a atualidade do pensamento de florestan fernandes e suas ...
a atualidade do pensamento de florestan fernandes e suas ...
a atualidade do pensamento de florestan fernandes e suas ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
7<br />
com as burguesias das economias hegemônicas. (CARDOSO, 1997, p.<br />
4).<br />
O trabalho <strong>de</strong> Car<strong>do</strong>so nos chama atenção ainda para as reflexões que faz Florestan<br />
sobre o sistema <strong>de</strong> classes sociais que movimenta ou dinamiza o <strong>de</strong>senvolvimento<br />
capitalista, o que nos impele a refletirmos não apenas sobre a configuração econômica e<br />
seus efeitos, mas sobre seus agentes, ou seja, as classes que se antagonizam. Os homens nas<br />
socieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classes, para Car<strong>do</strong>so “fazem a história nas condições concretas que<br />
encontram e aí o seu agir é um agir <strong>de</strong> classe. (...) Portanto, a explicação da história se<br />
encontra nas relações <strong>de</strong> cooperação ou <strong>de</strong> luta entre as classes sociais”. (CARDOSO,<br />
1997, p. 2).<br />
Compreen<strong>de</strong>mos o assim chama<strong>do</strong> agronegócio como uma expressão atual da<br />
parceria histórica, explicada por Florestan, evi<strong>de</strong>nciada por uma aliança entre frações <strong>de</strong><br />
classes <strong>do</strong>minantes: a <strong>do</strong> gran<strong>de</strong> capital nacional com o hegemônico capital estrangeiro.<br />
Um aparente para<strong>do</strong>xo mantém as condições arcaicas e mo<strong>de</strong>rnas criadas e recriadas ao<br />
longo <strong>do</strong>s estágios <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> produção capitalista no Brasil.<br />
Triunfantes índices <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> e obscuras relações entre capitais que vêm e que vão,<br />
promovem e conferem ao merca<strong>do</strong> uma liberda<strong>de</strong> que convive com o trabalho escravo e<br />
permanente tensão e violência no campo, confirman<strong>do</strong> o que <strong>de</strong>stacadamente já nos<br />
chamava atenção Florestan quan<strong>do</strong> nos ensinava que:<br />
A vantagem <strong>do</strong> caso brasileiro é que ele permite levar em conta, na<br />
caracterização <strong>do</strong> regime <strong>de</strong> classes no mun<strong>do</strong> sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>, tanto os<br />
aspectos mais arcaicos quanto os aspectos mais mo<strong>de</strong>rnos da<br />
estratificação social condicionada pelo capitalismo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />
(FERNANDES, 1972, p. 49-50, Grifos <strong>do</strong> autor).<br />
Da exclu<strong>de</strong>nte Lei <strong>de</strong> Terras 3 e subseqüente institucionalização <strong>do</strong> trabalho livre<br />
(com a promulgação <strong>de</strong> 1888 e leis <strong>de</strong> imigração a partir <strong>de</strong> 1870) passan<strong>do</strong> pelos distintos<br />
3 Lei nº 601 <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 1850. Aos usuários era dada concessão <strong>de</strong> uso, as terras eram <strong>de</strong><br />
proprieda<strong>de</strong> da Coroa. Essa lei exigia um pagamento à Coroa para o registro legal das terras em cartórios<br />
oficiais. Assim, passam a ser proprietários os que tinham dinheiro para comprar a terra. (STÉDILE, 2000, p.<br />
177).