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a atualidade do pensamento de florestan fernandes e suas ...

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incremento das forças produtivas que reflete diretamente nos rendimentos <strong>de</strong> uma fração<br />

das classes que vivem <strong>do</strong> seu trabalho, todavia, no caso em questão, estes investimentos se<br />

farão em benefício <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> qual projeto político Po<strong>de</strong>mos indagar <strong>de</strong> outro<br />

mo<strong>do</strong>: estradas, ferrovias, portos, aeroportos, hidrelétricas e usinas nucleares têm si<strong>do</strong><br />

ergui<strong>do</strong>s para servir à reprodução <strong>do</strong>s grupos sociais diversos ou <strong>do</strong> capital<br />

Entre os <strong>de</strong>bates mais ar<strong>de</strong>ntes e ações governamentais mais recentes sem dúvidas<br />

está o da utilização <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s “combustíveis renováveis”, <strong>de</strong>ntre os quais <strong>de</strong>stacamos o<br />

etanol, pelo seu significa<strong>do</strong> e representações sociais e culturais que acompanham sua<br />

marcha, a saber: expulsão <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res (as) rurais <strong>de</strong> <strong>suas</strong> terras, precarização <strong>do</strong>s<br />

postos <strong>de</strong> trabalho restantes, uso irracional e privatização <strong>do</strong>s recursos naturais, intensa<br />

utilização <strong>de</strong> insumos e <strong>de</strong>fensivos agrícolas, concentração <strong>de</strong> terras e renda, crian<strong>do</strong> nexos<br />

com aquilo que compreen<strong>de</strong>mos como falha metabólica socieda<strong>de</strong>-natureza.<br />

Os argumentos favoráveis e os <strong>de</strong>bates centra<strong>do</strong>s nos “combustíveis renováveis”<br />

nublam as discussões sobre transportes públicos <strong>de</strong> massa, que po<strong>de</strong>riam transformar as<br />

vias urbanas e estradas e reduzir maciçamente as emissões <strong>de</strong> gases. Do mesmo mo<strong>do</strong>,<br />

camuflam as <strong>de</strong>sumanas relações neocoloniais <strong>de</strong> trabalho que acompanham o cultivo da<br />

cana-<strong>de</strong>-açúcar e que tem na figura <strong>do</strong> bóia-fria a expressão da miséria, <strong>do</strong> <strong>de</strong>srespeito e da<br />

grotesca exploração a que são submeti<strong>do</strong>s os que trabalham neste tipo <strong>de</strong> lavoura intensiva.<br />

Além, é claro, <strong>de</strong> privilegiar uma suposta primazia da técnica em <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões<br />

<strong>de</strong>mocráticas, resultantes <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> participação popular massiva.<br />

As metas estabelecidas pelo PAC nos dão indícios da <strong>de</strong>sregulamentação das ações<br />

<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> em favor <strong>do</strong>s grupos priva<strong>do</strong>s. O PAC prevê a flexibilização <strong>do</strong>s mecanismos <strong>de</strong><br />

controle necessários à proteção <strong>do</strong>s territórios, principalmente, mas não apenas, <strong>do</strong> já muito<br />

ameaça<strong>do</strong> e <strong>de</strong>lica<strong>do</strong> Bioma <strong>do</strong> Cerra<strong>do</strong>, área pre<strong>do</strong>minantemente plana e com abundantes<br />

recursos hídricos que renovam a cobiça <strong>do</strong> capital na região e que hoje concentra boa parte<br />

<strong>do</strong>s investimentos previstos para o setor sucroalcooleiro.<br />

Compreen<strong>de</strong>mos que as políticas energéticas <strong>de</strong> base agrícola, traçadas pelo<br />

governo fe<strong>de</strong>ral, continuam acompanhan<strong>do</strong> a lógica neoliberal explicitada nos fundamentos<br />

econômicos <strong>do</strong> PAC e centrada em noções <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> economicista sintetiza<strong>do</strong>s na ilusória<br />

fórmula “crescer para dividir”. Esta lógica centra-se não apenas na racionalida<strong>de</strong>

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