a atualidade do pensamento de florestan fernandes e suas ...
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O número <strong>de</strong> pessoas submetidas ao trabalho escravo cresceu na região Centro-<br />
Oeste conforme da<strong>do</strong>s da CPT 11 . Em 2006 foram 1.078 ocorrências, que passaram para<br />
1.157 em 2007. O esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Goiás que em 2006 havia registra<strong>do</strong> 3 ocorrências com 113<br />
pessoas envolvidas, em 2007 registrou 8 ocorrências envolven<strong>do</strong> 441 trabalha<strong>do</strong>res. Em<br />
Mato Grosso, no ano <strong>de</strong> 2006 registrou-se 3 ocorrências com 39 pessoas envolvidas e em<br />
2007, 628 pessoas foram resgatadas em 9 ocorrências. O trabalho escravo também cresceu<br />
significativamente no Maranhão e no Piauí. Goiás também se <strong>de</strong>staca por ter aumenta<strong>do</strong> o<br />
número geral <strong>de</strong> conflitos, <strong>de</strong> 28 para 31 e <strong>de</strong> famílias envolvidas <strong>de</strong> 16.870 para 25.904.<br />
Carecemos <strong>de</strong> espaço neste breve artigo para problematizarmos com maior profundida<strong>de</strong><br />
estes da<strong>do</strong>s. Salientamos, contu<strong>do</strong>, o quão emblemático é este aumento em uma área<br />
prioritária para os projetos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> agronegócio no país.<br />
Sob o capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, a persistência <strong>de</strong> formas econômicas<br />
arcaicas não é uma função secundária e suplementar. A exploração<br />
<strong>de</strong>ssas formas, e a sua combinação com outras, mais ou menos mo<strong>de</strong>rnas<br />
e até ultramo<strong>de</strong>rnas, fazem parte <strong>do</strong> “cálculo capitalista” <strong>do</strong> agente<br />
econômico privilegia<strong>do</strong>. (...) Em conseqüência, o agente econômico<br />
“mais arcaico”, que não tem possibilida<strong>de</strong>s (ou só tem possibilida<strong>de</strong>s<br />
estreitas) <strong>de</strong> reinvestir uma parcela <strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte econômico em <strong>suas</strong><br />
unida<strong>de</strong>s produtivas (agrícolas, <strong>de</strong> criação, extrativas, etc.), preenche as<br />
funções econômicas que <strong>de</strong>correm <strong>de</strong> sua posição no sistema econômico:<br />
a) servir <strong>de</strong> elo entre o merca<strong>do</strong> interno e o merca<strong>do</strong> externo na captação<br />
<strong>de</strong> exce<strong>de</strong>nte econômico; b) alimentar uma pequena porção <strong>do</strong> merca<strong>do</strong><br />
interno com alto po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> consumo; c) servir <strong>de</strong> elo entre o “setor<br />
arcaico” e o “setor mo<strong>de</strong>rno” <strong>do</strong> sistema econômico, transferin<strong>do</strong> para o<br />
crescimento <strong>de</strong>ste último, indireta ou diretamente, parcelas substanciais<br />
<strong>do</strong> exce<strong>de</strong>nte econômico gera<strong>do</strong> no primeiro (e que não po<strong>de</strong>m ser<br />
reinvesti<strong>do</strong>s nele, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> produtivo, mantidas as condições <strong>de</strong><br />
articulação <strong>do</strong> sistema econômico). (FERNANDES, 1972, p. 53).<br />
O programa <strong>de</strong>senvolvimentista <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> governo <strong>de</strong> Lula da Silva aponta para a<br />
continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma agenda econômica que dita o ritmo social e político e impõe um<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> padrão <strong>de</strong> crescimento como caminho para geração <strong>de</strong> renda e diminuição das<br />
<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais. De fato, está claro que estimular o investimento em ativida<strong>de</strong>s<br />
produtivas através <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> infra-estrutura básica ten<strong>de</strong> a gerar um<br />
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Disponível em: http://www.cptnac.com.br/system=news&action=read&id=2108&eid=6 Acessa<strong>do</strong> em<br />
13/05/2008.