criando valores para todos - Growing Inclusive Markets
criando valores para todos - Growing Inclusive Markets
criando valores para todos - Growing Inclusive Markets
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Em geral, quando os pobres começam a realizar<br />
tarefas dentro de um modelo de negócio, os<br />
custos de transação <strong>para</strong> as empresas diminuem –<br />
ao mesmo tempo em que os pobres se beneficiam<br />
com aumento de renda, conhecimento,<br />
capacitação e posição social.<br />
Para alavancar o potencial dos pobres, é<br />
necessário atuar por meio de suas redes sociais.<br />
Uma comunidade é mais do que a soma de suas<br />
partes. Onde impera a miséria, leis formais e<br />
regulamentações, freqüentemente, são menos<br />
eficazes do que as regras informais impostas pela<br />
comunidade. Tais regras podem tornar viáveis os<br />
modelos de negócios inclusivos. Uma comunidade<br />
pode ajudar os seus membros a se ajudarem<br />
mutuamente – por exemplo, compartilhando<br />
recursos, cooperando <strong>para</strong> fornecer bens comuns<br />
(como poços artesianos, moinhos e escolas) e<br />
viabilizando estruturas <strong>para</strong> mecanismos de<br />
poupança, crédito e seguros. As empresas podem,<br />
de fato, contar com arranjos comunitários <strong>para</strong><br />
preencher certas lacunas existentes nos mercados<br />
dos pobres.<br />
Combinação de recursos e capacidades<br />
com outras instituições. Assim como muitos<br />
modelos empresariais, os de negócios inclusivos,<br />
geralmente, são bem-sucedidos quando se<br />
juntam a outros negócios através de parcerias de<br />
benefício mútuo e colaboração. Essa colaboração<br />
mútua também pode ser estabelecida com<br />
parceiros não tradicionais, como organizações<br />
não-governamentais e provedoras de serviços<br />
públicos. Dessa forma, as empresas podem ter<br />
acesso a capacidades complementares e reunir<br />
recursos <strong>para</strong> contornar ou remover restrições no<br />
ambiente do mercado.<br />
Ao combinar capacidades complementares<br />
com outras organizações, os modelos de negócios<br />
inclusivos podem oferecer mais do que uma<br />
empresa poderia oferecer sozinha. No Brasil,<br />
a Votorantim Celulose e Papel (VCP) queria<br />
oferecer acesso a crédito aos seus produtores de<br />
eucalipto de pequeno porte, mas com planos de<br />
pagamento que se ajustassem às suas condições<br />
de renda (sendo que o eucalipto é colhido<br />
apenas depois de sete anos). Como o crédito não<br />
estava disponível nesses termos, e não tendo a<br />
VCP nenhum interesse em oferecer serviços de<br />
crédito próprio, a companhia estabeleceu uma<br />
parceria com o Banco ABN AMRO Real. O banco<br />
agora fornece o crédito <strong>para</strong> os agricultores<br />
e o empréstimo é assegurado pela compra<br />
da madeira pela VCP. Os agricultores quitam<br />
seus empréstimos quando é feita a colheita da<br />
madeira. Em outros exemplos, organizações<br />
parceiras participam de <strong>todos</strong> os tipos de funções<br />
ao longo da cadeia de valor, da pesquisa de<br />
mercado ao fornecimento de serviços.<br />
A colaboração pode ainda ser baseada em<br />
esforços conjuntos e reunião de recursos <strong>para</strong><br />
o alcance de um objetivo comum. Na Índia, o<br />
acesso ao crédito, <strong>para</strong> empresas de pequeno<br />
e médio porte, era complicado pelo processo<br />
de avaliação: cada banco tinha de avaliar o<br />
risco do empréstimo por conta própria. O alto<br />
custo <strong>para</strong> avaliar os aplicantes fazia com que<br />
os bancos não tivessem interesse em lidar<br />
com empréstimos abaixo de certa quantia ou<br />
de certa taxa de juros. Sendo assim, vários<br />
bancos, dentre eles o ICICI Bank e o Standard<br />
Chartered, uniram-se <strong>para</strong> criar a Small and<br />
Medium Enterprises Rating Agency, uma agência<br />
de avaliação que categoriza o mérito de crédito<br />
de pequenas e médias empresas e fornece<br />
informação <strong>para</strong> <strong>todos</strong> os bancos ligados à<br />
agência. Com a redução do custo de avaliação<br />
desses clientes potenciais, o empréstimo<br />
<strong>para</strong> empresas menores, e com taxas de juros<br />
menores, torna-se um serviço lucrativo <strong>para</strong><br />
os bancos – aumentando o acesso ao crédito e<br />
ao mesmo tempo expandindo o mercado <strong>para</strong><br />
fornecedores de crédito.<br />
Engajamento no diálogo político com<br />
o governo. Dialogar sobre políticas de<br />
desenvolvimento é primordial <strong>para</strong> se fazerem<br />
negócios com os pobres e, apesar de que<br />
muito ainda precisa ser feito <strong>para</strong> se criar um<br />
ambiente favorável nesse sentido, as empresas<br />
são, em geral, as primeiras a agirem. Todas as<br />
cinco restrições de mercado identificadas neste<br />
relatório encontram-se mais ou menos dentro<br />
dos domínios da política pública. Em muitos<br />
dos estudos de caso, as empresas encontraram<br />
formas criativas de contornar ou eliminar os<br />
obstáculos – por exemplo, adaptando produtos<br />
<strong>para</strong> funcionarem com luz solar, investindo<br />
em educação e treinamento <strong>para</strong> a capacitação<br />
dos trabalhadores, atuando por meio de redes<br />
sociais <strong>para</strong> fazer valer contratos ou unindo-se a<br />
outras companhias <strong>para</strong> a auto-regulamentação.<br />
Entretanto, <strong>para</strong> certas empresas, torna-se mais<br />
complicado contornar ou eliminar as restrições<br />
de mercado através de iniciativas privadas. Neste<br />
caso, a estratégia mais comum é se engajar nos<br />
diálogos sobre políticas de desenvolvimento. O<br />
processo de formulação de políticas é complexo<br />
e contínuo, e as empresas podem fornecer<br />
informações relevantes sobre os problemas<br />
existentes e as suas possíveis soluções.<br />
Há casos em que os negócios inclusivos<br />
possuem objetivos razoavelmente limitados,<br />
como encorajar governos a fornecer bens ou<br />
serviços públicos de que eles necessitam <strong>para</strong><br />
operar em um local específico. Em casos assim,<br />
lidar individualmente com governos pode ser<br />
eficaz.<br />
VISÃO GERAL: Negócios com os pobres – <strong>criando</strong> <strong>valores</strong> <strong>para</strong> <strong>todos</strong><br />
9