pelos mesmos.<br />
Cavallini et al. (2006) <strong>de</strong>senvolveram uma correlação empírica<br />
para o cálculo do fator <strong>de</strong> atrito e do multiplicador bifásico para líquido<br />
somente, f lo e φ lo , Eqs. 2.68 e 2.69, respectivamente. A correlação é<br />
baseada em dados obtidos por diversos autores na con<strong>de</strong>nsação em<br />
microcanais, comportando os regimes anular e anular misto:<br />
f bif = 0, 046Re −0,2<br />
lo<br />
(2.68)<br />
φ lo = Z + 3, 595F H (1 − E) W (2.69)<br />
os parâmetros Z, F, H e W são calculados da seguinte forma:<br />
H =<br />
Z = (1 − x v ) 2 + x 2 v<br />
(<br />
ρl<br />
ρ v<br />
) (<br />
µv<br />
µ l<br />
) 0,2<br />
(2.70)<br />
F = x 0,9525 (1 − x v ) 0,414 (2.71)<br />
(<br />
ρl<br />
ρ v<br />
) 1,132 (<br />
µv<br />
µ l<br />
) 0,44 (<br />
1 − µ v<br />
µ l<br />
) 3,542<br />
(2.72)<br />
W = 1, 398p red (2.73)<br />
on<strong>de</strong> p red é a pressão reduzida do uido (p red = p/p crit ).<br />
A variável E da Eq. 2.69 representa a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido que<br />
escoa na forma <strong>de</strong> gotas, as quais encontram-se misturadas ao núcleo <strong>de</strong><br />
vapor - entrainment liquid, característica do escoamento anular misto.<br />
Segundo Cavallini et al. (2006), o valor <strong>de</strong> E po<strong>de</strong> ser obtido através<br />
da equação proposta por Paleev e Filippovich (1966), representada na<br />
Eq. 2.74:<br />
[ (ρvc ) ( ) ] 2 µl j v<br />
E = 0, 015 + 0, 44log<br />
10 4 (2.74)<br />
ρ l σ
81<br />
O valor <strong>de</strong> ρ vc é obtido através da seguinte equação:<br />
[ ]<br />
1 + (1 − xv )<br />
ρ vc = ρ v E<br />
x v<br />
(2.75)<br />
Hewitt, Shires e Bott (1994) apud Garimella (2006) propuseram<br />
calcular as quedas <strong>de</strong> pressão locais em escoamento bifásico através<br />
dos mo<strong>de</strong>los homogêneo ou heterogêneo. Para o cálculo <strong>de</strong> ∆p cont os<br />
autores sugerem o uso da mesma equação <strong>de</strong> Darcy-Weisbach, Eq. 2.33,<br />
utilizando a massa especíca homogênea (Eq. 2.48). O valor <strong>de</strong> ζ é<br />
calculado através da Eq. 2.43. Assim, a equação recomendada por<br />
Hewitt, Shires e Bott (1994) para o cálculo da queda <strong>de</strong> pressão na<br />
contração <strong>de</strong> um escoamento em con<strong>de</strong>nsação tem a seguinte forma:<br />
[ ( ) ]<br />
2<br />
∆p cont = G2 1<br />
− 1 + 1 − γ 2 (2.76)<br />
2ρ h C c<br />
Para a expansão, Hewitt, Shires e Bott (1994) sugerem o uso do<br />
mo<strong>de</strong>lo heterogêneo. Assim, a queda <strong>de</strong> pressão na expansão abrupta<br />
<strong>de</strong> um escoamento bifásico po<strong>de</strong> ser calculada através da Eq. 2.33, com<br />
ρ = ρ l e ζ <strong>de</strong>nido por:<br />
ζ exp,bif = ζ exp Ψ s (2.77)<br />
on<strong>de</strong> ζ exp é o coeciente <strong>de</strong> resistência na expansão <strong>de</strong> escoamento monofásico<br />
(Eq. 2.41) e Ψ s é o multiplicador bifásico, <strong>de</strong>nido da seguinte<br />
forma:<br />
{ ( )<br />
ρl [0,<br />
Ψ s = 1 + − 1 25xv (1 − x v ) + x 2 ] }<br />
v (2.78)<br />
ρ v<br />
Para as perdas <strong>de</strong> pressão nas curvas em 90 o , não foi encontrado<br />
nenhum trabalho na literatura.<br />
2.10.3 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre a Queda <strong>de</strong> Pressão<br />
Bifásica<br />
Muitos são os fatores que po<strong>de</strong>m alterar a queda <strong>de</strong> pressão em<br />
microcanais. A geometria do canal, tipo <strong>de</strong> uido, velocida<strong>de</strong> mássica,<br />
temperatura do uido e título <strong>de</strong> vapor são comumente investigadas<br />
na literatura. Alguns resultados obtidos por diferentes pesquisas são<br />
mostrados nesta seção.
82<br />
Yan e Lin (1999) estudaram a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a em um<br />
tubo <strong>de</strong> 2,0 mm <strong>de</strong> diâmetro interno, para 100 kg.m −2 .s −1 < G <<br />
200kg.m −2 .s −1 , 25 o C < T fluido < 50 o C e 10 kW.m −2 < q ′′ <<br />
20 kW.m −2 . Os autores concluíram que a queda <strong>de</strong> pressão aumenta<br />
com a diminuição da temperatura do uido e com o aumento da velocida<strong>de</strong><br />
mássica, efeito mais acentuado para x v > 0, 3. A queda <strong>de</strong><br />
pressão também apresentou aumento com o título <strong>de</strong> vapor, principalmente<br />
para temperaturas <strong>de</strong> saturação mais baixas. Uma gura <strong>de</strong>sse<br />
mesmo trabalho compara a queda <strong>de</strong> pressão obtida para dois valores<br />
<strong>de</strong> uxo <strong>de</strong> calor diferentes, 10 e 20 kW.m −2 , para G = 200 kg.m −2 .s −1<br />
e T = 40 o C. A gura em questão mostra claramente que aumentandose<br />
o uxo <strong>de</strong> calor têm-se uma diminuição da queda <strong>de</strong> pressão para<br />
toda a faixa <strong>de</strong> título <strong>de</strong> vapor testada 0, 18 < x v < 0.9. Os autores<br />
preferiram, todavia, concluir que com somente dois valores <strong>de</strong> q ′′ não<br />
se po<strong>de</strong> comentar nada à respeito.<br />
Garimella, Agarwal e Killion (2005) realizaram experimentos na<br />
con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a no interior <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> vidro com diâmetros<br />
entre 0, 506 mm e 4, 91 mm. Os testes foram executados para<br />
T fluido = 52, 5 o C e 150 kg.m −2 .s −1 < G < 750kg.m −2 .s −1 nos regimes<br />
anular, anular misto, disperso e intermitente. Seus resultados<br />
mostraram que para x v < 0, 2, a queda <strong>de</strong> pressão é pouco sensível<br />
ao aumento da velocida<strong>de</strong> mássica. Já para valores <strong>de</strong> título <strong>de</strong> vapor<br />
mais altos, nota-se o aumento da queda <strong>de</strong> pressão por atrito com o<br />
aumento da velocida<strong>de</strong> mássica Além disso, vericou-se também que a<br />
queda <strong>de</strong> pressão aumenta com o título <strong>de</strong> vapor, principalmente para<br />
G > 300kg.m −2 .s −1 . Neste trabalho, os autores também comparam<br />
o efeito do diâmetro do canal para as três velocida<strong>de</strong>s mássicas mais<br />
altas. Vericou-se que a queda <strong>de</strong> pressão aumenta com a diminuição<br />
do diâmetro, principalmente para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados.<br />
Zhang e Webb (2001), que propuseram uma correlação para o<br />
cálculo da queda <strong>de</strong> pressão bifásica em microcanais, também apresentaram<br />
uma discussão <strong>de</strong> seus resultados experimentais para escoamentos<br />
adiabáticos. A queda <strong>de</strong> pressão bifásica foi intensicada com o<br />
aumento da velocida<strong>de</strong> mássica e do título <strong>de</strong> vapor e com a diminuição<br />
da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido. Os testes mostrados no trabalho<br />
foram realizados para 400 kg.m −2 .s −1 < G < 1000 kg.m −2 .s −1 ,<br />
25 o C < T fluido < 55 o C.<br />
Escoamento adiabático também foi objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> Yang e<br />
Webb (1996). Os autores estudaram escoamentos <strong>de</strong> R-12 em canais retangulares<br />
lisos, com D h = 2, 64 mm, e microaletados, D h = 1, 56 mm.<br />
Para o tubo liso, foi observado um aumento da queda <strong>de</strong> pressão com
83<br />
o incremento do título <strong>de</strong> vapor e da velocida<strong>de</strong> mássica, sendo esta<br />
última mais evi<strong>de</strong>nte à medida que o título aumenta. Para o tubo aletado,<br />
o mesmo comportamento foi observado, porém neste caso a queda<br />
<strong>de</strong> pressão aumentou <strong>de</strong> maneira mais acentuada com o título <strong>de</strong> vapor.<br />
2.11 TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />
Trocadores <strong>de</strong> calor que utilizam uidos em con<strong>de</strong>nsação, apresentam<br />
enorme importância na indústria <strong>de</strong> refrigeração, automotiva e<br />
em processos industriais em geral. A <strong>de</strong>manda por equipamentos mais<br />
compactos e com melhor efetivida<strong>de</strong> remete à busca pelo aumento dos<br />
coecientes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. Todavia, isso só po<strong>de</strong> ser alcançado,<br />
quando se <strong>de</strong>tém um bom conhecimento acerca dos mecanismos<br />
físicos que agem sobre esse fenômeno, os quais estão intimamente ligados<br />
aos padrões <strong>de</strong> escoamento, discutidos na Seção 2.8.<br />
Numerosos estudos sobre esse tema são encontrados na literatura,<br />
tanto na área experimental, com o intuito <strong>de</strong> observar o comportamento<br />
do h e dos regimes <strong>de</strong> escoamento, quanto trabalhos analíticos,<br />
na tentativa <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor, além <strong>de</strong><br />
combinações entre os dois. A seguir, são apresentados alguns mo<strong>de</strong>los<br />
e correlações utilizadas na literatura, subdivididos em grupos baseados<br />
nos diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento. Mais além, é discutida a<br />
inuência <strong>de</strong> diversos parâmetros sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor.<br />
2.11.1 Mo<strong>de</strong>los para Escoamento Monofásico<br />
Em escoamentos monofásicos, diversos mo<strong>de</strong>los foram propostos<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século passado. Aqui, são apresentados alguns <strong>de</strong>les,<br />
<strong>de</strong>senvolvidos para escoamentos turbulentos, para temperatura da pare<strong>de</strong><br />
ou uxo <strong>de</strong> calor uniforme. Gran<strong>de</strong> parte das correlações para o<br />
cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt em escoamentos monofásicos, Nu l , apresenta<br />
a seguinte forma:<br />
Nu l = CRe n P r m l (2.79)<br />
A correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter po<strong>de</strong> ser aplicada para 0, 7 <<br />
P r l < 160, Re > 10000 na região completamente <strong>de</strong>senvolvida. Para<br />
escoamentos submetidos a resfriamento, esta equação tem a seguinte<br />
forma:
84<br />
Nu l = 0, 023Re 4/5 P r 0,3<br />
l<br />
(2.80)<br />
Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936) propuseram uma pequena modicação na<br />
equação <strong>de</strong> Dittus-Boelter para corrigir variações nas proprieda<strong>de</strong>s do<br />
escoamento, causadas por uxos <strong>de</strong> calor elevados:<br />
( ) 0,14<br />
Nu l = 0, 023Re 4/5 P r 1/3 µ<br />
l<br />
(2.81)<br />
µ p<br />
on<strong>de</strong> todas as proprieda<strong>de</strong>s são avaliadas na temperatura média do<br />
escoamento, exceto µ p , que é obtida com a temperatura da pare<strong>de</strong>.<br />
Petukhov (1970) <strong>de</strong>senvolveu uma correlação mais recente para<br />
o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt em escoamento monofásico turbulento e<br />
completamente <strong>de</strong>senvolvido. Esta equação é valida para 0, 5 < P r l <<br />
2000 e (10 4 < Re < 5 ∗ 10 6 ), a qual é apresentada na Eq. 2.82:<br />
Nu =<br />
(f/8)ReP r<br />
( l<br />
) (2.82)<br />
1, 07 + 12, 7(f/8) 1/2 P r 2/3<br />
l<br />
− 1<br />
on<strong>de</strong> f representa o fator <strong>de</strong> atrito, o qual po<strong>de</strong> ser calculado utilizando<br />
as Eqs. 2.37 e 2.38.<br />
Depois disso, Gnielinski (1976) propôs uma modicação da correlação<br />
anterior, para que a mesma pu<strong>de</strong>sse ser utilizada para Reynolds<br />
menores. Assim, para 3000 < Re < 5 ∗ 10 6 e 0, 5 < P r l < 2000:<br />
(f/8) (Re − 1000) P r l<br />
Nu =<br />
( ) (2.83)<br />
1 + 12, 7(f/8) 1/2 P r 2/3<br />
l<br />
− 1<br />
2.11.2 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Estraticado<br />
Em escoamentos on<strong>de</strong> a velocida<strong>de</strong> do vapor é muito baixa e<br />
as forças <strong>de</strong> atrito interfaciais são pequenas, observa-se geralmente o<br />
regime estraticado (COLLIER; THOME, 1994). Como realçado nesse<br />
mesmo trabalho, esse regime é normalmente observado em canais <strong>de</strong><br />
diâmetros convencionais. Todavia, como foi mostrado na Seção 2.8.2<br />
e armado por Garimella (2006), alguns autores assumem que a con<strong>de</strong>nsação<br />
ocorre também com predominância da gravida<strong>de</strong>, mesmo em<br />
canais da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 3 mm.<br />
O mecanismo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor nesse tipo <strong>de</strong> escoamento<br />
baseia-se na espessura da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado. A maioria dos mo-
85<br />
<strong>de</strong>los propostos assume que a película <strong>de</strong> líquido laminar escoa do topo<br />
para a base do tubo pela superfície interna do mesmo. Na base da tubulação,<br />
forma-se uma piscina <strong>de</strong> líquido com espessura bem superior<br />
à observada na parte superior do mesmo.<br />
Segundo Marto (1998), nesses casos, po<strong>de</strong>-se aplicar como primeira<br />
aproximação, a equação <strong>de</strong> Nusselt para con<strong>de</strong>nsação sobre tubos<br />
horizontais modicada para o cálculo do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong><br />
calor médio em todo o perímetro do tubo, Equação 2.84.<br />
ou para o número <strong>de</strong> Nusselt:<br />
h estrat = Ω<br />
[<br />
ρl (ρ l − ρ v )gi lv k 3 l<br />
Dµ l (T sat − T p )<br />
Nu estrat = Ω<br />
] 1/4<br />
(2.84)<br />
[ D 3 ] 1/4<br />
ρ l (ρ l − ρ v )gi lv<br />
(2.85)<br />
k l µ l (T sat − T p )<br />
on<strong>de</strong> Ω é um fator <strong>de</strong> correção que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido<br />
na camada estraticada (no fundo do tubo).<br />
Segundo Marto (1998), esse mo<strong>de</strong>lo foi primeiramente proposto<br />
por Chato em 1962, on<strong>de</strong> Ω = 0, 555, o qual <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rava a parcela <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor na base do tubo, on<strong>de</strong> o líquido está acumulado.<br />
Dobson et al. (1994) <strong>de</strong>senvolveram uma correlação para Ω, baseada<br />
no parâmetro <strong>de</strong> Lockhart-Martinelli, consi<strong>de</strong>rando os escoamentos<br />
<strong>de</strong> líquido e <strong>de</strong> vapor turbulentos, apresentada a seguir:<br />
0, 375<br />
Ω = (2.86)<br />
X 0,23<br />
tt<br />
Haraguchi, Koyama e Fuji (1994) propuseram um fator <strong>de</strong> correção,<br />
Ω, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das proprieda<strong>de</strong>s do uido e do escoamento:<br />
{ [<br />
] } √ (<br />
Ω(ξ) = ξ + 10 (1 − ξ) 0,1 − 1 + 1, 7.10 −4 Re lo ξ 1 − √ ξ)<br />
(2.87)<br />
on<strong>de</strong> ξ é obtido a partir da Eq. 2.88:<br />
⎡<br />
ξ = ⎣1 + ρ ( ) ⎛ v 1 − xv<br />
√<br />
⎝0, 4 + 0, 6<br />
ρ l x v<br />
√ ρ l<br />
ρ v<br />
+ 0, 4 1−xv<br />
x v<br />
1 + 0, 4 1−xv<br />
x v<br />
⎞⎤<br />
⎠⎦<br />
−1<br />
(2.88)<br />
on<strong>de</strong> x v representa o título <strong>de</strong> vapor local.
86<br />
2.11.3 Mo<strong>de</strong>los para Con<strong>de</strong>nsação em Regime Anular<br />
Em escoamentos anulares, a velocida<strong>de</strong> do vapor é gran<strong>de</strong>, intensicando<br />
a força <strong>de</strong> atrito interfacial vapor-líquido e reduzindo a<br />
importância da força gravitacional. A maioria dos mo<strong>de</strong>los propostos<br />
para a con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos são para esse regime. Boa parte<br />
<strong>de</strong>les tem a forma da Eq 2.89 para o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt local:<br />
Nu anular = Nu l F T P + S (2.89)<br />
on<strong>de</strong> Nu l é o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento monofásico turbulento,<br />
em convecção forçada do líquido, F T P é um multiplicador bifásico<br />
que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do título local e S representa um termo <strong>de</strong> ajuste para o<br />
mo<strong>de</strong>lo, que é zero na maioria das correlações.<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Traviss, Rohsenow e Baron (1973) <strong>de</strong>senvolvido<br />
para con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R22 no interior <strong>de</strong> canais com D = 8 mm, utiliza<br />
esse tipo <strong>de</strong> abordagem, no qual o multiplicador bifásico é <strong>de</strong>terminado<br />
como segue:<br />
F T P = (<br />
F<br />
1<br />
X tt<br />
+ 2,85<br />
X 0,476<br />
tt<br />
) (2.90)<br />
on<strong>de</strong><br />
⎧<br />
0, ⎪⎨ { 707P r l Re 0,5<br />
l } p/ Re l < 50<br />
F = 5 P r l + ln[1 + P r l (0, 0964Re 0,585<br />
l<br />
− 1)] p/ 50 < Re l < 1125<br />
]<br />
⎪⎩ 5<br />
[P r l + ln(1 + 5P r l ) + ln(0,0031Re0,812 l )<br />
2<br />
p/ Re l > 1125<br />
(2.91)<br />
e o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento <strong>de</strong> líquido é:<br />
Nu l = 0, 15Re 0,9<br />
l<br />
P r l (2.92)<br />
Shah (1979) também <strong>de</strong>senvolveu uma correlação para F T P , baseado<br />
nos resultados experimentais <strong>de</strong> diversos uidos no interior <strong>de</strong><br />
canais com 7 mm < D < 40 mm, no qual:<br />
F T P = (1 − x v) 0,8 + 3, 8x 0,76<br />
v (1 − x v ) 0,04<br />
(2.93)<br />
p 0,38<br />
red<br />
e o número <strong>de</strong> Nusselt do escoamento monofásico é calculado a partir<br />
da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter, Eq. 2.80, com Re calculado para o<br />
escoamento <strong>de</strong> líquido somente, Re lo .
87<br />
Outra correlação encontrada na literatura para a con<strong>de</strong>nsação<br />
convectiva é a proposta por Soliman, Schuster e Berenson (1968). Nela,<br />
os autores propõem a separação do fator multiplicador, F T P em três<br />
parcelas: atrito (F f ), quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento (F m ) e gravida<strong>de</strong> (F a ).<br />
Esta última po<strong>de</strong> ser negligenciada em escoamentos na horizontal.<br />
e<br />
Nu l = 0, 036 ρ0,5 l<br />
P r 0,65<br />
l<br />
D<br />
µ l<br />
(2.94)<br />
F T P = √ F f + F m + F a (2.95)<br />
[<br />
F f = 0, 0225G2 Re −0,2<br />
( ) 0,0523<br />
vo<br />
(x 1,8 µl<br />
v + 5, 7<br />
(1 − x v ) 0,47 xv<br />
1,33<br />
ρ v µ v<br />
( ) 0,261 ( ) 0,105 ( ) ] 0,522 ρv<br />
µl<br />
X<br />
+ 8, 11<br />
(1 − x v ) 0,94 x 0,86 ρv<br />
v<br />
ρ l µ v ρ l<br />
(2.96)<br />
F m = DG2<br />
4ρ v<br />
( −∆xv<br />
L<br />
+ (2x v − 1 − βx v )<br />
∗<br />
) [ (<br />
ρv<br />
2(1 − x v )<br />
(<br />
ρv<br />
ρ l<br />
) 1/3<br />
+<br />
( ) ( ) 4/3<br />
1 ρv<br />
− 3 + 2x<br />
x v ρ l<br />
) 2/3<br />
+<br />
ρ l<br />
(2β − β )<br />
− βx v ∗<br />
x v<br />
( ) 5/3 ( ) ]<br />
ρv<br />
ρv<br />
+ 2(1 − x v − β + βx v )<br />
(2.97)<br />
ρ l ρ l<br />
on<strong>de</strong>,<br />
β =<br />
{ 2 se Rel < 200<br />
1, 25 se Re l > 200<br />
(2.98)<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Soliman, Schuster e Berenson (1968) foi <strong>de</strong>senvolvido<br />
para escoamentos <strong>de</strong> diversos uidos em con<strong>de</strong>nsação no interior<br />
<strong>de</strong> tubos com 7, 44 mm < D < 11, 66 mm<br />
Dobson e Chato (1998) também <strong>de</strong>senvolveram uma correlação<br />
para o cálculo <strong>de</strong> F T P , a qual apresenta a seguinte forma:
88<br />
2, 22<br />
F T P = 1 + (2.99)<br />
X 0,89<br />
tt<br />
Os autores propõem calcular o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento<br />
monofásico a partir da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter, Eq. 2.80.<br />
Tal correlação foi <strong>de</strong>senvolvida baseando-se em experimentos <strong>de</strong> diversos<br />
tipos <strong>de</strong> uidos refrigerantes no interior <strong>de</strong> tubos com diâmetros<br />
<strong>de</strong> 4, 6 mm, 7, 04 mm e 31, 4 mm. Seus testes englobaram<br />
25 kg.m −2 .s −1 < G < 800 kg.m −2 .s −1 e 35 o C < T fluido < 60 o C.<br />
Alguns mo<strong>de</strong>los propostos para o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt<br />
na con<strong>de</strong>nsação em regime anular são baseados em escoamentos turbulentos.<br />
Esses mo<strong>de</strong>los apresentam a seguinte forma:<br />
Nu = D h ρ l cp l u ∗<br />
(2.100)<br />
k l T +<br />
on<strong>de</strong> D h , k l , ρ l e cp l representam o diâmetro hidráulico da tubulação,<br />
em m, a condutivida<strong>de</strong> térmica do líquido, em W.m −1 .K −1 , a massa<br />
especíca do líquido, em kg.m −3 e o calor especíco à pressão constante<br />
do líquido, em J.kg −1 .K −1 , respectivamente. T + representa a<br />
temperatura turbulenta adimensional, a qual é função da espessura da<br />
película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado adimensional, δ + . A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atrito, u ∗ , é<br />
normalmente calculada como segue:<br />
√<br />
u ∗ τi<br />
=<br />
(2.101)<br />
ρ l<br />
on<strong>de</strong> τ i representa a tensão <strong>de</strong> atrito interfacial, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do gradiente<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong> pressão, <strong>de</strong>nida como:<br />
τ i = dp D h<br />
(2.102)<br />
dz 4<br />
Cavallini et al. (2006) propuseram uma correlação para o cálculo<br />
do número <strong>de</strong> Nusselt em con<strong>de</strong>nsação para uidos refrigerantes<br />
nos regimes anular e anular misto, no interior <strong>de</strong> canais com<br />
0, 4 < D h < 3 mm. Nela, o gradiente <strong>de</strong> pressão é calculado a partir<br />
da correlação proposta pelos mesmos autores (Eqs. 2.68 - 2.75). A<br />
temperatura turbulenta adimensional é <strong>de</strong>terminada a partir da lei da<br />
temperatura da pare<strong>de</strong>, (MARTINELLI, 1947):
89<br />
⎧<br />
P ⎪⎨ { r l δ + ( )]} se δ + ≤ 5<br />
T + δ<br />
= 5 P r l + ln<br />
[1 + P r + l 5 − 1 se 5 < δ + < 30<br />
{<br />
( )}<br />
⎪⎩<br />
δ<br />
5 P r l + ln (1 + 5P r l ) + 0, 495ln<br />
+<br />
30<br />
se δ + ≥ 30<br />
(2.103)<br />
on<strong>de</strong> δ + representa a espessura da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado turbulenta<br />
adimensionalisada, obtida como segue:<br />
{ √<br />
Rel /2 se Re l ≤ 1145<br />
δ + =<br />
0, 0504Re 7/8<br />
l<br />
se Re l ≥ 1145<br />
(2.104)<br />
Bandhauer, Agarwall e Garimella (2006) também <strong>de</strong>senvolveram<br />
uma correlação para o cálculo <strong>de</strong> Nusselt em con<strong>de</strong>nsação<br />
para escoamento anular. Seu mo<strong>de</strong>lo cobre uma ampla faixa <strong>de</strong><br />
diâmetros (0, 4 mm < D h < 4, 9 mm) e <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s mássicas<br />
(150 kg.m −2 .s −1 < G < 750 kg.m −2 .s −1 ) para o uido R-134a. A<br />
temperatura turbulenta adimensional é <strong>de</strong>terminada como segue (para<br />
Re l < 2100):<br />
{<br />
( )]}<br />
δ<br />
T + +<br />
= 5 P r + ln<br />
[1 + P r l<br />
5 − 1 (2.105)<br />
e a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado turbulenta:<br />
δ + = δρ lu ∗<br />
µ l<br />
(2.106)<br />
on<strong>de</strong> δ representa a espessura da película <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado, <strong>de</strong>nida<br />
como segue:<br />
δ = R ( 1 − √ α ) (2.107)<br />
on<strong>de</strong> R e α representam o raio da tubulação e a fração <strong>de</strong> vazio volumétrica,<br />
calculada através da Eq. 2.29, correlação <strong>de</strong> Baroczy (1965),<br />
respectivamente.<br />
Mesmo não sendo muito comum os trabalhos apresentarem a<br />
<strong>de</strong>dução <strong>de</strong> δ, vale a pena se fazer isso. Essa <strong>de</strong>dução é apresentada no<br />
Apêndice B e será muito útil na discussão dos resultados experimentais<br />
<strong>de</strong>sta dissertação, Capítulo 5.
90<br />
2.11.4 Mo<strong>de</strong>los Multi-Regimes<br />
Há, na literatura, mo<strong>de</strong>los propostos para serem utilizados em<br />
mais <strong>de</strong> um regime <strong>de</strong> escoamento. O mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto<br />
por Koyama et al. (2003) é baseado em escoamentos <strong>de</strong> R-134a no<br />
interior <strong>de</strong> canais retangulares com diâmetro hidráulico <strong>de</strong> 1, 11 mm e<br />
0, 8 mm e apresentado na Eq. 2.108.<br />
Nu = ( Nu 2 anular + Nu 2 estrat) 1/2<br />
(2.108)<br />
on<strong>de</strong> Nu estrat é o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento estraticado<br />
proposto por Haraguchi, Koyama e Fuji (1994), Eq. 2.87 e Nu anular é<br />
o número <strong>de</strong> Nusselt para escoamento anular proposto por Haraguchi,<br />
Koyama e Fuji (1994), apresentado a seguir:<br />
(<br />
) ( )<br />
Nu anular = 0, 00152 1 + 0, 6P r 0,8 φ v<br />
l<br />
Re 0,77<br />
l<br />
(2.109)<br />
X tt<br />
on<strong>de</strong>, segundo Koyama et al. (2003), φ v <strong>de</strong>ve ser calculado através da<br />
correlação <strong>de</strong> Mishima e Hibiki (1995), apresentada a seguir:<br />
2.11.5 Correlações Empíricas<br />
φ 2 v = 1 + 21 ( 1 − e −0,319D) X tt + X 2 tt (2.110)<br />
O último tipo <strong>de</strong> equação para o cálculo do número <strong>de</strong> Nusselt<br />
para a con<strong>de</strong>nsação aqui apresentado são as correlações empíricas, as<br />
quais são baseadas apenas em resultados experimentais. A correlação<br />
proposta por Yan e Lin (1999) para escoamento <strong>de</strong> R-134a no interior<br />
<strong>de</strong> tubos circulares com D = 2 mm para baixas velocida<strong>de</strong>s mássicas<br />
(100 kg.m −2 .s −1 < G < 200 kg.m −2 .s −1 ) é um exemplo <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong><br />
correlação, a qual é apresentada na Eq. 2.111. Segundo o mapa <strong>de</strong> padrões<br />
proposto por Coleman e Garimella, Figura 2.19, a faixa <strong>de</strong> testes<br />
engloba escoamentos dos tipos anular e intermitente. Segundo Goss,<br />
Macarini e Passos (2011), que compararam os resultados experimentais<br />
para o h em microcanais com D = 0, 8 mm, essa correlação prediz bem<br />
dados para x ≤ 0, 75 e G < 125 kg.m −2 .s −1 , on<strong>de</strong>, segundo o mapa <strong>de</strong><br />
padrões <strong>de</strong> Coleman e Garimella, tem-se o regime intermitente. Para<br />
x > 0, 90, para regime <strong>de</strong> escoamento anular, segundo mapa <strong>de</strong> Coleman<br />
e Garimella, a correlação subestimou os dados experimentais.
91<br />
6, 48Re 1,04<br />
eq<br />
Nu =<br />
(2.111)<br />
P r −0,33<br />
l<br />
Bo 0,3 Re lo<br />
on<strong>de</strong> Bo e Re eq representam, respectivamente, os números <strong>de</strong> Bond<br />
(ver Tabela 2.2) e <strong>de</strong> Reynolds equivalente. Esse último é <strong>de</strong>nido da<br />
seguinte forma:<br />
Re eq = G eqD<br />
(2.112)<br />
µ l<br />
on<strong>de</strong> G eq representa a velocida<strong>de</strong> mássica equivalente, <strong>de</strong>nida como<br />
segue:<br />
[<br />
( ) ] 0,5 ρl<br />
G eq = G (1 − x v ) + x v (2.113)<br />
ρ v<br />
Moser, Webb e Na (1998) propõem uma correlação empírica para<br />
a <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> Nusselt na con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong><br />
tubos com 3, 14 mm < D < 20 mm, apresentada a seguir:<br />
−0,113P r−0,563<br />
l<br />
l<br />
r−0,448<br />
0, 09940,126P l<br />
1+0,11025P r−0,448<br />
Re Remo P r 0,815<br />
l<br />
Nu = [<br />
]<br />
[1, 58ln (Re mo ) − 3, 28] 2, 58ln (Re mo ) + 13, 7P r 2/3<br />
l<br />
− 19, 1<br />
(2.114)<br />
on<strong>de</strong> Re mo é um número <strong>de</strong> Reynolds modicado, <strong>de</strong>nido pela<br />
Eq. 2.115<br />
Re mo = φ 8/7<br />
lo Re lo (2.115)<br />
on<strong>de</strong> φ lo e Re lo representam o multiplicador bifásico, calculado a partir<br />
da correlação <strong>de</strong> Frie<strong>de</strong>l (1979), Eqs. 2.60, e o número <strong>de</strong> Reynolds para<br />
líquido somente.<br />
2.11.6 Inuência <strong>de</strong> Parâmetros sobre o h<br />
Os parâmetros <strong>de</strong> um escoamento po<strong>de</strong>m inuenciar o CTC obtido.<br />
Fatores como geometria do canal, velocida<strong>de</strong> mássica, título <strong>de</strong><br />
vapor, temperatura <strong>de</strong> saturação do uido e o próprio uido po<strong>de</strong>m<br />
causar aumento ou diminuição do calor transferido em um sistema.<br />
Por isso, a inuência <strong>de</strong>ssas características <strong>de</strong>vem ser bem conhecidas<br />
quando se <strong>de</strong>seja projetar ou analisar um trocador <strong>de</strong> calor.
92<br />
Yang e Webb (1996) basearam-se em seus resultados experimentais<br />
com R-12 em canais retangulares lisos (D h = 2, 637 mm) e microaletados<br />
(D h = 1, 564 mm) para concluir que, na con<strong>de</strong>nsação em<br />
microcanais, o CTC aumenta com a velocida<strong>de</strong> mássica e o título. Este<br />
resultado foi obtido em toda a faixa testada (400 kg.m −2 .s −1 < G <<br />
1400 kg.m −2 .s −1 ; 4 kW.m −2 < q ′′ < 12 kW.m −2 e 0, 12 < x v <<br />
0, 97). Além disso, os tubos microaletados apresentaram aumento no<br />
h comparados aos tubos lisos. Este aumento cou mais evi<strong>de</strong>nciado<br />
para baixas velocida<strong>de</strong>s mássicas. Tal resultado po<strong>de</strong> ser explicado baseado<br />
na força <strong>de</strong> drenagem, causada pela tensão supercial. Segundo<br />
os autores, essa parcela <strong>de</strong> força torna-se importante em baixos uxos<br />
mássicos, on<strong>de</strong> a força <strong>de</strong> atrito interfacial é pequena. Com o aumento<br />
<strong>de</strong>ssa última (altas velocida<strong>de</strong> mássica e título), a força <strong>de</strong> tensão supercial<br />
tem seu papel diminuído.<br />
Yan e Lin (1999) investigaram a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a no interior<br />
<strong>de</strong> tubos com 2 mm. Para altos títulos <strong>de</strong> vapor o h apresentou<br />
aumento com x v e com o <strong>de</strong>créscimo <strong>de</strong> q ′′ e da temperatura <strong>de</strong> saturação<br />
do uido. Entretanto, tais efeitos não foram observados para<br />
x v < 0, 4.<br />
Baird, Fletcher e Haynes (2003) estudaram a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong><br />
R123 e R11 em tubos com diâmetros <strong>de</strong> 0, 92 e 1, 95 mm para uma<br />
amplas faixas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s mássicas (70 − 600 kg.m −2 .s −1 ), uxos <strong>de</strong><br />
calor (15 − 110 kW.m −2 ) e pressões (1, 2 − 4, 1 bar). Seus resultados<br />
mostram melhora do h com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica, título <strong>de</strong><br />
vapor e uxo <strong>de</strong> calor, principalmente para altos valores <strong>de</strong> título <strong>de</strong><br />
vapor. Já o aumento da pressão do sistema, ocasiona o efeito oposto<br />
sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. O tubo <strong>de</strong> menor diâmetro<br />
apresentou CTC's relativamente maiores.<br />
Wang e Rose (2006) investigaram, numericamente, a inuência<br />
da seção transversal do duto no h local, em um con<strong>de</strong>nsador com taxa<br />
<strong>de</strong> remoção <strong>de</strong> calor mantida constante. Seu mo<strong>de</strong>lo numérico leva em<br />
conta a inuência das forças <strong>de</strong> tensão supercial, atrito <strong>de</strong> vapor e<br />
gravitacional. A Figura 2.25 mostra um dos resultados <strong>de</strong>sse trabalho.<br />
Segundo a Figura 2.25, para uma mesma condição, os canais que<br />
apresentam cantos vivos (com seções transversais triangulares, quadradas<br />
e retangulares) apresentam CTCs maiores que os calculados para<br />
canais circulares <strong>de</strong> mesmo D h no início do con<strong>de</strong>nsador. Ao longo do<br />
comprimento do trocador <strong>de</strong> calor, o CTC dos canais com cantos vivos<br />
diminui em uma taxa maior que o duto circular, até que no nal do<br />
tubo, este último é o maior. Os cantos vivos contribuem para a formação<br />
<strong>de</strong> uma na película <strong>de</strong> líquido na pare<strong>de</strong> do tubo, o que aumenta
93<br />
Figura 2.25: Resultado da comparação entre escoamentos no interior<br />
<strong>de</strong> canais com diferentes formas. Extraído <strong>de</strong> Wang e Rose (2006).<br />
o CTC. Todavia, essa mesma película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, quando muito<br />
espessa - muito con<strong>de</strong>nsado, causa diminuição do h. Esse resultado<br />
contribui para corroborar a teoria <strong>de</strong> que em microcanais o efeito da<br />
tensão supercial e da espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado dominam a taxa <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor.<br />
Matkovic et al. (2009) realizaram um estudo experimental muito<br />
rico na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> R-134a e R32 à temperatura <strong>de</strong> saturação <strong>de</strong><br />
40 o C no interior <strong>de</strong> canais circulares com D = 0, 96 mm. Os autores<br />
analisaram escoamentos com velocida<strong>de</strong>s mássicas na faixa <strong>de</strong><br />
100 kg.m −2 .s −1 < G < 1200 kg.m −2 .s −1 . Seus resultados mostram<br />
que o CTC apresenta melhora com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica<br />
para altos valores <strong>de</strong>ssa (G > 200 kg.m −2 .s −1 ).<br />
Sapali e Patil (2010) investigaram escoamentos <strong>de</strong> R-134a e<br />
R404A em tubos circulares lisos (com D = 8, 56 mm) e microaletados<br />
(com D = 8, 96 mm). As condições <strong>de</strong> teste incluíram temperaturas<br />
<strong>de</strong> saturação entre 35 o C < T sat < 60 o C e velocida<strong>de</strong>s mássicas entre<br />
90 kg.m −2 .s −1 < G < 800 kg.m −2 .s −1 . Os autores encontraram que<br />
o CTC aumenta com a velocida<strong>de</strong> mássica (mais nítido para altos Gs)<br />
e diminui com a temperatura <strong>de</strong> saturação do escoamento para toda a<br />
faixa testada. Além disso, o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor obtido<br />
para o R-134a apresentou-se sempre maior que para o uido R404A.
94<br />
Isso <strong>de</strong>ve-se ao fato que o R404A tem tensão supercial e condutivida<strong>de</strong><br />
térmica menores. O resultado da comparação entre o tubo liso<br />
e o microaletado está <strong>de</strong> acordo com o obtido por outros autores. O<br />
tubo microaletado apresentou aumento no h <strong>de</strong> até 2,5 vezes comparado<br />
ao tubo liso para baixos valores <strong>de</strong> G nos escoamentos com R-134a.<br />
Todavia, para altas velocida<strong>de</strong>s mássicas esse efeito diminui <strong>de</strong>vido à<br />
inundação <strong>de</strong> líquido sobre as estrias.<br />
2.12 RESUMO<br />
Neste capítulo, foram apresentadas as principais características<br />
<strong>de</strong> escoamentos bifásicos e em con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> tubos e dutos.<br />
As diferenças entre escoamentos em macro e microcanais são discutidas.<br />
Os diferentes modos e mecanismos que inuenciam na con<strong>de</strong>nsação<br />
foram mostrados, bem como, os regimes <strong>de</strong> escoamento obtidos em microcanais.<br />
Diversas correlações e mo<strong>de</strong>los propostos para a queda <strong>de</strong><br />
pressão em escoamentos bifásicos, e para o coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação foram apresentados. A inuência <strong>de</strong> parâmetros<br />
do escoamento sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e a<br />
queda <strong>de</strong> pressão por atrito, obtidos por diferentes autores, também foi<br />
apresentada nesse capítulo, e é mostrada, em resumo, na Tabela 2.4.<br />
Tabela 2.4: Resumo dos resultados encontrados na literatura sobre a<br />
inuência das variáveis sobre a ∆p e o h.<br />
⇑ G ⇑ x v ⇑ T ⇑ q ′′ ⇑ D<br />
⇑ ∆p ⇑ ∆p ⇓ ∆p ⇓ ∆p - Yan e Lin (1999) ⇓ ∆p<br />
⇑ h ⇑ h ⇓ h ⇓ h - Yan e Lin (1999) ⇓ h<br />
⇑ h - Baird, Fletcher<br />
e Haynes (2003)
95<br />
3 APARATO EXPERIMENTAL<br />
Uma <strong>de</strong>scrição do aparato experimental utilizado no trabalho<br />
será aqui apresentada. As características construtivas e funções dos<br />
componentes serão abordadas neste capítulo, bem como os instrumentos<br />
<strong>de</strong> medição utilizados.<br />
3.1 DESCRIÇÃO DA BANCADA<br />
As Figuras 3.1, 3.2 e 3.3 apresentam respectivamente um esquema,<br />
um <strong>de</strong>senho isométrico e uma fotograa do aparato experimental,<br />
<strong>de</strong>senvolvido e construído no <strong>LEPTEN</strong>/Boiling 2 .<br />
Figura 3.1: Esquema do circuito experimental.<br />
Para a realização dos testes experimentais em con<strong>de</strong>nsação convectiva,<br />
vapor <strong>de</strong> uido refrigerante é gerado em uma cal<strong>de</strong>ira elétrica<br />
(Seção 3.1.1) e direcionado para a seção <strong>de</strong> teste, on<strong>de</strong> a con<strong>de</strong>nsação<br />
é promovida, passando antes por um superaquecedor, o qual, apesar<br />
2 Este aparato faz parte do projeto <strong>de</strong> pesquisa, processo No 477331/2007-6,<br />
aprovado pelo edital MCT/CNPq 15/2007.
96<br />
Figura 3.2: Vista isométrica da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira elétrica;<br />
2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico; 5)<br />
pós-con<strong>de</strong>nsador; 6) bomba.<br />
<strong>de</strong> instalado não foi utilizado nos testes. Após ser parcialmente con<strong>de</strong>nsado<br />
na seção <strong>de</strong> teste, o uido <strong>de</strong> trabalho escoa em direção ao<br />
pós-con<strong>de</strong>nsador (Seção 3.3), on<strong>de</strong> o vapor ainda presente é con<strong>de</strong>nsado<br />
por contato com a superfície externa <strong>de</strong> uma serpentina <strong>de</strong> cobre,<br />
no interior da qual circula água, cuja temperatura é controlada por<br />
um banho térmico. A vazão <strong>de</strong> R-134a na seção <strong>de</strong> teste não é função<br />
da bomba, mas, sim, da potência dissipada pela resistência elétrica na<br />
cal<strong>de</strong>ira e da temperatura do uido secundário no pós-con<strong>de</strong>nsador.<br />
A reposição <strong>de</strong> uido na cal<strong>de</strong>ira é controlada através <strong>de</strong> um<br />
sensor <strong>de</strong> nível, instalado em seu interior. Este sensor é diretamente<br />
ligado a uma micro-bomba <strong>de</strong> engrenagem, da Liquio, com vazão <strong>de</strong><br />
1,83 l/min, que opera <strong>de</strong> forma intermitente. Antes <strong>de</strong> chegar à cal<strong>de</strong>ira,<br />
o uido passa ainda por um trocador <strong>de</strong> calor casco-tubo, o qual<br />
também não é utilizado nos testes reportados nesse trabalho. Como<br />
acessórios, a bancada ainda possui válvulas <strong>de</strong> gaveta (registro) e <strong>de</strong><br />
retenção e um ltro, para evitar a entrada <strong>de</strong> partículas sólidas na<br />
bomba. Instrumentos <strong>de</strong> medição (Seção 3.4) <strong>de</strong> vazão, temperatura e<br />
pressão equipam o aparato experimental.<br />
Os componentes da bancada são interligados por tubos <strong>de</strong> cobre<br />
<strong>de</strong> diâmetro igual a 1/2", os quais são conectados aos equipamentos
97<br />
Figura 3.3: Fotograa da bancada experimental: 1) cal<strong>de</strong>ira elétrica;<br />
2) superaquecedor; 3) seção <strong>de</strong> teste; 4) uxímetro mássico; 5) póscon<strong>de</strong>nsador;<br />
6) bomba.<br />
através <strong>de</strong> conexões angeadas. Todas as medições efetuadas na bancada<br />
experimental são realizadas por um sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados,<br />
o qual as envia a um microcomputador. Neste, um <strong>programa</strong> feito em<br />
LabView é responsável por: apresentar os dados <strong>de</strong> maneira a facilitar<br />
o controle dos testes; fazer um tratamento prévio dos dados e guardálos<br />
na memória do computador. A seguir, os componentes da bancada<br />
experimental são <strong>de</strong>talhados.<br />
3.1.1 Cal<strong>de</strong>ira Elétrica<br />
A Figura 3.4 apresenta imagens da cal<strong>de</strong>ira elétrica externa e<br />
em corte. O equipamento é feito em aço inoxidável e possui como<br />
dimensões: 260 mm <strong>de</strong> altura, 115 mm <strong>de</strong> diâmetro externo e 10 mm<br />
<strong>de</strong> espessura. Este equipamento é isolado do meio externo por uma<br />
manta <strong>de</strong> polietileno expandido <strong>de</strong> 10 mm <strong>de</strong> espessura. A cal<strong>de</strong>ira<br />
é responsável pela geração <strong>de</strong> vapor do uido <strong>de</strong> trabalho, a partir
98<br />
do aquecimento do líquido, o qual é promovido por uma resistência<br />
elétrica (1) <strong>de</strong> 48 Ω, capaz <strong>de</strong> dissipar até 1000W, sendo alimentada<br />
por um variador <strong>de</strong> voltagem (Variac) da marca AUJE. A resistência<br />
elétrica é instalada no topo da cal<strong>de</strong>ira, assim, promove a saída do<br />
vapor levemente superaquecido.<br />
(a)<br />
(b)<br />
Figura 3.4: Vista externa (a) e interna (b) da cal<strong>de</strong>ira elétrica<br />
O uido <strong>de</strong> trabalho é direcionado pela bomba para o interior<br />
da cal<strong>de</strong>ira (2) na forma <strong>de</strong> líquido subresfriado. O vapor gerado é<br />
direcionado para a seção <strong>de</strong> teste através da abertura (3). A bomba<br />
repositora <strong>de</strong> uido opera <strong>de</strong> forma intermitente, ou seja, só há entrada<br />
<strong>de</strong> líquido na cal<strong>de</strong>ira quando seu nível atinge um valor consi<strong>de</strong>rado<br />
baixo. Este controle é realizado por meio <strong>de</strong> um sensor <strong>de</strong> nível mo<strong>de</strong>lo<br />
RF-3001D da marca Digimec (4), que é instalado no interior do gerador<br />
<strong>de</strong> vapor. Este sensor é, resumidamente, um controlador liga-<strong>de</strong>sliga,<br />
que quando o nível <strong>de</strong> líquido está baixo, o sensor aciona um relé, que<br />
por sua vez, permite o funcionamento da bomba.<br />
Externamente, por questões <strong>de</strong> segurança, há um visor (5), para<br />
que se possa aferir o nível <strong>de</strong> líquido no interior do equipamento. A<br />
cal<strong>de</strong>ira é equipada, ainda, com uma válvula (6), a qual permite a saída<br />
<strong>de</strong> vapor caso a pressão em seu interior atinja valores muito elevados.
99<br />
A pressão é medida por um transdutor <strong>de</strong> pressão (7) WTP-4010 da<br />
marca Wärme. Na saída da cal<strong>de</strong>ira há uma válvula <strong>de</strong> retenção que<br />
impe<strong>de</strong> o retorno <strong>de</strong> vapor, além <strong>de</strong> um termopar tipo E, que permite<br />
o monitoramento da temperatura do vapor gerado. O termopar é inserido<br />
no interior do tubo através <strong>de</strong> uma bucha <strong>de</strong> teon, <strong>de</strong>scrita na<br />
Seção 3.4.2.3.<br />
3.2 SEÇÃO DE TESTE<br />
A Seção <strong>de</strong> teste é apresentada esquematicamente em vista explodida,<br />
na Figura 3.5. Este conjunto é formado por oito microcanais<br />
<strong>de</strong> cobre (1), os quais são soldados à uma placa (2), também <strong>de</strong> cobre,<br />
com dimensões área <strong>de</strong> 30 x 90 mm 2 e 3,5 mm <strong>de</strong> espessura, três<br />
resfriadores do tipo Peltier (3), cada um com área <strong>de</strong> 30 x 30 mm 2 ,<br />
uma chapa <strong>de</strong> cobre (4), com dimensões <strong>de</strong> 30 x 90 mm 2 e 4 mm <strong>de</strong><br />
espessura, cujo intuito é uniformizar a temperatura do lado quente dos<br />
RPs, e um sumidouro <strong>de</strong> calor (5). Estes cinco elementos são unidos<br />
por pressão entre duas placas <strong>de</strong> alumínio, presas por quatro parafusos<br />
<strong>de</strong> rosca sem m. Toda a montagem é, ainda, isolada do ambiente<br />
externo com lã <strong>de</strong> rocha.<br />
A Figura 3.6 apresenta a montagem dos oito microcanais com os<br />
tubos coletores <strong>de</strong> entrada e saída, também chamados <strong>de</strong> manifolds e<br />
a chapa <strong>de</strong> cobre. Esse tipo <strong>de</strong> montagem, mostrado na Figura 3.6, é<br />
muito semelhante ao encontrado em coletores solares para aquecimento<br />
<strong>de</strong> água. Antes <strong>de</strong> se chegar a tal conguração, outras tentativas bem<br />
mais complexas, <strong>de</strong>scritas no Apêndice D, foram feitas, sem, porém,<br />
obter sucesso.<br />
Os microcanais são tubos capilares <strong>de</strong> cobre, com diâmetros nominais<br />
interno <strong>de</strong> 0, 031” (0,8 mm) e externo <strong>de</strong> 2,0 mm, e 107 mm<br />
<strong>de</strong> comprimento. Medições realizadas nos diâmetros internos dos tubos<br />
e apresentadas no Apêndice C, mostraram que os tubos utilizados<br />
apresentam D = 0, 77 ± 0, 01 mm. A medição da rugosida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses tubos<br />
não foi feita neste trabalho, pois diferentemente do diâmetro, essa<br />
gran<strong>de</strong>za não tem tanta importância aqui e, além disso, varia pouco<br />
entre diferentes lotes fornecidos <strong>de</strong> uma mesma empresa. Fez-se um<br />
levantamento <strong>de</strong> outros trabalhos publicados na <strong>UFSC</strong>, no laboratório<br />
<strong>de</strong> pesquisa POLO (antigo NRVA), que realizaram a medição <strong>de</strong> rugosida<strong>de</strong><br />
média interna, R a <strong>de</strong> tais tubos. O valor <strong>de</strong> R a representa a<br />
média aritmética dos valores absolutos das imperfeições, em relação à<br />
linha média, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um percurso <strong>de</strong> medição. Esses trabalhos são
100<br />
Figura 3.5: Vista explodida da seção <strong>de</strong> teste: 1) microcanais; 2) placa<br />
<strong>de</strong> cobre; 3) resfriadores Peltier; 4) bloco <strong>de</strong> cobre; 5) sumidouro <strong>de</strong><br />
calor.<br />
apresentados na Tabela 3.1:<br />
Tabela 3.1: Rugosida<strong>de</strong> dos tubos capilares utilizados nesse trabalho,<br />
medidas <strong>de</strong> outros autores.<br />
Raferência Rugosida<strong>de</strong> média Incerteza (95% <strong>de</strong> conança)<br />
Goncalves (1994) 0, 59 µm 0, 15 µm<br />
Boabaid (1994) 0, 58 µm 0, 15 µm<br />
Zangari (1998) 0, 59 µm -<br />
Assim, a rugosida<strong>de</strong> média <strong>de</strong>sses capilares consi<strong>de</strong>rada é <strong>de</strong><br />
R a = 0, 59 ± 0, 15 µm.<br />
O uido é distribuído pelos microcanais através <strong>de</strong> um tubo coletor<br />
- distribuidor (manifold) <strong>de</strong> cobre, o qual é unido aos capilares<br />
através <strong>de</strong> brasagem com liga <strong>de</strong> prata. O mesmo elemento está presente<br />
na saída dos canais. O manifold é um tubo <strong>de</strong> cobre, com diâmetro<br />
interno e comprimento <strong>de</strong> 3, 4 mm, e 70 mm, respectivamente, on<strong>de</strong><br />
uma das extremida<strong>de</strong>s é fechada com liga <strong>de</strong> prata.
101<br />
Figura 3.6: Esquema da montagem dos microcanais com a chapa <strong>de</strong><br />
cobre e os manifolds <strong>de</strong> entrada e saída.<br />
Na construção da seção <strong>de</strong> teste, após a brasagem dos microcanais<br />
com os manifolds, os capilares são unidos à placa <strong>de</strong> cobre, a qual<br />
apresenta oito ranhuras, com raio <strong>de</strong> 1 mm, que servem <strong>de</strong> alojamento<br />
para os tubos. Esse acoplamento é promovido através <strong>de</strong> solda <strong>de</strong> estanho,<br />
a m <strong>de</strong> diminuir a resistência <strong>de</strong> contato entre o tubo e a placa <strong>de</strong><br />
cobre. A superfície da placa e dos microcanais foi previamente limpa<br />
com ácido sulfúrico, para eliminação das impurezas, o que facilita a<br />
brasagem. A placa é, então, aquecida <strong>de</strong> forma homogênea e estanho<br />
líquido é aplicado sobre as ranhuras. Os tubos, já unidos aos manifolds,<br />
são encaixados, então, sobre as ranhuras.<br />
Previamente, a união entre os microcanais e os manifolds fora<br />
realizada também com estanho. Todavia, esse material tem menor<br />
resistência mecânica que a prata. Por causa do esforço no momento da<br />
montagem da seção <strong>de</strong> teste, ocorreram pequenas ssuras nessa união,<br />
causando o refugo <strong>de</strong> toda a montagem. Dessa forma, os capilares, a<br />
chapa <strong>de</strong> cobre e os manifolds foram refeitos e a brasagem realizada,<br />
então, com liga <strong>de</strong> prata nesse local.<br />
Houve a tentativa <strong>de</strong> unir os capilares e a chapa <strong>de</strong> cobre através<br />
da adição <strong>de</strong> liga <strong>de</strong> prata também. Todavia, isso não foi possível<br />
pelo fato da área a unir ser muito gran<strong>de</strong> e da liga <strong>de</strong> prata apresen-
102<br />
tar um alto ponto <strong>de</strong> fusão. Essa última característica requer gran<strong>de</strong><br />
aquecimento dos componentes a serem unidos, para que se tenha a fusão<br />
do material adicionado. Além <strong>de</strong> elevado, o aquecimento <strong>de</strong>ve ser<br />
uniforme, caso contrário, o material fundido concentra-se somente na<br />
parte mais quente da peça. A uniformida<strong>de</strong> do aquecimento sob alta<br />
temperatura não foi possível, por isso a opção pelo estanho entre os<br />
microcanais e a placa <strong>de</strong> cobre.<br />
No lado inferior da chapa <strong>de</strong> cobre - on<strong>de</strong> são soldados os microcanais,<br />
são feitas as medições <strong>de</strong> temperatura, cujos <strong>de</strong>talhes são<br />
discutidos na Seção 3.4.2.4. No lado superior da chapa <strong>de</strong> cobre, são<br />
montados os três resfriadores Peltier (RPs), uma chapa <strong>de</strong> cobre e o sumidouro<br />
<strong>de</strong> calor, conforme mostrado no esquema da Figura 3.5. Uma<br />
pasta térmica à base <strong>de</strong> prata, da marca Arctic Silver, é utilizada no<br />
contato entre cada elemento da seção <strong>de</strong> teste, a m <strong>de</strong> diminuir a resistência<br />
à transferência <strong>de</strong> calor Esse conjunto faz parte do processo<br />
<strong>de</strong> resfriamento do RP, o qual foi apresentado na Seção 2.5.1.<br />
3.2.1 Características dos RP's utilizados<br />
Como reportado anteriormente, este trabalho utiliza três pastilhas<br />
termoelétricas, as quais suportam corrente elétrica e tensão <strong>de</strong><br />
alimentação máximas <strong>de</strong> 6 A e 8, 5 V , respectivamente, com potência<br />
removida máxima <strong>de</strong> 49, 7 W. Os RPs têm formato quadrado, com 30<br />
mm <strong>de</strong> lado. Os resfriadores utilizados são alimentados com uma fonte<br />
<strong>de</strong> potência mo<strong>de</strong>lo Agilent N5769A, a qual apresenta corrente e tensão<br />
<strong>de</strong> saída máximas <strong>de</strong> 15 A e 100 V, respectivamente. A Figura 3.7 apresenta<br />
a fotograa do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> resfriador Peltier utilizado no presente<br />
experimento.<br />
Como relatado na Seção 2.5.1, o bom funcionamento do resfriador<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do resfriamento da sua face quente. Caso isso não ocorra,<br />
a temperatura do lado quente, T q , torna-se muito elevada, aumentado<br />
a parcela <strong>de</strong> condução <strong>de</strong> calor no elemento (Eq. 2.22), e reduzindo a<br />
potência líquida removida pela pastilha. A m <strong>de</strong> garantir um bom<br />
resfriamento, o presente experimento utiliza como sumidouro <strong>de</strong> calor,<br />
um escoamento <strong>de</strong> uma solução contendo 80% <strong>de</strong> água e 20% <strong>de</strong><br />
etileno glicol, em volume, cuja temperatura <strong>de</strong> congelamento é <strong>de</strong> aproximadamente<br />
−10 o C. A temperatura da mistura é controlada por um<br />
banho térmico MQBMP-01 da marca Microquímica, o qual consegue<br />
mantê-la a temperaturas <strong>de</strong> até −2 o C. Essa mistura remove calor dos<br />
resfriadores através <strong>de</strong> um trocador <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> alumínio, apresentado
103<br />
Figura 3.7: Fotograa do resfriador Peltier da marca Danvic, utilizado<br />
no experimento.<br />
em <strong>de</strong>talhe, na Figura 3.8.<br />
(a)<br />
(b)<br />
Figura 3.8: Fotograa (a) e dimensões, em mm (b) do sumidouro <strong>de</strong><br />
calor.<br />
Na Figura 3.5, po<strong>de</strong>-se notar que entre o trocador <strong>de</strong> calor e<br />
os resfriadores há uma chapa <strong>de</strong> cobre. Em seu interior são instalados<br />
três termopares, cujas temperaturas servem para <strong>de</strong>terminar a potência<br />
removida por cada RP, <strong>de</strong>scrito na Seção 3.4.4.<br />
3.3 PÓS-CONDENSADOR<br />
O pós-con<strong>de</strong>nsador apresenta três funções na bancada experimental.<br />
Primeiramente, ele <strong>de</strong>ve promover a con<strong>de</strong>nsação total do<br />
uido <strong>de</strong> trabalho proveniente da seção <strong>de</strong> teste (1), e que será di-
104<br />
recionado para a bomba (2). A outra função, é o controle da pressão<br />
e da vazão <strong>de</strong> trabalho do R-134a, cujos <strong>de</strong>talhes são abordados no capítulo<br />
seguinte. Além, ainda, <strong>de</strong> ser utilizado para o carregamento da<br />
bancada com uido <strong>de</strong> trabalho.<br />
Figura 3.9: Vista do pós-con<strong>de</strong>nsador em corte.<br />
Detalhes da sua construção são mostrados na Figura 3.9. Suas<br />
dimensões são iguais às da cal<strong>de</strong>ira elétrica. Este equipamento apresenta<br />
em seu interior uma serpentina <strong>de</strong> cobre (3), pela qual água proveniente<br />
<strong>de</strong> um banho térmico da marca LAUDA, mo<strong>de</strong>lo RK8 KP,<br />
escoa. Assim como a cal<strong>de</strong>ira, o pós-con<strong>de</strong>nsador apresenta um visor<br />
<strong>de</strong> líquido (4), utilizado principalmente para controlar o nível <strong>de</strong> uido<br />
no processo <strong>de</strong> carregamento e <strong>de</strong>scarregamento do uido <strong>de</strong> trabalho<br />
da bancada. Esses procedimentos são realizados respectivamente pelas<br />
válvulas <strong>de</strong> números (5) e (6), e <strong>de</strong>scritos com mais <strong>de</strong>talhes no capítulo<br />
posterior.<br />
3.4 SISTEMAS DE MEDIÇÃO<br />
A seguir, são <strong>de</strong>talhados os instrumentos e os procedimentos <strong>de</strong><br />
calibração - quando necessários, utilizados nesse trabalho para a medição<br />
<strong>de</strong> pressão, temperatura, vazão mássica e uxo <strong>de</strong> calor.
105<br />
3.4.1 Pressão<br />
A pressão é medida na cal<strong>de</strong>ira elétrica e na seção <strong>de</strong> teste. Neste<br />
último são instalados um transdutor <strong>de</strong> pressão absoluta - no manifold<br />
<strong>de</strong> entrada, e outro <strong>de</strong> pressão diferencial - entre os manifolds <strong>de</strong> entrada<br />
e saída. A ligação entre os instrumentos e os manifolds é feita com tubos<br />
<strong>de</strong> cobre <strong>de</strong> 2 mm <strong>de</strong> diâmetro interno. Os mo<strong>de</strong>los utilizados são da<br />
marca Wärme (WTP-4010), e, segundo a informação repassada pelo<br />
fabricante, os transdutores foram calibrados com incerteza <strong>de</strong> 0,25% do<br />
fundo <strong>de</strong> escala. As características dos instrumentos são apresentadas<br />
na Tabela 3.2.<br />
Tabela 3.2: Características dos transdutores <strong>de</strong> pressão.<br />
Característica Absoluta Diferencial<br />
Faixa 0-20 bar 0-3 bar<br />
Sinal <strong>de</strong> saída 0-10 V 0-10 V<br />
Alimentação 10-30 V 10-30 V<br />
Pressão estática - 20 bar<br />
Incerteza 50 mbar 7,5 mbar<br />
O transdutor <strong>de</strong> pressão diferencial foi calibrado para uma <strong>de</strong>terminada<br />
pressão estática, <strong>de</strong> 20 bar. A informação passada pelo fabricante<br />
é que caso o sistema opere em diferentes pressões estáticas,<br />
<strong>de</strong>ve-se fazer um ajuste <strong>de</strong> zero. Ou seja, nesses casos, o sinal do<br />
transdutor <strong>de</strong>ve ser corrigido.<br />
Para isso, foi feito um levantamento do erro <strong>de</strong> zero do transdutor<br />
diferencial. O equipamento foi instalado em uma bancada <strong>de</strong> calibração<br />
<strong>de</strong> transdutores <strong>de</strong> pressão e as duas extremida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> medição foram<br />
conectadas no aparelho. Assim, garantiu-se a mesma pressão nas duas<br />
entradas <strong>de</strong> sinais do transdutor.<br />
A pressão foi variada a cada 1 bar entre 7 e 10 bar e foram efetuadas<br />
3 medições para cada valor <strong>de</strong> pressão ajustada. O resultado obtido<br />
mostrou um erro sistemático <strong>de</strong> zero médio <strong>de</strong> 0,085 bar, com <strong>de</strong>svio<br />
padrão <strong>de</strong> 0,003 bar. Assim, foi feita a correção do erro sistemático e o<br />
valor <strong>de</strong> <strong>de</strong>svio padrão foi incorporado à incerteza do instrumento, cujo<br />
cálculo é apresentado na Eq. 3.1:<br />
√<br />
u c (∆p) = u(∆p fab ) 2 + u(∆p zero ) 2 (3.1)
106<br />
on<strong>de</strong> u(∆p fab ) e u(∆p zero ) representam os valores <strong>de</strong> incerteza do fabricante<br />
e da correção <strong>de</strong> zero, respectivamente. Dessa maneira, a nova<br />
incerteza do instrumento passa a ser u c (∆p) = 8, 1 mbar = 810 P a<br />
3.4.2 Temperatura<br />
Na bancada experimental, são utilizados <strong>de</strong>zoito termopares,<br />
sendo treze xados na chapa <strong>de</strong> cobre sob os microcanais (tipo K),<br />
três na placa <strong>de</strong> sobre sobre o lado quente dos resfriadores (tipo E) e<br />
outros cinco (tipo E) localizados em diferentes pontos do circuito experimental,<br />
indicados com a letra T, na Figura 3.1. A medição <strong>de</strong><br />
temperatura efetuada na saída da seção <strong>de</strong> teste é feita através <strong>de</strong> um<br />
sensor <strong>de</strong> temperatura existente no interior do uxímetro mássico. Os<br />
treze termopares da seção <strong>de</strong> teste me<strong>de</strong>m a temperatura da pare<strong>de</strong> da<br />
placa <strong>de</strong> cobre (ver Seção 3.4.2.4), enquanto que os instalados antes e<br />
<strong>de</strong>pois do superaquecedor indicam a temperatura do uido no centro<br />
do escoamento (ver Seção 3.4.2.3). Os <strong>de</strong>mais, estão em contato com a<br />
pare<strong>de</strong> da tubulação, pois são utilizados para aferir sem muita precisão<br />
a temperatura do uido nesses locais.<br />
3.4.2.1 Calibração dos Termopares<br />
A pesquisa experimental do processo <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação visando<br />
à obtenção do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>fronta-se, com<br />
frequência, com a diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> precisão na medição das diferenças entre<br />
a temperatura <strong>de</strong> saturação do uido e a temperatura da superfície<br />
do tubo, pois essa diferença é, em geral, muito pequena. Este trabalho<br />
utiliza termopares dos tipos E e K, ambos com diâmetros <strong>de</strong> 0,5 mm.<br />
O cálculo da incerteza é mostrado na Seção 3.4.2.2. Foi levantada a<br />
curva <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong> todos os termopares utilizados na bancada.<br />
O princípio <strong>de</strong> funcionamento do termopar é explicado na Seção<br />
2.5.2 e apresentado na Figura 2.10. A junta fria dos TPs estão,<br />
normalmente, <strong>de</strong>ntro dos sistemas <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados, o que é um<br />
gran<strong>de</strong> problema, visto que esses equipamentos possuem apenas um<br />
sensor <strong>de</strong> temperatura no seu interior. E como os multiplexadores são<br />
formados por vários elementos que liberam calor, a temperatura no seu<br />
interior é variável. Esse fator mascara alguns dados <strong>de</strong> temperatura<br />
medidos, pois a temperatura <strong>de</strong> referência medida pelo multiplexador<br />
nem sempre é a temperatura exata da junta fria.
107<br />
Com o intuito <strong>de</strong> se evitar esse problema, utilizam-se extensões<br />
dos terminais do multiplexador, feitas <strong>de</strong> os <strong>de</strong> cobre (mesmo material<br />
dos bornes do sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados). Assim, a junta fria<br />
do termopar passa a ser formada na extremida<strong>de</strong> da extensão. Cada<br />
termopar foi, então, ligado às extensões, que por sua vez foram conectadas<br />
aos terminais do multiplexador. As juntas frias são todas inseridas<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um pequeno tubo <strong>de</strong> cobre, como mostra a Figura 3.10, com<br />
a intenção <strong>de</strong> garantir que todas as junções permaneçam na mesma<br />
temperatura. Tais conexões são <strong>de</strong>ixadas à temperatura ambiente e<br />
xadas na parte traseira da bancada experimental.<br />
Figura 3.10: Fotograa do tubo utilizado na homogeneização da temperatura<br />
das juntas frias dos termopares.<br />
A diferença entre as temperaturas das juntas quente (local on<strong>de</strong><br />
se <strong>de</strong>seja medir) e fria (localizada no interior do tubo <strong>de</strong> cobre) é função<br />
da diferença <strong>de</strong> potencial entre os os do TP, como mostra a Eq. 3.2.<br />
Por experiência, sabe-se que para uma faixa <strong>de</strong> temperatura pequena<br />
(60 o C, por exemplo), essa função é linear. Assim:<br />
T − T amb = f(V ) = αV + β (3.2)<br />
on<strong>de</strong> T e T amb são as temperaturas que se <strong>de</strong>seja obter (junta quente)<br />
e do ambiente (junta fria), respectivamente. E α e β representam os<br />
coecientes angular e linear da reta.<br />
Outro termopar, do mesmo tipo do utilizado na medição, tem a<br />
junta quente inserida no interior <strong>de</strong> uma garrafa térmica, cujo conteúdo
108<br />
é uma mistura <strong>de</strong> gelo e água <strong>de</strong>stilados. Essa mistura é utilizada, pois<br />
sua temperatura é conhecida (0 o C). Esse é o termopar <strong>de</strong> referência, e<br />
a diferença <strong>de</strong> temperatura entre a o ambiente e a garrafa é função da<br />
diferença <strong>de</strong> potencial, V 0 :<br />
T amb − T 0 = f(V 0 ) = α 0 V 0 + β 0 (3.3)<br />
Somando-se as Eqs. 3.2 e 3.3 e substituindo-se o valor <strong>de</strong> T 0 =<br />
0 o C, têm-se:<br />
T = f(V ) − f(V 0 ) = αV + α 0 V 0 + β + β 0 (3.4)<br />
Ou seja, a temperatura que se <strong>de</strong>seja obter, T, é função apenas<br />
das tensões medidas e dos coecientes das curvas <strong>de</strong> cada termopar.<br />
Pelo conhecimento adquirido no laboratório, sabe-se que termopares<br />
do mesmo tipo apresentam o mesmo coeciente angular (diferenças da<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0, 1%. Assim, consi<strong>de</strong>rando α = α 0 = α T e acoplando a soma<br />
dos coecientes lineares em um único valor (β + β 0 = β T ), po<strong>de</strong>mos<br />
reescrever a Eq. 3.3 da seguinte forma:<br />
T = α T (V − V 0 ) + β T (3.5)<br />
Dessa forma, obtêm-se uma equação para a temperatura que é<br />
função apenas das DDPs medidas nos termopares e dos coecientes α T<br />
e β T . Precisa-se, então, apenas calibrar os termopares para encontrar<br />
os coecientes das retas.<br />
Para isso, todos os termopares foram colocados no interior <strong>de</strong> um<br />
béquer contendo um termômetro <strong>de</strong> bulbo calibrado, água <strong>de</strong>stilada e<br />
um misturador, para homogeneizar a temperatura do conjunto. Este<br />
béquer foi inserido em um banho térmico, com temperatura ajustável.<br />
Os coecientes α T e β são <strong>de</strong>terminados variando-se as temperaturas<br />
do banho térmico a cada 5 o C. Para os termopares do tipo E, a faixa <strong>de</strong><br />
calibração utilizada foi entre 20 o C e 80 o C. Já os transdutores <strong>de</strong> temperatura<br />
do tipo K, foram calibrados para temperaturas entre −10 o C<br />
e 40 o C.<br />
Assim, foram obtidos os coecientes das retas para cada termopar,<br />
os quais são mostrados na Tabela 3.3, on<strong>de</strong> as letras K e E indicam<br />
os tipos <strong>de</strong> TPs.
109<br />
Tabela 3.3: Coecientes das curvas <strong>de</strong> calibração obtidas para cada<br />
termopar.<br />
Termopar (o<br />
α T β T<br />
C.V −1) ( o C)<br />
E1 24162 0,91<br />
E2 24114 0,98<br />
E3 24124 0,97<br />
E4 24143 0,95<br />
E5 24139 0,95<br />
E6 24154 0,89<br />
E7 24153 0,88<br />
E8 24133 0,90<br />
K1 25355 -0,42<br />
K2 25381 -0,52<br />
K3 25367 -0,46<br />
K4 25359 -0,46<br />
K5 25352 -0,48<br />
K6 25372 -0,35<br />
K7 25337 -0,32<br />
K8 25416 -0,37<br />
K9 25331 -0,33<br />
K10 25348 -0,31<br />
K11 25365 -0,33<br />
K12 25360 -0,37<br />
K13 25370 -0,40<br />
3.4.2.2 Incerteza dos Termopares<br />
Devido às imperfeições dos equipamentos e do procedimento,<br />
a temperatura calculada através do polinômio po<strong>de</strong> não correspon<strong>de</strong>r<br />
precisamente à medição real. As fontes <strong>de</strong> incerteza envolvidas no procedimento<br />
<strong>de</strong> calibração <strong>de</strong>scrito na seção anterior são as seguintes 3 :<br />
• Incerteza do termômetro <strong>de</strong> bulbo, u(T b );<br />
• Incerteza do polinômio, u(T pol );<br />
• Incerteza do sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> dados, u(T V ).<br />
3 Algumas fontes, por representarem valores muito pequenos <strong>de</strong> incerteza ou elevada<br />
diculda<strong>de</strong> na sua estimativa, foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>radas nesse trabalho.
110<br />
A incerteza do termômetro é a combinação das incertezas <strong>de</strong><br />
sua calibração (0, 05 o C segundo certicado) e resolução (0, 05/ √ (3) =<br />
0, 03 o C), cuja menor divisão <strong>de</strong> escala é <strong>de</strong> 1 o C. Assim, u(T b ) =<br />
0, 06 o C.<br />
O polinômio obtido para cada termopar (utilizando os coecientes<br />
da Tabela 3.3) apresenta um pequeno <strong>de</strong>svio do valor real medido<br />
pelo termômetro. Sua incerteza po<strong>de</strong> ser estimada pelo <strong>de</strong>svio padrão<br />
entre os resíduos, que são as diferenças das temperaturas indicada pelo<br />
termômetro <strong>de</strong> bulbo, T b , e a obtida pelo polinômio, T pol , para os dados<br />
<strong>de</strong> tensão medidos:<br />
u(T pol ) = σ(T b − T pol ) (3.6)<br />
As incertezas médias relativas aos polinômios dos termopares K<br />
e E foram <strong>de</strong> u(pol) K = 0, 10 o C e u(pol) E = 0, 07 o C, respectivamente.<br />
A aquisição <strong>de</strong> dados foi feita utilizando o multiplexador AGI-<br />
LENT 34790A. Segundo o fabricante, a incerteza relativa à medição <strong>de</strong><br />
tensão para a faixa utilizada (0-100 mV) é composta <strong>de</strong> duas parcelas:<br />
u(V ) = 0, 005%V m + 4E−06 (3.7)<br />
on<strong>de</strong> V m é a tensão medida.<br />
Todavia, essa é a incerteza da tensão, cuja unida<strong>de</strong>, no caso, é<br />
em volts. Para se obter o valor <strong>de</strong> u(T V ) <strong>de</strong>ve-se utilizar o conceito <strong>de</strong><br />
incerteza propagada. Assim, sabendo-se que a temperatura é função<br />
da diferença entre as tensões do TP que se <strong>de</strong>seja calibrar e do TP <strong>de</strong><br />
referência:<br />
u(T V ) =<br />
√ (∂Teq<br />
∂V u(V ) ) 2<br />
+<br />
( ) 2 ∂Tpol<br />
u(V 0 ) (3.8)<br />
∂V 0<br />
on<strong>de</strong> T eq , V e V 0 representam o polinômio obtido no processo <strong>de</strong> calibração,<br />
as tensões medidas nos termopares cuja temperatura <strong>de</strong>seja-se<br />
saber e <strong>de</strong> referência, respectivamente.<br />
Os valores médios <strong>de</strong> incerteza obtidos <strong>de</strong>vido ao erro do multiplexador,<br />
para os termopares dos tipos K e E, foram u(T V ) K = 0, 10 o C<br />
e u(T V ) E = 0, 13 o C, respectivamente.<br />
Po<strong>de</strong>-se, então, obter a incerteza padrão combinada na medição<br />
<strong>de</strong> temperatura a partir da Eq 3.9:<br />
u c (T ) = √ u 2 (T b ) + u 2 (pol) + u 2 (T V ) (3.9)
111<br />
Os resultados <strong>de</strong> incerteza média obtido para os dois tipos <strong>de</strong><br />
termopares, foi o mesmo: u c (T ) = 0, 15 o C. Para um intervalo <strong>de</strong> con-<br />
ança <strong>de</strong> 95%, a incerteza expandia dos termopares po<strong>de</strong> ser obtida<br />
multiplicando-se a incerteza padrão combinada pelo coeciente <strong>de</strong> stu<strong>de</strong>nt,<br />
t = 2. Assim, a incerteza expandida da medição <strong>de</strong> temperatura<br />
é: U(T ) = ±0, 30 o C.<br />
3.4.2.3 Medição da Temperatura do uido<br />
A temperatura do uido <strong>de</strong> trabalho é medida antes e após o<br />
superaquecedor. Cada termopar é inserido no interior <strong>de</strong> uma bucha <strong>de</strong><br />
teon, permitindo a medição da temperatura no centro do escoamento,<br />
como mostra, a fotograa da bucha instalada, Figura 3.11(a) e um<br />
esquema do corte longitudinal, Figura 3.11(b).<br />
Duas camadas <strong>de</strong> borracha são colocadas sobre a bucha, uma sob<br />
os os do termopar e outra sobre esses. Esse conjunto é pressionado por<br />
um tubo <strong>de</strong> teon para que não haja vazamento <strong>de</strong> uido, como mostra<br />
a Figura 3.11(a). Para que os tubos mantenham-se na posição, um<br />
sistema <strong>de</strong> posicionamento feito utilizando-se barras roscadas e placas<br />
<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras é utilizado.<br />
3.4.2.4 Medição da Temperatura <strong>de</strong> Pare<strong>de</strong> na Seção <strong>de</strong> Teste<br />
Na parte inferior do bloco <strong>de</strong> cobre, treze termopares do tipo K<br />
são instalados, como apresentado na Figura 3.12. Na mesma gura,<br />
po<strong>de</strong>-se perceber que são instalados termopares em quatro posições<br />
distantes 20 mm na direção axial dos capilares. Nesses locais, três termopares<br />
são dispostos na direção da largura da chapa. A única exceção<br />
é o furo do centro na chapa, cuja medição <strong>de</strong> temperatura é utilizada<br />
apenas no cálculo do uxo <strong>de</strong> calor removido pelo resfriador Peltier (ver<br />
Seção 3.4.4). Os furos possuem diâmetro <strong>de</strong> 1, 3 mm e profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
1 mm.<br />
Os termopares são xados à base dos furos com cola instantânea<br />
(super bon<strong>de</strong>r). Os furos são então preenchidos por uma mistura <strong>de</strong><br />
cola epoxi com pó <strong>de</strong> cobre. Essa mistura é aplicada sobre toda a face<br />
inferior do bloco <strong>de</strong> cobre, como mostra a Figura 3.13.
112<br />
(a)<br />
(b)<br />
Figura 3.11: Fotograa (a) e corte longitudinal (b) da bucha <strong>de</strong> teon<br />
montada na tubulação.<br />
3.4.3 Vazão<br />
A vazão do escoamento é <strong>de</strong>terminada por meio <strong>de</strong> um uxímetro<br />
do tipo Coriolis, que me<strong>de</strong> além da vazão mássica, a temperatura<br />
e a massa especíca do uido. Este equipamento está instalado entre<br />
a seção <strong>de</strong> teste e o pós-con<strong>de</strong>nsador, como mostra o esquema da<br />
Figura 3.1. O mo<strong>de</strong>lo é equipado pelo medidor MASS2100 DI 1.5 e
113<br />
Figura 3.12: Localização dos furos na chapa <strong>de</strong> cobre, com dimensões<br />
em mm, para a medição <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong> do microcon<strong>de</strong>nsador.<br />
Figura 3.13: Face inferior da placa <strong>de</strong> cobre após a xação dos termopares<br />
e preenchimento com cola.
114<br />
por um conversor <strong>de</strong> sinal MASS6000, ambos da marca Siemens, cuja<br />
faixa <strong>de</strong> medição é <strong>de</strong> 0,1 a 45 kg/h para a água. Segundo o fabricante,<br />
a incerteza do instrumento é <strong>de</strong> 0,1% para ṁ < 0, 5 kg.h −1 e<br />
0,03% para ṁ > 0, 5 kg.h −1 . O sinal <strong>de</strong> vazão é enviado diretamente<br />
ao microcomputador através do conversor.<br />
3.4.4 Fluxo <strong>de</strong> Calor<br />
Durante o trabalho experimental, a primeira técnica utilizada<br />
para se medir o uxo <strong>de</strong> calor, removido do uido em con<strong>de</strong>nsação, foi<br />
a <strong>de</strong> transdutores <strong>de</strong> uxo <strong>de</strong> calor (uxímetros <strong>de</strong> calor). Todavia, a<br />
diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> instalação, a fragilida<strong>de</strong> dos produtos comprados (mesmo<br />
importados) e a alta resistência térmica <strong>de</strong>sses, motivaram a busca por<br />
outra solução.<br />
A Eq. 2.23 apresenta uma forma simples <strong>de</strong> calcular a potência<br />
removida. Entretanto, como relatado anteriormente, a empresa negouse<br />
a fornecer as características construtivas dos materiais utilizados nas<br />
pastilhas termelétricas. Tentou-se, em vão, utilizar valores comuns <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> materiais usualmente presentes nos resfriadores, todavia<br />
os resultados foram inconsistentes.<br />
Em vista disso, partiu-se para um método alternativo. O novo<br />
método forneceu resultados consistentes para a medição da potência<br />
removida, com baixa incerteza, e po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada uma inovação<br />
importante <strong>de</strong>sse trabalho. Primeiramente fez-se um levantamento das<br />
variáveis que po<strong>de</strong>riam afetar a potência removida. Concluiu-se que<br />
para levantar uma curva <strong>de</strong> calibração dos resfriadores, <strong>de</strong>veria ser monitorado<br />
o comportamento das temperaturas das faces quente e fria das<br />
pastilhas, além da corrente elétrica, tensão <strong>de</strong> alimentação da mesma e<br />
temperatura do uido resfriador.<br />
Após vários testes com os resfriadores durante aproximadamente<br />
um mês, foi <strong>de</strong>nido o melhor procedimento para se levantar a curva <strong>de</strong><br />
potência removida. Para isso, o RP foi posicionado entre dois blocos<br />
<strong>de</strong> cobre, cada qual com um termopar no seu interior, como mostrado<br />
na Figura 3.14.<br />
O bloco <strong>de</strong> cobre inferior é aquecido por uma resistência elétrica<br />
(<strong>de</strong> 1, 5 Ω) construída com uma liga <strong>de</strong> níquel-cromo e revestida com<br />
ta kapton. Essa resistência dissipa uma potência conhecida, Q resist ,<br />
controlada através <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> tensão e é isolada termicamente<br />
do meio externo através <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> cortiça. No contato entre<br />
o resfriador e os blocos <strong>de</strong> cobre, utiliza-se uma pasta térmica espe-
115<br />
Figura 3.14: Fotograa <strong>de</strong> uma etapa da montagem do sistema <strong>de</strong><br />
calibração do resfriador Peltier.<br />
cial para resfriadores peltier, da marca Arctic Silver, feita à base <strong>de</strong><br />
prata, a qual apresenta alta condutivida<strong>de</strong> térmica (350 W.(mK) −1 ).<br />
Os termopares fornecem a temperatura das duas faces das pastilhas.<br />
Os blocos <strong>de</strong> cobre passam por um processo <strong>de</strong> lixamento e polimento<br />
manual, antes da montagem do sistema <strong>de</strong> calibração. Eles<br />
possuem o mesmo tamanho que o RP, 30 mm x 30 mm, e espessura<br />
<strong>de</strong> 4 mm. O termopar é alocado no interior <strong>de</strong> um furo <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong><br />
diâmetro e 15 mm <strong>de</strong> profundida<strong>de</strong> (exatamente no centro da chapa).<br />
Após a alocação dos termopares, o furo é preenchido com uma mistura<br />
<strong>de</strong> cola epóxi e pó <strong>de</strong> cobre, a m <strong>de</strong> diminuir a resistência térmica.<br />
A chapa <strong>de</strong> cobre superior tem a face posta em contato com um<br />
trocador <strong>de</strong> calor, muito semelhante ao utilizado na seção <strong>de</strong> teste (<strong>de</strong>scrito<br />
na Seção 3.2.1), mas com 40 mm <strong>de</strong> comprimento. Por ele escoa<br />
uma solução <strong>de</strong> água e monoetileno glicol com temperatura controlada<br />
por meio <strong>de</strong> um banho térmico. As peças são montadas entre duas<br />
placas <strong>de</strong> alumínio, que fecham o conjunto através <strong>de</strong> quatro barras<br />
roscadas, como apresentado na Figura 3.15.<br />
Todo o conjunto é isolado termicamente do meio externo com lã<br />
<strong>de</strong> rocha. O trocador <strong>de</strong> calor (sumidouro) e a resistência elétrica são,<br />
ainda, separadas das placas <strong>de</strong> alumínio por camadas <strong>de</strong> cortiça, outro
116<br />
Figura 3.15: Fotograa da montagem do sistema <strong>de</strong> calibração do resfriador<br />
Peltier.<br />
material isolante térmico.<br />
As variáveis controladas nos testes foram as correntes elétricas<br />
<strong>de</strong> alimentação do Peltier e da resistência elétrica e a temperatura do<br />
uido resfriador. As medições se concentraram, inicialmente, nas temperaturas<br />
do uido resfriador, e das faces quente e fria do Peltier, além<br />
da corrente e da tensão dissipadas na resistência elétrica e no resfriador<br />
Peltier. Foi vericado que, para uma mesma corrente <strong>de</strong> alimentação<br />
e temperatura do uido refrigerador, o aumento da potência dissipada<br />
pela resistência elétrica causava variação nas temperaturas <strong>de</strong> ambas<br />
as faces do Peltier. Mesma consequência foi notada para variações na<br />
corrente <strong>de</strong> alimentação dos RPs.<br />
Devido ao bom isolamento do sistema, a perda <strong>de</strong> calor para o<br />
ambiente externo foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada. Um balanço <strong>de</strong> energia mostrou<br />
que o calor perdido era cem vezes menor que o calor dissipado pela<br />
resistência. Dessa forma, foi consi<strong>de</strong>rado que a potência removida pelo<br />
RP, Q f , e a dissipada pela resistência elétrica, Q resist , são iguais, as<br />
quais são calculadas através da Eq. 3.10:<br />
Q f = Q resist = V r I r (3.10)<br />
on<strong>de</strong> V r e I r representam a tensão, em V, e a corrente elétrica, em A,<br />
<strong>de</strong> alimentação da resistência.<br />
Depois <strong>de</strong> muitas tentativas, chegou-se a conclusão que a potência<br />
removida pelo resfriador Peltier, Q f , é função da corrente elétrica
117<br />
do mesmo e <strong>de</strong> um número adimensional, T r . Esse número, batizado<br />
<strong>de</strong> temperatura adimensional, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte das temperaturas das faces<br />
do RP, e calculado por:<br />
T r = T q − T f<br />
T q<br />
(3.11)<br />
on<strong>de</strong> T q e T f representam as temperaturas da face quente e fria do<br />
resfriador Peltier, em K, respectivamente.<br />
O interessante é que esse número adimensional, T r , apresentado<br />
na Eq. 3.11 é o coeciente <strong>de</strong> performance i<strong>de</strong>al do resfriador Peltier,<br />
caso ele estivesse operando como uma máquina térmica. A utilização<br />
do número adimensional T r permite a obtenção <strong>de</strong> uma curva linear<br />
<strong>de</strong> potência removida para cada corrente <strong>de</strong> alimentação do RP, I RP ,<br />
como mostra a Figura 3.16. Esta, apresenta as curvas obtidas para<br />
um dos resfriadores Peltier utilizados na seção <strong>de</strong> teste, que contempla<br />
3 A < I RP < 8 A e 6, 1 W < Q f < 32, 3 W. O levantamento da curva <strong>de</strong><br />
calibração <strong>de</strong> cada Peltier foi obtido a partir <strong>de</strong> um intervalo <strong>de</strong> variação<br />
da potência dissipada pela resistência elétrica <strong>de</strong> aproximadamente 5W.<br />
Tentativas foram feitas para juntar as curvas <strong>de</strong> diferentes correntes em<br />
uma única, mas não se obteve sucesso.<br />
Figura 3.16: Curvas <strong>de</strong> calibração <strong>de</strong> um dos resfriadores para 3 A <<br />
I RP < 8 A.
118<br />
Cada par <strong>de</strong> pontos obtidos para o mesmo valor <strong>de</strong> corrente do<br />
resfriador e <strong>de</strong> potência dissipada pela resistência elétrica, mostrados na<br />
Figura 3.16, correspon<strong>de</strong> às temperaturas <strong>de</strong> uido resfriador <strong>de</strong> −2 o C<br />
e 4 o C. Uma característica importante é que com a utilização <strong>de</strong> T r , a<br />
inuência da temperatura do uido resfriador é mínima, principalmente<br />
para potências menores, on<strong>de</strong> a dupla <strong>de</strong> pontos é muito próxima.<br />
A Figura 3.17 apresenta a comparação entre as curvas obtidas<br />
por três resfriadores diferentes. Po<strong>de</strong>-se notar que as curvas são diferentes<br />
para todas as correntes elétricas do RP. Esse comportamento<br />
corrobora a diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar a Eq. 2.23, on<strong>de</strong> mesmo para resfriadores<br />
idênticos, <strong>de</strong> mesmo lote <strong>de</strong> fabricação, as características <strong>de</strong><br />
funcionamento são diferentes.<br />
Figura 3.17: Comparação entre as curvas <strong>de</strong> calibração para três resfriadores.<br />
Todavia, uma característica importante <strong>de</strong> um bom método para<br />
se <strong>de</strong>terminar a potência removida pelos resfriadores, é a sua baixa incerteza.<br />
O cálculo da incerteza da potência removida pelos resfriadores,<br />
utilizando as equações linearizadas para cada corrente, é apresentado<br />
na próxima seção.
119<br />
3.4.5 Incerteza<br />
Foi constatado que são três as fontes <strong>de</strong> incerteza no cálculo da<br />
potência removida por cada RP: a potência dissipada pela resistência<br />
elétrica, u(Q resist ) a <strong>de</strong>terminação da temperatura adimensional, u(T r )<br />
e a curva calculada pela linha <strong>de</strong> tendência, u(pol). Dessa maneira,<br />
a incerteza padrão combinada da potência removida pelo resfriador<br />
Peltier, u c (Q f ), é obtida combinando as parcelas acima citadas:<br />
u c (Q f ) = √ u 2 (Q Resist ) + u 2 (T r ) + u 2 (pol) (3.12)<br />
A incerteza expandida da potência removida para um intervalo<br />
<strong>de</strong> conança <strong>de</strong> 95% é:<br />
U(Q f ) = 2u c (Q f ) (3.13)<br />
A potência dissipada pela resistência elétrica é calculada através<br />
da Eq. 3.10, on<strong>de</strong> são duas as fontes <strong>de</strong> incerteza: a tensão e a corrente<br />
elétrica. Assim, combinando-se essas incertezas têm-se:<br />
√ (∂Qresist<br />
u(Q resist ) =<br />
) 2 ( ) 2 ∂Qresist<br />
u(V r ) + u(I r ) (3.14)<br />
∂V r ∂I r<br />
O valor da tensão é obtido através do sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />
dados HP, mo<strong>de</strong>lo 34970A. Segundo o fabricante, para a faixa <strong>de</strong> medição<br />
utilizada (0 - 10 V), a incerteza <strong>de</strong> medição da tensão, em volts,<br />
é calculado pela Eq. 3.15:<br />
u(V r ) = 0, 0035%V r + 0, 005 (3.15)<br />
on<strong>de</strong> V r representa o valor <strong>de</strong> tensão medido.<br />
A corrente elétrica é medida através <strong>de</strong> um multímetro da marca<br />
Minipa, mo<strong>de</strong>lo ET - 2651. Os dados do fabricante do equipamento<br />
informam que a precisão da leitura, em amperes, na faixa utilizada<br />
(0-20 A) é obtida por:<br />
u(I r ) = 2%I r + 0, 015 (3.16)<br />
on<strong>de</strong> I r representa o valor <strong>de</strong> corrente medido.<br />
O fabricante não informou qual o nível <strong>de</strong> conança <strong>de</strong>sses dados.<br />
Todavia, é correto supor que estes dados são para 95% <strong>de</strong> conança.<br />
Para o cálculo da incerteza padrão, <strong>de</strong>ve-se, então, dividir o valor obtido
120<br />
pela Eq. 3.16 por √ 3, admitindo-se uma distribuição retangular <strong>de</strong>sses<br />
dados <strong>de</strong> precisão.<br />
A temperatura adimensional é obtida através da Eq. 3.11, sendo<br />
função das temperaturas das faces quente e fria do resfriador, T q e<br />
T f , respectivamente. A incerteza combinada relativa à temperatura<br />
adimensional, u(T r ) , é calculada através da Eq. 3.17:<br />
√ (∂Qf ) 2<br />
u(T r ) = u(T )<br />
(3.17)<br />
∂T r<br />
on<strong>de</strong> Q f e u(T ) representam a equação do polinômio obtido com os<br />
dados experimentais e a incerteza na <strong>de</strong>terminação da temperatura<br />
adimensional, obtida através da Eq. 3.18.<br />
√ (∂Tr ) 2 ( ) 2 ∂Tr<br />
u(T ) = u(T q ) + u(T r ) (3.18)<br />
∂T q ∂T r<br />
on<strong>de</strong> u(T q ) e u(T f ) são as incertezas padrão dos termopares, cujo valor<br />
é <strong>de</strong> 0, 15 o C, como relatado na Seção 3.4.2.2.<br />
Finalmente, a última parcela <strong>de</strong> incerteza é relativa à obtenção<br />
do polinômio, u(pol), realizada através do método <strong>de</strong> mínimos quadrados.<br />
Esta parcela é obtida através do <strong>de</strong>svio padrão do resíduo, que é<br />
a diferença entre o valor <strong>de</strong> Q Resist e o obtido através da curva, feita<br />
para todos os pontos experimentais. Assim:<br />
u(pol) = σ(Q resist − Q f ) (3.19)<br />
A incerteza expandida da potência removida pelos resfriadores<br />
é tomada como a máxima obtida <strong>de</strong>ntre os três RPs utilizados. Este<br />
valor correspon<strong>de</strong> a U(Q f ) = 0, 9 W.<br />
3.5 PROPRIEDADES TERMOFÍSICAS DO R-134A<br />
O R-134a (1,1,1,2-Tetrauoretano), cuja fórmula molecular é<br />
CH 2 F CF 3 , é um uido refrigerante halogenado utilizado em sistemas<br />
<strong>de</strong> refrigeração doméstico e automotivo. Este uido sintético foi introduzido<br />
no mercado no começo dos anos noventa, com o objetivo <strong>de</strong><br />
substituir o R-12, um CFC que apresentava gran<strong>de</strong> perigo à camada<br />
<strong>de</strong> ozônio. A Tabela 3.4 apresenta algumas proprieda<strong>de</strong>s do R-134a à<br />
pressão <strong>de</strong> 8, 4 bar, obtidas através do software EES.
121<br />
Tabela 3.4: Proprieda<strong>de</strong>s do R-134a à p = 8, 4 bar<br />
Proprieda<strong>de</strong> Valor Unida<strong>de</strong><br />
Calor especíco do líquido, c P 1,457 kJ.kg −1 .K −1<br />
Calor latente <strong>de</strong> vaporização, i lv 170,2 kJ.kg −1<br />
Condutivida<strong>de</strong> térmica do líquido, k l 0,0793 W.m −1 .K −1<br />
Massa especíca do líquido, ρ l 1176 kg.m −3<br />
Massa especíca do vapor, ρ v 41 kg.m −3<br />
Massa molar, M 102 g.mol −1<br />
Número <strong>de</strong> Prandtl do líquido, P r l 3,23 -<br />
Temperatura crítica, T crit 101 o C<br />
Temperatura <strong>de</strong> saturação, T sat 33,0 o C<br />
Tensão supercial, σ 0,00702 N.m −1<br />
Viscosida<strong>de</strong> dinâmica do líquido, µ l 1,76x10 −4 P a.s<br />
Pressão crítica, p crit 40,6 bar
122
123<br />
4 DESCRIÇÃO DOS PROCEDIMENTOS<br />
Neste capítulo, serão <strong>de</strong>scritos os procedimentos utilizados na realização<br />
dos testes, bem como no tratamento dos dados obtidos. Os testes<br />
realizados na bancada experimental, <strong>de</strong>scrita no capítulo anterior,<br />
caracterizam-se pelo difícil controle das variáveis pressão e velocida<strong>de</strong><br />
mássica do escoamento. Um <strong>programa</strong> <strong>de</strong>senvolvido em MATLAB divi<strong>de</strong><br />
a seção <strong>de</strong> teste em diversos segmentos e permite o cálculo <strong>de</strong> todas<br />
as proprieda<strong>de</strong>s do escoamento em cada posição da seção <strong>de</strong> teste.<br />
4.1 REALIZAÇÃO DOS TESTES<br />
Os testes são realizados no aparato experimental <strong>de</strong>scrito no capítulo<br />
anterior. Para isso, a bancada é carregada com o uido <strong>de</strong> trabalho<br />
(R-134a). Esse procedimento é realizado através da válvula <strong>de</strong><br />
carregamento, <strong>de</strong>notada pelo número 5 na Figura 3.9. Primeiramente<br />
é feito vácuo em todo o aparato experimental. Isso elimina gases não<br />
con<strong>de</strong>nsáveis, que po<strong>de</strong>riam se misturar ao uido e inuenciar a con<strong>de</strong>nsação.<br />
Além disso, o vácuo facilita o carregamento <strong>de</strong> uido.<br />
Com o aparato evacuado, todos os registros da bancada são fechados<br />
e o banho térmico do pós-con<strong>de</strong>nsador é ligado à temperatura<br />
<strong>de</strong> 10 o C. O cilindro contendo o uido refrigerante é, então, conectado<br />
à válvula <strong>de</strong> carregamento e o pós-con<strong>de</strong>nsador preenchido com R-134a<br />
até o topo. A válvula <strong>de</strong> carregamento é fechada e o banho térmico do<br />
pós-con<strong>de</strong>nsador ajustado à temperatura <strong>de</strong> 30 o C. Quando esse valor é<br />
alcançado, todos os registros da bancada são abertos e a bomba é ligada<br />
no modo contínuo para que o uido escoe até a cal<strong>de</strong>ira. No momento<br />
em que a cal<strong>de</strong>ira é totalmente preenchida, o processo <strong>de</strong> carregamento<br />
é feito novamente. Todavia, agora somente até a etapa <strong>de</strong> enchimento<br />
do pós-con<strong>de</strong>nsador.<br />
Os testes são feitos seguindo uma planilha, on<strong>de</strong> as condições<br />
<strong>de</strong> pressão na entrada da seção <strong>de</strong> teste, p ent , velocida<strong>de</strong> mássica, G,<br />
e uxo <strong>de</strong> calor médio dos RPs, q ′′ , são pré-estabelecidas. Obter essas<br />
condições é um trabalho difícil, pois essas variáveis <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
três fatores: a potência dissipada na resistência elétrica da cal<strong>de</strong>ira,<br />
Q cald e as temperaturas dos banhos térmicos dos RPs, T b,RP e do póscon<strong>de</strong>nsador,<br />
T b,pc . A variação da potência dissipada ou <strong>de</strong> alguma das<br />
temperaturas afeta tanto a pressão do uido quanto o uxo <strong>de</strong> calor e a<br />
vazão. O método utilizado para alcançar uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong>
124<br />
pressão, uxo <strong>de</strong> calor e velocida<strong>de</strong> mássica é apresentado no diagrama<br />
<strong>de</strong> bloco da Figura 4.1.<br />
Figura 4.1: Diagrama <strong>de</strong> bloco do procedimento <strong>de</strong> testes.<br />
Mantendo-se as temperaturas dos banhos xas e aumentandose<br />
a tensão <strong>de</strong> alimentação da resistência elétrica, por exemplo, temse<br />
um aumento da velocida<strong>de</strong> mássica do vapor e, consequentemente<br />
aumentos da taxa <strong>de</strong> evaporação na cal<strong>de</strong>ira, e na pressão do uido<br />
na entrada da seção <strong>de</strong> teste - aumento da temperatura na cal<strong>de</strong>ira.<br />
Além disso, a potência removida pelos RPs também aumenta. Caso
125<br />
Figura 4.2: Intervenções realizadas nas etapas <strong>de</strong>notadas por A e B<br />
na gura anterior.<br />
a temperatura do banho térmico do pós-con<strong>de</strong>nsador seja aumentada,<br />
mantidas a potência dissipada na cal<strong>de</strong>ira e a temperatura do banho<br />
do RP, tem-se o aumento da pressão e da potência removida pelos<br />
RPs, e a diminuição da velocida<strong>de</strong> mássica do uido <strong>de</strong> trabalho. Por<br />
outro lado, aumentando-se apenas a temperatura do banho térmico que<br />
resfria os RPs, têm-se diminuição da taxa <strong>de</strong> calor removido na seção<br />
<strong>de</strong> teste, um aumento da pressão e diminuição da vazão do R-134a.<br />
Todas essas possíveis combinações são esquematizadas na Figura 4.2,<br />
on<strong>de</strong> são indicadas as intervenções do operador, no modo A ou no modo<br />
B.<br />
Primeiramente são ajustadas a potência a ser dissipada na cal<strong>de</strong>ira<br />
(entre 60 W e 250 W), e <strong>de</strong>terminadas a temperatura no banho
126<br />
resfriador dos RPs (entre −2 o C e 4 o C) e a temperatura do banho térmico<br />
do pós-con<strong>de</strong>nsador (entre 10 o C e 35 o C). Quando o sistema atinge<br />
o regime permanente faz-se uma comparação entre as condições <strong>de</strong>sejadas<br />
e reais <strong>de</strong> pressão e velocida<strong>de</strong> mássica. Caso essas condições<br />
não sejam satisfeitas, <strong>de</strong>ve-se intervir nos valores preestabelecidos <strong>de</strong><br />
temperatura do banho térmico do pós-con<strong>de</strong>nsador, T b,pc , e da potência<br />
dissipada na cal<strong>de</strong>ira elétrica, Q cald . Essa intervenção, apresentada pela<br />
letra A na Figura 4.1, é esquematizada com <strong>de</strong>talhes na Figura 4.2.<br />
Nota-se que nessa etapa não se faz atenção à potência removida<br />
pelos RPs. Esse ajuste é menos complicado. Depois que a velocida<strong>de</strong><br />
mássica e a pressão do uido atingem os valores <strong>de</strong>sejados, ajusta-se o<br />
valor da potência removida pelos RPs. Se os valores real e <strong>de</strong>sejado <strong>de</strong><br />
q ′′ são diferentes, modicam-se as temperaturas dos banhos térmicos,<br />
como mostra a letra B na Figura 4.1, e é <strong>de</strong>scrito na Figura 4.2.<br />
Uma vez satisfeita a última condição, conforme mostra o esquema<br />
B da igura 4.2, são feitas 80 aquisições <strong>de</strong> dados na frequência<br />
<strong>de</strong> 1,5 s utilizando o multiplexador Agilent 34790A. Esses dados são<br />
salvos no microcomputador através do software LabView. O procedimento,<br />
cujo esquema é apresentado no diagrama da Figura 4.1, que<br />
vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a <strong>de</strong>nição das condições até a leitura dos dados <strong>de</strong>mora, em<br />
média, 3 h. Inicia-se, então, a etapa <strong>de</strong> tratamento dos dados, a qual é<br />
<strong>de</strong>scrita na próxima seção.<br />
Uma característica da bancada é a operação intermitente da<br />
bomba. Isso causa pequenas oscilações também na pressão e na vazão<br />
do vapor que é gerado na cal<strong>de</strong>ira elétrica. Na Figura 4.3, são<br />
plotados os sinais <strong>de</strong> vazão mássica <strong>de</strong> vapor, uxo <strong>de</strong> calor removido<br />
pelo RP2, temperatura do uido na entrada da seção <strong>de</strong> teste, temperatura<br />
do bloco <strong>de</strong> cobre medida por um dos 13 termopares, pressão na<br />
entrada e queda <strong>de</strong> pressão na seção <strong>de</strong> teste. Todas essas variáveis são<br />
mostradas em função do tempo, durante um intervalo <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong>,<br />
aproximadamente, 90 s.<br />
A Figura 4.3 mostra gran<strong>de</strong>s oscilações na velocida<strong>de</strong> mássica<br />
e na queda <strong>de</strong> pressão, principalmente. Essa última é causada não<br />
somente pela bomba, mas também por outros motivos que não se sabe<br />
ao certo, inerentes ao processo <strong>de</strong> escoamento do uido <strong>de</strong> trabalho,<br />
visto que no escoamento monofásico essa oscilação do sinal é menor.<br />
As medições <strong>de</strong> temperatura e uxo <strong>de</strong> calor são pouco afetadas pela<br />
intermitência da bomba. Para a redução dos dados são utilizados os<br />
valores médios das variáveis medidas.
127<br />
Figura 4.3: Dados medidos durante um intervalo <strong>de</strong> 90 s.<br />
4.2 TRATAMENTO DOS DADOS<br />
Os valores médios dos sinais das variáveis medidas são os parâmetros<br />
<strong>de</strong> entrada no <strong>programa</strong> <strong>de</strong> cálculo, <strong>de</strong>senvolvido no MATLAB,<br />
o qual tem por objetivo calcular o estado do uido ao longo da seção<br />
<strong>de</strong> teste. Este <strong>programa</strong> realiza os cálculos para um único microcanal,<br />
ou seja, a vazão mássica total e a taxa <strong>de</strong> calor extraído com os resfriadores<br />
Peltier são divididos por 8. Dessa forma têm-se a vazão média<br />
em um canal, consi<strong>de</strong>rando uma distribuição i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> vazão e uxo <strong>de</strong><br />
calor médio na superfície interna do canal. Todas as proprieda<strong>de</strong>s do
128<br />
uido utilizadas são calculadas através do <strong>programa</strong> Engineering Equation<br />
Solver (EES). A Figura 4.4 apresenta um diagrama <strong>de</strong> blocos com<br />
o resumo do procedimento adotado no tratamento <strong>de</strong> dados.<br />
Figura 4.4: Diagrama <strong>de</strong> blocos referente ao tratamento <strong>de</strong> dados.<br />
O <strong>programa</strong> consiste, basicamente, na divisão do microcanal em
129<br />
N partes iguais, on<strong>de</strong> se tem sempre os parâmetros no início <strong>de</strong> cada<br />
segmento e são calculados seus valores no nal do mesmo. Procedimento<br />
este semelhante ao método <strong>de</strong> elementos nitos. O segmento<br />
N i , por exemplo, utiliza como parâmetros <strong>de</strong> entrada, os mesmos valores<br />
calculados no nal do segmento N i−1 . E assim é feito até o último<br />
segmento.<br />
Os dados <strong>de</strong> entrada do problema são: temperatura e pressão do<br />
uido na entrada da seção <strong>de</strong> teste; queda <strong>de</strong> pressão na seção <strong>de</strong> teste;<br />
temperaturas medidas na pare<strong>de</strong> do bloco <strong>de</strong> cobre; potência removida<br />
por cada RP e velocida<strong>de</strong> mássica. Uma característica <strong>de</strong> escoamentos<br />
com mudança <strong>de</strong> fase, que diculta a análise térmica do processo, é a<br />
<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong>ste com a pressão do uido. Para se conhecer o coeciente<br />
<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local, <strong>de</strong>ve-se saber a temperatura <strong>de</strong><br />
saturação do uido nesse mesmo local. Pela impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se instalar<br />
um medidor <strong>de</strong> temperatura no interior dos tubos capilares, esse<br />
dado é obtido da pressão <strong>de</strong> saturação. Portanto, <strong>de</strong>ve-se avaliar, com<br />
boa precisão, a pressão em cada ponto dos microcanais.<br />
A diferença <strong>de</strong> pressão é medida entre os manifolds da seção <strong>de</strong><br />
teste. A Figura 4.5 apresenta um esquema da seção <strong>de</strong> teste incluindo<br />
as parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão consi<strong>de</strong>radas no problema.<br />
Figura 4.5: Representação esquemática das parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão<br />
Dessa forma, a queda <strong>de</strong> pressão total, medida pelo transdutor<br />
<strong>de</strong> pressão, é composta pelas parcelas representadas na Figura 4.5 e na
130<br />
Tabela 4.1: Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à entrada da seção<br />
<strong>de</strong> teste<br />
Parcela ζ G<br />
(∆p) manifold,entrada<br />
Eq. 2.34 ṁ/A mani<br />
(∆p) 90,entrada<br />
Eq. 2.45 ṁ/A mani<br />
(∆p) cont<br />
Eq. 2.43 ṁ/A dist<br />
seguinte expressão:<br />
(∆p) medida<br />
= (∆p) manifold,entrada<br />
+ (∆p) local,entrada<br />
+ (∆p) microcanais<br />
+<br />
+ (∆p) local,saída<br />
+ (∆p) manifold,saída<br />
(4.1)<br />
A perda local na entrada é aproximada para uma composição <strong>de</strong><br />
duas mudanças geométricas: uma mudança <strong>de</strong> direção em 90 o e uma<br />
contração. E na saída, consi<strong>de</strong>ra-se primeiramente uma expansão e<br />
<strong>de</strong>pois uma curva em 90 o . As parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes<br />
à entrada da seção <strong>de</strong> teste são todas calculadas utilizando a equação<br />
<strong>de</strong> Darcy-Weisbach, apresentada na Eq. 2.33.<br />
Como o vapor chega à seção <strong>de</strong> teste levemente superaquecido,<br />
as parcelas (∆p) manifold,entrada<br />
e (∆p) local,entrada<br />
são calculadas para o<br />
escoamento monofásico <strong>de</strong> vapor. Os valores dos coecientes <strong>de</strong> resistência<br />
e das velocida<strong>de</strong>s mássicas utilizadas no cálculo <strong>de</strong> cada parcela<br />
<strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão são mostradas na Tabela 4.1.<br />
Na Eq. 2.34 o fator <strong>de</strong> atrito utilizado é o <strong>de</strong> Blasius, para escoamento<br />
turbulento (Eq. 2.37). A área da seção transversal do manifold,<br />
A mani , é calculada da seguinte forma:<br />
A mani = πD2 mani<br />
(4.2)<br />
4<br />
on<strong>de</strong> D mani = 3, 5 mm é o diâmetro interno do manifold.<br />
Já a área <strong>de</strong> distribuição, A dist , é consi<strong>de</strong>rada a área por on<strong>de</strong><br />
o vapor escoa antes <strong>de</strong> sofrer a contração e ser distribuído nos oito<br />
microcanais, representada pela Eq. 4.3. A Figura 4.6 representa esquematicamente<br />
essa área, a partir <strong>de</strong> um corte axial no manifold.<br />
30 ∗ 2 ∗ 10−6<br />
A dist = (4.3)<br />
8<br />
Nota-se que a área do distribuidor é dividido por oito, pois a
131<br />
Figura 4.6: Área <strong>de</strong> distribuição consi<strong>de</strong>rada nos cálculos (dimensões<br />
em mm)<br />
queda <strong>de</strong> pressão nos microcanais é avaliada apenas consi<strong>de</strong>rando um<br />
único microcanal. Consi<strong>de</strong>ra-se que a queda <strong>de</strong> pressão é a mesma em<br />
todos os microcanais.<br />
Descontando-se as parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão na entrada da<br />
seção <strong>de</strong> teste da pressão medida, têm-se o valor da pressão na entrada<br />
do microcanal. Com isso calcula-se a temperatura <strong>de</strong> saturação relativa<br />
à essa pressão, T sat . Esse valor é comparado com a temperatura medida<br />
na entrada da seção <strong>de</strong> teste, T ent a qual é consi<strong>de</strong>rada a mesma no<br />
início dos microcanais 4 . Assim, se T sat < T ent o uido está no estado <strong>de</strong><br />
vapor superaquecido. Caso T sat = T ent , então o uido está entrando<br />
na seção <strong>de</strong> teste já no estado <strong>de</strong> saturação. Em média, nos testes,<br />
a temperatura do uido medida apresentou um superaquecimento <strong>de</strong><br />
0, 7 o C.<br />
A pressão e a temperatura na entrada do microcanal, além da vazão<br />
<strong>de</strong> uido medida no uxímetro mássico dividida por oito, são as condições<br />
<strong>de</strong> entrada do primeiro segmento. Com esses dados, calculam-se<br />
as proprieda<strong>de</strong>s do uido e é feito um balanço <strong>de</strong> energia, utilizando-se<br />
o valor <strong>de</strong> potência removida pelo primeiro resfriador Peltier. Com esse<br />
balanço, Eq. 4.4, calcula-se a temperatura na saída do segmento:<br />
4 Essa consi<strong>de</strong>ração é muito boa, visto que cálculos simples, incluindo o isolamento<br />
do tubo mostraram que essa redução é sempre menor que 0, 1 o C.
132<br />
T saída,Ni = T ent,Ni − Q f /(8N)<br />
(4.4)<br />
c P ṁ un<br />
on<strong>de</strong> c P , Q f , ṁ un e N representam o calor especíco do R-134a à<br />
pressão constante - calculado na entrada do segmento, em J.kg −1 .K −1 ,<br />
a potência total removida pelo RP, em W, a vazão mássica em um<br />
único microcanal (vazão mássica total dividida por oito), em kg.s −1 , e<br />
o número <strong>de</strong> segmentos, respectivamente. O subíndice Ni representa o<br />
i-ésimo segmento.<br />
A queda <strong>de</strong> pressão no segmento, on<strong>de</strong> o uido encontra-se no estado<br />
<strong>de</strong> vapor superaquecido, é calculada através da equação <strong>de</strong> Darcy-<br />
Weisbach, Eq. 2.33, on<strong>de</strong> o fator <strong>de</strong> atrito é obtido pela correlação <strong>de</strong><br />
Blasius, Eq. 2.37. Assim:<br />
p saída,Ni = p ent,Ni − ∆p Blasius (4.5)<br />
O segmento subsequente utiliza como temperatura e pressão <strong>de</strong><br />
entrada, as mesmas condições <strong>de</strong> saída do segmento anterior. Devese<br />
conferir, entretanto, se o uido já está no estado <strong>de</strong> saturação.<br />
Calcula-se a temperatura <strong>de</strong> saturação do uido na saída do segmento,<br />
T sat,saída,Ni , em função <strong>de</strong> p saída,Ni , e compara-se com a temperatura do<br />
uido obtida pela Eq. 4.4. Caso T sat,saída,Ni < T saída,Ni , o escoamento<br />
continua no estado <strong>de</strong> vapor superaquecido, e repete-se o procedimento<br />
(Eqs. 4.4 e 4.5). Se T sat,saída,Ni = T saída,Ni , então o escoamento já se<br />
encontra no estado <strong>de</strong> saturação.<br />
Quando isso acontecer, consi<strong>de</strong>ra-se como condição <strong>de</strong> entrada<br />
do próximo segmento o título <strong>de</strong> vapor igual a 1. A outra condição<br />
consi<strong>de</strong>rada na entrada do segmento é a pressão do uido, cujo valor<br />
é o calculado na saída do segmento anterior. Calculam-se, então, as<br />
proprieda<strong>de</strong>s do uido e realiza-se um balanço <strong>de</strong> energia no mesmo,<br />
para que se obtenha o valor da entalpia na saída <strong>de</strong>sse segmento. Esse<br />
balanço é apresentado na Eq. 4.6:<br />
i saida,Ni = i ent,Ni − Q f /(8N)<br />
ṁ un<br />
(4.6)<br />
on<strong>de</strong> i ent,Ni , i saída,Ni e N representam as entalpias <strong>de</strong> entrada e <strong>de</strong> saída<br />
do i-ésimo segmento, em J.kg −1 , e o número <strong>de</strong> segmentos utilizados,<br />
respectivamente.<br />
Com o valor <strong>de</strong> i saída,Ni calculado, po<strong>de</strong>-se obter o título <strong>de</strong> vapor<br />
na saída do segmento, x v;saída,Ni :
133<br />
x v;saída,Ni = i saída,Ni − i l,Ni<br />
i lv,Ni<br />
(4.7)<br />
on<strong>de</strong> i l,Ni e i lv representam as entalpias do líquido e <strong>de</strong> vaporização,<br />
em J.kg −1 , calculadas em função da pressão na entrada do segmento<br />
N i .<br />
A <strong>de</strong>terminação da queda <strong>de</strong> pressão bifásica é feita assumindose<br />
que ela ocorre linearmente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do escoamento bifásico até a<br />
saída dos manifolds. O i<strong>de</strong>al seria fazer essa consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>scontando<br />
também a queda <strong>de</strong> pressão no manifold <strong>de</strong> saída, todavia, para se<br />
calcular essas parcelas, <strong>de</strong>ve-se ter conhecimento do título <strong>de</strong> vapor na<br />
saída dos microcanais. A queda <strong>de</strong> pressão na saída é, entretanto, muito<br />
pequena. Além disso, há uma compensação na queda <strong>de</strong> pressão na<br />
saída, visto que a parcela referente à expansão é negativa, enquanto que<br />
as parcelas <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> direção e atrito no manifold são positivas.<br />
A pressão na saída <strong>de</strong> cada segmento é, então, <strong>de</strong>terminada da seguinte<br />
forma:<br />
p saída,Ni = p ent,Ni − ∆p lin<br />
(4.8)<br />
N<br />
on<strong>de</strong> ∆p lin e N representam a queda <strong>de</strong> pressão medida experimentalmente<br />
já <strong>de</strong>scontadas as parcelas referentes à entrada dos microcanais<br />
e o número <strong>de</strong> segmentos utilizado, respectivamente.<br />
Nas quatro posições distantes da entrada dos microcanais, on<strong>de</strong><br />
são feitas as medições <strong>de</strong> temperatura do bloco <strong>de</strong> cobre (ver Figura<br />
3.12), po<strong>de</strong>-se calcular o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por<br />
convecção, h, durante a con<strong>de</strong>nsação. Isso é feito a partir da <strong>de</strong>nição<br />
do h, apresentada na Eq. 4.9:<br />
h =<br />
q ′′<br />
T f [f(p)] − T p<br />
(4.9)<br />
on<strong>de</strong> q ′′ , T p e T f [f(p)] representam o uxo <strong>de</strong> calor médio removido<br />
pelo RP, em W.m −2 e as temperaturas média da pare<strong>de</strong> dos tubos e do<br />
uido <strong>de</strong> trabalho, em o C, respectivamente. A temperatura do uido <strong>de</strong><br />
trabalho é a temperatura da saturação da pressão média no segmento.<br />
A temperatura da pare<strong>de</strong> é tomada como a média das três medições<br />
feitas na posição on<strong>de</strong> o h está sendo obtido. O uxo <strong>de</strong> calor médio<br />
removido por cada RP é calculado da seguinte forma:<br />
q ′′ =<br />
Q f<br />
8πDL RP<br />
(4.10)
134<br />
on<strong>de</strong> Q f , D e L RP representam a potência total removida pelo RP, em<br />
W, o diâmetro interno do microcanal, em m, e o comprimento do RP<br />
(L RP = 0, 03 m) , respectivamente. O <strong>de</strong>nominador da Eq. 4.10 signi-<br />
ca a área supercial interna <strong>de</strong> todos os microcanais, que se encontram<br />
sob o efeito do RP em questão.<br />
Po<strong>de</strong>-se perceber que este trabalho consi<strong>de</strong>ra que a potência total<br />
removida por cada RP é uniforme e proveniente apenas do uido <strong>de</strong><br />
trabalho. Ou seja, não há calor sendo transferido <strong>de</strong> um resfriador<br />
para outro. Essa é uma aproximação, pois na proximida<strong>de</strong> entre um<br />
RP e outro, <strong>de</strong>ve haver transferência <strong>de</strong> calor entre eles, visto que eles<br />
removem diferentes potências.<br />
Deve-se tomar cuidado <strong>de</strong> utilizar o valor <strong>de</strong> potência removida<br />
correta na Eq. 4.10. Isso porque são utilizados na seção <strong>de</strong> teste três<br />
RPs, e cada um apresenta uma potência removida diferente. Assim, no<br />
avanço <strong>de</strong> segmento, calcula-se a posição <strong>de</strong>sse com referência à entrada<br />
dos microcanais, Eq. 4.11, e se compara este valor com o posicionamento<br />
dos três RPs.<br />
L Ni = L Ni−1 + L canal<br />
(4.11)<br />
N<br />
on<strong>de</strong> L Ni , L Ni−1 , L canal e N representam as posições dos segmentos<br />
atual e anterior, o comprimento total dos microcanais e o número <strong>de</strong><br />
segmentos, respectivamente. Dessa meneira, é averiguado qual dos<br />
três RPs está na posição do segmento:<br />
⎧<br />
⎨<br />
⎩<br />
RP 1 se L Ni < 0, 03m<br />
RP 2 se 0, 03m ≤ L Ni < 0, 06m<br />
RP 3 se 0, 06m ≤ L Ni < 0, 09m<br />
Caso L Ni > 0, 09 m, o segmento está localizado na parte adiabática<br />
dos microcanais. Essa região tem comprimento total <strong>de</strong> 7 mm<br />
e nela é calculada apenas a queda <strong>de</strong> pressão em cada segmento.<br />
Consi<strong>de</strong>ra-se que não há variação <strong>de</strong> entalpia nessa parte do escoamento,<br />
todavia, como há queda <strong>de</strong> pressão, há também variação na<br />
temperatura e no título <strong>de</strong> vapor do escoamento, os quais são ainda<br />
calculados no nal <strong>de</strong> cada segmento. Quando se chega ao segmento<br />
nal (L Ni = L Capilar = 0, 097 mm), tem-se o título <strong>de</strong> vapor, a pressão<br />
e a temperatura na saída dos microcanais. Com isso, calculam-se as<br />
parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à expansão do vapor, à curva<br />
em 90 o e ao atrito nos manifolds, apresentadas na Tabela 4.2.<br />
5 As proprieda<strong>de</strong>s ρ e µ são calculadas através do mo<strong>de</strong>lo homogêneo, pelas Eqs.<br />
2.48 e 2.49, respectivamente
135<br />
Tabela 4.2: Parcelas <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão referentes à saída da seção <strong>de</strong><br />
teste<br />
Parcela ζ G<br />
(∆p) exp<br />
Eq. 2.77 ṁ/A microcanais<br />
(∆p) 90,saída<br />
Eq. 2.45 5 ṁ/A dist<br />
(∆p) manifold,saída<br />
Eq. 2.34 5 ṁ/A mani<br />
Têm-se, então, o valor <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão do escoamento no<br />
interior dos microcanais, ∆p microcanais , <strong>de</strong>scontando-se <strong>de</strong> ∆p lin as parcelas<br />
<strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão da saída do manifold, apresentadas na Tabela<br />
4.2.<br />
4.2.1 Comparação dos Resultados Experimentais com os Teóricos<br />
Um dos objetivos <strong>de</strong>ste trabalho é a comparação entre os resultados<br />
experimentais com os teóricos, calculados através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e<br />
correlações da literatura. Para isso, são apresentadas, no Capítulo 2,<br />
formulações propostas por diversos autores para o cálculo do coeciente<br />
<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local na con<strong>de</strong>nsação e para a queda <strong>de</strong> pressão<br />
por atrito no interior dos canais. Nos segmentos, além do cálculo<br />
da pressão, temperatura, título <strong>de</strong> vapor e entalpia, são calculados os<br />
valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão e h utilizando oito e <strong>de</strong>z formulações, entre<br />
mo<strong>de</strong>los e correlações, respectivamente.<br />
É estimada a queda <strong>de</strong> pressão teórica, calculada com cada uma<br />
das seis formulações, em cada segmento, com as proprieda<strong>de</strong>s do uido<br />
e o título <strong>de</strong> vapor calculados no início e no centro <strong>de</strong> cada segmento,<br />
respectivamente. A queda <strong>de</strong> pressão total teórica nos microcanais é<br />
obtida somando-se as parcelas <strong>de</strong> todos os segmentos:<br />
∆p atrito;teórica =<br />
N∑<br />
∆p atrito;teórica Ni (4.12)<br />
i=1<br />
Além disso, é avaliada a queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>saceleração<br />
do escoamento em cada segmento, utilizando-se a Eq. 2.47. Esses<br />
valores são todos somados, compondo a parcela <strong>de</strong> ∆p <strong>de</strong>saceleração (ver<br />
Eq. 2.46). Assim, po<strong>de</strong>-se obter a queda <strong>de</strong> pressão experimental por<br />
atrido no interior dos microcanais, ∆p atrito utilizando-se a Eq. 2.46.<br />
Esse é o valor comparado com as formulações teóricas para a queda <strong>de</strong>
136<br />
pressão na Seção 5.2.4.<br />
Já o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção é calculado<br />
a partir dos mo<strong>de</strong>los e correlações nas quatro posições on<strong>de</strong> a<br />
temperatura da pare<strong>de</strong> é medida. Esse cálculo é feito também utilizando<br />
as proprieda<strong>de</strong>s do uido estimadas no início <strong>de</strong> cada segmento.<br />
Seus valores são comparados com os obtidos experimentalmente através<br />
da Eq. 4.9 na Seção 5.3.5.<br />
4.2.2 Escolha do Número <strong>de</strong> Segmentos<br />
O <strong>programa</strong> para cálculos <strong>de</strong>senvolvido em MATLAB e EES, <strong>de</strong>scrito<br />
nesse capítulo apresenta como característica a divisão dos tubos<br />
na seção <strong>de</strong> teste em N segmentos. Fez-se uma análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>,<br />
a m <strong>de</strong> estimar o número <strong>de</strong> divisões a partir do qual as variáveis não<br />
sofrem alteração. A Figura 4.7 apresenta o título <strong>de</strong> vapor calculado<br />
na saída da seção <strong>de</strong> teste para cinco diferentes condições, numeradas<br />
<strong>de</strong> 1 a 5, no eixo das abcissas e apresentadas na Tabela 4.3.<br />
Figura 4.7: Sensibilida<strong>de</strong> do cálculo do título <strong>de</strong> vapor na saída da<br />
seção <strong>de</strong> teste para as condições apresentadas na Tabela 4.3
137<br />
Tabela 4.3: Condições <strong>de</strong> teste utilizadas na Figura 4.7<br />
Condição p ent T sat G<br />
(bar) ( o C) (kg.m −2 .s −1 )<br />
q m<br />
′′<br />
(kW.m −2 )<br />
1 7,3 29 230 21<br />
2 9,7 38 335 26<br />
3 8,4 33 385 25<br />
4 8,4 33 445 29<br />
5 9,7 38 335 17<br />
Foram testadas três diferentes números <strong>de</strong> divisões, e po<strong>de</strong>-se<br />
perceber pela Figura 4.7 que a partir <strong>de</strong> 194 divisões, que correspon<strong>de</strong><br />
a 0, 5 mm cada segmento, o valor do título não mais se altera. A maior<br />
diferença entre os valores <strong>de</strong> x v calculados com N = 291 e N = 194<br />
foi <strong>de</strong> 560 ppm. Desta maneira, os cálculos apresentados nesse trabalho<br />
utilizam 194 segmentos.<br />
4.2.3 Resumo<br />
Este capítulo apresentou os procedimentos adotados na realização<br />
dos testes experimentais em bancada e no tratamento dos dados<br />
obtidos. Foi explicado <strong>de</strong>talhadamente o processo <strong>de</strong> controle das variáveis<br />
pressão, velocida<strong>de</strong> mássica e uxo <strong>de</strong> calor nos testes experimentais.<br />
O procedimento <strong>de</strong> cálculo das condições do uido <strong>de</strong> trabalho<br />
em cada ponto da seção <strong>de</strong> teste é <strong>de</strong>scrito, cuja característica é a divisão<br />
da mesma em N segmentos. A escolha <strong>de</strong>sse número <strong>de</strong> segmentos<br />
também é relatada ao nal do capítulo
138
139<br />
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
Neste Capítulo, são apresentados os resultados obtidos na bancada<br />
experimental <strong>de</strong>scrita no Capítulo 3, utilizando a metodologia<br />
<strong>de</strong>scrita no Capítulo 4. Primeiramente, é feita a caracterização das<br />
condições <strong>de</strong> teste, utilizando-se, um mapa <strong>de</strong> padrões <strong>de</strong> escoamento.<br />
Após, é discutida a inuência do título <strong>de</strong> vapor, da velocida<strong>de</strong> mássica,<br />
do uxo <strong>de</strong> calor e da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido na<br />
queda <strong>de</strong> pressão e na transferência <strong>de</strong> calor para a con<strong>de</strong>nsação no<br />
interior <strong>de</strong> microcanais. Por m, os dados experimentais para ∆p e h<br />
são comparados com os obtidos <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e correlações apresentadas<br />
nas Seções 2.10 e 2.11.<br />
5.1 CARACTERIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE TESTE<br />
Foram obtidos 56 dados para a queda <strong>de</strong> pressão e 212 para o<br />
coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local na con<strong>de</strong>nsação, <strong>de</strong>ntre os<br />
quais 10 foram <strong>de</strong>scartados por apresentarem incerteza maior que 80%.<br />
As condições <strong>de</strong> teste englobam:<br />
• 230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1<br />
• 17 kW.m −2 < q ′′ m < 53 6<br />
kW.m −2<br />
• 0, 55 < x v < 1<br />
• 7, 3 bar < p < 9, 7 bar<br />
• 28 o C < T sat < 38 o C<br />
• 0 < Re l < 616<br />
• 6621 < Re v < 28145<br />
Para as condições <strong>de</strong>scritas acima, o número <strong>de</strong> Eötvos,Eo, cou<br />
em torno <strong>de</strong> 50, e o <strong>de</strong> connamento, Co foi <strong>de</strong> aproximadamente 1,1,<br />
ambos bem acima dos limites <strong>de</strong> transição entre macro e microcanais,<br />
<strong>de</strong> 1 para Eo e 0,5 para Co, apresentados na Seção 2.2. Esses resultados<br />
expressam que nas condições testadas, o escoamento interno a<br />
6 A gran<strong>de</strong> maioria dos dados engloba uxos <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> até 29 kW.m −2 . Todavia,<br />
uma mudança do sistema <strong>de</strong> resfriamento dos resfriadores permitiu a realização <strong>de</strong><br />
testes adicionais com uxos <strong>de</strong> calor mais altos, 48 e 53kW.m −2
140<br />
microcanais, do presente estudo, <strong>de</strong>ve ser inuenciado pelos efeitos da<br />
microescala.<br />
A Figura 5.1 apresenta todos os dados experimentais obtidos no<br />
presente estudo, plotados no mapa <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong>scrito por Coleman e<br />
Garimella.<br />
Figura 5.1: Pontos experimentais plotados no mapa <strong>de</strong> padrões proposto<br />
por Coleman e Garimella.<br />
A Figura 5.1 mostra que os dados experimentais estão nos padrões<br />
<strong>de</strong> escoamento anular e misto. Todos esse padrões encaixam-se<br />
<strong>de</strong>ntro do padrão básico anular.<br />
5.2 RESULTADOS PARA A QUEDA DE PRESSÃO<br />
A Figura 5.2 apresenta todas as nove diferentes parcelas, consi<strong>de</strong>radas<br />
nesse trabalho, que contribuem para a queda <strong>de</strong> pressão medida<br />
entre os manifolds, ∆p. Fica claro que as parcelas referentes às mudanças<br />
<strong>de</strong> direção em 90 o , ao atrito nos manifolds e à parte monofásica<br />
da seção <strong>de</strong> teste são <strong>de</strong>sprezíveis (somadas elas representam menos <strong>de</strong><br />
0,5% da queda <strong>de</strong> pressão total). As parcelas referentes à <strong>de</strong>saceleração<br />
e à expansão na saída dos microcanais têm valor negativo, ou seja, representam<br />
um ganho <strong>de</strong> pressão. O valor da <strong>de</strong>saceleração representa,
141<br />
no máximo, 2,5% da queda <strong>de</strong> pressão total na seção <strong>de</strong> teste. As parcelas<br />
referentes à expansão e contração representam em média 2% e<br />
5,5%, respectivamente, da queda <strong>de</strong> pressão total.<br />
Figura 5.2: Contribuição <strong>de</strong> cada parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão experimental<br />
em todos os testes.<br />
A seguir, são apresentadas as inuências dos parâmetros velocida<strong>de</strong><br />
mássica, uxo <strong>de</strong> calor e temperatura <strong>de</strong> saturação sobre a queda<br />
<strong>de</strong> pressão. O efeito do título <strong>de</strong> vapor não po<strong>de</strong> ser analisado, como foi<br />
feito anteriormente para a transferência <strong>de</strong> calor, pois nesse caso têm-se<br />
apenas um valor <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão para cada condição <strong>de</strong> teste.<br />
5.2.1 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica<br />
A Figura 5.3 apresenta a queda <strong>de</strong> pressão por atrito média nos<br />
microcanais, em função da velocida<strong>de</strong> mássica para três diferentes condições<br />
<strong>de</strong> teste. Foram testadas quatro valores diferentes <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s<br />
mássicas, na faixa <strong>de</strong> 230 − 445 kg.m −2 .s −1 .<br />
A velocida<strong>de</strong> mássica, segundo a Figura 5.3, apresenta inuência<br />
signicativa na queda <strong>de</strong> pressão por atrito nos microcanais. Nas três<br />
diferentes condições apresentadas, bem como em todos os <strong>de</strong>mais testes,<br />
aumentando-se o valor <strong>de</strong> G, a queda <strong>de</strong> pressão também aumenta.<br />
Esse resultado é esperado, pois a queda <strong>de</strong> pressão é proporcional ao
142<br />
Figura 5.3: Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre ∆p atrito .<br />
quadrado da velocida<strong>de</strong> do escoamento (ver Eq. 2.33).<br />
5.2.2 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor<br />
A inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre a queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido<br />
ao atrito no interior dos microcanais é apresentada na Figura 5.4.<br />
Não há, <strong>de</strong> acordo com a Figura 5.4, inuência notável do uxo<br />
<strong>de</strong> calor sobre a perda <strong>de</strong> carga distribuída para as condições testadas.<br />
O que acontece nesse caso, é uma compensação <strong>de</strong> efeitos. Po<strong>de</strong>mos
143<br />
Figura 5.4: Inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre ∆p atrito .<br />
consi<strong>de</strong>rar que a perda <strong>de</strong> carga em escoamentos bifásicos é a composição<br />
<strong>de</strong> três parcelas <strong>de</strong> atrito: líquido-pare<strong>de</strong>, vapor-pare<strong>de</strong> e líquidovapor.<br />
Como o escoamento é anular, não há a ocorrência da interface<br />
vapor-pare<strong>de</strong>.<br />
Sabendo-se que quanto maior o uxo <strong>de</strong> calor, menor o título <strong>de</strong><br />
vapor médio nos canais, ou seja, maior a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado,<br />
po<strong>de</strong>mos concluir que a vazão mássica (ou velocida<strong>de</strong> mássica)<br />
do líquido é maior. Assim, a parcela <strong>de</strong> atrito líquido-pare<strong>de</strong> aumenta
144<br />
com o aumento do uxo <strong>de</strong> calor. Entretanto, a diminuição <strong>de</strong> x v reduz<br />
o valor do fator <strong>de</strong> escorregamento, S (ver Seção 2.7), diminuindo assim<br />
a parcela <strong>de</strong> atrito na interface líquido-vapor. Na comparação dos<br />
pontos <strong>de</strong> uxos <strong>de</strong> calor <strong>de</strong> q ′′ = 27 kW.m −2 e q ′′ = 53 kW.m −2 para<br />
as condições <strong>de</strong> teste apresentadas no gráco superior da Figura 5.4,<br />
tem-se que a média da velocida<strong>de</strong> mássica da parcela líquida é 2, 3 vezes<br />
maior para o caso <strong>de</strong> maior uxo <strong>de</strong> calor. Por outro lado, o fator <strong>de</strong><br />
escorregamento é 2, 6 vezes menor, para o caso <strong>de</strong> maior uxo <strong>de</strong> calor.<br />
5.2.3 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação<br />
Como relatado na seção anterior, po<strong>de</strong>-se dividir a perda <strong>de</strong><br />
carga em escoamentos bifásicos no regime anular em duas parcelas:<br />
uma <strong>de</strong>vido ao atrito líquido-pare<strong>de</strong> e outra na interface líquido-vapor.<br />
Comparando-se os resultados obtidos para as pressões <strong>de</strong> 7, 3 bar e<br />
9, 7 bar apresentados no gráco superior da Figura 5.5, nota-se que a<br />
parcela <strong>de</strong> atrito líquido-pare<strong>de</strong> é a mesma para ambos os casos, visto<br />
que a vazão mássica do líquido é a mesma (o título <strong>de</strong> vapor é o mesmo<br />
em ambos os casos, na saída da seção <strong>de</strong> teste). O fator <strong>de</strong> escorregamento,<br />
S, entretanto, que permite que se tenha uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za<br />
da parcela <strong>de</strong> atrito entre as diferentes fases, sofre a inuência da razão<br />
entre as massas especícas do líquido e do vapor.<br />
Com o aumento da pressão <strong>de</strong> saturação, a massa especíca do<br />
líquido <strong>de</strong>cresce e a do vapor aumenta, diminuindo tal razão. Para a<br />
pressão <strong>de</strong> 9, 7 bar, essa razão é 30% menor que na pressão <strong>de</strong> 7, 3 bar.<br />
Fisicamente falando, a queda <strong>de</strong>ssa razão signica dizer que o vapor<br />
ocupará um espaço menor no interior do tubo, e o líquido, um espaço<br />
maior. Como as vazões mássicas <strong>de</strong> ambas as fases mantêm-se as mesmas<br />
para as diferentes pressões, a velocida<strong>de</strong> do vapor <strong>de</strong>cresce e a<br />
do líquido aumenta, diminuindo o fator <strong>de</strong> escorregamento, S, entre<br />
elas. Ou seja, nesse caso particular, o fator <strong>de</strong> escorregamento entre as<br />
fases diminui em 30% quando a pressão/temperatura <strong>de</strong> saturação do<br />
escoamento aumenta <strong>de</strong> 7, 3 bar para 9, 7 bar.<br />
5.2.4 Comparação com Mo<strong>de</strong>los<br />
Os grácos da Figura 5.6 apresentam as comparações dos resultados<br />
experimentais obtidos para a perda <strong>de</strong> carga com os mo<strong>de</strong>los<br />
<strong>de</strong>scritos na Seção 2.10.2.3. Analogamente ao apresentado na análise
145<br />
Figura 5.5: Inuência da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong> trabalho<br />
sobre ∆p atrito<br />
comparativa do h, utiliza-se a incerteza absoluta média, IAM, para<br />
comparar os valores experimentais e teóricos. Para a queda <strong>de</strong> pressão<br />
por atrito, esse valor é <strong>de</strong>nido como segue:<br />
∣ IAM =<br />
∆p Experimental − ∆p Mo<strong>de</strong>lo ∣∣∣<br />
∣<br />
∗ 100 (5.1)<br />
∆p Experimental<br />
on<strong>de</strong> ∆p Experimental e ∆p Mo<strong>de</strong>lo representam a queda <strong>de</strong> pressão por<br />
atrito experimental e a obtida através do mo<strong>de</strong>lo ou correlação, respec-
146<br />
tivamente.<br />
Os valores <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão friccional calculados a partir <strong>de</strong><br />
Lockhart e Martinelli (1949) e Zhang e Webb (2001) não são apresentados,<br />
pois tais formulações apresentaram resultados bem discordantes<br />
dos obtidos no presente estudo, a ponto <strong>de</strong> sua comparação no gráco<br />
não ser possível. Essas formulações superestimaram em mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z<br />
vezes a perda <strong>de</strong> carga medida.<br />
O mo<strong>de</strong>lo que apresentou os melhores resultados na comparação<br />
com os dados experimentais foi o proposto por Cavallini et al. (2006),<br />
com IAM = 7, 9%, apresentado na Figura 5.6a. Este foi <strong>de</strong>senvolvido<br />
para escoamento anular puro e anular misto, comparáveis aos regimes<br />
dos testes <strong>de</strong>ste trabalho.<br />
O mo<strong>de</strong>lo homogêneo, o mais simples <strong>de</strong> todos, apresentou bons<br />
resultados, como po<strong>de</strong> ser visto na Figura 5.6b. Como esperado, ele<br />
subestima os resultados para a queda <strong>de</strong> pressão, visto que, o mo<strong>de</strong>lo<br />
consi<strong>de</strong>ra que não há escorregamento entre as fases. Sabe-se, porém,<br />
que no regime <strong>de</strong> escoamento anular há consi<strong>de</strong>rável diferença entre as<br />
velocida<strong>de</strong>s do vapor e do líquido, como discutido na seção anterior.<br />
Diferentemente do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Lockhart e Martinelli (1949), os<br />
mo<strong>de</strong>los clássicos <strong>de</strong> Chisholm (1973), Figura 5.6c, e Frie<strong>de</strong>l (1979),<br />
Figura 5.6d, apresentaram bons resultados para a predição da queda<br />
<strong>de</strong> pressão, com respectivas incertezas absolutas média <strong>de</strong> 11% e 17%<br />
em relação aos dados experimentais. Ambos os mo<strong>de</strong>los superestimaram<br />
praticamente todos os dados experimentais obtidos. A correlação<br />
proposta por Muller-Steinhagen e Heck (1986), cuja comparação com os<br />
dados experimentais é mostrada na Figura 5.6e, apresentou incerteza<br />
média absoluta <strong>de</strong> 22%, todavia, como os mo<strong>de</strong>los citados anteriormente,<br />
ele superestimou praticamente todos os dados medidos. Esses<br />
bons resultados apresentados pelos quatro mo<strong>de</strong>los citados nesse parágrafo<br />
remetem a uma conclusão muito importante: a perda <strong>de</strong> carga<br />
em escoamentos com con<strong>de</strong>nsação convectiva no interior <strong>de</strong> microcanais<br />
po<strong>de</strong> ser estimada utilizando-se correlações propostas para a perda <strong>de</strong><br />
carga em canais convencionais para escoamentos adiabáticos.<br />
Finalmente, a correlação empírica proposta por Revellin e<br />
Thome (2007) apresentou uma incerteza média <strong>de</strong> 78%, Figura 5.6f,<br />
sendo que o mo<strong>de</strong>lo superestimou todos os dados. A correlação empírica<br />
<strong>de</strong> Revellin e Thome (2007), apesar <strong>de</strong> ter sido proposta para<br />
escoamento no interior <strong>de</strong> canais com o mesmo diâmetro do utilizado<br />
nesse trabalho, foi <strong>de</strong>senvolvida baseada majoritariamente em resultados<br />
experimentais com baixos títulos <strong>de</strong> vapor.
147<br />
(a)<br />
(b)
148<br />
(c)<br />
(d)
149<br />
(e)<br />
(f)<br />
Figura 5.6: Comparação dos resultados experimentais para a queda <strong>de</strong><br />
pressão por atrito com mo<strong>de</strong>los da literatura.
150<br />
5.3 RESULTADOS PARA A TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />
Uma característica importante dos dados apresentados nesta seção<br />
diz respeito à forma <strong>de</strong> resfriamento da superfície <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação.<br />
Mesmo a remoção <strong>de</strong> calor sendo efetuada por três resfriadores Peltiers<br />
da mesma marca e lote <strong>de</strong> fabricação, eles apresentam eciência<br />
diferente. Em outras palavras, para uma dada condição <strong>de</strong> entrada do<br />
uido na seção <strong>de</strong> teste, cada um dos três resfriadores remove potências<br />
diferentes. A Figura 5.7 apresenta os resultados obtidos para a<br />
condição <strong>de</strong> entrada <strong>de</strong> G = 445 kg.m −2 .s −1 e p = 9, 7 bar.<br />
Po<strong>de</strong>-se perceber que o uxo <strong>de</strong> calor varia <strong>de</strong> 23 a 31 kW.m −2<br />
para esta condição <strong>de</strong> teste. Na comparação dos dados, o uxo <strong>de</strong> calor<br />
é consi<strong>de</strong>rado o valor médio entre os três, que em praticamente todos<br />
os casos é o valor do uxo removido pelo Peltier do centro.<br />
Entretanto, pela Figura 5.7, observa-se que o <strong>de</strong>créscimo do título<br />
<strong>de</strong> vapor (gráco do topo) apresenta pouca variação <strong>de</strong> inclinação.<br />
Ou seja, a variação do uxo <strong>de</strong> calor não é suciente para alterar muito<br />
a forma com que o título <strong>de</strong> vapor <strong>de</strong>cresce.<br />
Ainda na Figura 5.7, o gráco inferior apresenta as temperaturas<br />
da pare<strong>de</strong> da seção <strong>de</strong> teste e <strong>de</strong> saturação do uido. Nas quatro<br />
posições, as temperaturas da pare<strong>de</strong> são sempre muito próximas. As diferenças<br />
entre as temperaturas da pare<strong>de</strong> medidas na mesma posição z<br />
não ultrapassaram 0, 5 o em todos os testes. Isso po<strong>de</strong> ser um indício <strong>de</strong><br />
que a distribuição <strong>de</strong> vazões nos diferentes canais ten<strong>de</strong> a ser uniforme.<br />
Além disso, po<strong>de</strong>-se notar que a diferença entre as temperaturas do<br />
uido e da pare<strong>de</strong> é muito pequena na primeira posição medida. Esse<br />
fato gera altos valores <strong>de</strong> incerteza experimental para os h's medidos<br />
(apresentada no Apêndice F) em z = 15 mm, como po<strong>de</strong> ser observado<br />
no gráco do centro.<br />
O gráco do centro da Figura 5.7 apresenta os coecientes <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor por con<strong>de</strong>nsação nas quatro posições, calculados<br />
utilizando-se a média entre as três temperaturas medidas em cada<br />
posição z. Assim como relatado no parágrafo anterior, a incerteza experimental<br />
diminui à medida que se distancia da entrada do tubo. Isso<br />
<strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> que a diferença entre as temperaturas do uido e da<br />
pare<strong>de</strong> cresce ao longo da seção <strong>de</strong> teste.
151<br />
Figura 5.7: Temperaturas, h e título <strong>de</strong> vapor em função da posição<br />
na seção <strong>de</strong> teste e do uxo <strong>de</strong> calor para G = 445 kg.m −2 .s −1 e p =<br />
8, 4 bar.<br />
5.3.1 Efeito do Título <strong>de</strong> Vapor<br />
A inuência do título <strong>de</strong> vapor sobre o coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor durante a con<strong>de</strong>nsação é analisada para uma <strong>de</strong>terminada<br />
condição <strong>de</strong> teste, aproveitando-se das medições <strong>de</strong> temperatura da pare<strong>de</strong><br />
do canal nas quatro diferentes posições. As Figuras 5.8 apresentam<br />
os resultados para quatro condições <strong>de</strong> teste distintas, on<strong>de</strong> se observa
152<br />
que esses efeitos são muito similares. É importante ressaltar que as<br />
<strong>de</strong>mais condições testadas, e não apresentadas aqui, mostram sempre<br />
as mesmas tendências.<br />
(a)<br />
(b)
153<br />
(c)<br />
(d)<br />
Figura 5.8: Inuência do título <strong>de</strong> vapor sobre o h para diferentes<br />
condições.
154<br />
Analisando-se a Figura 5.8 po<strong>de</strong>-se concluir que o título <strong>de</strong> vapor<br />
exerce inuência signicativa no coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor,<br />
principalmente para altos títulos <strong>de</strong> vapor. De fato, nesses pontos é<br />
evi<strong>de</strong>nte o padrão <strong>de</strong> escoamento anular, on<strong>de</strong> a espessura da película<br />
con<strong>de</strong>nsada apresenta a maior resistência térmica à transferência <strong>de</strong><br />
calor, dominando esse fenômeno. Assim, quanto maior a quantida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado (menor título) mais <strong>de</strong>gradado é o valor do CTC.<br />
O comportamento do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor é muito<br />
similar para todas as condições, apresentando sempre uma queda acentuada<br />
no início da seção <strong>de</strong> teste (títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados) e<br />
ten<strong>de</strong>ndo a estabilizar-se para x v mais baixo, quando a película <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nsado torna-se mais espessa.<br />
As guras 5.8b e c apresentam um pequeno aumento do h no<br />
ponto <strong>de</strong> menor título <strong>de</strong> vapor. Essa característica po<strong>de</strong> indicar uma<br />
transição <strong>de</strong> padrão <strong>de</strong> escoamento. Como a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido<br />
con<strong>de</strong>nsado já é alta, o vapor escoa com velocida<strong>de</strong> muito elevada.<br />
Este fato po<strong>de</strong> gerar a formação <strong>de</strong> ondas na interface vapor-líquido,<br />
em função do gran<strong>de</strong> fator <strong>de</strong> escorregamento, S, causando um pequeno<br />
aumento do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor.<br />
5.3.2 Efeito da Velocida<strong>de</strong> Mássica<br />
No presente trabalho, encontrou-se uma clara inuência da velocida<strong>de</strong><br />
mássica, G, na faixa <strong>de</strong> 230 kg.m −2 .s −1 a 445 kg.m −2 .s −1 ,<br />
sobre o h. Nos grácos apresentados na Figura 5.9, é mostrado que o<br />
CTC sempre aumenta com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica e que este<br />
efeito torna-se mais acentuado para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados (G<br />
≥ 335 kg.m −2 .s −1 ).<br />
(a)<br />
(b)
155<br />
(c)<br />
(d)<br />
Figura 5.9: Inuência da velocida<strong>de</strong> mássica sobre o h em função da<br />
posição na seção <strong>de</strong> teste (a e c) e do título <strong>de</strong> vapor (b e d) para duas<br />
diferentes condições <strong>de</strong> teste.<br />
Po<strong>de</strong>-se explicar esse fenômeno baseando-se no padrão <strong>de</strong> escoamento<br />
anular, que ocorre nos casos, acima consi<strong>de</strong>rados. Como relatado<br />
anteriormente, a resistência à transferência <strong>de</strong> calor através da película<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado domina o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor em um escoamento<br />
em con<strong>de</strong>nsação no regime anular. Todavia, quando essa<br />
película <strong>de</strong> líquido é muito na - alto título <strong>de</strong> vapor, os outros mecanismos<br />
<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor também exercem papel importante<br />
(ver página 51). Como apresentado na Seção 2.4.2, além da condução<br />
<strong>de</strong> calor através da película, a transferência <strong>de</strong> calor por convecção nas<br />
interfaces sólido-líquido e líquido-vapor são mecanismos presentes no<br />
escoamento em película.<br />
A Figura 5.10 apresenta as curvas do número <strong>de</strong> Reynolds do escoamento<br />
<strong>de</strong> líquido, Re l , no interior <strong>de</strong> um microcanal, para as quatro<br />
velocida<strong>de</strong>s mássicas testadas, nas mesmas condições apresentadas na<br />
Figura 5.9c e 5.9d.<br />
Segundo a Figura 5.10, para <strong>de</strong>terminado título <strong>de</strong> vapor, o número<br />
<strong>de</strong> Reynolds da fase líquida aumenta com a velocida<strong>de</strong> mássica.<br />
Dessa maneira, a advecção <strong>de</strong>sse con<strong>de</strong>nsado aumenta, elevando a capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor do escoamento bifásico para a pare<strong>de</strong><br />
dos microcanais. Para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados, a transferência<br />
<strong>de</strong> calor por convecção entre a pare<strong>de</strong> da tubulação e a película con<strong>de</strong>nsada,<br />
po<strong>de</strong> representar um papel importante no calor total removido<br />
do uido.<br />
Todavia, com o <strong>de</strong>créscimo do título <strong>de</strong> vapor, a espessura da película<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado aumenta, o que eleva o valor da resistência térmica
156<br />
Figura 5.10: Números <strong>de</strong> Reynolds da fase líquida para as mesmas<br />
condições <strong>de</strong> teste apresentadas nas Figuras 5.9c e 5.9d.<br />
à condução <strong>de</strong> calor através da mesma. Nesse caso, a convecção entre a<br />
pare<strong>de</strong> da tubulação e o líquido con<strong>de</strong>nsado, exerce papel pouco importante<br />
na transferência <strong>de</strong> calor. Quando essa película torna-se espessa,<br />
então, a inuência da velocida<strong>de</strong> mássica no coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor tem seu papel diminuído, por apresentar uma resistência térmica<br />
à transferência <strong>de</strong> calor muito menor que a resistência apresentada<br />
pela condução <strong>de</strong> calor através da película.<br />
5.3.3 Efeito do Fluxo <strong>de</strong> Calor<br />
Como foi visto, na Seção 2.11.6, o efeito do uxo <strong>de</strong> calor sobre o<br />
coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor não é muito claro na con<strong>de</strong>nsação<br />
em microcanais. A Figura 5.11 apresenta o efeito do uxo <strong>de</strong> calor<br />
médio removido pelos resfriadores Peltier sobre a transferência <strong>de</strong> calor<br />
para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> teste. Na Figura 5.11a, o eixo das<br />
abcissas é a distância da entrada da seção <strong>de</strong> teste, enquanto que na<br />
Figura 5.11b, o eixo horizontal tem como variável o título <strong>de</strong> vapor,<br />
x v . As <strong>de</strong>mais condições testadas apresentam comportamento muito<br />
semelhante aos apresentados na Figura 5.11.
157<br />
(a)<br />
(b)<br />
Figura 5.11: Inuência do uxo <strong>de</strong> calor médio sobre o h para diferentes<br />
condições em função <strong>de</strong>: a) posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor<br />
Na Figura 5.11a, para todas as posições on<strong>de</strong> a temperatura da<br />
pare<strong>de</strong> é medida, o h aumenta com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor. Todavia,<br />
pela Figura 5.11b, percebe-se que esse efeito ocorre com clareza,<br />
somente para x v < 0, 90.<br />
Analisando-se a inuência do uxo <strong>de</strong> calor sobre o h em função<br />
do título <strong>de</strong> vapor, Figura 5.11b, nota-se que, para x v > 0, 90, não é<br />
clara esta <strong>de</strong>pendência, pois as diferenças entre os hs para cada uxo <strong>de</strong><br />
calor estão na faixa <strong>de</strong> incerteza experimental para o h. Para x v < 0, 90,<br />
todavia, a Figura 5.11b apresenta a tendência <strong>de</strong> que o CTC aumenta<br />
com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor, para um mesmo título <strong>de</strong> vapor.<br />
Po<strong>de</strong>-se concluir, para títulos <strong>de</strong> vapor menores do que 0, 90, que para<br />
uma mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado, o h é maior quando o<br />
uxo <strong>de</strong> calor é mais baixo.<br />
A análise <strong>de</strong>sta tendência <strong>de</strong> resultados do h em função do título<br />
<strong>de</strong> vapor, para diferentes uxos <strong>de</strong> calor, também po<strong>de</strong> ser enriquecida<br />
ao se consi<strong>de</strong>rar o comportamento da temperatura da pare<strong>de</strong> da<br />
tubulação para diferentes uxos <strong>de</strong> calor. Quanto maior o uxo <strong>de</strong><br />
calor, menor é a temperatura da pare<strong>de</strong> da tubulação. A Figura 5.12<br />
apresenta essa tendência, on<strong>de</strong> as médias locais das temperaturas da<br />
pare<strong>de</strong> da tubulação medidas estão plotadas em função do título <strong>de</strong><br />
vapor local.<br />
O aumento da temperatura da pare<strong>de</strong> - causado pela diminuição<br />
<strong>de</strong> q ′′ , causa o aumento da temperatura do líquido con<strong>de</strong>nsado. Isso<br />
gera um acréscimo na condutivida<strong>de</strong> térmica do mesmo, aumentando,<br />
assim, a condução <strong>de</strong> calor pela película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado e a melhora<br />
do h. Além disso, aumentando-se a temperatura do líquido, tem-se a
158<br />
Figura 5.12: Médias locais das temperaturas da pare<strong>de</strong> em função do<br />
título <strong>de</strong> vapor para as mesmas condições <strong>de</strong> teste apresentadas na<br />
Figura 5.11.<br />
diminuição da massa especíca do líquido, que diminui a espessura <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nsado (menor volume ocupado por ele), contribuindo, também,<br />
para a melhora do h.<br />
5.3.4 Efeito da Temperatura <strong>de</strong> Saturação<br />
A inuência da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong> trabalho<br />
sobre o h é apresentada nas Figuras 5.13 e 5.14 para duas diferentes<br />
condições <strong>de</strong> teste.<br />
Em ambas as guras apresentadas nessa seção, ca claro que a<br />
pressão não exerce inuência signicativa sobre o h, para as condições<br />
testadas no trabalho.<br />
O que ocorre, nesse caso, é uma compensação entre os efeitos das<br />
proprieda<strong>de</strong>s da película líquida e das características do escoamento.<br />
Diferentemente do que acontecia na seção anterior, quando somente<br />
a temperatura do líquido era inuenciada pela variação do uxo <strong>de</strong><br />
calor, o aumento da temperatura <strong>de</strong> saturação do uido é percebido<br />
pelo vapor também. Po<strong>de</strong>m-se consi<strong>de</strong>rar as mesmas consequências<br />
citadas na seção anterior, sobre o aumento da temperatura da pare<strong>de</strong>
159<br />
(a)<br />
(b)<br />
Figura 5.13: Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />
o h para G = 230 kg.m −2 .s −1 e q ′′ m = 21 kW.m −2 em função <strong>de</strong>: a)<br />
posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.<br />
(a)<br />
(b)<br />
Figura 5.14: Inuência da pressão (temperatura) <strong>de</strong> saturação sobre<br />
o h para G = 335 kg.m −2 .s −1 e q ′′ m = 24 kW.m −2 em função <strong>de</strong>: a)<br />
posição na seção <strong>de</strong> teste e b) título <strong>de</strong> vapor.
160<br />
para o líquido. Ou seja, o aumento da temperatura ten<strong>de</strong> a causar uma<br />
melhora do CTC em função do aumento da condução <strong>de</strong> calor pela<br />
película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado.<br />
Em contrapartida, o aumento da temperatura causa redução na<br />
velocida<strong>de</strong> do vapor e aumento na do líquido. Como consequência disso,<br />
o fator <strong>de</strong> escorregamento, S, é reduzido, assim como a espessura da<br />
película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, o que contribui para a diminuição do h. Para<br />
se ter uma idéia <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, aumentando-se a pressão <strong>de</strong><br />
7, 4 bar para 9, 7 bar, o fator <strong>de</strong> escorregamento diminui em quase três<br />
vezes. Menor fator <strong>de</strong> escorregamento signica menor atrito interfacial<br />
entre líquido e vapor. No regime anular misto, as gotas <strong>de</strong> líquido<br />
presentes no núcleo <strong>de</strong> vapor são arrancadas da película líquida, em<br />
função do cisalhamento entre o vapor e a própria película. Como esse<br />
cisalhamento diminui com a redução do fator <strong>de</strong> escorregamento, o que<br />
se tem é uma menor quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gotas no núcleo <strong>de</strong> vapor, e maior<br />
quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> líquido con<strong>de</strong>nsado na pare<strong>de</strong> do tubo, diminuindo o<br />
valor do CTC.<br />
5.3.5 Comparação com Mo<strong>de</strong>los<br />
Nesta seção serão apresentadas as comparações entre os dados<br />
obtidos experimentalmente com mo<strong>de</strong>los teóricos para o coeciente <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor por convecção na con<strong>de</strong>nsação. Os mo<strong>de</strong>los utilizados<br />
na comparação foram <strong>de</strong>scritos na Seção 2.11 e <strong>de</strong>senvolvidos<br />
para diferentes condições. Os grácos apresentados na Figura 5.15 mostram<br />
tais comparações, juntamente com o valor da incerteza absoluta<br />
média, IAM, em relação aos dados experimentais, a qual é <strong>de</strong>nida da<br />
seguinte forma:<br />
∣ IAM =<br />
h Experimental − h Mo<strong>de</strong>lo ∣∣∣<br />
∣<br />
∗ 100 (5.2)<br />
h Experimental<br />
on<strong>de</strong> h Experimental e h Mo<strong>de</strong>lo representam os coecientes <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação experimental e o obtido através do mo<strong>de</strong>lo<br />
ou correlação, respectivamente.<br />
Po<strong>de</strong>-se notar a ausência das correlações propostas por Yan e<br />
Lin (1999) e <strong>de</strong> Bandhauer, Agarwall e Garimella (2006) as quais apresentaram<br />
mais <strong>de</strong> 100% <strong>de</strong> incerteza quando comparadas aos dados<br />
experimentais. A primeira <strong>de</strong>las, apesar <strong>de</strong> ter sido proposta para canais<br />
com pequenos diâmetros (2 mm, no caso), foi <strong>de</strong>senvolvida para<br />
baixas velocida<strong>de</strong>s mássicas (entre 100 e 200 kg.m −2 .s −1 ). Além disso,
161<br />
(a)<br />
(b)
162<br />
(c)<br />
(d)
163<br />
(e)<br />
(f)
164<br />
(g)<br />
(h)<br />
Figura 5.15: Comparação dos resultados experimentais para a transferência<br />
<strong>de</strong> calor com mo<strong>de</strong>los da literatura.
165<br />
esse mo<strong>de</strong>lo foi baseado em dados obtidos para escoamento intermitente,<br />
que como po<strong>de</strong> ser observado na Figura 5.1 não é o caso dos<br />
resultados obtidos nesse trabalho.<br />
Já o mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto por Bandhauer, Agarwall e<br />
Garimella (2006), foi <strong>de</strong>senvolvido para uma ampla faixa <strong>de</strong> diâmetros<br />
e velocida<strong>de</strong>s mássicas, englobando diferentes regimes <strong>de</strong> escoamento<br />
para o mesmo uido <strong>de</strong> trabalho utilizado nesse experimento. A correlação<br />
é função da espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, a qual, por sua vez, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />
da fração <strong>de</strong> vazio. Segundo os autores, a fração <strong>de</strong> vazio <strong>de</strong>ve ser calculada<br />
através da correlação <strong>de</strong> Baroczy (1965). Talvez esse possa ser<br />
o problema da correlação: a incerteza na avaliação da espessura <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nsado.<br />
A formulação que apresentou melhores resultados foi o mo<strong>de</strong>lo<br />
semi-empírico proposto por Cavallini et al. (2006), mostrado na Figura<br />
5.15a, com IAM = 19, 5%. Não por acaso, tal mo<strong>de</strong>lo foi proposto<br />
para predizer o h <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação nos regimes anular e anular misto,<br />
para uidos refrigerantes. Esse mo<strong>de</strong>lo é o único que contabiliza as gotículas<br />
<strong>de</strong> líquido que escoam no núcleo <strong>de</strong> vapor, no escoamento misto.<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Cavallini et al. (2006) somente não funcionou bem para<br />
os CTC's mais elevados. Nesse caso, esses pontos apresentam gran<strong>de</strong>s<br />
incertezas experimentais, pois são relativos à diferenças <strong>de</strong> temperatura<br />
entre a pare<strong>de</strong> do tubo e o uido muito pequenas.<br />
O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Koyama et al. (2003), apresentado na Figura 5.15b,<br />
também foi proposto para ser utilizado em microcanais com uidos refrigerantes.<br />
Seus resultados, porém, caram um pouco aquém do esperado,<br />
com incerteza absoluta média <strong>de</strong> 40%. Tal mo<strong>de</strong>lo, entretanto,<br />
não apresenta para quais regimes <strong>de</strong> escoamento a correlação é válida.<br />
A correlação <strong>de</strong> Dobson et al. (1994), Figura 5.15c, proposta<br />
para escoamento estraticado subestimou todos os valores experimentais<br />
para o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. Este resultado, já<br />
esperado, conrma o fato <strong>de</strong> que escoamentos em regime estraticado<br />
apresentam h's menores que os obtidos em escoamentos anulares, os<br />
quais apresentam espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado muito menor, intensicando<br />
a troca térmica.<br />
As <strong>de</strong>mais correlações apresentadas - <strong>de</strong> Moser, Webb e Na<br />
(1998), Figura 5.15d, Dobson e Chato (1998), Figura 5.15e, Shah<br />
(1979), Figura 5.15f, Soliman, Schuster e Berenson (1968), Figura 5.15g<br />
e Traviss, Rohsenow e Baron (1973), Figura 5.15h, foram propostas<br />
para a con<strong>de</strong>nsação no interior <strong>de</strong> canais convencionais e - com exceção<br />
da correlação <strong>de</strong> Dobson e Chato (1998), com IAM = 39%, subestimaram<br />
praticamente todos os resultados experimentais. Tal informação
166<br />
conrma o que já foi <strong>de</strong>scrito no Capítulo 2, sobre as diferenças existentes<br />
nos mecanismos físicos dominantes em macro e microcanais.<br />
5.4 APLICABILIDADE DA TEORIA DE NUSSELT<br />
A teoria <strong>de</strong> Nusselt para a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor estagnado em<br />
placa vertical, <strong>de</strong>scrita no Apêndice A, serve como base para diversos<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação convectiva. Todavia, as hipóteses utilizadas<br />
na sua <strong>de</strong>dução, obrigam algumas modicações para sua aplicabilida<strong>de</strong>.<br />
Uma das conclusões mais importantes que vem da <strong>de</strong>dução <strong>de</strong>ssa teoria,<br />
já mencionada nas discussões dos resultados, é a <strong>de</strong> que a única resistência<br />
à transferência <strong>de</strong> calor entre a pare<strong>de</strong> e o vapor em con<strong>de</strong>nsação<br />
diz respeito à condução <strong>de</strong> calor através da película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado. A<br />
partir disso chega-se a seguinte conclusão:<br />
δ = k l<br />
(5.3)<br />
h<br />
Mo<strong>de</strong>los baseados nessa teoria, - por exemplo Bandhauer,<br />
Agarwall e Garimella (2006) e Cavallini et al. (2006), todavia com a<br />
consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que o escoamento da película con<strong>de</strong>nsada é turbulento,<br />
concordam que o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação<br />
<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fortemente da espessura da película con<strong>de</strong>nsada. A Eq. 2.107<br />
apresenta uma forma simples <strong>de</strong> estimar a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado em<br />
um escoamento anular. A Figura 5.16 apresenta a comparação entre<br />
os valores <strong>de</strong> δ obtidos experimentalmente baseados na Eq. 5.3, pela<br />
teoria <strong>de</strong> Nusselt, Eq. A.14, e os calculados a partir da Eq. 2.107 7 ,<br />
utilizando as correlações para a fração <strong>de</strong> vazio propostas por Baroczy<br />
(1965), Graham (1998) e utilizando-se o mo<strong>de</strong>lo homogêneo (Eq. 2.32).<br />
Da Figura 5.16 conclui-se, primeiramente, que a espessura <strong>de</strong><br />
con<strong>de</strong>nsado calculada pelo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt superestima muito os valores<br />
experimentais. Esse resultado era <strong>de</strong> se esperar, visto que a teoria<br />
<strong>de</strong> Nusselt baseia-se na hipótese <strong>de</strong> que a tensão cisalhante na interface<br />
líquido-vapor é nula. Ou seja, consi<strong>de</strong>ra que o vapor escoa com velocida<strong>de</strong><br />
muito baixa. Essa hipótese não é nem um pouco razoável para<br />
a con<strong>de</strong>nsação convectiva, visto que a velocida<strong>de</strong> do vapor é gran<strong>de</strong>,<br />
causando menor espessura <strong>de</strong> película, como mostrado na Figura 5.16<br />
O valor <strong>de</strong> δ calculado através da fração <strong>de</strong> vazio estimada pelo<br />
mo<strong>de</strong>lo homogêneo, apresenta resultados opostos. O mo<strong>de</strong>lo homogê-<br />
7 Cabe lembrar que a Eq. 2.107 consi<strong>de</strong>ra escoamento anular puro, ou seja, sem<br />
gotas <strong>de</strong> líquido dispersas no núcleo <strong>de</strong> vapor
167<br />
Figura 5.16: Comparação entre as espessuras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado calculadas<br />
através <strong>de</strong> diferentes formulações.<br />
neo subestimou a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, o que signica que a fração<br />
<strong>de</strong> vazio predita por esse mo<strong>de</strong>lo é maior do que a real.<br />
As espessuras <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado calculadas utilizando-se as frações<br />
<strong>de</strong> vazio propostas por Baroczy (1965) e Graham (1998) apresentaram<br />
bons resultados. Com IAM = 14%, a correlação <strong>de</strong> Graham (1998),<br />
<strong>de</strong>senvolvida para a con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> uidos refrigerantes, mostrou-se<br />
bem eciente na predição da fração <strong>de</strong> vazio. Tal resultado mostra<br />
que, a fração <strong>de</strong> vazio durante a con<strong>de</strong>nsação é melhor prevista por<br />
correlações <strong>de</strong>senvolvidas para esse fenômeno.<br />
Como já discutido nesse capítulo, a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que a resistência<br />
térmica à condução <strong>de</strong> calor na película <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado é a resistência<br />
dominante à transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação em regime<br />
anular, é altamente aceitável. Na Seção 5.3.2 foi discutido, também,<br />
que para títulos muito elevados, essa consi<strong>de</strong>ração é menos acertada,<br />
visto que nessas condições, a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado é tão na a ponto<br />
<strong>de</strong> a convecção exercer papel importante na transferência <strong>de</strong> calor. Esse<br />
fato é conrmado analisando-se a Figura 5.16, on<strong>de</strong> para títulos muito<br />
elevados, a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado obtida experimentalmente é menor<br />
que calculada pelos mo<strong>de</strong>los teóricos <strong>de</strong> fração <strong>de</strong> vazio. Ou seja, <strong>de</strong><br />
fato, é provável que nesses pontos <strong>de</strong> maior título, a Eq. 5.3 torna-se
168<br />
incorreta, pois a resistência à troca <strong>de</strong> calor por convecção apresenta<br />
or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za semelhante à representada pela condução <strong>de</strong> calor<br />
pela película.<br />
5.5 RESUMO<br />
Neste capítulo, foram caracterizadas as condições <strong>de</strong> teste e analisadas<br />
as inuências do título <strong>de</strong> vapor, da velocida<strong>de</strong> mássica, do uxo<br />
<strong>de</strong> calor e da pressão <strong>de</strong> saturação do uido sobre a queda <strong>de</strong> pressão<br />
e o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor,h, na con<strong>de</strong>nsação do R-134a<br />
em microcanais paralelos, as quais são mostradas na Tabela 5.1. Os<br />
mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong>scritos no Capítulo 2 para a predição do CTC, da queda <strong>de</strong><br />
pressão por atrito e da fração <strong>de</strong> vazio também foram testados.<br />
As condições testadas são equivalentes às previstas pelos regimes<br />
anular e misto, no mapa <strong>de</strong> padrões proposto por Coleman e Garimella.<br />
A queda <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong>vido ao atrito apresentou redução com o aumento<br />
da temperatura <strong>de</strong> saturação. Em contrapartida, ∆p atrito aumentou<br />
com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica. O uxo <strong>de</strong> calor não mostrou<br />
efeito aparente sobre a queda <strong>de</strong> pressão.<br />
Os resultados indicam que o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />
na con<strong>de</strong>nsação diminui com a diminuição do título <strong>de</strong> vapor até um<br />
certo valor (<strong>de</strong> 0,9 a 0,7, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da condição), tornando-se, em seguida,<br />
constante. O CTC aumenta com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor,<br />
para x v < 0, 9. Ao contrário disso, o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica<br />
gera h's maiores, principalmente para títulos mais elevados. Em contrapartida,<br />
o h mostrou não sofrer inuência da pressão nas condições<br />
testadas. A consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong> que a resistência térmica à transferência<br />
<strong>de</strong> calor <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> fundamentalmente da condução <strong>de</strong> calor pelo con<strong>de</strong>nsado,<br />
mostrou-se a<strong>de</strong>quada para x v < 0, 95, on<strong>de</strong> a espessura é<br />
consi<strong>de</strong>rável.<br />
Na comparação dos dados experimentais com os mo<strong>de</strong>los teóricos<br />
para a queda <strong>de</strong> pressão, pô<strong>de</strong>-se observar que os mo<strong>de</strong>los clássicos,<br />
<strong>de</strong>senvolvidos para escoamentos adiabáticos em canais convencionais,<br />
funcionam bem na con<strong>de</strong>nsação em microcanais. O mo<strong>de</strong>lo proposto<br />
por Cavallini et al. (2006), <strong>de</strong>senvolvido para a con<strong>de</strong>nsação, foi o que<br />
apresentou os melhores resultados, com IAM = 8%.<br />
Na transferência <strong>de</strong> calor, todavia, os resultados mostram tendência<br />
diferente. As correlações propostas para canais convencionais,<br />
mesmo para escoamentos anulares, apresentaram resultados ruins, subestimando<br />
os h's obtidos experimentalmente. Cavallini et al. (2006)
169<br />
<strong>de</strong>senvolveram um mo<strong>de</strong>lo, cuja incerteza média em relação aos dados<br />
experimentais foi <strong>de</strong> 19,5% (o mais baixo <strong>de</strong> todos os mo<strong>de</strong>los testados).<br />
Para a fração <strong>de</strong> vazio, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>senvolvido por Graham<br />
(1998), para a con<strong>de</strong>nsação com uidos refrigerantes, mostrou-se muito<br />
bom, apresentando IAM = 14%. Os mo<strong>de</strong>los propostos para escoamentos<br />
adiabáticos, entretanto, não alcançaram o mesmo sucesso.<br />
Tabela 5.1: Resumo dos resultados obtidos experimentalmente sobre a<br />
inuência das variáveis sobre a ∆p e o h .<br />
⇑ G ⇑ x v ⇑ T ⇑ q ′′<br />
⇑ ∆p - ⇓ ∆p sem efeito<br />
⇑ h ⇑ h sem efeito ⇓ h (para x v < 0, 9)
170
171<br />
6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES<br />
Neste trabalho foram apresentados os resultados experimentais<br />
obtidos para o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor e para a queda<br />
<strong>de</strong> pressão na con<strong>de</strong>nsação em oito microcanais paralelos, com D =<br />
0, 8 mm. As seguintes condições <strong>de</strong> teste foram utilizadas: 0, 55 <<br />
x v < 1; 7, 3 bar < p < 9, 7 bar; 28 o C < T f < 38 o C; 17 kW.m −2 < q ′′ <<br />
53 kW.m −2 e 230 kg.m −2 .s −1 < G < 445 kg.m −2 .s −1 . A bancada experimental<br />
construída, no presente mestrado, permitiu a con<strong>de</strong>nsação<br />
do R-134a com a utilização <strong>de</strong> resfriadores do tipo Peltier. Os resultados<br />
experimentais para a queda <strong>de</strong> pressão permitem as seguintes<br />
conclusões:<br />
• De todas as parcelas consi<strong>de</strong>radas na queda <strong>de</strong> pressão entre os<br />
manifolds da seção <strong>de</strong> teste, a <strong>de</strong> atrito representa em média 94%<br />
da queda <strong>de</strong> pressão total.<br />
• A queda <strong>de</strong> pressão por atrito apresentou aumento com o acréscimo<br />
da velocida<strong>de</strong> mássica do escoamento.<br />
• O uxo <strong>de</strong> calor não apresentou efeito sobre a queda <strong>de</strong> pressão<br />
nas condições analisadas.<br />
• A queda <strong>de</strong> pressão apresentou aumento com a diminuição da<br />
temperatura (pressão) <strong>de</strong> saturação do R-134a nos testes efetuados.<br />
• A queda <strong>de</strong> pressão calculada através <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los e correlações<br />
mostrou que mesmo formulações para escoamentos adiabáticos<br />
em canais convencionais, conseguem predizer com boa aproximação<br />
a queda <strong>de</strong> pressão no escoamento em con<strong>de</strong>nsação em<br />
microcanais.<br />
• O mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto por Cavallini et al. (2006), <strong>de</strong>senvolvido<br />
para a con<strong>de</strong>nsação, foi o que apresentou os melhores<br />
resultados, com IAM = 8%.<br />
Os resultados experimentais obtidos para a transferência <strong>de</strong> calor<br />
permitem concluir que:<br />
• A transferência <strong>de</strong> calor no escoamento em con<strong>de</strong>nsação, em regime<br />
anular, é dominada pela condução <strong>de</strong> calor através da película<br />
<strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, δ, principalmente para títulos <strong>de</strong> vapor<br />
abaixo <strong>de</strong> 0, 95.
172<br />
• A estimativa da espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado, apresenta fundamental<br />
importância na avaliação do h. O cálculo <strong>de</strong> δ utilizando-se<br />
o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt superestimou os valores obtidos experimentalmente,<br />
consi<strong>de</strong>rando-se que a resistência à condução na película<br />
domina o processo <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor. O cálculo<br />
<strong>de</strong> δ utilizando a correlação para fração <strong>de</strong> vazio proposta por<br />
Graham (1998) apresentou bons resultados, principalmente para<br />
x v < 0, 95.<br />
• O coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor no interior dos microcanais<br />
aumenta com o aumento da velocida<strong>de</strong> mássica, G, principalmente<br />
para títulos <strong>de</strong> vapor mais elevados.<br />
• O h diminui com o <strong>de</strong>créscimo do título <strong>de</strong> vapor até um certo<br />
valor (entre 0, 9 a 0, 7, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da condição <strong>de</strong> teste) e <strong>de</strong>pois<br />
ten<strong>de</strong> a permanecer constante.<br />
• A temperatura <strong>de</strong> saturação do uido <strong>de</strong> trabalho não apresentou<br />
inuência perceptível sobre o h nos testes realizados.<br />
• O CTC apresentou aumento com a diminuição do uxo <strong>de</strong> calor<br />
para x v < 0, 9.<br />
• Os mo<strong>de</strong>los e correlações propostos para canais convencionais não<br />
apresentaram resultados satisfatórios na predição dos h's em microcanais.<br />
• O mo<strong>de</strong>lo semi-empírico proposto por Cavallini et al. (2006) foi o<br />
que melhor previu os dados experimentais, apresentando incerteza<br />
média <strong>de</strong> 19,5%.<br />
Como recomendação para trabalhos futuros na con<strong>de</strong>nsação em<br />
microcanais sugere-se:<br />
• Realização <strong>de</strong> testes utilizando diferentes uidos e com a seção <strong>de</strong><br />
teste na posição vertical.<br />
• Efetuar testes para uxos <strong>de</strong> calor mais elevados, a m <strong>de</strong> se obter<br />
menores títulos <strong>de</strong> vapor na saída da seção <strong>de</strong> teste.<br />
• Utilizar microcanais com diferentes seções transversais, a m <strong>de</strong><br />
se estudar o efeito da tensão supercial em seções com cantos<br />
vivos e do diâmetro sobre o h e a queda <strong>de</strong> pressão.
173<br />
• Utilizar superfícies recobertas com materiais hidrofóbicos, para<br />
tentar se obter a con<strong>de</strong>nsação em gotas e analisar, assim, seu<br />
efeito sobre o h.<br />
• Realizar um estudo que permita a visualização do fenômeno da<br />
con<strong>de</strong>nsação em microcanais, utilizando uma câmera <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong>.
174
175<br />
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182
APÊNDICE A -- Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt
185<br />
No ano <strong>de</strong> 1916, Wilhelm Nusselt propôs um mo<strong>de</strong>lo analítico<br />
para a transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação <strong>de</strong> vapor saturado, em repouso,<br />
sobre superfícies verticais. Esse mo<strong>de</strong>lo é baseado nas seguintes<br />
simplicações:<br />
a) Velocida<strong>de</strong> do vapor e da película líquida muito baixas;<br />
b) Espessura da película líquida muito pequena;<br />
c) O vapor encontra-se na temperatura <strong>de</strong> saturação.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se o problema <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação mostrado na Figura<br />
A.1, em regime permanente, po<strong>de</strong>-se escrever um simples balanço<br />
<strong>de</strong> força na direção x, sobre um elemento innitesimal da película,<br />
mostrado na mesma gura, da seguinte forma:<br />
Figura A.1: Con<strong>de</strong>nsação sobre uma pare<strong>de</strong> vertica <strong>de</strong> largura b.<br />
τ y+∆y ∆xb − τ y ∆xb + p x ∆yb − p x+∆x ∆yb + ρ l g∆V = 0 (A.1)<br />
Dividindo-se a Eq. A.1 pelo elemento <strong>de</strong> volume ∆V<br />
rearranjando a equação, chega-se a:<br />
= ∆x∆yb e<br />
τ y+∆y − τ y<br />
∆y<br />
+ p x − p x+∆x<br />
∆x<br />
No limite, quando ∆y, ∆x → 0, tem-se:<br />
= −ρ l g (A.2)
186<br />
∂τ<br />
∂y + ∂p<br />
∂x = −ρ lg<br />
(A.3)<br />
Através <strong>de</strong> um balanço simples na direção y nota-se que ∂p/∂y = 0.<br />
Da equação fundamental <strong>de</strong> hidrostática, na fase vapor, e consi<strong>de</strong>rando,<br />
como aproximação, que o gradiente <strong>de</strong> pressão na fase líquida na direção<br />
x é igual ao mesmo gradiente na fase vapor, então:<br />
∂p<br />
∂x = dp v<br />
dx = −ρ vg<br />
(A.4)<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se o con<strong>de</strong>nsado como um uido Newtoniano,<br />
po<strong>de</strong>-se escrever:<br />
∂u<br />
τ = µ l (A.5)<br />
∂y<br />
on<strong>de</strong> µ l e u representam a viscosida<strong>de</strong> dinâmica e a velocida<strong>de</strong>, respectivamente,<br />
do líquido con<strong>de</strong>nsado. Substituindo na Eq. A.3, obtêm-se:<br />
∂ 2 u<br />
∂y 2 = −(ρ l − ρ v ) g<br />
µ l<br />
(A.6)<br />
Integrando-se a Eq. A.6 e assumindo-se massa especíca e viscosida<strong>de</strong><br />
constantes, obtêm-se um perl <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> parabólico, on<strong>de</strong>:<br />
u = − (ρ l − ρ v ) g<br />
2µ l<br />
y 2 + C 1 y + C 2 (A.7)<br />
Para <strong>de</strong>terminar-se as constantes C 1 e C 2 , utilizam-se as seguintes<br />
condições <strong>de</strong> contorno:<br />
• y = 0 → u = 0<br />
• y = δ → ∂u/∂y = 0 ; hipótese (a)<br />
Com essas condições, a Eq. A.7, toma a seguinte forma:<br />
u = g (ρ [<br />
l − ρ v ) y<br />
δ 2<br />
µ l δ − 1 ( ) ]<br />
y<br />
2<br />
2 δ<br />
(A.8)<br />
Po<strong>de</strong>-se obter a taxa <strong>de</strong> vazão mássica, ou taxa <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado,<br />
da seguinte forma:<br />
ṁ =<br />
∫ δ<br />
0<br />
u (ρ l − ρ v ) bδ = ρ l (ρ l − ρ v ) gb<br />
3µ l<br />
δ 3 (A.9)
187<br />
Derivando-se a equação acima em relação à δ, obtem-se:<br />
dṁ<br />
dδ = ρ l (ρ l − ρ v ) gb<br />
µ l<br />
δ 2 (A.10)<br />
Da simplicação (I), consi<strong>de</strong>ra-se que a transferência <strong>de</strong> calor<br />
através da película dá-se, somente, por condução, negligenciando-se os<br />
efeitos convectivos. Assim, o uxo <strong>de</strong> calor que atravessa um elemento<br />
innitesimal (com ∆x → 0) da película na direção y, dq, po<strong>de</strong> ser<br />
representado da seguinte maneira:<br />
dq = k l (T sat − T p )<br />
dxb<br />
(A.11)<br />
δ<br />
on<strong>de</strong> T sat e T p representam as temperaturas <strong>de</strong> saturação do vapor e<br />
da pare<strong>de</strong>, respectivamente. Da simplicação (III), po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar<br />
que o calor removido pelo líquido na interface líquido-vapor em um<br />
elemento innitesimal, é totalmente <strong>de</strong>vido à mudança <strong>de</strong> fase:<br />
dq = i lv dṁ<br />
(A.12)<br />
on<strong>de</strong> i lv representa a entalpia <strong>de</strong> vaporização do uido.<br />
Combinando as Eqs. A.10, A.11 e A.12, a seguinte equação<br />
diferencial para δ é obtida:<br />
dδ<br />
dx = k lµ l (T sat − T p )<br />
ρ l (ρ l − ρ v ) gi lv δ 3<br />
(A.13)<br />
Integrando a Eq. A.13 entre 0 < x < δ, para δ = 0 em x = 0,<br />
chega-se a:<br />
δ x =<br />
[ 4kl µ l x (T sat − T p )<br />
ρ l (ρ l − ρ v ) gi lv<br />
] 1/4<br />
(A.14)<br />
Como a transferência <strong>de</strong> calor através da película é consi<strong>de</strong>rada<br />
apenas em função da condução <strong>de</strong> calor, po<strong>de</strong>mos escrever que todo o<br />
calor removido na interface pare<strong>de</strong>-líquido é proveniente da condução<br />
<strong>de</strong> calor através da película. Assim:<br />
q ′′ = h l (T sat − T p ) = k l (T sat − T p )<br />
(A.15)<br />
δ<br />
on<strong>de</strong> h l representa o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor por convecção.<br />
Dessa forma:
188<br />
h l = k l<br />
(A.16)<br />
δ<br />
Utilizando-se a <strong>de</strong>nição do número <strong>de</strong> Nusselt e combinando<br />
as Eqs.A.14 e A.16, têm-se o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Nusselt para a transferência<br />
<strong>de</strong> calor por con<strong>de</strong>nsação local sobre uma placa plana, apresentado a<br />
seguir:<br />
[<br />
ρl (ρ l − ρ v ) gi lv x 3 ] 1/4<br />
Nu x =<br />
(A.17)<br />
4k l µ l (T sat − T p )<br />
Esta equação é válida para escoamento laminar na camada limite<br />
formada pela espessura <strong>de</strong> líquido. Neste caso, o número <strong>de</strong> Reynolds<br />
baseado na velocida<strong>de</strong> média do líquido, Re δ , é menor do que 30, on<strong>de</strong>:<br />
Re δ = 4ρ lu δ δ<br />
= 4gρ l (ρ l − ρ v ) δ 3<br />
(A.18)<br />
µ l 3µ 3 l<br />
on<strong>de</strong> u δ representa a velocida<strong>de</strong> média da película, em m.s −1 .<br />
No intervalo <strong>de</strong> Re δ entre 30 e 1800, a interface líquido-vapor<br />
apresenta ondulações. Com Re δ > 1800, o escoamento na película<br />
líquida é turbulento, conforme mostrado em Incropera e DeWitt (2003).
APÊNDICE B -- Dedução da Espessura da Película <strong>de</strong><br />
Con<strong>de</strong>nsado
191<br />
Escoamentos no regime anular são caracterizados pela formação<br />
<strong>de</strong> uma película líquida que cobre toda a pare<strong>de</strong> interna da tubulação,<br />
enquanto que o vapor escoa no interior <strong>de</strong>ssa película. A espessura <strong>de</strong>ssa<br />
película anular δ, é um parâmetro muito importante na <strong>de</strong>terminação<br />
do coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na con<strong>de</strong>nsação, visto que a<br />
condução <strong>de</strong> calor através <strong>de</strong>la representa, na maioria das vezes, a maior<br />
parcela <strong>de</strong> resistência à troca térmica, como apresentado na Seção 2.4.2.<br />
A Figura B.1 apresenta um esquema do corte transversal <strong>de</strong> um tubo<br />
circular, <strong>de</strong> raio R, no qual tem-se o regime anular.<br />
Figura B.1: Esquema <strong>de</strong> um escoamento anular no interior <strong>de</strong> uma<br />
tubulação circular<br />
Como <strong>de</strong>nido na Eq. 2.24 da página 58, a fração <strong>de</strong> vazio é a<br />
razão entre a área ocupada pelo vapor e a área transversal da tubulação.<br />
Consi<strong>de</strong>rando-se que todo o líquido con<strong>de</strong>nsado esteja na forma<br />
<strong>de</strong> película anular, como mostrado na Figura B.1, po<strong>de</strong>mos escrever a<br />
fração <strong>de</strong> vazio, α, como:<br />
rearranjando os termos:<br />
π (R − δ)2<br />
α =<br />
πR 2<br />
= R2 − 2Rδ + δ 2<br />
R 2<br />
δ 2 − (2R)δ + R 2 (1 − α) = 0<br />
(B.1)<br />
(B.2)
192<br />
Têm-se, então, uma equação cuja variável é a espessura <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsado,<br />
δ, <strong>de</strong> segundo grau, a qual po<strong>de</strong> ser resolvida pelo método <strong>de</strong><br />
Bhaskara:<br />
δ = 2R ± √ 4R 2 − 4R 2 (1 − α)<br />
2<br />
= R ± R √ 1 − (1 − α)<br />
= R ( 1 ± √ α ) (B.3)<br />
Para que seja satisfeita a condição <strong>de</strong> que δ < R, a solução da<br />
Eq. B.2 é:<br />
δ = R ( 1 − √ α )<br />
(B.4)
APÊNDICE C -- Determinação Experimental do Diâmetro<br />
do Tubo Capilar
195<br />
Para se obter um valor preciso do diâmetro interno dos microcanais<br />
foi utilizada uma técnica similar à <strong>de</strong>scrita em Silva (2008). No<br />
trabalho em questão, assim como neste, foram confeccionadas seções<br />
<strong>de</strong> visualização. Essas são compostas <strong>de</strong> três seções <strong>de</strong> tubos capilares,<br />
as quais são encaixadas em placas <strong>de</strong> acrílico circulares, com 30 mm<br />
<strong>de</strong> diâmetro, para que os tubos permaneçam na vertical. Após isso, o<br />
conjunto é inserido em uma uma máquina <strong>de</strong> embutimento a vácuo da<br />
marca Streuers, utilizando-se uma resina epóxi especial para este m.<br />
Esse procedimento foi efetuado junto ao LMPT/<strong>UFSC</strong>. A Figura C.1<br />
mostra a fotograa da seção <strong>de</strong> visualização após o polimento. Na<br />
Figura C.2 é feita uma aproximação no capilar, o qual é totalmente<br />
preenchido com resina, condição necessária para evitar a <strong>de</strong>formação<br />
do mesmo.<br />
Figura C.1: Fotograa da seção <strong>de</strong> visualização após o embutimento.<br />
A medição do diâmetro interno foi realizada utilizando um microscópico<br />
óptico, acoplado a um micrômetro, cuja escala foi utilizada<br />
para se medir o diâmetro. Procedimento, esse, efetuado junto ao LAB-<br />
METRO/<strong>UFSC</strong>.<br />
Após 35 medidas <strong>de</strong> um total <strong>de</strong> nove seções transversais dos<br />
capilares, chegou-se a um valor médio para o diâmetro interno <strong>de</strong> D =<br />
0, 77 mm, com um <strong>de</strong>svio padrão <strong>de</strong> S = 0, 03 mm. Consi<strong>de</strong>rando-
196<br />
Figura C.2: Detalhe do capilar preenchido com a resina.<br />
se a incerteza relativa ao micrômetro e ao <strong>de</strong>svio padrão da média,<br />
obteve-se um valor para a incerteza do diâmetro interno dos capilares<br />
<strong>de</strong> ±0, 01 mm, para um intervalo <strong>de</strong> conança <strong>de</strong> 95%.
APÊNDICE D -- Descrição das Tentativas <strong>de</strong> Projeto da<br />
Seção <strong>de</strong> Teste
199<br />
Antes <strong>de</strong> se obter a seção <strong>de</strong> teste utilizada nesse trabalho, foram<br />
feitas outras tentativas, que serão aqui mostradas. A primeira idéia<br />
do projeto foi a <strong>de</strong> se construir uma seção <strong>de</strong> teste com microcanais<br />
retangulares. Inicialmente, a con<strong>de</strong>nsação seria promovida não por<br />
resfriadores Peltier, mas sim, por um uido secundário (monoetileno<br />
glicol, no caso). A Figura D.1 apresenta um esquema da primeira<br />
proposta <strong>de</strong> seção <strong>de</strong> teste.<br />
Figura D.1: Esquema da primeira seção <strong>de</strong> teste projetada<br />
Os microcanais, peça <strong>de</strong> cobre mostrada na Figura D.1, seria<br />
construído através da soldagem por difusão entre uma chapa usinada<br />
e outra lisa. Essa chapa usinada é mostrada nas Figuras D.2 e D.3, as<br />
quais apresentam as dimensões e uma vista isométrica da peça.<br />
Para que se tenha o estanque dos canais, uma chapa <strong>de</strong> cobre<br />
lisa, <strong>de</strong> 1 mm <strong>de</strong> espessura, é soldada por difusão sobre a peça usinada.<br />
Difusão é um processo <strong>de</strong> soldagem on<strong>de</strong> os materiais a unir<br />
permanecem no estado sólido. A formação da junta ocorre em nível<br />
atômico, por interdifusão molecular, e o processo se dá sob condições<br />
pre<strong>de</strong>terminadas <strong>de</strong> atmosfera, tempo, pressão e elevada temperatura.<br />
As Figuras D.4 e D.5 apresentam um esquema da matriz <strong>de</strong><br />
aperto das chapas e a fotograa da matriz já montada. A matriz é<br />
formada por duas chapas <strong>de</strong> aço inoxidável, on<strong>de</strong> o conjunto <strong>de</strong> peças<br />
a soldar é colocado em seu interior. O aperto das chapas é promovido<br />
por parafusos também <strong>de</strong> aço inoxidável. A pressão é necessária para<br />
garantir o contato uniforme entre as superfícies, todavia, não <strong>de</strong>ve ser<br />
alta a ponto <strong>de</strong> causar <strong>de</strong>formações macroscópicas nas peças. Geral-
200<br />
Figura D.2: Dimensões da chapa <strong>de</strong> cobre usinada.<br />
Figura D.3: Vista isométrica da chapa <strong>de</strong> cobre usinada.<br />
mente utilizam-se pressões entre 5 MPa e 40 MPa, sendo essa, função<br />
do dispositivo usado para aplicação da carga e da geometria das peças<br />
a soldar. O conjunto montado é inserido no interior <strong>de</strong> um forno com<br />
atmosfera controlada.
201<br />
Figura D.4: Esquema da montagem da matriz <strong>de</strong> aperto.<br />
A temperatura é a variável mais importante do processo, a qual<br />
é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,5 a 0,8 da temperatura <strong>de</strong> fusão do material. Elevadas<br />
temperaturas promovem o aumento da mobilida<strong>de</strong> dos átomos na interface.<br />
O tempo <strong>de</strong> permanência das peças no forno também inuencia
202<br />
Figura D.5: Fotograa da matriz <strong>de</strong> aperto montada<br />
no processo. O tempo <strong>de</strong> união po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> alguns segundos até<br />
diversas horas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do sistema em questão e da temperatura<br />
<strong>de</strong> junção. A variável tempo está intimamente relacionada com a temperatura<br />
<strong>de</strong> processo. Antes <strong>de</strong> as peças irem ao forno, elas passam por<br />
um processo <strong>de</strong> limpeza com ácido sulfúrico. Alumina é aplicada entre<br />
as superfícies <strong>de</strong> cobre e as matrizes <strong>de</strong> aço, para evitar a soldagem<br />
entre esses materiais.<br />
Inicialmente os parafusos da matriz são submetidos a um torque<br />
inicial, e quando a matriz é colocada sob alta temperatura, o aperto<br />
entre as chapas é aumentado. Isso <strong>de</strong>ve-se ao fato <strong>de</strong> os parafusos<br />
e as matrizes, <strong>de</strong> aço inoxidável, possuírem coecientes <strong>de</strong> expansão<br />
térmica diferentes dos das chapas a serem soldadas, <strong>de</strong> cobre. Foram<br />
testados dois diferentes apertos dos parafusos da matriz, <strong>de</strong> 8 kgf.m<br />
e 5 kgf.m em chapas usinadas especialmente para isso, sem os plena<br />
<strong>de</strong> entrada e saída <strong>de</strong> uido. Os resultados obtidos são apresentados<br />
na Figura D.6. Nela são mostradas fotograas das chapas <strong>de</strong> cobre,<br />
com 10 canais, antes e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> elas serem inseridas no forno para a<br />
soldagem. Utilizou-se temperatura <strong>de</strong> aquecimento <strong>de</strong> 450 o C, por três<br />
horas.<br />
Como po<strong>de</strong>-se notar na Figura D.6, os resultados dos primeiros<br />
protótipos foram muito ruins. Houve um extremo amassamento dos<br />
ressaltos que separam os canais da seção <strong>de</strong> teste para dois testes realizados.<br />
Diante disso, foi efetuado um procedimento <strong>de</strong> cálculo, a m <strong>de</strong><br />
se obter um torque i<strong>de</strong>al, baseado na dilatação dos materiais e obtevese,<br />
com isso, que um torque <strong>de</strong> aperto dos parafusos seria <strong>de</strong> 2 kgf.m.
203<br />
Figura D.6: Resultados dos testes <strong>de</strong> soldagem por difusão.<br />
Assim, agora com a seção <strong>de</strong> teste completa, mostrada na Figura D.2,<br />
montou-se a matriz e foi efetuada a soldagem. Entretanto, como se<br />
po<strong>de</strong> notar na Figura D.7, on<strong>de</strong> foi recortado uma seção das chapas,<br />
não houve a união entre elas.<br />
Em alguns pontos da união, como mostra o <strong>de</strong>talhe da Figura<br />
D.7, houve uma difusão supercial apenas, mostrando que o aperto<br />
não fora suciente. Fez-se, então mais um teste <strong>de</strong> soldagem com as<br />
chapas, <strong>de</strong>ssa vez com um torque <strong>de</strong> 3 kgf.m. O resultado é mostrado<br />
na Figura D.7, a qual mostra uma fotograa da seção <strong>de</strong> teste cortada<br />
transversalmente.<br />
Na Figura D.8 po<strong>de</strong>-se perceber que houve um amassamento dos<br />
canais. Além disso, vê-se que os mesmos caram com diferentes formas<br />
geométricas. A avaliação das dimensões foi feita através da comparação<br />
das dimensões da fotograa com a escala <strong>de</strong> um paquímetro. Os<br />
valores mostrados na gura são as dimensões dos canais, em mm. A<br />
média da largura e da altura dos canais obtidas após a soldagem foi <strong>de</strong><br />
0,24 mm e 0,45 mm, respectivamente. Comparando com os valores inicias,<br />
ambos com 0,50 mm, percebe-se que houve variação nas medidas,<br />
principalmente na altura dos canais. O amassamento das superfícies<br />
externas, assinalado em vermelho, foi causado pela má distribuição da<br />
alumina sobre as chapas, cujo controle é difícil.<br />
Em vista da diculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se controlar as dimensões dos canais,<br />
partiu-se para um novo projeto. Dessa vez a idéia era a <strong>de</strong> construir<br />
uma seção <strong>de</strong> teste <strong>de</strong> seção transversal circular, on<strong>de</strong> os microcanais,<br />
com diâmetro interno <strong>de</strong> 0, 6 mm seriam feitos a partir <strong>de</strong> eletroerosão.<br />
A seção <strong>de</strong> teste seria construída da maneira apresentada na Figura D.9,<br />
on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>talhe dos microcanais é mostrado na FIgura D.10.<br />
A con<strong>de</strong>nsação seria promovida com a utilização <strong>de</strong> resfriadores<br />
Peltier, da mesma forma como ocorre nesse trabalho. Foi solicitada a
204<br />
Figura D.7: Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />
<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 2 kgf.m.<br />
Figura D.8: Resultado do teste <strong>de</strong> soldagem por difusão para torque<br />
<strong>de</strong> aperto <strong>de</strong> 3 kgf.m.
205<br />
Figura D.9: Seção <strong>de</strong> teste projetada para utilizar RPs com microcanais<br />
usinados a partir <strong>de</strong> eletroerosão.<br />
Figura D.10: Detalhe dos microcanais a serem usinados com eletroerosão.<br />
usinagem dos microcanais, todavia as empresas que tentaram efetuar<br />
esse procedimento não obtiveram sucesso. O comprimento da chapa <strong>de</strong><br />
cobre (100 mm) foi consi<strong>de</strong>rado muito gran<strong>de</strong> pelas empresas. Dessa<br />
maneira, elas não conseguiram obter o mesmo diâmetro durante toda<br />
a extensão da mesma. Após isso partiu-se para o projeto da seção<br />
utilizada nesse trabalho.
206
APÊNDICE E -- Resultados do Escoamento Monofásico <strong>de</strong><br />
Líquido
209<br />
Testes com escoamento monofásico são <strong>de</strong> extrema importância<br />
para a validação <strong>de</strong> trabalhos na área <strong>de</strong> escoamentos bifásicos. Isso<br />
ocorre pois correlações e os mo<strong>de</strong>los para queda <strong>de</strong> pressão e transferência<br />
<strong>de</strong> calor funcionam para micro e macrocanais. E há formulações<br />
propostas para escoamentos <strong>de</strong> uma única fase <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século<br />
passado.<br />
Dessa forma, os procedimentos <strong>de</strong> medição, aquisição dos dados<br />
e metodologia <strong>de</strong> cálculos são validados utilizando os resultados monofásicos.<br />
Em outras palavras, se os resultados experimentais e teóricos<br />
apresentam boa compatibilida<strong>de</strong>, a bancada e o procedimento experimental<br />
são bem fundados.<br />
As condições <strong>de</strong> teste utilizadas para a análise <strong>de</strong> escoamento<br />
monofásico englobam velocida<strong>de</strong>s mássicas mais altas que as utilizadas<br />
nos testes bifásicos. Essa escolha fundamenta-se em dois pontos: O<br />
primeiro é que a bancada não permite trabalhar com escoamento <strong>de</strong><br />
líquido apenas utilizando baixas vazões, pois a bomba opera com rotação<br />
constante. Dessa forma, não se tem um bom controle da vazão<br />
<strong>de</strong> líquido que chega à seção <strong>de</strong> teste. Em segundo lugar, os valores<br />
<strong>de</strong> h e <strong>de</strong> ∆p obtidos nos testes monofásicos são da mesma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong><br />
gran<strong>de</strong>za dos utilizados nos testes em con<strong>de</strong>nsação.<br />
Assim, testes monofásicos foram feitos para <strong>de</strong>z condições diferentes,<br />
que englobam:<br />
• 19, 7 o C < T inicial<br />
< 32, 5 o C<br />
• 2100 kg.m −2 .s −1<br />
< G < 3880 kg.m −2 .s −1<br />
• 8650 < Re l < 16300<br />
• 34 kW.m −2 < q ′′ < 49 kW.m −2<br />
O procedimento <strong>de</strong> cálculo é semelhante ao <strong>de</strong>scrito no Capítulo<br />
4. Na análise dos dados monofásicos serão utilizadas correlações e<br />
mo<strong>de</strong>los da literatura propostos para a queda <strong>de</strong> pressão e para a transferência<br />
<strong>de</strong> calor em tubos lisos. Isso porquê, pela Eq. 2.36, obteve-se<br />
Re lim = 98000 para D = 0, 77 e ɛ = 0, 59 com Re l < Re lim .<br />
E.1 QUEDA DE PRESSÃO<br />
A validação da abordagem do problema da queda <strong>de</strong> pressão<br />
utilizada nesse trabalho, que leva em conta as parcelas locais e <strong>de</strong> atrito,<br />
apresentada na Seção 2.10 é bastante importante. As parcelas <strong>de</strong> perdas
210<br />
locais representam aproximadamente 3 % da perda total <strong>de</strong> pressão<br />
medida. A Tabela E.1 apresenta os valores <strong>de</strong> cada parcela <strong>de</strong> perda<br />
<strong>de</strong> pressão para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> teste.<br />
Tabela E.1: Parcelas da queda <strong>de</strong> pressão para o teste com G =<br />
3520 kg.m −2 .s −1<br />
Parcela Valor (P a) Contribuição na ∆p total (%)<br />
∆p manifolds 102 0,5<br />
∆p 90 2 x 4 0,04<br />
. ∆p contração 1190 5,4<br />
∆p atrito 21445 97,3<br />
∆p expansão -596 2,7<br />
∆p total 22149 -<br />
Po<strong>de</strong>-se notar, a partir dos dados da Tabela E.1 que as únicas<br />
parcelas que po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sprezadas são às referentes à mudança <strong>de</strong> direção<br />
e ao atrito nos manifolds, as quais juntas contribuem com 0, 54%<br />
no caso apresentado. Todavia, as <strong>de</strong>mais parcelas <strong>de</strong> perdas localizadas<br />
<strong>de</strong>vem ser levadas em consi<strong>de</strong>ração, pois contribuem em quase 3% da<br />
perda <strong>de</strong> carga medida. As Figuras E.1 e E.2 apresentam a comparação<br />
entre os resultados experimentais e calculados através das correlações<br />
<strong>de</strong> Blasius, Eq 2.37 e Phillips (1987), Eq 2.38 para a perda <strong>de</strong> carga<br />
nos microcanais.<br />
As Figuras E.1 e E.2 mostram que a medição da queda <strong>de</strong> pressão<br />
e a metodologia <strong>de</strong> cálculo para as perdas localizadas utilizadas<br />
na bancada são válidos. A correlação <strong>de</strong> Blasius superestimou todos<br />
os dados experimentais, apresentando incerteza média <strong>de</strong> 11,4%. Isso<br />
ocorre pois a correlação <strong>de</strong> Blasius não leva em consi<strong>de</strong>ração a região<br />
<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do escoamento, que representa aproximadamente<br />
7% do comprimento total do tubo. E esta região apresenta valores <strong>de</strong><br />
fator <strong>de</strong> atrito mais elevados que na região <strong>de</strong>senvolvida. Enquanto que<br />
a <strong>de</strong> Phillips (1987) teve incerteza média <strong>de</strong> 5,6% em comparação com<br />
os dados experimentais. Tal correlação apresentou resultados melhores,<br />
pois consi<strong>de</strong>ra a parcela <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, na entrada do tubo.<br />
E.2 TRANSFERÊNCIA DE CALOR<br />
O coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor local por convecção<br />
monofásico,h l , é calculado a partir da seguinte <strong>de</strong>nição:
211<br />
Figura E.1: Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão por<br />
atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Blasius.<br />
Figura E.2: Comparação dos resultados para a queda <strong>de</strong> pressão por<br />
atrito experimental e calculados pelas correlações <strong>de</strong> Phillips (1987).
212<br />
q′′<br />
h l =<br />
T p − T f<br />
(E.1)<br />
on<strong>de</strong> q ′′ , T p e T f representam o uxo <strong>de</strong> calor removido da seção <strong>de</strong><br />
testes, em W.m −2 e as temperaturas da pare<strong>de</strong> e do uido.<br />
O uxo <strong>de</strong> calor é obtido da mesma forma que é feito no escoamento<br />
bifásico, a partir da Eq. 4.10, na página 133. A temperatura<br />
da pare<strong>de</strong> é obtida diretamente através dos termopares, os quais estão<br />
instalados nas 4 seções mostradas na Figura 3.12. Ou seja, como foi<br />
feito na análise bifásica, po<strong>de</strong>m-se obter o h local em quatro seções<br />
distantes da entrada dos microcanais, on<strong>de</strong> a temperatura da pare<strong>de</strong><br />
é a média das três temperaturas medidas. A temperatura do uido é<br />
calculada através <strong>de</strong> um balanço <strong>de</strong> energia em cada elemento da seção<br />
<strong>de</strong> teste, o qual é apresentado na Eq. E.2:<br />
T f =<br />
Q f<br />
+ T f;i−1 (E.2)<br />
ṁc P<br />
on<strong>de</strong> T f;i−1 , Q f e c P representam a temperatura do uido no segmento<br />
anterior, a potência removida pelo RP, em W, e o calor especíco à<br />
pressão constante do líquido, em J.kg −1 .K −1 .<br />
A Figura E.3 apresenta a curva <strong>de</strong> temperaturas do uido na<br />
seção <strong>de</strong> testes, obtida pela Eq. E.2 (curva em azul) e obtida através<br />
<strong>de</strong> interpolação linear entre as temperaturas medidas na entrada e na<br />
saída da seção <strong>de</strong> teste. Além disso, as temperaturas da pare<strong>de</strong> dos<br />
microcanais nas quatro seções medidas, também são plotadas para os<br />
três locais, como mostra a legenda no gráco para uma <strong>de</strong>terminada<br />
condição <strong>de</strong> teste. Po<strong>de</strong>-se notar que há mínima variação entre as<br />
temperaturas da pare<strong>de</strong> medidas, a qual encontra-se <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong><br />
incerteza, cujo cálculo é <strong>de</strong>scrito na Seção 3.4.2.2.<br />
Outra comparação que po<strong>de</strong> ser feita é entre as duas curvas <strong>de</strong><br />
temperatura do uido, calculadas <strong>de</strong> forma diferente, como <strong>de</strong>scrito<br />
no parágrafo anterior. A variação entre ambas é muito pequena, o que<br />
valida a utilização das curvas <strong>de</strong> calibração dos resfriadores Peltier para<br />
o cálculo do calor removido.<br />
A Figura E.3 apresenta também os h's nos quatro pontos on<strong>de</strong> a<br />
temperatura é medida, também com as respectivas faixas <strong>de</strong> incerteza<br />
inclusas. A incerteza no cálculo <strong>de</strong> h é semelhante ao apresentado no<br />
Apêndice F. A única diferença é em relação à incerteza na temperatura<br />
do uido, que nesse caso é efetuado a partir da Eq. E.2. Po<strong>de</strong>-se dizer<br />
que os quatro pontos utuam em torno da média, representada pela<br />
linha tracejada. O local on<strong>de</strong> há maior distanciamento da média é o <strong>de</strong>
213<br />
Figura E.3: Resultados experimentais <strong>de</strong> temperatura <strong>de</strong> pare<strong>de</strong>, temperatura<br />
do uido e h para uma <strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> teste.<br />
z = 75 mm, todavia, ainda <strong>de</strong>ntro da faixa <strong>de</strong> incerteza.<br />
A Figura E.4 apresenta os coecientes <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor<br />
obtidos para três diferentes condições testadas. A linha tracejada<br />
representa o h médio para cada condição. Po<strong>de</strong>-se perceber que o h<br />
monofásico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da velocida<strong>de</strong> mássica do uido, aumentando à<br />
medida que G aumenta.<br />
Por m, nas Figuras E.5 a E.8 são apresentadas as comparações<br />
entre os h's obtidos experimentalmente com os calculados pelas
214<br />
Figura E.4: Comparação do h para diferentes condições <strong>de</strong> teste.<br />
correlações apresentadas na Seção 2.11.1.<br />
Figura E.5: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />
calculado através da correlação <strong>de</strong> Dittus-Boelter.<br />
Os resultados comparativos mostram que os dados experimen-
215<br />
Figura E.6: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />
calculado através da correlação <strong>de</strong> Gnielinski (1976).<br />
Figura E.7: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />
calculado através da correlação <strong>de</strong> Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936).
216<br />
Figura E.8: Comparação entre o h obtido experimentalmente com o<br />
calculado através da correlação <strong>de</strong> Petukhov (1970).<br />
tais são bem relacionados com todas as formulações utilizadas. Deu-se<br />
preferência por utilizar as correlações mais clássicas da literatura, pois<br />
são elas as mais aceitas. A correlação que apresentou melhores resultados<br />
foi a <strong>de</strong> Gnielinski (1976), com IAM = 4, 3 % a qual é uma<br />
modicação da correlação <strong>de</strong> Petukhov (1970), cuja incerteza média<br />
absoluta foi <strong>de</strong> 4, 5 %. A equação <strong>de</strong> Dittus-Boelter superestima um<br />
pouco a maioria dos dados, todavia a incerteza absoluta média obtida<br />
foi <strong>de</strong> 5, 7 %, valor bastante aceitável. Finalmente, a última correlação<br />
utilizada para a comparação foi a <strong>de</strong> Sie<strong>de</strong>r e Tate (1936), com<br />
IAM = 4, 8 %.
APÊNDICE F -- Incerteza Experimental no Cálculo <strong>de</strong> h
219<br />
Boa parte da metodologia para o cálculo da incerteza experimental<br />
aqui apresentada, segue os procedimentos <strong>de</strong>scritos por Holman<br />
(1989). A Eq. 4.9 <strong>de</strong>ne o coeciente <strong>de</strong> transferência <strong>de</strong> calor na<br />
con<strong>de</strong>nsação, o qual é aqui reapresentado:<br />
q ′′<br />
h =<br />
T p − T f [f(p)]<br />
on<strong>de</strong> q ′′ , T p e T f [f(p)] representam o uxo <strong>de</strong> calor removido pelo RP,<br />
em W.m −2 e as temperaturas média da pare<strong>de</strong> dos tubos e do uido<br />
<strong>de</strong> trabalho, em o C, respectivamente. Para facilitar a visualização, esse<br />
capítulo utilizará T f [f(p)] = T f .<br />
A incerteza expandida do h, U(h), é calculada consi<strong>de</strong>rando-se<br />
innitos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>. Isso porque, cada variável utilizada é a<br />
média <strong>de</strong> 80 pontos medidos. Assim, para um nível <strong>de</strong> conança <strong>de</strong><br />
95% :<br />
U(h) = 2u c (h)<br />
(F.1)<br />
on<strong>de</strong> u c (h) é a incerteza combinada do coeciente <strong>de</strong> transferência<br />
<strong>de</strong> calor por convecção. Seu valor é obtido através do método da incerteza<br />
propagada, a qual combina as incertezas <strong>de</strong> todas as variáveis<br />
presentes na equação. Dessa forma, a incerteza combinada para o h na<br />
con<strong>de</strong>nsação, u c (h) é:<br />
u c (h) =<br />
√ [ ] ∂h<br />
2 [ ] ∂h<br />
2 [ ] ∂h<br />
2<br />
∂q ′′ u(q′′ ) + u(T p ) + u(T f ) (F.2)<br />
∂T p ∂T f<br />
on<strong>de</strong> u(q ′′ ), u(T p ) e u(T f ) são as incertezas padrão <strong>de</strong> cada variável.<br />
O valor <strong>de</strong> u(T p ) obtido é o proveniente da calibração dos termopares,<br />
visto que seu valor utilizado é diretamente a média das medições. Não<br />
é consi<strong>de</strong>rado o <strong>de</strong>svio padrão das três medições efetuadas, visto que<br />
não é esperado que esses valores sejam iguais, pois eles são medidos<br />
sobre canais diferentes.Assim, u(T p ) = 0, 15 o C.<br />
O uxo <strong>de</strong> calor removido pelo RP <strong>de</strong> cada microcanal é a razão<br />
entre a potência removida pelo resfriador pela área supercial <strong>de</strong> todos<br />
os microcanais, calculado a partir da Eq. 4.10, e relembrada aqui:<br />
q ′′ =<br />
(F.3)<br />
8πDL RP<br />
on<strong>de</strong> Q f , D e L RP representam a potência total removida pelo RP,<br />
em W, o diâmetro interno do microcanal, em m, e o comprimento do<br />
Q f
220<br />
RP (L RP = 0, 03 m) , respectivamente.<br />
Assim, a incerteza relativa ao uxo <strong>de</strong> calor combina as incertezas<br />
<strong>de</strong> Q f , D e L RP :<br />
√ [ ] ∂q<br />
u c (q ′′ ′′<br />
2 [ ] ∂q<br />
′′ 2 [ ] ∂q<br />
′′<br />
2<br />
) = u(Q f ) +<br />
∂Q f ∂D u(D) + u(L RP )<br />
∂L RP<br />
(F.4)<br />
A incerteza relativa à potência removida pelo RP, u(Q f ), foi calculada<br />
na Seção 3.4.5, on<strong>de</strong> foi obtido o valor <strong>de</strong> u(Q f ) = 0, 5 W . O<br />
cálculo da incerteza relativa ao diâmetro interno da tubulação,u(D), é<br />
apresentado no Apêndice C, cujo valor obtido foi <strong>de</strong> u(D) = 0, 01 mm<br />
A incerteza na largura do resfriador Peltier, segundo o fabricante do<br />
mesmo é <strong>de</strong> U(L RP ) = 0, 2 mm. Assim, consi<strong>de</strong>rando uma distribuição<br />
retangular, tem-se:<br />
u(L RP ) = U RP<br />
√<br />
3<br />
= 0, 12 mm (F.5)<br />
O valor <strong>de</strong> incerteza mais difícil <strong>de</strong> ser estimado é o da temperatura<br />
do uido, u(T f ). Esse valor é calculado em função da pressão local<br />
do uido. Como neste trabalho foram testadas três diferentes pressões<br />
na entrada da seção <strong>de</strong> teste, 7, 3 bar, 8, 4 bar e 9, 7 bar, foi obtida<br />
uma curva <strong>de</strong> temperatura em função da pressão para cada valor <strong>de</strong> p,<br />
utilizando o software EES, as quais são apresentadas a seguir:<br />
T f = −6, 52 + 4, 75p ⇒ p ent = 7, 3 bar (F.6)<br />
T f = −3, 20 + 4, 26p ⇒ p ent = 8, 4 bar (F.7)<br />
T f = 1, 11 + 3, 83p ⇒ p ent = 9, 7 bar (F.8)<br />
on<strong>de</strong> p representa a pressão local, no centro do segmento on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>seja<br />
avaliar o h,em bar, e T f a temperatura <strong>de</strong> saturação da respectiva<br />
pressão p, em o C. A faixa <strong>de</strong> valores utilizada para a obtenção <strong>de</strong> cada<br />
função levou em conta a queda <strong>de</strong> pressão máxima obtida em todos os<br />
testes para cada vapor <strong>de</strong> pressão, ou seja, o domínio <strong>de</strong> p utilizado em<br />
cada equação, D(p), foi <strong>de</strong>:<br />
D(p) = {p ent − ∆p max , p ent }<br />
(F.9)<br />
on<strong>de</strong> ∆p max representa o valor máximo <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão medida<br />
entre todos os testes da respectiva p ent .<br />
A incerteza relativa à temperatura do uido, u(T f ), utilizando
221<br />
o conceito <strong>de</strong> propagação <strong>de</strong> incerteza é:<br />
∣ u(T f ) =<br />
∂T f ∣∣∣<br />
∣<br />
∂p u(p)<br />
(F.10)<br />
on<strong>de</strong> a <strong>de</strong>rivada ∂T f /∂p refere-se às funções <strong>de</strong>scritas nas Eqs. F.6 a<br />
F.8.<br />
A pressão local do uido, p, é a pressão do uido na entrada<br />
da seção subtraída da queda <strong>de</strong> pressão entre a entrada e o local on<strong>de</strong><br />
se está avaliando p. Para facilitar o cálculo será consi<strong>de</strong>rada que essa<br />
parcela <strong>de</strong> queda <strong>de</strong> pressão é a queda <strong>de</strong> pressão total no escoamento<br />
bifásico no interior do microcanal, ∆p lin . Ou seja:<br />
u(p) = p ent − ∆p lin<br />
(F.11)<br />
Assim, po<strong>de</strong>-se estimar que a incerteza relativa à pressão local<br />
do uido no interior dos microcanais da seguinte forma:<br />
u(p) = √ u 2 (p ent ) + u 2 (∆p)<br />
(F.12)<br />
on<strong>de</strong>, como apresentado na Seção 3.4.1, u(p ent ) = 50 mbar e<br />
u(∆p) = 8, 1 mbar.<br />
Desta forma, a incerteza expandida do h, calculada a partir da<br />
Eq. F.1 é apresentada em forma <strong>de</strong> porcentagem <strong>de</strong> h na Figura F.1<br />
para diferentes faixas <strong>de</strong> título <strong>de</strong> vapor.<br />
A Figura F.1 mostra que a incerteza calculada apresenta altos<br />
valores para x v > 0, 95, chegando próximo a 70% do valor <strong>de</strong> h, em<br />
alguns casos. Para x v < 0, 95 a incerteza não ultrapassa 35% do<br />
valor medido. Isso ocorre em função da pequena diferença entre as<br />
temperaturas do uido e da pare<strong>de</strong> do tubo, que para títulos muito<br />
elevados chega a ser <strong>de</strong> apenas 0, 5 o C.
222<br />
Figura F.1: Valores <strong>de</strong> incerteza padrão relativa para o coeciente <strong>de</strong><br />
transferência <strong>de</strong> calor por convecção em função do título <strong>de</strong> vapor.