Desporto&Esport ed. 2 plus
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A VIDA DE AGASSI<br />
PEP GUARDIOLA<br />
LINGUAGEM CORPORAL<br />
TREINO VS TALENTO<br />
A História do ténista que<br />
ódiava ténis<br />
As Táticas de Barcelona a<br />
Munich<br />
A Linguagem escondida<br />
Qual dos 2 é mais importante<br />
Desporto&<strong>Esport</strong><br />
Revista Digital de Estratégia e Gestão Desportiva<br />
Desporto<br />
Profissionalismo<br />
e Lesões<br />
No desporto profissional as lesões são cada vez mais<br />
frequentes. Nesta <strong>ed</strong>ição, mostramos os tratamentos mais<br />
recentes na m<strong>ed</strong>icina atual.<br />
Especial<br />
DOPING:<br />
LEGALIZAÇÃO? OU PROIBIÇÃO?<br />
OS PRÓS E OS CONTRAS<br />
AS DIFERENTES ANÁLISES E PERSPETIVAS<br />
A NÃO PERDER! REAL MADRID - 4-4-2 2014/2015
EDITORIAL<br />
O doping, entendível como a utilização de substâncias ilícitas para aumentar<br />
a performance desportiva, existe desde os primórdios do desporto, e tem-no<br />
acompanhado desde sempre. E foi inclusive, mais ou menos assumido, parte<br />
integrante da política desportiva de muitos países, como forma de confronto<br />
com nações rivais, usando o desporto para vitórias “bélicas” e poiticas. Hoje,<br />
isso é cada vez menos uma prática, mas segundo as autoridades competentes,<br />
nunca o uso do doping foi tão alto. Os diversos estudos apontam para valores<br />
acima dos 10% sendo que apenas menos de 1% desses atletas acaba por acusar<br />
positivo. Para muitos, estes valores podem surpreender, mas para aqueles<br />
que olham mais de perto o fenómeno desportivo, facilmente afirma que estes<br />
valores, nada mais são que uma consequência natural dos requisitos e do desgaste,<br />
para além do aumento de lesões graves, que a atividade desportiva de<br />
topo carrega no desporto atual, onde os limites humanos são constantemente<br />
exigidos. Deste modo, temos que nos questionar e trazer para o debate publico<br />
um debate serio sobre o doping, e se o uso de substancias deve continuar<br />
a ser totalmente banida do desperto, ou se, por contrário, de devemos adotar<br />
uma abordagem menos fundamentalista e mais permissiva, adotada a cada<br />
modalidade e as suas características.<br />
Mas não só de doping, vive esta segunda <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>. Temos<br />
um especial, com um conjunto de artigos, sobre lesões, os novos tratamentos,<br />
totalmente futuristas para os leigos, e o impacto emocional e de psicológico<br />
que provoca nos atletas. Falamos igual, de como, a linguagem corporal e uma<br />
boa analise da mesma, pode ser a diferença entre a vitória ou derrota dentro<br />
de um campo de futebol. Olhamos para o Brasil e o voleibol e das razões que<br />
fazem deste desporto um sucesso em terras de vera cruz. Andre Agassi, um<br />
tenista que odiou o ténis por toda a sua vida, é a figura desportiva desta <strong>ed</strong>ição;<br />
um caso paradigmático de onde o sucesso e a felicidade não andam de mãos<br />
dadas.<br />
Director geral e Editor<br />
Diogo Sampaio<br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Colunistas<br />
P<strong>ed</strong>ro M. Silva, Vitor E. Santos,<br />
Diogo Sampaio, Thiago Y. Jacomelly,<br />
Ricardo Reis, Tiago Dinis<br />
Colunistas Convidados<br />
Rodolfo Resende Pires, Alexandre<br />
Monteiro, Olívia Santos, Alexandre<br />
Cardoso, Ana Matos<br />
Contatos<br />
contato@desportoeesport.com<br />
Website<br />
www.desportoeesport.com<br />
Por fim, agradecendo a todos os colunistas convidados a sua participação,<br />
congratulamo-nos, por cada vez mais sermos uma revista por toda a comunidade<br />
e países de língua portuguesa, com colunistas de diferentes nacionalidades<br />
e leitores um pouco por todo o mundo.<br />
Diogo Sampaio, Director
CAPA:<br />
DOPING<br />
06 Doping: Proibição? Legalização?<br />
08 Doping: Definição<br />
09 Razões para o uso do doping<br />
17 Principais metódos e substâncias<br />
dopantes<br />
18 Doping e saúde: o caso da<br />
Alemanha oriental<br />
ESPECIAL LESÕES<br />
24 O impacto psicologico das lesões<br />
28 Holografia: lesões e Basebol<br />
32 Celulas estaminais, lesões e recuperação<br />
fisica<br />
34 NFL e o risco de doenças degenerativas<br />
19 Doping: uma questão legal ou<br />
ética?<br />
52 Doping: legalização!<br />
53 Doping: Proibição!<br />
65 Doping: conclusões finais<br />
FIGURA<br />
36 Agassi: O tenista que odiava<br />
tenis<br />
DESPORTO&ESPORT<br />
10 Real Madrid: 4-4-2<br />
12 Segr<strong>ed</strong>os da Linguagem corporal<br />
15 O segr<strong>ed</strong>o do sucesso do<br />
voleibol brasileiro de quadra: qual a<br />
receita?<br />
20 GPS e arbitragens<br />
23 A importancia da análise de<br />
video<br />
30 Videojogos: devem ser considerados<br />
desporto?<br />
40 Tecnologia MuscleSound<br />
44 Estádios Intelegentes<br />
48 R<strong>ed</strong>es sociais, marcas e desporto<br />
59 Pep Guardiola: as taticas de barcelona<br />
a munich<br />
MAIS<br />
DESPORTO&ESPORT<br />
26 Squash<br />
29 O respeito dentro do Balneario<br />
33 NHL e as imagens POV<br />
45 Menos carbiodratos para os<br />
maratonistas<br />
46 Ciclismo e Tecnologia<br />
50 NBA: a origem dos craques<br />
51 Sérvia-Albânia: a origem da violencia<br />
56 Hidratação no desporto profissional<br />
58 Triatletas: três erros comuns<br />
62 Fotografia do mês<br />
68 Filme: Um homem fora de serie<br />
70 Livro: o treino da tomada de<br />
decisão<br />
71 Número do mês<br />
72 Software: ZenPlanner<br />
73 Aplicativo Web: OneFootball<br />
63 Treino Vs. Talento<br />
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Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 5
DOPING:<br />
LEGALIZAÇÃO OU PROIBIÇÃO?<br />
Proibição? Legalização?<br />
Como decidir no meio de<br />
questões legais, éticas, desportivas,<br />
saúde, entre tantas<br />
outras?<br />
Nos anos 70, muitas atletas femininas engravidavam propositadamente semanas antes<br />
das grandes competições, isto porque nos primeiros meses de gestação as mulheres ficam<br />
mais fortes e aumentam a capacidade aeróbica. Na Grécia antiga, de cordo com os escritos<br />
deixados pelo filósofo Philostratus, os atletas da primeira era olímpica, aproximadamente<br />
776 a.C, consumiam chás compostos por diversas ervas e comiam cogumelos para melhoraram<br />
as suas marcas. Atualmente, a química e a tecnologia produzem um conjunto de<br />
drogas e fármacos sintéticos que aumentam fortemente as performances do corpo humano<br />
e permite bater recordes totalmente inimagináveis e impossíveis num “corpo limpo”. A<br />
procura de meios, metodologias e substâncias para o aumento de performance desportiva,<br />
como facilmente percebemos, foi uma constante por toda a história humana.<br />
Atualmente a problemática do doping, ou em português propriamente dito – dopagem,<br />
assume contornos ainda mais proeminentes.<br />
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O canadense e ex-atleta Richard William<br />
Pound, membro do Comitê Olímpico<br />
Internacional (COI) e presidente na<br />
Agência Mundial Antidoping de 1999 a<br />
2007, afirmou, à pouco mais de dois anos,<br />
que os diversos estudos indicam categoricamente<br />
que mais de 10% dos desportistas<br />
de alto rendimento se dopam, mas os<br />
testes e os controlos anti-doping não apanham<br />
mais que 1 ou 2%.<br />
A tecnologia e os avanços científicos também<br />
chegaram ao desporto e ao doping e a<br />
realidade é que não sabemos com exatidão<br />
a sua proporção, nem em que desportos<br />
se desenvolvem em maior número; sim,<br />
porque acr<strong>ed</strong>itar que o doping é uma<br />
coisa unicamente do ciclismo é uma total<br />
ingenuidade.<br />
No entanto, o pressuposto deste artigo, e<br />
dos artigos que acompanham o tema do<br />
doping na 2 <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>,<br />
debruça-se e leva o debate para um outra<br />
orientação: devemos manter a intransigência<br />
quanto à utilização de substancia que<br />
aumentam o rendimento? Ou, por outro<br />
lado, devemos manter uma noção mais<br />
abrangente sobre o tema, e abrir lentamente<br />
o desporto, ou pelo menos algumas<br />
modalidades, a essas mesmas substâncias,<br />
e aceita-las como parte integrante da atividade<br />
desportiva profissional e de topo?<br />
Este tema e este debate torna-se ainda mais<br />
preponderante quando olhamos para o<br />
desporto atual e facilmente entendemos o<br />
nível de esforço requerido, ou o número de<br />
jogos e partidas e o pouco tempo temporal<br />
em que acontecem, ou o número de lesões,<br />
em muitos casos, anormalmente altas<br />
e muito definitivas para muitos atletas.<br />
Muitas substâncias, até agora proibidas,<br />
poderiam em muitos casos minimizar o<br />
desgaste excessivo e prevenir lesões, e tornar<br />
o desporto, à falta de melhor palavra,<br />
de novo a índices humanos e possíveis de<br />
ser praticados por humanos, onde alcançar<br />
o limite não leva necessariamente à<br />
destruição.<br />
Se a isto somarmos, um conjunto de<br />
metodologias e maquinaria cientifica, normalmente<br />
ausente do debate do doping,<br />
mas que criam, mesmo que legalmente,<br />
claras diferenças artificias entre atletas,<br />
beneficiando aqueles que têm um maior<br />
poder financeiro ou que estão inseridos<br />
em clubes ou instituições mais poderosas.<br />
Assim, iniciar um debate serio e claro<br />
sobre o uso do doping no desporto profissional<br />
é mais necessário que nunca,<br />
sem termos como é obvio, a pretensão de<br />
chegar a uma resposta definitiva. Neste<br />
conjunto de artigos, para além de definirmos<br />
com exatidão o conceito de doping,<br />
iremos apresentar a perspetiva de diversos<br />
autores e da diversa literatura, defendendo<br />
quer o uso do doping, que a sua total<br />
proibição.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 7
Doping ou “Dopagem é o uso de qualquer m<strong>ed</strong>icamento ou<br />
produto que contenha substâncias indicadas na lista de substâncias<br />
proibidas”<br />
Definir universalmente o significado de doping é uma<br />
tarefa difícil e até certo ponto inexequível, dada a falta<br />
de consenso, nomeadamente no mundo académico.<br />
Ainda assim é possível alcançar alguns acordos e<br />
ideias partilhadas pela maior parte dos especialistas.<br />
A palavra “doping” é um anglicanismo que terá surgido<br />
pela primeira vez em 1889 nos Estados Unidos<br />
da América em 1889 em contexto bélico, no qual<br />
referia: “ mistura de ópio e narcóticos administrada<br />
aos cavalos”, que significava “estimulação ilícita para<br />
os cavalos durante a corrida”.<br />
O termo doping como descrito acima não “nasceu”<br />
interligada com o desporto, isso aconteceu apenas,<br />
pelo menos a nível internacional, em 1933, e a sua<br />
definição passava por “ o uso de determinados fármacos<br />
para aumentar o rendimento físico”.<br />
Apenas duas décadas, em 1949, a definição de doping<br />
haveria de sofrer uma ligeira remodelação: “todo<br />
o uso de substâncias ou de práticas estimulantes que<br />
exageram momentaneamente o rendimento de um<br />
individuo”.<br />
Ao longo dos anos, outras pequenas alterações foram<br />
feitas, sendo que hoje, a definição usualmente mais<br />
aceite e adotada pela convenção europeia contra a<br />
dopagem no desporto e presente na legislação portuguesa<br />
é: Doping ou “Dopagem é o uso de qualquer<br />
m<strong>ed</strong>icamento ou produto que contenha substâncias<br />
indicadas na lista de substâncias proibidas”.<br />
Para os mais curiosos, etimologicamente a palavra<br />
doping tem três grandes teorias. A primeira, e seguida<br />
por muitos autores anglo-saxónicos, afirmam que a<br />
palavra doping advém da língua inglesa “dope”, que<br />
significa “ pasta, líquido espesso ou gordo, utilizado<br />
como um lubrificante ou óleo alimentar”.<br />
Outros contrariam fortemente esta primeira teoria e<br />
afirmam que a palavra doping deriva diretamente do<br />
dialecto Kafir, que era falado por indígenas do sudeste<br />
de África que atribuía à palavra “dop” o significado<br />
de: “licor forte, que era bebido como estimulante<br />
durante os cultos ou cerimónias religiosas segundo a<br />
aprovação de Kafa”.<br />
Recentemente surgiu a ideia de relacionar o termo<br />
doping com DOPA (dihidroxifenilalamina), que é<br />
um aminoácido monoaminocarboxílico, formado pela<br />
oxidação da tiosina em reacção catalizada pela tirosinasa.<br />
8 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
RAZÕES PARA O USO DO DOPING<br />
O<br />
objetivo, como é claro para todos, para uso de substâncias ilegais, é aumentar a performance desportiva e alcançar vitórias e<br />
records. Mas, esta é uma das situações em que é necessário olhar mais afundo para a questão, até porque quando olhamos<br />
para alguns dos fármacos utilizados para melhorar artificialmente o desempenho, entendemos os seus malefícios. Por<br />
exemplo o uso de esteroides pode provocar delírios, episódios de paranoia e quebras psicológicas graves, podendo inclusive<br />
afetar o comportamento motor. Pior ainda, o uso prolongado pode originar problemas crônicos como doenças cardíacas,<br />
enfermidades no fígado, disfunções sexuais e uma diminuição acentuada da espectativa de vida e nos casos mais graves a morte. Em alguns<br />
casos deram-se ainda modificações corporais extremas, principalmente em atletas do sexo feminino. Assim é imperativo perceber quais as<br />
razões que levam os atletas a correram tão altos riscos para o aumento artificial. No geral existem duas teorias: Durkheim e Merton.<br />
Teoria de Durkheim<br />
A teoria de Durkheim refere o uso do doping por parte dos atletas<br />
como “um reflexo discrepantes das normas na soci<strong>ed</strong>ade”. Do<br />
ponto de vista prático, este autor aponta a soci<strong>ed</strong>ade e as subculturas<br />
como o principal meio para que o atleta se permita o uso<br />
do doping; um pouco da mesma forma como a cultura potencia<br />
ou reprime o crime. Quanto mais a soci<strong>ed</strong>ade for permissiva ao<br />
uso de substâncias ilegais mais fácil será para o atleta dar o passo<br />
decisivo para o uso de dopagem.<br />
Teoria de Merton<br />
A teoria de Merton aponta as razões do uso do doping como o<br />
“resultado de grandes exigências, motivações e recompensas nos<br />
atletas de elite que testariam os limites da performance e isso sugeria<br />
o uso de meios ilegais”. Este ponto é facilmente identificável<br />
e para isso basta ligarmos as nossas televisões ou ligar os nossos<br />
computadores ou smartphone para entendermos os inúmeros<br />
estímulos que os grandes atletas estão sujeitos: fama, dinheiro ou<br />
reconhecimento m<strong>ed</strong>iático, são apenas alguns dos mais notórios.<br />
Os atletas vivem vidas de aparente sonho, para chegar a elas ou<br />
para lá se manter o doping pode ser um mal menor.<br />
A problemática dos efeitos psicológicos e da dependência<br />
Para além dos motivos já destacadas, existe também a problemática dos efeitos psicológicos nos atletas que se doparam e o muito comum efeito<br />
de dependência que lhes provoca e não lhe permite, mesmo quando o desejam, de deixarem de utilizar substâncias proibidas.<br />
Muitas das substâncias usadas no doping alteram dramaticamente o sistema límbico do cérebro, que controla o comportamento instintivo,<br />
as emoções, e muito importante, a motivação. A maiorias das drogas utilizadas, como referido, alteram significativamente o metabolismo,<br />
nomeadamente neurotransmissores como a adrenalina, noradrenalina, dopamina e serotonina estão envolvidos no controlo de muitos estados<br />
emocionais e mentais, e criando em muitos casos dependência, tanto física como emocional. Aliás, como é sabido, todas as drogas criam,<br />
nem que seja artificialmente, uma dependência, e aumentam a quantidade de dopamina no sistema de recompensa, e a procura de prazer,<br />
euforia e em muitos casos uma sensação falsa de felicidade. Por exemplo, uma das substâncias mais usadas as anfetaminas criam uma elevada<br />
dependência emocional e psicológica.<br />
Assim sendo, é absolutamente termos em mente esta problemática, em casos onde existe a reincidência de atletas no doping, ou por outro lado<br />
o uso continuado de substancia dopantes, assim como as entidades reguladoras, que têm necessariamente de olhar para estes atletas como<br />
seres humanos e sujeitos a todas as fragilidades a isso inerentes, e devem como tal, focar-se primeiro no tratamento e só depois na penalização.<br />
Evitando igualmente, a excessiva exposição m<strong>ed</strong>iática dos atletas, que em termos humanos pode ser extremamente contra producente.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 9
James Rodríguez, Toni Kroos e Luka Modric (no fundo<br />
em imagens, na sequencia apresentada) compõem<br />
o novo, e diga-se vibrante, meio-campo merengue,<br />
pertencendo quase no exclusivo a estes três homens a<br />
titularidade no atual sistema tático (4-4-2) criado por<br />
Ancelotti para o Real Madrid versão 2014/2015. Este<br />
trio altamente técnico, foi construído tendo por base<br />
três números 10, o que é uma total novidade no mundo<br />
do futebol, mas que ao contrário de muitas catastróficas<br />
previsões tem resultado em pleno, aliando ainda<br />
uma beleza estética que esteve ausente da maior equipa<br />
da capital espanhola desde há vários anos.<br />
O passe passou a ser o lema do Real Madrid desta<br />
presente época, em diferentes estilos, combinando a<br />
velocidade e a rapidez dos passes longos com períodos<br />
de desaceleração e até a própria inércia quebrando o<br />
habitual e permanente jogo de contra-ataque dos últimos<br />
anos. Permitindo, desta forma, que o jogo merengue<br />
possuía várias mudanças e diferentes abordagens,<br />
e possa, como é norma dizer na linguagem futebolista,<br />
especular com o jogo e com o que a equipa adversária<br />
oferece.<br />
Isco e James, apesar de terem uma maior responsabilidade<br />
de passes de rutura, apostam igualmente na<br />
segurança e na eficiência, no oposto da época anterior<br />
onde o passe de rutura e de risco era a norma e o mais<br />
procurado.<br />
A versatilidade de Kroos é fundamental para a consistência<br />
da equipa, sendo ele, o principal motor com a<br />
sua qualidade de passe, consciência posicional e capacidade<br />
para aproveitar as oportunidades de remates<br />
para golo. Além disso, a sua capacidade para as bolas<br />
paradas é crucial para criar desequilíbrios, num futebol<br />
atual extremamente fechado. Assim, como a qualidade<br />
de último passe de James na Zona 14 (consulte o<br />
nosso Website para saber mais sobre a zona 14 www.<br />
desportoeesport.com).<br />
Outo ponto crucial, é o povoamento do campo, mais<br />
fechado ao cento e com um maior número de jogadores<br />
no miolo do terreno, melhorando em grande m<strong>ed</strong>ida o<br />
jogo interior e o passe entre linhas, aproveitando e<br />
potenciando ao máximo as superiores qualidades técnicas<br />
dos jogadores. observando o posicionamento em<br />
campo mais frequente dos jogadores do Real Madrid<br />
torna-se muito claro e prevalencia para o centro em<br />
detrimento das alas.<br />
10 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
O encanto do “novo” Real Madrid passa sobretudo<br />
pelo que o meio-campo e o futuro na Liga será<br />
o que James, Modric e Kroos forem capazes de<br />
fazer. Resta-nos esperar se a qualidade de jogo<br />
e de consistência consegue durante toda a época.<br />
Com as saídas do onze de K<strong>ed</strong>ira e Xavi Alonso,<br />
e as menores capacidades defensivas de Kroos e<br />
Modric, não existia outra solução que não mudar<br />
e criar uma almofada tática que eliminasse ao<br />
máximo a perda de compostura, desorganização<br />
ou desequilíbrios. A simplicidade passou a ser o<br />
maior imperativo. Simplicidade com eficiência.<br />
Tomando como exemplo o jogo do Real contra o<br />
Liverpool – 3-0 vitória para a equipa espanhola,<br />
Kroos completou 88 dos seus 90 passes, com<br />
Modric 89 de 95, apostando num tipo de passe<br />
onde a segurança é a base, um pouco à imagem do<br />
que o Barcelona tem feito na última meia década.<br />
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SEGREDOS DA LINGUAGEM<br />
CORPORAL<br />
N<br />
o desporto existe uma “linguagem<br />
escondida” que<br />
os jogadores, treinadores e<br />
maior parte dos intervenientes<br />
no jogo usam, a Linguagem Corporal.<br />
Normalmente durante um jogo, o jogador<br />
não pergunta ou indica as suas intenções<br />
de uma forma verbal “ Posso passar-te a<br />
bola? Desmarca-te! Vou lançar a bola para<br />
a direita! Vou fintar! Vou dar um murro<br />
no lado direito!”, Maior parte da linguagem<br />
no desporto faz-se de uma forma<br />
não-verbal.<br />
Os melhores atletas são muito bons a ler<br />
linguagem corporal, são muito intuitivos<br />
a emitir sinais não-verbais e ainda a captar<br />
e entender as pistas não-verbais dos<br />
adversários e treinadores.<br />
Os atletas excelentes dominam esta linguagem<br />
e usam-na para dissimular a sua<br />
estratégia (Fintas, dissimular golpes, dissimular<br />
passes…), ou antecipar a estratégia<br />
do adversário (“cortar” a bola ao<br />
adversário, adivinhar o lado de marcação<br />
de uma penalidade, para onde irá ser<br />
atirada a bola, perceber qual o golpe do<br />
adversário, …).<br />
A linguagem corporal é uma linguagem<br />
simples e mais verdadeira que todos nós já<br />
conhecemos e “ falamos”, o meu objetivo é<br />
relembrar os seus significados e criar uma<br />
consciência sobre os sinais, movimentos<br />
e expressões em prol de melhores resultados.<br />
A linguagem corporal influencia o comportamento<br />
do jogador antes e durante<br />
jogo, se o jogador optar por uma postura<br />
de confiança, peito para fora, ombros<br />
levantados, cabeça levantada, irá elevar os<br />
níveis de testosterona logo melhorar o seu<br />
desempenho e rendimento durante o jogo.<br />
Sabia que a confiança de um Guardar<strong>ed</strong>es<br />
durante a marcação de uma penalidade<br />
sobe aumentando a possibilidade de<br />
defesa, se o jogador que marca a penalidade<br />
exibir uma postura submissa (Cabeça<br />
Baixa, peito encolhido, ombros descaídos).<br />
Dominar a Linguagem<br />
Corporal significa<br />
aumentar rendimento<br />
desportivo. Quanto<br />
melhor um atleta dominar<br />
esta linguagem e de<br />
uma forma consciente,<br />
maior o seu poder de<br />
antecipação logo melhor<br />
o seu rendimento e<br />
eficácia.<br />
12 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
“Saber ler Linguagem Corporal é como aproximar-se de uma leitura de pensamentos<br />
dos seus adversários.”<br />
Existem sinais não-verbais muito simples<br />
de observar que nos ajudam a Conhecer,<br />
Relacionar e Otimizar a forma como interagimos<br />
com os companheiros de equipa ou<br />
adversários, antes e durante um jogo.<br />
Quando um jogador levanta as sobrancelhas<br />
pelo menos duas vezes em direção a<br />
um companheiro/a de equipa é o mesmo<br />
que dizer ”Prepara-te!“ e como adversário<br />
devemos perceber que alguma coisa vai<br />
acontecer e assim antecipar.<br />
Quando o adversário levanta o queixo é<br />
sinal de alerta, devemos ter atenção ao local<br />
para onde o seu queixo aponta.<br />
O ângulo do tronco ajuda a adivinhar para<br />
onde o jogador irá passar ou atirar a bola,<br />
antes de passar ou atirar a bola o jogador<br />
inclina o tronco para o local onde irá passar<br />
ou atirar a bola, tanto que os bons jogadores<br />
usam um movimento “truque” para enganar<br />
o seu adversário, apontando a cara um<br />
lado e passam para outro, mas o tronco não<br />
engana.<br />
Elementos da mesma equipa que dão mais toques de incentivo entre eles, demonstram maior união de grupo.<br />
O treinador cobre a cara quando sente frustração<br />
ou desagrado pelo que está a acontecer<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 13
Ao analisar a fotografia o que podemos perceber?<br />
Poderoso - Braços abertos, Peito para fora, pés afastados, queixo levantado (Cristiano Ronaldo).<br />
Para saber qual o jogador mais “poderoso”, repare no jogador que coloca o peito para fora, o que fizer de forma mais evidente é o que se<br />
sente mais poderoso em relação à equipa, Entre dois adversários, o que mais evidenciar o peito para fora, é o favorito à vitória.<br />
Líder “Silencioso”- Queixo levantado, mãos na cintura, peito para fora (Pepe). Peito para fora e, queixo levantado revela confiança. Mãos<br />
na cintura encontra-se pronto para o desafio.<br />
Lutador- Punhos Fechados e um pé com avanço (Raúl Meireles). Punhos fechados revela agressividade. Pé avançado, homem de ação.<br />
O treinador ou espectador pode de uma<br />
forma simples olhar para um jogo através de<br />
uma outra dimensão, verificar e prever onde<br />
bola irá estar, quem é o atleta mais poderoso,<br />
quem é o líder “Silencioso”, qual o estado de<br />
união da equipa e muito mais, para isso basta<br />
observar simples sinais da linguagem corporal<br />
dos jogadores.<br />
A linguagem corporal é tão importante<br />
que é responsável por influenciar o comportamento<br />
do jogador antes e durante jogo,<br />
se o jogador optar por uma postura de confiança,<br />
peito para fora, ombros levantados,<br />
cabeça levantada, irá elevar os níveis de testosterona<br />
logo melhorar o seu desempenho<br />
e rendimento.<br />
A leitura da linguagem corporal está<br />
acessível a todos, podendo com a prática<br />
tornar-se mais natural. Tal como nas artes<br />
marciais não precisa de saber 1000 técnicas<br />
para ser bom, basta sim saber 10 técnicas<br />
e treiná-las 1000 vezes, também na linguagem<br />
corporal não precisa de saber ler 1000<br />
gestos, posições e expressões para captar as<br />
mensagens mais importantes, aprendendo a<br />
ler os simples gestos e posições nas diversas<br />
situações do seu dia-a-dia, ganha logo esta<br />
vantagem.<br />
Alexandre Monteiro. Especialista em comportamento humano<br />
www.pessoab.pt<br />
www.segr<strong>ed</strong>osdaLinguagemCoporal.blogspot.com<br />
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C<br />
om certeza, muitas pessoas no mundo afora ficam<br />
se perguntando qual a receita de tanto sucesso das<br />
seleções masculina e feminina brasileira de voleibol<br />
e quando isso começou a se tornar realidade? Para<br />
essas e mais perguntas, o artigo a seguir enumera<br />
todo o esforço da Conf<strong>ed</strong>eração Brasileira de Voleibol (CBV)<br />
visando os resultados recentes.<br />
Para isso seria interessante entendermos como funciona toda<br />
dinâmica estratégica e também os fatores responsáveis de tal<br />
sucesso. E uma verdade universal que todos os esportes somente<br />
conseguem algum apoio e visibilidade a partir de resultados e<br />
projetos de marketing. A seleção masculina teve seu primeiro prêmio<br />
importante em 1982 no Campeonato Mundial disputado em<br />
Buenos Aires, onde obteve a segunda colocação levando a m<strong>ed</strong>alha<br />
de prata. Em 1984, novamente a seleção masculina consegue outra<br />
m<strong>ed</strong>alha de prata nos Jogos Olímpicos de Los Angeles. Em 1990<br />
a embalada seleção ganha uma m<strong>ed</strong>alha de bronze na 1º Liga<br />
Mundial disputada em Osaka, Japão após vencer um jogo contra<br />
a extinta URSS. Porém o ápice do voleibol masculino foi a conquista<br />
inédita da m<strong>ed</strong>alha de ouro em 1992 nos Jogos Olímpicos<br />
de Barcelona. M<strong>ed</strong>iante aos resultados apresentado pela seleção<br />
masculina, o voleibol feminino teve suas conquistas um pouco<br />
mais tarde.<br />
Tudo começou em 1993, quando conseguiu um histórico 4º lugar<br />
no Grand Prix de Voleibol e que em 1994 vinha a ganhar o ouro<br />
em cima da fortíssima seleção de Cuba, que era a atual Campeã<br />
Olímpica. A partir dessa data, a seleção canarinho feminina<br />
firma-se definitivamente no cenário mundial como uma potência<br />
no esporte após conseguir uma m<strong>ed</strong>alha de prata no Campeonato<br />
Mundial Feminino de 1994, disputado no Brasil no estádio<br />
Ibirapuera localizado no estado de São Paulo. A partir desses<br />
resultados, a CBV passou a profissionalizar o voleibol, oferecendo<br />
recursos de fontes privadas e públicas para que o esporte pudesse<br />
crescer e se fortalecer como uma potência nacional e internacional.<br />
Todos esses títulos iniciais e os incentivos estabelecidos pelos<br />
inúmeros presidentes que regiram a CBV ao longo desses anos<br />
notaram a necessidade de se criar um centro de treinamento de<br />
excelência, onde pudessem concentrar todos os atletas a fim de<br />
disponibilizar um ambiente propício a prática da modalidade,<br />
objetivando assim sua excelência. Em 25 de agosto de 2003,<br />
a CBV inaugura o Complexo de Treinamento Saquarema na<br />
cidade Saquarema, localizada no estado do Rio de Janeiro. Além<br />
das seleções principais, o complexo tinha como objetivo treinar<br />
atletas de diferentes categorias de base que se colocassem a disposição<br />
da seleção m<strong>ed</strong>iante as seletivas estaduais estabelecidas<br />
pelas F<strong>ed</strong>erações de Voleibol dos 26 estados nacionais e o Distrito<br />
F<strong>ed</strong>eral. O complexo possui cerca de 108 mil metros quadrados,<br />
com instalações e equipamentos de ultima geração disponíveis<br />
a comissão técnica e aos atletas para que todo esse sucesso que<br />
vemos hoje pudesse se tornar real. O centro de treinamento levou<br />
a CBV ser reconhecida como a primeira entidade esportiva do<br />
mundo a ganhar um certificação ISO 9001:2000.<br />
A CBV recebe apoio de diferentes setores, seja ele privado ou estatal.<br />
Tem como seu principal patrocinador o Banco do Brasil, que<br />
financia recursos dirigidos aos principais campeonatos nacionais<br />
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“Anos após ano, a Superliga se fortaleceu tornando um dos principais torneios<br />
esportivos do mundo, vitrine para formação de jogadores de alto nível e<br />
até intercambio de vários atletas. ”<br />
existentes, sendo mais importante a<br />
Superliga Masculina e Feminina. A competição<br />
que outrora era chamada de Liga<br />
Nacional teve seu nome adotado como<br />
Superliga em 1994, m<strong>ed</strong>iante a necessidade<br />
de popularizar e disseminar a prática<br />
esportiva nos inúmeros clubes espalhados<br />
por todo o Brasil. Anos após ano, a<br />
Superliga se fortaleceu tornando um dos<br />
principais torneios esportivos do mundo,<br />
vitrine para formação de jogadores de alto<br />
nível e até intercambio de vários atletas.<br />
Dentre as varias nacionalidades que já<br />
participaram ou participam da Superliga<br />
podemos citar jogadores cubanos, romenos,<br />
italianos, sérvios, tchecos, americanos,<br />
entre outros.<br />
Hoje a Superliga conseguiu superar em<br />
relação de visibilidade e mercado as principais<br />
ligas do mundo, como a Liga Italiana<br />
que advento da crise que se instalou na<br />
Europa, acabou por exportar seus principais<br />
atletas nacionais e estrangeiros. Além<br />
do Brasil, outras ligas se fortaleceram<br />
como a Liga Turca e a Liga Russa, absorvendo<br />
atletas e comissão técnica de alto<br />
desempenho no esporte.<br />
A Superliga 2014/2015 está a todo vapor.<br />
A Superliga Masculina conta com a participação<br />
de 12 times de quatro estados<br />
nacionais sendo: 5 times de São Paulo,<br />
4 times de Minas Gerais, 2 times do Rio<br />
Grande do Sul e 1 time do Paraná. Já a<br />
Superliga Feminina conta com 13 times<br />
de 6 estados nacionais sendo: 7 times de<br />
São Paulo, 2 times de Minas Gerais, 1 time<br />
do Rio de Janeiro, 1 time do Maranhão, 1<br />
time do Distrito F<strong>ed</strong>eral e 1 time de Santa<br />
Catarina.<br />
O sistema de disputa desse torneio é longo,<br />
geralmente entre o período das principais<br />
competições internacionais objetivando a<br />
continuidade do trabalho. Tem duração de<br />
aproximadamente 6 meses entre os meses<br />
de Novembro a Abril. E disputada em<br />
quatro fases:<br />
• 1º fase: Na primeira fase todos os<br />
times se enfrentam em turno e returno e<br />
são contabilizados pontos de acordo com o<br />
utilizado no sistema internacional. Vitoria<br />
por 3x0 ou 3x1 o time consegue 3 pontos<br />
e vitória por 3x2 o time consegue 2 pontos<br />
e o adversário leva 1 ponto. Os critérios de<br />
desempate são respectivamente: numero<br />
de vitorias, set average, pontos average,<br />
confronto direto e sorteio.<br />
• 2º fase: Os oito times mais bem<br />
colocados m<strong>ed</strong>iante a pontuação conquistada,<br />
disputam em um cruzamento simples<br />
de 1ºx8º, 2ºx7º, 3ºx6º e 4ºx5º lugares.<br />
São disputados melhor de 3 jogos playoffs.<br />
• 3º fase: as semifinais são disputadas<br />
em jogos onde o venc<strong>ed</strong>or do 1ºx8º<br />
pega o venc<strong>ed</strong>or do 4ºx5º e o venc<strong>ed</strong>or do<br />
2ºx7º pega o venc<strong>ed</strong>or do 3ºx6º.<br />
• 4º fase: Final. Disputa em um<br />
único jogo dos venc<strong>ed</strong>ores da 3º fase.<br />
Portando, é notório que o sucesso<br />
do voleibol depende de muitos fatores<br />
que foram sendo construídos ao longo<br />
das conquistas tanto do vôlei masculino<br />
como do feminino. E importante frisar<br />
a d<strong>ed</strong>icação e o empenho de cada atleta,<br />
comissão técnica e responsáveis que juntos<br />
conseguem um resultado expressivo<br />
reconhecido mundialmente. Então qual é a<br />
receita ? Não existe uma receita, é somente<br />
fruto de muito trabalho e entrega de todos<br />
os apaixonados pelo esporte.<br />
Thiago Yavorkes Jacomelly, graduando em Física Médica e apaixonado por<br />
voleibol thiagofm<strong>ed</strong>ica@gmail.com<br />
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Doping: Proibição? Legalização?<br />
PRINCIPAIS MÉTODOS E<br />
SUBSTÂNCIAS DOPANTES<br />
A<br />
s substâncias proibidas e tidas como dopantes dividem-se<br />
me cinco grupos farmacológicos distintos.<br />
Temos num primeiro plano os estimulantes, que<br />
tal como é indicado pelo nome, exitam o organismo<br />
alterando drasticamente o metabolismo. De<br />
entre os principais estimulantes destacam-se as anfetaminas,<br />
a cafeína, a cocaína e seus derivados como o crack, a ef<strong>ed</strong>rina,<br />
a estriquinina e a terbutalina. Assim, valores superiores a 500<br />
ng/mL de salbutamol na urina, por exemplo, são passivos de<br />
punições. Algumas substâncias proibidas são permitidas em<br />
tratamentos específicos, como a adrenalina e o imidazol que<br />
podem ser usados como anestésicos locais.<br />
Temos também os agentes anabolizantes que se dividem em<br />
dois subgrupos: os esteroides anabolizantes androgenizantes<br />
como a testosterona e seus derivados, a bolasterona, a<br />
androsten<strong>ed</strong>iona, a noratandrolona, entre outros agentes.<br />
Caso o exame evidencie uma relação superior a 6 partes de<br />
testosterona para uma de epitestosterona, será considerado<br />
positivo. Contudo, um estudo endocrinológico deverá ser<br />
realizado para saber se o distúrbio é natural, que ainda que<br />
raro, acontece em muitas situações.<br />
Os Narcótico-analgésicos são substâncias narcóticas, ou seja,<br />
têm como principal objetivo relaxar ou diminuir a dor dos<br />
atletas, destacam-se deste grupo de substâncias a morfina, a<br />
heroína, a hidrocodona entre outros compostos correlatos.<br />
Os Diuréticos como a bumetanida, a espronolactona, a diclofenamida<br />
e o manitol são igualmente proibidos pelo menos<br />
quando injetados diretamente no corpo.<br />
Por fim, entre as substâncias temos as Hormonas peptídicas<br />
e substâncias análogas, das quais se destacam as hormonas<br />
de crescimento (HGH), a gonadotrofina coriônica<br />
humana (HCG), unicamente para o sexo masculino, que<br />
eleva a produção de esteróides androgênicos, aumentando a<br />
produção de hormônios masculinos, resultando, entre outras<br />
coisas, no aumento da massa muscular. E a insulina, hormona<br />
criada pelo pâncreas, com importante função no metabolismo<br />
dos açúcares pelo organismo. A sua utilização aumenta<br />
a queima dos açúcares o combustível do corpo humano. Com<br />
isso, há maior produção energética, resultando em ganhos<br />
consideráveis no desempenho.<br />
Algumas das metodologias ilegais utilizadas são por exemplo as<br />
transfusões de sangue ou a aplicação de analgésicos locais. Existe<br />
ainda um conjunto de técnicas de despiste de testes de doping,<br />
como manipulação química e farmacológica da urina ou a administração<br />
de transportadores artificiais de oxigénio e substitutos<br />
de plasma. Por fim, existe atualmente um conjunto de máquinas<br />
(físicas) tecnológicas, que não entrando na definição de doping,<br />
podem entrar muito ser tidas como um aumento artificial da<br />
performance, dado que permite treinos com mais intensidade mas<br />
menor esforço e uma melhor recuperação.<br />
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DOPING E SAÚDE<br />
O CASO DA ALEMANHA ORIENTAL<br />
Os efeitos nefastos para a saúde é sem dúvida um<br />
dos principais problemas para os apologistas da<br />
liberalização do doping e o exemplo da Alemanha<br />
oriental é paradigmático. aniversário dos vinte e<br />
cinco anos da qu<strong>ed</strong>a do muro de Berlim serviu como um<br />
excelente pretexto para a ex-atleta da Alemanha oriental Ines<br />
Geipel, de 54 anos, levantar de novo as sequelas na saúde<br />
deixadas pelo uso do doping durante quase 45 anos, 1945-<br />
1989. Segundo Geipel, apenas no ultimo ano 700 pessoas procuraram<br />
a ajuda da associação que dirige “Ajuda às Vítimas<br />
de Doping” (sigla DOH, em alemão). Uma problemática que<br />
novamente segundo Geipel recebe pouco ou nenhum apoio<br />
por parte das autoridades. E, este é um problema que afetará<br />
incontáveis ex-atletas dado que se estima que entre os anos<br />
60 e 80, cerca de 10 mil atletas tenham participado de um<br />
programa sistemático de uso de substâncias proibidas com<br />
suporte do governo – Alemanha oriental.<br />
Um programa que muitos dos muitos dos ex-atletas envolvidos<br />
não tinham sequer conhecimento da sua participam, dado que<br />
as “vitaminas” que recebiam de seus treinadores na verdade eram<br />
drogas, na maioria esteroide anabólico e testosterona, que deixa<br />
sequelas como problemas de coração, rins, fígado e ginecológicos,<br />
abortos e má formação de fetos e recém-nascidos.<br />
Um dos casos mais famosos é o da lançadora de peso Heidi<br />
Krieger, que também usou doping sistematicamente a partir dos<br />
16 anos. As mudanças em seu corpo foram drásticas e, no fim dos<br />
anos 90, ela decidiu passar por uma cirurgia de mudança de sexo<br />
e alterou seu nome para Andreas.<br />
Durante cerca de vinte anos a Alemanha oriental ostentou um<br />
curriculum invejável de vitórias desportivas que muito bem soube<br />
capitalizar politicamente, mostrando que a problemática do doping<br />
não é exclusivamente da responsabilidade dos atletas mas em<br />
muitos mais casos do que sequer imaginamos, a responsabilidade<br />
recai em organizações fortes, e mesmos em países ou concessões<br />
políticas.<br />
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DOPING: UMA QUESTÃO<br />
LEGAL OU ÉTICA?<br />
O CASO DA LANCE ARMSTRONG<br />
Obadalado caso de doping de Lance Armstrong<br />
voltou, de certo modo, a recentrar a questão<br />
do doping como essencialmente uma questão<br />
moral ao invés do há muito estabelecido como<br />
essencialmente uma problemática legal. Isto é especialmente<br />
demonstrativo no caso do ciclista americano dado que o<br />
seu julgamento m<strong>ed</strong>iático foi acima de tudo moral apesar<br />
da generalidade do público facilmente admitir que o doping<br />
era uma prática comum no ciclismo aquando das vitórias do<br />
americano. Deixando em grande m<strong>ed</strong>ida as questões legais<br />
fora do debate.<br />
O caso do ciclista americano é especialmente demonstrativo<br />
de como o julgamento popular e inclusive o julgamento das<br />
entidades competentes se deu essencialmente a nível ético<br />
A sua própria vida pessoal, um símbolo de superação pessoal,<br />
vinda da sua vitória contra a doença do cancro e alguma<br />
“fanfarronice” num homem Símbolo um ícone ilustrativo em<br />
palestras de auto ajuda promovidas no mundo todo. aumentou<br />
ainda mais o ruido das suas condenações.<br />
Os ataques que Armstrong sofreu foram sobretudo morais e<br />
as suas explicações também o foram: “Na época não me sentia<br />
errado, e isso é assustador. Não me sentia um batoteiro. É<br />
mais assustador ainda. Não era traição, mas sim ter vantagem<br />
sobre o adversário. Eu estava a igualar as condições. Falar hoje<br />
é fácil. Eu não compreendia a magnitude da adoração das<br />
pessoas. O mais importante é que estou a começar a entender.<br />
Vejo raiva nas pessoas. E traição. Pessoas que me apoiaram<br />
e acr<strong>ed</strong>itaram em mim. Vou passar o resto da minha vida a<br />
tentar recuperar a confiança e p<strong>ed</strong>indo desculpas a elas”.<br />
Talvez o caso do ciclista americano nos faça de facto olhar o<br />
problema do doping de onde ele magoa e mais fere os adeptos,<br />
no sentimento e na ideia de adorar uma fralde, e isso<br />
torna o doping uma questão essencialmente moral e como<br />
consequência ética. A mentira para os adeptos é questão<br />
central que está por trás do doping, inclusive superior ao<br />
aumento da performance por meios artificiais.<br />
O doping e a ética desportiva levar-nos-ia para outro debate<br />
que não é de todo a intensão desta <strong>ed</strong>ição, como tal, trataremos<br />
desse ponto, numa outra <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>, e<br />
genericamente nos artigos que se seguem.<br />
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GPS - FUTEBOL E RUGBY<br />
E ARBITRAGEM<br />
A<br />
introdução da tecnologia<br />
de linha de golo no<br />
Mundial de 2014 no Brasil<br />
veio aumentar a perceção<br />
geral que a introdução de mais e novas tecnologias<br />
na arbitragem no futebol é apenas<br />
uma questão de tempo. Apesar de existir<br />
ainda uma rejeição por parte da FIFA<br />
e da UEFA, que pretendem continuar a<br />
aumentar o “número de olhos” nas equipas<br />
de arbitragens. Mas o movimento pró-tecnológico<br />
nas arbitragens está vivo, talvez<br />
como nunca, e uma mudança, sente-se,<br />
poderá estar para breve. O debate deverá<br />
então concentrar-se em que tecnologias se<br />
devem escolher e qual o impacto que isso<br />
terá no jogo.<br />
O vídeo-árbitro, genericamente a análise<br />
dos lances do jogo através da repetições<br />
das imagens, tem sido cabeça de cartaz<br />
mas tem contra si inúmeros argumentos.<br />
Desde logo, não ser 100% fiável e depender<br />
da análise e interpretação humana, nomeadamente<br />
de um novo árbitro ou equipa<br />
de arbitragem. Tem ainda a dificuldade de<br />
“mexer” com a dinâmica do jogo, obrigando<br />
pelo menos a novas paragens, sendo<br />
o que vulgarmente se apelida de uma<br />
tecnologia intrusiva. Acr<strong>ed</strong>ito então, que<br />
se deva optar, tal como a tecnologia da<br />
linha de golo, por modelos tecnológicos<br />
que primeiro eliminem a subjetividade<br />
na análise e sejam não intrusivos, ou seja,<br />
não obriguem à criação de novas regras.<br />
E deixar, pelo menos para já, o debate do<br />
vídeo-árbitro para o futuro e encontrar<br />
caminhos que vão de encontro aos dois<br />
axiomas acima.<br />
Uma boa opção aparece pelas mãos da<br />
empresa pela GPSports e pretende utilizar<br />
a tecnologia de GPS (Global Positioning<br />
System) para a lei do fora-de-jogo ou no<br />
Brasil a lei do imp<strong>ed</strong>imento. No futebol,<br />
a tecnologia de posição por satélite não é<br />
sequer uma novidade, e há muito que é<br />
utilizada pelos clubes e equipas técnicas<br />
para recolher dados e informações sobre<br />
os seus atletas. Nem é de espantar que<br />
assim seja. A tecnologia GPS mostra-se<br />
uma solução portátil, não invasiva, de<br />
m<strong>ed</strong>ição continua, de acesso livre e fácil<br />
a satélites e de fácil armazenamento para<br />
posterior análise.<br />
O sistema de fora-de-jogo que a GPSports<br />
esta atualmente a desenvolver funciona<br />
como um sistema de alerta que envia um<br />
sinal sonoro por fone ao ouvido do árbitro<br />
que o alerta – um quarto de segundo<br />
depois, quando acontece um passe para<br />
lá das regras dos legais. O espaço de erro<br />
deste sistema é de 1cm, bem acima da<br />
margem de erro humano.<br />
FUTEBOL<br />
RUGBY<br />
NFL<br />
ENTRE OUTROS<br />
No futebol desenvolve-se<br />
um sistema<br />
que deteta jogadas<br />
em fora de jogo/imp<strong>ed</strong>imento.<br />
No Rugby<br />
o sistema deteta passes<br />
para a frente.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 21
“A introdução de tecnologia como auxílio das equipas de arbitragens deve passar<br />
preferencialmente por soluções com níveis de êxito próximas dos 100% e<br />
deve retirar o máximo possível a subjetividade da análise humana. O sistema em<br />
desenvolvimento pela GPSports consegue ambas”.<br />
O porta-voz GPSports Sistema Damien<br />
Hawes afirma: “Eu posso confirmar que<br />
vamos ter um sistema de posicionamento<br />
para o futebol que vai descer a um centímetro<br />
ade precisão e confiabilidade de<br />
onde a bola se move no campo.”<br />
O Rugby, ao contrário do futebol, tem<br />
uma ligação mais estreita e pacifica com a<br />
tecnologia na arbitragem, e o vídeo-árbitro<br />
faz já parte desta modalidade há vários<br />
anos. E tem sido utilizado para retirar<br />
diversas dúvidas durante o jogo como as<br />
faltas ou o jogo sujo, falhando no entanto,<br />
na observação para os casos onde a bola é<br />
22 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
passada para a frente. Para os menos acostumados<br />
com esta modalidade, os passes<br />
tem de ser sempre efetuados para trás. Um<br />
sistema semelhante ao fora-de-jogo para<br />
o futebol, desenvolvido igualmente pela<br />
GPSports, esta a ser desenvolvido e pode<br />
entrar no jogo em muito breve tempo.<br />
O sistema funciona de forma muito simples,<br />
um microship e bateria do tamanho<br />
da uma unha do d<strong>ed</strong>o mindinho está<br />
incluído na estratificação das bolas de<br />
Rugby. Os sinais são enviados e tratados<br />
via satélite e computador – vídeo-árbitro,<br />
e quando se dá alguma irregularidade<br />
no passe, um sinal sonoro dispara no<br />
ouvido do árbitro, à semelhança do sistema<br />
homónimo no futebol. Hawes relativamente<br />
ao Rugby disse: “Vai dizer (as<br />
equipas de arbitragem) exatamente o que<br />
ângulo em que a bola deixa as mãos de um<br />
jogador dentro de um quarto de segundo”<br />
A tecnologia tem muito a oferecer às<br />
equipas técnicas e à verdade desportiva do<br />
jogo, quer no Rugby, mas principalmente<br />
no futebol, onde a sua implementação está<br />
bem mais atrasada. Escolher corretamente<br />
que tecnologias apostar é fundamental<br />
para que estas novas soluções possam<br />
fazer o seu caminho de forma natural e<br />
que não mexa com as leis do jogo e as suas<br />
dinâmicas.<br />
P<strong>ed</strong>ro M. Silva, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com
IMPORTÂNCIA DA<br />
ANÁLISE DE VÍDEO<br />
A<br />
análise de vídeo e de desempenho,<br />
ainda que recentes,<br />
ocupam um enorme<br />
espaço dentro dos processos<br />
de observação e de<br />
preparação de jogos e de treino dentro<br />
das equipas técnicas um pouco por todas<br />
as modalidades desportivas. Tendo no<br />
entanto, ainda uma maior preponderância<br />
nos jogos coletivos, dada a sua maior<br />
dificuldade de análise e na dispersão da<br />
atenção em vários atletas por parte dos<br />
analistas. Neste seguimento, um recente<br />
estudo demostra categoricamente, que a<br />
capacidade do ser humano apenas permite<br />
memorar entre 30-50% dos momentoschave<br />
de um jogo, deitando “fora” mais de<br />
metade das situações mais importantes,<br />
para além de inúmeros outros pormenores<br />
que tidos como menos cruciais podem<br />
fazer a diferença.<br />
A evolução tecnológica associada à<br />
diminuição de custos na aquisição de hardware<br />
e software especializado a que ainda<br />
é necessário somar a crescente necessidade<br />
de tornar as equipas o mais profissionais<br />
e eliminado tudo o que é r<strong>ed</strong>utor,<br />
abriu o caminho para a democratização<br />
da análise por meios digitais e por vídeo.<br />
É de assinalar igualmente o papel decisivo<br />
que as televisões e as transmissões desportivas<br />
por streaming desempenharam<br />
em todo este processo, nomeadamente, e<br />
como é facilmente entendível, na recolha<br />
e disponibilização de imagens e vídeos.<br />
Juntando-se ainda, a massificação de dispositivos<br />
de gravação de vídeo, como tablets,<br />
smartfhones ou mesmo câmaras de<br />
gravação digital, que facilmente elemina<br />
as lacunas deixadas nos jogos que não são<br />
televisionados.<br />
Todo o equipamento tecnológico ganhou<br />
igualmente uma inclusiva intuitividade,<br />
permitindo que qualquer membro da equipa<br />
técnica, com poucos mais que alguns<br />
conhecimentos informáticos na ótica do<br />
utilizador, possa facilmente manobrar e<br />
gerar mais-valias desta referida tecnologia.<br />
Comecemos então por exemplificar os<br />
referidos ganhos na utilização da analise<br />
de vídeo e de performance.<br />
Desde logo, avaliar o desempenho individualizado<br />
por jogador. Identificar os<br />
pontos fortes e fracos de cada atleta, preparando<br />
de seguida treinos e áreas de trabalho<br />
para potenciar uma evolução positiva.<br />
Gerar conhecimento no atleta através do<br />
visionamento de vídeos com momentos<br />
chaves do jogo ou com boas jogadas para<br />
motivá-los. Produzir vídeos dos adversários<br />
diretos, para que o atleta possa estudar<br />
e melhor compreender o meio em que se<br />
vai mover durante o jogo. Identificar os<br />
jogadores certos e os próximos talentos.<br />
Avaliar os erros da própria equipa, identificando<br />
os pontos fracos da dinâmica de<br />
jogo coletiva – sendo que uma atempada<br />
identificação de erros, permite corrigi-los<br />
mais rapidamente. O mesmo conceito é<br />
valido para a equipa adversária. Podendo<br />
a isto somar-se, a identificação de padrões<br />
de jogo, detetar e identificar os jogadores<br />
chaves e a sua dinâmica no conjunto da<br />
equipa. E mapear as zonas de maior uti-<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 23
Observar as melhores e mais preparadas<br />
equipas é igualmente de indiscutível utilidade.<br />
Identificar novos padrões de jogo<br />
e novas estratégias ou mesmo abordagem<br />
ao jogo é origina nos técnicos mais conhecimento<br />
e maior capacidade para fazer<br />
evoluir as próprias equipas.<br />
Por fim, a análise de vídeo e de performance<br />
pode ser igualmente utilizada para<br />
analisar as razões porque um atleta sofre<br />
recorrentemente lesões ou as mesmo tipo<br />
de lesão. Assim, como entender a linguagem<br />
corporal e expressões do atleta e em<br />
caso de necessidade intervir com especialistas<br />
que possam melhorar-lhe a confiança<br />
e a autoestima.<br />
Nas exigências do desporto moderno não<br />
permitem mãos analises subjetivas e assentes<br />
no instinto. Analisar dados concretos<br />
e retirar daí informações verdadeiras é<br />
crucial para criar um caminho que leve ao<br />
êxito. A análise de vídeo e de performance<br />
através deste meio, como ficou demostra-<br />
Alexandre Cardoso, especialista em desporto<br />
contato@desportoeesport.com<br />
do, assume para si vantagens que tornam a<br />
sua utilização indispensável.<br />
Sair venc<strong>ed</strong>or numa atividade tão competitiva<br />
como é o desporto atualmente só<br />
está ao alcance dos que mais trabalham,<br />
dos que executam as tarefas o mais profissionalmente<br />
possível e daqueles que usam<br />
todas as ferramentas disponíveis. Quem<br />
não o fizer ficará para trás e perderá o seu<br />
lugar para os mais preparados. No deporto<br />
como em tudo na vida.<br />
O IMPACTO<br />
PSICOLÓGICO DAS LESÕES<br />
A<br />
boa saúde mental dos atletas de alta competição e a<br />
sua importância para o seu rendimento é, erroneamente,<br />
banalizada pelos adeptos e pelos comentadores<br />
desportivos, e inclusive e mais grave por muitos<br />
clubes e treinadores. A atual perceção dualista da mente/cérebro<br />
e corpo prejudica fortemente, em muitos casos, uma intervenção<br />
atempada e especializada quando surge nos atletas uma diminuição<br />
da sua saúde mental, esperando-se que a força de vontade<br />
destes seja suficiente para ultrapassar todas as dificuldades. A verdade<br />
é que não existe diferença entre saúde mental e física e quer<br />
uma quer a outra desempenham um papel chave na performance<br />
desportiva. A debilidade causada, por exemplo por uma depressão,<br />
é tao relevante quanto uma qualquer lesão física e que pode inclusive<br />
deixar cicatrizes mais profundas e mais duradouras quando<br />
em comparação. O impacto psicológico que pode advir de uma<br />
lesão e de uma paragem prolongada da competição é igualmente<br />
importante e será este ponto que iremos abordar neste artigo.<br />
Anderson Silva foi um dos muitos atletas que reconheceu ter<br />
recorrido a ajuda psicológica especializada após a sua fratura da<br />
tíbia e fíbula da perna esquerda; uma lesão que o deixou muito<br />
tempo parado e com alguma normal insegurança. As suas palavras<br />
são bem demostrativas disso: “ Quando tive a lesão, várias<br />
coisas passaram pela minha cabeça. Primeiro que já estou na fase<br />
“duzenta”. Fiquei apreensivo, achei que não voltaria a lutar mais”.<br />
Os obstáculos mentais após uma lesão de grande gravidade são<br />
não só normais como comum e transversais a atletas de todas as<br />
modalidades. O Dr. Michael Cervais, diretor de High Performance<br />
Psicologia DISC, em entrevista à Bleacher Report, salienta: “<br />
existem muitos tipos variados de respostas a uma lesão. Alguns<br />
atletas enfrentam a lesão de frente com a intenção focada. Outros,<br />
por seu lado, tornam-se completamente sobrecarregados com a<br />
ideia de que todos seus objetivos e sonhos vão escorregar pelas<br />
suas mãos, perdendo progressivamente o ânimo e a esperança”.<br />
De forma, bastante simplificada as consequências psicológicas de<br />
uma lesão de um atleta dividem-se em três respostas: cognitivas,<br />
emocionais e comportamentais.<br />
As consequências cognitivas assumem-se da forma como o<br />
atleta analisa e interpreta a sua situação e a lesão que sofreu, onde<br />
diversos pensamentos passam pela sua mente. Desde, a simples<br />
aceitação ao frequente “o que me está a acontecer?” Obviamente<br />
que a resposta cognitiva vai definir em grande m<strong>ed</strong>ida como o<br />
atleta vai reagir emocionalmente, que pode até passar por diversas<br />
fases e sentimentos durante o período da recuperação da lesão e<br />
do regresso à competição ativa. Sentimentos de ansi<strong>ed</strong>ade, raiva ou<br />
depressão são frequentes, sendo que quanto mais rápido o atleta<br />
assumir uma pr<strong>ed</strong>isposição positiva de “confronto ativo com a<br />
lesão” mais fácil será a sua recuperação. O comportamento do<br />
atleta definir-se-á consoante a sua resposta aos dois pontos acima<br />
mencionados.<br />
24 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Anderson Silva assumiu publicamente ter recorrido a ajuda psicológica após a<br />
sua grave lesão.<br />
Depois, existem muitas variáveis que desempenham um papel<br />
fundamental na forma como o atleta irá responder à adversidade<br />
de uma lesão. Afinal, como afirmou Becker, “as mudanças na vida<br />
diária do desportista, após lesão, são drásticas e englobam todos<br />
os aspetos da sua vida: desportivo, físico, psicológico e psicossocial”.<br />
Por exemplo, a percentagem com que a auto identificação e a<br />
identidade do atleta estiver relacionada com a atividade desportiva<br />
que desenvolve terá um papel decisivo para a recuperação, seja<br />
ele positivo ou negativo. Neste sentido, o Dr. Gervais salienta:<br />
“quando um atleta se vê unicamente como um atleta, ele tende a ter<br />
mais dificuldade em ultrapassar o período da lesão. Quando uma<br />
pessoa não é mais capaz de fazer o que o define, corre mais rapidamente<br />
para uma crise, de dimensões imprevisíveis. Se por outro<br />
lado, o atleta se vê como um ser multidimensional, é mais fácil que<br />
ele se mova positivamente pelas várias fases da lesão.<br />
As principais técnicas utilizadas no processo de reabilitação são<br />
a formulação de objetivos, o Auto diálogo ou auto-instruções, o<br />
relaxamento e a visualização mental. A formulação de objetivos é<br />
particularmente útil em todo o processo já que permite ter o atleta<br />
focado e determinado nesses pequenos ganhos diários e distrai-o<br />
de pensamentos negativos. A visualização é igualmente crucial<br />
para criar um impacto positivo no interior do atleta, dando-lhe<br />
a oportunidade de se imaginar recuperado e sem mazelas num<br />
futuro próximo; um sentimento de esperança permanente desempenha<br />
um papel tão importante como o melhor dos m<strong>ed</strong>icamentos.<br />
Habilitar psicologicamente o atleta para saber lidar com a<br />
dor física para que ele a associe a algo de positivo é também parte<br />
integrante no processo de apoio. A transformação da dor em algo<br />
desagradável para algo que é inclusive desejado como um bem<br />
para a recuperação é um dos pontos mais difíceis de conseguir,<br />
mas também um dos mais importantes. Por fim, deixar apenas<br />
a ideia da necessidade de uma maior sensibilização de todos os<br />
agentes desportivos para a indispensabilidade de uma boa saúde<br />
A lesão nas costas em pleno<br />
Mundial, há-de ter sido um<br />
forte revés num jogador tão<br />
novo quanto Neymar. O apoio<br />
dos familiares e amigos foi fundamental<br />
Ricardo Reis, especialista em desporto<br />
contato@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 25
SQUASH<br />
Conheça esta modalidade que apesar dos muitos “adeptos”, é ainda desconhecida<br />
para uma grande maioria dos amantes do desporto.<br />
Osquash, um desporto originário do seculo xix, é<br />
ainda em grande m<strong>ed</strong>ida totalmente desconhecido<br />
para a grande maioria do público ou tido muitas<br />
vezes como um desporto de elite ou simplesmente<br />
como um desporto de ginásio ou academia. No entanto, esta é uma<br />
ideia muito errada e desfasada da realidade. Este é um desporto<br />
f<strong>ed</strong>erado, com regras próprias e com atletas de alto nível que competem<br />
em torneios cada vez mais concorridos e televisionados.<br />
Desde 1995, para dar um exemplo do crescimento da importância<br />
deste desporto, que o squash está incluído no programa dos jogos<br />
Pan-Americanos.<br />
Este desporto nasceu em Londres na escola de Harrow e praticase<br />
usando uma raquete e uma bola de borracha preta, disputada<br />
por dois ou quatro jogadores, num recinto fechado por quatro<br />
par<strong>ed</strong>es, sendo a par<strong>ed</strong>e de trás de vidro resistente ou pelo menos<br />
transparente.<br />
O nome deste desporto deve-se ao facto da bola ser literalmente<br />
esmagada - squash<strong>ed</strong> em linfua inglesa - quando é lançada contra<br />
a par<strong>ed</strong>e.<br />
As raquetes são atualmente feitas de grafite e fibra de carbono.<br />
As bolas, de borracha dura, têm 40 milímetros de diâmetro. Deve<br />
usar-se igualmente óculos de proteção, nomeadamente, para segurança<br />
dos olhos, evitando o contato dessa zona com a bola de borracha<br />
que viaja muitas vezes em grandes velocidades.<br />
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Regras do Squash<br />
Num jogo a dois, os jogadores devem alternar as jogadas ao lançar a bola contra a par<strong>ed</strong>e frontal;<br />
A primeira linha do campo, chamada de primeira linha de marcação, corresponde à r<strong>ed</strong>e que é usada no ténis e deve estar situada a 48 centímetros<br />
do chão. Ao acertar com a bola abaixo desta linha significa que o jogador perde um ponto;<br />
A linha de serviço fica a 1,783 metros do chão e também funciona como a r<strong>ed</strong>e que está presente no ténis. Neste caso, ao acertar com a bola<br />
abaixo desta linha, o jogador também perde um ponto;<br />
A terceira linha está situada a 4,5 metros do chão e limita a altura máxima da zona de jogo. Ao acertar acima desta linha, é considerada bola<br />
fora;<br />
Depois da bola bater na par<strong>ed</strong>e frontal, ela poderá bater nas par<strong>ed</strong>es laterais ou na par<strong>ed</strong>e de fundo. No entanto, só poderá bater uma vez no<br />
chão antes de ser rebatida pelo jogador contrário;<br />
Os quadrados que se encontram no fundo do campo delimitam o espaço que deve ser tocado com pelo menos um dos pés quando o jogador<br />
serve a bola;<br />
No serviço, a bola deverá atingir a par<strong>ed</strong>e frontal entre a linha do meio e a linha superior e, de seguida, atingir o chão do quadrante onde se<br />
situa o adversário que está autorizado a rebater a bola antes que ela atinja o chão;<br />
O primeiro jogador a servir deverá ser definido por sorteio. Quando o jogador ganha um ponto, os jogadores deverão trocar de lado;<br />
Pontuação no Squash<br />
Tal como acontece no ténis, um jogo de squash é decidido à melhor de 3 ou de 5 jogos, existindo dois sistemas de<br />
pontuação. O primeiro, o sistema standard vai até 9 pontos, o jogador ganha um ponto sempre que ganhar a jogada<br />
em que foi ele a servir. Caso o jogo termine empatado a 8 pontos, o jogador que recebe o serviço poderá escolher<br />
se acaba aos 9 pontos ou se acaba aos 10 pontos. O segundo sistema é o Sistema Pars: que à semelhança do que<br />
acontece no ténis de mesa vai até aos 11 pontos. O jogador ganha um ponto sempre que ganhar uma jogada. Caso<br />
haja empate a 10 pontos, o jogador que abrir uma vantagem de 2 pontos será o venc<strong>ed</strong>or do jogo.<br />
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HOLOGRAFIA<br />
LESÕES E BASEBOL<br />
A m<strong>ed</strong>icina desportiva aposta na Holografia para entender e minimizar as<br />
lesões tão frequentes dos pitchers.<br />
C<br />
Dentro do basebol os jogadores<br />
que jogam na posição<br />
de pitchers, em português<br />
arremessador, sempre<br />
foram mais suscetíveis a lesões e tal sempre<br />
foi tido como “normal” e um subproduto<br />
do desgaste e das exigências desta posição<br />
no jogo. No entanto, durante apenas o<br />
decorrer desta época da MLB já se registaram<br />
65 lesões unicamente em pitchers, e já<br />
se começa a usar a palavra “catástrofe” para<br />
descrever a situação. Até porque entre os<br />
lesionados estão nomes bem conhecidos<br />
da modalidade como Masahiro Tanaka<br />
(New York Yankee), Matt Harvey (New<br />
York Mets) ou Patrick Corbin (Arizona<br />
Diamondbacks).<br />
Num dos desportos mais seguidos e que<br />
maiores receitas gera, as sistemáticas lesões<br />
dos seus melhores e mais famosos atletas<br />
grita por uma solução para este problema.<br />
E. essa solução parece estar na Tecnologia<br />
holográfica Digital aplicada à m<strong>ed</strong>icina.<br />
Se em eventos musicais o holograma não<br />
é uma novidade, na m<strong>ed</strong>icina está a dar<br />
os primeiros passos, mas os primeiros<br />
resultados mostram-se bastante promissores,<br />
e com implicações relevantes, alguns<br />
usam afirmam mesmo revolucionário, no<br />
tratamento de lesões de atletas de alta<br />
competição.<br />
Simplisticamente, um holograma é uma<br />
réplica de uma imagem em três dimensões<br />
(3D) criada a partir de uma compilação de<br />
laser, iluminação de dados e intensidade<br />
luz. Estas imagens em três dimensões são<br />
extremamente precisas e tem permitido<br />
aos médicos entender as especificidades<br />
das lesões nos pitchers.<br />
O processo desenvolve-se fazendo um<br />
holograma dos membros saudáveis dos<br />
arremessadores, por norma do cotovelo<br />
– a zona mais sensível e mais propensa<br />
a lesões e após ferimento fazer um novo<br />
holograma e depois comparar os dois<br />
hologramas em conjunto.<br />
Deste modo é possível acompanhar na<br />
perfeição o movimento dos ossos, mús-<br />
28 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
e cartilagens. Oferecendo aos médicos uma maior compreensão<br />
das especificidades destas lesões e do porque da sua alta frequência.<br />
Por fim, é importante referir que esta nova tecnologia que tem<br />
apresentado resultados bem animadores no basebol, não se esgota<br />
nesta modalidade, e pode como deve ser aproveitada para todo o<br />
desporto.<br />
Modalidade técnicas como o atletismo, ténis ou mesmo o futebol,<br />
que são propensas a pequenas lesões nos músculos e cartilagens<br />
podem ter muito a ganhar com a holografia aplicada à m<strong>ed</strong>icina<br />
desportiva.<br />
Tiago Dinis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
O RESPEITO DENTRO<br />
DO BALNEÁRIO<br />
Uma análise às duras palavras do presidente do Sporting após a derrota com o<br />
Vitória de Guimarães a contar para o campeonato.<br />
pós as recentes críticas do presidente Bruno de<br />
Carvalho no facebook à equipa sportinguista depois<br />
da derrota frente à equipa do Vitória de Guimarães<br />
onde acusa a equipa de falta de empenho e até de<br />
Adignidade, fica uma inquietante pergunta no ar: qual a importância<br />
do respeito dentro de um balneário de uma equipa profissional?<br />
Gerir relações humanas e criar um ambiente saudável entre os<br />
atletas e dos atletas com todos os diversos agentes que orbitam no<br />
clube, é hoje, num desporto altamente m<strong>ed</strong>iatizado, uma das tarefas<br />
mais difíceis de alcançar. O respeito, como afirma Lee Addison,<br />
é a base para o conseguir.<br />
Focando-se no papel de um treinado, mas que pode ser facilmente<br />
transportado para qualquer agente desportivo, Addison afirma:<br />
“Se um treinador não respeitar os seus jogadores, eles não vão<br />
respeitá-lo, e a relação vai-se tornar simplesmente impraticável.<br />
Isso não significa que o treinado precisa ser o melhor amigo de<br />
seus jogadores desde o início, só deve tratá-los com respeito e, no<br />
mínimo, de uma forma profissional. Desta forma, até mesmo treinadores<br />
e jogadores com personalidades muito diferentes podem<br />
estabelecer boas relações”.<br />
Olhando por exemplo para o futebol, é sem esforço visível quanto<br />
a dinâmico jogador vs. Clubes/agentes do clube está a mudar e<br />
quanto as forças de um em relação ao outro estão balanceadas.<br />
Principalmente se focarmos esta análise em Portugal e no Brasil e<br />
nos seus jogadores mais importantes das suas Ligas e por conseguinte<br />
mais valiosos e quão importante é potenciar as suas performances<br />
para as janelas de transferências, fulcrais para manter um<br />
bom balanço financeiro nas SADs dos clubes.<br />
Assim, desenvolver e proteger uma boa comunicação é uma peça<br />
fundamental para garantir uma boa dinâmica de funcionamento<br />
individual e de grupo, reforçando o bom ambiente e as possibilidades<br />
de êxito desportivo.<br />
É dentro deste paradigma que as palavras de Bruno de Carvalho<br />
merecem ser alvo de duras críticas. A utilização de palavras<br />
extremamente duras que podem muito bem ser ofensivas e humilhantes<br />
para muitos dos jogadores verde e branco quebram um<br />
laço de respeito vital para o bom funcionamento interpessoal. Que<br />
pode muito bem ter influência dentro do campo, e como tal, nos<br />
resultados desportivos.<br />
Terminamos com uma pequena parte do texto de Ricardo Reis na<br />
primeira <strong>ed</strong>ição da Desporto&<strong>Esport</strong>: “Um ponto fundamental,<br />
mas que muitas vezes é esquecido pelos clubes, é a necessidade<br />
das pessoas/atletas se sentirem uteis e uma das formas<br />
mais eficazes para as motivar é simplesmente reconhece-las,<br />
assim como a sua importância dentro da equipa, e o papel<br />
determinante que desempenha para o êxito do projeto. Este<br />
ponto deve ser encarado como uma necessidade básica, mal<br />
comparando, como a água necessária para o bom funcionamento<br />
do corpo humano. O reconhecimento individual dado<br />
a cada atleta não necessita de benefícios tangíveis visíveis<br />
(como prémio monetários), ou formalidades; não se trata de<br />
um benefício que tenha como objetivo alterar o desempenho<br />
do atleta, mas identificar a importância do individuo dentro<br />
da organização, o que pode ser verdadeiramente gratificante<br />
para este”.<br />
Vitor E. Santos, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 29
VIDEOJOGOS DEVEM SER<br />
CONSIDERADOS COMO<br />
DESPORTO?<br />
Rodolfo Resende Pires, especialista em desporto<br />
contato@desportoeesport.com<br />
O mercado dos videojogos é imenso. A sua popularidade é ainda<br />
maior. Existem adeptos por todo o mundo. Torneios como Major<br />
League Gaming, World Cyber Games ou o Cyberathlete Professional<br />
League fazem as delícias dos fãs e dos jogadores e criam os meios<br />
para o profissionalismo. Mas, poderão ser os jogadores (profissionais)<br />
de videojogos considerados atletas? De igual modo como um<br />
jogador de futebol, NFL ou ténis? De forma mais clara: podem os<br />
videojogos ser considerado um desporto? Ou não são mais que um<br />
entretenimento que devido à popularidade se tornou uma atividade<br />
rentável para muitos dos seus jogadores?<br />
Simplisticamente, desporto, pelo dicionário de Oxford, é definido<br />
como uma atividade física ou mental sujeita a determinados regulamentos<br />
e que geralmente visa a competição entre praticantes. Para<br />
ser considerado desporto tem de haver envolvimento de habilidades,<br />
capacidades motoras e competitividade entre opostos; regras instituídas<br />
por uma organização ou f<strong>ed</strong>eração regente. Algumas modalidades<br />
desportivas não requerem esforço físico, sendo aí mais importante<br />
a destreza e a concentração do que o exercício físico. Do ponto de<br />
vista apenas da definição os videojogos ajustam-se em algumas das<br />
específicas de uma atividade tida como desporto mas vão em total<br />
desacordo com outros pressupostos. Diversas atividades, que facilmente<br />
podem ser comparadas com os videojogos, como o xadrez ou<br />
o poker, já se definem e são reconhecidas como um desporto, sendo<br />
no entanto enquadradas no que é usualmente definido como desporto<br />
da mente. Os vídeo jogos devem seguir este mesmo caminho; até<br />
porque não sendo uma atividade fisicamente agressiva ou exigente<br />
necessita de uma treino duro e prolongado para se chegar ao topo. O<br />
multiplayer online possuem inclusive um nível de competitividade<br />
entre os jogadores muito mais democráticos e muito mais intenso<br />
que a maioria dos desportos que passam nas nossas televisões em<br />
que o venc<strong>ed</strong>or é facilmente reconhecível e encontrado tendo por<br />
base o orçamento anual das diferentes equipas. Olhando ainda para os<br />
primórdios do desporto, onde a prática desportiva era uma preparação<br />
para a guerra, também nos videojogos encontramos o lado estratega<br />
das batalhas bélicas.<br />
Do ponto de vista estritamente funcional encontramos igualmente o<br />
lado mais tradicional, como jogadores estrela, patrocínios, campeonatos<br />
e milhões de seguidores dispostos a acompanhar todas as<br />
competições tanto pela televisão ou por streaming como ao vivo e<br />
dispostos a pagar para o fazer. Existe ainda quem argumente que os<br />
videojogos não são mais que uma evolução dos tempos em que o<br />
digital criou uma nova realidade e fazemos a mesma evolução que<br />
os jogos tradicionais fizeram nos seus primórdios. Por fim, existe<br />
uma clara perceção que independentemente da opinião que se tenha<br />
a força do videojogo e das suas competições são demasiado abrangentes<br />
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para que seja unicamente olhado<br />
como um simples hobby. E que o seu<br />
crescimento é exponencial e rapidamente<br />
será necessário integra-lo numa<br />
prática bem definida e socialmente<br />
facilmente reconhecível.<br />
Do lado das vozes contra o videojogo<br />
enquanto desporto está Michael<br />
Cohen, um dos mais reputados jornalistas<br />
e críticos de jogos de computador.<br />
Segundo as suas palavras:<br />
“porque o jogo muda. A mecânica<br />
do núcleo do jogo impulsiona as<br />
melhorarias, e a mudança acontece…<br />
Esses fatores ajudam a manter o jogo<br />
fresco, novo e divertido.<br />
Ele exibe possibilidades ilimitadas<br />
que superam a dos desportos com<br />
uma mecânica e regras básicas e<br />
quase inalteráveis.”<br />
Esta é sem dúvida uma das mais<br />
importantes diferenças entre o mundo<br />
do desporto e o mundo dos videojogos<br />
e aquela que colide mais frontalmente<br />
com a definição de desporto.<br />
As constantes alterações, inclusive<br />
tecnológicas, modificam constantemente<br />
a dinâmica do jogo e as suas<br />
regras.<br />
Olhemos por exemplo para o futebol<br />
em praticamente 100 anos de história<br />
muito pouco se alterou e quando a<br />
mudança aconteceu foi apenas pontual<br />
e pouco significativa. Em um<br />
ano, um jogo de computador e toda a<br />
tecnologia que o envolve pode sofrer<br />
alterações drásticas e a forma como<br />
ele é jogado dar uma curva de 180<br />
graus.<br />
A necessidade de regras bem instituídas<br />
é o calcanhar de Aquiles para se<br />
assumir desde já o videojogo como<br />
um desporto.<br />
Se olhar-mos para o futuro e soubermos<br />
entender os sinais talvez ai<br />
possamos afirmar que em menos de<br />
uma década o videojogo será de facto<br />
assumido como um desporto.<br />
Existe um movimento forte a potenciar<br />
esta alteração e o lobby que os<br />
torneios e principalmente as marcas<br />
de videojogos é poderoso e dará frutos<br />
os seus frutos.<br />
Para os milhões de adeptos a mudança<br />
de estatuto dos videojogos pouco<br />
interessará, para eles, apenas o espetáculo<br />
importa e ele parece apenas<br />
melhorar de ano para ano, Assim<br />
como a competição que aumenta de<br />
interesse e intensidade a cada novo<br />
torneio e a cada nova competição.<br />
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CÉLULAS ESTAMINAIS, LESÕES E<br />
RECUPERAÇÃO FÍSICA<br />
Rafael Nadal é um dos desportistas que recorreu ao tratamento de<br />
células estaminais para o auxiliar na recuperação física após lesão.<br />
C<br />
élulas estaminais, no brasil células-tronco, são células<br />
que possuem a capacidade de se dividirem dando<br />
origem a células semelhante ou podem igualmente<br />
transformar-se, num processo conhecido como diferenciação<br />
celular, em outros tecidos do corpo como<br />
ossos, nervos, músculos ou sangue. Esta característica singular tem<br />
feito das células estaminais uma estrela para aplicação terapêutica<br />
e chegou agora ao desporto. Muitos atletas já recorreram a este<br />
método para melhorarem o tempo de recuperação após lesão.<br />
Rafael Nadal é um excelente exemplo. Peyton Manning, Pau Gasol<br />
ou Bartolo são também atletas do mais alto nível que recorrendo<br />
a este tratamento também alcançaram resultados positivos. Di<br />
Maria usou igualmente este tratamento para tentar jogar a final<br />
do campeonato do Mundo de futebol, infelizmente no seu caso, o<br />
tratamento não fez efeito em tempo útil.<br />
Este tratamento tem dois objetivos aliviar a dor e acelerar a regeneração<br />
da cartilagem. E os resultados têm sido animadores.<br />
“A eficácia da aplicação de células estaminais no tratamento das<br />
contusões desportivas mais comuns, como a lesão no menisco,<br />
tem vindo a ser comprovada com sucesso ao longo dos anos”,<br />
explica Hélder Cruz, diretor da ECBio, empresa que desenvolveu<br />
o método de isolamento de células estaminais do tecido do cordão<br />
umbilical utilizado pela Cytother.<br />
E, é interessante pensar que neste processo os filhos dos atletas<br />
podem desempenhar um papel chave, como explica Hélder Cruz<br />
em comunicado: “Estas células estaminais adultas podem ser<br />
retiradas da m<strong>ed</strong>ula óssea, do sangue periférico ou da gordura<br />
do próprio paciente mas o processo de colheita é muito invasivo,<br />
doloroso e possui um elevado risco de infeção para o dador. Como<br />
tal, a criopreservação das células estaminais provenientes do tecido<br />
do cordão umbilical dos filhos - um processo completamente não<br />
invasivo, indolor e sem qualquer risco para a mãe e para o recémnascido<br />
- começa a ser cada vez mais pensado pelos pais, não só<br />
pela prevenção da saúde das suas crianças mas também da família,<br />
uma vez que as células estaminais mesenquimais indiferenciadas<br />
do bebé são 100% compatíveis com familiares diretos”.<br />
As potencialidades destes tratamentos são quase ilimitadas e num<br />
futuro bem próximo serão utilizadas genericamente, inclusive para<br />
a população em geral, e não teremos de ver os nossos atletas preferidos<br />
sacrificados dos grande jogos por causa de lesões “chatas”.<br />
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NHL E AS IMAGENS DE VÍDEO POV<br />
A<br />
s televisões e serviços de streaming de desporto em<br />
direto têm insistentemente procurado fornecer serviços<br />
adicionais e diferenciativos de modo a reter e a<br />
captar novos utilizadores. As televisões e serviços de<br />
streaming de desporto em direto têm insistentemente procurado<br />
fornecer serviços adicionais e diferenciativos de modo a reter e a<br />
captar novos utilizadores. A cadeia de televisão NBC em parceria<br />
com a GoPro apresenta uma grande novidade para a atual época<br />
da NHL para as campanhas promocionais, imagens POV (Point<br />
of View ou em português Ponto de vista). Brian Jennings, CMO<br />
da NHL, e um entusiasta desta iniciativa afirma: “a tecnologia<br />
desmistifica o nosso jogo e realmente mostra a habilidade que os<br />
nossos jogadores têm”.<br />
A expansão de imagens POV em outras modalidades está em ação<br />
pela própria empresa GoPro, e centra-se no Surf e o NFL. Veremos<br />
até onde poderá chegar esta nova forma de imagem mais realista e<br />
que impacto terá nas transmissões desportivas em direto.<br />
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NFL E O RISCO<br />
DE DOENÇAS<br />
DEGENERATIVAS<br />
ESTUDOS DEMOSNTRAM MAIORES RISCOS<br />
NA DOENÇA DE ALZHEIMER E ALS<br />
Rodolfo Resende Pires, especialista em desporto<br />
contato@desportoeesport.com<br />
Matt Reeve quarterbacks na<br />
NFL<br />
U<br />
m estudo, datado de à pouco mais de um ano da<br />
National Institute for Occupational Safety and<br />
Health, descobriu uma estreita ligação entre os<br />
jogadores profissionais de NFL (National Football<br />
League) com doenças degenerativas. De acordo com o estudo<br />
mencionado, os atletas profissionais de futebol americano são<br />
quatro vezes mais propensos a morrer de uma doença cerebral<br />
neuro degenerativas, como a doença de Alzheimer ou ALS -<br />
esclerose lateral amiotrófica. Apontando também uma maior<br />
propensão, cerca de três vezes mais, para a doença de Parkinson.<br />
As conclusões partiram da análise dos atestados de óbito de 3439<br />
ex-jogadores da NFL, que jogaram pelo menos cinco temporadas,<br />
entre 1959 e 1988. Em 2007, cerca de 10%, ou 334 dos participantes,<br />
havia morrido (em uma idade média de 57), e os investigadores<br />
olharam para as mortes causadas pela doença de Alzheimer,<br />
Parkinson e ELA. Os resultados são os acima indicados.<br />
Olhando para os números temos que 334 ex-atletas que falecerem<br />
durante o período do estudo, 7 morreram em consequência da<br />
doença de Alzheimer e o mesmo número com doenças de ALS,<br />
taxas significativamente mais altas do que as encontradas na<br />
população em geral. As mortes registadas por Parkinson foram<br />
apenas três, ainda assim, um número elevado. Apesar dos próprios<br />
autores do estudo reconhecerem que o tamanho da amostra era<br />
pequeno, afirmam, no entanto, categoricamente que os jogadores<br />
de NFL correm um maior risco de desenvolver uma doença neuro<br />
degenerativa, assim como desordens neurológicas, como pequenos<br />
problemas de memória, encefalopatia traumática crônica (CTE),<br />
entre outras. É importante reafirmar que o estudo é transversal<br />
a todas as posições, mas demostrou que atletas que atuem como<br />
quarterbacks, running backs, receptores e linebackers são três<br />
vezes mais propensos que as restantes posições, que diga-se, não<br />
34 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Os resultados apresentados são consistentes<br />
com outros recentes estudos que<br />
sugerem igualmente um risco aumentado<br />
de doenças neuro-degenerativas entre<br />
jogadores de futebol americanos. E, as conclusões<br />
deste estudo apontam ainda para<br />
indícios mais preocupantes. Pela voz de<br />
um dos autores, o Dr. Everett J. Lehman, “<br />
embora o nosso estudo analisasse as causas<br />
de morte por doença e ALS de Alzheimer,<br />
como mostrado nas declarações de óbito, a<br />
pesquisa sugere agora que a encefalopatia<br />
traumática crônica (CTE) pode ter sido o<br />
verdadeiro fator primário ou secundário<br />
em algumas dessas mortes. A autópsia ao<br />
cérebro é necessário para diagnosticar com<br />
exatidão a doença CTE e distingui-lo de<br />
Alzheimer ou ALS. Enquanto CTE é um<br />
diagnóstico separado, os sintomas muitas<br />
vezes são semelhantes aos encontrados na<br />
doença de Alzheimer, Parkinson e esclerose<br />
lateral amiotrófica, e pode ocorrer<br />
como resultado de múltiplas concussões”.<br />
A principal liga de futebol americano<br />
enfrenta atualmente processos de mais de<br />
3400 ex-atletas ou das suas famílias, apontando<br />
responsabilidades à NFL e à sua<br />
minimização e deturpação dos riscos que<br />
o desporto que tutela comporta, nomeadamente<br />
os ferimentos e concussões na<br />
cabeça. Muitos desses atletas queixam-se<br />
de depressão, perdas de memória e outros<br />
problemas neurológicos.<br />
A liga rebate essas acusações, e pelo seu o<br />
porta-voz Brian McCarthy, e em comunicado,<br />
afiança: “Bem antes deste estudo foi<br />
lançado, a NFL tomou m<strong>ed</strong>idas importantes<br />
para enfrentar lesões na cabeça<br />
no futebol, fornecer assistência médica e<br />
financeira aos nossos jogadores aposentados,<br />
e aumentar a conscientização sobre as<br />
formas mais eficazes para prevenir, controlar<br />
e tratar contusões”.<br />
Novos estudos são precisos e estão em<br />
marcha. Investigar todos os fatores em<br />
pormenor que possam potenciar doenças<br />
degenerativas dentro da prática do futebol<br />
americano são fundamentais para desenvolver<br />
metodologias que possam diminuir<br />
esses riscos. Steve Marshall, um epidemiologista<br />
da Universidade da Carolina<br />
do Norte, assume ainda uma posição<br />
mais alarmista quando afirma: O jogo<br />
mudou muito desde então (1959 a 1988),<br />
de maneiras que são potencialmente mais<br />
gravosas para a saúde dos jogadores”.<br />
Quanto mais e melhor vamos entendendo<br />
o corpo humano, maior é a obrigação<br />
das entidades organizadoras de protegerem<br />
os seus atletas tanto no presente,<br />
como assegurar um envelhecimento digno<br />
daqueles que elevam o seu desporto a<br />
arte. Desportos de contato e potencialmente<br />
mais duros, como o Boxe, MMA,<br />
Hóquei, entre muitos outros, potenciam<br />
lesões cerebrais e traumáticas com consequências<br />
de longo prazo duradouras e<br />
incapacitantes. Idealizar m<strong>ed</strong>idas é crucial.<br />
Os atletas profissionais<br />
de futebol americano<br />
são quatro<br />
vezes mais propensos<br />
a morrer de uma<br />
doença cerebral<br />
neuro degenerativa,<br />
como a doença de<br />
Alzheimer ou ALS -<br />
esclerose lateral amiotrófica.<br />
E três vezes<br />
mais da doença de<br />
Parkinson.<br />
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36 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
AGASSI: O<br />
TENISTA<br />
QUE<br />
ODIAVA<br />
TÉNIS<br />
Doping, amor e ódio na<br />
vida de um dos atletas<br />
mais amados de sempre<br />
Em 2009, após publicada a sua autobiografia<br />
- Open, André Agassi ficou na mira da<br />
imprensa e do público depois de ter confessado<br />
que havia consumido metanfetamina,<br />
que perdeu propositadamente alguns<br />
dos seus jogos e que não gostava de muitos<br />
dos seus rivais contemporâneos como Pete<br />
Sampras ou Michael Chang. E que odiava<br />
ténis. As suas palavras são claras aos<br />
sentimentos que a sua autobiografia lhe<br />
geraram: “Diria que viver este livro - vivêlo<br />
- foi catártico; lê-lo foi catártico. Mas<br />
escrevê-lo foi algo diferente. Senti como se<br />
estivesse a lutar com minha vida no campo<br />
de certo modo, a tentar atingir uma meta<br />
muito diferente que é comunicar lições de<br />
vida que acr<strong>ed</strong>ito que poderem verdadeiramente<br />
impactar milhões de pessoas que<br />
nunca conheci.”<br />
A vida de Agassi é de estremos, sempre<br />
contraditória, em uma das mais amadas<br />
figuras da década de 90, onde o imenso<br />
talento pelo ténis, construído desde criança<br />
pelo seu pai, o levou ao pícaros do<br />
mundo, mas esse mesmo sucesso criou<br />
nele uma imensa tristeza e até depressões.<br />
Agassi é também o mais perfeito exemplo<br />
de até onde a necessidade m<strong>ed</strong>iática de<br />
construir heróis, leva os homens comuns,<br />
a percorrer o caminho da vilania.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 37
Andre Kirk Agassi nasceu em 1970 em Las Vegas nos Estados Unidas<br />
da América e um dos apenas sete tenistas que venceram todos os<br />
quatro Grand Slam conquistados na era moderna, vencendo ainda<br />
uma m<strong>ed</strong>alha olímpica, o que o torna em um dos melhores tenistas<br />
de sempre. No seu auge, Agassi elevou a sua popularidade a uma<br />
estrela de Hollywood, algum incomum à altura, o que levou a BBC,<br />
na altura em que este se retirou a apelida-lo: de “talvez a maior estela<br />
mundial da história do desporto”. Mas toda a sua fama, popularidade<br />
e milhões ganhos escondiam o seu lado depressivo e de profundo<br />
odio ao ténis que vinha desde bem novo, quando o pai de Agassi o<br />
abrigava a bater diariamente centenas de bolas em vez de o deixar<br />
brincar com os seus amigos – o seu verdadeiro desejo em criança.<br />
O seu conflito entre o talento que tinha para jogar ténis e o ressentimento<br />
que tinha por este desporto fora sempre uma constante<br />
em toda a sua vida desportiva. Num dos momentos mais marcantes<br />
contados na sua autobiografia, Agassi conta o pânico que sentia<br />
ainda pequeno quando treinava obsessivamente sobre o olhar atento<br />
do seu pai violento. E a solidão e o m<strong>ed</strong>o que sentiu quando foi para<br />
Em cima, a biografia de Agassi: “Open”. Ao lado, Ag<br />
Stefanie Graf. Em baixo, Agassi levantando o seu pri<br />
de Grand Slam: wimbl<strong>ed</strong>on.<br />
“Digo a mim mesmo: Lembra-te disto. Segura-te a isto. Esta é a única perfeição<br />
que existe, a perfeição de ajudar os outros. Esta é a única coisa que<br />
podemos fazer que tem algum valor ou significado duradouro. É por isso que<br />
estamos aqui. Para fazer o outros se sentirem seguros.” Andre Agassi<br />
na sua autobiografia sobre a sua autobiografia.<br />
que mais parecia um campo de concentração. A sua infância<br />
difícil teve sem dúvidas um papel fundamental no estilo rebelde<br />
que adotou nos primeiros anos da sua vida adulta, estilo esse, que<br />
levou para dentro dos cortes de ténis, num desporto ainda hoje<br />
conservador, e o transformaram num ícone no final dos anos 80,<br />
início dos anos 90. Cabelo longo e tingido, orelhas furadas e ar de<br />
rock-punk foi durantes largos anos a sua imagem de marca.<br />
O seu natural talento para a modalidade, ainda hoje, é considerado<br />
o melhor jogador de sempre a devolver os serviços dos oponentes<br />
depressa o fizeram subir no ranking, numa das alturas mais competitivas<br />
do ténis mundial. Depois de três finas de Grand Slam<br />
perdidas, a sua primeira grande vitória apareceu onde menos se<br />
esperava – Wimbl<strong>ed</strong>on (1992), um torneio que o próprio sempre<br />
desprezara por não se sentir capaz de vencer.<br />
Mas, o parente êxito escondia o sofrimento que sentia e que se<br />
tornaria bem visível nos anos seguintes a essa vitória. As drogas<br />
passaram a fazer parte da sua vida. Nem sempre com o intuito de<br />
melhorar o desempenho como; é disso bom exemplo o facto de ter<br />
tomado crystal uma droga que não ajuda a ganhar. Mas também<br />
tomou drogas dopantes como anfetaminas. Chegou inclusive a dar<br />
positivo num controlo anti doping, mas fingiu inocência, disse que<br />
tomou a droga por engano, num refrigerante.<br />
O facto de ter usado substâncias dopantes para melhorar o seu<br />
desempenho é ainda mais estranho que na sua autobiografia, Open<br />
– Aberto em português, tenha admitido perder propositadamente<br />
jogos, nomeadamente a meia-final do Austrália Open.<br />
Agassi também sentia uma enorme animosidade contra os seus<br />
adversários. De Pete Sampras afirma que “é mais robótico que um<br />
papagaio”, a Boris Becker apelida-o de “maldito alemão” e admite<br />
que ficou “com vontade de vomitar” quando o também americano<br />
Michael Chang venceu o torneio de Roland Garros (França), em<br />
1989, e este agradeceu a Deus a vitória. “Ele dava graças à Deus<br />
e atribuía suas vitórias a Deus, e isso irritava-me muito. Por que<br />
Deus se importaria com uma partida de tênis? E, por que ele se<br />
colocaria contra mim e a favor do Chang? Isso é ridículo. Quando<br />
ele venceu Roland Garros em 1989, fiquei com vontade de vomitar.<br />
E perguntei-me: por que logo o Chang, entre tantos outros,<br />
logo ele, foi vencer um Grand Slam antes de mim?”.<br />
Apesar de tudo Agassi deixou a sua marca e apesar da contestação<br />
dos seus títulos por muitos ex-tenistas e até tenistas atuais, a<br />
realidade é que o seu palmares é invejável. Em 20 anos conquistou<br />
60 títulos ATP, uma m<strong>ed</strong>alha olímpica em 1996 e venceu todos os<br />
4 grandes Grand Slam (Wimbl<strong>ed</strong>on, Roland Garros, US Open e<br />
Aberto da Austrália).<br />
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assi e a mulher,<br />
meiro titulo,<br />
Por entre as luzes das vitórias e as depressões que o levaram a sair dos<br />
100 melhores do mundo aos 27 anos, altura que deveria ser o seu auge<br />
desportivo, a vida privada de Agassi não foi menos conturbada. Um<br />
breve relacionamento com Barbra Streisand e um casamento fracassado,<br />
e largamente discutido nas revistas cor-de-rosa, com Brooke<br />
Shields, depressões, quebras de confiança e erros irrefletidos puseramlhe<br />
em muitas situações a carreira desportiva em risco. Mas, como<br />
apenas no desporto acontece, a reviravolta aconteceu e em 1999, Agassi<br />
tornou-se à altura o mais velho tenista a ocupar o lugar número 1 do<br />
ranking.<br />
O equilíbrio surgiu, já nos trinta anos, fruto da sua relação com<br />
Stefanie Graf, a primeira pessoa, segundo o próprio Agassi, com quem<br />
pode ser ele como de facto é, sem mascaras ou mentiras. Esta relação<br />
fortaleceu-o e juntamente com o seu treinador, o seu irmão, de caracter<br />
gentil e sensato, conseguiu ganhar a harmonia para os seus últimos<br />
anos de tenista profissional. Assim como nos anos seguintes, onde a<br />
filantropia passou a ocupar a maioria das horas dos seus dias.<br />
Agassi é o exemplo perfeito de um homem que foi engolido pelos<br />
desejos dos país, que olham para os filhos como extensão das vidas<br />
dos próprios e imputam uma vida e pressões desm<strong>ed</strong>idas e que ultrapassam<br />
em grande m<strong>ed</strong>ida dos limites da capacidade que uma criança<br />
consegue lidar. Assim como o preço da fama e da influência da comunicação<br />
social e do público em geral, e quão devastadora essa pressão<br />
se pode tornar. Relembra-nos que os nossos heróis m<strong>ed</strong>iáticos são tão<br />
humanos quanto nós e erram tanto ou mais como o mais simples dos<br />
mortais.<br />
Por fim, deixamos uma das suas mais contundentes frases que facilmente<br />
muitos de nós se identificarão:” Eu odeio tênis, odei-o com uma<br />
escura e secreta paixão, e ainda assim eu continuo a jogar, porque eu<br />
não tenho escolha. E esse abismo, a contradição entre o que eu faço e<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 39
TECNOLOGIA<br />
MUSCLESOUND<br />
Análise científica da performance e capacidades<br />
físicas dos atletas<br />
N<br />
o desporto atual, profissional<br />
e de milhões, as<br />
analises empíricas, nomeadamente<br />
ao que diz respeito<br />
ao treino, estão a tornar-se obsoletas,<br />
e pior que isso, atletas e treinadores que<br />
insistam em desprezar os meios tecnológicos<br />
partem em considerável desvantagem<br />
e autoeliminam-se da luta pela vitória.<br />
A necessidade de um treino adequado,<br />
nutrição e definir com exatidão os tempos<br />
de repouso e recuperação levam os atletas,<br />
treinadores e equipas desportivas e procurar<br />
métodos tecnológicos avançados que<br />
possam incrementar uma perfeita analise<br />
da performance e do corpo/organismo<br />
dos atletas.<br />
Muitas têm sido as inovações nesta última<br />
década de modo a corresponder às exigências<br />
e demandas das novas necessidades<br />
do treino desportivo, mas tem existo algumas<br />
que se destacam, como á o caso<br />
da tecnologia MuscleSound criada pela<br />
SportTechie. Este novo sistema permite<br />
um monitoramento instantâneo dos níveis<br />
de energia e a partir desses dados uma<br />
dieta energética adaptada às necessidades<br />
im<strong>ed</strong>iatas e futuras do atleta que potencie<br />
a sua performance.<br />
Um avanço fundamental proporcionado<br />
por esta nova tecnologia é a possibilidade<br />
de analisar os níveis de glicose derivada<br />
dos carboidratos no corpo. A glicose, e o<br />
armazenamento que cada atleta tem no<br />
seu organismo – varia entre as 450 e as 500<br />
gramas, é a principal e mais eficiente fonte<br />
de energia, mas que se esgota com alguma<br />
rapidez em treinos intensos e durante<br />
a competição. Uma análise periódica, e<br />
inclusive durante os treinos e após competição,<br />
dos níveis de glicose é crucial para<br />
que os atletas produzam novos planos de<br />
treino e novas dietas energéticas, com o<br />
objetivo de manterem os seus níveis energéticos<br />
otimizados.<br />
Ao contrário da perceção generalizada e<br />
menos especializada, muito treino não<br />
equivale necessariamente a melhores<br />
resultados. Este mito, muitas vezes criado<br />
por alguns atletas mas principalmente a<br />
comunicação social, deixa de lado as novas<br />
conclusões cientificas. Sendo uma das<br />
principais, o consumo exagerado de proteínas<br />
e aminoácidos para oxidar a glicose,<br />
resultando num decréscimo de glicogénio<br />
no fígado e no músculo, potenciando quer<br />
o desgaste mas pior aumentando o risco<br />
de lesões. O treino excessivo é transversalmente<br />
comum a todos os atletas mas, e<br />
na m<strong>ed</strong>ida que os anos avançam, a chave<br />
para muitas lesões musculares cronicas e<br />
até alguns abandonos prematuros de mui-<br />
A possibilidade de<br />
analisar os niveis de<br />
glicose dereivados dos<br />
carbiodratos no corpo,<br />
energia armazenada, de<br />
forma simples e eficaz é<br />
preciosos para o treino<br />
de qualquer atleta.<br />
40 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
do músculo armazenar energia.<br />
A tecnologia MuscleSound permite de<br />
forma não intrusiva, rápida e simples uma<br />
análise eficiente. É preciso destacar que as<br />
outras técnicas para obter a mesma analise<br />
passa por processos altamente intrusivos<br />
como a ressonância magnética ou uma<br />
biópsia muscular; ambos estes processos<br />
exigem que os profissionais médicos e<br />
uma vari<strong>ed</strong>ade de equipamentos caros,<br />
para além de uma deslocação a um centro<br />
hospital. E, aumentam o risco de infeções<br />
e outras complicações de saúde, dado os<br />
requisitos cirúrgicos e todos os potenciais<br />
problemas que a isso se associam.<br />
A simplicidade e a facilidade são de facto<br />
as grandes mais-valias desta nova tecnologia<br />
em apenas 60 segundos verifica vários<br />
indicadores dos músculos, aprovisionando<br />
no im<strong>ed</strong>iato um relatório energético completo<br />
do atleta.<br />
Como afirma o chefe operacional da<br />
SportTechie em entrevista à sporttechie:<br />
“Nós encorajamos a equipe de treino de<br />
a usar o nosso sistema, tanto quanto possível,<br />
mas particularmente no pré-treino<br />
e pós-treino e após competição para auxiliar<br />
na recuperação e na prevenção de<br />
lesões. MuscleSound fornece dados prédesempenho<br />
permitindo recomendações<br />
nutricionais e baseados no desempenho<br />
personalizados. O sistema MuscleSound<br />
também identifica os primeiros sinais de<br />
fadiga muscular, lesão muscular e níveis<br />
de eficácia do treino a partir de dados,<br />
permitindo decisões pró-ativas e personalizadas<br />
para ajudar na recuperação e prevenção<br />
de lesões a longo prazo”.<br />
Ricardo Reis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
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ESTÁDIOS INTELIGENTES:<br />
O CONCEITO DE FUTURO QUE JÁ EXISTE NO<br />
PRESENTE - AS RAZÕES DA MUDANÇA<br />
O<br />
conceito de cidade inteligente<br />
– smart cities tem<br />
apreciado de uma m<strong>ed</strong>iatização<br />
ampliada na última<br />
década de tal forma que hoje só é uma<br />
novidade para os mais distraídos. Apesar<br />
deste conceito agrupar três dimensões,<br />
criatividade/inteligência individual e a<br />
inteligência coletiva, é na terceira dimensão,<br />
a inteligência artificial, que gera mais<br />
espectativas e que pode de fato fazer avançar<br />
esta ideia de futuro mas que já se faz<br />
notar no presente. A tecnologia digital aliada<br />
ao espaço físico da cidade em conjunto<br />
com todas as múltiplas infraestruturas de<br />
comunicação tem criado uma forte cadeia<br />
de informação que permite de forma<br />
rápida e ao segundo arranjar soluções para<br />
problemas de toda uma população, como é<br />
exemplo a gestão do transito, ou soluções<br />
individuais, como apresentar, mesmo sem<br />
p<strong>ed</strong>ido, os hotéis mais próximos quando<br />
visitamos uma cidade pela primeira vez e<br />
precisamos de uma cama para dormir. Um<br />
outro conceito, que entronca diretamente<br />
no conceção de smart city – a ideia de<br />
<strong>ed</strong>ifícios inteligentes e mais concretamente<br />
de estádios inteligentes.<br />
Imaginarmo-nos dentro do estádio a<br />
assistir a nossa equipa num jogo importante<br />
ou mesmo num clássico, e à distância<br />
de um clique em qualquer dispositivo<br />
móvel disparar no ecrã todas as repetições<br />
dos lances mais importantes e dos golos,<br />
em todos os ângulos e câmaras disponíveis.<br />
Ou algo tão simples como p<strong>ed</strong>ir direções<br />
à casa-de-banho/banheiro mais próximo.<br />
Ou ainda, simplesmente não perder pitada<br />
do jogo e encomendar uma sandwich e<br />
um sumo pelo smartphone. Nada disto é<br />
futurismo e já existe em inúmeros estádios<br />
um pouco por todo o mundo e será uma<br />
realidade “corriqueira” a breve trecho em<br />
todos as grandes arenas desportivas.<br />
A implementação de “inteligência artificial”<br />
nos estádios surge da necessidade dos<br />
clubes adaptarem os seus recintos à nova<br />
realidade dos seus adeptos e aquilo que é<br />
o aparecimento de adeptos de uma faixa<br />
demográfica mais nova e mais adaptada<br />
e exigente dos serviços proporcionados<br />
pela tecnologia digital, à necessidade de<br />
competir com os ecrãs de televisão e de<br />
straming e a carência de procura de novas<br />
fontes de rendimento.<br />
Um relatório da Cisco revelou que para u<br />
em cada três estudantes universitários a<br />
internet é tão vital quanto a água, o ar ou<br />
a comida. Nos Estados-Unidos acontece<br />
um fenómeno bem curioso. Nos jogos universitários<br />
os fãs costumavam abandonar<br />
os jogos ao intervalo caso não possam<br />
A implementação de<br />
“inteligência artificial” nos<br />
estádios surge da necessidade<br />
dos clubes adaptarem<br />
os seus recintos à<br />
nova realidade dos seus<br />
adeptos e aquilo que é o<br />
aparecimento de adeptos<br />
de uma faixa demográfica<br />
mais nova e mais adaptada<br />
e exigente dos serviços<br />
proporcionados pela tecnologia<br />
digital.<br />
42 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
“A nova geração de fãs, têm de estar conectados com o Twitter ou Facebook<br />
ou seu e-mail ou mensagens instantâneas ou o que seja, tudo isso é de vital<br />
importância para a sua vida. Faz sentido apoiarmo-nos que o melhor que<br />
podemos fazer para que eles não sintam como se estivem num buraco negro<br />
de conectividade, onde a internet não existe (quando estão num estádio desportivo)”<br />
Joe Inzerillo, vice-presidente executivo e CTO da<br />
MLBA (Basebol)<br />
conectar-se à internet e fazer o upload e<br />
partilhas de ficheiros como fotos e vídeos<br />
relacionados com o evento que estão a<br />
presenciar. Não é então de estranhar que<br />
seja na natural mudança demográfica dos<br />
adeptos que se encontre o principal motivo<br />
impulsionador na implementação de<br />
tecnologia digital nos novos estádios e<br />
arenas desportivas.<br />
A qualidade dos pacotes desportivos disponíveis<br />
pelos serviços de televisão e cada<br />
vez mais também pelos serviços de streaming<br />
é elevadíssima, mais baratos, mais<br />
práticos e mais fácies que ir a um estádio e<br />
comprar um bilhete. Neste sentido, novamente<br />
um recente estudo apresentado pela<br />
Cisco mostra que 57% dos adeptos prefere<br />
assistir um jogo em casa.<br />
A conectividade e o digital, e os aplicativos<br />
e serviços a ele agregados têm como<br />
objetivo proporcionar uma experiência<br />
vastamente melhorado ao fã dentro do<br />
estádio e trazer as pessoas de para longe<br />
dos seus sofás mesmo para aqueles que<br />
têm excelentes serviços de transmissão de<br />
jogos em direto.<br />
Com recurso aos serviços adicionais disponibilizados<br />
pelo meio WI-FI, o adepto<br />
que se desloca ao estádio pode obter todas<br />
as experiências que obteriam em casa<br />
somando ainda a vivência de ver o seu<br />
atleta preferido ao vivo a fazer a jogada da<br />
sua vida.<br />
Outro grande motivo pelas equipas esta-<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
rem a apostar tão firmemente em estádios<br />
inteligentes é o aumento de receitas através<br />
da aquisição de serviços adicionais e da<br />
compra de bens como comida ou bebida.<br />
As novas oportunidade de receita são<br />
quase ilimitadas e totalmente inexploradas,<br />
nomeadamente em Portugal e no<br />
Brasil. Ativar e potenciar serviços nos<br />
estádios através de dispositivos com acesso<br />
à internet é fundamental para gerar maisvalias<br />
para o adepto e inclusive para o melhor<br />
compreensão dos gostos e interesses<br />
das pessoas que se dirigem aos estádios<br />
e fazem gosto em apoiar as suas equipas<br />
ao vivo com todos os transtornos que isso<br />
representa.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 43
PUBLIQUE CONOSCO<br />
As páginas das nossas revistas e da nossa plataforma on-line estão abertas<br />
para publicação de artigos e matérias por parte dos nossos leitores.<br />
Neste momento aceitamos artigos de opinião, matérias informativas, cartoons,<br />
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MENOS CARBOIDRATOS PARA OS<br />
TREINOS DOS MARATONISTAS<br />
Os benefícios dos carboidratos, biomoléculas constituídas<br />
principalmente por carbono, hidrogênio e<br />
oxigénio, nos desportos de resistência são bastante<br />
conhecidos. Vários estudos nos últimos 50 anos<br />
sugerem a relevância destas biomoléculas para a performance em<br />
modalidades em que é exigido uma conduta física de longa duração,<br />
como a corrida e mais precisamente a maratona. Os atletas<br />
e treinadores bem conhec<strong>ed</strong>ores desta realidade preparam uma<br />
dieta rica em alimentos e suplementos alimentares ricos em carboidratos,<br />
tanto para as competições quer para os treinos.<br />
No entanto, recentemente vem aparecendo e ganhando força uma<br />
nova abordagem à dieta dos maratonistas durante o treino que os<br />
priva de enjerir carboidratos. Este novo processo parte da ideia,<br />
que ensinando o corpo a exercitar-se sem carboidratos, ganhará<br />
uma maior eficiência nos dias de prova, altura em que o organismo<br />
será “inundado” de dessas biomoléculas. Steve Magness, autor<br />
de A Ciência da duração e docente e treinador na Universidade<br />
de Houston replica: “No treino, parte do que estamos fazemos,<br />
é obrigar o nosso corpo a consumir o combustível até aos níveis<br />
máximos, para ser mais eficiente quando o corpo estiver de facto<br />
cheio de combustível”.<br />
A grande desvantagem e principal dificuldade na implementação<br />
deste método é a extrema exigência mental e física exigida aos<br />
atletas para que resulte em pleno. No entanto, vários treinadores<br />
e especialistas negam essas dificuldades, afirmando simplesmente<br />
que a maratona é uma especialidade desportiva exigente, assim<br />
como o seu treino, e a nova dieta podem facilmente ser inserida<br />
no conjunto de boas praticas dos atletas.<br />
Existem dois métodos de treino baseados nesta nova dieta: double<br />
workouts e fast<strong>ed</strong> workouts. O primeiro método processa-se com<br />
um treino duro pela manhã seguido de um almoço com baixo<br />
teor de carboidratos, e, em seguida, um segundo treino, mais fácil,<br />
algumas horas depois. O primeiro treino esvazia os músculos de<br />
carboidratos para que a segunda sessão obrigue o organismo do<br />
atleta a adaptar-se a funcionar sem essa biomoléculas. O segundo<br />
método passa por longas sessões de treino sem que exista anteriormente<br />
sejam consumidos carboidratos, imp<strong>ed</strong>indo o acesso fácil<br />
a “combustível” na corrente sanguínea.<br />
Os resultados práticos da mudança já se fazem sentir, apesar de<br />
existir ainda alguma controvérsia no mundo académico e cientifico<br />
onde as conclusões ainda não são satisfatórias. Em pouco<br />
tempo, será entendível qual a melhor dieta para os maratonistas<br />
para o treino e qual a melhor abordagem.<br />
Ana Matos, especialista em nutrição<br />
contato@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 45
1<br />
3<br />
2<br />
4<br />
CICLISMO E<br />
TECNOLOGIA<br />
As inovações para 2015<br />
1- R. BLACK LABEL WHEELS<br />
2- SMITH OVERTAKE HELMET<br />
3- MEIAS TECNOLÓGICAS<br />
4- BKOOL CONNECT<br />
Reynolds Black Label Wheels. A empresa<br />
1.<br />
detentora da patente para clinchers de fibra<br />
renovou a linha de rodas para o mountain-bike<br />
aprimorando o desempenho e<br />
diminuindo o preço. As rodas Black Label<br />
juntam jantes de montanha já existentes<br />
nas marcas Reynolds com o acostumado preto sobre preto cubos<br />
DT240S para os rodados.<br />
As rodas Black Label já estão disponíveis em quatro modelos: 29<br />
XC (1.440 gramas), 29 TR (1.500 gramas), 27,5 XC (1.435 gramas),<br />
e 27,5 AM (1.530 gramas). A todas as rodas são fornecidos com<br />
adaptadores “end-cap” para a conversão para qualquer formato<br />
de hub.<br />
46 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Smith Overtake Helmet. A empresa Smith<br />
s<strong>ed</strong>iada em Idaho, Sun Valley, desenvolveu<br />
2.<br />
um novo modelo de capacete para ciclistas<br />
amadores e profissionais, principalmente<br />
para o mountain-bike, que promete uma<br />
maior proteção em comparação com outros<br />
modelos do género, graças à utilização de um material designado<br />
de Kroroyd. Este material, absorve mais 30% do impacto<br />
energético do que a espuma EPS, o material utilizado com mais<br />
frequências nos capacetes para ciclistas. Acrescentando ao mesmo<br />
tempo ventilação.<br />
Este modelo de capacete aposta num design apelativo, fornecendo<br />
igualmente um armazenamento estável para os óculos de sul. Com<br />
peso um pouco acima dos 250 gramas já está a ser comercializado<br />
no mercado norte-americano e em breve irá expandir-se a marca<br />
para novas localizações.<br />
3.<br />
Meias tecnológicas. A empresa Shimano<br />
desenvolveu umas meias tecnológicas para<br />
ciclismo que promete melhorar a experiencia<br />
em cima da bicicleta do ciclista. Feita<br />
de um material rijo, anti-abrasão pata o<br />
d<strong>ed</strong>o grande o pé e do calcanhar, respirável com inúmeras seções<br />
de ventilação, trabalham em conjunto com os sapatos da mesma<br />
marca aumentando ainda a experiencia de conforto.<br />
A meia tecnológica permite igualmente minimizar no topo do pé e<br />
melhorar a experiencia de transpiração do pé, em muito devido, à<br />
ventilação que proporciona – característica que já foi mencionada<br />
acima.<br />
Bkool Connect Trainer. Esta nova bicicleta<br />
4.<br />
promete revolucionar o treino indoor. Por<br />
pouco mais de 650 dólares americanos é<br />
possível adquirir esta maquinaria que possibilita<br />
o treino eua experiencia mais real<br />
de ciclismo de estrada sem sair de casa.<br />
Com um sistema de fácil acesso Web e capaz de recolher informações<br />
via Iphone ou GPS, e executando o aplicativo Bkool, que<br />
trabalha com os dados acima referidos, acompanhando o treino,<br />
fazendo inclusive o upload de um vídeo ou de um mapa.<br />
Por os amantes mais acérrimos do ciclismo de estrada, a Bkool está<br />
a incorporar na sua oferta de vídeo cenas de corridas dos eventos<br />
Pro Tour, Esta é uma escolha perfeita para quem adora ciclismo e<br />
estar em cima da bicicleta mas não quer sair do conforto do lar.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 47
NO FACEBOOK 6 EM CADA 10 POSTS DAS GRANDES MARCAS EN-<br />
ENVOLVEM O DESPORTO OU EVENTOS DESPORTIVOS<br />
O<br />
desporto, para o marketing e publicidade, são para<br />
o seculo xxi o mesmo que o sexo foi para o seculo<br />
xx, e a presença das grandes marcas no digital e nas<br />
r<strong>ed</strong>es sociais associadas a grandes atletas e eventos<br />
desportivos não para de crescer. Por exemplo, no facebook 6 em<br />
cada 10 posts das grandes marcas associam-se de alguma forma<br />
ao desporto. Nas outras r<strong>ed</strong>es socias os valores não se distanciam<br />
significativamente destes valores.<br />
Estes números apenas podem ser uma surpresa para os mais distraídos.<br />
E os motivos são evidentes. Temos, em primeiro lugar, a<br />
generalização e a massificação global do uso da internet e as altas<br />
taxas de envolvimento e compromisso dos utilizadores com o<br />
digital e as r<strong>ed</strong>es sociais em particular. Depois, com a chegada da<br />
televisão por cabo e o streaming de vídeo, a atenção das pessoas<br />
dispersou-se, e o desporto foi-se tornando na principal atividade<br />
agregadora e transversal a toda a soci<strong>ed</strong>ade. Por fim, temos a<br />
paixão dos fãs pela sua equipa e pelo seu desporto favorito e a<br />
maior propensão destes de comentar, gostar e acima de tudo partilhar<br />
posts com os quais se identifica.<br />
Para termos um pouco a ideia dos números envolvidos, olhemos<br />
para o campeonato do Mundo de Futebol no Brasil que se consagrou<br />
como o evento desportivo mais falado de sempre nas r<strong>ed</strong>es<br />
sociais. Apenas na noite da final e apenas no facebook, registaramse<br />
mais de mais de 280 milhões de interações relacionados com<br />
48 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com<br />
o jogo por mais 88 milhões de utilizadores desta r<strong>ed</strong>e social. No<br />
Twitter, foram mais de 35,6 milhões neste mesmo jogo, E, no jogo<br />
entre Alemanha e Brasil da meia-final chegou-se ao recorde de<br />
tweets por minuto com 618.725.<br />
As grandes empresas e marcas olham com muita atenção para<br />
estes números e associam-se através do patrocínio desportivo para<br />
divulgação e impulsionar as vendas através dessas parcerias e apostam<br />
depois nas r<strong>ed</strong>es sociais como principal meio de divulgação.<br />
Outra vantagem da aposta nas r<strong>ed</strong>es socias pelas marcas, é a<br />
im<strong>ed</strong>iata perceção dos resultados das campanhas, entendendo ao<br />
minuto a abrangência e impacto gerado por cada nova publicação.<br />
Outra vantagem da aposta nas r<strong>ed</strong>es socias pelas marcas, é a<br />
im<strong>ed</strong>iata perceção dos resultados das campanhas, entendendo ao<br />
minuto a abrangência e impacto gerado por cada nova publicação.<br />
Assim, como o perfil de utilizador a que as campanhas chegam e<br />
interagem. Neste sentido, as marcas, adquirindo pacotes de serviço<br />
oferecidos pelas r<strong>ed</strong>es sociais, podem focar as suas campanhas a<br />
um determinado perfil de público, vulgarmente designado como<br />
nicho, de modo a tirar o maior partido dos recursos investidos.<br />
Por fim, esta tendência das marcam bem na continuada perceção<br />
que os meios mais tradicionais, como publicidade em média tradicionais<br />
ou placares outdoors, estão a perder força e a tornarem-se<br />
me nos efetivos, e ao bem mais “estáticos” em comparação com as<br />
r<strong>ed</strong>es sociais.<br />
Olivia Santos, especialista em marketing e r<strong>ed</strong>es sociais<br />
contato@desportoeesport.com
Marcas de roupa desportiva, com a Nike na foto, são as que mais apostam nas r<strong>ed</strong>es sociais.<br />
Assim como marcas de cerveja, abaixo. Ou mesmo empresas tecnológicas.<br />
Na final da copa<br />
do mundo e<br />
apenas no facebook,<br />
registaramse<br />
mais de mais<br />
de 280 milhões de<br />
interações relacionados<br />
com jogo.<br />
No Twitter, foram<br />
mais de 35,6 milhões.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 49
MAPA ORIGEM DOS JOGADORES PROFISSIONAIS DE NBA PER CAPITA 1980-2014 FONTE: THATNBALOTTERYPICK.COM<br />
NBA: A ORIGEM DOS CRAQUES<br />
Numa análise rápida ao mapa acima, rapidamente<br />
identificamos, e sem surpresa, as áreas de<br />
Mississippi, New York City, Los Angeles, Chicago,<br />
Washington e Filadélfia, como aquelas onde se<br />
originam o maior número de atletas na NBA. Seguidas de perto<br />
por Atlanta, Dallas, Houston, Indianapolis, Detroit, New Orleans<br />
e Seattle. A não surpresa destes dados advém destes estados<br />
serem também os maiores centros populacionais do país norteamericano,<br />
e como tal, esperado que ai apareçam mais atletas de<br />
nível profissional.<br />
O basquetebol é sobretudo um desporto urbano e deste modo<br />
não é de estranhar que Washington, capital norte-americano,<br />
tem o maior histórico de “produção” de jogadores da NBA, com<br />
68 atletas atualmente a atuar na NBA nascidos neste estado.<br />
Relembramos que Washington é unicamente urbana. Outro dado<br />
a ser adicionado é o facto dos habitantes de Washington serem<br />
esmagadoramente afrodescendentes, e a NBA é largamente dominada<br />
por atletas negros. Neste seguimento, não igualmente de<br />
estranhar que Mississippi apareça no segundo lugar desta lista com<br />
cerca de 50 atletas profissionais. 50% da população desse estado é<br />
de descendência africana.<br />
Outros estados que à partida teriam indícios menos propícios para<br />
o aparecimento de atletas para a NBA como Indiana e Kentucky,<br />
que ocupam lugares cimeiros no mapa acima, sugerem que a cultura<br />
local desempenha um papel fundamental para potenciar o<br />
aparecimento de jogadores com qualidade para o profissionalismo.<br />
O facto de alguns estados como Vermont, Ilhas marianas do Norte<br />
ou o Alasca apenas esporadicamente originaram atletas para a<br />
NBA também não é uma surpresa, seja pelos baixos índices populacionais,<br />
pelo clima menos propício a este desporto ou pela falta<br />
de engajamento das populações locais ao basquetebol em preferência<br />
do futebol americano ou do hóquei em gelo.<br />
Ricardo Reis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
50 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
O<br />
momento de pura violência<br />
e agressões entre jogadores<br />
e equipas técnicas no ainda<br />
recente jogo entre Albânia e<br />
a Servia apanhou todos de<br />
surpresa, até porque, aparentemente tudo<br />
se iniciou por um simples drone que transportava<br />
uma bandeira albanesa. Mas, isto<br />
apenas pode ter surpreendido os mais distraídos<br />
e menos conhec<strong>ed</strong>ores da história<br />
europeu e dos seus “conflitos internos”. O<br />
conflito sérvio-albanês, como muitas vezes<br />
é apelidado, é um conflito étnico entre<br />
este dos povos que dura há vários seculos,<br />
mas que teve o seu auge no século xx, com<br />
a primeira guerra balcânica, a segunda<br />
grande guerra e a guerra do Kosovo, tendo<br />
tido no entanto início, no século xix após o<br />
conflito entre a Rússia e a Turquia.<br />
Após a derrota do Imperio Otomano, os<br />
povos cristãos dos Balcãs ganharam mais<br />
território, originando a deslocação de mais<br />
de 80 mil muçulmanos, para a zona que é<br />
hoje conhecida como o Kosovo, agravando<br />
as tensões religiosas e provocando graves<br />
efeitos demográficos.<br />
Este acontecimento é tido visto como o<br />
ponto de partida para o “conflito sérvioalbanês,<br />
desde que foi o primeiro ato de<br />
violência organizado em grande escala<br />
pelo Estado no conflito e pelo menos uma<br />
parte (os sérvios) tinham desenvolvido em<br />
uma nação plenamente funcional e exibida<br />
de uma consciência nacional da Sérvia<br />
(enquanto o nacionalismo albanês ainda<br />
estava em seus estágios infantis)”.<br />
Durante todo o conturbado seculo xx<br />
europeu, principalmente durante a primeira<br />
centena de anos, o conflito agravouse,<br />
com constantes conflitos bélicos, numa<br />
região altamente martirizada com guerras<br />
e invasões militares e constantes novas<br />
definições de fronteiras. O último conflito<br />
deu-se em 1999 e 2001 ainda que em<br />
menor escala.<br />
Com este historial, não deveria obrigar<br />
as organizações do futebol, neste caso a<br />
UEFA, pensar com mais cuidado a forma<br />
como se dão os sorteios e se não devem<br />
existir restrições prévias? Dado que claramente,<br />
ao contrário do que muitas vezes é<br />
propagandeado, o “fair-play” desportivo<br />
não ultrapassa todos os conflitos.<br />
Vitor E. Santos, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 51
DOPING:<br />
LEGALIZAÇÃO!<br />
As razões que podem levar o desporto profissional<br />
a adotar politicas mais favoráveis ao doping!<br />
Uma cultura pró-doping, para muitos, é inevitável no futuro do<br />
desporto. E um futuro que não estará tão longe quanto se julga,<br />
dado que a muito breve trecho estaremos a atingir os limites<br />
de performance do corpo humano. Ora vejamos, mesmo com<br />
todo os novos métodos de treino, de nutrição e equipamentos,<br />
os tempos e os recordes dos nossos melhores atletas acontecem<br />
cada vez mais desfasados no tempo e as melhorias acontecem<br />
progressivamente mais lentamente. Estima-se, por exemplo,<br />
que o limite do tempo para os 100 metros é de 9,48 segundos.<br />
Quando esse tempo for atingido e não existir mais a espectativa<br />
de ser quebrado, continuaram os adeptos do atletismo a seguir<br />
esta modalidade tao afincadamente como o têm feito até agora?<br />
Ultrapassar e melhorar a história é um dos pilares do desporto<br />
moderno, quando isso deixar de ser possível, os fãs estarão dispostos<br />
a deixar cair este tão fundamental axioma? A resposta,<br />
ainda que futurista e unicamente baseada na historia passada do<br />
desporto, terá que ser um r<strong>ed</strong>ondo NÂO.<br />
Dentro deste paradigma, temos ainda a questão dos desportos<br />
onde a exigência é superior ao suportado pelo corpo humano, o<br />
ciclismo é paradigmático. O doping faz e sempre fez parte deste<br />
desporto, não vale a pena enganarmo-nos; não é por acaso que<br />
os maiores escândalos de uso de substâncias ilícitas são ciclistas.<br />
Este desporto, por muito que doa a muitos, exige demasiado<br />
dos atletas, e diminuindo drasticamente o potencial de performance<br />
dos seus corpos; a ajuda química vem muitas vezes<br />
permitir unicamente uma melhor recuperação de etapa a etapa.<br />
E, as entidades deste desporto continuam a olhar para o lado,<br />
como se nada fosse, e nada mudam nas regras ou no paradigma<br />
da modalidade para se adaptar à “condição humana” dos<br />
ciclistas. Continua a fazer sentido existir etapas de mais de 200<br />
km em voltas com mais de vinte etapas? Faz sentido passar<br />
por três, quatro e as vezes mais contagens de montanha numa<br />
única etapa? Estar em cima da bicicleta por 5, 6 ou mais horas?<br />
Somando a isso os diminutos tempos de descanso, com as indispensáveis<br />
viagens, insuficientes para segundo as estatísticas,<br />
faz a cada duas etapas o esforço físico de uma maratona? A<br />
questão central: é que é essa a vontade dos adeptos. Eles querem<br />
ver cinco e seis horas de ciclismo. Ele não querem menos,<br />
querem mais. Superar o passado é a frase e um sinonimo que<br />
sem o qual o desporto profissional não sobrevive.<br />
52 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Doping: Proibição? Legalização?<br />
“A própria saúde dos atletas pode em caso de uma politica mais pró-doping sair<br />
revigorada, dado que os atletas não necessitariam de recorrer a substâncias comprovadamente<br />
perigosas ou drogas experimentais com a potencialidade de escapar<br />
a controlos de antidoping, e poderiam usar substancias não nocivas que teriam o<br />
mesmo efeito.”<br />
Outro ponto fundamental é as lesões.<br />
Nunca como no desporto atual as lesões,<br />
e muitas delas graves, aconteceram com<br />
tanta frequência e tão repetidamente.<br />
Os casos da NBA, discutidos da <strong>ed</strong>ição<br />
anterior, ou a dos pitchers no basebol<br />
(nesta <strong>ed</strong>ição) são apenas um exemplo.<br />
O mundial de futebol de seleções deste<br />
ano de 2014, onde os melhores jogadores<br />
chegaram ou esgotados, jogaram<br />
lesionados como Cristiano Ronaldo ou<br />
simplesmente como Ribéry nem sequer<br />
pode ser convocado. E o número altíssimo<br />
de lesões que não deixou nenhuma<br />
das 32 seleções sem pelo menos um dos<br />
seus melhores jogadores. Isto reflete<br />
nada mais que o excesso de competição<br />
dos calendários desportivos da maioria<br />
dos desportos e modalidades, onde o<br />
descanso e o repouso são insuficientes.<br />
E, a competitividade aumenta de ano<br />
para ano, onde equipas e atletas mesmo<br />
de menor gabarito obtém metodologias<br />
de treino semelhantes e como tal o espaço<br />
que antes existia entre os melhores e<br />
os menos bons, diminuiu significativamente<br />
na última década.<br />
É preciso assumir igualmente que existe<br />
atualmente uma revolução tecnológica e<br />
química e que pode, e para muitos deve,<br />
auxiliar o desporto e os seus atletas.<br />
Simplesmente, assumir que a tecnologia<br />
e a química não existem, não é uma<br />
opção e de uma forma paulatina mas<br />
progressiva, muitas das novas substancias<br />
que são artificialmente sintetizadas<br />
e produzidas em laboratórios, logram<br />
a possibilidade de eliminar muitos dos<br />
problemas acima mencionados. E levam<br />
igualmente o desporto para um outro<br />
patamar. Algo que todos os adeptos<br />
desejam.<br />
A própria saúde dos atletas pode em<br />
caso de uma politica mais pró-doping<br />
sair revigorada, dado que os atletas não<br />
necessitariam de recorrer a substâncias<br />
comprovadamente perigosas ou drogas<br />
experimentais com a potencialidade de<br />
escapar a controlos de antidoping, e<br />
poderiam usar substancias não nocivas<br />
que teriam o mesmo efeito.<br />
Um outro ponto que deve ser mencionado,<br />
é diferenciar as substâncias e<br />
metodologias que têm como principal<br />
intuito auxiliar e diminuir o tempo de<br />
recuperação e aquelas que procuram de<br />
facto criar vantagem competitivas e de<br />
aumento de performance. As primeiras<br />
devem ter uma abordagem m<strong>ed</strong>iática e<br />
legal mais positiva.<br />
Por fim, o doping faz parte do desporto<br />
desde os seus primórdios. Convivemos<br />
com eles desde sempre e sempre assim<br />
será. A legalização ou uma maior abertura<br />
a m<strong>ed</strong>idas pró-doping beneficiará<br />
a todos, principalmente aqueles que se<br />
dopam de forma ilegal, e que podem<br />
desta forma encontrar um caminho mais<br />
limpo e mais saudável.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 53
DOPING:<br />
PROIBIÇÃO!<br />
As principais razões que levam a dizer NÂO ao doping<br />
Saúde. Sem dúvida que o bem-estar dos atletas, tanto no presente<br />
como no futuro, é um dos mais fortes entraves à legalização<br />
do doping ou de uma cultura mais pó-doping no desporto.<br />
Como anteriormente sublinhamos, muitas das substâncias são<br />
altamente danosas para a saúde dos próprios e dos seus futuros<br />
filhos – os casos de má formação de fetos ou de nascença<br />
com deficiência de filhos de ex-atletas que usaram doping são<br />
imensos.<br />
Neste sentido o professor Andy Miah bioeticista da Universidade<br />
do Oeste da Escócia argumenta que é necessario ter um “Pro-<br />
Doping Agency World” para complementar a Agência Mundial<br />
Anti-Doping. “No momento os atletas olham e procuram<br />
substâncias perigosas e com riscos significativos para a saúde,<br />
mas com o quadro de escolham corretas, os atletas podem conhecer<br />
os riscos envolvidos”. E acrescenta: “Faz sentido para<br />
se certificar de que os atletas sabem o que estão a ingerir, em<br />
oposição ao atual “liberdade”, que pode levar a efeitos colaterais<br />
terríveis para si. Os esteroides anabólicos, por exemplo, têm<br />
efeitos secundários adversos que variam de acne, infertilidade<br />
e impotência, a hipertensão, a psicose e doenças cardiovasculares.<br />
Um órgão regulador que permite que os atletas sabem<br />
o que estão ingerindo iria melhorar a saúde de uma forma<br />
global”. O fair-play é entendido em um plano mais geral como<br />
uma atitude de prática desportiva moralmente boa. E apesar do<br />
termo “fair-play” se ter revelado um campo amplo o suficiente<br />
para interpretações diversas de seu significado. Uma iniciativa<br />
bastante comum é traduzi-lo como ‘jogo limpo ou qualifica-lo<br />
como ‘espírito desportivo’.<br />
54 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
“Os esteroides anabólicos, por exemplo, têm efeitos secundários adversos que variam<br />
de acne, infertilidade e impotência, a hipertensão, a psicose e doenças cardiovasculares.<br />
Para além disso: a possibilidade de liberação de uso do doping é claramente<br />
entendida como a possibilidade de utilização de todo o potencial tecnológico ao<br />
alcance dos países ricos sem as peias de ordem ética e legal, o que tornaria ainda<br />
maiores a diferença nas condições de preparação entre atletas de países desiguais”.<br />
Assim o conceito de fair-play ob<strong>ed</strong>ece a um conjunto de regras<br />
e conceitos e quebra-los é uma violação grave às regras do<br />
jogo e por consequência uma violação das regras e valores<br />
desportivos.<br />
Um outro argumento de natureza ética contra o doping é aquele<br />
que afirma que o processo de desenvolvimento de substâncias<br />
dopantes transforma a competição desportiva em uma verdadeira<br />
competição entre laboratórios de farmacologia, de tal<br />
maneira<br />
deslocando-a do seu lugar natural, as arenas e a capacidade<br />
inata e aprendida dos atletas.<br />
Octávio Tavares, no seu trabalho “doping: argumentos em discussão”,<br />
afirma: “A possibilidade de liberação de uso do doping<br />
é claramente entendida como a possibilidade de utilização de<br />
todo o potencial tecnológico ao alcance dos países ricos sem<br />
as peias de ordem ética e legal, o que tornaria ainda maiores a<br />
diferença nas condições de preparação entre atletas de países<br />
desiguais”.<br />
Outro ponto importante na argumentação é que a liberalização<br />
do doping forcará todos os atletas a recorrer a substâncias<br />
dopantes. Este raciocínio leva-nos a uma posição onde atletas,<br />
mesmo que não desejem recorrer ao doping, serão forçados<br />
ao uso do doping, por coação externa, como treinadores ou<br />
empresas parceiras, ou pela necessidade de níveis de performance<br />
mais avançadas e pela possibilidade de luta pela vitória.<br />
A realidade é que muitos atletas podem efetivamente sentir-se<br />
tentados ou forçados à transgressão, inclusive baseados em<br />
motivos bastante racionais.<br />
Temos ainda, que alterar as leis do doping, farão necessariamente<br />
ondas de choque no passado do desporto, fazendo<br />
existir, um desporto antes do doping e depois do doping. E, a<br />
consciência de que muitas novas marcas apenas serão atingidas<br />
graças a substâncias sintetizadas no laboratório. Como reagirá<br />
o adepto. Iremos ser capazes de olhar para esses futuros atletas<br />
da mesma forma que olhamos para os atletas do presente e do<br />
passado? Ou não serão olhados acima de qualquer coisa como<br />
um resultado de uma laboratório e de experiencias científicas.<br />
E, até que ponto, não diremos simplesmente, este atleta não é<br />
melhor que os outros, simplesmente tem melhores cientistas e<br />
laboratórios a trabalhar para si.<br />
Por fim, ao alterar tão drasticamente as leis do desporto não<br />
corremos um risco serio de alterar o que faz dele o que ele é?<br />
E, esse risco, não pode ser a sua morte?<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 55
HIDRATAÇÃO<br />
NO DESPORTO<br />
PROFISSIONAL<br />
A prática de exercício físico, independentemente do<br />
desporto e das condições em que a atividade é desenvolvida,<br />
leva inevitavelmente uma significativa perda<br />
de água e eletrólito (sódio e cloreto) do organismo que<br />
terá consequências para o atleta no caso de esses líquidos<br />
não serem progressivamente repostos.<br />
Atualmente estima-se que 70% da energia gerada<br />
durantes os processos fisiológicos recorrentes da<br />
atividade física não é convertida em trabalho útil,<br />
mas sim convertida em grande m<strong>ed</strong>ida em calor, que<br />
por sua vez leva à transpiração e à perda de líquidos,<br />
o que num caso extremo, pode levar à desidratações<br />
traumáticas que facilmente criam lesões e efeitos de<br />
longo prazo.<br />
Isto é de tal modo verdadeiro, que pequenas perdas<br />
de quantidade de água, perdas de água equivalentes a<br />
2% da massa corporal r<strong>ed</strong>uzem fortemente a resistência<br />
e a performance dos atletas, independentemente<br />
do clima e da altitude. Piorando quando o exercício<br />
físico se mantem por um período de tempo superior a<br />
90 minutos.<br />
Existem ainda estudos que comprovam que um descanso<br />
de vinte minutos com a reposição de líquidos<br />
de pelo menos de 50% são capazes de restaurar<br />
significativamente a capacidade física de um atleta,<br />
permitindo-lhe retomar a atividade física.<br />
Para além das elevadas perdas de desempenho e de<br />
resistência física, a desidratação eleva igualmente os<br />
riscos de cefaleias (dores de cabeça), sensação exagerada<br />
de fadiga, náuseas e as já faladas lesões como<br />
cãibras.<br />
56 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Perdas de água equivalentes a 2% da massa corporal, no exercício físico<br />
perante, r<strong>ed</strong>uzem fortemente a resistência e a performance dos atletas, independentemente<br />
do clima e da altitude. Piorando quando o exercício físico se<br />
mantem por um período de tempo superior a 90 minutos. Perdas de líquidos<br />
superiores podem criar uma sensação de fadiga extrema, náuseas, cefaleias e<br />
até aumentar seriamente o risco de lesões.<br />
Olhemos alguns dados. Uma r<strong>ed</strong>ução de<br />
massa corporal por perda de líquidos de<br />
4% tem como consequência im<strong>ed</strong>iata uma<br />
perda de forças de pelo menos de 2% a 3%<br />
e perdas de resistência de 10%, somandose<br />
ainda, as alterações a alguns músculos<br />
específicos onde as perdas são ainda maiores.<br />
Se a isto ainda adicionarmos temperaturas<br />
superiores a 30 graus centígrados<br />
as perdas do atleta são severamente superiores.<br />
Hoje existe um consenso alargado entre<br />
os especialistas suportados inclusive pelo<br />
comité olimpo que os níveis de desidratação<br />
dos atletas não devem ultrapassar os<br />
2% da massa corporal, e que esses níveis<br />
devem incluir as taxas de perdas de sódio,<br />
expelidos igualmente pelo suor. As perdas<br />
não devem ser superiores a 3 ou 4 gramas<br />
de sódio sem que a performance e mesmo<br />
a saúde seja prejudicada.<br />
A ligação entre perdas de água e lesões,<br />
a mais frequentes as cãibras musculares,<br />
acontecem principalmente de forma<br />
indireta, ou seja, pela perda de sódio e<br />
cloreto através do suor, assim para além<br />
da hidratação e da ingestão de água, os<br />
atletas devem ter em conta a necessidade<br />
de ingerirem outros alimentos ou suplementos<br />
que possam repor os seus habituais<br />
níveis de eletrólitos.<br />
O processo de hidratação do atleta deve<br />
ser contínuo, ou pelo menos, ser iniciado<br />
uma semana antes no início da competição<br />
ou de um treino de alta intensidade.<br />
É importante ressalvar que uma hidratação<br />
excessiva é tão prejudicial quanto a<br />
falta de líquidos, provocando nos atletas<br />
uma sensação de enfartamento, e pior,<br />
aumentando as taxas de suor expelidas, o<br />
que provoca maiores perdas de eletrólitos.<br />
Por fim, as áreas geográficas, como a altitude,<br />
e o clima, calor ou humidade, devem<br />
ser tidas em contas quando se esboça o<br />
plano de hidratação do atleta.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
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TRIATLETAS: TRÊS ERROS<br />
COMUNS<br />
No desporto atual altamente competitivo todos os<br />
detalhes no treino fazem a diferença e no triatlo<br />
não é diferente. Existe um conjunto de práticas e<br />
cuidados na preparação para as competições que<br />
não devem ser descuidados quem o faz comete<br />
erros estratégicos graves. Nas próximas linhas iremos identificar<br />
três dos mais frequentes.<br />
Testes periódicos de taxas de suor durante o esforço. Como analisado<br />
no artigo acima a “ importância da hidratação no desporto<br />
profissional” basta uma perda de água em 2% da massa corporal<br />
para um abaixamento considerável na performance e capacidade<br />
física do atleta. Assim é fundamental que exames e m<strong>ed</strong>ições, o<br />
quanto mais precisas melhor, da taxa de perdas de liquido durante<br />
os exercícios para que aquando da competição o atleta saiba com<br />
exatidão a quantidade de líquidos que necessita ingerir e não se fie<br />
apenas na s<strong>ed</strong>e que sente.<br />
Apostar numa dieta calórica e energética inadequada ou simplesmente<br />
suspendem a sua dieta, tendo como principal propósito<br />
perder uns quilos, ou o que também acontece diversas vezes por<br />
quebra de resistência mental. Por norma, a dieta dos triatletas é<br />
altamente exigente, com o consumo de carboidratos periódicos ao<br />
longo do dia e obrigando a um constante “auto-supervisionamento”<br />
difícil de perpetuar ao longo do tempo. Acontece igualmente<br />
que a dieta calórica indo de encontro às necessidades competitivas<br />
pode ainda assim causar uma sensação de fome ao atleta e este<br />
efetuar novas alimentações desadequadas.<br />
Procurar nos suplementos deficiências ou erros na preparação do<br />
treino, como se esses mesmos suplementos funcionassem como<br />
um atalho que tudo resolve. Um erro monumental. Os suplementos<br />
servem acima de tudo para responder e corrigir algumas<br />
deficiências nutricionais como vitaminas ou cálcio, entre muitos<br />
outros.<br />
Ana Matos, especialista em nutrição<br />
contato@desportoeesport.com<br />
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PEP GUARDIOLA:<br />
AS TÁTICAS – DE BARCELONA A MUNIQUE<br />
G<br />
uardiola venceu e<br />
vence mais que os<br />
outros porque eleva<br />
táticamente as suas<br />
equipas a patamares superiores.<br />
Neste artigo vamos analisar um<br />
pouco mais todos os detalhes<br />
tecnicos das duas equipas que<br />
treinou ao mais alto nivel –<br />
Barcelona e Bayern de Munich.<br />
Comecemos, no entanto, por<br />
desenhar um breve perfil da<br />
sua carreira e da sua filosofia de<br />
jogo e das origens desta.<br />
Pep Guardiola é um raro exemplo<br />
de alguém que ousou inovar,<br />
modernizando os valores e táticas<br />
dominantes no futebol e com<br />
isso mudou o jogo. Mudou-o<br />
vencendo e criando aquela que<br />
foi para muitos a melhor equipa<br />
de sempre – o Barcelona de 2008<br />
a 2012. As equipas que treinou<br />
não só obtiveram sucesso nos<br />
respetivos campeonatos nacionais<br />
como nas provas europeias,<br />
como serviram de base para as<br />
duas últimas seleções campeãs<br />
do mundo. Guardiola, que tem<br />
apenas 42 anos e menos de uma<br />
década enquanto treinador,<br />
ganhou uma aura mística como<br />
possivelmente nunca nenhum<br />
outro treinador o conseguiu na<br />
história do futebol. Neste sentido<br />
Virendra Karunakar escreve:<br />
“O nome de Guardiola não representa<br />
simplesmente mais um<br />
homem; ele tem vindo a representar<br />
uma fé, uma crença,<br />
uma filosofia; uma filosofia que<br />
alcança o sucesso de forma consistente<br />
e ao mais alto nível”.<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 59
Guardiola chegou a treinador principal do Barcelona em 2008 e<br />
assumia para si a responsabilidade de reconstruir uma equipa que<br />
apenas dois anos antes tinha ganho tudo o que havia para ganhar<br />
mas que num espaço de um ano parecia que tinha desaprendido<br />
de jogar. A única saída era a revolução. Saíram jogadores. Entre<br />
eles, aquele que era considerado o melhor do mundo na altura –<br />
Ronaldinho Gaúcho. E fez entrar uns tantos novos, a maioria vinda<br />
da formação ou da equipa B. A construção do jogo do “renovado”<br />
Barcelona passou essencialmente por uma filosofia de harmonia,<br />
ritmo de trabalho, alta intensidade todo o jogo, paciência, circulação<br />
de bola, jogo zonal, jogo posicional e, finalmente dinamismo.<br />
A filosofia de passe era tão determinante neste novo Barcelona de<br />
Guardiola, que levou a alcunha de Tiki Taka. Esta forma de jogar,<br />
como o próprio Guardiola já o afirmou, foi inspirada no futebol<br />
praticado pela seleção brasileira dos anos 70 e 80 que apesar de<br />
poucos títulos encantaram o mundo. Não joguei no Brasil. “ O que<br />
tentamos fazer foi passarmos a bola o mais rápido possível. É o que<br />
o Brasil fez a sua vida inteira”, afirmou Guardiola em conferência<br />
de imprensa após a vitória do Barcelona sobre o Santos (4-0) na<br />
final do Mundial de Clubes em Yokohama, em 2011.<br />
Depois de quatro anos de muito sucesso Guardiola abandona a<br />
equipa de Barcelona. Passa um ano sabático, e depois aceita o<br />
desafio de se sentar no banco de suplentes do Bayern de Munich,<br />
que havia ganho tudo o que havia para ganhar na época anterior.<br />
Depois de muitas dúvidas sobre o que podia acrescentar aquela<br />
que era já para muitos a melhor equipa do mundo, as primeiras<br />
respostas surgiram logo nos primeiros jogos, e novamente com a<br />
cultura de posse e vários passes na base do jogo. Mas ao contrário<br />
do que acontece com muitas equipas, que circulam a bola à espera<br />
do erro, as equipas de Guardiola, apostam num paradigma diferente:<br />
“provocar e soltar a bola”. Com isto o adversário não fica só<br />
à espera, tem que reagir constantemente<br />
No principio havia o 4-3-3 (Barcelona)<br />
Na primeira temporada no Barcelona, Guardiola operou a sua<br />
equipa pronominalmente no 4-3-3, seguro na posse da bole, movendo<br />
a bola constantemente do centro para as laterais e vice-versa,<br />
na constante procura do desequilíbrio da equipa adversaria, com<br />
uma rapidez de execução acima da média, com dois ataques no<br />
pico da forma, Thierry Henry e Samuel Eto’o, e o génio de Lionel<br />
Messi a despoletar. Atrás Sergio Busquets, promovido da equipe<br />
B ou Toure, como médios mais defensivos, e no centro do terreno<br />
Andres Iniesta e Xavi, uma dupla que era o motor da equipa.<br />
Com a saída de Eto’o e com a experiencia falhada de Zlatan<br />
Ibrahimovic como homem golo, Messi foi convertido a atacante<br />
centro. Uma decisão acertada já que os números na concretização<br />
de Messi dispararam – 2008-09 foi a última vez que Messi marcou<br />
menos de 49 golos em todas as competições. Este modelo tático<br />
abdicou do que vulgarmente é chamado de número 9 e de uma<br />
referência fixa na grande área, viveu sobretudo da mobilidade e do<br />
entendimento dos três homens da frente.<br />
No ano seguinte, um novo ano de glória para a equipa do<br />
Barcelona, deu-se aquilo que se convencionou-se chamar-se troca<br />
por troca, David Villa ocuparia o papel de Henry fora de largura<br />
à esquerda após a partida do francês e P<strong>ed</strong>ro iria assumir o cargo<br />
de largura direita – sendo que este ultimo ocupava um lugar muito<br />
intermitente no onze titular.<br />
60 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Depois apareceu o 4-4-2 que se desdobrava no 4-1-3-2 (Barcelona)<br />
Na última época de Guardiola à frente do Barcelona, apareceu um jogador que haveria de “obrigar” a mudar a conceção<br />
tática da equipa – Cesc Fabregas.<br />
Uma mudança para o 4-4-2 e a introdução do conceito de falso 9 e com a substituição de P<strong>ed</strong>ro por Alexis Sanchez.<br />
Com a mobilidade dos homens da frente o modelo tático muitas vezes alterava-se para um 4-1-3-2 com Messi e Sanchez<br />
na frente. Alves na lateral e Abidal ao centro eram duas peças fundamentais para manter a fluidez de jogo e Busquets<br />
assumia para si um papel chave na manutenção dos equilíbrios.<br />
Do tempo de Guardiola no Barcelona haveria de ficar também a perceção que o jogo ofensivo deve começar nos defesas<br />
e a boa qualidade destes com a bola nos pés é elementar para a equipa. Fica igualmente a qualidade das desmarcações<br />
e do jogo sem bola de todos os jogadores, na constante procura de oferecer linhas de passe. Por fim, salienta-se também<br />
a qualidade na recuperação de bola onde os jogadores funcionavam como um bloco coeso no desarme do jogador<br />
adversário portador da bola. Abaixo a explicação do tiki taka.<br />
Novo desafio, Novo esquema tático: 4-1-4-1 (Bayern de<br />
Munich)<br />
Guardiola apostou numa formação 4-1-4-1. A tática imposta por<br />
Guardiola teve como objetivo explorar a profundidade do Bayern no<br />
meio-campo, especialmente em torno da capacidade de Toni Kroos<br />
para distribuir, circular em todo o meio do campo e igualmente assumir<br />
o papel de organizador de jogo. Enquanto no Barça, Guardiola tinha<br />
jogadores de baixa estatura à sua disposição, que eram muito bons na<br />
posse; no Bayern tinha jogadores mais diretas e verticais como Thomas<br />
Müller, Arjen Robben e Franck Ribery o que permitia uma maior variação<br />
de passe curto com passe longo, tornando sempre imprevisível o<br />
que a equipa ia fazer num determinado momento.<br />
Philip Lahm, o melhor lateral-direito do mundo, foi “re-programado”<br />
para jogar como m<strong>ed</strong>io defensivo e passou a fazer dupla com Bastian<br />
Schweinsteiger. Esta mudança mostrou-se fundamental para criar o<br />
tipo de jogo que Guardiola tanto gosta e passa pela manutenção da<br />
bola o maior tempo possível e foi igualmente importante para a variação<br />
passes – entre curto e longo – bem como transportar o esférico em<br />
que Lahm é especialista. Rafinha, que ocupou a vaga deixada vaga por<br />
Lahm na direita também se mostrou um enorme trunfo para o ataque<br />
dado que passou a ocupar por diversas vezes os espaços deixados vagos<br />
por Ribery que passou habitar zonas mais centrais no campo.<br />
2014-2015: 3-4-3? (Bayern de Munich)<br />
Após a meia-final perdida para o Real-Madrid na época passada, o<br />
Bayer passou a utilizar algumas vezes o modelo 3-4-3, inclusive contra<br />
o Borussia Dortmund na final da DFB (taça da Alemanha). E mesmo<br />
nesta presente época Guardiola tem apostado consistentemente nesta<br />
nova forma de jogar. Ainda é c<strong>ed</strong>o para perceber se esta mudança é<br />
ou não definitiva e em próximos artigos iremos analisar este modelo<br />
tático com mais pormenor.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 61
FOTOGRAFIA DO M<br />
MANUEL NEUER O “<br />
62 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
ÊS:<br />
LIBERO” ALEMÃO!<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 63
TREINO VS. TALENTO<br />
T<br />
reino e pratica continuada ou a genética e talento<br />
inato: qual dos dois tem mais impacto na formação<br />
dos génios do desporto? Durante anos, esta foi uma<br />
das principais questões do desporto e discutidas<br />
por dirigentes, treinadores e adeptos um pouco por<br />
todo o mundo. E, como a discussão do ovo e da galinha, até agora,<br />
não se havia chegado a nenhum consenso. No entanto, os avanços<br />
tecnológico, principalmente da genética, mas não só, também os<br />
avanços das metodologias de treino e de análise do progresso dos<br />
atletas tem desbravado caminho virgem e chegou a pelo menos a<br />
algumas conclusões. Ainda que complexas e com variadas interpretações.<br />
Logo num primeiro ponto, até agora, e apesar dos inúmeros<br />
esforços dos cientistas, não se encontrou qualquer “gene de desempenho”,<br />
e como tal, pelo menos para já, é de supor que ele não<br />
existe. Sendo que é ainda suportado por muitos especialistas, que<br />
os “genes do desempenho” são uma realidade, e a única razão para<br />
não os ainda termos descobertos é o facto de eles serem numerosos,<br />
com pequena influência individual, e demasiado complexo<br />
para os meios tecnológicos atuais.<br />
O treino e o esforço são uma parte fundamental para o êxito do<br />
atleta, assim como centenas de outros pequenos fatores incontroláveis,<br />
mas existe cada vez mais a perceção, suportada por estudos<br />
validos e aceites pela comunidade científica, que é a genética que<br />
desempenha o papel mais relevante para que o atleta suba ao patamar<br />
do profissionalismo e da excelência.<br />
Olhemos por exemplo para os seguintes dados. Num recente<br />
estudo, os resultados apresentados mostram claramente o papel<br />
da genética, demonstrando que apenas apenas 28% da variação no<br />
desempenho poderia ser explicado por 15 anos (as muito faladas<br />
10.000 horas de treino) de tempo de prática.<br />
Em estudos realizados com um considerável conjunto, cerca de<br />
300 a 400 indivíduos (já praticantes de desporto), sujeitos a um<br />
treino intenso durante períodos compreendidos entre os 4 e os 6<br />
meses, concluiu que apenas menos de 5% dos testados apresentou<br />
melhoras significativas e relevantes.<br />
Estes testes foram realizados por diversos países e em diversos<br />
continentes e os resultados não poucas ou nenhumas variações<br />
tiveram com os acima apresentados. Apenas, um estudo similar<br />
realizado pelo Quénia apresentaram ligeiras diferenças, subindo<br />
para 7% o número de atletas que aumentaram significativamente<br />
a sua performance.<br />
Outro mito que a ciência tem vindo a desmentir é as 10.000 horas.<br />
Com origem em 1993 pela Ericsson, estudando a capacidade dos<br />
violinistas, e mostrou que a performance foi determinada pelas<br />
horas acumuladas de treinamento até a idade de 20. Ou seja, o<br />
melhor especialistas havia acumulado o número mágico de 10<br />
mil horas, enquanto que os classificados como apenas “bom” ou<br />
64 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
A questão do ACTN3:<br />
ou “menos consumado” foram encontrados para ter feito apenas<br />
8.000 ou 5.000 horas de prática, respetivamente. Mas os estudos<br />
mais recentes demostram claramente que para esses “mesmo<br />
bons”, bastam 3.000 horas de trabalho para chegar ao seu índice de<br />
performance mais elevada.<br />
Obviamente que estes dados não eliminam a importância do treino<br />
e dos métodos de treino para potenciarem a performance dos<br />
atletas, mas indicam claramente que a genética e o talento inato são<br />
o fator mais preponderante para o êxito desportivo.<br />
Diogo Sampaio e Vitor E.Santos<br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
O ACTN3 resulta da síntese de<br />
uma forma truncada e não-funcional<br />
de alfa-actinina-3. Os cientistas<br />
expuseram que os indivíduos<br />
com a variante em de cópias do<br />
seu gene ACTN3 pode ter uma<br />
pré-disposição natural para a<br />
resistência (eventos relacionados<br />
com cagas de energia aeróbica),<br />
tais como corrida de longa distância,<br />
natação distância ou esqui.<br />
Esses atletas com uma cópia da<br />
variante no seu gene ACTN3.<br />
Pode ser igualmente adequado<br />
para tanto resistência e Sprint /<br />
potência desportiva como o futebol<br />
ou andar de bicicleta. Atletas<br />
que não possuem nenhuma cópia<br />
da variante na sua ACTN3 gene<br />
podem ter uma pr<strong>ed</strong>isposição<br />
natural para a velocidade desportes<br />
ou potência como eventos<br />
de futebol, levantamento de peso<br />
e de sprint. A presença deste gene<br />
nas populações jamaicanas é tido<br />
como um dos fatores responsável<br />
pela performance dos sprinters<br />
deste país.<br />
No entanto, este é inclusive um<br />
polimorfismo de DNA relativamente<br />
comum. Esta presente em<br />
cerca de 18% a 25% da população<br />
geral, com ligeiras diferenças<br />
dependendo da região geográfica.<br />
O facto de este gene ser relativamente<br />
comum, como os dados<br />
acima tão bem demostram, saem<br />
do foco da pergunta que faz titulo<br />
deste artigo, uma vez que se procura<br />
fatores que possam fazer a<br />
diferença entre indivíduos e não<br />
entre população.<br />
Poderá obter mais dados deste<br />
gene na primeira <strong>ed</strong>ição da<br />
Desporto&<strong>Esport</strong>.<br />
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Desporto&<strong>Esport</strong><br />
www.Desportoe<strong>Esport</strong>.com<br />
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e<br />
dê-nos<br />
a<br />
sua<br />
Opinião<br />
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Doping: Proibição? Legalização?<br />
DOPING:<br />
CONCLUSÕES FINAIS<br />
Concorda com a introdução de substâncias e suplementos dopantes no deporto de alto nível?<br />
Resultado do inquérito feito aos leitores da Desporto&<strong>Esport</strong> feito por quiz na plataforma online em Outubro de 2014<br />
ODoping no desporto é uma questão polemica,<br />
fraturante, e ainda, tabu. Apoiar o uso de substâncias<br />
que artificialmente aumentam a performance<br />
ou diminuam o tempo de repouso são, tanto na<br />
opinião especializada e na opinião pública, fortemente criticadas<br />
e condenadas. Muitas vezes, no entanto, as opiniões emitidas<br />
desconhecem os fatos ou estão desfasadas da realidade e dos avanços<br />
tecnológicos e na química que o desporto tende a rejeitar com<br />
veemência.<br />
Acontece que em muito breve trecho seremos obrigados a r<strong>ed</strong>efinir<br />
o desporto espetáculo de alto nível e de muitos milhões, e colocando<br />
de forma o mais simples possível: optar pela introdução de<br />
substâncias e métodos tidos até agora como dopantes ou iniciar<br />
uma inflexão competitiva. O número de lesões e o desgaste assim<br />
o vão obrigar; já é possível vermos estes sinais. Com estes artigos<br />
e o tema que chamamos para capa desta segunda <strong>ed</strong>ição não pretendemos<br />
assumir uma posição sobre a legalização ou proibição<br />
do doping. Assumimos unicamente a necessidade e a premência<br />
de iniciar um debate sobre o tema. Um debate sem tabus. Onde<br />
atletas, treinadores, dirigentes e adeptos sejam chamados a opinar<br />
e se criem consensos pelo diálogo ou invés da pré-condenação, o<br />
sistema atual para quem levanta a voz a defender unicamente o<br />
debate.<br />
Julgo que foi conseguido, ainda que genericamente, dar voz aos<br />
principais argumentos, dificuldades e condicionantes do tema que<br />
nos propusemos debater e cabe ao leitor definir a opinião; uma<br />
opinião que teríamos muito gosto que partilha-se connosco, tanto<br />
no contato direto como pela nossa plataforma online.<br />
Por fim, os resultados do nosso QUIZ aos leitores é bem demostrativo<br />
da divisão de opiniões que este tema produz mas que<br />
encaramos como algo extremamente positivo e que levará a um<br />
debate mais rico e aprofundado.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com • 67
FILME<br />
UM HOMEM FORA DE SERIE: UM<br />
SONHO DE MENINO PARTILHADO<br />
POR TODOS OS ADULTOS<br />
68 • Desporto&<strong>Esport</strong> • www.desportoeesport.com
Quem nunca sonhou em pequeno jogar profissionalmente<br />
o seu desporto preferido? E, quem em adulto,<br />
não fantasia sonhos impossíveis, onde num passe de<br />
mágica, o corpo se move para o centro do terreno,<br />
no mais barulhento dos estádios, a meio de uma<br />
final? Muito poucos. Arrisco-me a dizer quase nenhuns. O sonho e<br />
a fantasia faz parte do ADN do desporto e o grande feitiço é fazernos<br />
sonhar com o impossível, com os desejos irrealizáveis e com a<br />
nossa própria transcendência. O filme The Natural, em português<br />
Um homem fora de serie, leva-nos por entre a grande tela branca<br />
dos cinemas, para um mundo, onde o homem adulto conquista<br />
o sonho de menino. O “wonderboy”, Roy Hobbs, é representado<br />
por Robert R<strong>ed</strong>ford, um prodígio desde a infância para a prática<br />
do basebol, cria inclusive o seu próprio taco com madeira de uma<br />
árvore atingida por um raio, que devido às circunstâncias da vida<br />
é obrigado a abandonar no final da adolescência o desporto profissional,<br />
depois de ter conseguido uma indicação para jogar pelos<br />
Chicago Cubs. Mas, dezasseis anos depois, em 1939, quando Roy<br />
vive já na segunda metade dos seus trinta anos, aparece uma nova<br />
oportunidade, e ele ingressa no New York Knights, uma equipa da<br />
primeira divisão mas que ganha muito pouco.<br />
Aparecendo como um total desconhecido e numa idade em que a<br />
maioria dos jogadores já pensa na reforma, sentimos ao longo de<br />
toda a primeira metade do filme, todos os entraves à sua presença<br />
e é visível em quase todos uma desconfiança total às suas capacidades.<br />
O treinador principal acha-o demasiado velho e está sempre<br />
reticente em dar-lhe uma oportunidade. Os seus companheiros<br />
acham-no uma farsa. A imprensa desportiva têm-no como uma<br />
an<strong>ed</strong>ota. E, é neste clima de desconfiança, que o talento de Roy<br />
imerge, e os risos que lhe eram constantemente lançados deram<br />
lugar a expressões de admiração e gaudio, principalmente dos fãs.<br />
Transformando uma equipa que somava derrotas atras de derrotas,<br />
numa equipa venc<strong>ed</strong>ora, capaz de ir à grande final.<br />
Este é também um filme de vilões e de múltiplas tentações, e de<br />
amores antigos – a antiga namorada de Roy, Iris, bem c<strong>ed</strong>o entra<br />
na história, dando uma nova oportunidade a um amor que tinha<br />
sido precocemente abandonado. Roy consegue manter-se sempre<br />
fiel ao desporto que tanto glorifica e torna real o seu maior desejo:<br />
“ser o melhor jogador de sempre”.<br />
Um homem fora de serie é um filme americano de 1984 dirigido<br />
por Barry Levinson, e para além de Robert R<strong>ed</strong>ford, conta também<br />
com Glenn Close, Robert Duvall, kim Basinger ou Wilford<br />
Brimley. Adaptado de um romance com o mesmo nome de<br />
Bernard Malamud, <strong>ed</strong>itado pela primeira vez em 1952, este é<br />
um filme bem representado, bem dirigido e com uma fotografia<br />
excecional. Este é um filme feito por quem entende o jogo e ama<br />
o jogo, e olha para o desporto como a possibilidade da conquista<br />
do sublime.<br />
Este não é com certeza um filme para aqueles que procuram no<br />
cinema a total transposição da realidade das nossas vidas. Nem<br />
para os mais cínicos. Este é um dos raros filmes que p<strong>ed</strong>e a homens<br />
adultos que sonhem como crianças. Que acr<strong>ed</strong>item no impossível.<br />
E desejem o inalcançável. No fundo, p<strong>ed</strong>e o mesmo que o<br />
desporto.<br />
Diogo Sampaio, diretor e colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
d_sampaio@desportoeesport.com<br />
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LIVRO<br />
O TREINO DA<br />
TOMADA DE DECISÃO<br />
(ARBITRAGEM)<br />
T<br />
alvez em nenhum país, como em Portugal, a arbitragem no<br />
futebol ocupe tanto espaço na opinião publicada e televisiva.<br />
Todos os lances suscetíveis de alguma dúvida são analisados<br />
e reanalisados ao pormenor até à exaustão. Quase<br />
nunca o consenso é alcançado. E ainda mais raramente<br />
a arbitragem é debatida nos pontos em que verdadeiramente interessa<br />
e lhe agregue algo de positivo para o futuro. Um dos raros exemplos<br />
contrários é “ O treino da tomada de decisão” de P<strong>ed</strong>ro Henriques e<br />
Duarte Araújo. Ainda que datado de 2012, este livro continua atual e<br />
decisivo para melhor entender os árbitros e as suas tarefas dentro do<br />
campo de jogo.<br />
Transcrevendo parte da sinopse: “Esta investigação estudou o treino da<br />
tomada de decisão do árbitro de futebol. A análise começou pela identificação<br />
e organização sistemática das situações críticas para a intervenção<br />
do árbitro que ocorrem num jogo de futebol, de modo a que os elementos<br />
identificativos referentes a cada situação estivessem discriminados o<br />
mais detalhadamente possível. Esta análise tomou a forma de uma tabela<br />
que foi sujeita a uma validação efetuada por cinco peritos em ciências do<br />
desporto, futebol e arbitragem. Seguidamente procurou-se identificar a<br />
frequência de ocorrência, bem como a importância para o resultado do<br />
jogo, das situações críticas validadas em 30 jogos do campeonato nacional<br />
da 1.ª Liga Portuguesa. Posto isto, passou-se à conceção de exercícios<br />
de treino que pudessem intervir nas situações críticas levantadas, em<br />
concordância com os princípios teóricos que explicam a tomada de<br />
decisão do árbitro. Um dos aspetos metodológicos que caracterizou esta<br />
conceção foi a representatividade dos exercícios, para o comportamento<br />
em jogo. Neste sentido, foi elaborada uma bateria de exercícios para treino<br />
da tomada de decisão no terreno de jogo, de modo a que os árbitros<br />
e árbitros assistentes fossem colocados perante as mesmas condições que<br />
ocorrem no jogo. Os exercícios elaborados foram posteriormente ministrados<br />
no Centro de Treino de Lisboa da Liga Portuguesa de Futebol<br />
Profissional (LPFP) aos árbitros e árbitros assistentes da 1.ª categoria<br />
nacional, sendo depois submetidos a uma apreciação por parte desses<br />
árbitros através de um questionário.”<br />
Ricardo Reis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
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O NÚMERO DO MÊS:<br />
253<br />
O NÚMERO QUE FAZ DE MESSI O MELHOR<br />
MARCADOR DA HISTÓRIA DA LIGA<br />
ESPANHOLA<br />
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SOFTWARE<br />
ZENPLANNER:<br />
SOFTWARE DE GESTÃO DESPORTIVA<br />
PARA COMUNIDADES OU GINÁSIO DE<br />
FITNESS E MUSCULAÇÃO<br />
A<br />
gestão desportiva, como a gestão de uma qualquer<br />
empresa ou organização, não sobrevive sem o apoio<br />
de software especializado. Isto acontece e será cada<br />
vez mais uma realidade muito em graças não só à<br />
“digitalização do Mundo” mas sobretudo à necessidade de rapidez<br />
e eficiência em organizações que estão cada vez mais segmentadas<br />
e criam exponencialmente informação a cada novo ano. Os<br />
gestores e as áreas de gestão apoiam-se, e bem, no software para<br />
gerir o dia-a-dia das suas empresas e os clubes e organizações<br />
desportivas não são uma exceção. Nesta <strong>ed</strong>ição apresentamos o<br />
Zenplanner.<br />
Zenplanner é um pacote de software especialmente pensado<br />
para ginásios ou comunidade ligadas ao fitness e permite gerir<br />
um sem número de áreas de uma forma fácil e intuitiva como<br />
são exemplo: o processamento integrado de pagamento, agendamento,<br />
gestão de adesão, e-mail e modelos de site, entre muitos<br />
outros. Possibilitando desta forma uma gestão centralizada num<br />
único pacote de software eliminando a mais que certa confusão e<br />
trabalho de compatibilizar várias aplicações, cada uma com a sua<br />
funcionalidade distinta e os seus requisitos específicos.<br />
Com funcionalidades de faturação e de finanças, é também de<br />
grande ajuda para desenvolver e se manter a par das sessões de<br />
treino dos utilizadores das instalações.<br />
Com ajuda integrada e “instrutores” da aplicação sempre disponíveis,<br />
assim como uma comunidade forte e sempre disponível,<br />
esta é uma solução perfeita para quem pretende ter num único<br />
pacote de software todas as funcionalidades básicas para gerir o<br />
seu negócio.<br />
P<strong>ed</strong>ro M. Silva colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
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APLICATIVO WEB<br />
ONEFOOTBALL:<br />
RESULTADOS DE FUTEBOL EM DIRETO<br />
E<br />
sta aplicação Web, tal como o nome indica para<br />
amentes do desporto rei, disponibiliza em tempo<br />
real os resultados dos jogos de futebol de todos<br />
os campeonatos mais importantes e decisivos.<br />
Fundamental para se saber um resultado, ver uma tabela classificativa,<br />
verificar o agendamento dos jogos ou procurar dados<br />
estatísticos sobre as equipas em campo, de forma rápida, simples<br />
e intuitiva. Tem ainda um sistema de atualização em runtime que<br />
permite ao utilizador estar atualizado aos resultados dos jogos que<br />
pretende acompanhar. Permite ainda parametrizar os clubes e ligas<br />
preferidas para que o utilizador tenha acesso im<strong>ed</strong>iato aos<br />
seus favoritos.<br />
Em comparação com aplicativos similares, é o sistema de relatório<br />
em direto por texto escrito por diversos jornalistas de renome, que<br />
asseguram a veracidade e a coerência dos textos.<br />
Um dos pontos que podem fazer alguns torcer o nariz ou a felicidade<br />
de outros é o interface da aplicação que é algo complexo,<br />
apresentando bastantes opções de customização. Por último, a<br />
opção para receber notificações também esta presente nesta aplicação.<br />
Tiago Dinis, colunista Desporto&<strong>Esport</strong><br />
contato@desportoeesport.com<br />
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