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O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS HUMANOS Artigo<<strong>br</strong> />

O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO<<strong>br</strong> />

DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS<<strong>br</strong> />

HUMANOS<<strong>br</strong> />

Daniela Muscari Scacchetti *<<strong>br</strong> />

Artigo recebido em 14/09/2011<<strong>br</strong> />

Artigo <strong>de</strong> autora convidada<<strong>br</strong> />

RESUMO: Este artigo apresenta um <strong>br</strong>eve<<strong>br</strong> />

panorama <strong>sob</strong>re a questão do Tráfico <strong>de</strong> Pessoas<<strong>br</strong> />

(TP) <strong>sob</strong> a ótica dos Direitos Humanos. O<<strong>br</strong> />

texto trata das três fases através das quais o TP<<strong>br</strong> />

é cometido: recrutamento, transporte e exploração.<<strong>br</strong> />

Após, com base no Protocolo <strong>de</strong> Palermo,<<strong>br</strong> />

retrata as finalida<strong>de</strong>s do TP: exploração sexual,<<strong>br</strong> />

do trabalho e para remoção <strong>de</strong> órgãos. Além<<strong>br</strong> />

disso, são analisados sucintamente os eixos para<<strong>br</strong> />

o enfrentamento <strong>de</strong>sse fenômeno - prevenção,<<strong>br</strong> />

repressão e atendimento às vítimas. E, por fim, o<<strong>br</strong> />

artigo apresenta os <strong>de</strong>safios para o combate <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />

grave violação <strong>de</strong> direitos humanos.<<strong>br</strong> />

Palavras-chave: Tráfico <strong>de</strong> Pessoas. Direitos<<strong>br</strong> />

Humanos. Protocolo <strong>de</strong> Palermo. Análise.<<strong>br</strong> />

ABSTRACT: A concepção contemporânea <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

direitos humanos, introduzida pela Declaração<<strong>br</strong> />

Universal <strong>de</strong> Direitos Humanos 1 , consagra a<<strong>br</strong> />

universalida<strong>de</strong>, a indivisibilida<strong>de</strong> e a inter<strong>de</strong>pendência<<strong>br</strong> />

dos mesmos, reafirmando que todo ser<<strong>br</strong> />

humano é sujeito <strong>de</strong> direitos. O tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong><<strong>br</strong> />

representa uma das mais graves violações dos<<strong>br</strong> />

direitos humanos civis, políticos, econômicos,<<strong>br</strong> />

sociais e culturais, pois retira da vítima a própria<<strong>br</strong> />

condição <strong>de</strong> pessoa humana ao tratá-la como um<<strong>br</strong> />

objeto, um produto, uma simples mercadoria.<<strong>br</strong> />

Keywords: Trafficking in Persons. Humans<<strong>br</strong> />

Rights. Palermo Protocol. Analysis.<<strong>br</strong> />

* Defensora Pública Fe<strong>de</strong>ral Regional em São Paulo, Especialista em Direitos Humanos, Mestre em Crime e Justiça Internacional pela Universida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Torino (Itália) e pelo UNICRI (United Nations Interregional Crime and Justice Research Institute)<<strong>br</strong> />

Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011<<strong>br</strong> />

25


SCACCHETTI, D. M.<<strong>br</strong> />

A Organização das Nações Unidas <strong>de</strong>fine<<strong>br</strong> />

o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> como “o recrutamento, o<<strong>br</strong> />

transporte, a transferência, o alojamento ou o<<strong>br</strong> />

acolhimento <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, recorrendo à ameaça<<strong>br</strong> />

ou uso da força ou a outras formas <strong>de</strong> coação, ao<<strong>br</strong> />

rapto, à frau<strong>de</strong>, ao engano, ao abuso <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ou à situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> ou à entrega<<strong>br</strong> />

ou aceitação <strong>de</strong> pagamentos ou benefícios para<<strong>br</strong> />

obter o consentimento <strong>de</strong> uma pessoa que tenha<<strong>br</strong> />

autorida<strong>de</strong> <strong>sob</strong>re outra para fins <strong>de</strong> exploração”,<<strong>br</strong> />

nos termos do chamado Protocolo <strong>de</strong> Parlemo 2 .<<strong>br</strong> />

Numa <strong>de</strong>finição mais simplificada, consiste no<<strong>br</strong> />

aliciamento e no transporte <strong>de</strong> seres humanos,<<strong>br</strong> />

utilizando-se <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> coerção, como a força,<<strong>br</strong> />

a frau<strong>de</strong>, o abuso da situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ou outras, com o propósito <strong>de</strong> explorá-los 3 . Desse<<strong>br</strong> />

conceito é possível extrair as principais fases do<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, quais sejam, o recrutamento,<<strong>br</strong> />

o transporte e a exploração.<<strong>br</strong> />

Em relação ao recrutamento, um dos pontos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> maior discussão na <strong>de</strong>finição do tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> está relacionado ao consentimento da<<strong>br</strong> />

vítima. É essencial notar que as <strong>org</strong>anizações<<strong>br</strong> />

criminosas se valem <strong>de</strong> um certo grau <strong>de</strong> “colaboração<<strong>br</strong> />

da vítima” para a execução das fases<<strong>br</strong> />

do <strong>de</strong>lito, principalmente para o aliciamento 4 .<<strong>br</strong> />

No entanto, conforme o texto do Protocolo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Palermo, o consentimento da vítima é irrelevante<<strong>br</strong> />

para a caracterização do fato como tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o perpetrador se utilize <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ameaça, força, coação, rapto, frau<strong>de</strong>, engano,<<strong>br</strong> />

abuso <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong>, pagamentos, benefícios<<strong>br</strong> />

ou se aproveite da situação <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

da vítima 5 .<<strong>br</strong> />

Cumpre salientar que, neste ponto, a Política<<strong>br</strong> />

Nacional <strong>de</strong> Enfrentamento ao Tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Pessoas <strong>br</strong>asileira confere grau <strong>de</strong> proteção ainda<<strong>br</strong> />

maior à vítima, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rando o seu consentimento<<strong>br</strong> />

em qualquer circunstância 6 . Assim, ainda<<strong>br</strong> />

que a vítima não se oponha ao recrutamento e ao<<strong>br</strong> />

transporte e concor<strong>de</strong> em ser explorada, restará<<strong>br</strong> />

configurado o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. Tal disposição<<strong>br</strong> />

se a<strong>de</strong>qua à necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respeito à dignida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

como um direito humano fundamental, refletindo<<strong>br</strong> />

um visão mais avançada e humanitária em relação<<strong>br</strong> />

àquela constante do Protocolo <strong>de</strong> Parlemo.<<strong>br</strong> />

Quanto ao transporte, o mesmo po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

realizado <strong>de</strong>ntro ou fora dos limites do país,<<strong>br</strong> />

caracterizando o tráfico como interno ou externo.<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e essa questão, é essencial a sua<<strong>br</strong> />

diferenciação do contrabando <strong>de</strong> migrantes. Este<<strong>br</strong> />

último se refere à promoção da entrada ilegal<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> num país do qual elas não sejam<<strong>br</strong> />

nacionais ou resi<strong>de</strong>ntes permanentes, com o<<strong>br</strong> />

objetivo <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> benefício financeiro ou<<strong>br</strong> />

material. 7 Assim, no contrabando, o migrante<<strong>br</strong> />

paga <strong>de</strong>terminado valor e o contrabandista, em<<strong>br</strong> />

troca, fornece auxílio para o ingresso em um<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminado país, sem a exploração da pessoa.<<strong>br</strong> />

Nesse caso, o migrante também é consi<strong>de</strong>rado<<strong>br</strong> />

criminoso. 8 Cumpre salientar, todavia, que pelo<<strong>br</strong> />

fato <strong>de</strong> serem fenômenos próximos, em alguns<<strong>br</strong> />

casos se confun<strong>de</strong>m, po<strong>de</strong>ndo haver a ocorrência<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> ambas as situações.<<strong>br</strong> />

Por fim, a última fase é a exploração da<<strong>br</strong> />

vítima, o que consiste no propósito primordial do<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. De acordo com o Protocolo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Palermo, a exploração po<strong>de</strong> ter finalida<strong>de</strong> sexual,<<strong>br</strong> />

laboral ou para a remoção <strong>de</strong> órgãos. A diferença<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> cada uma das finalida<strong>de</strong>s do<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> é essencial para o seu enfrentamento<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quado e racional, pois as medidas para<<strong>br</strong> />

prevenir o crime, resgatar as vítimas e punir os<<strong>br</strong> />

criminosos variam <strong>de</strong> acordo com cada situação.<<strong>br</strong> />

Tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> para exploração<<strong>br</strong> />

sexual.<<strong>br</strong> />

O Protocolo <strong>de</strong> Palermo prevê como a primeira<<strong>br</strong> />

finalida<strong>de</strong> do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> a “exploração<<strong>br</strong> />

da prostituição <strong>de</strong> outrem ou outras formas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

exploração sexual” 9 . Muitos estudiosos criticam<<strong>br</strong> />

o dispositivo em virtu<strong>de</strong> da sua imprecisão,<<strong>br</strong> />

uma vez que não fornece subsídios para a sua<<strong>br</strong> />

compreensão clara. No entanto, tal inexatidão é<<strong>br</strong> />

resultado da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> entendimento entre os<<strong>br</strong> />

Estados-mem<strong>br</strong>os das Nações Unidas por força<<strong>br</strong> />

dos diferentes posicionamentos envolvidos acerca<<strong>br</strong> />

do tema. Assim, a previsão ampla e genérica<<strong>br</strong> />

teve o objetivo <strong>de</strong> permitir que cada Estado-parte<<strong>br</strong> />

integrasse e interpretasse a norma conforme as<<strong>br</strong> />

especificida<strong>de</strong>s da sua legislação interna 10 .<<strong>br</strong> />

Em relação às vítimas <strong>de</strong>ssa espécie <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tráfico, a maioria “vão para a Europa iludidas por<<strong>br</strong> />

promessas <strong>de</strong> emprego, bons salários, estudos e,<<strong>br</strong> />

26 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011


O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS HUMANOS<<strong>br</strong> />

em algumas vezes, até casamento, sem ter qualquer<<strong>br</strong> />

idéia dos riscos que corriam. Ao chegarem<<strong>br</strong> />

ao <strong>de</strong>stino, têm os seus passaportes confiscados e<<strong>br</strong> />

são o<strong>br</strong>igadas a trabalhar como prostitutas, tendo<<strong>br</strong> />

que pagar enormes quantias para saldar pretensas<<strong>br</strong> />

dívidas relativas às suas passagens, comida,<<strong>br</strong> />

vestuário, estadia, etc. Diante disso, torna-se<<strong>br</strong> />

impossível fazer qualquer economia para se<<strong>br</strong> />

libertar <strong>de</strong>ssa situação e voltar para casa. Estas<<strong>br</strong> />

mulheres não conhecem seus direitos no país<<strong>br</strong> />

estrangeiro e, para agravar a situação, geralmente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sconhecem o idioma local. Vivem com medo,<<strong>br</strong> />

ficam vulneráveis, abandonadas e são abusadas<<strong>br</strong> />

como escravas mo<strong>de</strong>rnas.” 11<<strong>br</strong> />

Um dos mais graves complicadores do<<strong>br</strong> />

enfrentamento ao tráfico para a exploração sexual,<<strong>br</strong> />

segundo José Gregori, é “o enfoque dado<<strong>br</strong> />

à prostituição pela indústria do entretenimento e<<strong>br</strong> />

pelo incentivo ao consumismo que, comprovadamente,<<strong>br</strong> />

afeta a percepção do jovem <strong>de</strong> si mesmo e<<strong>br</strong> />

do mundo ao seu redor. Deixa-se <strong>de</strong> lado qualquer<<strong>br</strong> />

reflexão e postura crítica e se incentiva a prática<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> venda do próprio corpo para auferir ganhos<<strong>br</strong> />

‘fáceis’ e obter status financeiro e padrão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

vida elevado”. Além disso, o jurista consi<strong>de</strong>ra<<strong>br</strong> />

que entre os jovens com diferentes preferências<<strong>br</strong> />

sexuais (GLBT) a ausência <strong>de</strong> apoio da família<<strong>br</strong> />

e o preconceito social levam à prostituição e<<strong>br</strong> />

facilitam a atuação <strong>de</strong> aliciadores. Muitas vezes,<<strong>br</strong> />

as promessas incluem ajuda para a mudança <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

sexo, e o sofrimento acaba por <strong>de</strong>vastar a saú<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

física e mental do jovem. 12<<strong>br</strong> />

Nesse sentido, o fato <strong>de</strong> pesquisas indicarem<<strong>br</strong> />

que a maioria das vítimas traficadas expressavam<<strong>br</strong> />

algum <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> migrar e, em alguns<<strong>br</strong> />

casos, consentiram com o fato <strong>de</strong> que exerceriam<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong> relacionada à prostituição, não significa<<strong>br</strong> />

que está afastada a configuração do tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>. É importante observar também que as<<strong>br</strong> />

vítimas normalmente acabam sofrendo violência,<<strong>br</strong> />

maus-tratos, privações, ameaças, cárcere privado.<<strong>br</strong> />

Assim, o crime subsiste ainda que haja o consentimento<<strong>br</strong> />

da vítima, em respeito à dignida<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

inalienável direto humano, inerente à condição<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> pessoa.<<strong>br</strong> />

A prostituição é uma ativida<strong>de</strong> que expõe<<strong>br</strong> />

o trabalhador a riscos físicos e <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, bem<<strong>br</strong> />

como ao preconceito. A maioria dos países não<<strong>br</strong> />

reconhece a prostituição como trabalho e não<<strong>br</strong> />

exerce <strong>sob</strong>re a mesma nenhum controle ou regulamentação,<<strong>br</strong> />

tornando a ativida<strong>de</strong> uma das mais<<strong>br</strong> />

marginalizadas do setor informal e possibilitando<<strong>br</strong> />

diversas formas <strong>de</strong> exploração e violência. Além<<strong>br</strong> />

disso, a <strong>de</strong>manda por sexo barato e por biótipos<<strong>br</strong> />

exóticos estimula a busca <strong>de</strong> homens ou mulheres<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> diferentes localida<strong>de</strong>s, fortalecendo a re<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

criminosa do tráfico para exploração sexual 13 .<<strong>br</strong> />

So<strong>br</strong>e a questão da prostituição e a melhor<<strong>br</strong> />

solução a ser adotada para a proteção das vítimas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, há uma discussão acirrada<<strong>br</strong> />

entre os que <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>m a regulamentação da<<strong>br</strong> />

ativida<strong>de</strong> e os que se posicionam pela sua proibição.<<strong>br</strong> />

Um dos argumentos levantados é <strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />

a proibição po<strong>de</strong> contribuir para o enfrentamento<<strong>br</strong> />

ao tráfico na medida em que torna ilícita também<<strong>br</strong> />

a ativida<strong>de</strong>-fim, facilitando o seu combate sem<<strong>br</strong> />

haver a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distinção entre a pessoa<<strong>br</strong> />

que trabalha <strong>de</strong> maneira voluntária e aquela que é<<strong>br</strong> />

ameaçada por um ofensor, ou seja, ambas <strong>de</strong>vem<<strong>br</strong> />

ser protegidas e afastadas <strong>de</strong> tal ativida<strong>de</strong>. Por<<strong>br</strong> />

outro lado, movimentos <strong>de</strong> mulheres afirmam que<<strong>br</strong> />

a criminalização da prostituição aumenta ainda<<strong>br</strong> />

mais a violência que as vítimas experimentam<<strong>br</strong> />

nas mãos <strong>de</strong> criminosos e funcionários públicos,<<strong>br</strong> />

além <strong>de</strong> fixar o “triplo estigma <strong>de</strong> criminosa,<<strong>br</strong> />

prostituta e imigrante” o qual intensifica o <strong>de</strong>srespeito<<strong>br</strong> />

aos direitos humanos14.<<strong>br</strong> />

Outro ponto a ser mencionado no enfrentamento<<strong>br</strong> />

ao tráfico para a exploração sexual se<<strong>br</strong> />

refere ao preconceito e aos estereótipos que<<strong>br</strong> />

formam um po<strong>de</strong>roso obstáculo para o sucesso<<strong>br</strong> />

das políticas <strong>de</strong> prevenção e repressão. O preconceito<<strong>br</strong> />

impe<strong>de</strong> que a vítima seja vista como<<strong>br</strong> />

ser humano e por isso é tratada como um objeto,<<strong>br</strong> />

sendo consi<strong>de</strong>rada como pertencente a uma “outra<<strong>br</strong> />

categoria” <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. A complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa<<strong>br</strong> />

problemática resi<strong>de</strong> no fato <strong>de</strong> que o preconceito<<strong>br</strong> />

não é <strong>de</strong>monstrado apenas pelos ofensores, mas<<strong>br</strong> />

se alastra por toda a socieda<strong>de</strong>, englobando<<strong>br</strong> />

autorida<strong>de</strong>s, testemunhas, usuários <strong>de</strong> serviços<<strong>br</strong> />

e chegando, inclusive, à família, amigos e até a<<strong>br</strong> />

própria vítima que acaba por se ver como uma<<strong>br</strong> />

criminosa.<<strong>br</strong> />

O “Relatório Global <strong>sob</strong>re Tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Pessoas” do UNODC (United Nations Office<<strong>br</strong> />

on Drugs and Crime) 15 , indica que a exploração<<strong>br</strong> />

Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011<<strong>br</strong> />

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SCACCHETTI, D. M.<<strong>br</strong> />

sexual é a finalida<strong>de</strong> mais comum do tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> perpetrado em todo o mundo, atingindo<<strong>br</strong> />

quase 80% do total <strong>de</strong> vítimas. Além disso, o<<strong>br</strong> />

mesmo documento <strong>de</strong>monstra que o tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> movimenta anualmente 32 bilhões <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dólares, sendo que, <strong>de</strong>sse valor, 85% provém da<<strong>br</strong> />

exploração sexual.<<strong>br</strong> />

Em outro relatório 16 , publicado em 2010,<<strong>br</strong> />

a ONU estima que 70 mil <strong>pessoas</strong> sejam traficadas<<strong>br</strong> />

por ano apenas para a Europa. Na América<<strong>br</strong> />

do Sul o comércio <strong>de</strong> seres humanos ainda está<<strong>br</strong> />

concentrado em alguns países, mas tem ocorrido<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> maneira intensa em tais locais. As vítimas<<strong>br</strong> />

sul-americanas têm como principais países <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>stino a Espanha, Itália, Portugal, França, Holanda,<<strong>br</strong> />

Alemanha, Áustria e Suíça. A maior parte<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ssas <strong>pessoas</strong> é direcionada para a exploração<<strong>br</strong> />

sexual e inclui transgêneros, sendo que, <strong>de</strong>ntre<<strong>br</strong> />

os sul-americanos, os <strong>br</strong>asileiros são os mais<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>tectados na Europa.<<strong>br</strong> />

No Brasil, a “Pesquisa <strong>sob</strong>re Tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Mulheres, Crianças e Adolescentes para fins <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Exploração Sexual Comercial – PESTRAF”,<<strong>br</strong> />

maior levantamento já realizado <strong>sob</strong>re o tema,<<strong>br</strong> />

indica estatísticas importantes para a análise do<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> para a exploração sexual. A<<strong>br</strong> />

PESTRAF concluiu que no tráfico internacional,<<strong>br</strong> />

o número <strong>de</strong> mulheres adultas supera o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

adolescentes, sendo que das 131 rotas internacionais<<strong>br</strong> />

i<strong>de</strong>ntificadas, 120 lidam com o tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> mulheres para outros países como Espanha,<<strong>br</strong> />

Holanda, Venezuela, Itália, Portugal, Paraguai,<<strong>br</strong> />

Suíça, Estados Unidos, Alemanha e Suriname.<<strong>br</strong> />

Já pelas rotas intermunicipais e interestaduais,<<strong>br</strong> />

predomina o número <strong>de</strong> adolescentes traficadas,<<strong>br</strong> />

que também po<strong>de</strong>m chegar até as fronteiras e<<strong>br</strong> />

serem levadas para outros países da América do<<strong>br</strong> />

Sul, principalmente Venezuela, Guiana Francesa,<<strong>br</strong> />

Paraguai, Bolívia, Peru, Argentina e Suriname.<<strong>br</strong> />

Tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> para exploração<<strong>br</strong> />

do trabalho.<<strong>br</strong> />

Inicialmente, para a análise <strong>de</strong>ssa finalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, faz-se necessária a<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>finição dos elementos previstos no Protocolo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Palermo – o “trabalho ou serviços forçados,<<strong>br</strong> />

escravatura ou práticas similares à escravatura” e<<strong>br</strong> />

“servidão”. Tais práticas po<strong>de</strong>m ser encontradas<<strong>br</strong> />

como formas <strong>de</strong> exploração laboral do tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>, mas também são institutos autônomos<<strong>br</strong> />

previstos nos tratados internacionais como violadoras<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> direitos humanos.<<strong>br</strong> />

O trabalho forçado consiste em “todo trabalho<<strong>br</strong> />

ou serviço exigido <strong>de</strong> uma pessoa <strong>sob</strong> a ameaça<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> sanção e para o qual não se tenha oferecido<<strong>br</strong> />

espontaneamente” 17 . É importante ressaltar que<<strong>br</strong> />

tal ativida<strong>de</strong> contém o elemento da imposição<<strong>br</strong> />

por parte do ofensor e da execução involuntária<<strong>br</strong> />

por parte da vítima, não se caracterizando apenas<<strong>br</strong> />

por baixos salários ou más condições <strong>de</strong> trabalho.<<strong>br</strong> />

A sanção, normalmente, consiste em violência,<<strong>br</strong> />

confinamento, ameaça <strong>de</strong> morte ao trabalhador<<strong>br</strong> />

e a seus familiares, confisco dos documentos<<strong>br</strong> />

pessoais, po<strong>de</strong>ndo assumir natureza psicológica<<strong>br</strong> />

ou financeira 18.<<strong>br</strong> />

A escravidão, por sua vez, é uma forma específica<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> trabalho forçado e consiste no “estado<<strong>br</strong> />

ou a condição <strong>de</strong> um indivíduo <strong>sob</strong>re o qual se<<strong>br</strong> />

exercem todos ou parte dos po<strong>de</strong>res atribuídos<<strong>br</strong> />

ao direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>” 19 . Neste sentido, a situação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> dominação <strong>de</strong> uma pessoa <strong>sob</strong>re outra<<strong>br</strong> />

ou <strong>de</strong> um grupo <strong>sob</strong>re outro é permanente e po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

se basear, inclusive, na <strong>de</strong>scendência.<<strong>br</strong> />

A servidão é uma das práticas análogas à<<strong>br</strong> />

escravidão, conforme a Convenção Suplementar<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>re a Abolição da Escravatura 20 , po<strong>de</strong>ndo ser<<strong>br</strong> />

caracterizada por diferentes ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ntre<<strong>br</strong> />

elas “a condição <strong>de</strong> qualquer um que seja o<strong>br</strong>igado<<strong>br</strong> />

pela lei, pelo costume ou por um acordo, a<<strong>br</strong> />

viver e trabalhar numa terra pertencente a outra<<strong>br</strong> />

pessoa e a fornecer a essa outra pessoa, contra<<strong>br</strong> />

remuneração ou gratuitamente, <strong>de</strong>terminados<<strong>br</strong> />

serviços, sem po<strong>de</strong>r mudar sua condição” ou<<strong>br</strong> />

“toda instituição ou prática em virtu<strong>de</strong> da qual<<strong>br</strong> />

(…) [u]ma mulher é, sem que tenha o direito<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> recusa prometida ou dada em casamento,<<strong>br</strong> />

mediante remuneração em dinheiro ou espécie<<strong>br</strong> />

entregue a seus pais, tutor, família ou a qualquer<<strong>br</strong> />

outra pessoa ou grupo <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>”.<<strong>br</strong> />

No tocante à forma <strong>de</strong> atuação dos perpetradores,<<strong>br</strong> />

o relatório “Uma aliança global contra<<strong>br</strong> />

o trabalho forçado” 21 elaborado pela OIT salienta<<strong>br</strong> />

que o “endividamento induzido é um po<strong>de</strong>roso<<strong>br</strong> />

meio <strong>de</strong> coerção, reforçado por ameaças <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

28 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011


O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS HUMANOS<<strong>br</strong> />

violência ou <strong>de</strong> castigos contra trabalhadores<<strong>br</strong> />

vítimas do trabalho forçado ou suas famílias”.<<strong>br</strong> />

Além disso, “a precarieda<strong>de</strong> da situação legal <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

milhões <strong>de</strong> migrantes, mulheres e homens, tornaos<<strong>br</strong> />

particularmente vulneráveis à coação, tendo<<strong>br</strong> />

em vista a ameaça adicional e sempre presente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncia às autorida<strong>de</strong>s”.<<strong>br</strong> />

Conforme já explanado, o Protocolo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Palermo prevê que o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> subsiste<<strong>br</strong> />

ainda que a vítima tenha consentido. No tocante<<strong>br</strong> />

ao tráfico com objetivo <strong>de</strong> exploração laboral,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve-se analisar o caso conforme as opções que<<strong>br</strong> />

o trabalhador possuía na ocasião, ou seja, “se o<<strong>br</strong> />

trabalhador tinha apenas uma opção, a do trabalho<<strong>br</strong> />

forçado, então não há opção”, não po<strong>de</strong>ndo,<<strong>br</strong> />

nesses casos, sequer ser consi<strong>de</strong>rado como consentimento<<strong>br</strong> />

a aceitação da situação pela vítima 22.<<strong>br</strong> />

É interessante verificar que o século XXI<<strong>br</strong> />

tem apresentado níveis recor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> imigração,<<strong>br</strong> />

com mais <strong>de</strong> 200 milhões <strong>de</strong> migrantes no mundo<<strong>br</strong> />

todo. Aproximadamente 55% dos migrantes<<strong>br</strong> />

internacionais vivem em países em <strong>de</strong>senvolvimento,<<strong>br</strong> />

sendo que a proporção em relação à população<<strong>br</strong> />

total tem se mantido estável. No entanto,<<strong>br</strong> />

nos países <strong>de</strong>senvolvidos, que a<strong>br</strong>igam cerca <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

45% dos migrantes internacionais, a porcentagem<<strong>br</strong> />

em comparação à população duplicou 23. Isso<<strong>br</strong> />

confirma que os países <strong>de</strong>senvolvidos são pólos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> atração para os imigrantes.<<strong>br</strong> />

Ainda, em relação às estatísticas dos fluxos<<strong>br</strong> />

migratórios, no Brasil, os imigrantes estrangeiros<<strong>br</strong> />

registrados, em situação migratória regular,<<strong>br</strong> />

somam pouco mais <strong>de</strong> 1.250.000, enquanto que<<strong>br</strong> />

os imigrantes irregulares chegam a um pouco<<strong>br</strong> />

mais <strong>de</strong> 2 milhões, o que representa quase 1%<<strong>br</strong> />

da população total do país.<<strong>br</strong> />

Quanto aos números <strong>de</strong> vítimas traficadas<<strong>br</strong> />

para a exploração do trabalho, é interessante<<strong>br</strong> />

observar que nos países industrializados e em<<strong>br</strong> />

transição, mais <strong>de</strong> 75% do total <strong>de</strong> trabalhadores<<strong>br</strong> />

forçados são vítimas do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. A<strong>de</strong>mais,<<strong>br</strong> />

comparando-se essa modalida<strong>de</strong> com as<<strong>br</strong> />

outras formas <strong>de</strong> proveito, em certas regiões da<<strong>br</strong> />

América do Sul e da Índia, o número <strong>de</strong> vítimas<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ssa forma <strong>de</strong> tráfico é maior do que da exploração<<strong>br</strong> />

sexual. Além disso, em alguns países da<<strong>br</strong> />

África, a única forma <strong>de</strong> tráfico i<strong>de</strong>ntificada pelas<<strong>br</strong> />

autorida<strong>de</strong>s é aquela direcionada para o trabalho<<strong>br</strong> />

forçado 24 . Quanto ao trabalho infantil, a OIT 25<<strong>br</strong> />

calcula que há mais <strong>de</strong> 5,7 milhões <strong>de</strong> crianças<<strong>br</strong> />

vítimas <strong>de</strong> exploração do trabalho no mundo.<<strong>br</strong> />

No Brasil, há muitos casos <strong>de</strong> tráfico para<<strong>br</strong> />

fins <strong>de</strong> trabalho escravo perpetrado contra bolivianos,<<strong>br</strong> />

peruanos, paraguaios e equatorianos,<<strong>br</strong> />

principalmente, em oficinas <strong>de</strong> costura localizadas<<strong>br</strong> />

no Estado <strong>de</strong> São Paulo. A quantida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

crescente <strong>de</strong>ssa violação fez com que a ONU<<strong>br</strong> />

classificasse como “extremamente elevados<<strong>br</strong> />

os números <strong>de</strong> vítimas <strong>de</strong> tráfico para trabalho<<strong>br</strong> />

escravo e forçado no Brasil.” 26<<strong>br</strong> />

Tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> para remoção <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

órgãos.<<strong>br</strong> />

A terceira finalida<strong>de</strong> do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong><<strong>br</strong> />

prevista no Protocolo <strong>de</strong> Palermo consiste na<<strong>br</strong> />

remoção <strong>de</strong> órgãos para a sua comercialização.<<strong>br</strong> />

O tráfico <strong>de</strong> órgãos tem como principal fator a<<strong>br</strong> />

insuficiência das doações em relação à <strong>de</strong>manda<<strong>br</strong> />

por transplantes, transformando os corpos humanos<<strong>br</strong> />

em produtos caros. Pessoas doentes que<<strong>br</strong> />

necessitam da doação <strong>de</strong> um órgão, mas que não<<strong>br</strong> />

po<strong>de</strong>m aguardar a fila <strong>de</strong> espera ou não querem<<strong>br</strong> />

expor seus familiares aos riscos <strong>de</strong> uma cirurgia<<strong>br</strong> />

para a extração, adquirem o órgão no “mercado<<strong>br</strong> />

negro”.<<strong>br</strong> />

A cooptação das vítimas tem lugar, em especial,<<strong>br</strong> />

em regiões assoladas pela miséria e pela<<strong>br</strong> />

ignorância, on<strong>de</strong> as <strong>pessoas</strong> são convencidas a<<strong>br</strong> />

ven<strong>de</strong>r um <strong>de</strong> seus órgãos ou enganadas para<<strong>br</strong> />

tanto em troca <strong>de</strong> dinheiro ou objetos. Trata-se<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> um mercado cruel que explora o <strong>de</strong>sespero<<strong>br</strong> />

dos receptores que lutam contra uma doença e<<strong>br</strong> />

das vítimas que resistem contra a po<strong>br</strong>eza, uns<<strong>br</strong> />

lutando contra o tempo, outros contra a fome.<<strong>br</strong> />

O UNODC 27 relatou que <strong>de</strong>núncias <strong>de</strong> tráfico<<strong>br</strong> />

para a remoção <strong>de</strong> órgãos foram <strong>de</strong>tectadas<<strong>br</strong> />

principalmente na Europa, no Oriente Médio e no<<strong>br</strong> />

Sul da Ásia. No entanto, a maioria dos relatórios<<strong>br</strong> />

elaborados por <strong>org</strong>anismos internacionais não<<strong>br</strong> />

apresentam dados específicos <strong>sob</strong>re o tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> para a remoção <strong>de</strong> órgãos, reunindo-os,<<strong>br</strong> />

normalmente, com outras formas <strong>de</strong> tráfico.<<strong>br</strong> />

No tocante à questão do enfrentamento,<<strong>br</strong> />

certamente, a remoção <strong>de</strong> órgãos é uma das fi-<<strong>br</strong> />

Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011<<strong>br</strong> />

29


SCACCHETTI, D. M.<<strong>br</strong> />

nalida<strong>de</strong>s do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> com investigação<<strong>br</strong> />

mais complexa. A ausência <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias dificulta<<strong>br</strong> />

a investigação <strong>de</strong>ssa espécie <strong>de</strong> <strong>de</strong>lito, pois as<<strong>br</strong> />

vítimas traficadas são normalmente ameaçadas,<<strong>br</strong> />

enquanto os médicos e os receptores <strong>de</strong> órgãos<<strong>br</strong> />

envolvidos na cirurgia não têm interesse na sua<<strong>br</strong> />

investigação, pois agem <strong>de</strong> forma criminosa.<<strong>br</strong> />

Em relação à legislação, a comercialização<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> órgãos é consi<strong>de</strong>rada ilegal pela maioria dos<<strong>br</strong> />

Estados, sendo, geralmente, autorizada apenas<<strong>br</strong> />

a livre disposição <strong>de</strong> todos os órgãos após a<<strong>br</strong> />

morte ou dos órgãos que não tenham função<<strong>br</strong> />

vital durante a vida do doador. No Brasil, a Lei<<strong>br</strong> />

nº 9.434/97, prevê <strong>sob</strong>re a remoção <strong>de</strong> órgãos,<<strong>br</strong> />

tecidos e partes do corpo humano para fins <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

transplante e tratamento, bem como as sanções<<strong>br</strong> />

para os casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>srespeito aos seus ditames.<<strong>br</strong> />

Enfrentamento ao tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>.<<strong>br</strong> />

Os <strong>de</strong>safios para o combate ao tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seres humanos são inúmeros, mas ações contínuas,<<strong>br</strong> />

<strong>org</strong>anizadas e sustentáveis po<strong>de</strong>m reduzir<<strong>br</strong> />

o número <strong>de</strong> vítimas. O Protocolo <strong>de</strong> Palermo<<strong>br</strong> />

se apresenta como um instrumento essencial<<strong>br</strong> />

para a imposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>veres aos Estados-partes<<strong>br</strong> />

e para a padronização <strong>de</strong> conceitos. É certo que<<strong>br</strong> />

a ratificação <strong>de</strong> tratados e a edição <strong>de</strong> leis não<<strong>br</strong> />

são suficientes para o enfrentamento ao comércio<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, ou a qualquer outra modalida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

criminosa, mas o tratado internacional possibilita<<strong>br</strong> />

o cumprimento dos três eixos <strong>de</strong> atuação:<<strong>br</strong> />

prevenção, repressão e atendimento às vítimas<<strong>br</strong> />

(em inglês, os <strong>de</strong>nominados três Ps: prevention,<<strong>br</strong> />

prosecution e protection).<<strong>br</strong> />

O Protocolo <strong>de</strong> Palermo <strong>de</strong>fine em seu<<strong>br</strong> />

Capítulo III medidas <strong>de</strong> prevenção, cooperação<<strong>br</strong> />

e segurança. No tocante às ações <strong>de</strong> prevenção,<<strong>br</strong> />

o artigo 9 elenca: “pesquisas, campanhas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

informação e <strong>de</strong> difusão através <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

comunicação, bem como iniciativas sociais e<<strong>br</strong> />

econômicas”, incluindo planos e programas<<strong>br</strong> />

com “a cooperação com <strong>org</strong>anizações nãogovernamentais,<<strong>br</strong> />

outras <strong>org</strong>anizações relevantes<<strong>br</strong> />

e outros elementos da socieda<strong>de</strong> civil”. Além<<strong>br</strong> />

disso, o tratado prevê medidas para a redução dos<<strong>br</strong> />

fatores <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> das <strong>pessoas</strong> ao tráfico,<<strong>br</strong> />

especialmente mulheres e crianças, através do<<strong>br</strong> />

combate à po<strong>br</strong>eza, ao sub<strong>de</strong>senvolvimento e<<strong>br</strong> />

à <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, incentivando<<strong>br</strong> />

a cooperação bilateral ou multilateral entre os<<strong>br</strong> />

Estados-partes. Também são mencionadas medidas<<strong>br</strong> />

legislativas, educacionais, sociais e culturais,<<strong>br</strong> />

com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sencorajar o aliciamento<<strong>br</strong> />

para a exploração <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>.<<strong>br</strong> />

Assim, para que sejam evitados novos casos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, não apenas as potenciais<<strong>br</strong> />

vítimas, mas também as <strong>pessoas</strong> que po<strong>de</strong>m vir<<strong>br</strong> />

a se tornar criminosas <strong>de</strong>vem receber informações,<<strong>br</strong> />

esclarecimentos e oportunida<strong>de</strong>s, tendo<<strong>br</strong> />

garantidos <strong>de</strong> forma plena seus direitos civis,<<strong>br</strong> />

econômicos e sociais.<<strong>br</strong> />

As medidas preventivas elencadas pelo Protocolo<<strong>br</strong> />

também englobam a proteção das <strong>pessoas</strong><<strong>br</strong> />

traficadas contra o fenômeno da “revitimização”,<<strong>br</strong> />

ou seja, a reincidência como vítima do mesmo<<strong>br</strong> />

crime. Neste ponto, cumpre citar que tal ocorrência<<strong>br</strong> />

não é incomum, uma vez que as vítimas<<strong>br</strong> />

resgatadas <strong>de</strong> seus opressores, normalmente, são<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>volvidas à situação <strong>de</strong> origem, e, assim, continuam<<strong>br</strong> />

sofrendo os mesmos problemas e pressões<<strong>br</strong> />

que <strong>de</strong>ram causa ao tráfico. Desta forma, muitas<<strong>br</strong> />

vezes acabam retornando à ativida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> eram<<strong>br</strong> />

exploradas por não terem outra opção.<<strong>br</strong> />

A cooperação entre os Estados-partes também<<strong>br</strong> />

é prevista com o objetivo <strong>de</strong> intercâmbio <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

informações <strong>sob</strong>re a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> documentos,<<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>, meios, itinerários e ligações usadas<<strong>br</strong> />

por grupos ou <strong>org</strong>anizações criminosas com o<<strong>br</strong> />

objetivo <strong>de</strong> traficar <strong>pessoas</strong>, <strong>de</strong>vendo-se respeitar<<strong>br</strong> />

qualquer pedido <strong>de</strong> restrição <strong>de</strong> utilização da<<strong>br</strong> />

informação transmitida.<<strong>br</strong> />

Quanto à formação <strong>de</strong> agentes públicos,<<strong>br</strong> />

o Protocolo estimula a cooperação com <strong>org</strong>anizações<<strong>br</strong> />

não-governamentais e a socieda<strong>de</strong> civil,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>terminando que <strong>de</strong>ve ser pautada nos direitos<<strong>br</strong> />

humanos e nos métodos <strong>de</strong> proteção das vítimas,<<strong>br</strong> />

especialmente mulheres e crianças.<<strong>br</strong> />

O artigo 11 do Protocolo <strong>de</strong> Palermo prevê<<strong>br</strong> />

que, “sem prejuízo dos compromissos internacionais<<strong>br</strong> />

relativos à livre circulação <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>”,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>verão ser adotadas medidas com o objetivo <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

reforçar os serviços <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> fronteiras para<<strong>br</strong> />

prevenir e <strong>de</strong>tectar o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> e inten-<<strong>br</strong> />

30 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011


O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS HUMANOS<<strong>br</strong> />

sificar a cooperação entre tais serviços através<<strong>br</strong> />

canais <strong>de</strong> comunicação diretos.<<strong>br</strong> />

Além disso, os Estados-partes <strong>de</strong>verão<<strong>br</strong> />

atuar para prevenir a utilização <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> transporte<<strong>br</strong> />

comerciais na prática do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>,<<strong>br</strong> />

o<strong>br</strong>igando os transportadores a se certificarem<<strong>br</strong> />

“<strong>de</strong> que todos os passageiros sejam portadores<<strong>br</strong> />

dos documentos <strong>de</strong> viagem exigidos para a entrada<<strong>br</strong> />

no Estado <strong>de</strong> acolhimento”, impondo sanções<<strong>br</strong> />

em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> tal o<strong>br</strong>igação.<<strong>br</strong> />

De acordo com o direito interno <strong>de</strong> cada<<strong>br</strong> />

Estado, po<strong>de</strong>rão ser adotadas medidas para “recusar<<strong>br</strong> />

a entrada ou anular os vistos <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong><<strong>br</strong> />

envolvidas na prática <strong>de</strong> infrações estabelecidas”<<strong>br</strong> />

nos termos do Protocolo.<<strong>br</strong> />

A<strong>de</strong>mais, o tratado prevê que <strong>de</strong>ve ser<<strong>br</strong> />

assegurada a qualida<strong>de</strong> e a segurança dos documentos<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> viagem ou <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> emitidos em<<strong>br</strong> />

nome do Estado-parte, evitando-se sua utilização<<strong>br</strong> />

ilícita, emissão in<strong>de</strong>vida ou sua falsificação. Por<<strong>br</strong> />

fim, o Estado emitente, a pedido <strong>de</strong> outro Estado,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>verá, conforme o seu direito interno e em prazo<<strong>br</strong> />

razoável, verificar a legitimida<strong>de</strong> e a valida<strong>de</strong> dos<<strong>br</strong> />

documentos <strong>de</strong> viagem ou <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>sob</strong>re os<<strong>br</strong> />

quais recaia suspeita <strong>de</strong> utilização para o tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>.<<strong>br</strong> />

A ONU lançou uma iniciativa global<<strong>br</strong> />

contra o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> que recebeu o nome<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> UN.GIFT (que correspon<strong>de</strong> às iniciais <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

“United Nations” e “Global Initiative to Fight<<strong>br</strong> />

Human Trafficking”) e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> “o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> uma<<strong>br</strong> />

mobilização mundial em torno <strong>de</strong> metas comuns<<strong>br</strong> />

como a melhor maneira <strong>de</strong> lutar contra o tráfico”.<<strong>br</strong> />

Entre as metas relativas à questão da prevenção,<<strong>br</strong> />

merecem <strong>de</strong>staque as propostas <strong>de</strong> aumento da<<strong>br</strong> />

consciência <strong>sob</strong>re o problema – através da informação<<strong>br</strong> />

das <strong>pessoas</strong> e da mobilização da opinião<<strong>br</strong> />

pública – e o trabalho com grupos em situação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong> buscando atacar as causas do<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, “tais como a má distribuição<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> renda, o <strong>de</strong>senvolvimento assimétrico entre<<strong>br</strong> />

os países, a <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero e <strong>de</strong> raça e a<<strong>br</strong> />

conseqüente falta <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s”.<<strong>br</strong> />

No Brasil, em cumprimento às o<strong>br</strong>igações<<strong>br</strong> />

assumidas pela ratificação do Protocolo<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Palermo, foi editada a Política Nacional <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfrentamento ao Tráfico <strong>de</strong> Pessoas 28 , edificada<<strong>br</strong> />

com a participação <strong>de</strong> setores do governo e da socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

civil. Uma das versões do documento foi<<strong>br</strong> />

publicada em três idiomas, português, espanhol e<<strong>br</strong> />

inglês, como o intuito <strong>de</strong> compartilhar o produto<<strong>br</strong> />

do trabalho com outros países e dar conhecimento<<strong>br</strong> />

geral a estrangeiros que estejam no Brasil.<<strong>br</strong> />

A Política Nacional <strong>de</strong> Enfrentamento ao<<strong>br</strong> />

Tráfico <strong>de</strong> Pessoas estabelece um conjunto <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

diretrizes, princípios e ações norteadoras para<<strong>br</strong> />

a prevenção, repressão e responsabilização dos<<strong>br</strong> />

criminosos, bem como atenção às vítimas do<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, coor<strong>de</strong>nando as ações existentes<<strong>br</strong> />

e <strong>de</strong>finindo soluções necessárias e possíveis,<<strong>br</strong> />

nas mais diversas áreas. Cumpre salientar que<<strong>br</strong> />

a efetivida<strong>de</strong> da Política Nacional <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<<strong>br</strong> />

maneira como cada cidadão, seja do governo –<<strong>br</strong> />

fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal – seja da socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

civil ou <strong>de</strong> <strong>org</strong>anismos internacionais, utilizará<<strong>br</strong> />

esse documento “como mais um instrumento<<strong>br</strong> />

permanente <strong>de</strong> promoção <strong>de</strong> direitos humanos e<<strong>br</strong> />

cidadania para todos, não apenas para alguns.” 29<<strong>br</strong> />

O segundo eixo <strong>de</strong> atuação no enfrentamento<<strong>br</strong> />

ao tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> diz respeito à repressão<<strong>br</strong> />

e responsabilização dos criminosos. O enfrentamento<<strong>br</strong> />

do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> no mundo conta com<<strong>br</strong> />

o auxílio do UNODC que atua na coleta <strong>de</strong> dados,<<strong>br</strong> />

avaliação e cooperação técnica. A coleta <strong>de</strong> dados<<strong>br</strong> />

é o primeiro passo do processo <strong>de</strong> avaliação,<<strong>br</strong> />

a qual é realizada em parceria com o UNICRI<<strong>br</strong> />

(United Nations Interregional Crime and Justice<<strong>br</strong> />

Research Institute) 30 , colhendo informações <strong>sob</strong>re<<strong>br</strong> />

rotas e métodos usados pelas <strong>org</strong>anizações<<strong>br</strong> />

criminosas. A base <strong>de</strong> dados <strong>sob</strong>re traficantes,<<strong>br</strong> />

vítimas, rotas e “tendências do tráfico”, é essencial<<strong>br</strong> />

“para que formuladores <strong>de</strong> políticas públicas,<<strong>br</strong> />

agentes da lei, pesquisadores e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ONGs possam ser assertivos em suas ações.” 31<<strong>br</strong> />

A partir daí, é realizada a avaliação do país em<<strong>br</strong> />

relação às formas <strong>de</strong> exploração das vítimas,<<strong>br</strong> />

rotas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, atuação dos Po<strong>de</strong>res<<strong>br</strong> />

Públicos na responsabilização dos criminosos e<<strong>br</strong> />

nas reformas legislativas.<<strong>br</strong> />

Com base nas avaliações, os países <strong>de</strong>senvolvem<<strong>br</strong> />

projetos <strong>de</strong> cooperação técnica com o<<strong>br</strong> />

UNODC no âmbito do Programa contra o Tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Seres Humanos, com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver<<strong>br</strong> />

estratégias conjuntas e ações específicas para<<strong>br</strong> />

o combate ao tráfico <strong>de</strong> seres humanos, tanto na<<strong>br</strong> />

esfera nacional quanto internacional. Além disso,<<strong>br</strong> />

Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011<<strong>br</strong> />

31


SCACCHETTI, D. M.<<strong>br</strong> />

o UNODC também seleciona algumas “boas práticas”<<strong>br</strong> />

adotadas para o enfrentamento <strong>de</strong>sse crime,<<strong>br</strong> />

para serem compartilhadas com outros países.<<strong>br</strong> />

São realizadas reuniões dos Estados-mem<strong>br</strong>os<<strong>br</strong> />

da Convenção e do Protocolo e a implementação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sses tratados é monitorada através <strong>de</strong> relatórios<<strong>br</strong> />

anuais que os governos encaminham ao UNODC.<<strong>br</strong> />

O Protocolo <strong>de</strong> Palermo prevê como um <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

seus objetivos o combate ao tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> e<<strong>br</strong> />

a cooperação entre os Estados-partes. Além disso,<<strong>br</strong> />

impõe a criminalização da conduta <strong>de</strong>finida<<strong>br</strong> />

como tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> pelo mesmo documento,<<strong>br</strong> />

incluindo a responsabilização dos cúmplices e<<strong>br</strong> />

mandantes, bem como prevendo sanção para a<<strong>br</strong> />

forma tentada do crime.<<strong>br</strong> />

Não se po<strong>de</strong> olvidar que o Protocolo em<<strong>br</strong> />

exame complementa a Convenção das Nações<<strong>br</strong> />

Unidas contra o Crime Organizado Transnacional,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> forma que todas as disposições nela<<strong>br</strong> />

contidas se aplicam também à repressão ao tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>.<<strong>br</strong> />

Em cumprimento às <strong>de</strong>terminações do Protocolo,<<strong>br</strong> />

os Estados-partes têm incluído em seus<<strong>br</strong> />

or<strong>de</strong>namentos jurídicos a previsão do crime <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. O relatório global do UNODC<<strong>br</strong> />

apresentou a situação dos países no tocante à<<strong>br</strong> />

existência <strong>de</strong>ssa legislação específica, <strong>de</strong>monstrando<<strong>br</strong> />

que “notavelmente, em um curto espaço<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> tempo, foram realizados gran<strong>de</strong>s progressos<<strong>br</strong> />

na luta contra o crime que só recentemente foi<<strong>br</strong> />

amplamente reconhecido”. 32<<strong>br</strong> />

O UNODC também verificou um compromisso<<strong>br</strong> />

político mais efetivo na repressão ao<<strong>br</strong> />

tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, pois cerca <strong>de</strong> 52% dos países<<strong>br</strong> />

criou uma unida<strong>de</strong> policial especial ou um órgão<<strong>br</strong> />

específico para o combate ao crime. Outro fator<<strong>br</strong> />

relevante foi a aprovação por mais da meta<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dos países entrevistados <strong>de</strong> um plano nacional <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

ação <strong>sob</strong>re o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. Isso não significa<<strong>br</strong> />

que o Estado que possui um plano <strong>de</strong> ação será,<<strong>br</strong> />

necessariamente, mais eficiente do um que não<<strong>br</strong> />

o possui, mas retrata a importância dada ao tema<<strong>br</strong> />

pelo governo.<<strong>br</strong> />

O número <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações, por sua vez,<<strong>br</strong> />

cresceu, mas <strong>de</strong> forma mais tímida, não acompanhando<<strong>br</strong> />

a melhora ocorrida na legislação e<<strong>br</strong> />

nos planos <strong>de</strong> ação. A<strong>de</strong>mais, a maior parte das<<strong>br</strong> />

con<strong>de</strong>nações se realizou em apenas alguns países,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> forma concentrada. Apenas 30% dos países<<strong>br</strong> />

registraram mais <strong>de</strong> 10 con<strong>de</strong>nações em um<<strong>br</strong> />

ano. Embora estes países possam ter problemas<<strong>br</strong> />

mais graves com o tráfico <strong>de</strong> seres humanos,<<strong>br</strong> />

ficou <strong>de</strong>monstrado que estão tomando medidas<<strong>br</strong> />

concretas. Quanto ao <strong>de</strong>mais, dois em cada cinco<<strong>br</strong> />

países a<strong>br</strong>angidos pelo relatório ainda não tinham<<strong>br</strong> />

registrado uma única con<strong>de</strong>nação, <strong>de</strong>monstrando<<strong>br</strong> />

uma grave impunida<strong>de</strong>. É certo que a legislação<<strong>br</strong> />

mais a<strong>br</strong>angente é relativamente nova, mas os<<strong>br</strong> />

números <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nações ficaram abaixo das<<strong>br</strong> />

expectativas.<<strong>br</strong> />

Tais dados <strong>de</strong>ixam implícito que os Po<strong>de</strong>res<<strong>br</strong> />

Executivo e Legislativo tomaram importantes<<strong>br</strong> />

medidas na repressão ao tráfico, com a aprovação<<strong>br</strong> />

das leis, planos e criação das novas unida<strong>de</strong>s policiais.<<strong>br</strong> />

Já o sistema <strong>de</strong> investigação e persecução<<strong>br</strong> />

penal não <strong>de</strong>monstrou tanto sucesso, o que po<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

se referir à atuação da Polícia, do Ministério<<strong>br</strong> />

Público ou do Po<strong>de</strong>r Judiciário.<<strong>br</strong> />

O relatório do UNODC também dividiu o<<strong>br</strong> />

mundo em regiões e analisou cada uma <strong>de</strong>las.<<strong>br</strong> />

No caso da América do Sul, foi verificado que<<strong>br</strong> />

quase todos os países incluíram dispositivos legais<<strong>br</strong> />

específicos na sua legislação para combater<<strong>br</strong> />

o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. Na Colômbia, Equador e<<strong>br</strong> />

Peru, foi inserido, inclusive, o tipo penal do tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> para exploração da mendicância<<strong>br</strong> />

forçada. Outro ponto importante é que a maioria<<strong>br</strong> />

das formas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> seres humanos para fins<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> exploração laboral, escravidão e servidão foi<<strong>br</strong> />

tipificada como outras infrações dos códigos<<strong>br</strong> />

penais ou <strong>de</strong> leis trabalhistas, mas nem sempre<<strong>br</strong> />

no âmbito do crime <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. Isso,<<strong>br</strong> />

todavia, afasta a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoio à vítima e contraria<<strong>br</strong> />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma resposta vigorosa<<strong>br</strong> />

da justiça penal.<<strong>br</strong> />

No tocante à legislação, o Brasil possui<<strong>br</strong> />

normas penais que a<strong>br</strong>igam a maioria das finalida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> exploração do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

forma direta, as quais estão no Código Penal, no<<strong>br</strong> />

Estatuo da Criança e do Adolescente (ECA) e na<<strong>br</strong> />

Lei nº 9.434/97.<<strong>br</strong> />

As previsões relacionadas à assistência e<<strong>br</strong> />

proteção às vítimas, completam o tríplice objetivo<<strong>br</strong> />

do Protocolo <strong>de</strong> Palermo para o enfrentamento<<strong>br</strong> />

32 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011


O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS HUMANOS<<strong>br</strong> />

eficaz ao tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. A pr<strong>eo</strong>cupação<<strong>br</strong> />

especial com as vítimas do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> é<<strong>br</strong> />

revelada em mais <strong>de</strong> um momento pelo citado<<strong>br</strong> />

tratado internacional, estabelecendo como princípio<<strong>br</strong> />

fundamental o da não discriminação.<<strong>br</strong> />

No artigo 3, alínea “b”, o Protocolo é incisivo<<strong>br</strong> />

ao <strong>de</strong>clarar a irrelevância do consentimento<<strong>br</strong> />

da vítima para a configuração do crime, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />

sejam utilizados um dos meios coercitivos como<<strong>br</strong> />

a ameaça, força, coação ou o abuso da situação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

O tratado em comento <strong>de</strong>termina, no artigo<<strong>br</strong> />

6, que o Estado-parte <strong>de</strong>ve garantir à vítima o<<strong>br</strong> />

respeito à privacida<strong>de</strong>, i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dos procedimentos judiciais, assistência<<strong>br</strong> />

jurídica e informações <strong>sob</strong>re os procedimentos<<strong>br</strong> />

pertinentes ao caso. Além disso, há previsão <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

medidas que auxiliem na recuperação física,<<strong>br</strong> />

psicológica e social das vítimas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>, po<strong>de</strong>ndo haver cooperação com <strong>org</strong>anizações<<strong>br</strong> />

não-governamentais e a socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

civil, incluindo o fornecimento <strong>de</strong> alojamento<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quado, aconselhamento e informação <strong>sob</strong>re<<strong>br</strong> />

seus direitos, assistência médica, psicológica e<<strong>br</strong> />

material, bem como oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> emprego,<<strong>br</strong> />

educação e formação. Tal o<strong>br</strong>igação <strong>de</strong>verá ser<<strong>br</strong> />

a<strong>de</strong>quada à ida<strong>de</strong>, ao gênero e às necessida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

específicas das vítimas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>,<<strong>br</strong> />

principalmente em relação às crianças. O Estadoparte<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>verá garantir também a segurança física<<strong>br</strong> />

das vítimas enquanto estiverem em seu território.<<strong>br</strong> />

O Protocolo prevê que cada Estado <strong>de</strong>verá<<strong>br</strong> />

tomar medidas para que as vítimas <strong>de</strong> tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> possam obter in<strong>de</strong>nização pelos danos<<strong>br</strong> />

sofridos, bem como autorizar a permanência das<<strong>br</strong> />

vítimas em seu território, <strong>de</strong> forma permanente<<strong>br</strong> />

ou temporária, levando em conta fatores pessoais<<strong>br</strong> />

e humanitários.<<strong>br</strong> />

Quanto ao repatriamento, o regresso da<<strong>br</strong> />

vítima ao Estado do qual ela é nacional ou tem<<strong>br</strong> />

direito <strong>de</strong> residência permanente <strong>de</strong>verá ser<<strong>br</strong> />

facilitado e célere, bem como garantir sua segurança,<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>vendo ainda, os eventuais documentos<<strong>br</strong> />

necessários para a viagem serem emitidos pelo<<strong>br</strong> />

Estado <strong>de</strong> acolhimento.<<strong>br</strong> />

As <strong>pessoas</strong> que sofreram essa grave violação<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> direitos humanos <strong>de</strong>vem receber especial<<strong>br</strong> />

atenção, pois muitas vezes não se consi<strong>de</strong>ram<<strong>br</strong> />

vítimas por não terem o conhecimento <strong>de</strong> que<<strong>br</strong> />

contra elas foi perpetrado um crime ou por acreditarem<<strong>br</strong> />

que fizeram uma livre escolha.<<strong>br</strong> />

Deve-se ressaltar que o tráfico atinge principalmente<<strong>br</strong> />

a população <strong>de</strong> baixa renda, proveniente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s carentes. Os traficantes<<strong>br</strong> />

consi<strong>de</strong>ram a vítima como um produto <strong>de</strong>scartável,<<strong>br</strong> />

cujo valor é <strong>de</strong>terminando <strong>de</strong> acordo com as<<strong>br</strong> />

condições e o preço que po<strong>de</strong> ser obtido com seu<<strong>br</strong> />

corpo. As <strong>pessoas</strong>, <strong>de</strong>sprotegidas e <strong>de</strong>sinformadas,<<strong>br</strong> />

são atraídas por anúncios com oportunida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> trabalho, viagens, bolsas <strong>de</strong> estudo, concursos,<<strong>br</strong> />

propostas <strong>de</strong> casamentos, pagamento por “órgãos<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>ressalentes”. Após a ocorrência do crime, as<<strong>br</strong> />

famílias não <strong>de</strong>nunciam os fatos, por <strong>de</strong>sinformação,<<strong>br</strong> />

ameaças, mas também por vergonha,<<strong>br</strong> />

chegando a abandonar a vítima <strong>de</strong>samparada. O<<strong>br</strong> />

número <strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias é ínfimo e o Po<strong>de</strong>r Público<<strong>br</strong> />

e a socieda<strong>de</strong> não têm noção da real dimensão a<<strong>br</strong> />

que chegou o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. Além disso, há<<strong>br</strong> />

ainda outros fatores que reforçam a inação, como<<strong>br</strong> />

“preconceitos, interpretações <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m moral,<<strong>br</strong> />

vergonha, segredos <strong>de</strong> família, incompreensão e<<strong>br</strong> />

o po<strong>de</strong>r do silêncio e da impunida<strong>de</strong>, proveniente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s somas <strong>de</strong> dinheiro.” 33 Diante disso,<<strong>br</strong> />

as re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atendimento <strong>de</strong>vem ultrapassar tais<<strong>br</strong> />

barreiras e oferecer apoio efetivo para as vítimas<<strong>br</strong> />

do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>.<<strong>br</strong> />

No tocante à temática específica das crianças<<strong>br</strong> />

e adolescentes vítimas do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>,<<strong>br</strong> />

a especial situação em que se encontram impõe a<<strong>br</strong> />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação das instituições e das<<strong>br</strong> />

normas para o atendimento, principalmente para<<strong>br</strong> />

o acompanhamento daquelas ameaçadas pelas<<strong>br</strong> />

re<strong>de</strong>s criminosas.<<strong>br</strong> />

Inseridos na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento às vítimas<<strong>br</strong> />

no Brasil, os Núcl<strong>eo</strong>s e os Comitês <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfrentamento ao Tráfico <strong>de</strong> Pessoas têm papel<<strong>br</strong> />

fundamental. Apesar <strong>de</strong> cada Estado-mem<strong>br</strong>o<<strong>br</strong> />

ainda possuir uma formatação diversa para esses<<strong>br</strong> />

órgãos, o fato é que neles se concentram instituições<<strong>br</strong> />

e <strong>pessoas</strong> que <strong>de</strong>sejam combater a problemática<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> forma real e efetiva, atuando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<<strong>br</strong> />

prevenção – com a <strong>org</strong>anização <strong>de</strong> seminários,<<strong>br</strong> />

cursos e congressos – até a assistência às vítimas<<strong>br</strong> />

– realizada por órgãos públicos e <strong>org</strong>anizações<<strong>br</strong> />

não governamentais.<<strong>br</strong> />

Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011<<strong>br</strong> />

33


SCACCHETTI, D. M.<<strong>br</strong> />

Por fim, cumpre mencionar as metas apresentadas<<strong>br</strong> />

pelo programa UN. GIFT, no âmbito<<strong>br</strong> />

do atendimento às vítimas, que propõe a garantia<<strong>br</strong> />

dos direitos humanos das vítimas, entre<<strong>br</strong> />

eles o <strong>de</strong> ir e vir, o trabalho digno, com direito<<strong>br</strong> />

a alojamento, assistência à saú<strong>de</strong>, psicológica,<<strong>br</strong> />

jurídica, prevenção ao HIV e material às vítimas,<<strong>br</strong> />

levando em conta as necessida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

mulheres e crianças e outras <strong>pessoas</strong> em risco,<<strong>br</strong> />

com a pr<strong>eo</strong>cupação <strong>de</strong> se evitar estereótipos e a<<strong>br</strong> />

revitimização.<<strong>br</strong> />

Conclusão<<strong>br</strong> />

O tráfico <strong>de</strong> seres humanos se apresenta<<strong>br</strong> />

como “o estágio mais avançado <strong>de</strong> um longo<<strong>br</strong> />

processo <strong>de</strong> exclusão social”, no qual a socieda<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

e o ofensor acabam por <strong>de</strong>sconstruir a humanida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

da vítima. 34<<strong>br</strong> />

Em virtu<strong>de</strong> disso, o enfrentamento do tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> exige ações amplas e estratégicas, que<<strong>br</strong> />

envolvam a compreensão <strong>de</strong> questões relevantes<<strong>br</strong> />

como miséria, corrupção, migração, exploração,<<strong>br</strong> />

discriminação, criminalida<strong>de</strong>, emprego, saú<strong>de</strong>,<<strong>br</strong> />

proteção à criança e ao adolescente, <strong>de</strong>ntre outras.<<strong>br</strong> />

as vítimas do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> <strong>de</strong>vem receber<<strong>br</strong> />

a proteção do Direito Internacional dos Direitos<<strong>br</strong> />

Humanos através <strong>de</strong> instrumentos específicos e<<strong>br</strong> />

planos <strong>de</strong> ação focados nas violações sofridas e<<strong>br</strong> />

no restabelecimento <strong>de</strong> sua dignida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Dentre as principais causas do tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> estão: a po<strong>br</strong>eza e as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

sociais, a falta <strong>de</strong> perspectivas, a carência <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

empregos, o baixo grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong>, a discriminação,<<strong>br</strong> />

a violência contra a mulher e a criança,<<strong>br</strong> />

instabilida<strong>de</strong>s políticas, econômicas, guerras e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sastres naturais.<<strong>br</strong> />

Assim, um dos pontos primordiais é a<<strong>br</strong> />

inclusão da massa <strong>de</strong> trabalhadores no mercado<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> trabalho, com o objetivo <strong>de</strong> resgatar direitos e<<strong>br</strong> />

“fortalecer novos contratos sociais que <strong>de</strong>smobilizem<<strong>br</strong> />

a lógica da exploração da força <strong>de</strong> trabalho<<strong>br</strong> />

em todas as suas expressões”. Dessa forma, se<<strong>br</strong> />

tornará possível o enfrentamento da crise social<<strong>br</strong> />

e, como conseqüência, do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> e<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> outras tantas violações, com “objetivida<strong>de</strong> e<<strong>br</strong> />

armas concretas para a construção <strong>de</strong> processos<<strong>br</strong> />

emancipatórios e a consolidação dos direitos<<strong>br</strong> />

humanos”. 35<<strong>br</strong> />

É necessária a reafirmação do respeito<<strong>br</strong> />

aos direitos humanos básicos, cujas violações<<strong>br</strong> />

acabam por permitir que as <strong>pessoas</strong> se <strong>de</strong>ixem<<strong>br</strong> />

levar pelo tráfico por falta <strong>de</strong> perspectivas, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

educação, <strong>de</strong> apoio, enfim, <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong>.<<strong>br</strong> />

Urge que sejam reduzidas as vulnerabilida<strong>de</strong>s<<strong>br</strong> />

das vítimas. Neste sentido, os Objetivos<<strong>br</strong> />

do Milênio representam um rol <strong>de</strong> medidas que,<<strong>br</strong> />

se foram cumpridas, po<strong>de</strong>rão representar um<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>sincentivo às vítimas que se <strong>de</strong>ixam enganar<<strong>br</strong> />

na busca <strong>de</strong> seus sonhos. “Ao mesmo tempo, é<<strong>br</strong> />

preciso reduzir a <strong>de</strong>manda pelos serviços ofertados<<strong>br</strong> />

por esses ‘escravos mo<strong>de</strong>rnos’. As vítimas<<strong>br</strong> />

estão por todos os lados”. 36<<strong>br</strong> />

Retomando as dificulda<strong>de</strong>s na prevenção do<<strong>br</strong> />

tráfico, verificou-se que as informações <strong>sob</strong>re o<<strong>br</strong> />

crime não po<strong>de</strong>m ficar restritas ao governo e aos<<strong>br</strong> />

indivíduos que atuam nessa área. O conhecimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>ve ser disseminado ao máximo, atingindo<<strong>br</strong> />

os grupos vulneráveis, para que sejam orientados<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> forma correta e não sejam enganados nem<<strong>br</strong> />

permitam ser transformados em mercadorias. A<<strong>br</strong> />

prevenção <strong>de</strong>ve efetivamente evitar a violação<<strong>br</strong> />

dos direitos humanos.<<strong>br</strong> />

Além disso, as pesquisas representam a<<strong>br</strong> />

maior fonte <strong>de</strong> informações para que as medidas<<strong>br</strong> />

sejam tomadas <strong>de</strong> forma conexa e <strong>org</strong>anizada, nas<<strong>br</strong> />

esferas internacional, regional e nacional. Neste<<strong>br</strong> />

sentido, os Estados <strong>de</strong>vem fomentar a realização<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> pesquisas e realizar a padronização e <strong>org</strong>anização<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> seus dados, <strong>de</strong> acordo com padrões<<strong>br</strong> />

internacionais, possibilitando a i<strong>de</strong>ntificação dos<<strong>br</strong> />

grupos vulneráveis que <strong>de</strong>vem receber especial<<strong>br</strong> />

atenção, bem como a compreensão da forma <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

agir das <strong>org</strong>anizações criminosas que <strong>de</strong>vem ser<<strong>br</strong> />

combatidas.<<strong>br</strong> />

Cumpre salientar que no Brasil muito se<<strong>br</strong> />

discute acerca da implantação <strong>de</strong> um banco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dados nacional único com informações <strong>sob</strong>re<<strong>br</strong> />

vítimas e criminosos, uma vez que os sistemas<<strong>br</strong> />

atuais são <strong>de</strong>sencontrados, <strong>de</strong>scentralizados e<<strong>br</strong> />

possuem elementos diversos, o que impossibilita<<strong>br</strong> />

uma visão geral da situação. Tal banco <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

dados é tema <strong>de</strong> um projeto, mas ainda não foi<<strong>br</strong> />

implantado.<<strong>br</strong> />

34 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011


O TRÁFICO DE PESSOAS E O PROTOCOLO DE PALERMO SOB A ÓTICA DE DIREITOS HUMANOS<<strong>br</strong> />

No tocante à repressão, a falta <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong><<strong>br</strong> />

e a<strong>de</strong>quação das leis internas <strong>sob</strong>re o tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> é apontada como um dos principais<<strong>br</strong> />

obstáculos na luta contra o tráfico. Para solucionar<<strong>br</strong> />

tal problema, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> harmonizar<<strong>br</strong> />

as <strong>de</strong>finições jurídicas com os tratados internacionais.<<strong>br</strong> />

O UNODC afirma que não é suficiente a<<strong>br</strong> />

criminalização <strong>de</strong> algumas infrações subjacentes,<<strong>br</strong> />

mas o tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong> como um todo precisa<<strong>br</strong> />

ser criminalizado, incluindo a forma tentada do<<strong>br</strong> />

crime e a responsabilização dos cúmplices e dos<<strong>br</strong> />

mandantes. 37<<strong>br</strong> />

A<strong>de</strong>mais, a impunida<strong>de</strong> tem relevância<<strong>br</strong> />

extraordinária no quadro do enfrentamento ao<<strong>br</strong> />

comércio <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. A socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve exigir<<strong>br</strong> />

que a transformação do sistema judicial e o<<strong>br</strong> />

seu envolvimento com a realida<strong>de</strong> do país e do<<strong>br</strong> />

mundo, lutando não apenas nos casos <strong>de</strong> tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, mas <strong>de</strong> todos os direitos humanos<<strong>br</strong> />

envolvidos.<<strong>br</strong> />

Outro ponto a ser mencionado é o fato do<<strong>br</strong> />

Protocolo <strong>de</strong> Palermo não permitir o oferecimento<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>núncias por parte dos Estados-partes e<<strong>br</strong> />

pelas vítimas em seu sistema <strong>de</strong> monitoramento.<<strong>br</strong> />

Assim, não há meios para que as vítimas ou <strong>org</strong>anizações<<strong>br</strong> />

internacionais tenham acesso direto<<strong>br</strong> />

ao sistema <strong>de</strong> proteção quando um Estado não<<strong>br</strong> />

cumprir as suas o<strong>br</strong>igações. Tal lacuna po<strong>de</strong> ser<<strong>br</strong> />

sanada através <strong>de</strong> um novo Protocolo Adicional<<strong>br</strong> />

inserindo a possibilida<strong>de</strong> das comunicações<<strong>br</strong> />

individuais e interestatais como formas <strong>de</strong> monitoramento.<<strong>br</strong> />

A satisfação <strong>de</strong> todos esses <strong>de</strong>safios só será<<strong>br</strong> />

possível se a estratégia for ampla e planejada,<<strong>br</strong> />

com a coor<strong>de</strong>nação entre as políticas públicas<<strong>br</strong> />

relacionadas ao enfrentamento do tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>. Caso contrário, haverá uso incoerente<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> recursos humanos e financeiros <strong>de</strong> forma que<<strong>br</strong> />

alguns pontos po<strong>de</strong>rão ser tratados <strong>de</strong> forma excessiva<<strong>br</strong> />

enquanto outros restarão sem nenhuma<<strong>br</strong> />

atenção.<<strong>br</strong> />

Além disso, outro importante aspecto no<<strong>br</strong> />

cumprimento dos <strong>de</strong>safios é a cooperação entre<<strong>br</strong> />

<strong>org</strong>anizações internacionais, regionais e nacionais,<<strong>br</strong> />

através <strong>de</strong> acordos, investigações conjuntas,<<strong>br</strong> />

troca <strong>de</strong> experiências e <strong>de</strong> boas práticas, além<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> se apresentar como uma forma <strong>de</strong> contornar<<strong>br</strong> />

eventual escassez <strong>de</strong> recursos financeiros.<<strong>br</strong> />

O Secretário das Nações Unidas, Ban<<strong>br</strong> />

Ki-moon, <strong>de</strong>clarou que “com as ameaças transnacionais,<<strong>br</strong> />

os Estados não têm escolha senão<<strong>br</strong> />

trabalhar em conjunto. Somos todos afetados –<<strong>br</strong> />

como países <strong>de</strong> origem ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>stino do tráfico.<<strong>br</strong> />

Por isso, temos uma responsabilida<strong>de</strong> solidária<<strong>br</strong> />

para agir.” 38<<strong>br</strong> />

O efetivo enfrentamento ao tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong> somente será alcançado através da execução<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> planos estratégicos para a prevenção,<<strong>br</strong> />

repressão e proteção às vítimas <strong>de</strong> forma coor<strong>de</strong>nada<<strong>br</strong> />

e sustentável, pautando-se pelo respeito<<strong>br</strong> />

à dignida<strong>de</strong> da pessoa humana e buscando-se<<strong>br</strong> />

da implementação dos direitos humanos civis,<<strong>br</strong> />

políticos, econômicos, sociais e culturais.<<strong>br</strong> />

Notas<<strong>br</strong> />

1<<strong>br</strong> />

Adotada em 10 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o <strong>de</strong> 1948 pela Assembléia<<strong>br</strong> />

Geral das Nações Unidas.<<strong>br</strong> />

2<<strong>br</strong> />

Protocolo Complementar à Convenção das Nações Unidas<<strong>br</strong> />

contra o Crime Organizado Transnacional Relativo à Prevenção,<<strong>br</strong> />

Repressão e Punição do Tráfico <strong>de</strong> Pessoas, em<<strong>br</strong> />

Especial Mulheres e Crianças, promulgado pelo Decreto<<strong>br</strong> />

nº 5.017 <strong>de</strong> 12 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />

3<<strong>br</strong> />

Disponível em: <<strong>br</strong> />

4<<strong>br</strong> />

FREITAS Jr., Antonio Rodrigues <strong>de</strong>. Tráfico <strong>de</strong> Pessoas<<strong>br</strong> />

e Repressão ao Crime Organizado. In: Revista Internacional<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Direito e Cidadania. São Paulo: nº 3, p. 9-14,<<strong>br</strong> />

fevereiro, 2009.<<strong>br</strong> />

5<<strong>br</strong> />

Artigo 3.b. do Protocolo <strong>de</strong> Palermo.<<strong>br</strong> />

6<<strong>br</strong> />

Artigo 2º, § 7º da Política Nacional <strong>de</strong> Enfrentamento ao<<strong>br</strong> />

Tráfico <strong>de</strong> Pessoas, aprovada pelo Decreto nº 5.948, <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

26/10/2006.<<strong>br</strong> />

7<<strong>br</strong> />

Artigo 3º, Protocolo Adicional à Convenção das Nações<<strong>br</strong> />

Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, relativo<<strong>br</strong> />

ao Combate ao Tráfico <strong>de</strong> Migrantes por Via Terrestre,<<strong>br</strong> />

Marítima e Aérea, promulgado pelo Decreto nº 5.016 <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

12 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2004.<<strong>br</strong> />

8 Artigo 125, Estatuto dos Estrangeiros, Lei nº 6.815/80.<<strong>br</strong> />

9<<strong>br</strong> />

Artigo 3, alínea “a”.<<strong>br</strong> />

10<<strong>br</strong> />

Como exemplo da diferença <strong>de</strong> entendimentos <strong>sob</strong>re a<<strong>br</strong> />

questão, po<strong>de</strong>-se citar a Suécia, que proíbe a prostituição,<<strong>br</strong> />

enquanto a Alemanha e a Holanda possuem regulamentação<<strong>br</strong> />

da mesma como ativida<strong>de</strong> profissional. SALES, Lília<<strong>br</strong> />

Maia <strong>de</strong> Morais; ALENCAR, Emanuela Cardoso Onofre<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong>. Tráfico <strong>de</strong> seres humanos, migração, contrabando <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

migrantes, turismo sexual e prostituição – algumas diferen-<<strong>br</strong> />

Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011<<strong>br</strong> />

35


SCACCHETTI, D. M.<<strong>br</strong> />

ciações. Itajaí: Novos Estudos Jurídicos, 2008. Disponível<<strong>br</strong> />

em: .<<strong>br</strong> />

11<<strong>br</strong> />

LEAL, Maria Lúcia; LEAL, Maria <strong>de</strong> Fátima (<strong>org</strong>s.). Pesquisa<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>re Tráfico <strong>de</strong> Mulheres, Crianças e Adolescentes<<strong>br</strong> />

para fins <strong>de</strong> Exploração Sexual Comercial - PESTRAF:<<strong>br</strong> />

Relatório Nacional. Brasília: CECRIA, 2002.<<strong>br</strong> />

12<<strong>br</strong> />

GREGORI, José. Tráfico <strong>de</strong> seres humanos: jovens são<<strong>br</strong> />

vítimas no país. Rio <strong>de</strong> Janeiro, Comunida<strong>de</strong> Segura, 2007.<<strong>br</strong> />

Disponível em: .<<strong>br</strong> />

13<<strong>br</strong> />

SALES, Lília Maia <strong>de</strong> Morais; ALENCAR, Emanuela<<strong>br</strong> />

Cardoso Onofre <strong>de</strong>. Tráfico <strong>de</strong> seres humanos, migração,<<strong>br</strong> />

contrabando <strong>de</strong> migrantes, turismo sexual e prostituição –<<strong>br</strong> />

algumas diferenciações. Itajaí: Novos Estudos Jurídicos,<<strong>br</strong> />

2008. Disponível em: .<<strong>br</strong> />

14<<strong>br</strong> />

KEMPADOO, Kamala. Mudando o <strong>de</strong>bate <strong>sob</strong>re o tráfico<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> mulheres. In: Ca<strong>de</strong>rnos Pagu. Campinas: nº 25, p. 55-78,<<strong>br</strong> />

julho/<strong>de</strong>zem<strong>br</strong>o, 2005.<<strong>br</strong> />

15<<strong>br</strong> />

ONU – Organização das Nações Unidas. UNODC – Escritório<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>re Drogas e Crimes das Nações Unidas. Global<<strong>br</strong> />

Report on Trafficking in Persons. [sine loco], fevereiro,<<strong>br</strong> />

2009. Disponível em: .<<strong>br</strong> />

16<<strong>br</strong> />

Tráfico <strong>de</strong> Pessoas para a Europa para fins <strong>de</strong> exploração<<strong>br</strong> />

sexual, p. 2, http://www.unodc.<strong>org</strong>/documents/southerncone<<strong>br</strong> />

//Topics_TIP/Publicacoes/TiP_Europe_EN_LORES.<<strong>br</strong> />

pdf, junho <strong>de</strong> 2010.<<strong>br</strong> />

17<<strong>br</strong> />

Artigo 2º, Convenção nº 29 da Organização Internacional<<strong>br</strong> />

do Trabalho – OIT, <strong>de</strong> 10/06/30, ratificada pelo Brasil<<strong>br</strong> />

em 25/04/54 e aprovada pelo Decreto Legislativo nº 24<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> 29/05/56.<<strong>br</strong> />

18<<strong>br</strong> />

SALES, Lília Maia <strong>de</strong> Morais; ALENCAR, Emanuela<<strong>br</strong> />

Cardoso Onofre <strong>de</strong>. Tráfico <strong>de</strong> seres humanos, migração,<<strong>br</strong> />

contrabando <strong>de</strong> migrantes, turismo sexual e prostituição –<<strong>br</strong> />

algumas diferenciações. Itajaí: Novos Estudos Jurídicos,<<strong>br</strong> />

2008. Disponível em: .<<strong>br</strong> />

19<<strong>br</strong> />

Convenção <strong>sob</strong>re a Escravatura, <strong>de</strong> 25/09/26, emendada<<strong>br</strong> />

pelo Protocolo aberto à assinatura na se<strong>de</strong> das Nações<<strong>br</strong> />

Unidas em Nova York, em 07/12/53, e promulgada pelo<<strong>br</strong> />

Decreto nº 58.563 <strong>de</strong> 1º/06/66.<<strong>br</strong> />

20<<strong>br</strong> />

Convenção Suplementar <strong>sob</strong>re a Abolição da escravatura<<strong>br</strong> />

do Tráfico <strong>de</strong> Escravos e das Instituições e Práticas Análogas<<strong>br</strong> />

à Escravatura”, adotada em Gene<strong>br</strong>a em 07/09/56 e<<strong>br</strong> />

também promulgada pelo Decreto nº 58.563 <strong>de</strong> 1º/06/66.<<strong>br</strong> />

21<<strong>br</strong> />

OIT – Organização Internacional do Trabalho. Uma aliança<<strong>br</strong> />

global contra o trabalho forçado - Relatório Global do<<strong>br</strong> />

Seguimento da Declaração da OIT <strong>sob</strong>re os Princípios e<<strong>br</strong> />

Direitos Fundamentais no Trabalho. Brasília: OIT, 2005.<<strong>br</strong> />

22<<strong>br</strong> />

FARIA, Thaís Dumêt, coor<strong>de</strong>nadora do Projeto <strong>de</strong> Combate<<strong>br</strong> />

ao Tráfico <strong>de</strong> Pessoas da OIT, em palestra proferida<<strong>br</strong> />

no “Seminário Internacional <strong>sob</strong>re Tráfico <strong>de</strong> Pessoas no<<strong>br</strong> />

Mercosul”, em 22/06/09.<<strong>br</strong> />

23<<strong>br</strong> />

ILLES, Paulo; TIMÓTEO, Ga<strong>br</strong>ielle Louise Soares;<<strong>br</strong> />

FIORUCCI, Elaine da Silva. Tráfico <strong>de</strong> Pessoas para fins<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> exploração do trabalho na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. In:<<strong>br</strong> />

Ca<strong>de</strong>rnos Pagu. Campinas: nº 31, p. 199-217, jul./<strong>de</strong>z.,<<strong>br</strong> />

2008, p. 202.<<strong>br</strong> />

24<<strong>br</strong> />

ONU – Organização das Nações Unidas. UNODC – Escritório<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>re Drogas e Crimes das Nações Unidas. Global<<strong>br</strong> />

Report on Trafficking in Persons. [sine loco], fevereiro,<<strong>br</strong> />

2009. Disponível em: ,<<strong>br</strong> />

p. 50.<<strong>br</strong> />

25<<strong>br</strong> />

OIT – Organização Internacional do Trabalho. Uma aliança<<strong>br</strong> />

global contra o trabalho forçado - Relatório Global do<<strong>br</strong> />

Seguimento da Declaração da OIT <strong>sob</strong>re os Princípios e<<strong>br</strong> />

Direitos Fundamentais no Trabalho. Brasília: OIT, 2005.<<strong>br</strong> />

26<<strong>br</strong> />

ibid, p.157.<<strong>br</strong> />

27<<strong>br</strong> />

ibid, p.73.<<strong>br</strong> />

28<<strong>br</strong> />

Aprovada pelo Decreto nº 5.948, <strong>de</strong> 26 <strong>de</strong> outu<strong>br</strong>o <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

2006.29 BRASIL. Ministério da Justiça. Política Nacional<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> Enfrentamento ao Tráfico <strong>de</strong> Pessoas. Brasília: Secretaria<<strong>br</strong> />

Nacional <strong>de</strong> Justiça, 2008, p.05.<<strong>br</strong> />

30<<strong>br</strong> />

Instituto <strong>de</strong> Pesquisa Inter-regional <strong>sob</strong>re Crime e Justiça<<strong>br</strong> />

das Nações Unidas.<<strong>br</strong> />

31<<strong>br</strong> />

QUAGLIA, Giovanni. Tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>, um panorama<<strong>br</strong> />

histórico e mundial. In: Brasil. Secretaria Nacional <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Justiça. Política nacional <strong>de</strong> enfrentamento ao tráfico <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

<strong>pessoas</strong>. 2ª ed. Brasília: SNJ, 2008, p. 39-43.<<strong>br</strong> />

32<<strong>br</strong> />

ONU – Organização das Nações Unidas. UNODC – Escritório<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>re Drogas e Crimes das Nações Unidas. Global<<strong>br</strong> />

Report on Trafficking in Persons. [sine loco], fevereiro,<<strong>br</strong> />

2009. Disponível em: ,<<strong>br</strong> />

p.21/25.<<strong>br</strong> />

33<<strong>br</strong> />

Relatório <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s 2007/2008 do Escritório <strong>de</strong> Prevenção<<strong>br</strong> />

e Enfrentamento ao Tráfico <strong>de</strong> Seres Humanos,<<strong>br</strong> />

ligado à Secretaria <strong>de</strong> Justiça e Defesa da Cidadania do<<strong>br</strong> />

Estado <strong>de</strong> São Paulo, atualmente <strong>de</strong>nominado Núcl<strong>eo</strong> <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

Enfrentamento ao Tráfico <strong>de</strong> Pessoas, p. 39.<<strong>br</strong> />

34<<strong>br</strong> />

RUIZ, Márcia. Tráfico <strong>de</strong> Seres Humanos. In: Polícia Civil.<<strong>br</strong> />

Departamento <strong>de</strong> Homicídios e <strong>de</strong> Proteção à Pessoa <strong>de</strong><<strong>br</strong> />

São Paulo. São Paulo: Roca, 2008, p. 57.<<strong>br</strong> />

35<<strong>br</strong> />

LEAL, Maria Lúcia; LEAL, Maria <strong>de</strong> Fátima. Enfrentamento<<strong>br</strong> />

do tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>: uma questão possível? In:<<strong>br</strong> />

Brasil. Secretaria Nacional <strong>de</strong> Justiça. Política nacional<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> enfrentamento ao tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>. 2ª ed. Brasília:<<strong>br</strong> />

SNJ, 2008, p. 27-33.<<strong>br</strong> />

36<<strong>br</strong> />

BOLDUC, Kim; QUAGLIA, Giovanni; OLIVEIRA,<<strong>br</strong> />

Marina. Tráfico <strong>de</strong> <strong>pessoas</strong>: um alerta mundial. In: Folha<<strong>br</strong> />

<strong>de</strong> São Paulo. Ca<strong>de</strong>rno Opinião, São Paulo, 02/10/07, p. 1.<<strong>br</strong> />

37<<strong>br</strong> />

Ibid, p.36.<<strong>br</strong> />

38<<strong>br</strong> />

ONU – Organização das Nações Unidas. UNODC – Escritório<<strong>br</strong> />

<strong>sob</strong>re Drogas e Crimes das Nações Unidas. International<<strong>br</strong> />

Framework for Action. [sine loco], setem<strong>br</strong>o, 2009.<<strong>br</strong> />

Disponível em: .<<strong>br</strong> />

36 Revista Internacional <strong>de</strong> Direito e Cidadania, n. 11, p. 25-38, outu<strong>br</strong>o/2011


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