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Desporto&Esport ed. 2 plus

Revista digital Desporto&Esport (www.desportoeesport.com)Faça o Download desta revista em: https://www.magzter.com/PT/Desporto&Esport;/Desporto-&-Esport/Sports/201599 ou se preferir o Paypall https://www.presspadapp.com/digital-magazine/desporto-esport

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A VIDA DE AGASSI<br />

PEP GUARDIOLA<br />

LINGUAGEM CORPORAL<br />

TREINO VS TALENTO<br />

A História do ténista que<br />

ódiava ténis<br />

As Táticas de Barcelona a<br />

Munich<br />

A Linguagem escondida<br />

Qual dos 2 é mais importante<br />

Desporto&<strong>Esport</strong><br />

Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />

Desporto<br />

Profissionalismo<br />

e Lesões<br />

No desporto profissional as lesões são cada vez mais<br />

frequentes. Nesta <strong>ed</strong>ição, mostramos os tratamentos mais<br />

recentes na m<strong>ed</strong>icina atual.<br />

Especial<br />

DOPING:<br />

LEGALIZAÇÃO? OU PROIBIÇÃO?<br />

OS PRÓS E OS CONTRAS<br />

AS DIFERENTES ANÁLISES E PERSPETIVAS<br />

A NÃO PERDER! REAL MADRID - 4-4-2 2014/2015


EDITORIAL<br />

O doping, entendível como a utilização de substâncias ilícitas para aumentar<br />

a performance desportiva, existe desde os primórdios do desporto, e tem-no<br />

acompanhado desde sempre. E foi inclusive, mais ou menos assumido, parte<br />

integrante da política desportiva de muitos países, como forma de confronto<br />

com nações rivais, usando o desporto para vitórias “bélicas” e poiticas. Hoje,<br />

isso é cada vez menos uma prática, mas segundo as autoridades competentes,<br />

nunca o uso do doping foi tão alto. Os diversos estudos apontam para valores<br />

acima dos 10% sendo que apenas menos de 1% desses atletas acaba por acusar<br />

positivo. Para muitos, estes valores podem surpreender, mas para aqueles<br />

que olham mais de perto o fenómeno desportivo, facilmente afirma que estes<br />

valores, nada mais são que uma consequência natural dos requisitos e do desgaste,<br />

para além do aumento de lesões graves, que a atividade desportiva de<br />

topo carrega no desporto atual, onde os limites humanos são constantemente<br />

exigidos. Deste modo, temos que nos questionar e trazer para o debate publico<br />

um debate serio sobre o doping, e se o uso de substancias deve continuar<br />

a ser totalmente banida do desperto, ou se, por contrário, de devemos adotar<br />

uma abordagem menos fundamentalista e mais permissiva, adotada a cada<br />

modalidade e as suas características.<br />

Mas não só de doping, vive esta segunda <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>. Temos<br />

um especial, com um conjunto de artigos, sobre lesões, os novos tratamentos,<br />

totalmente futuristas para os leigos, e o impacto emocional e de psicológico<br />

que provoca nos atletas. Falamos igual, de como, a linguagem corporal e uma<br />

boa analise da mesma, pode ser a diferença entre a vitória ou derrota dentro<br />

de um campo de futebol. Olhamos para o Brasil e o voleibol e das razões que<br />

fazem deste desporto um sucesso em terras de vera cruz. Andre Agassi, um<br />

tenista que odiou o ténis por toda a sua vida, é a figura desportiva desta <strong>ed</strong>ição;<br />

um caso paradigmático de onde o sucesso e a felicidade não andam de mãos<br />

dadas.<br />

Director geral e Editor<br />

Diogo Sampaio<br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Colunistas<br />

P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Vitor E. Santos,<br />

Diogo Sampaio, Thiago Y. Jacomelly,<br />

Ricardo Reis, Tiago Dinis<br />

Colunistas Convidados<br />

Rodolfo Resende Pires, Alexandre<br />

Monteiro, Olívia Santos, Alexandre<br />

Cardoso, Ana Matos<br />

Contatos<br />

contato@desportoeesport.com<br />

Website<br />

www.desportoeesport.com<br />

Por fim, agradecendo a todos os colunistas convidados a sua participação,<br />

congratulamo-nos, por cada vez mais sermos uma revista por toda a comunidade<br />

e países de língua portuguesa, com colunistas de diferentes nacionalidades<br />

e leitores um pouco por todo o mundo.<br />

Diogo Sampaio, Director


CAPA:<br />

DOPING<br />

06 Doping: Proibição? Legalização?<br />

08 Doping: Definição<br />

09 Razões para o uso do doping<br />

17 Principais metódos e substâncias<br />

dopantes<br />

18 Doping e saúde: o caso da<br />

Alemanha oriental<br />

ESPECIAL LESÕES<br />

24 O impacto psicologico das lesões<br />

28 Holografia: lesões e Basebol<br />

32 Celulas estaminais, lesões e recuperação<br />

fisica<br />

34 NFL e o risco de doenças degenerativas<br />

19 Doping: uma questão legal ou<br />

ética?<br />

52 Doping: legalização!<br />

53 Doping: Proibição!<br />

65 Doping: conclusões finais<br />

FIGURA<br />

36 Agassi: O tenista que odiava<br />

tenis<br />

DESPORTO&ESPORT<br />

10 Real Madrid: 4-4-2<br />

12 Segr<strong>ed</strong>os da Linguagem corporal<br />

15 O segr<strong>ed</strong>o do sucesso do<br />

voleibol brasileiro de quadra: qual a<br />

receita?<br />

20 GPS e arbitragens<br />

23 A importancia da análise de<br />

video<br />

30 Videojogos: devem ser considerados<br />

desporto?<br />

40 Tecnologia MuscleSound<br />

44 Estádios Intelegentes<br />

48 R<strong>ed</strong>es sociais, marcas e desporto<br />

59 Pep Guardiola: as taticas de barcelona<br />

a munich<br />

MAIS<br />

DESPORTO&ESPORT<br />

26 Squash<br />

29 O respeito dentro do Balneario<br />

33 NHL e as imagens POV<br />

45 Menos carbiodratos para os<br />

maratonistas<br />

46 Ciclismo e Tecnologia<br />

50 NBA: a origem dos craques<br />

51 Sérvia-Albânia: a origem da violencia<br />

56 Hidratação no desporto profissional<br />

58 Triatletas: três erros comuns<br />

62 Fotografia do mês<br />

68 Filme: Um homem fora de serie<br />

70 Livro: o treino da tomada de<br />

decisão<br />

71 Número do mês<br />

72 Software: ZenPlanner<br />

73 Aplicativo Web: OneFootball<br />

63 Treino Vs. Talento<br />

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DOPING:<br />

LEGALIZAÇÃO OU PROIBIÇÃO?<br />

Proibição? Legalização?<br />

Como decidir no meio de<br />

questões legais, éticas, desportivas,<br />

saúde, entre tantas<br />

outras?<br />

Nos anos 70, muitas atletas femininas engravidavam propositadamente semanas antes<br />

das grandes competições, isto porque nos primeiros meses de gestação as mulheres ficam<br />

mais fortes e aumentam a capacidade aeróbica. Na Grécia antiga, de cordo com os escritos<br />

deixados pelo filósofo Philostratus, os atletas da primeira era olímpica, aproximadamente<br />

776 a.C, consumiam chás compostos por diversas ervas e comiam cogumelos para melhoraram<br />

as suas marcas. Atualmente, a química e a tecnologia produzem um conjunto de<br />

drogas e fármacos sintéticos que aumentam fortemente as performances do corpo humano<br />

e permite bater recordes totalmente inimagináveis e impossíveis num “corpo limpo”. A<br />

procura de meios, metodologias e substâncias para o aumento de performance desportiva,<br />

como facilmente percebemos, foi uma constante por toda a história humana.<br />

Atualmente a problemática do doping, ou em português propriamente dito – dopagem,<br />

assume contornos ainda mais proeminentes.<br />

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O canadense e ex-atleta Richard William<br />

Pound, membro do Comitê Olímpico<br />

Internacional (COI) e presidente na<br />

Agência Mundial Antidoping de 1999 a<br />

2007, afirmou, à pouco mais de dois anos,<br />

que os diversos estudos indicam categoricamente<br />

que mais de 10% dos desportistas<br />

de alto rendimento se dopam, mas os<br />

testes e os controlos anti-doping não apanham<br />

mais que 1 ou 2%.<br />

A tecnologia e os avanços científicos também<br />

chegaram ao desporto e ao doping e a<br />

realidade é que não sabemos com exatidão<br />

a sua proporção, nem em que desportos<br />

se desenvolvem em maior número; sim,<br />

porque acr<strong>ed</strong>itar que o doping é uma<br />

coisa unicamente do ciclismo é uma total<br />

ingenuidade.<br />

No entanto, o pressuposto deste artigo, e<br />

dos artigos que acompanham o tema do<br />

doping na 2 <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>,<br />

debruça-se e leva o debate para um outra<br />

orientação: devemos manter a intransigência<br />

quanto à utilização de substancia que<br />

aumentam o rendimento? Ou, por outro<br />

lado, devemos manter uma noção mais<br />

abrangente sobre o tema, e abrir lentamente<br />

o desporto, ou pelo menos algumas<br />

modalidades, a essas mesmas substâncias,<br />

e aceita-las como parte integrante da atividade<br />

desportiva profissional e de topo?<br />

Este tema e este debate torna-se ainda mais<br />

preponderante quando olhamos para o<br />

desporto atual e facilmente entendemos o<br />

nível de esforço requerido, ou o número de<br />

jogos e partidas e o pouco tempo temporal<br />

em que acontecem, ou o número de lesões,<br />

em muitos casos, anormalmente altas<br />

e muito definitivas para muitos atletas.<br />

Muitas substâncias, até agora proibidas,<br />

poderiam em muitos casos minimizar o<br />

desgaste excessivo e prevenir lesões, e tornar<br />

o desporto, à falta de melhor palavra,<br />

de novo a índices humanos e possíveis de<br />

ser praticados por humanos, onde alcançar<br />

o limite não leva necessariamente à<br />

destruição.<br />

Se a isto somarmos, um conjunto de<br />

metodologias e maquinaria cientifica, normalmente<br />

ausente do debate do doping,<br />

mas que criam, mesmo que legalmente,<br />

claras diferenças artificias entre atletas,<br />

beneficiando aqueles que têm um maior<br />

poder financeiro ou que estão inseridos<br />

em clubes ou instituições mais poderosas.<br />

Assim, iniciar um debate serio e claro<br />

sobre o uso do doping no desporto profissional<br />

é mais necessário que nunca,<br />

sem termos como é obvio, a pretensão de<br />

chegar a uma resposta definitiva. Neste<br />

conjunto de artigos, para além de definirmos<br />

com exatidão o conceito de doping,<br />

iremos apresentar a perspetiva de diversos<br />

autores e da diversa literatura, defendendo<br />

quer o uso do doping, que a sua total<br />

proibição.<br />

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Doping ou “Dopagem é o uso de qualquer m<strong>ed</strong>icamento ou<br />

produto que contenha substâncias indicadas na lista de substâncias<br />

proibidas”<br />

Definir universalmente o significado de doping é uma<br />

tarefa difícil e até certo ponto inexequível, dada a falta<br />

de consenso, nomeadamente no mundo académico.<br />

Ainda assim é possível alcançar alguns acordos e<br />

ideias partilhadas pela maior parte dos especialistas.<br />

A palavra “doping” é um anglicanismo que terá surgido<br />

pela primeira vez em 1889 nos Estados Unidos<br />

da América em 1889 em contexto bélico, no qual<br />

referia: “ mistura de ópio e narcóticos administrada<br />

aos cavalos”, que significava “estimulação ilícita para<br />

os cavalos durante a corrida”.<br />

O termo doping como descrito acima não “nasceu”<br />

interligada com o desporto, isso aconteceu apenas,<br />

pelo menos a nível internacional, em 1933, e a sua<br />

definição passava por “ o uso de determinados fármacos<br />

para aumentar o rendimento físico”.<br />

Apenas duas décadas, em 1949, a definição de doping<br />

haveria de sofrer uma ligeira remodelação: “todo<br />

o uso de substâncias ou de práticas estimulantes que<br />

exageram momentaneamente o rendimento de um<br />

individuo”.<br />

Ao longo dos anos, outras pequenas alterações foram<br />

feitas, sendo que hoje, a definição usualmente mais<br />

aceite e adotada pela convenção europeia contra a<br />

dopagem no desporto e presente na legislação portuguesa<br />

é: Doping ou “Dopagem é o uso de qualquer<br />

m<strong>ed</strong>icamento ou produto que contenha substâncias<br />

indicadas na lista de substâncias proibidas”.<br />

Para os mais curiosos, etimologicamente a palavra<br />

doping tem três grandes teorias. A primeira, e seguida<br />

por muitos autores anglo-saxónicos, afirmam que a<br />

palavra doping advém da língua inglesa “dope”, que<br />

significa “ pasta, líquido espesso ou gordo, utilizado<br />

como um lubrificante ou óleo alimentar”.<br />

Outros contrariam fortemente esta primeira teoria e<br />

afirmam que a palavra doping deriva diretamente do<br />

dialecto Kafir, que era falado por indígenas do sudeste<br />

de África que atribuía à palavra “dop” o significado<br />

de: “licor forte, que era bebido como estimulante<br />

durante os cultos ou cerimónias religiosas segundo a<br />

aprovação de Kafa”.<br />

Recentemente surgiu a ideia de relacionar o termo<br />

doping com DOPA (dihidroxifenilalamina), que é<br />

um aminoácido monoaminocarboxílico, formado pela<br />

oxidação da tiosina em reacção catalizada pela tirosinasa.<br />

8 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


RAZÕES PARA O USO DO DOPING<br />

O<br />

objetivo, como é claro para todos, para uso de substâncias ilegais, é aumentar a performance desportiva e alcançar vitórias e<br />

records. Mas, esta é uma das situações em que é necessário olhar mais afundo para a questão, até porque quando olhamos<br />

para alguns dos fármacos utilizados para melhorar artificialmente o desempenho, entendemos os seus malefícios. Por<br />

exemplo o uso de esteroides pode provocar delírios, episódios de paranoia e quebras psicológicas graves, podendo inclusive<br />

afetar o comportamento motor. Pior ainda, o uso prolongado pode originar problemas crônicos como doenças cardíacas,<br />

enfermidades no fígado, disfunções sexuais e uma diminuição acentuada da espectativa de vida e nos casos mais graves a morte. Em alguns<br />

casos deram-se ainda modificações corporais extremas, principalmente em atletas do sexo feminino. Assim é imperativo perceber quais as<br />

razões que levam os atletas a correram tão altos riscos para o aumento artificial. No geral existem duas teorias: Durkheim e Merton.<br />

Teoria de Durkheim<br />

A teoria de Durkheim refere o uso do doping por parte dos atletas<br />

como “um reflexo discrepantes das normas na soci<strong>ed</strong>ade”. Do<br />

ponto de vista prático, este autor aponta a soci<strong>ed</strong>ade e as subculturas<br />

como o principal meio para que o atleta se permita o uso<br />

do doping; um pouco da mesma forma como a cultura potencia<br />

ou reprime o crime. Quanto mais a soci<strong>ed</strong>ade for permissiva ao<br />

uso de substâncias ilegais mais fácil será para o atleta dar o passo<br />

decisivo para o uso de dopagem.<br />

Teoria de Merton<br />

A teoria de Merton aponta as razões do uso do doping como o<br />

“resultado de grandes exigências, motivações e recompensas nos<br />

atletas de elite que testariam os limites da performance e isso sugeria<br />

o uso de meios ilegais”. Este ponto é facilmente identificável<br />

e para isso basta ligarmos as nossas televisões ou ligar os nossos<br />

computadores ou smartphone para entendermos os inúmeros<br />

estímulos que os grandes atletas estão sujeitos: fama, dinheiro ou<br />

reconhecimento m<strong>ed</strong>iático, são apenas alguns dos mais notórios.<br />

Os atletas vivem vidas de aparente sonho, para chegar a elas ou<br />

para lá se manter o doping pode ser um mal menor.<br />

A problemática dos efeitos psicológicos e da dependência<br />

Para além dos motivos já destacadas, existe também a problemática dos efeitos psicológicos nos atletas que se doparam e o muito comum efeito<br />

de dependência que lhes provoca e não lhe permite, mesmo quando o desejam, de deixarem de utilizar substâncias proibidas.<br />

Muitas das substâncias usadas no doping alteram dramaticamente o sistema límbico do cérebro, que controla o comportamento instintivo,<br />

as emoções, e muito importante, a motivação. A maiorias das drogas utilizadas, como referido, alteram significativamente o metabolismo,<br />

nomeadamente neurotransmissores como a adrenalina, noradrenalina, dopamina e serotonina estão envolvidos no controlo de muitos estados<br />

emocionais e mentais, e criando em muitos casos dependência, tanto física como emocional. Aliás, como é sabido, todas as drogas criam,<br />

nem que seja artificialmente, uma dependência, e aumentam a quantidade de dopamina no sistema de recompensa, e a procura de prazer,<br />

euforia e em muitos casos uma sensação falsa de felicidade. Por exemplo, uma das substâncias mais usadas as anfetaminas criam uma elevada<br />

dependência emocional e psicológica.<br />

Assim sendo, é absolutamente termos em mente esta problemática, em casos onde existe a reincidência de atletas no doping, ou por outro lado<br />

o uso continuado de substancia dopantes, assim como as entidades reguladoras, que têm necessariamente de olhar para estes atletas como<br />

seres humanos e sujeitos a todas as fragilidades a isso inerentes, e devem como tal, focar-se primeiro no tratamento e só depois na penalização.<br />

Evitando igualmente, a excessiva exposição m<strong>ed</strong>iática dos atletas, que em termos humanos pode ser extremamente contra producente.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 9


James Rodríguez, Toni Kroos e Luka Modric (no fundo<br />

em imagens, na sequencia apresentada) compõem<br />

o novo, e diga-se vibrante, meio-campo merengue,<br />

pertencendo quase no exclusivo a estes três homens a<br />

titularidade no atual sistema tático (4-4-2) criado por<br />

Ancelotti para o Real Madrid versão 2014/2015. Este<br />

trio altamente técnico, foi construído tendo por base<br />

três números 10, o que é uma total novidade no mundo<br />

do futebol, mas que ao contrário de muitas catastróficas<br />

previsões tem resultado em pleno, aliando ainda<br />

uma beleza estética que esteve ausente da maior equipa<br />

da capital espanhola desde há vários anos.<br />

O passe passou a ser o lema do Real Madrid desta<br />

presente época, em diferentes estilos, combinando a<br />

velocidade e a rapidez dos passes longos com períodos<br />

de desaceleração e até a própria inércia quebrando o<br />

habitual e permanente jogo de contra-ataque dos últimos<br />

anos. Permitindo, desta forma, que o jogo merengue<br />

possuía várias mudanças e diferentes abordagens,<br />

e possa, como é norma dizer na linguagem futebolista,<br />

especular com o jogo e com o que a equipa adversária<br />

oferece.<br />

Isco e James, apesar de terem uma maior responsabilidade<br />

de passes de rutura, apostam igualmente na<br />

segurança e na eficiência, no oposto da época anterior<br />

onde o passe de rutura e de risco era a norma e o mais<br />

procurado.<br />

A versatilidade de Kroos é fundamental para a consistência<br />

da equipa, sendo ele, o principal motor com a<br />

sua qualidade de passe, consciência posicional e capacidade<br />

para aproveitar as oportunidades de remates<br />

para golo. Além disso, a sua capacidade para as bolas<br />

paradas é crucial para criar desequilíbrios, num futebol<br />

atual extremamente fechado. Assim, como a qualidade<br />

de último passe de James na Zona 14 (consulte o<br />

nosso Website para saber mais sobre a zona 14 www.<br />

desportoeesport.com).<br />

Outo ponto crucial, é o povoamento do campo, mais<br />

fechado ao cento e com um maior número de jogadores<br />

no miolo do terreno, melhorando em grande m<strong>ed</strong>ida o<br />

jogo interior e o passe entre linhas, aproveitando e<br />

potenciando ao máximo as superiores qualidades técnicas<br />

dos jogadores. observando o posicionamento em<br />

campo mais frequente dos jogadores do Real Madrid<br />

torna-se muito claro e prevalencia para o centro em<br />

detrimento das alas.<br />

10 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


O encanto do “novo” Real Madrid passa sobretudo<br />

pelo que o meio-campo e o futuro na Liga será<br />

o que James, Modric e Kroos forem capazes de<br />

fazer. Resta-nos esperar se a qualidade de jogo<br />

e de consistência consegue durante toda a época.<br />

Com as saídas do onze de K<strong>ed</strong>ira e Xavi Alonso,<br />

e as menores capacidades defensivas de Kroos e<br />

Modric, não existia outra solução que não mudar<br />

e criar uma almofada tática que eliminasse ao<br />

máximo a perda de compostura, desorganização<br />

ou desequilíbrios. A simplicidade passou a ser o<br />

maior imperativo. Simplicidade com eficiência.<br />

Tomando como exemplo o jogo do Real contra o<br />

Liverpool – 3-0 vitória para a equipa espanhola,<br />

Kroos completou 88 dos seus 90 passes, com<br />

Modric 89 de 95, apostando num tipo de passe<br />

onde a segurança é a base, um pouco à imagem do<br />

que o Barcelona tem feito na última meia década.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 11


SEGREDOS DA LINGUAGEM<br />

CORPORAL<br />

N<br />

o desporto existe uma “linguagem<br />

escondida” que<br />

os jogadores, treinadores e<br />

maior parte dos intervenientes<br />

no jogo usam, a Linguagem Corporal.<br />

Normalmente durante um jogo, o jogador<br />

não pergunta ou indica as suas intenções<br />

de uma forma verbal “ Posso passar-te a<br />

bola? Desmarca-te! Vou lançar a bola para<br />

a direita! Vou fintar! Vou dar um murro<br />

no lado direito!”, Maior parte da linguagem<br />

no desporto faz-se de uma forma<br />

não-verbal.<br />

Os melhores atletas são muito bons a ler<br />

linguagem corporal, são muito intuitivos<br />

a emitir sinais não-verbais e ainda a captar<br />

e entender as pistas não-verbais dos<br />

adversários e treinadores.<br />

Os atletas excelentes dominam esta linguagem<br />

e usam-na para dissimular a sua<br />

estratégia (Fintas, dissimular golpes, dissimular<br />

passes…), ou antecipar a estratégia<br />

do adversário (“cortar” a bola ao<br />

adversário, adivinhar o lado de marcação<br />

de uma penalidade, para onde irá ser<br />

atirada a bola, perceber qual o golpe do<br />

adversário, …).<br />

A linguagem corporal é uma linguagem<br />

simples e mais verdadeira que todos nós já<br />

conhecemos e “ falamos”, o meu objetivo é<br />

relembrar os seus significados e criar uma<br />

consciência sobre os sinais, movimentos<br />

e expressões em prol de melhores resultados.<br />

A linguagem corporal influencia o comportamento<br />

do jogador antes e durante<br />

jogo, se o jogador optar por uma postura<br />

de confiança, peito para fora, ombros<br />

levantados, cabeça levantada, irá elevar os<br />

níveis de testosterona logo melhorar o seu<br />

desempenho e rendimento durante o jogo.<br />

Sabia que a confiança de um Guardar<strong>ed</strong>es<br />

durante a marcação de uma penalidade<br />

sobe aumentando a possibilidade de<br />

defesa, se o jogador que marca a penalidade<br />

exibir uma postura submissa (Cabeça<br />

Baixa, peito encolhido, ombros descaídos).<br />

Dominar a Linguagem<br />

Corporal significa<br />

aumentar rendimento<br />

desportivo. Quanto<br />

melhor um atleta dominar<br />

esta linguagem e de<br />

uma forma consciente,<br />

maior o seu poder de<br />

antecipação logo melhor<br />

o seu rendimento e<br />

eficácia.<br />

12 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


“Saber ler Linguagem Corporal é como aproximar-se de uma leitura de pensamentos<br />

dos seus adversários.”<br />

Existem sinais não-verbais muito simples<br />

de observar que nos ajudam a Conhecer,<br />

Relacionar e Otimizar a forma como interagimos<br />

com os companheiros de equipa ou<br />

adversários, antes e durante um jogo.<br />

Quando um jogador levanta as sobrancelhas<br />

pelo menos duas vezes em direção a<br />

um companheiro/a de equipa é o mesmo<br />

que dizer ”Prepara-te!“ e como adversário<br />

devemos perceber que alguma coisa vai<br />

acontecer e assim antecipar.<br />

Quando o adversário levanta o queixo é<br />

sinal de alerta, devemos ter atenção ao local<br />

para onde o seu queixo aponta.<br />

O ângulo do tronco ajuda a adivinhar para<br />

onde o jogador irá passar ou atirar a bola,<br />

antes de passar ou atirar a bola o jogador<br />

inclina o tronco para o local onde irá passar<br />

ou atirar a bola, tanto que os bons jogadores<br />

usam um movimento “truque” para enganar<br />

o seu adversário, apontando a cara um<br />

lado e passam para outro, mas o tronco não<br />

engana.<br />

Elementos da mesma equipa que dão mais toques de incentivo entre eles, demonstram maior união de grupo.<br />

O treinador cobre a cara quando sente frustração<br />

ou desagrado pelo que está a acontecer<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 13


Ao analisar a fotografia o que podemos perceber?<br />

Poderoso - Braços abertos, Peito para fora, pés afastados, queixo levantado (Cristiano Ronaldo).<br />

Para saber qual o jogador mais “poderoso”, repare no jogador que coloca o peito para fora, o que fizer de forma mais evidente é o que se<br />

sente mais poderoso em relação à equipa, Entre dois adversários, o que mais evidenciar o peito para fora, é o favorito à vitória.<br />

Líder “Silencioso”- Queixo levantado, mãos na cintura, peito para fora (Pepe). Peito para fora e, queixo levantado revela confiança. Mãos<br />

na cintura encontra-se pronto para o desafio.<br />

Lutador- Punhos Fechados e um pé com avanço (Raúl Meireles). Punhos fechados revela agressividade. Pé avançado, homem de ação.<br />

O treinador ou espectador pode de uma<br />

forma simples olhar para um jogo através de<br />

uma outra dimensão, verificar e prever onde<br />

bola irá estar, quem é o atleta mais poderoso,<br />

quem é o líder “Silencioso”, qual o estado de<br />

união da equipa e muito mais, para isso basta<br />

observar simples sinais da linguagem corporal<br />

dos jogadores.<br />

A linguagem corporal é tão importante<br />

que é responsável por influenciar o comportamento<br />

do jogador antes e durante jogo,<br />

se o jogador optar por uma postura de confiança,<br />

peito para fora, ombros levantados,<br />

cabeça levantada, irá elevar os níveis de testosterona<br />

logo melhorar o seu desempenho<br />

e rendimento.<br />

A leitura da linguagem corporal está<br />

acessível a todos, podendo com a prática<br />

tornar-se mais natural. Tal como nas artes<br />

marciais não precisa de saber 1000 técnicas<br />

para ser bom, basta sim saber 10 técnicas<br />

e treiná-las 1000 vezes, também na linguagem<br />

corporal não precisa de saber ler 1000<br />

gestos, posições e expressões para captar as<br />

mensagens mais importantes, aprendendo a<br />

ler os simples gestos e posições nas diversas<br />

situações do seu dia-a-dia, ganha logo esta<br />

vantagem.<br />

Alexandre Monteiro. Especialista em comportamento humano<br />

www.pessoab.pt<br />

www.segr<strong>ed</strong>osdaLinguagemCoporal.blogspot.com<br />

14 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


C<br />

om certeza, muitas pessoas no mundo afora ficam<br />

se perguntando qual a receita de tanto sucesso das<br />

seleções masculina e feminina brasileira de voleibol<br />

e quando isso começou a se tornar realidade? Para<br />

essas e mais perguntas, o artigo a seguir enumera<br />

todo o esforço da Conf<strong>ed</strong>eração Brasileira de Voleibol (CBV)<br />

visando os resultados recentes.<br />

Para isso seria interessante entendermos como funciona toda<br />

dinâmica estratégica e também os fatores responsáveis de tal<br />

sucesso. E uma verdade universal que todos os esportes somente<br />

conseguem algum apoio e visibilidade a partir de resultados e<br />

projetos de marketing. A seleção masculina teve seu primeiro prêmio<br />

importante em 1982 no Campeonato Mundial disputado em<br />

Buenos Aires, onde obteve a segunda colocação levando a m<strong>ed</strong>alha<br />

de prata. Em 1984, novamente a seleção masculina consegue outra<br />

m<strong>ed</strong>alha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Em 1990<br />

a embalada seleção ganha uma m<strong>ed</strong>alha de bronze na 1º Liga<br />

Mundial disputada em Osaka, Japão após vencer um jogo contra<br />

a extinta URSS. Porém o ápice do voleibol masculino foi a conquista<br />

inédita da m<strong>ed</strong>alha de ouro em 1992 nos Jogos Olímpicos<br />

de Barcelona. M<strong>ed</strong>iante aos resultados apresentado pela seleção<br />

masculina, o voleibol feminino teve suas conquistas um pouco<br />

mais tarde.<br />

Tudo começou em 1993, quando conseguiu um histórico 4º lugar<br />

no Grand Prix de Voleibol e que em 1994 vinha a ganhar o ouro<br />

em cima da fortíssima seleção de Cuba, que era a atual Campeã<br />

Olímpica. A partir dessa data, a seleção canarinho feminina<br />

firma-se definitivamente no cenário mundial como uma potência<br />

no esporte após conseguir uma m<strong>ed</strong>alha de prata no Campeonato<br />

Mundial Feminino de 1994, disputado no Brasil no estádio<br />

Ibirapuera localizado no estado de São Paulo. A partir desses<br />

resultados, a CBV passou a profissionalizar o voleibol, oferecendo<br />

recursos de fontes privadas e públicas para que o esporte pudesse<br />

crescer e se fortalecer como uma potência nacional e internacional.<br />

Todos esses títulos iniciais e os incentivos estabelecidos pelos<br />

inúmeros presidentes que regiram a CBV ao longo desses anos<br />

notaram a necessidade de se criar um centro de treinamento de<br />

excelência, onde pudessem concentrar todos os atletas a fim de<br />

disponibilizar um ambiente propício a prática da modalidade,<br />

objetivando assim sua excelência. Em 25 de agosto de 2003,<br />

a CBV inaugura o Complexo de Treinamento Saquarema na<br />

cidade Saquarema, localizada no estado do Rio de Janeiro. Além<br />

das seleções principais, o complexo tinha como objetivo treinar<br />

atletas de diferentes categorias de base que se colocassem a disposição<br />

da seleção m<strong>ed</strong>iante as seletivas estaduais estabelecidas<br />

pelas F<strong>ed</strong>erações de Voleibol dos 26 estados nacionais e o Distrito<br />

F<strong>ed</strong>eral. O complexo possui cerca de 108 mil metros quadrados,<br />

com instalações e equipamentos de ultima geração disponíveis<br />

a comissão técnica e aos atletas para que todo esse sucesso que<br />

vemos hoje pudesse se tornar real. O centro de treinamento levou<br />

a CBV ser reconhecida como a primeira entidade esportiva do<br />

mundo a ganhar um certificação ISO 9001:2000.<br />

A CBV recebe apoio de diferentes setores, seja ele privado ou estatal.<br />

Tem como seu principal patrocinador o Banco do Brasil, que<br />

financia recursos dirigidos aos principais campeonatos nacionais<br />

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“Anos após ano, a Superliga se fortaleceu tornando um dos principais torneios<br />

esportivos do mundo, vitrine para formação de jogadores de alto nível e<br />

até intercambio de vários atletas. ”<br />

existentes, sendo mais importante a<br />

Superliga Masculina e Feminina. A competição<br />

que outrora era chamada de Liga<br />

Nacional teve seu nome adotado como<br />

Superliga em 1994, m<strong>ed</strong>iante a necessidade<br />

de popularizar e disseminar a prática<br />

esportiva nos inúmeros clubes espalhados<br />

por todo o Brasil. Anos após ano, a<br />

Superliga se fortaleceu tornando um dos<br />

principais torneios esportivos do mundo,<br />

vitrine para formação de jogadores de alto<br />

nível e até intercambio de vários atletas.<br />

Dentre as varias nacionalidades que já<br />

participaram ou participam da Superliga<br />

podemos citar jogadores cubanos, romenos,<br />

italianos, sérvios, tchecos, americanos,<br />

entre outros.<br />

Hoje a Superliga conseguiu superar em<br />

relação de visibilidade e mercado as principais<br />

ligas do mundo, como a Liga Italiana<br />

que advento da crise que se instalou na<br />

Europa, acabou por exportar seus principais<br />

atletas nacionais e estrangeiros. Além<br />

do Brasil, outras ligas se fortaleceram<br />

como a Liga Turca e a Liga Russa, absorvendo<br />

atletas e comissão técnica de alto<br />

desempenho no esporte.<br />

A Superliga 2014/2015 está a todo vapor.<br />

A Superliga Masculina conta com a participação<br />

de 12 times de quatro estados<br />

nacionais sendo: 5 times de São Paulo,<br />

4 times de Minas Gerais, 2 times do Rio<br />

Grande do Sul e 1 time do Paraná. Já a<br />

Superliga Feminina conta com 13 times<br />

de 6 estados nacionais sendo: 7 times de<br />

São Paulo, 2 times de Minas Gerais, 1 time<br />

do Rio de Janeiro, 1 time do Maranhão, 1<br />

time do Distrito F<strong>ed</strong>eral e 1 time de Santa<br />

Catarina.<br />

O sistema de disputa desse torneio é longo,<br />

geralmente entre o período das principais<br />

competições internacionais objetivando a<br />

continuidade do trabalho. Tem duração de<br />

aproximadamente 6 meses entre os meses<br />

de Novembro a Abril. E disputada em<br />

quatro fases:<br />

• 1º fase: Na primeira fase todos os<br />

times se enfrentam em turno e returno e<br />

são contabilizados pontos de acordo com o<br />

utilizado no sistema internacional. Vitoria<br />

por 3x0 ou 3x1 o time consegue 3 pontos<br />

e vitória por 3x2 o time consegue 2 pontos<br />

e o adversário leva 1 ponto. Os critérios de<br />

desempate são respectivamente: numero<br />

de vitorias, set average, pontos average,<br />

confronto direto e sorteio.<br />

• 2º fase: Os oito times mais bem<br />

colocados m<strong>ed</strong>iante a pontuação conquistada,<br />

disputam em um cruzamento simples<br />

de 1ºx8º, 2ºx7º, 3ºx6º e 4ºx5º lugares.<br />

São disputados melhor de 3 jogos playoffs.<br />

• 3º fase: as semifinais são disputadas<br />

em jogos onde o venc<strong>ed</strong>or do 1ºx8º<br />

pega o venc<strong>ed</strong>or do 4ºx5º e o venc<strong>ed</strong>or do<br />

2ºx7º pega o venc<strong>ed</strong>or do 3ºx6º.<br />

• 4º fase: Final. Disputa em um<br />

único jogo dos venc<strong>ed</strong>ores da 3º fase.<br />

Portando, é notório que o sucesso<br />

do voleibol depende de muitos fatores<br />

que foram sendo construídos ao longo<br />

das conquistas tanto do vôlei masculino<br />

como do feminino. E importante frisar<br />

a d<strong>ed</strong>icação e o empenho de cada atleta,<br />

comissão técnica e responsáveis que juntos<br />

conseguem um resultado expressivo<br />

reconhecido mundialmente. Então qual é a<br />

receita ? Não existe uma receita, é somente<br />

fruto de muito trabalho e entrega de todos<br />

os apaixonados pelo esporte.<br />

Thiago Yavorkes Jacomelly, graduando em Física Médica e apaixonado por<br />

voleibol thiagofm<strong>ed</strong>ica@gmail.com<br />

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Doping: Proibição? Legalização?<br />

PRINCIPAIS MÉTODOS E<br />

SUBSTÂNCIAS DOPANTES<br />

A<br />

s substâncias proibidas e tidas como dopantes dividem-se<br />

me cinco grupos farmacológicos distintos.<br />

Temos num primeiro plano os estimulantes, que<br />

tal como é indicado pelo nome, exitam o organismo<br />

alterando drasticamente o metabolismo. De<br />

entre os principais estimulantes destacam-se as anfetaminas,<br />

a cafeína, a cocaína e seus derivados como o crack, a ef<strong>ed</strong>rina,<br />

a estriquinina e a terbutalina. Assim, valores superiores a 500<br />

ng/mL de salbutamol na urina, por exemplo, são passivos de<br />

punições. Algumas substâncias proibidas são permitidas em<br />

tratamentos específicos, como a adrenalina e o imidazol que<br />

podem ser usados como anestésicos locais.<br />

Temos também os agentes anabolizantes que se dividem em<br />

dois subgrupos: os esteroides anabolizantes androgenizantes<br />

como a testosterona e seus derivados, a bolasterona, a<br />

androsten<strong>ed</strong>iona, a noratandrolona, entre outros agentes.<br />

Caso o exame evidencie uma relação superior a 6 partes de<br />

testosterona para uma de epitestosterona, será considerado<br />

positivo. Contudo, um estudo endocrinológico deverá ser<br />

realizado para saber se o distúrbio é natural, que ainda que<br />

raro, acontece em muitas situações.<br />

Os Narcótico-analgésicos são substâncias narcóticas, ou seja,<br />

têm como principal objetivo relaxar ou diminuir a dor dos<br />

atletas, destacam-se deste grupo de substâncias a morfina, a<br />

heroína, a hidrocodona entre outros compostos correlatos.<br />

Os Diuréticos como a bumetanida, a espronolactona, a diclofenamida<br />

e o manitol são igualmente proibidos pelo menos<br />

quando injetados diretamente no corpo.<br />

Por fim, entre as substâncias temos as Hormonas peptídicas<br />

e substâncias análogas, das quais se destacam as hormonas<br />

de crescimento (HGH), a gonadotrofina coriônica<br />

humana (HCG), unicamente para o sexo masculino, que<br />

eleva a produção de esteróides androgênicos, aumentando a<br />

produção de hormônios masculinos, resultando, entre outras<br />

coisas, no aumento da massa muscular. E a insulina, hormona<br />

criada pelo pâncreas, com importante função no metabolismo<br />

dos açúcares pelo organismo. A sua utilização aumenta<br />

a queima dos açúcares o combustível do corpo humano. Com<br />

isso, há maior produção energética, resultando em ganhos<br />

consideráveis no desempenho.<br />

Algumas das metodologias ilegais utilizadas são por exemplo as<br />

transfusões de sangue ou a aplicação de analgésicos locais. Existe<br />

ainda um conjunto de técnicas de despiste de testes de doping,<br />

como manipulação química e farmacológica da urina ou a administração<br />

de transportadores artificiais de oxigénio e substitutos<br />

de plasma. Por fim, existe atualmente um conjunto de máquinas<br />

(físicas) tecnológicas, que não entrando na definição de doping,<br />

podem entrar muito ser tidas como um aumento artificial da<br />

performance, dado que permite treinos com mais intensidade mas<br />

menor esforço e uma melhor recuperação.<br />

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DOPING E SAÚDE<br />

O CASO DA ALEMANHA ORIENTAL<br />

Os efeitos nefastos para a saúde é sem dúvida um<br />

dos principais problemas para os apologistas da<br />

liberalização do doping e o exemplo da Alemanha<br />

oriental é paradigmático. aniversário dos vinte e<br />

cinco anos da qu<strong>ed</strong>a do muro de Berlim serviu como um<br />

excelente pretexto para a ex-atleta da Alemanha oriental Ines<br />

Geipel, de 54 anos, levantar de novo as sequelas na saúde<br />

deixadas pelo uso do doping durante quase 45 anos, 1945-<br />

1989. Segundo Geipel, apenas no ultimo ano 700 pessoas procuraram<br />

a ajuda da associação que dirige “Ajuda às Vítimas<br />

de Doping” (sigla DOH, em alemão). Uma problemática que<br />

novamente segundo Geipel recebe pouco ou nenhum apoio<br />

por parte das autoridades. E, este é um problema que afetará<br />

incontáveis ex-atletas dado que se estima que entre os anos<br />

60 e 80, cerca de 10 mil atletas tenham participado de um<br />

programa sistemático de uso de substâncias proibidas com<br />

suporte do governo – Alemanha oriental.<br />

Um programa que muitos dos muitos dos ex-atletas envolvidos<br />

não tinham sequer conhecimento da sua participam, dado que<br />

as “vitaminas” que recebiam de seus treinadores na verdade eram<br />

drogas, na maioria esteroide anabólico e testosterona, que deixa<br />

sequelas como problemas de coração, rins, fígado e ginecológicos,<br />

abortos e má formação de fetos e recém-nascidos.<br />

Um dos casos mais famosos é o da lançadora de peso Heidi<br />

Krieger, que também usou doping sistematicamente a partir dos<br />

16 anos. As mudanças em seu corpo foram drásticas e, no fim dos<br />

anos 90, ela decidiu passar por uma cirurgia de mudança de sexo<br />

e alterou seu nome para Andreas.<br />

Durante cerca de vinte anos a Alemanha oriental ostentou um<br />

curriculum invejável de vitórias desportivas que muito bem soube<br />

capitalizar politicamente, mostrando que a problemática do doping<br />

não é exclusivamente da responsabilidade dos atletas mas em<br />

muitos mais casos do que sequer imaginamos, a responsabilidade<br />

recai em organizações fortes, e mesmos em países ou concessões<br />

políticas.<br />

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DOPING: UMA QUESTÃO<br />

LEGAL OU ÉTICA?<br />

O CASO DA LANCE ARMSTRONG<br />

Obadalado caso de doping de Lance Armstrong<br />

voltou, de certo modo, a recentrar a questão<br />

do doping como essencialmente uma questão<br />

moral ao invés do há muito estabelecido como<br />

essencialmente uma problemática legal. Isto é especialmente<br />

demonstrativo no caso do ciclista americano dado que o<br />

seu julgamento m<strong>ed</strong>iático foi acima de tudo moral apesar<br />

da generalidade do público facilmente admitir que o doping<br />

era uma prática comum no ciclismo aquando das vitórias do<br />

americano. Deixando em grande m<strong>ed</strong>ida as questões legais<br />

fora do debate.<br />

O caso do ciclista americano é especialmente demonstrativo<br />

de como o julgamento popular e inclusive o julgamento das<br />

entidades competentes se deu essencialmente a nível ético<br />

A sua própria vida pessoal, um símbolo de superação pessoal,<br />

vinda da sua vitória contra a doença do cancro e alguma<br />

“fanfarronice” num homem Símbolo um ícone ilustrativo em<br />

palestras de auto ajuda promovidas no mundo todo. aumentou<br />

ainda mais o ruido das suas condenações.<br />

Os ataques que Armstrong sofreu foram sobretudo morais e<br />

as suas explicações também o foram: “Na época não me sentia<br />

errado, e isso é assustador. Não me sentia um batoteiro. É<br />

mais assustador ainda. Não era traição, mas sim ter vantagem<br />

sobre o adversário. Eu estava a igualar as condições. Falar hoje<br />

é fácil. Eu não compreendia a magnitude da adoração das<br />

pessoas. O mais importante é que estou a começar a entender.<br />

Vejo raiva nas pessoas. E traição. Pessoas que me apoiaram<br />

e acr<strong>ed</strong>itaram em mim. Vou passar o resto da minha vida a<br />

tentar recuperar a confiança e p<strong>ed</strong>indo desculpas a elas”.<br />

Talvez o caso do ciclista americano nos faça de facto olhar o<br />

problema do doping de onde ele magoa e mais fere os adeptos,<br />

no sentimento e na ideia de adorar uma fralde, e isso<br />

torna o doping uma questão essencialmente moral e como<br />

consequência ética. A mentira para os adeptos é questão<br />

central que está por trás do doping, inclusive superior ao<br />

aumento da performance por meios artificiais.<br />

O doping e a ética desportiva levar-nos-ia para outro debate<br />

que não é de todo a intensão desta <strong>ed</strong>ição, como tal, trataremos<br />

desse ponto, numa outra <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>, e<br />

genericamente nos artigos que se seguem.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 19


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GPS - FUTEBOL E RUGBY<br />

E ARBITRAGEM<br />

A<br />

introdução da tecnologia<br />

de linha de golo no<br />

Mundial de 2014 no Brasil<br />

veio aumentar a perceção<br />

geral que a introdução de mais e novas tecnologias<br />

na arbitragem no futebol é apenas<br />

uma questão de tempo. Apesar de existir<br />

ainda uma rejeição por parte da FIFA<br />

e da UEFA, que pretendem continuar a<br />

aumentar o “número de olhos” nas equipas<br />

de arbitragens. Mas o movimento pró-tecnológico<br />

nas arbitragens está vivo, talvez<br />

como nunca, e uma mudança, sente-se,<br />

poderá estar para breve. O debate deverá<br />

então concentrar-se em que tecnologias se<br />

devem escolher e qual o impacto que isso<br />

terá no jogo.<br />

O vídeo-árbitro, genericamente a análise<br />

dos lances do jogo através da repetições<br />

das imagens, tem sido cabeça de cartaz<br />

mas tem contra si inúmeros argumentos.<br />

Desde logo, não ser 100% fiável e depender<br />

da análise e interpretação humana, nomeadamente<br />

de um novo árbitro ou equipa<br />

de arbitragem. Tem ainda a dificuldade de<br />

“mexer” com a dinâmica do jogo, obrigando<br />

pelo menos a novas paragens, sendo<br />

o que vulgarmente se apelida de uma<br />

tecnologia intrusiva. Acr<strong>ed</strong>ito então, que<br />

se deva optar, tal como a tecnologia da<br />

linha de golo, por modelos tecnológicos<br />

que primeiro eliminem a subjetividade<br />

na análise e sejam não intrusivos, ou seja,<br />

não obriguem à criação de novas regras.<br />

E deixar, pelo menos para já, o debate do<br />

vídeo-árbitro para o futuro e encontrar<br />

caminhos que vão de encontro aos dois<br />

axiomas acima.<br />

Uma boa opção aparece pelas mãos da<br />

empresa pela GPSports e pretende utilizar<br />

a tecnologia de GPS (Global Positioning<br />

System) para a lei do fora-de-jogo ou no<br />

Brasil a lei do imp<strong>ed</strong>imento. No futebol,<br />

a tecnologia de posição por satélite não é<br />

sequer uma novidade, e há muito que é<br />

utilizada pelos clubes e equipas técnicas<br />

para recolher dados e informações sobre<br />

os seus atletas. Nem é de espantar que<br />

assim seja. A tecnologia GPS mostra-se<br />

uma solução portátil, não invasiva, de<br />

m<strong>ed</strong>ição continua, de acesso livre e fácil<br />

a satélites e de fácil armazenamento para<br />

posterior análise.<br />

O sistema de fora-de-jogo que a GPSports<br />

esta atualmente a desenvolver funciona<br />

como um sistema de alerta que envia um<br />

sinal sonoro por fone ao ouvido do árbitro<br />

que o alerta – um quarto de segundo<br />

depois, quando acontece um passe para<br />

lá das regras dos legais. O espaço de erro<br />

deste sistema é de 1cm, bem acima da<br />

margem de erro humano.<br />

FUTEBOL<br />

RUGBY<br />

NFL<br />

ENTRE OUTROS<br />

No futebol desenvolve-se<br />

um sistema<br />

que deteta jogadas<br />

em fora de jogo/imp<strong>ed</strong>imento.<br />

No Rugby<br />

o sistema deteta passes<br />

para a frente.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 21


“A introdução de tecnologia como auxílio das equipas de arbitragens deve passar<br />

preferencialmente por soluções com níveis de êxito próximas dos 100% e<br />

deve retirar o máximo possível a subjetividade da análise humana. O sistema em<br />

desenvolvimento pela GPSports consegue ambas”.<br />

O porta-voz GPSports Sistema Damien<br />

Hawes afirma: “Eu posso confirmar que<br />

vamos ter um sistema de posicionamento<br />

para o futebol que vai descer a um centímetro<br />

ade precisão e confiabilidade de<br />

onde a bola se move no campo.”<br />

O Rugby, ao contrário do futebol, tem<br />

uma ligação mais estreita e pacifica com a<br />

tecnologia na arbitragem, e o vídeo-árbitro<br />

faz já parte desta modalidade há vários<br />

anos. E tem sido utilizado para retirar<br />

diversas dúvidas durante o jogo como as<br />

faltas ou o jogo sujo, falhando no entanto,<br />

na observação para os casos onde a bola é<br />

22 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

passada para a frente. Para os menos acostumados<br />

com esta modalidade, os passes<br />

tem de ser sempre efetuados para trás. Um<br />

sistema semelhante ao fora-de-jogo para<br />

o futebol, desenvolvido igualmente pela<br />

GPSports, esta a ser desenvolvido e pode<br />

entrar no jogo em muito breve tempo.<br />

O sistema funciona de forma muito simples,<br />

um microship e bateria do tamanho<br />

da uma unha do d<strong>ed</strong>o mindinho está<br />

incluído na estratificação das bolas de<br />

Rugby. Os sinais são enviados e tratados<br />

via satélite e computador – vídeo-árbitro,<br />

e quando se dá alguma irregularidade<br />

no passe, um sinal sonoro dispara no<br />

ouvido do árbitro, à semelhança do sistema<br />

homónimo no futebol. Hawes relativamente<br />

ao Rugby disse: “Vai dizer (as<br />

equipas de arbitragem) exatamente o que<br />

ângulo em que a bola deixa as mãos de um<br />

jogador dentro de um quarto de segundo”<br />

A tecnologia tem muito a oferecer às<br />

equipas técnicas e à verdade desportiva do<br />

jogo, quer no Rugby, mas principalmente<br />

no futebol, onde a sua implementação está<br />

bem mais atrasada. Escolher corretamente<br />

que tecnologias apostar é fundamental<br />

para que estas novas soluções possam<br />

fazer o seu caminho de forma natural e<br />

que não mexa com as leis do jogo e as suas<br />

dinâmicas.<br />

P<strong>ed</strong>ro M. Silva, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com


IMPORTÂNCIA DA<br />

ANÁLISE DE VÍDEO<br />

A<br />

análise de vídeo e de desempenho,<br />

ainda que recentes,<br />

ocupam um enorme<br />

espaço dentro dos processos<br />

de observação e de<br />

preparação de jogos e de treino dentro<br />

das equipas técnicas um pouco por todas<br />

as modalidades desportivas. Tendo no<br />

entanto, ainda uma maior preponderância<br />

nos jogos coletivos, dada a sua maior<br />

dificuldade de análise e na dispersão da<br />

atenção em vários atletas por parte dos<br />

analistas. Neste seguimento, um recente<br />

estudo demostra categoricamente, que a<br />

capacidade do ser humano apenas permite<br />

memorar entre 30-50% dos momentoschave<br />

de um jogo, deitando “fora” mais de<br />

metade das situações mais importantes,<br />

para além de inúmeros outros pormenores<br />

que tidos como menos cruciais podem<br />

fazer a diferença.<br />

A evolução tecnológica associada à<br />

diminuição de custos na aquisição de hardware<br />

e software especializado a que ainda<br />

é necessário somar a crescente necessidade<br />

de tornar as equipas o mais profissionais<br />

e eliminado tudo o que é r<strong>ed</strong>utor,<br />

abriu o caminho para a democratização<br />

da análise por meios digitais e por vídeo.<br />

É de assinalar igualmente o papel decisivo<br />

que as televisões e as transmissões desportivas<br />

por streaming desempenharam<br />

em todo este processo, nomeadamente, e<br />

como é facilmente entendível, na recolha<br />

e disponibilização de imagens e vídeos.<br />

Juntando-se ainda, a massificação de dispositivos<br />

de gravação de vídeo, como tablets,<br />

smartfhones ou mesmo câmaras de<br />

gravação digital, que facilmente elemina<br />

as lacunas deixadas nos jogos que não são<br />

televisionados.<br />

Todo o equipamento tecnológico ganhou<br />

igualmente uma inclusiva intuitividade,<br />

permitindo que qualquer membro da equipa<br />

técnica, com poucos mais que alguns<br />

conhecimentos informáticos na ótica do<br />

utilizador, possa facilmente manobrar e<br />

gerar mais-valias desta referida tecnologia.<br />

Comecemos então por exemplificar os<br />

referidos ganhos na utilização da analise<br />

de vídeo e de performance.<br />

Desde logo, avaliar o desempenho individualizado<br />

por jogador. Identificar os<br />

pontos fortes e fracos de cada atleta, preparando<br />

de seguida treinos e áreas de trabalho<br />

para potenciar uma evolução positiva.<br />

Gerar conhecimento no atleta através do<br />

visionamento de vídeos com momentos<br />

chaves do jogo ou com boas jogadas para<br />

motivá-los. Produzir vídeos dos adversários<br />

diretos, para que o atleta possa estudar<br />

e melhor compreender o meio em que se<br />

vai mover durante o jogo. Identificar os<br />

jogadores certos e os próximos talentos.<br />

Avaliar os erros da própria equipa, identificando<br />

os pontos fracos da dinâmica de<br />

jogo coletiva – sendo que uma atempada<br />

identificação de erros, permite corrigi-los<br />

mais rapidamente. O mesmo conceito é<br />

valido para a equipa adversária. Podendo<br />

a isto somar-se, a identificação de padrões<br />

de jogo, detetar e identificar os jogadores<br />

chaves e a sua dinâmica no conjunto da<br />

equipa. E mapear as zonas de maior uti-<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 23


Observar as melhores e mais preparadas<br />

equipas é igualmente de indiscutível utilidade.<br />

Identificar novos padrões de jogo<br />

e novas estratégias ou mesmo abordagem<br />

ao jogo é origina nos técnicos mais conhecimento<br />

e maior capacidade para fazer<br />

evoluir as próprias equipas.<br />

Por fim, a análise de vídeo e de performance<br />

pode ser igualmente utilizada para<br />

analisar as razões porque um atleta sofre<br />

recorrentemente lesões ou as mesmo tipo<br />

de lesão. Assim, como entender a linguagem<br />

corporal e expressões do atleta e em<br />

caso de necessidade intervir com especialistas<br />

que possam melhorar-lhe a confiança<br />

e a autoestima.<br />

Nas exigências do desporto moderno não<br />

permitem mãos analises subjetivas e assentes<br />

no instinto. Analisar dados concretos<br />

e retirar daí informações verdadeiras é<br />

crucial para criar um caminho que leve ao<br />

êxito. A análise de vídeo e de performance<br />

através deste meio, como ficou demostra-<br />

Alexandre Cardoso, especialista em desporto<br />

contato@desportoeesport.com<br />

do, assume para si vantagens que tornam a<br />

sua utilização indispensável.<br />

Sair venc<strong>ed</strong>or numa atividade tão competitiva<br />

como é o desporto atualmente só<br />

está ao alcance dos que mais trabalham,<br />

dos que executam as tarefas o mais profissionalmente<br />

possível e daqueles que usam<br />

todas as ferramentas disponíveis. Quem<br />

não o fizer ficará para trás e perderá o seu<br />

lugar para os mais preparados. No deporto<br />

como em tudo na vida.<br />

O IMPACTO<br />

PSICOLÓGICO DAS LESÕES<br />

A<br />

boa saúde mental dos atletas de alta competição e a<br />

sua importância para o seu rendimento é, erroneamente,<br />

banalizada pelos adeptos e pelos comentadores<br />

desportivos, e inclusive e mais grave por muitos<br />

clubes e treinadores. A atual perceção dualista da mente/cérebro<br />

e corpo prejudica fortemente, em muitos casos, uma intervenção<br />

atempada e especializada quando surge nos atletas uma diminuição<br />

da sua saúde mental, esperando-se que a força de vontade<br />

destes seja suficiente para ultrapassar todas as dificuldades. A verdade<br />

é que não existe diferença entre saúde mental e física e quer<br />

uma quer a outra desempenham um papel chave na performance<br />

desportiva. A debilidade causada, por exemplo por uma depressão,<br />

é tao relevante quanto uma qualquer lesão física e que pode inclusive<br />

deixar cicatrizes mais profundas e mais duradouras quando<br />

em comparação. O impacto psicológico que pode advir de uma<br />

lesão e de uma paragem prolongada da competição é igualmente<br />

importante e será este ponto que iremos abordar neste artigo.<br />

Anderson Silva foi um dos muitos atletas que reconheceu ter<br />

recorrido a ajuda psicológica especializada após a sua fratura da<br />

tíbia e fíbula da perna esquerda; uma lesão que o deixou muito<br />

tempo parado e com alguma normal insegurança. As suas palavras<br />

são bem demostrativas disso: “ Quando tive a lesão, várias<br />

coisas passaram pela minha cabeça. Primeiro que já estou na fase<br />

“duzenta”. Fiquei apreensivo, achei que não voltaria a lutar mais”.<br />

Os obstáculos mentais após uma lesão de grande gravidade são<br />

não só normais como comum e transversais a atletas de todas as<br />

modalidades. O Dr. Michael Cervais, diretor de High Performance<br />

Psicologia DISC, em entrevista à Bleacher Report, salienta: “<br />

existem muitos tipos variados de respostas a uma lesão. Alguns<br />

atletas enfrentam a lesão de frente com a intenção focada. Outros,<br />

por seu lado, tornam-se completamente sobrecarregados com a<br />

ideia de que todos seus objetivos e sonhos vão escorregar pelas<br />

suas mãos, perdendo progressivamente o ânimo e a esperança”.<br />

De forma, bastante simplificada as consequências psicológicas de<br />

uma lesão de um atleta dividem-se em três respostas: cognitivas,<br />

emocionais e comportamentais.<br />

As consequências cognitivas assumem-se da forma como o<br />

atleta analisa e interpreta a sua situação e a lesão que sofreu, onde<br />

diversos pensamentos passam pela sua mente. Desde, a simples<br />

aceitação ao frequente “o que me está a acontecer?” Obviamente<br />

que a resposta cognitiva vai definir em grande m<strong>ed</strong>ida como o<br />

atleta vai reagir emocionalmente, que pode até passar por diversas<br />

fases e sentimentos durante o período da recuperação da lesão e<br />

do regresso à competição ativa. Sentimentos de ansi<strong>ed</strong>ade, raiva ou<br />

depressão são frequentes, sendo que quanto mais rápido o atleta<br />

assumir uma pr<strong>ed</strong>isposição positiva de “confronto ativo com a<br />

lesão” mais fácil será a sua recuperação. O comportamento do<br />

atleta definir-se-á consoante a sua resposta aos dois pontos acima<br />

mencionados.<br />

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Anderson Silva assumiu publicamente ter recorrido a ajuda psicológica após a<br />

sua grave lesão.<br />

Depois, existem muitas variáveis que desempenham um papel<br />

fundamental na forma como o atleta irá responder à adversidade<br />

de uma lesão. Afinal, como afirmou Becker, “as mudanças na vida<br />

diária do desportista, após lesão, são drásticas e englobam todos<br />

os aspetos da sua vida: desportivo, físico, psicológico e psicossocial”.<br />

Por exemplo, a percentagem com que a auto identificação e a<br />

identidade do atleta estiver relacionada com a atividade desportiva<br />

que desenvolve terá um papel decisivo para a recuperação, seja<br />

ele positivo ou negativo. Neste sentido, o Dr. Gervais salienta:<br />

“quando um atleta se vê unicamente como um atleta, ele tende a ter<br />

mais dificuldade em ultrapassar o período da lesão. Quando uma<br />

pessoa não é mais capaz de fazer o que o define, corre mais rapidamente<br />

para uma crise, de dimensões imprevisíveis. Se por outro<br />

lado, o atleta se vê como um ser multidimensional, é mais fácil que<br />

ele se mova positivamente pelas várias fases da lesão.<br />

As principais técnicas utilizadas no processo de reabilitação são<br />

a formulação de objetivos, o Auto diálogo ou auto-instruções, o<br />

relaxamento e a visualização mental. A formulação de objetivos é<br />

particularmente útil em todo o processo já que permite ter o atleta<br />

focado e determinado nesses pequenos ganhos diários e distrai-o<br />

de pensamentos negativos. A visualização é igualmente crucial<br />

para criar um impacto positivo no interior do atleta, dando-lhe<br />

a oportunidade de se imaginar recuperado e sem mazelas num<br />

futuro próximo; um sentimento de esperança permanente desempenha<br />

um papel tão importante como o melhor dos m<strong>ed</strong>icamentos.<br />

Habilitar psicologicamente o atleta para saber lidar com a<br />

dor física para que ele a associe a algo de positivo é também parte<br />

integrante no processo de apoio. A transformação da dor em algo<br />

desagradável para algo que é inclusive desejado como um bem<br />

para a recuperação é um dos pontos mais difíceis de conseguir,<br />

mas também um dos mais importantes. Por fim, deixar apenas<br />

a ideia da necessidade de uma maior sensibilização de todos os<br />

agentes desportivos para a indispensabilidade de uma boa saúde<br />

A lesão nas costas em pleno<br />

Mundial, há-de ter sido um<br />

forte revés num jogador tão<br />

novo quanto Neymar. O apoio<br />

dos familiares e amigos foi fundamental<br />

Ricardo Reis, especialista em desporto<br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 25


SQUASH<br />

Conheça esta modalidade que apesar dos muitos “adeptos”, é ainda desconhecida<br />

para uma grande maioria dos amantes do desporto.<br />

Osquash, um desporto originário do seculo xix, é<br />

ainda em grande m<strong>ed</strong>ida totalmente desconhecido<br />

para a grande maioria do público ou tido muitas<br />

vezes como um desporto de elite ou simplesmente<br />

como um desporto de ginásio ou academia. No entanto, esta é uma<br />

ideia muito errada e desfasada da realidade. Este é um desporto<br />

f<strong>ed</strong>erado, com regras próprias e com atletas de alto nível que competem<br />

em torneios cada vez mais concorridos e televisionados.<br />

Desde 1995, para dar um exemplo do crescimento da importância<br />

deste desporto, que o squash está incluído no programa dos jogos<br />

Pan-Americanos.<br />

Este desporto nasceu em Londres na escola de Harrow e praticase<br />

usando uma raquete e uma bola de borracha preta, disputada<br />

por dois ou quatro jogadores, num recinto fechado por quatro<br />

par<strong>ed</strong>es, sendo a par<strong>ed</strong>e de trás de vidro resistente ou pelo menos<br />

transparente.<br />

O nome deste desporto deve-se ao facto da bola ser literalmente<br />

esmagada - squash<strong>ed</strong> em linfua inglesa - quando é lançada contra<br />

a par<strong>ed</strong>e.<br />

As raquetes são atualmente feitas de grafite e fibra de carbono.<br />

As bolas, de borracha dura, têm 40 milímetros de diâmetro. Deve<br />

usar-se igualmente óculos de proteção, nomeadamente, para segurança<br />

dos olhos, evitando o contato dessa zona com a bola de borracha<br />

que viaja muitas vezes em grandes velocidades.<br />

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Regras do Squash<br />

Num jogo a dois, os jogadores devem alternar as jogadas ao lançar a bola contra a par<strong>ed</strong>e frontal;<br />

A primeira linha do campo, chamada de primeira linha de marcação, corresponde à r<strong>ed</strong>e que é usada no ténis e deve estar situada a 48 centímetros<br />

do chão. Ao acertar com a bola abaixo desta linha significa que o jogador perde um ponto;<br />

A linha de serviço fica a 1,783 metros do chão e também funciona como a r<strong>ed</strong>e que está presente no ténis. Neste caso, ao acertar com a bola<br />

abaixo desta linha, o jogador também perde um ponto;<br />

A terceira linha está situada a 4,5 metros do chão e limita a altura máxima da zona de jogo. Ao acertar acima desta linha, é considerada bola<br />

fora;<br />

Depois da bola bater na par<strong>ed</strong>e frontal, ela poderá bater nas par<strong>ed</strong>es laterais ou na par<strong>ed</strong>e de fundo. No entanto, só poderá bater uma vez no<br />

chão antes de ser rebatida pelo jogador contrário;<br />

Os quadrados que se encontram no fundo do campo delimitam o espaço que deve ser tocado com pelo menos um dos pés quando o jogador<br />

serve a bola;<br />

No serviço, a bola deverá atingir a par<strong>ed</strong>e frontal entre a linha do meio e a linha superior e, de seguida, atingir o chão do quadrante onde se<br />

situa o adversário que está autorizado a rebater a bola antes que ela atinja o chão;<br />

O primeiro jogador a servir deverá ser definido por sorteio. Quando o jogador ganha um ponto, os jogadores deverão trocar de lado;<br />

Pontuação no Squash<br />

Tal como acontece no ténis, um jogo de squash é decidido à melhor de 3 ou de 5 jogos, existindo dois sistemas de<br />

pontuação. O primeiro, o sistema standard vai até 9 pontos, o jogador ganha um ponto sempre que ganhar a jogada<br />

em que foi ele a servir. Caso o jogo termine empatado a 8 pontos, o jogador que recebe o serviço poderá escolher<br />

se acaba aos 9 pontos ou se acaba aos 10 pontos. O segundo sistema é o Sistema Pars: que à semelhança do que<br />

acontece no ténis de mesa vai até aos 11 pontos. O jogador ganha um ponto sempre que ganhar uma jogada. Caso<br />

haja empate a 10 pontos, o jogador que abrir uma vantagem de 2 pontos será o venc<strong>ed</strong>or do jogo.<br />

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HOLOGRAFIA<br />

LESÕES E BASEBOL<br />

A m<strong>ed</strong>icina desportiva aposta na Holografia para entender e minimizar as<br />

lesões tão frequentes dos pitchers.<br />

C<br />

Dentro do basebol os jogadores<br />

que jogam na posição<br />

de pitchers, em português<br />

arremessador, sempre<br />

foram mais suscetíveis a lesões e tal sempre<br />

foi tido como “normal” e um subproduto<br />

do desgaste e das exigências desta posição<br />

no jogo. No entanto, durante apenas o<br />

decorrer desta época da MLB já se registaram<br />

65 lesões unicamente em pitchers, e já<br />

se começa a usar a palavra “catástrofe” para<br />

descrever a situação. Até porque entre os<br />

lesionados estão nomes bem conhecidos<br />

da modalidade como Masahiro Tanaka<br />

(New York Yankee), Matt Harvey (New<br />

York Mets) ou Patrick Corbin (Arizona<br />

Diamondbacks).<br />

Num dos desportos mais seguidos e que<br />

maiores receitas gera, as sistemáticas lesões<br />

dos seus melhores e mais famosos atletas<br />

grita por uma solução para este problema.<br />

E. essa solução parece estar na Tecnologia<br />

holográfica Digital aplicada à m<strong>ed</strong>icina.<br />

Se em eventos musicais o holograma não<br />

é uma novidade, na m<strong>ed</strong>icina está a dar<br />

os primeiros passos, mas os primeiros<br />

resultados mostram-se bastante promissores,<br />

e com implicações relevantes, alguns<br />

usam afirmam mesmo revolucionário, no<br />

tratamento de lesões de atletas de alta<br />

competição.<br />

Simplisticamente, um holograma é uma<br />

réplica de uma imagem em três dimensões<br />

(3D) criada a partir de uma compilação de<br />

laser, iluminação de dados e intensidade<br />

luz. Estas imagens em três dimensões são<br />

extremamente precisas e tem permitido<br />

aos médicos entender as especificidades<br />

das lesões nos pitchers.<br />

O processo desenvolve-se fazendo um<br />

holograma dos membros saudáveis dos<br />

arremessadores, por norma do cotovelo<br />

– a zona mais sensível e mais propensa<br />

a lesões e após ferimento fazer um novo<br />

holograma e depois comparar os dois<br />

hologramas em conjunto.<br />

Deste modo é possível acompanhar na<br />

perfeição o movimento dos ossos, mús-<br />

28 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


e cartilagens. Oferecendo aos médicos uma maior compreensão<br />

das especificidades destas lesões e do porque da sua alta frequência.<br />

Por fim, é importante referir que esta nova tecnologia que tem<br />

apresentado resultados bem animadores no basebol, não se esgota<br />

nesta modalidade, e pode como deve ser aproveitada para todo o<br />

desporto.<br />

Modalidade técnicas como o atletismo, ténis ou mesmo o futebol,<br />

que são propensas a pequenas lesões nos músculos e cartilagens<br />

podem ter muito a ganhar com a holografia aplicada à m<strong>ed</strong>icina<br />

desportiva.<br />

Tiago Dinis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

O RESPEITO DENTRO<br />

DO BALNEÁRIO<br />

Uma análise às duras palavras do presidente do Sporting após a derrota com o<br />

Vitória de Guimarães a contar para o campeonato.<br />

pós as recentes críticas do presidente Bruno de<br />

Carvalho no facebook à equipa sportinguista depois<br />

da derrota frente à equipa do Vitória de Guimarães<br />

onde acusa a equipa de falta de empenho e até de<br />

Adignidade, fica uma inquietante pergunta no ar: qual a importância<br />

do respeito dentro de um balneário de uma equipa profissional?<br />

Gerir relações humanas e criar um ambiente saudável entre os<br />

atletas e dos atletas com todos os diversos agentes que orbitam no<br />

clube, é hoje, num desporto altamente m<strong>ed</strong>iatizado, uma das tarefas<br />

mais difíceis de alcançar. O respeito, como afirma Lee Addison,<br />

é a base para o conseguir.<br />

Focando-se no papel de um treinado, mas que pode ser facilmente<br />

transportado para qualquer agente desportivo, Addison afirma:<br />

“Se um treinador não respeitar os seus jogadores, eles não vão<br />

respeitá-lo, e a relação vai-se tornar simplesmente impraticável.<br />

Isso não significa que o treinado precisa ser o melhor amigo de<br />

seus jogadores desde o início, só deve tratá-los com respeito e, no<br />

mínimo, de uma forma profissional. Desta forma, até mesmo treinadores<br />

e jogadores com personalidades muito diferentes podem<br />

estabelecer boas relações”.<br />

Olhando por exemplo para o futebol, é sem esforço visível quanto<br />

a dinâmico jogador vs. Clubes/agentes do clube está a mudar e<br />

quanto as forças de um em relação ao outro estão balanceadas.<br />

Principalmente se focarmos esta análise em Portugal e no Brasil e<br />

nos seus jogadores mais importantes das suas Ligas e por conseguinte<br />

mais valiosos e quão importante é potenciar as suas performances<br />

para as janelas de transferências, fulcrais para manter um<br />

bom balanço financeiro nas SADs dos clubes.<br />

Assim, desenvolver e proteger uma boa comunicação é uma peça<br />

fundamental para garantir uma boa dinâmica de funcionamento<br />

individual e de grupo, reforçando o bom ambiente e as possibilidades<br />

de êxito desportivo.<br />

É dentro deste paradigma que as palavras de Bruno de Carvalho<br />

merecem ser alvo de duras críticas. A utilização de palavras<br />

extremamente duras que podem muito bem ser ofensivas e humilhantes<br />

para muitos dos jogadores verde e branco quebram um<br />

laço de respeito vital para o bom funcionamento interpessoal. Que<br />

pode muito bem ter influência dentro do campo, e como tal, nos<br />

resultados desportivos.<br />

Terminamos com uma pequena parte do texto de Ricardo Reis na<br />

primeira <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>: “Um ponto fundamental,<br />

mas que muitas vezes é esquecido pelos clubes, é a necessidade<br />

das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma das formas<br />

mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhece-las,<br />

assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel<br />

determinante que desempenha para o êxito do projeto. Este<br />

ponto deve ser encarado como uma necessidade básica, mal<br />

comparando, como a água necessária para o bom funcionamento<br />

do corpo humano. O reconhecimento individual dado<br />

a cada atleta não necessita de benefícios tangíveis visíveis<br />

(como prémio monetários), ou formalidades; não se trata de<br />

um benefício que tenha como objetivo alterar o desempenho<br />

do atleta, mas identificar a importância do individuo dentro<br />

da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante<br />

para este”.<br />

Vitor E. Santos, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 29


VIDEOJOGOS DEVEM SER<br />

CONSIDERADOS COMO<br />

DESPORTO?<br />

Rodolfo Resende Pires, especialista em desporto<br />

contato@desportoeesport.com<br />

O mercado dos videojogos é imenso. A sua popularidade é ainda<br />

maior. Existem adeptos por todo o mundo. Torneios como Major<br />

League Gaming, World Cyber Games ou o Cyberathlete Professional<br />

League fazem as delícias dos fãs e dos jogadores e criam os meios<br />

para o profissionalismo. Mas, poderão ser os jogadores (profissionais)<br />

de videojogos considerados atletas? De igual modo como um<br />

jogador de futebol, NFL ou ténis? De forma mais clara: podem os<br />

videojogos ser considerado um desporto? Ou não são mais que um<br />

entretenimento que devido à popularidade se tornou uma atividade<br />

rentável para muitos dos seus jogadores?<br />

Simplisticamente, desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido<br />

como uma atividade física ou mental sujeita a determinados regulamentos<br />

e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para<br />

ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades,<br />

capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituídas<br />

por uma organização ou f<strong>ed</strong>eração regente. Algumas modalidades<br />

desportivas não requerem esforço físico, sendo aí mais importante<br />

a destreza e a concentração do que o exercício físico. Do ponto de<br />

vista apenas da definição os videojogos ajustam-se em algumas das<br />

específicas de uma atividade tida como desporto mas vão em total<br />

desacordo com outros pressupostos. Diversas atividades, que facilmente<br />

podem ser comparadas com os videojogos, como o xadrez ou<br />

o poker, já se definem e são reconhecidas como um desporto, sendo<br />

no entanto enquadradas no que é usualmente definido como desporto<br />

da mente. Os vídeo jogos devem seguir este mesmo caminho; até<br />

porque não sendo uma atividade fisicamente agressiva ou exigente<br />

necessita de uma treino duro e prolongado para se chegar ao topo. O<br />

multiplayer online possuem inclusive um nível de competitividade<br />

entre os jogadores muito mais democráticos e muito mais intenso<br />

que a maioria dos desportos que passam nas nossas televisões em<br />

que o venc<strong>ed</strong>or é facilmente reconhecível e encontrado tendo por<br />

base o orçamento anual das diferentes equipas. Olhando ainda para os<br />

primórdios do desporto, onde a prática desportiva era uma preparação<br />

para a guerra, também nos videojogos encontramos o lado estratega<br />

das batalhas bélicas.<br />

Do ponto de vista estritamente funcional encontramos igualmente o<br />

lado mais tradicional, como jogadores estrela, patrocínios, campeonatos<br />

e milhões de seguidores dispostos a acompanhar todas as<br />

competições tanto pela televisão ou por streaming como ao vivo e<br />

dispostos a pagar para o fazer. Existe ainda quem argumente que os<br />

videojogos não são mais que uma evolução dos tempos em que o<br />

digital criou uma nova realidade e fazemos a mesma evolução que<br />

os jogos tradicionais fizeram nos seus primórdios. Por fim, existe<br />

uma clara perceção que independentemente da opinião que se tenha<br />

a força do videojogo e das suas competições são demasiado abrangentes<br />

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para que seja unicamente olhado<br />

como um simples hobby. E que o seu<br />

crescimento é exponencial e rapidamente<br />

será necessário integra-lo numa<br />

prática bem definida e socialmente<br />

facilmente reconhecível.<br />

Do lado das vozes contra o videojogo<br />

enquanto desporto está Michael<br />

Cohen, um dos mais reputados jornalistas<br />

e críticos de jogos de computador.<br />

Segundo as suas palavras:<br />

“porque o jogo muda. A mecânica<br />

do núcleo do jogo impulsiona as<br />

melhorarias, e a mudança acontece…<br />

Esses fatores ajudam a manter o jogo<br />

fresco, novo e divertido.<br />

Ele exibe possibilidades ilimitadas<br />

que superam a dos desportos com<br />

uma mecânica e regras básicas e<br />

quase inalteráveis.”<br />

Esta é sem dúvida uma das mais<br />

importantes diferenças entre o mundo<br />

do desporto e o mundo dos videojogos<br />

e aquela que colide mais frontalmente<br />

com a definição de desporto.<br />

As constantes alterações, inclusive<br />

tecnológicas, modificam constantemente<br />

a dinâmica do jogo e as suas<br />

regras.<br />

Olhemos por exemplo para o futebol<br />

em praticamente 100 anos de história<br />

muito pouco se alterou e quando a<br />

mudança aconteceu foi apenas pontual<br />

e pouco significativa. Em um<br />

ano, um jogo de computador e toda a<br />

tecnologia que o envolve pode sofrer<br />

alterações drásticas e a forma como<br />

ele é jogado dar uma curva de 180<br />

graus.<br />

A necessidade de regras bem instituídas<br />

é o calcanhar de Aquiles para se<br />

assumir desde já o videojogo como<br />

um desporto.<br />

Se olhar-mos para o futuro e soubermos<br />

entender os sinais talvez ai<br />

possamos afirmar que em menos de<br />

uma década o videojogo será de facto<br />

assumido como um desporto.<br />

Existe um movimento forte a potenciar<br />

esta alteração e o lobby que os<br />

torneios e principalmente as marcas<br />

de videojogos é poderoso e dará frutos<br />

os seus frutos.<br />

Para os milhões de adeptos a mudança<br />

de estatuto dos videojogos pouco<br />

interessará, para eles, apenas o espetáculo<br />

importa e ele parece apenas<br />

melhorar de ano para ano, Assim<br />

como a competição que aumenta de<br />

interesse e intensidade a cada novo<br />

torneio e a cada nova competição.<br />

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CÉLULAS ESTAMINAIS, LESÕES E<br />

RECUPERAÇÃO FÍSICA<br />

Rafael Nadal é um dos desportistas que recorreu ao tratamento de<br />

células estaminais para o auxiliar na recuperação física após lesão.<br />

C<br />

élulas estaminais, no brasil células-tronco, são células<br />

que possuem a capacidade de se dividirem dando<br />

origem a células semelhante ou podem igualmente<br />

transformar-se, num processo conhecido como diferenciação<br />

celular, em outros tecidos do corpo como<br />

ossos, nervos, músculos ou sangue. Esta característica singular tem<br />

feito das células estaminais uma estrela para aplicação terapêutica<br />

e chegou agora ao desporto. Muitos atletas já recorreram a este<br />

método para melhorarem o tempo de recuperação após lesão.<br />

Rafael Nadal é um excelente exemplo. Peyton Manning, Pau Gasol<br />

ou Bartolo são também atletas do mais alto nível que recorrendo<br />

a este tratamento também alcançaram resultados positivos. Di<br />

Maria usou igualmente este tratamento para tentar jogar a final<br />

do campeonato do Mundo de futebol, infelizmente no seu caso, o<br />

tratamento não fez efeito em tempo útil.<br />

Este tratamento tem dois objetivos aliviar a dor e acelerar a regeneração<br />

da cartilagem. E os resultados têm sido animadores.<br />

“A eficácia da aplicação de células estaminais no tratamento das<br />

contusões desportivas mais comuns, como a lesão no menisco,<br />

tem vindo a ser comprovada com sucesso ao longo dos anos”,<br />

explica Hélder Cruz, diretor da ECBio, empresa que desenvolveu<br />

o método de isolamento de células estaminais do tecido do cordão<br />

umbilical utilizado pela Cytother.<br />

E, é interessante pensar que neste processo os filhos dos atletas<br />

podem desempenhar um papel chave, como explica Hélder Cruz<br />

em comunicado: “Estas células estaminais adultas podem ser<br />

retiradas da m<strong>ed</strong>ula óssea, do sangue periférico ou da gordura<br />

do próprio paciente mas o processo de colheita é muito invasivo,<br />

doloroso e possui um elevado risco de infeção para o dador. Como<br />

tal, a criopreservação das células estaminais provenientes do tecido<br />

do cordão umbilical dos filhos - um processo completamente não<br />

invasivo, indolor e sem qualquer risco para a mãe e para o recémnascido<br />

- começa a ser cada vez mais pensado pelos pais, não só<br />

pela prevenção da saúde das suas crianças mas também da família,<br />

uma vez que as células estaminais mesenquimais indiferenciadas<br />

do bebé são 100% compatíveis com familiares diretos”.<br />

As potencialidades destes tratamentos são quase ilimitadas e num<br />

futuro bem próximo serão utilizadas genericamente, inclusive para<br />

a população em geral, e não teremos de ver os nossos atletas preferidos<br />

sacrificados dos grande jogos por causa de lesões “chatas”.<br />

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NHL E AS IMAGENS DE VÍDEO POV<br />

A<br />

s televisões e serviços de streaming de desporto em<br />

direto têm insistentemente procurado fornecer serviços<br />

adicionais e diferenciativos de modo a reter e a<br />

captar novos utilizadores. As televisões e serviços de<br />

streaming de desporto em direto têm insistentemente procurado<br />

fornecer serviços adicionais e diferenciativos de modo a reter e a<br />

captar novos utilizadores. A cadeia de televisão NBC em parceria<br />

com a GoPro apresenta uma grande novidade para a atual época<br />

da NHL para as campanhas promocionais, imagens POV (Point<br />

of View ou em português Ponto de vista). Brian Jennings, CMO<br />

da NHL, e um entusiasta desta iniciativa afirma: “a tecnologia<br />

desmistifica o nosso jogo e realmente mostra a habilidade que os<br />

nossos jogadores têm”.<br />

A expansão de imagens POV em outras modalidades está em ação<br />

pela própria empresa GoPro, e centra-se no Surf e o NFL. Veremos<br />

até onde poderá chegar esta nova forma de imagem mais realista e<br />

que impacto terá nas transmissões desportivas em direto.<br />

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NFL E O RISCO<br />

DE DOENÇAS<br />

DEGENERATIVAS<br />

ESTUDOS DEMOSNTRAM MAIORES RISCOS<br />

NA DOENÇA DE ALZHEIMER E ALS<br />

Rodolfo Resende Pires, especialista em desporto<br />

contato@desportoeesport.com<br />

Matt Reeve quarterbacks na<br />

NFL<br />

U<br />

m estudo, datado de à pouco mais de um ano da<br />

National Institute for Occupational Safety and<br />

Health, descobriu uma estreita ligação entre os<br />

jogadores profissionais de NFL (National Football<br />

League) com doenças degenerativas. De acordo com o estudo<br />

mencionado, os atletas profissionais de futebol americano são<br />

quatro vezes mais propensos a morrer de uma doença cerebral<br />

neuro degenerativas, como a doença de Alzheimer ou ALS -<br />

esclerose lateral amiotrófica. Apontando também uma maior<br />

propensão, cerca de três vezes mais, para a doença de Parkinson.<br />

As conclusões partiram da análise dos atestados de óbito de 3439<br />

ex-jogadores da NFL, que jogaram pelo menos cinco temporadas,<br />

entre 1959 e 1988. Em 2007, cerca de 10%, ou 334 dos participantes,<br />

havia morrido (em uma idade média de 57), e os investigadores<br />

olharam para as mortes causadas pela doença de Alzheimer,<br />

Parkinson e ELA. Os resultados são os acima indicados.<br />

Olhando para os números temos que 334 ex-atletas que falecerem<br />

durante o período do estudo, 7 morreram em consequência da<br />

doença de Alzheimer e o mesmo número com doenças de ALS,<br />

taxas significativamente mais altas do que as encontradas na<br />

população em geral. As mortes registadas por Parkinson foram<br />

apenas três, ainda assim, um número elevado. Apesar dos próprios<br />

autores do estudo reconhecerem que o tamanho da amostra era<br />

pequeno, afirmam, no entanto, categoricamente que os jogadores<br />

de NFL correm um maior risco de desenvolver uma doença neuro<br />

degenerativa, assim como desordens neurológicas, como pequenos<br />

problemas de memória, encefalopatia traumática crônica (CTE),<br />

entre outras. É importante reafirmar que o estudo é transversal<br />

a todas as posições, mas demostrou que atletas que atuem como<br />

quarterbacks, running backs, receptores e linebackers são três<br />

vezes mais propensos que as restantes posições, que diga-se, não<br />

34 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Os resultados apresentados são consistentes<br />

com outros recentes estudos que<br />

sugerem igualmente um risco aumentado<br />

de doenças neuro-degenerativas entre<br />

jogadores de futebol americanos. E, as conclusões<br />

deste estudo apontam ainda para<br />

indícios mais preocupantes. Pela voz de<br />

um dos autores, o Dr. Everett J. Lehman, “<br />

embora o nosso estudo analisasse as causas<br />

de morte por doença e ALS de Alzheimer,<br />

como mostrado nas declarações de óbito, a<br />

pesquisa sugere agora que a encefalopatia<br />

traumática crônica (CTE) pode ter sido o<br />

verdadeiro fator primário ou secundário<br />

em algumas dessas mortes. A autópsia ao<br />

cérebro é necessário para diagnosticar com<br />

exatidão a doença CTE e distingui-lo de<br />

Alzheimer ou ALS. Enquanto CTE é um<br />

diagnóstico separado, os sintomas muitas<br />

vezes são semelhantes aos encontrados na<br />

doença de Alzheimer, Parkinson e esclerose<br />

lateral amiotrófica, e pode ocorrer<br />

como resultado de múltiplas concussões”.<br />

A principal liga de futebol americano<br />

enfrenta atualmente processos de mais de<br />

3400 ex-atletas ou das suas famílias, apontando<br />

responsabilidades à NFL e à sua<br />

minimização e deturpação dos riscos que<br />

o desporto que tutela comporta, nomeadamente<br />

os ferimentos e concussões na<br />

cabeça. Muitos desses atletas queixam-se<br />

de depressão, perdas de memória e outros<br />

problemas neurológicos.<br />

A liga rebate essas acusações, e pelo seu o<br />

porta-voz Brian McCarthy, e em comunicado,<br />

afiança: “Bem antes deste estudo foi<br />

lançado, a NFL tomou m<strong>ed</strong>idas importantes<br />

para enfrentar lesões na cabeça<br />

no futebol, fornecer assistência médica e<br />

financeira aos nossos jogadores aposentados,<br />

e aumentar a conscientização sobre as<br />

formas mais eficazes para prevenir, controlar<br />

e tratar contusões”.<br />

Novos estudos são precisos e estão em<br />

marcha. Investigar todos os fatores em<br />

pormenor que possam potenciar doenças<br />

degenerativas dentro da prática do futebol<br />

americano são fundamentais para desenvolver<br />

metodologias que possam diminuir<br />

esses riscos. Steve Marshall, um epidemiologista<br />

da Universidade da Carolina<br />

do Norte, assume ainda uma posição<br />

mais alarmista quando afirma: O jogo<br />

mudou muito desde então (1959 a 1988),<br />

de maneiras que são potencialmente mais<br />

gravosas para a saúde dos jogadores”.<br />

Quanto mais e melhor vamos entendendo<br />

o corpo humano, maior é a obrigação<br />

das entidades organizadoras de protegerem<br />

os seus atletas tanto no presente,<br />

como assegurar um envelhecimento digno<br />

daqueles que elevam o seu desporto a<br />

arte. Desportos de contato e potencialmente<br />

mais duros, como o Boxe, MMA,<br />

Hóquei, entre muitos outros, potenciam<br />

lesões cerebrais e traumáticas com consequências<br />

de longo prazo duradouras e<br />

incapacitantes. Idealizar m<strong>ed</strong>idas é crucial.<br />

Os atletas profissionais<br />

de futebol americano<br />

são quatro<br />

vezes mais propensos<br />

a morrer de uma<br />

doença cerebral<br />

neuro degenerativa,<br />

como a doença de<br />

Alzheimer ou ALS -<br />

esclerose lateral amiotrófica.<br />

E três vezes<br />

mais da doença de<br />

Parkinson.<br />

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AGASSI: O<br />

TENISTA<br />

QUE<br />

ODIAVA<br />

TÉNIS<br />

Doping, amor e ódio na<br />

vida de um dos atletas<br />

mais amados de sempre<br />

Em 2009, após publicada a sua autobiografia<br />

- Open, André Agassi ficou na mira da<br />

imprensa e do público depois de ter confessado<br />

que havia consumido metanfetamina,<br />

que perdeu propositadamente alguns<br />

dos seus jogos e que não gostava de muitos<br />

dos seus rivais contemporâneos como Pete<br />

Sampras ou Michael Chang. E que odiava<br />

ténis. As suas palavras são claras aos<br />

sentimentos que a sua autobiografia lhe<br />

geraram: “Diria que viver este livro - vivêlo<br />

- foi catártico; lê-lo foi catártico. Mas<br />

escrevê-lo foi algo diferente. Senti como se<br />

estivesse a lutar com minha vida no campo<br />

de certo modo, a tentar atingir uma meta<br />

muito diferente que é comunicar lições de<br />

vida que acr<strong>ed</strong>ito que poderem verdadeiramente<br />

impactar milhões de pessoas que<br />

nunca conheci.”<br />

A vida de Agassi é de estremos, sempre<br />

contraditória, em uma das mais amadas<br />

figuras da década de 90, onde o imenso<br />

talento pelo ténis, construído desde criança<br />

pelo seu pai, o levou ao pícaros do<br />

mundo, mas esse mesmo sucesso criou<br />

nele uma imensa tristeza e até depressões.<br />

Agassi é também o mais perfeito exemplo<br />

de até onde a necessidade m<strong>ed</strong>iática de<br />

construir heróis, leva os homens comuns,<br />

a percorrer o caminho da vilania.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 37


Andre Kirk Agassi nasceu em 1970 em Las Vegas nos Estados Unidas<br />

da América e um dos apenas sete tenistas que venceram todos os<br />

quatro Grand Slam conquistados na era moderna, vencendo ainda<br />

uma m<strong>ed</strong>alha olímpica, o que o torna em um dos melhores tenistas<br />

de sempre. No seu auge, Agassi elevou a sua popularidade a uma<br />

estrela de Hollywood, algum incomum à altura, o que levou a BBC,<br />

na altura em que este se retirou a apelida-lo: de “talvez a maior estela<br />

mundial da história do desporto”. Mas toda a sua fama, popularidade<br />

e milhões ganhos escondiam o seu lado depressivo e de profundo<br />

odio ao ténis que vinha desde bem novo, quando o pai de Agassi o<br />

abrigava a bater diariamente centenas de bolas em vez de o deixar<br />

brincar com os seus amigos – o seu verdadeiro desejo em criança.<br />

O seu conflito entre o talento que tinha para jogar ténis e o ressentimento<br />

que tinha por este desporto fora sempre uma constante<br />

em toda a sua vida desportiva. Num dos momentos mais marcantes<br />

contados na sua autobiografia, Agassi conta o pânico que sentia<br />

ainda pequeno quando treinava obsessivamente sobre o olhar atento<br />

do seu pai violento. E a solidão e o m<strong>ed</strong>o que sentiu quando foi para<br />

Em cima, a biografia de Agassi: “Open”. Ao lado, Ag<br />

Stefanie Graf. Em baixo, Agassi levantando o seu pri<br />

de Grand Slam: wimbl<strong>ed</strong>on.<br />

“Digo a mim mesmo: Lembra-te disto. Segura-te a isto. Esta é a única perfeição<br />

que existe, a perfeição de ajudar os outros. Esta é a única coisa que<br />

podemos fazer que tem algum valor ou significado duradouro. É por isso que<br />

estamos aqui. Para fazer o outros se sentirem seguros.” Andre Agassi<br />

na sua autobiografia sobre a sua autobiografia.<br />

que mais parecia um campo de concentração. A sua infância<br />

difícil teve sem dúvidas um papel fundamental no estilo rebelde<br />

que adotou nos primeiros anos da sua vida adulta, estilo esse, que<br />

levou para dentro dos cortes de ténis, num desporto ainda hoje<br />

conservador, e o transformaram num ícone no final dos anos 80,<br />

início dos anos 90. Cabelo longo e tingido, orelhas furadas e ar de<br />

rock-punk foi durantes largos anos a sua imagem de marca.<br />

O seu natural talento para a modalidade, ainda hoje, é considerado<br />

o melhor jogador de sempre a devolver os serviços dos oponentes<br />

depressa o fizeram subir no ranking, numa das alturas mais competitivas<br />

do ténis mundial. Depois de três finas de Grand Slam<br />

perdidas, a sua primeira grande vitória apareceu onde menos se<br />

esperava – Wimbl<strong>ed</strong>on (1992), um torneio que o próprio sempre<br />

desprezara por não se sentir capaz de vencer.<br />

Mas, o parente êxito escondia o sofrimento que sentia e que se<br />

tornaria bem visível nos anos seguintes a essa vitória. As drogas<br />

passaram a fazer parte da sua vida. Nem sempre com o intuito de<br />

melhorar o desempenho como; é disso bom exemplo o facto de ter<br />

tomado crystal uma droga que não ajuda a ganhar. Mas também<br />

tomou drogas dopantes como anfetaminas. Chegou inclusive a dar<br />

positivo num controlo anti doping, mas fingiu inocência, disse que<br />

tomou a droga por engano, num refrigerante.<br />

O facto de ter usado substâncias dopantes para melhorar o seu<br />

desempenho é ainda mais estranho que na sua autobiografia, Open<br />

– Aberto em português, tenha admitido perder propositadamente<br />

jogos, nomeadamente a meia-final do Austrália Open.<br />

Agassi também sentia uma enorme animosidade contra os seus<br />

adversários. De Pete Sampras afirma que “é mais robótico que um<br />

papagaio”, a Boris Becker apelida-o de “maldito alemão” e admite<br />

que ficou “com vontade de vomitar” quando o também americano<br />

Michael Chang venceu o torneio de Roland Garros (França), em<br />

1989, e este agradeceu a Deus a vitória. “Ele dava graças à Deus<br />

e atribuía suas vitórias a Deus, e isso irritava-me muito. Por que<br />

Deus se importaria com uma partida de tênis? E, por que ele se<br />

colocaria contra mim e a favor do Chang? Isso é ridículo. Quando<br />

ele venceu Roland Garros em 1989, fiquei com vontade de vomitar.<br />

E perguntei-me: por que logo o Chang, entre tantos outros,<br />

logo ele, foi vencer um Grand Slam antes de mim?”.<br />

Apesar de tudo Agassi deixou a sua marca e apesar da contestação<br />

dos seus títulos por muitos ex-tenistas e até tenistas atuais, a<br />

realidade é que o seu palmares é invejável. Em 20 anos conquistou<br />

60 títulos ATP, uma m<strong>ed</strong>alha olímpica em 1996 e venceu todos os<br />

4 grandes Grand Slam (Wimbl<strong>ed</strong>on, Roland Garros, US Open e<br />

Aberto da Austrália).<br />

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assi e a mulher,<br />

meiro titulo,<br />

Por entre as luzes das vitórias e as depressões que o levaram a sair dos<br />

100 melhores do mundo aos 27 anos, altura que deveria ser o seu auge<br />

desportivo, a vida privada de Agassi não foi menos conturbada. Um<br />

breve relacionamento com Barbra Streisand e um casamento fracassado,<br />

e largamente discutido nas revistas cor-de-rosa, com Brooke<br />

Shields, depressões, quebras de confiança e erros irrefletidos puseramlhe<br />

em muitas situações a carreira desportiva em risco. Mas, como<br />

apenas no desporto acontece, a reviravolta aconteceu e em 1999, Agassi<br />

tornou-se à altura o mais velho tenista a ocupar o lugar número 1 do<br />

ranking.<br />

O equilíbrio surgiu, já nos trinta anos, fruto da sua relação com<br />

Stefanie Graf, a primeira pessoa, segundo o próprio Agassi, com quem<br />

pode ser ele como de facto é, sem mascaras ou mentiras. Esta relação<br />

fortaleceu-o e juntamente com o seu treinador, o seu irmão, de caracter<br />

gentil e sensato, conseguiu ganhar a harmonia para os seus últimos<br />

anos de tenista profissional. Assim como nos anos seguintes, onde a<br />

filantropia passou a ocupar a maioria das horas dos seus dias.<br />

Agassi é o exemplo perfeito de um homem que foi engolido pelos<br />

desejos dos país, que olham para os filhos como extensão das vidas<br />

dos próprios e imputam uma vida e pressões desm<strong>ed</strong>idas e que ultrapassam<br />

em grande m<strong>ed</strong>ida dos limites da capacidade que uma criança<br />

consegue lidar. Assim como o preço da fama e da influência da comunicação<br />

social e do público em geral, e quão devastadora essa pressão<br />

se pode tornar. Relembra-nos que os nossos heróis m<strong>ed</strong>iáticos são tão<br />

humanos quanto nós e erram tanto ou mais como o mais simples dos<br />

mortais.<br />

Por fim, deixamos uma das suas mais contundentes frases que facilmente<br />

muitos de nós se identificarão:” Eu odeio tênis, odei-o com uma<br />

escura e secreta paixão, e ainda assim eu continuo a jogar, porque eu<br />

não tenho escolha. E esse abismo, a contradição entre o que eu faço e<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 39


TECNOLOGIA<br />

MUSCLESOUND<br />

Análise científica da performance e capacidades<br />

físicas dos atletas<br />

N<br />

o desporto atual, profissional<br />

e de milhões, as<br />

analises empíricas, nomeadamente<br />

ao que diz respeito<br />

ao treino, estão a tornar-se obsoletas,<br />

e pior que isso, atletas e treinadores que<br />

insistam em desprezar os meios tecnológicos<br />

partem em considerável desvantagem<br />

e autoeliminam-se da luta pela vitória.<br />

A necessidade de um treino adequado,<br />

nutrição e definir com exatidão os tempos<br />

de repouso e recuperação levam os atletas,<br />

treinadores e equipas desportivas e procurar<br />

métodos tecnológicos avançados que<br />

possam incrementar uma perfeita analise<br />

da performance e do corpo/organismo<br />

dos atletas.<br />

Muitas têm sido as inovações nesta última<br />

década de modo a corresponder às exigências<br />

e demandas das novas necessidades<br />

do treino desportivo, mas tem existo algumas<br />

que se destacam, como á o caso<br />

da tecnologia MuscleSound criada pela<br />

SportTechie. Este novo sistema permite<br />

um monitoramento instantâneo dos níveis<br />

de energia e a partir desses dados uma<br />

dieta energética adaptada às necessidades<br />

im<strong>ed</strong>iatas e futuras do atleta que potencie<br />

a sua performance.<br />

Um avanço fundamental proporcionado<br />

por esta nova tecnologia é a possibilidade<br />

de analisar os níveis de glicose derivada<br />

dos carboidratos no corpo. A glicose, e o<br />

armazenamento que cada atleta tem no<br />

seu organismo – varia entre as 450 e as 500<br />

gramas, é a principal e mais eficiente fonte<br />

de energia, mas que se esgota com alguma<br />

rapidez em treinos intensos e durante<br />

a competição. Uma análise periódica, e<br />

inclusive durante os treinos e após competição,<br />

dos níveis de glicose é crucial para<br />

que os atletas produzam novos planos de<br />

treino e novas dietas energéticas, com o<br />

objetivo de manterem os seus níveis energéticos<br />

otimizados.<br />

Ao contrário da perceção generalizada e<br />

menos especializada, muito treino não<br />

equivale necessariamente a melhores<br />

resultados. Este mito, muitas vezes criado<br />

por alguns atletas mas principalmente a<br />

comunicação social, deixa de lado as novas<br />

conclusões cientificas. Sendo uma das<br />

principais, o consumo exagerado de proteínas<br />

e aminoácidos para oxidar a glicose,<br />

resultando num decréscimo de glicogénio<br />

no fígado e no músculo, potenciando quer<br />

o desgaste mas pior aumentando o risco<br />

de lesões. O treino excessivo é transversalmente<br />

comum a todos os atletas mas, e<br />

na m<strong>ed</strong>ida que os anos avançam, a chave<br />

para muitas lesões musculares cronicas e<br />

até alguns abandonos prematuros de mui-<br />

A possibilidade de<br />

analisar os niveis de<br />

glicose dereivados dos<br />

carbiodratos no corpo,<br />

energia armazenada, de<br />

forma simples e eficaz é<br />

preciosos para o treino<br />

de qualquer atleta.<br />

40 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


do músculo armazenar energia.<br />

A tecnologia MuscleSound permite de<br />

forma não intrusiva, rápida e simples uma<br />

análise eficiente. É preciso destacar que as<br />

outras técnicas para obter a mesma analise<br />

passa por processos altamente intrusivos<br />

como a ressonância magnética ou uma<br />

biópsia muscular; ambos estes processos<br />

exigem que os profissionais médicos e<br />

uma vari<strong>ed</strong>ade de equipamentos caros,<br />

para além de uma deslocação a um centro<br />

hospital. E, aumentam o risco de infeções<br />

e outras complicações de saúde, dado os<br />

requisitos cirúrgicos e todos os potenciais<br />

problemas que a isso se associam.<br />

A simplicidade e a facilidade são de facto<br />

as grandes mais-valias desta nova tecnologia<br />

em apenas 60 segundos verifica vários<br />

indicadores dos músculos, aprovisionando<br />

no im<strong>ed</strong>iato um relatório energético completo<br />

do atleta.<br />

Como afirma o chefe operacional da<br />

SportTechie em entrevista à sporttechie:<br />

“Nós encorajamos a equipe de treino de<br />

a usar o nosso sistema, tanto quanto possível,<br />

mas particularmente no pré-treino<br />

e pós-treino e após competição para auxiliar<br />

na recuperação e na prevenção de<br />

lesões. MuscleSound fornece dados prédesempenho<br />

permitindo recomendações<br />

nutricionais e baseados no desempenho<br />

personalizados. O sistema MuscleSound<br />

também identifica os primeiros sinais de<br />

fadiga muscular, lesão muscular e níveis<br />

de eficácia do treino a partir de dados,<br />

permitindo decisões pró-ativas e personalizadas<br />

para ajudar na recuperação e prevenção<br />

de lesões a longo prazo”.<br />

Ricardo Reis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 41


ESTÁDIOS INTELIGENTES:<br />

O CONCEITO DE FUTURO QUE JÁ EXISTE NO<br />

PRESENTE - AS RAZÕES DA MUDANÇA<br />

O<br />

conceito de cidade inteligente<br />

– smart cities tem<br />

apreciado de uma m<strong>ed</strong>iatização<br />

ampliada na última<br />

década de tal forma que hoje só é uma<br />

novidade para os mais distraídos. Apesar<br />

deste conceito agrupar três dimensões,<br />

criatividade/inteligência individual e a<br />

inteligência coletiva, é na terceira dimensão,<br />

a inteligência artificial, que gera mais<br />

espectativas e que pode de fato fazer avançar<br />

esta ideia de futuro mas que já se faz<br />

notar no presente. A tecnologia digital aliada<br />

ao espaço físico da cidade em conjunto<br />

com todas as múltiplas infraestruturas de<br />

comunicação tem criado uma forte cadeia<br />

de informação que permite de forma<br />

rápida e ao segundo arranjar soluções para<br />

problemas de toda uma população, como é<br />

exemplo a gestão do transito, ou soluções<br />

individuais, como apresentar, mesmo sem<br />

p<strong>ed</strong>ido, os hotéis mais próximos quando<br />

visitamos uma cidade pela primeira vez e<br />

precisamos de uma cama para dormir. Um<br />

outro conceito, que entronca diretamente<br />

no conceção de smart city – a ideia de<br />

<strong>ed</strong>ifícios inteligentes e mais concretamente<br />

de estádios inteligentes.<br />

Imaginarmo-nos dentro do estádio a<br />

assistir a nossa equipa num jogo importante<br />

ou mesmo num clássico, e à distância<br />

de um clique em qualquer dispositivo<br />

móvel disparar no ecrã todas as repetições<br />

dos lances mais importantes e dos golos,<br />

em todos os ângulos e câmaras disponíveis.<br />

Ou algo tão simples como p<strong>ed</strong>ir direções<br />

à casa-de-banho/banheiro mais próximo.<br />

Ou ainda, simplesmente não perder pitada<br />

do jogo e encomendar uma sandwich e<br />

um sumo pelo smartphone. Nada disto é<br />

futurismo e já existe em inúmeros estádios<br />

um pouco por todo o mundo e será uma<br />

realidade “corriqueira” a breve trecho em<br />

todos as grandes arenas desportivas.<br />

A implementação de “inteligência artificial”<br />

nos estádios surge da necessidade dos<br />

clubes adaptarem os seus recintos à nova<br />

realidade dos seus adeptos e aquilo que é<br />

o aparecimento de adeptos de uma faixa<br />

demográfica mais nova e mais adaptada<br />

e exigente dos serviços proporcionados<br />

pela tecnologia digital, à necessidade de<br />

competir com os ecrãs de televisão e de<br />

straming e a carência de procura de novas<br />

fontes de rendimento.<br />

Um relatório da Cisco revelou que para u<br />

em cada três estudantes universitários a<br />

internet é tão vital quanto a água, o ar ou<br />

a comida. Nos Estados-Unidos acontece<br />

um fenómeno bem curioso. Nos jogos universitários<br />

os fãs costumavam abandonar<br />

os jogos ao intervalo caso não possam<br />

A implementação de<br />

“inteligência artificial” nos<br />

estádios surge da necessidade<br />

dos clubes adaptarem<br />

os seus recintos à<br />

nova realidade dos seus<br />

adeptos e aquilo que é o<br />

aparecimento de adeptos<br />

de uma faixa demográfica<br />

mais nova e mais adaptada<br />

e exigente dos serviços<br />

proporcionados pela tecnologia<br />

digital.<br />

42 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


“A nova geração de fãs, têm de estar conectados com o Twitter ou Facebook<br />

ou seu e-mail ou mensagens instantâneas ou o que seja, tudo isso é de vital<br />

importância para a sua vida. Faz sentido apoiarmo-nos que o melhor que<br />

podemos fazer para que eles não sintam como se estivem num buraco negro<br />

de conectividade, onde a internet não existe (quando estão num estádio desportivo)”<br />

Joe Inzerillo, vice-presidente executivo e CTO da<br />

MLBA (Basebol)<br />

conectar-se à internet e fazer o upload e<br />

partilhas de ficheiros como fotos e vídeos<br />

relacionados com o evento que estão a<br />

presenciar. Não é então de estranhar que<br />

seja na natural mudança demográfica dos<br />

adeptos que se encontre o principal motivo<br />

impulsionador na implementação de<br />

tecnologia digital nos novos estádios e<br />

arenas desportivas.<br />

A qualidade dos pacotes desportivos disponíveis<br />

pelos serviços de televisão e cada<br />

vez mais também pelos serviços de streaming<br />

é elevadíssima, mais baratos, mais<br />

práticos e mais fácies que ir a um estádio e<br />

comprar um bilhete. Neste sentido, novamente<br />

um recente estudo apresentado pela<br />

Cisco mostra que 57% dos adeptos prefere<br />

assistir um jogo em casa.<br />

A conectividade e o digital, e os aplicativos<br />

e serviços a ele agregados têm como<br />

objetivo proporcionar uma experiência<br />

vastamente melhorado ao fã dentro do<br />

estádio e trazer as pessoas de para longe<br />

dos seus sofás mesmo para aqueles que<br />

têm excelentes serviços de transmissão de<br />

jogos em direto.<br />

Com recurso aos serviços adicionais disponibilizados<br />

pelo meio WI-FI, o adepto<br />

que se desloca ao estádio pode obter todas<br />

as experiências que obteriam em casa<br />

somando ainda a vivência de ver o seu<br />

atleta preferido ao vivo a fazer a jogada da<br />

sua vida.<br />

Outro grande motivo pelas equipas esta-<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

rem a apostar tão firmemente em estádios<br />

inteligentes é o aumento de receitas através<br />

da aquisição de serviços adicionais e da<br />

compra de bens como comida ou bebida.<br />

As novas oportunidade de receita são<br />

quase ilimitadas e totalmente inexploradas,<br />

nomeadamente em Portugal e no<br />

Brasil. Ativar e potenciar serviços nos<br />

estádios através de dispositivos com acesso<br />

à internet é fundamental para gerar maisvalias<br />

para o adepto e inclusive para o melhor<br />

compreensão dos gostos e interesses<br />

das pessoas que se dirigem aos estádios<br />

e fazem gosto em apoiar as suas equipas<br />

ao vivo com todos os transtornos que isso<br />

representa.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 43


PUBLIQUE CONOSCO<br />

As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas<br />

para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores.<br />

Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons,<br />

contos literários, Banda desenhada (ficção) e artigos científicos.<br />

Antes de enviar algum documento devera consultar os Termos e Condições,<br />

na nossa plataforma on-line.<br />

Para Mais informações visite: www.desportoeesport.com/publique-conosco/<br />

44 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


MENOS CARBOIDRATOS PARA OS<br />

TREINOS DOS MARATONISTAS<br />

Os benefícios dos carboidratos, biomoléculas constituídas<br />

principalmente por carbono, hidrogênio e<br />

oxigénio, nos desportos de resistência são bastante<br />

conhecidos. Vários estudos nos últimos 50 anos<br />

sugerem a relevância destas biomoléculas para a performance em<br />

modalidades em que é exigido uma conduta física de longa duração,<br />

como a corrida e mais precisamente a maratona. Os atletas<br />

e treinadores bem conhec<strong>ed</strong>ores desta realidade preparam uma<br />

dieta rica em alimentos e suplementos alimentares ricos em carboidratos,<br />

tanto para as competições quer para os treinos.<br />

No entanto, recentemente vem aparecendo e ganhando força uma<br />

nova abordagem à dieta dos maratonistas durante o treino que os<br />

priva de enjerir carboidratos. Este novo processo parte da ideia,<br />

que ensinando o corpo a exercitar-se sem carboidratos, ganhará<br />

uma maior eficiência nos dias de prova, altura em que o organismo<br />

será “inundado” de dessas biomoléculas. Steve Magness, autor<br />

de A Ciência da duração e docente e treinador na Universidade<br />

de Houston replica: “No treino, parte do que estamos fazemos,<br />

é obrigar o nosso corpo a consumir o combustível até aos níveis<br />

máximos, para ser mais eficiente quando o corpo estiver de facto<br />

cheio de combustível”.<br />

A grande desvantagem e principal dificuldade na implementação<br />

deste método é a extrema exigência mental e física exigida aos<br />

atletas para que resulte em pleno. No entanto, vários treinadores<br />

e especialistas negam essas dificuldades, afirmando simplesmente<br />

que a maratona é uma especialidade desportiva exigente, assim<br />

como o seu treino, e a nova dieta podem facilmente ser inserida<br />

no conjunto de boas praticas dos atletas.<br />

Existem dois métodos de treino baseados nesta nova dieta: double<br />

workouts e fast<strong>ed</strong> workouts. O primeiro método processa-se com<br />

um treino duro pela manhã seguido de um almoço com baixo<br />

teor de carboidratos, e, em seguida, um segundo treino, mais fácil,<br />

algumas horas depois. O primeiro treino esvazia os músculos de<br />

carboidratos para que a segunda sessão obrigue o organismo do<br />

atleta a adaptar-se a funcionar sem essa biomoléculas. O segundo<br />

método passa por longas sessões de treino sem que exista anteriormente<br />

sejam consumidos carboidratos, imp<strong>ed</strong>indo o acesso fácil<br />

a “combustível” na corrente sanguínea.<br />

Os resultados práticos da mudança já se fazem sentir, apesar de<br />

existir ainda alguma controvérsia no mundo académico e cientifico<br />

onde as conclusões ainda não são satisfatórias. Em pouco<br />

tempo, será entendível qual a melhor dieta para os maratonistas<br />

para o treino e qual a melhor abordagem.<br />

Ana Matos, especialista em nutrição<br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 45


1<br />

3<br />

2<br />

4<br />

CICLISMO E<br />

TECNOLOGIA<br />

As inovações para 2015<br />

1- R. BLACK LABEL WHEELS<br />

2- SMITH OVERTAKE HELMET<br />

3- MEIAS TECNOLÓGICAS<br />

4- BKOOL CONNECT<br />

Reynolds Black Label Wheels. A empresa<br />

1.<br />

detentora da patente para clinchers de fibra<br />

renovou a linha de rodas para o mountain-bike<br />

aprimorando o desempenho e<br />

diminuindo o preço. As rodas Black Label<br />

juntam jantes de montanha já existentes<br />

nas marcas Reynolds com o acostumado preto sobre preto cubos<br />

DT240S para os rodados.<br />

As rodas Black Label já estão disponíveis em quatro modelos: 29<br />

XC (1.440 gramas), 29 TR (1.500 gramas), 27,5 XC (1.435 gramas),<br />

e 27,5 AM (1.530 gramas). A todas as rodas são fornecidos com<br />

adaptadores “end-cap” para a conversão para qualquer formato<br />

de hub.<br />

46 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Smith Overtake Helmet. A empresa Smith<br />

s<strong>ed</strong>iada em Idaho, Sun Valley, desenvolveu<br />

2.<br />

um novo modelo de capacete para ciclistas<br />

amadores e profissionais, principalmente<br />

para o mountain-bike, que promete uma<br />

maior proteção em comparação com outros<br />

modelos do género, graças à utilização de um material designado<br />

de Kroroyd. Este material, absorve mais 30% do impacto<br />

energético do que a espuma EPS, o material utilizado com mais<br />

frequências nos capacetes para ciclistas. Acrescentando ao mesmo<br />

tempo ventilação.<br />

Este modelo de capacete aposta num design apelativo, fornecendo<br />

igualmente um armazenamento estável para os óculos de sul. Com<br />

peso um pouco acima dos 250 gramas já está a ser comercializado<br />

no mercado norte-americano e em breve irá expandir-se a marca<br />

para novas localizações.<br />

3.<br />

Meias tecnológicas. A empresa Shimano<br />

desenvolveu umas meias tecnológicas para<br />

ciclismo que promete melhorar a experiencia<br />

em cima da bicicleta do ciclista. Feita<br />

de um material rijo, anti-abrasão pata o<br />

d<strong>ed</strong>o grande o pé e do calcanhar, respirável com inúmeras seções<br />

de ventilação, trabalham em conjunto com os sapatos da mesma<br />

marca aumentando ainda a experiencia de conforto.<br />

A meia tecnológica permite igualmente minimizar no topo do pé e<br />

melhorar a experiencia de transpiração do pé, em muito devido, à<br />

ventilação que proporciona – característica que já foi mencionada<br />

acima.<br />

Bkool Connect Trainer. Esta nova bicicleta<br />

4.<br />

promete revolucionar o treino indoor. Por<br />

pouco mais de 650 dólares americanos é<br />

possível adquirir esta maquinaria que possibilita<br />

o treino eua experiencia mais real<br />

de ciclismo de estrada sem sair de casa.<br />

Com um sistema de fácil acesso Web e capaz de recolher informações<br />

via Iphone ou GPS, e executando o aplicativo Bkool, que<br />

trabalha com os dados acima referidos, acompanhando o treino,<br />

fazendo inclusive o upload de um vídeo ou de um mapa.<br />

Por os amantes mais acérrimos do ciclismo de estrada, a Bkool está<br />

a incorporar na sua oferta de vídeo cenas de corridas dos eventos<br />

Pro Tour, Esta é uma escolha perfeita para quem adora ciclismo e<br />

estar em cima da bicicleta mas não quer sair do conforto do lar.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 47


NO FACEBOOK 6 EM CADA 10 POSTS DAS GRANDES MARCAS EN-<br />

ENVOLVEM O DESPORTO OU EVENTOS DESPORTIVOS<br />

O<br />

desporto, para o marketing e publicidade, são para<br />

o seculo xxi o mesmo que o sexo foi para o seculo<br />

xx, e a presença das grandes marcas no digital e nas<br />

r<strong>ed</strong>es sociais associadas a grandes atletas e eventos<br />

desportivos não para de crescer. Por exemplo, no facebook 6 em<br />

cada 10 posts das grandes marcas associam-se de alguma forma<br />

ao desporto. Nas outras r<strong>ed</strong>es socias os valores não se distanciam<br />

significativamente destes valores.<br />

Estes números apenas podem ser uma surpresa para os mais distraídos.<br />

E os motivos são evidentes. Temos, em primeiro lugar, a<br />

generalização e a massificação global do uso da internet e as altas<br />

taxas de envolvimento e compromisso dos utilizadores com o<br />

digital e as r<strong>ed</strong>es sociais em particular. Depois, com a chegada da<br />

televisão por cabo e o streaming de vídeo, a atenção das pessoas<br />

dispersou-se, e o desporto foi-se tornando na principal atividade<br />

agregadora e transversal a toda a soci<strong>ed</strong>ade. Por fim, temos a<br />

paixão dos fãs pela sua equipa e pelo seu desporto favorito e a<br />

maior propensão destes de comentar, gostar e acima de tudo partilhar<br />

posts com os quais se identifica.<br />

Para termos um pouco a ideia dos números envolvidos, olhemos<br />

para o campeonato do Mundo de Futebol no Brasil que se consagrou<br />

como o evento desportivo mais falado de sempre nas r<strong>ed</strong>es<br />

sociais. Apenas na noite da final e apenas no facebook, registaramse<br />

mais de mais de 280 milhões de interações relacionados com<br />

48 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />

o jogo por mais 88 milhões de utilizadores desta r<strong>ed</strong>e social. No<br />

Twitter, foram mais de 35,6 milhões neste mesmo jogo, E, no jogo<br />

entre Alemanha e Brasil da meia-final chegou-se ao recorde de<br />

tweets por minuto com 618.725.<br />

As grandes empresas e marcas olham com muita atenção para<br />

estes números e associam-se através do patrocínio desportivo para<br />

divulgação e impulsionar as vendas através dessas parcerias e apostam<br />

depois nas r<strong>ed</strong>es sociais como principal meio de divulgação.<br />

Outra vantagem da aposta nas r<strong>ed</strong>es socias pelas marcas, é a<br />

im<strong>ed</strong>iata perceção dos resultados das campanhas, entendendo ao<br />

minuto a abrangência e impacto gerado por cada nova publicação.<br />

Outra vantagem da aposta nas r<strong>ed</strong>es socias pelas marcas, é a<br />

im<strong>ed</strong>iata perceção dos resultados das campanhas, entendendo ao<br />

minuto a abrangência e impacto gerado por cada nova publicação.<br />

Assim, como o perfil de utilizador a que as campanhas chegam e<br />

interagem. Neste sentido, as marcas, adquirindo pacotes de serviço<br />

oferecidos pelas r<strong>ed</strong>es sociais, podem focar as suas campanhas a<br />

um determinado perfil de público, vulgarmente designado como<br />

nicho, de modo a tirar o maior partido dos recursos investidos.<br />

Por fim, esta tendência das marcam bem na continuada perceção<br />

que os meios mais tradicionais, como publicidade em média tradicionais<br />

ou placares outdoors, estão a perder força e a tornarem-se<br />

me nos efetivos, e ao bem mais “estáticos” em comparação com as<br />

r<strong>ed</strong>es sociais.<br />

Olivia Santos, especialista em marketing e r<strong>ed</strong>es sociais<br />

contato@desportoeesport.com


Marcas de roupa desportiva, com a Nike na foto, são as que mais apostam nas r<strong>ed</strong>es sociais.<br />

Assim como marcas de cerveja, abaixo. Ou mesmo empresas tecnológicas.<br />

Na final da copa<br />

do mundo e<br />

apenas no facebook,<br />

registaramse<br />

mais de mais<br />

de 280 milhões de<br />

interações relacionados<br />

com jogo.<br />

No Twitter, foram<br />

mais de 35,6 milhões.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 49


MAPA ORIGEM DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE NBA PER CAPITA 1980-2014 FONTE: THATNBALOTTERYPICK.COM<br />

NBA: A ORIGEM DOS CRAQUES<br />

Numa análise rápida ao mapa acima, rapidamente<br />

identificamos, e sem surpresa, as áreas de<br />

Mississippi, New York City, Los Angeles, Chicago,<br />

Washington e Filadélfia, como aquelas onde se<br />

originam o maior número de atletas na NBA. Seguidas de perto<br />

por Atlanta, Dallas, Houston, Indianapolis, Detroit, New Orleans<br />

e Seattle. A não surpresa destes dados advém destes estados<br />

serem também os maiores centros populacionais do país norteamericano,<br />

e como tal, esperado que ai apareçam mais atletas de<br />

nível profissional.<br />

O basquetebol é sobretudo um desporto urbano e deste modo<br />

não é de estranhar que Washington, capital norte-americano,<br />

tem o maior histórico de “produção” de jogadores da NBA, com<br />

68 atletas atualmente a atuar na NBA nascidos neste estado.<br />

Relembramos que Washington é unicamente urbana. Outro dado<br />

a ser adicionado é o facto dos habitantes de Washington serem<br />

esmagadoramente afrodescendentes, e a NBA é largamente dominada<br />

por atletas negros. Neste seguimento, não igualmente de<br />

estranhar que Mississippi apareça no segundo lugar desta lista com<br />

cerca de 50 atletas profissionais. 50% da população desse estado é<br />

de descendência africana.<br />

Outros estados que à partida teriam indícios menos propícios para<br />

o aparecimento de atletas para a NBA como Indiana e Kentucky,<br />

que ocupam lugares cimeiros no mapa acima, sugerem que a cultura<br />

local desempenha um papel fundamental para potenciar o<br />

aparecimento de jogadores com qualidade para o profissionalismo.<br />

O facto de alguns estados como Vermont, Ilhas marianas do Norte<br />

ou o Alasca apenas esporadicamente originaram atletas para a<br />

NBA também não é uma surpresa, seja pelos baixos índices populacionais,<br />

pelo clima menos propício a este desporto ou pela falta<br />

de engajamento das populações locais ao basquetebol em preferência<br />

do futebol americano ou do hóquei em gelo.<br />

Ricardo Reis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

50 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


O<br />

momento de pura violência<br />

e agressões entre jogadores<br />

e equipas técnicas no ainda<br />

recente jogo entre Albânia e<br />

a Servia apanhou todos de<br />

surpresa, até porque, aparentemente tudo<br />

se iniciou por um simples drone que transportava<br />

uma bandeira albanesa. Mas, isto<br />

apenas pode ter surpreendido os mais distraídos<br />

e menos conhec<strong>ed</strong>ores da história<br />

europeu e dos seus “conflitos internos”. O<br />

conflito sérvio-albanês, como muitas vezes<br />

é apelidado, é um conflito étnico entre<br />

este dos povos que dura há vários seculos,<br />

mas que teve o seu auge no século xx, com<br />

a primeira guerra balcânica, a segunda<br />

grande guerra e a guerra do Kosovo, tendo<br />

tido no entanto início, no século xix após o<br />

conflito entre a Rússia e a Turquia.<br />

Após a derrota do Imperio Otomano, os<br />

povos cristãos dos Balcãs ganharam mais<br />

território, originando a deslocação de mais<br />

de 80 mil muçulmanos, para a zona que é<br />

hoje conhecida como o Kosovo, agravando<br />

as tensões religiosas e provocando graves<br />

efeitos demográficos.<br />

Este acontecimento é tido visto como o<br />

ponto de partida para o “conflito sérvioalbanês,<br />

desde que foi o primeiro ato de<br />

violência organizado em grande escala<br />

pelo Estado no conflito e pelo menos uma<br />

parte (os sérvios) tinham desenvolvido em<br />

uma nação plenamente funcional e exibida<br />

de uma consciência nacional da Sérvia<br />

(enquanto o nacionalismo albanês ainda<br />

estava em seus estágios infantis)”.<br />

Durante todo o conturbado seculo xx<br />

europeu, principalmente durante a primeira<br />

centena de anos, o conflito agravouse,<br />

com constantes conflitos bélicos, numa<br />

região altamente martirizada com guerras<br />

e invasões militares e constantes novas<br />

definições de fronteiras. O último conflito<br />

deu-se em 1999 e 2001 ainda que em<br />

menor escala.<br />

Com este historial, não deveria obrigar<br />

as organizações do futebol, neste caso a<br />

UEFA, pensar com mais cuidado a forma<br />

como se dão os sorteios e se não devem<br />

existir restrições prévias? Dado que claramente,<br />

ao contrário do que muitas vezes é<br />

propagandeado, o “fair-play” desportivo<br />

não ultrapassa todos os conflitos.<br />

Vitor E. Santos, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 51


DOPING:<br />

LEGALIZAÇÃO!<br />

As razões que podem levar o desporto profissional<br />

a adotar politicas mais favoráveis ao doping!<br />

Uma cultura pró-doping, para muitos, é inevitável no futuro do<br />

desporto. E um futuro que não estará tão longe quanto se julga,<br />

dado que a muito breve trecho estaremos a atingir os limites<br />

de performance do corpo humano. Ora vejamos, mesmo com<br />

todo os novos métodos de treino, de nutrição e equipamentos,<br />

os tempos e os recordes dos nossos melhores atletas acontecem<br />

cada vez mais desfasados no tempo e as melhorias acontecem<br />

progressivamente mais lentamente. Estima-se, por exemplo,<br />

que o limite do tempo para os 100 metros é de 9,48 segundos.<br />

Quando esse tempo for atingido e não existir mais a espectativa<br />

de ser quebrado, continuaram os adeptos do atletismo a seguir<br />

esta modalidade tao afincadamente como o têm feito até agora?<br />

Ultrapassar e melhorar a história é um dos pilares do desporto<br />

moderno, quando isso deixar de ser possível, os fãs estarão dispostos<br />

a deixar cair este tão fundamental axioma? A resposta,<br />

ainda que futurista e unicamente baseada na historia passada do<br />

desporto, terá que ser um r<strong>ed</strong>ondo NÂO.<br />

Dentro deste paradigma, temos ainda a questão dos desportos<br />

onde a exigência é superior ao suportado pelo corpo humano, o<br />

ciclismo é paradigmático. O doping faz e sempre fez parte deste<br />

desporto, não vale a pena enganarmo-nos; não é por acaso que<br />

os maiores escândalos de uso de substâncias ilícitas são ciclistas.<br />

Este desporto, por muito que doa a muitos, exige demasiado<br />

dos atletas, e diminuindo drasticamente o potencial de performance<br />

dos seus corpos; a ajuda química vem muitas vezes<br />

permitir unicamente uma melhor recuperação de etapa a etapa.<br />

E, as entidades deste desporto continuam a olhar para o lado,<br />

como se nada fosse, e nada mudam nas regras ou no paradigma<br />

da modalidade para se adaptar à “condição humana” dos<br />

ciclistas. Continua a fazer sentido existir etapas de mais de 200<br />

km em voltas com mais de vinte etapas? Faz sentido passar<br />

por três, quatro e as vezes mais contagens de montanha numa<br />

única etapa? Estar em cima da bicicleta por 5, 6 ou mais horas?<br />

Somando a isso os diminutos tempos de descanso, com as indispensáveis<br />

viagens, insuficientes para segundo as estatísticas,<br />

faz a cada duas etapas o esforço físico de uma maratona? A<br />

questão central: é que é essa a vontade dos adeptos. Eles querem<br />

ver cinco e seis horas de ciclismo. Ele não querem menos,<br />

querem mais. Superar o passado é a frase e um sinonimo que<br />

sem o qual o desporto profissional não sobrevive.<br />

52 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Doping: Proibição? Legalização?<br />

“A própria saúde dos atletas pode em caso de uma politica mais pró-doping sair<br />

revigorada, dado que os atletas não necessitariam de recorrer a substâncias comprovadamente<br />

perigosas ou drogas experimentais com a potencialidade de escapar<br />

a controlos de antidoping, e poderiam usar substancias não nocivas que teriam o<br />

mesmo efeito.”<br />

Outro ponto fundamental é as lesões.<br />

Nunca como no desporto atual as lesões,<br />

e muitas delas graves, aconteceram com<br />

tanta frequência e tão repetidamente.<br />

Os casos da NBA, discutidos da <strong>ed</strong>ição<br />

anterior, ou a dos pitchers no basebol<br />

(nesta <strong>ed</strong>ição) são apenas um exemplo.<br />

O mundial de futebol de seleções deste<br />

ano de 2014, onde os melhores jogadores<br />

chegaram ou esgotados, jogaram<br />

lesionados como Cristiano Ronaldo ou<br />

simplesmente como Ribéry nem sequer<br />

pode ser convocado. E o número altíssimo<br />

de lesões que não deixou nenhuma<br />

das 32 seleções sem pelo menos um dos<br />

seus melhores jogadores. Isto reflete<br />

nada mais que o excesso de competição<br />

dos calendários desportivos da maioria<br />

dos desportos e modalidades, onde o<br />

descanso e o repouso são insuficientes.<br />

E, a competitividade aumenta de ano<br />

para ano, onde equipas e atletas mesmo<br />

de menor gabarito obtém metodologias<br />

de treino semelhantes e como tal o espaço<br />

que antes existia entre os melhores e<br />

os menos bons, diminuiu significativamente<br />

na última década.<br />

É preciso assumir igualmente que existe<br />

atualmente uma revolução tecnológica e<br />

química e que pode, e para muitos deve,<br />

auxiliar o desporto e os seus atletas.<br />

Simplesmente, assumir que a tecnologia<br />

e a química não existem, não é uma<br />

opção e de uma forma paulatina mas<br />

progressiva, muitas das novas substancias<br />

que são artificialmente sintetizadas<br />

e produzidas em laboratórios, logram<br />

a possibilidade de eliminar muitos dos<br />

problemas acima mencionados. E levam<br />

igualmente o desporto para um outro<br />

patamar. Algo que todos os adeptos<br />

desejam.<br />

A própria saúde dos atletas pode em<br />

caso de uma politica mais pró-doping<br />

sair revigorada, dado que os atletas não<br />

necessitariam de recorrer a substâncias<br />

comprovadamente perigosas ou drogas<br />

experimentais com a potencialidade de<br />

escapar a controlos de antidoping, e<br />

poderiam usar substancias não nocivas<br />

que teriam o mesmo efeito.<br />

Um outro ponto que deve ser mencionado,<br />

é diferenciar as substâncias e<br />

metodologias que têm como principal<br />

intuito auxiliar e diminuir o tempo de<br />

recuperação e aquelas que procuram de<br />

facto criar vantagem competitivas e de<br />

aumento de performance. As primeiras<br />

devem ter uma abordagem m<strong>ed</strong>iática e<br />

legal mais positiva.<br />

Por fim, o doping faz parte do desporto<br />

desde os seus primórdios. Convivemos<br />

com eles desde sempre e sempre assim<br />

será. A legalização ou uma maior abertura<br />

a m<strong>ed</strong>idas pró-doping beneficiará<br />

a todos, principalmente aqueles que se<br />

dopam de forma ilegal, e que podem<br />

desta forma encontrar um caminho mais<br />

limpo e mais saudável.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 53


DOPING:<br />

PROIBIÇÃO!<br />

As principais razões que levam a dizer NÂO ao doping<br />

Saúde. Sem dúvida que o bem-estar dos atletas, tanto no presente<br />

como no futuro, é um dos mais fortes entraves à legalização<br />

do doping ou de uma cultura mais pó-doping no desporto.<br />

Como anteriormente sublinhamos, muitas das substâncias são<br />

altamente danosas para a saúde dos próprios e dos seus futuros<br />

filhos – os casos de má formação de fetos ou de nascença<br />

com deficiência de filhos de ex-atletas que usaram doping são<br />

imensos.<br />

Neste sentido o professor Andy Miah bioeticista da Universidade<br />

do Oeste da Escócia argumenta que é necessario ter um “Pro-<br />

Doping Agency World” para complementar a Agência Mundial<br />

Anti-Doping. “No momento os atletas olham e procuram<br />

substâncias perigosas e com riscos significativos para a saúde,<br />

mas com o quadro de escolham corretas, os atletas podem conhecer<br />

os riscos envolvidos”. E acrescenta: “Faz sentido para<br />

se certificar de que os atletas sabem o que estão a ingerir, em<br />

oposição ao atual “liberdade”, que pode levar a efeitos colaterais<br />

terríveis para si. Os esteroides anabólicos, por exemplo, têm<br />

efeitos secundários adversos que variam de acne, infertilidade<br />

e impotência, a hipertensão, a psicose e doenças cardiovasculares.<br />

Um órgão regulador que permite que os atletas sabem<br />

o que estão ingerindo iria melhorar a saúde de uma forma<br />

global”. O fair-play é entendido em um plano mais geral como<br />

uma atitude de prática desportiva moralmente boa. E apesar do<br />

termo “fair-play” se ter revelado um campo amplo o suficiente<br />

para interpretações diversas de seu significado. Uma iniciativa<br />

bastante comum é traduzi-lo como ‘jogo limpo ou qualifica-lo<br />

como ‘espírito desportivo’.<br />

54 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


“Os esteroides anabólicos, por exemplo, têm efeitos secundários adversos que variam<br />

de acne, infertilidade e impotência, a hipertensão, a psicose e doenças cardiovasculares.<br />

Para além disso: a possibilidade de liberação de uso do doping é claramente<br />

entendida como a possibilidade de utilização de todo o potencial tecnológico ao<br />

alcance dos países ricos sem as peias de ordem ética e legal, o que tornaria ainda<br />

maiores a diferença nas condições de preparação entre atletas de países desiguais”.<br />

Assim o conceito de fair-play ob<strong>ed</strong>ece a um conjunto de regras<br />

e conceitos e quebra-los é uma violação grave às regras do<br />

jogo e por consequência uma violação das regras e valores<br />

desportivos.<br />

Um outro argumento de natureza ética contra o doping é aquele<br />

que afirma que o processo de desenvolvimento de substâncias<br />

dopantes transforma a competição desportiva em uma verdadeira<br />

competição entre laboratórios de farmacologia, de tal<br />

maneira<br />

deslocando-a do seu lugar natural, as arenas e a capacidade<br />

inata e aprendida dos atletas.<br />

Octávio Tavares, no seu trabalho “doping: argumentos em discussão”,<br />

afirma: “A possibilidade de liberação de uso do doping<br />

é claramente entendida como a possibilidade de utilização de<br />

todo o potencial tecnológico ao alcance dos países ricos sem<br />

as peias de ordem ética e legal, o que tornaria ainda maiores a<br />

diferença nas condições de preparação entre atletas de países<br />

desiguais”.<br />

Outro ponto importante na argumentação é que a liberalização<br />

do doping forcará todos os atletas a recorrer a substâncias<br />

dopantes. Este raciocínio leva-nos a uma posição onde atletas,<br />

mesmo que não desejem recorrer ao doping, serão forçados<br />

ao uso do doping, por coação externa, como treinadores ou<br />

empresas parceiras, ou pela necessidade de níveis de performance<br />

mais avançadas e pela possibilidade de luta pela vitória.<br />

A realidade é que muitos atletas podem efetivamente sentir-se<br />

tentados ou forçados à transgressão, inclusive baseados em<br />

motivos bastante racionais.<br />

Temos ainda, que alterar as leis do doping, farão necessariamente<br />

ondas de choque no passado do desporto, fazendo<br />

existir, um desporto antes do doping e depois do doping. E, a<br />

consciência de que muitas novas marcas apenas serão atingidas<br />

graças a substâncias sintetizadas no laboratório. Como reagirá<br />

o adepto. Iremos ser capazes de olhar para esses futuros atletas<br />

da mesma forma que olhamos para os atletas do presente e do<br />

passado? Ou não serão olhados acima de qualquer coisa como<br />

um resultado de uma laboratório e de experiencias científicas.<br />

E, até que ponto, não diremos simplesmente, este atleta não é<br />

melhor que os outros, simplesmente tem melhores cientistas e<br />

laboratórios a trabalhar para si.<br />

Por fim, ao alterar tão drasticamente as leis do desporto não<br />

corremos um risco serio de alterar o que faz dele o que ele é?<br />

E, esse risco, não pode ser a sua morte?<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 55


HIDRATAÇÃO<br />

NO DESPORTO<br />

PROFISSIONAL<br />

A prática de exercício físico, independentemente do<br />

desporto e das condições em que a atividade é desenvolvida,<br />

leva inevitavelmente uma significativa perda<br />

de água e eletrólito (sódio e cloreto) do organismo que<br />

terá consequências para o atleta no caso de esses líquidos<br />

não serem progressivamente repostos.<br />

Atualmente estima-se que 70% da energia gerada<br />

durantes os processos fisiológicos recorrentes da<br />

atividade física não é convertida em trabalho útil,<br />

mas sim convertida em grande m<strong>ed</strong>ida em calor, que<br />

por sua vez leva à transpiração e à perda de líquidos,<br />

o que num caso extremo, pode levar à desidratações<br />

traumáticas que facilmente criam lesões e efeitos de<br />

longo prazo.<br />

Isto é de tal modo verdadeiro, que pequenas perdas<br />

de quantidade de água, perdas de água equivalentes a<br />

2% da massa corporal r<strong>ed</strong>uzem fortemente a resistência<br />

e a performance dos atletas, independentemente<br />

do clima e da altitude. Piorando quando o exercício<br />

físico se mantem por um período de tempo superior a<br />

90 minutos.<br />

Existem ainda estudos que comprovam que um descanso<br />

de vinte minutos com a reposição de líquidos<br />

de pelo menos de 50% são capazes de restaurar<br />

significativamente a capacidade física de um atleta,<br />

permitindo-lhe retomar a atividade física.<br />

Para além das elevadas perdas de desempenho e de<br />

resistência física, a desidratação eleva igualmente os<br />

riscos de cefaleias (dores de cabeça), sensação exagerada<br />

de fadiga, náuseas e as já faladas lesões como<br />

cãibras.<br />

56 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Perdas de água equivalentes a 2% da massa corporal, no exercício físico<br />

perante, r<strong>ed</strong>uzem fortemente a resistência e a performance dos atletas, independentemente<br />

do clima e da altitude. Piorando quando o exercício físico se<br />

mantem por um período de tempo superior a 90 minutos. Perdas de líquidos<br />

superiores podem criar uma sensação de fadiga extrema, náuseas, cefaleias e<br />

até aumentar seriamente o risco de lesões.<br />

Olhemos alguns dados. Uma r<strong>ed</strong>ução de<br />

massa corporal por perda de líquidos de<br />

4% tem como consequência im<strong>ed</strong>iata uma<br />

perda de forças de pelo menos de 2% a 3%<br />

e perdas de resistência de 10%, somandose<br />

ainda, as alterações a alguns músculos<br />

específicos onde as perdas são ainda maiores.<br />

Se a isto ainda adicionarmos temperaturas<br />

superiores a 30 graus centígrados<br />

as perdas do atleta são severamente superiores.<br />

Hoje existe um consenso alargado entre<br />

os especialistas suportados inclusive pelo<br />

comité olimpo que os níveis de desidratação<br />

dos atletas não devem ultrapassar os<br />

2% da massa corporal, e que esses níveis<br />

devem incluir as taxas de perdas de sódio,<br />

expelidos igualmente pelo suor. As perdas<br />

não devem ser superiores a 3 ou 4 gramas<br />

de sódio sem que a performance e mesmo<br />

a saúde seja prejudicada.<br />

A ligação entre perdas de água e lesões,<br />

a mais frequentes as cãibras musculares,<br />

acontecem principalmente de forma<br />

indireta, ou seja, pela perda de sódio e<br />

cloreto através do suor, assim para além<br />

da hidratação e da ingestão de água, os<br />

atletas devem ter em conta a necessidade<br />

de ingerirem outros alimentos ou suplementos<br />

que possam repor os seus habituais<br />

níveis de eletrólitos.<br />

O processo de hidratação do atleta deve<br />

ser contínuo, ou pelo menos, ser iniciado<br />

uma semana antes no início da competição<br />

ou de um treino de alta intensidade.<br />

É importante ressalvar que uma hidratação<br />

excessiva é tão prejudicial quanto a<br />

falta de líquidos, provocando nos atletas<br />

uma sensação de enfartamento, e pior,<br />

aumentando as taxas de suor expelidas, o<br />

que provoca maiores perdas de eletrólitos.<br />

Por fim, as áreas geográficas, como a altitude,<br />

e o clima, calor ou humidade, devem<br />

ser tidas em contas quando se esboça o<br />

plano de hidratação do atleta.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

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TRIATLETAS: TRÊS ERROS<br />

COMUNS<br />

No desporto atual altamente competitivo todos os<br />

detalhes no treino fazem a diferença e no triatlo<br />

não é diferente. Existe um conjunto de práticas e<br />

cuidados na preparação para as competições que<br />

não devem ser descuidados quem o faz comete<br />

erros estratégicos graves. Nas próximas linhas iremos identificar<br />

três dos mais frequentes.<br />

Testes periódicos de taxas de suor durante o esforço. Como analisado<br />

no artigo acima a “ importância da hidratação no desporto<br />

profissional” basta uma perda de água em 2% da massa corporal<br />

para um abaixamento considerável na performance e capacidade<br />

física do atleta. Assim é fundamental que exames e m<strong>ed</strong>ições, o<br />

quanto mais precisas melhor, da taxa de perdas de liquido durante<br />

os exercícios para que aquando da competição o atleta saiba com<br />

exatidão a quantidade de líquidos que necessita ingerir e não se fie<br />

apenas na s<strong>ed</strong>e que sente.<br />

Apostar numa dieta calórica e energética inadequada ou simplesmente<br />

suspendem a sua dieta, tendo como principal propósito<br />

perder uns quilos, ou o que também acontece diversas vezes por<br />

quebra de resistência mental. Por norma, a dieta dos triatletas é<br />

altamente exigente, com o consumo de carboidratos periódicos ao<br />

longo do dia e obrigando a um constante “auto-supervisionamento”<br />

difícil de perpetuar ao longo do tempo. Acontece igualmente<br />

que a dieta calórica indo de encontro às necessidades competitivas<br />

pode ainda assim causar uma sensação de fome ao atleta e este<br />

efetuar novas alimentações desadequadas.<br />

Procurar nos suplementos deficiências ou erros na preparação do<br />

treino, como se esses mesmos suplementos funcionassem como<br />

um atalho que tudo resolve. Um erro monumental. Os suplementos<br />

servem acima de tudo para responder e corrigir algumas<br />

deficiências nutricionais como vitaminas ou cálcio, entre muitos<br />

outros.<br />

Ana Matos, especialista em nutrição<br />

contato@desportoeesport.com<br />

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PEP GUARDIOLA:<br />

AS TÁTICAS – DE BARCELONA A MUNIQUE<br />

G<br />

uardiola venceu e<br />

vence mais que os<br />

outros porque eleva<br />

táticamente as suas<br />

equipas a patamares superiores.<br />

Neste artigo vamos analisar um<br />

pouco mais todos os detalhes<br />

tecnicos das duas equipas que<br />

treinou ao mais alto nivel –<br />

Barcelona e Bayern de Munich.<br />

Comecemos, no entanto, por<br />

desenhar um breve perfil da<br />

sua carreira e da sua filosofia de<br />

jogo e das origens desta.<br />

Pep Guardiola é um raro exemplo<br />

de alguém que ousou inovar,<br />

modernizando os valores e táticas<br />

dominantes no futebol e com<br />

isso mudou o jogo. Mudou-o<br />

vencendo e criando aquela que<br />

foi para muitos a melhor equipa<br />

de sempre – o Barcelona de 2008<br />

a 2012. As equipas que treinou<br />

não só obtiveram sucesso nos<br />

respetivos campeonatos nacionais<br />

como nas provas europeias,<br />

como serviram de base para as<br />

duas últimas seleções campeãs<br />

do mundo. Guardiola, que tem<br />

apenas 42 anos e menos de uma<br />

década enquanto treinador,<br />

ganhou uma aura mística como<br />

possivelmente nunca nenhum<br />

outro treinador o conseguiu na<br />

história do futebol. Neste sentido<br />

Virendra Karunakar escreve:<br />

“O nome de Guardiola não representa<br />

simplesmente mais um<br />

homem; ele tem vindo a representar<br />

uma fé, uma crença,<br />

uma filosofia; uma filosofia que<br />

alcança o sucesso de forma consistente<br />

e ao mais alto nível”.<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 59


Guardiola chegou a treinador principal do Barcelona em 2008 e<br />

assumia para si a responsabilidade de reconstruir uma equipa que<br />

apenas dois anos antes tinha ganho tudo o que havia para ganhar<br />

mas que num espaço de um ano parecia que tinha desaprendido<br />

de jogar. A única saída era a revolução. Saíram jogadores. Entre<br />

eles, aquele que era considerado o melhor do mundo na altura –<br />

Ronaldinho Gaúcho. E fez entrar uns tantos novos, a maioria vinda<br />

da formação ou da equipa B. A construção do jogo do “renovado”<br />

Barcelona passou essencialmente por uma filosofia de harmonia,<br />

ritmo de trabalho, alta intensidade todo o jogo, paciência, circulação<br />

de bola, jogo zonal, jogo posicional e, finalmente dinamismo.<br />

A filosofia de passe era tão determinante neste novo Barcelona de<br />

Guardiola, que levou a alcunha de Tiki Taka. Esta forma de jogar,<br />

como o próprio Guardiola já o afirmou, foi inspirada no futebol<br />

praticado pela seleção brasileira dos anos 70 e 80 que apesar de<br />

poucos títulos encantaram o mundo. Não joguei no Brasil. “ O que<br />

tentamos fazer foi passarmos a bola o mais rápido possível. É o que<br />

o Brasil fez a sua vida inteira”, afirmou Guardiola em conferência<br />

de imprensa após a vitória do Barcelona sobre o Santos (4-0) na<br />

final do Mundial de Clubes em Yokohama, em 2011.<br />

Depois de quatro anos de muito sucesso Guardiola abandona a<br />

equipa de Barcelona. Passa um ano sabático, e depois aceita o<br />

desafio de se sentar no banco de suplentes do Bayern de Munich,<br />

que havia ganho tudo o que havia para ganhar na época anterior.<br />

Depois de muitas dúvidas sobre o que podia acrescentar aquela<br />

que era já para muitos a melhor equipa do mundo, as primeiras<br />

respostas surgiram logo nos primeiros jogos, e novamente com a<br />

cultura de posse e vários passes na base do jogo. Mas ao contrário<br />

do que acontece com muitas equipas, que circulam a bola à espera<br />

do erro, as equipas de Guardiola, apostam num paradigma diferente:<br />

“provocar e soltar a bola”. Com isto o adversário não fica só<br />

à espera, tem que reagir constantemente<br />

No principio havia o 4-3-3 (Barcelona)<br />

Na primeira temporada no Barcelona, Guardiola operou a sua<br />

equipa pronominalmente no 4-3-3, seguro na posse da bole, movendo<br />

a bola constantemente do centro para as laterais e vice-versa,<br />

na constante procura do desequilíbrio da equipa adversaria, com<br />

uma rapidez de execução acima da média, com dois ataques no<br />

pico da forma, Thierry Henry e Samuel Eto’o, e o génio de Lionel<br />

Messi a despoletar. Atrás Sergio Busquets, promovido da equipe<br />

B ou Toure, como médios mais defensivos, e no centro do terreno<br />

Andres Iniesta e Xavi, uma dupla que era o motor da equipa.<br />

Com a saída de Eto’o e com a experiencia falhada de Zlatan<br />

Ibrahimovic como homem golo, Messi foi convertido a atacante<br />

centro. Uma decisão acertada já que os números na concretização<br />

de Messi dispararam – 2008-09 foi a última vez que Messi marcou<br />

menos de 49 golos em todas as competições. Este modelo tático<br />

abdicou do que vulgarmente é chamado de número 9 e de uma<br />

referência fixa na grande área, viveu sobretudo da mobilidade e do<br />

entendimento dos três homens da frente.<br />

No ano seguinte, um novo ano de glória para a equipa do<br />

Barcelona, deu-se aquilo que se convencionou-se chamar-se troca<br />

por troca, David Villa ocuparia o papel de Henry fora de largura<br />

à esquerda após a partida do francês e P<strong>ed</strong>ro iria assumir o cargo<br />

de largura direita – sendo que este ultimo ocupava um lugar muito<br />

intermitente no onze titular.<br />

60 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Depois apareceu o 4-4-2 que se desdobrava no 4-1-3-2 (Barcelona)<br />

Na última época de Guardiola à frente do Barcelona, apareceu um jogador que haveria de “obrigar” a mudar a conceção<br />

tática da equipa – Cesc Fabregas.<br />

Uma mudança para o 4-4-2 e a introdução do conceito de falso 9 e com a substituição de P<strong>ed</strong>ro por Alexis Sanchez.<br />

Com a mobilidade dos homens da frente o modelo tático muitas vezes alterava-se para um 4-1-3-2 com Messi e Sanchez<br />

na frente. Alves na lateral e Abidal ao centro eram duas peças fundamentais para manter a fluidez de jogo e Busquets<br />

assumia para si um papel chave na manutenção dos equilíbrios.<br />

Do tempo de Guardiola no Barcelona haveria de ficar também a perceção que o jogo ofensivo deve começar nos defesas<br />

e a boa qualidade destes com a bola nos pés é elementar para a equipa. Fica igualmente a qualidade das desmarcações<br />

e do jogo sem bola de todos os jogadores, na constante procura de oferecer linhas de passe. Por fim, salienta-se também<br />

a qualidade na recuperação de bola onde os jogadores funcionavam como um bloco coeso no desarme do jogador<br />

adversário portador da bola. Abaixo a explicação do tiki taka.<br />

Novo desafio, Novo esquema tático: 4-1-4-1 (Bayern de<br />

Munich)<br />

Guardiola apostou numa formação 4-1-4-1. A tática imposta por<br />

Guardiola teve como objetivo explorar a profundidade do Bayern no<br />

meio-campo, especialmente em torno da capacidade de Toni Kroos<br />

para distribuir, circular em todo o meio do campo e igualmente assumir<br />

o papel de organizador de jogo. Enquanto no Barça, Guardiola tinha<br />

jogadores de baixa estatura à sua disposição, que eram muito bons na<br />

posse; no Bayern tinha jogadores mais diretas e verticais como Thomas<br />

Müller, Arjen Robben e Franck Ribery o que permitia uma maior variação<br />

de passe curto com passe longo, tornando sempre imprevisível o<br />

que a equipa ia fazer num determinado momento.<br />

Philip Lahm, o melhor lateral-direito do mundo, foi “re-programado”<br />

para jogar como m<strong>ed</strong>io defensivo e passou a fazer dupla com Bastian<br />

Schweinsteiger. Esta mudança mostrou-se fundamental para criar o<br />

tipo de jogo que Guardiola tanto gosta e passa pela manutenção da<br />

bola o maior tempo possível e foi igualmente importante para a variação<br />

passes – entre curto e longo – bem como transportar o esférico em<br />

que Lahm é especialista. Rafinha, que ocupou a vaga deixada vaga por<br />

Lahm na direita também se mostrou um enorme trunfo para o ataque<br />

dado que passou a ocupar por diversas vezes os espaços deixados vagos<br />

por Ribery que passou habitar zonas mais centrais no campo.<br />

2014-2015: 3-4-3? (Bayern de Munich)<br />

Após a meia-final perdida para o Real-Madrid na época passada, o<br />

Bayer passou a utilizar algumas vezes o modelo 3-4-3, inclusive contra<br />

o Borussia Dortmund na final da DFB (taça da Alemanha). E mesmo<br />

nesta presente época Guardiola tem apostado consistentemente nesta<br />

nova forma de jogar. Ainda é c<strong>ed</strong>o para perceber se esta mudança é<br />

ou não definitiva e em próximos artigos iremos analisar este modelo<br />

tático com mais pormenor.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 61


FOTOGRAFIA DO M<br />

MANUEL NEUER O “<br />

62 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


ÊS:<br />

LIBERO” ALEMÃO!<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 63


TREINO VS. TALENTO<br />

T<br />

reino e pratica continuada ou a genética e talento<br />

inato: qual dos dois tem mais impacto na formação<br />

dos génios do desporto? Durante anos, esta foi uma<br />

das principais questões do desporto e discutidas<br />

por dirigentes, treinadores e adeptos um pouco por<br />

todo o mundo. E, como a discussão do ovo e da galinha, até agora,<br />

não se havia chegado a nenhum consenso. No entanto, os avanços<br />

tecnológico, principalmente da genética, mas não só, também os<br />

avanços das metodologias de treino e de análise do progresso dos<br />

atletas tem desbravado caminho virgem e chegou a pelo menos a<br />

algumas conclusões. Ainda que complexas e com variadas interpretações.<br />

Logo num primeiro ponto, até agora, e apesar dos inúmeros<br />

esforços dos cientistas, não se encontrou qualquer “gene de desempenho”,<br />

e como tal, pelo menos para já, é de supor que ele não<br />

existe. Sendo que é ainda suportado por muitos especialistas, que<br />

os “genes do desempenho” são uma realidade, e a única razão para<br />

não os ainda termos descobertos é o facto de eles serem numerosos,<br />

com pequena influência individual, e demasiado complexo<br />

para os meios tecnológicos atuais.<br />

O treino e o esforço são uma parte fundamental para o êxito do<br />

atleta, assim como centenas de outros pequenos fatores incontroláveis,<br />

mas existe cada vez mais a perceção, suportada por estudos<br />

validos e aceites pela comunidade científica, que é a genética que<br />

desempenha o papel mais relevante para que o atleta suba ao patamar<br />

do profissionalismo e da excelência.<br />

Olhemos por exemplo para os seguintes dados. Num recente<br />

estudo, os resultados apresentados mostram claramente o papel<br />

da genética, demonstrando que apenas apenas 28% da variação no<br />

desempenho poderia ser explicado por 15 anos (as muito faladas<br />

10.000 horas de treino) de tempo de prática.<br />

Em estudos realizados com um considerável conjunto, cerca de<br />

300 a 400 indivíduos (já praticantes de desporto), sujeitos a um<br />

treino intenso durante períodos compreendidos entre os 4 e os 6<br />

meses, concluiu que apenas menos de 5% dos testados apresentou<br />

melhoras significativas e relevantes.<br />

Estes testes foram realizados por diversos países e em diversos<br />

continentes e os resultados não poucas ou nenhumas variações<br />

tiveram com os acima apresentados. Apenas, um estudo similar<br />

realizado pelo Quénia apresentaram ligeiras diferenças, subindo<br />

para 7% o número de atletas que aumentaram significativamente<br />

a sua performance.<br />

Outro mito que a ciência tem vindo a desmentir é as 10.000 horas.<br />

Com origem em 1993 pela Ericsson, estudando a capacidade dos<br />

violinistas, e mostrou que a performance foi determinada pelas<br />

horas acumuladas de treinamento até a idade de 20. Ou seja, o<br />

melhor especialistas havia acumulado o número mágico de 10<br />

mil horas, enquanto que os classificados como apenas “bom” ou<br />

64 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


A questão do ACTN3:<br />

ou “menos consumado” foram encontrados para ter feito apenas<br />

8.000 ou 5.000 horas de prática, respetivamente. Mas os estudos<br />

mais recentes demostram claramente que para esses “mesmo<br />

bons”, bastam 3.000 horas de trabalho para chegar ao seu índice de<br />

performance mais elevada.<br />

Obviamente que estes dados não eliminam a importância do treino<br />

e dos métodos de treino para potenciarem a performance dos<br />

atletas, mas indicam claramente que a genética e o talento inato são<br />

o fator mais preponderante para o êxito desportivo.<br />

Diogo Sampaio e Vitor E.Santos<br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

O ACTN3 resulta da síntese de<br />

uma forma truncada e não-funcional<br />

de alfa-actinina-3. Os cientistas<br />

expuseram que os indivíduos<br />

com a variante em de cópias do<br />

seu gene ACTN3 pode ter uma<br />

pré-disposição natural para a<br />

resistência (eventos relacionados<br />

com cagas de energia aeróbica),<br />

tais como corrida de longa distância,<br />

natação distância ou esqui.<br />

Esses atletas com uma cópia da<br />

variante no seu gene ACTN3.<br />

Pode ser igualmente adequado<br />

para tanto resistência e Sprint /<br />

potência desportiva como o futebol<br />

ou andar de bicicleta. Atletas<br />

que não possuem nenhuma cópia<br />

da variante na sua ACTN3 gene<br />

podem ter uma pr<strong>ed</strong>isposição<br />

natural para a velocidade desportes<br />

ou potência como eventos<br />

de futebol, levantamento de peso<br />

e de sprint. A presença deste gene<br />

nas populações jamaicanas é tido<br />

como um dos fatores responsável<br />

pela performance dos sprinters<br />

deste país.<br />

No entanto, este é inclusive um<br />

polimorfismo de DNA relativamente<br />

comum. Esta presente em<br />

cerca de 18% a 25% da população<br />

geral, com ligeiras diferenças<br />

dependendo da região geográfica.<br />

O facto de este gene ser relativamente<br />

comum, como os dados<br />

acima tão bem demostram, saem<br />

do foco da pergunta que faz titulo<br />

deste artigo, uma vez que se procura<br />

fatores que possam fazer a<br />

diferença entre indivíduos e não<br />

entre população.<br />

Poderá obter mais dados deste<br />

gene na primeira <strong>ed</strong>ição da<br />

Desporto&<strong>Esport</strong>.<br />

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Desporto&<strong>Esport</strong><br />

www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com<br />

Visite-nos<br />

e<br />

dê-nos<br />

a<br />

sua<br />

Opinião<br />

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Doping: Proibição? Legalização?<br />

DOPING:<br />

CONCLUSÕES FINAIS<br />

Concorda com a introdução de substâncias e suplementos dopantes no deporto de alto nível?<br />

Resultado do inquérito feito aos leitores da Desporto&<strong>Esport</strong> feito por quiz na plataforma online em Outubro de 2014<br />

ODoping no desporto é uma questão polemica,<br />

fraturante, e ainda, tabu. Apoiar o uso de substâncias<br />

que artificialmente aumentam a performance<br />

ou diminuam o tempo de repouso são, tanto na<br />

opinião especializada e na opinião pública, fortemente criticadas<br />

e condenadas. Muitas vezes, no entanto, as opiniões emitidas<br />

desconhecem os fatos ou estão desfasadas da realidade e dos avanços<br />

tecnológicos e na química que o desporto tende a rejeitar com<br />

veemência.<br />

Acontece que em muito breve trecho seremos obrigados a r<strong>ed</strong>efinir<br />

o desporto espetáculo de alto nível e de muitos milhões, e colocando<br />

de forma o mais simples possível: optar pela introdução de<br />

substâncias e métodos tidos até agora como dopantes ou iniciar<br />

uma inflexão competitiva. O número de lesões e o desgaste assim<br />

o vão obrigar; já é possível vermos estes sinais. Com estes artigos<br />

e o tema que chamamos para capa desta segunda <strong>ed</strong>ição não pretendemos<br />

assumir uma posição sobre a legalização ou proibição<br />

do doping. Assumimos unicamente a necessidade e a premência<br />

de iniciar um debate sobre o tema. Um debate sem tabus. Onde<br />

atletas, treinadores, dirigentes e adeptos sejam chamados a opinar<br />

e se criem consensos pelo diálogo ou invés da pré-condenação, o<br />

sistema atual para quem levanta a voz a defender unicamente o<br />

debate.<br />

Julgo que foi conseguido, ainda que genericamente, dar voz aos<br />

principais argumentos, dificuldades e condicionantes do tema que<br />

nos propusemos debater e cabe ao leitor definir a opinião; uma<br />

opinião que teríamos muito gosto que partilha-se connosco, tanto<br />

no contato direto como pela nossa plataforma online.<br />

Por fim, os resultados do nosso QUIZ aos leitores é bem demostrativo<br />

da divisão de opiniões que este tema produz mas que<br />

encaramos como algo extremamente positivo e que levará a um<br />

debate mais rico e aprofundado.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 67


FILME<br />

UM HOMEM FORA DE SERIE: UM<br />

SONHO DE MENINO PARTILHADO<br />

POR TODOS OS ADULTOS<br />

68 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


Quem nunca sonhou em pequeno jogar profissionalmente<br />

o seu desporto preferido? E, quem em adulto,<br />

não fantasia sonhos impossíveis, onde num passe de<br />

mágica, o corpo se move para o centro do terreno,<br />

no mais barulhento dos estádios, a meio de uma<br />

final? Muito poucos. Arrisco-me a dizer quase nenhuns. O sonho e<br />

a fantasia faz parte do ADN do desporto e o grande feitiço é fazernos<br />

sonhar com o impossível, com os desejos irrealizáveis e com a<br />

nossa própria transcendência. O filme The Natural, em português<br />

Um homem fora de serie, leva-nos por entre a grande tela branca<br />

dos cinemas, para um mundo, onde o homem adulto conquista<br />

o sonho de menino. O “wonderboy”, Roy Hobbs, é representado<br />

por Robert R<strong>ed</strong>ford, um prodígio desde a infância para a prática<br />

do basebol, cria inclusive o seu próprio taco com madeira de uma<br />

árvore atingida por um raio, que devido às circunstâncias da vida<br />

é obrigado a abandonar no final da adolescência o desporto profissional,<br />

depois de ter conseguido uma indicação para jogar pelos<br />

Chicago Cubs. Mas, dezasseis anos depois, em 1939, quando Roy<br />

vive já na segunda metade dos seus trinta anos, aparece uma nova<br />

oportunidade, e ele ingressa no New York Knights, uma equipa da<br />

primeira divisão mas que ganha muito pouco.<br />

Aparecendo como um total desconhecido e numa idade em que a<br />

maioria dos jogadores já pensa na reforma, sentimos ao longo de<br />

toda a primeira metade do filme, todos os entraves à sua presença<br />

e é visível em quase todos uma desconfiança total às suas capacidades.<br />

O treinador principal acha-o demasiado velho e está sempre<br />

reticente em dar-lhe uma oportunidade. Os seus companheiros<br />

acham-no uma farsa. A imprensa desportiva têm-no como uma<br />

an<strong>ed</strong>ota. E, é neste clima de desconfiança, que o talento de Roy<br />

imerge, e os risos que lhe eram constantemente lançados deram<br />

lugar a expressões de admiração e gaudio, principalmente dos fãs.<br />

Transformando uma equipa que somava derrotas atras de derrotas,<br />

numa equipa venc<strong>ed</strong>ora, capaz de ir à grande final.<br />

Este é também um filme de vilões e de múltiplas tentações, e de<br />

amores antigos – a antiga namorada de Roy, Iris, bem c<strong>ed</strong>o entra<br />

na história, dando uma nova oportunidade a um amor que tinha<br />

sido precocemente abandonado. Roy consegue manter-se sempre<br />

fiel ao desporto que tanto glorifica e torna real o seu maior desejo:<br />

“ser o melhor jogador de sempre”.<br />

Um homem fora de serie é um filme americano de 1984 dirigido<br />

por Barry Levinson, e para além de Robert R<strong>ed</strong>ford, conta também<br />

com Glenn Close, Robert Duvall, kim Basinger ou Wilford<br />

Brimley. Adaptado de um romance com o mesmo nome de<br />

Bernard Malamud, <strong>ed</strong>itado pela primeira vez em 1952, este é<br />

um filme bem representado, bem dirigido e com uma fotografia<br />

excecional. Este é um filme feito por quem entende o jogo e ama<br />

o jogo, e olha para o desporto como a possibilidade da conquista<br />

do sublime.<br />

Este não é com certeza um filme para aqueles que procuram no<br />

cinema a total transposição da realidade das nossas vidas. Nem<br />

para os mais cínicos. Este é um dos raros filmes que p<strong>ed</strong>e a homens<br />

adultos que sonhem como crianças. Que acr<strong>ed</strong>item no impossível.<br />

E desejem o inalcançável. No fundo, p<strong>ed</strong>e o mesmo que o<br />

desporto.<br />

Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

d_sampaio@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 69


LIVRO<br />

O TREINO DA<br />

TOMADA DE DECISÃO<br />

(ARBITRAGEM)<br />

T<br />

alvez em nenhum país, como em Portugal, a arbitragem no<br />

futebol ocupe tanto espaço na opinião publicada e televisiva.<br />

Todos os lances suscetíveis de alguma dúvida são analisados<br />

e reanalisados ao pormenor até à exaustão. Quase<br />

nunca o consenso é alcançado. E ainda mais raramente<br />

a arbitragem é debatida nos pontos em que verdadeiramente interessa<br />

e lhe agregue algo de positivo para o futuro. Um dos raros exemplos<br />

contrários é “ O treino da tomada de decisão” de P<strong>ed</strong>ro Henriques e<br />

Duarte Araújo. Ainda que datado de 2012, este livro continua atual e<br />

decisivo para melhor entender os árbitros e as suas tarefas dentro do<br />

campo de jogo.<br />

Transcrevendo parte da sinopse: “Esta investigação estudou o treino da<br />

tomada de decisão do árbitro de futebol. A análise começou pela identificação<br />

e organização sistemática das situações críticas para a intervenção<br />

do árbitro que ocorrem num jogo de futebol, de modo a que os elementos<br />

identificativos referentes a cada situação estivessem discriminados o<br />

mais detalhadamente possível. Esta análise tomou a forma de uma tabela<br />

que foi sujeita a uma validação efetuada por cinco peritos em ciências do<br />

desporto, futebol e arbitragem. Seguidamente procurou-se identificar a<br />

frequência de ocorrência, bem como a importância para o resultado do<br />

jogo, das situações críticas validadas em 30 jogos do campeonato nacional<br />

da 1.ª Liga Portuguesa. Posto isto, passou-se à conceção de exercícios<br />

de treino que pudessem intervir nas situações críticas levantadas, em<br />

concordância com os princípios teóricos que explicam a tomada de<br />

decisão do árbitro. Um dos aspetos metodológicos que caracterizou esta<br />

conceção foi a representatividade dos exercícios, para o comportamento<br />

em jogo. Neste sentido, foi elaborada uma bateria de exercícios para treino<br />

da tomada de decisão no terreno de jogo, de modo a que os árbitros<br />

e árbitros assistentes fossem colocados perante as mesmas condições que<br />

ocorrem no jogo. Os exercícios elaborados foram posteriormente ministrados<br />

no Centro de Treino de Lisboa da Liga Portuguesa de Futebol<br />

Profissional (LPFP) aos árbitros e árbitros assistentes da 1.ª categoria<br />

nacional, sendo depois submetidos a uma apreciação por parte desses<br />

árbitros através de um questionário.”<br />

Ricardo Reis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

70 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


O NÚMERO DO MÊS:<br />

253<br />

O NÚMERO QUE FAZ DE MESSI O MELHOR<br />

MARCADOR DA HISTÓRIA DA LIGA<br />

ESPANHOLA<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 71


SOFTWARE<br />

ZENPLANNER:<br />

SOFTWARE DE GESTÃO DESPORTIVA<br />

PARA COMUNIDADES OU GINÁSIO DE<br />

FITNESS E MUSCULAÇÃO<br />

A<br />

gestão desportiva, como a gestão de uma qualquer<br />

empresa ou organização, não sobrevive sem o apoio<br />

de software especializado. Isto acontece e será cada<br />

vez mais uma realidade muito em graças não só à<br />

“digitalização do Mundo” mas sobretudo à necessidade de rapidez<br />

e eficiência em organizações que estão cada vez mais segmentadas<br />

e criam exponencialmente informação a cada novo ano. Os<br />

gestores e as áreas de gestão apoiam-se, e bem, no software para<br />

gerir o dia-a-dia das suas empresas e os clubes e organizações<br />

desportivas não são uma exceção. Nesta <strong>ed</strong>ição apresentamos o<br />

Zenplanner.<br />

Zenplanner é um pacote de software especialmente pensado<br />

para ginásios ou comunidade ligadas ao fitness e permite gerir<br />

um sem número de áreas de uma forma fácil e intuitiva como<br />

são exemplo: o processamento integrado de pagamento, agendamento,<br />

gestão de adesão, e-mail e modelos de site, entre muitos<br />

outros. Possibilitando desta forma uma gestão centralizada num<br />

único pacote de software eliminando a mais que certa confusão e<br />

trabalho de compatibilizar várias aplicações, cada uma com a sua<br />

funcionalidade distinta e os seus requisitos específicos.<br />

Com funcionalidades de faturação e de finanças, é também de<br />

grande ajuda para desenvolver e se manter a par das sessões de<br />

treino dos utilizadores das instalações.<br />

Com ajuda integrada e “instrutores” da aplicação sempre disponíveis,<br />

assim como uma comunidade forte e sempre disponível,<br />

esta é uma solução perfeita para quem pretende ter num único<br />

pacote de software todas as funcionalidades básicas para gerir o<br />

seu negócio.<br />

P<strong>ed</strong>ro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

72 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com


APLICATIVO WEB<br />

ONEFOOTBALL:<br />

RESULTADOS DE FUTEBOL EM DIRETO<br />

E<br />

sta aplicação Web, tal como o nome indica para<br />

amentes do desporto rei, disponibiliza em tempo<br />

real os resultados dos jogos de futebol de todos<br />

os campeonatos mais importantes e decisivos.<br />

Fundamental para se saber um resultado, ver uma tabela classificativa,<br />

verificar o agendamento dos jogos ou procurar dados<br />

estatísticos sobre as equipas em campo, de forma rápida, simples<br />

e intuitiva. Tem ainda um sistema de atualização em runtime que<br />

permite ao utilizador estar atualizado aos resultados dos jogos que<br />

pretende acompanhar. Permite ainda parametrizar os clubes e ligas<br />

preferidas para que o utilizador tenha acesso im<strong>ed</strong>iato aos<br />

seus favoritos.<br />

Em comparação com aplicativos similares, é o sistema de relatório<br />

em direto por texto escrito por diversos jornalistas de renome, que<br />

asseguram a veracidade e a coerência dos textos.<br />

Um dos pontos que podem fazer alguns torcer o nariz ou a felicidade<br />

de outros é o interface da aplicação que é algo complexo,<br />

apresentando bastantes opções de customização. Por último, a<br />

opção para receber notificações também esta presente nesta aplicação.<br />

Tiago Dinis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />

contato@desportoeesport.com<br />

Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 73


Desporto&<strong>Esport</strong><br />

WWW. DESPORTOEESPORT.COM

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