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Virgínia Woolf: A Morte e a Donzela - Saúde Mental

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Leituras / Readings<br />

Saúde <strong>Mental</strong> <strong>Mental</strong> Health<br />

Após a morte de Virgínia, Leonard confessou a Vanessa<br />

que tinha depositado as cinzas da sua mulher debaixo de<br />

um casal de ulmeiros que ela costumava chamar Leonard<br />

e Virgínia. Encima do tronco de um deles mandou colocar<br />

uma placa com as últimas linhas do romance As Ondas: “A<br />

<strong>Morte</strong> é o nosso inimigo. É contra a <strong>Morte</strong> que cavalgo de<br />

lança em riste e os cabelos flutuando ao vento.” 10 A figura<br />

de Leonard faz-nos pensar em todos aqueles homens e<br />

mulheres amantes, que observamos nas consultas dos<br />

nossos doentes, cuidadores infatigáveis, que conseguem<br />

acompanhar, dia a dia, a doença mental dos seus companheiros,<br />

aguentando situações que, por vezes, parecem<br />

insustentáveis, até para nós, cuidadores profissionais. A<br />

sua presença torna mais leves as horas mais negras e difíceis.<br />

Bibliografia:<br />

1. Dunn Jane (1993): Vanessa Bell, Virgínia <strong>Woolf</strong>. Circe. Barcelona<br />

(tradução espanhola do original inglês “A very close conspiracy”).<br />

2. Cunninghan M (2000): As Horas. Gradiva. Lisboa.<br />

Leonard <strong>Woolf</strong><br />

8 - E quem se lembra de Leonard <strong>Woolf</strong>?<br />

Leonard <strong>Woolf</strong>, intelectual judeu, socialista activo e comprometido,<br />

assume, nesta história, um papel secundário,<br />

embora transcendental. Ficará na história por ser o marido<br />

de Virgínia e talvez, por ter criado, junto com ela, a editora<br />

Hogarth Press, em cuja imprensa foram publicadas, entre<br />

outras, a obra completa de Freud vertida para o inglês por<br />

James Stratchey; ao lado das obras de outros autores da<br />

geração de Bloomsbury (os romances de E.M. Foster, para<br />

além, obviamente, de todas as obras da própria Virgínia) e<br />

de obras emblemáticas de outros autores contemporâneos<br />

(The Waste Land de T.S.Eliot, a poesia de Auden e<br />

Spender). Leonard foi, no entanto, o pilar imprescindível da<br />

vida de Virgínia, conseguindo ser, ao mesmo tempo, o<br />

marido tenaz e incansável, e o amigo capaz de servir de<br />

suporte emocional e artístico da criadora. Durante as múltiplas<br />

recaídas da sua doença mental, a sua presença (juntamente<br />

com a da irmã, Vanessa Bell) foi o factor decisivo<br />

para uma recuperação cada vez mais difícil.<br />

3. Grashoff, Udo (2006): Vou-me embora: Cartas suicidas. Editora<br />

Quetzal. Lisboa.<br />

4. Bell, Quentin (2003): Virgínia Wolf. Lumen. Barcelona (tradução<br />

espanhola do original inglês “Virgínia <strong>Woolf</strong>: A Biography”).<br />

5. <strong>Woolf</strong> V (2003): La señora Dalloway. Introducción de Mário<br />

Vargas Llosa. Lumen. Barcelona.<br />

6. <strong>Woolf</strong> V (2005): Um quarto só para si. Relógio D´Água. Lisboa.<br />

7. <strong>Woolf</strong> V (1994): Orlando. Relógio D´Água. Lisboa.<br />

8. Jamison KR (1993): Touched with Fire: Manic-Depressive Illness<br />

and the Artistic Temperament. The Free Press. New York.<br />

9. Gustavo Figueroa C (2005): Virginia <strong>Woolf</strong>: enfermedad mental y<br />

creatividad artística. Rev Méd Chile 2005; 133: 1381-1388.<br />

10. <strong>Woolf</strong> V (1988): As ondas. Relógio D´Água. Lisboa.<br />

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