criando valores para todos - Growing Inclusive Markets
criando valores para todos - Growing Inclusive Markets
criando valores para todos - Growing Inclusive Markets
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A penetração nos mercados pobres pode ainda<br />
garantir uma “licença <strong>para</strong> operar”, seja de uma<br />
comunidade local ou de todo um país, além de<br />
que lidar com stakeholders locais pode contribuir<br />
<strong>para</strong> a estabilização política e econômica de<br />
longo prazo do ambiente de negócios.<br />
Os mercados da base da pirâmide variam<br />
de forma significativa de acordo com localidades<br />
e setores. The Next 4 Billion, uma publicação<br />
revolucionária do Instituto de Recursos Mundiais<br />
e da Corporação Financeira Internacional,<br />
detalha o tamanho desses mercados por setores<br />
(figura 1.2), regiões e países. Entretanto, <strong>todos</strong><br />
os mercados da base da pirâmide sofrem pelo<br />
não atendimento às necessidades de bens e<br />
serviços. Os ricos têm inúmeras maneiras de<br />
gastar o seu dinheiro, os pobres não; mesmo<br />
assim, os pobres estão dispostos a pagar por<br />
bens e serviços básicos e são capazes de fazê-lo,<br />
muitas vezes, a um preço mais alto. Os habitantes<br />
das favelas de Jacarta, Manila e Nairóbi pagam<br />
de 5 a 10 vezes mais por água do que os<br />
habitantes das áreas abastadas dessas cidades<br />
– e mais do que os consumidores em Londres<br />
e Nova York. 20 O “castigo da pobreza” é similar<br />
<strong>para</strong> crédito, serviços de saúde e fornecimento<br />
de energia.<br />
Alguns modelos de negócios inclusivos<br />
servem a interesses estratégicos de longo prazo<br />
ao gerar demanda e criar novos mercados. A<br />
Tsinghua Tongfang, uma companhia chinesa<br />
de computadores, que investe no mercado<br />
rural, está desenvolvendo soluções de software<br />
e hardware <strong>para</strong> 900 milhões de agricultores<br />
chineses, oferecendo benefícios específicos, tais<br />
como informação sobre meteorologia e mé<strong>todos</strong><br />
de cultivo produtivos. Jun Li, vice-administrador<br />
geral do departamento de computação, explica:<br />
“Com base na nossa pesquisa de mercado,<br />
acreditamos que o que os fazendeiros realmente<br />
precisam não é simplesmente de um computador<br />
barato, mas sim de um conjunto de soluções<br />
<strong>para</strong> problemas que eles enfrentam no trabalho<br />
e no seu dia-a-dia. Precisamos, na verdade,<br />
pensar sobre como os nossos computadores<br />
podem tornar suas vidas mais fáceis, em vez<br />
de simplesmente tentar fazê-los comprar<br />
computadores”.<br />
Expandindo a reserva de mão-de-obra.<br />
Companhias manufatureiras estão transferindo<br />
ou terceirizando a sua produção <strong>para</strong> tirar<br />
vantagem dos preços mais baratos da mão-deobra<br />
em países pobres. A China e outros países<br />
da Ásia se tornaram as linhas de montagem<br />
do mundo. Com treinamento, os pobres<br />
podem fornecer produtos de alta qualidade. A<br />
Denmor Garment Manufacturers, na Guiana,<br />
emprega, em sua maioria, mulheres com fraco<br />
conhecimento e experiência. O bom treinamento<br />
dessa força de trabalho colocou a companhia<br />
em um nicho de alta qualidade com uma cadeia<br />
de produção altamente flexível. Indústrias da<br />
área de alimentos, moda e turismo também<br />
podem se valer das habilidades culturais dos<br />
pobres como funcionários, desenvolvendo novos<br />
produtos com propostas de <strong>valores</strong> únicos <strong>para</strong><br />
consumidores com rendas mais altas – tanto nos<br />
mercados domésticos quanto através de canais<br />
de exportação. 21 Para os negócios focados nos<br />
consumidores menos favorecidos, a contratação<br />
dos pobres <strong>para</strong> cargos de vendas, manutenção<br />
ou cobrança também pode ser uma boa idéia –<br />
permitindo que a própria empresa desenvolva o<br />
seu conhecimento e a sua rede de contatos locais.<br />
Fortalecendo a cadeia de suprimentos. Muitas<br />
empresas estão comprando de outras firmas<br />
quotas significativas da sua entrada de bens e<br />
serviços. Incorporar os pobres nas cadeias de<br />
valor dos negócios, como produtores agrícolas ou<br />
como fornecedores de bens e serviços, aumenta<br />
o campo de atuação das empresas em países em<br />
desenvolvimento, permitindo a redução de custos<br />
e aprimorando a sua flexibilidade através de<br />
aquisições locais. Esse campo de atuação tende<br />
a ser ampliado conforme os negócios locais se<br />
tornem mais especializados ou passem a produzir<br />
artigos com mais exigências de habilidades, tais<br />
como componentes de produção ou serviços<br />
empresariais. 22<br />
Com a maioria dos pobres do mundo<br />
trabalhando na agricultura, as empresas estão<br />
explorando meios de reduzir custos e aumentar<br />
a qualidade, diversidade e consistência no<br />
fornecimento de produtos<br />
Figura 1.2. Como os consumidores<br />
pobres gastam o seu dinheiro<br />
Água<br />
TIC<br />
Saúde<br />
Transporte<br />
Habitação<br />
Energia<br />
Outros<br />
Alimentação<br />
Nota: Define-se aqui consumidores pobres como aqueles vivendo com menos de $8 por dia.<br />
Fonte: Adaptação de Hammond e outros, 2007.<br />
CAPÍTULO 1. OPORTUNIDADES PARA AS EMPRESAS - E PARA OS POBRES<br />
19