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JORNAL DE LEIRIA | 5 DE JULHO DE 2007 | V | I | V | E | R | 14| ARQUIVO/JL Livros Na terça-feira Livro de Zita Seabra apresentado em Óbidos Óbidos recebe, na terça-feira, Zita Seabra para a apresentação da sua mais recente obra. A apresentação de Foi assim vai decorrer na Rua Josefa de Óbidos, pelas 22 horas, com a presença do presidente da autarquia, Telmo Faria, e do investigador Carlos Gaspar. Durante esta promoção conjunta da Aletheia Editores e do município de Óbidos, será servida ginja daquela vila medieval. Nazaré Histórias fantásticas de Isabel e André Amaral A Biblioteca Municipal da Nazaré acolhe, no próximo sábado, dia 7, pelas 15:30 horas, a sessão de apresentação do mais recente livro de Isabel Ricardo Amaral e a estreia literária do seu filho, André Amaral. A escritora nazarena acaba de lançar o derradeiro episódio da saga Os guerreiros da luz, com A batalha final. Quando, em tempos remotos, uma terrível criatura foi aprisionada durante mil anos, um mestre templário profetizou o nascimento de três heróis, cuja missão seria derrotar para sempre o Senhor das Trevas. André Amaral, de 17 anos, estreiase na edição de livros, com A Demanda do Talismã, sob a chancela da Planeta Editora. Trata-se também de uma obra na senda do género fantástico. Segundo a editora, “André Amaral promete vir a revelar-se o menino-prodígio da literatura portuguesa, pelo talento demonstrado”. Leiria Encontros e desencontros na Praça Rodrigues Lobo Divórcio, amor, prazer e traição são os temperos de Encontros e desencontros, livro de Tereza Freitas, editado pela Imagens&Letras e apresentado na próxima quinta-feira, na Praça Rodrigues Lobo. Encontros e Desencontros é um romance centrado na descoberta do prazer físico por uma mulher que depois de um divórcio nunca mais amou e julgava ter selado o coração e o corpo. “Até ao dia em que jantou com Miguel, amigo de lides partidárias, marido de uma professora universitária que vivia destroçado com a infidelidade da mulher. Nessa noite amaram-se uma e outra vez. Ela nem quer acreditar. Era como se tivesse voltado a ser ARQUIVO/JL DR virgem. Desde que se divorciara há 12 anos nunca mais se envolvera sexualmente.” Nunca mais se voltou a encontrar com Miguel. “Depois daquela primeira experiência que tive em Agosto, fiquei mais solta, mais liberta de algumas teias de aranha.” - S U G E S T Õ E S A R Q U I V O Actualidade Terror na Rússia ALEXANDER LITVINENKO; YURI FELSHTINSKY EDITORA: PORTO EDITORA -IDEIAS DE LER Romance A Chave de Casa TATIANA SALEM LEVY EDITORA: COTOVIA Romance Segredos de Família KIM EDWARDS EDITORA: CIVILIZAÇÃO Biblioteca Independente Contos de São Petersburgo NIKOLAI GÓGOL EDITORA: VÁRIAS (COL. BIBLIOTECA INDEPENDENTE) Banido na Rússia, escrito de forma eloquente e fundamentado em documentos reveladores, este livro traz-nos o violento ataque do antigo oficial do KGB, Alexander Litvinenko, aos seus antigos mentores nos serviços secretos. Com o apoio do académico Yuri Felshtinsky, Litvinenko expõe o uso dos métodos letais do KGB para catapultar Vladimir Putin para o poder, como um dos mais populares líderes russos alguma vez eleitos. Um livro explosivo, a que não podemos ficar indiferentes. "A mais vibrante condenação do regime de Putin até ao presente", Robert Service, professor de História Russa na Universidade de Oxford. Um corpo que percorre a Turquia na esperança de encontrar uma casa de família e um corpo que jaz e sofre numa cama. Um paralelo tão contraditório como as confissões que lemos; confissões sobre um amor que vai sobrevivendo graças a instantes de delírio sexual, em que tudo é permitido, aliados a momentos de medo. E, ao mesmo tempo, por entre narrativas ficcionais e memorialísticas, a figura maternal, a mãe que se ama, a mãe que já morreu mas que se quer ressuscitar, a mãe de que se precisa... Tatiana Levy é judia, brasileira, portuguesa, possui ascendência turca e tem apenas 28 anos. Para além da óbvia multiculturalidade que envolve esta "autora revelação", aquilo que mais surpreende é a força do romance autobiográfico a que deu o título de A chave de Casa. A história deste romance notável começa numa noite de Inverno de 1964, quando uma tempestade de neve obriga o Dr. David Henry a fazer o parto dos seus filhos gémeos. O filho, o primogénito, é perfeitamente saudável, mas David apercebe-se de imediato de que a filha é portadora de síndrome de Down. Convencido de que está a fazer o que está correcto, David toma uma decisão precipitada que irá ensombrar as suas vidas para sempre. Pede a Caroline, a enfermeira, que leve a bebé para uma instituição, mas ela acaba por fugir para outra cidade, onde irá criar a bebé como sua própria filha. Estão aqui reunidas as cinco Histórias de Petersburgo: Avenida Névski 2 (1834), Diário de um Louco (1834), O Nariz (1836), O Retrato (1841) e O Capote (1841). Acrescentou-se A Caleche (1836), pequeno conto que alguns autores integram neste ciclo. A modernidade das propostas de Gógol continua mais viva do que nunca nestas histórias em que a personagem principal é a cidade de Petersburgo: mesquinha, sufocante, ridícula, irrisória e ilusória. Com o apoio da LIVRARIA ARQUIVO
Memórias Aristides de Sousa Mendes salva 30 mil pessoas na II Guerra Mundial Aristides de Sousa Mendes é considerado o maior símbolo português saído da II Guerra Mundial. Em 1940, quando era cônsul em Bordéus, não acatou à proibição de Salazar de não se passarem vistos a refugiados e passou 30 mil, sobretudo a judeus. Foi demitido compulsivamente. A sua vida tornou-se num inferno e morreu na miséria. No segundo aniversário da Rota de Arquitectura Korrodi, realizou-se na passada quinta- -feira, no Instituto da Juventude de Leiria, uma conferência sobre Aristides de Sousa Mendes, com a presensa de Ana Luz, uma estudiosa da vida de um dos maiores vultos da história de Portugal e de três netos do cônsul. Nascido em 1885, em Cabanas de Viriato, na Beira Alta, a vida de Aristides de Sousa Mendes assume uma dimensão inesperada quando, enquanto cônsul em Bordéus, rebenta a II Guerra Mundial, em 1939. Apesar de Salazar manter a neutralidade de Portugal, pela “Circular 14”, ordena aos cônsules portugueses que recusem passar vistos aos "estrangeiros de nacionalidade indefinida, contestada ou em litígio; os apátridas; aos judeus, quer tenham sido expulsos do seu país de origem ou do país de onde são cidadãos", salienta Álvaro Sousa Mendes, neto do cônsul. A 16 de Junho, Aristides de Sousa Mendes abre as portas do Consulado a 30 mil pessoas, dez mil das quais judias, concedendo-lhes vistos de forma indiscriminada e gratuita, transgredindo as regras de Salazar. Confrontado com os avisos de Lisboa, terá dito preferir desobedecer a uma ordem dos homens do que a uma ordem de Deus. Para Ana Luz, nesta decisão “acabou por pesar o coração, apesar de saber que iria sofrer as consequências dos seus actos”. Segundo os registos da Pide entraram em Portugal, de 17 a 19 de Junho de 1940, cerca de 18 mil pessoas com vistos assinados por Aristides de Sousa Mendes. Na sua casa em Cabanas de Viriato, a Casa do Passal, recebeu dezenas de refugiados, sobretudo no vVerão de 1940. É afastado da carreira diplomática por Salazar sendo, segundo o seu neto, “ ignorado pelos seus colegas e amigos”. Os filhos são obrigados a emigrar, maioritariamente para os Estados Unidos e Canadá. Em 1945, Salazar felicitou-se por Portugal ter ajudado os refugiados, mas recusou-se a reintegrar Sousa Mendes no corpo diplomático. Para o neto do cônsul, “Salazar aproveitou-se do gesto do meu avô e colheu os louros daqueles actos. Salazar queria expulsar os refugiados mas Espanha não consentiu o retorno. Quando os aliados ganharam a guerra, Portugal e Salazar foram elogiados por um gesto que não quiseram fazer”. Aristides de Sousa Mendes faleceu muito pobre, a 3 de Abril de 1954. Só em 1988, 14 anos depois do 25 de Abril, é que seu o nome foi reabilitado. Segundo Álvaro de Sousa Mendes, “O proponente foi Jaime Gama, já depois de ter sido ministro dos Negócios Estrangeiros, que afirmou só ter tido conhecimento da situação por cartas vindas do exterior”. Miguel Sampaio Fonte: Fundação Aristides de Sousa Mendes Casa do Passal – da ruína a museu DR “A Casa do Passal era uma casa com muita música e uma alegria imensa. ” Quem o diz é António Sousa Mendes, neto de Aristides de Sousa Mendes, que não se esquece da história e do significado do edifício. Em 1940, o cônsul acolheu no Passal inúmeros refugiados a quem tinha concedido vistos enquanto aguardavam passagem para outros países. A casa de férias da família, do século XIX, deixou entretanto de ser propriedade de Aristides de Sousa Mendes. Começou por ser hipotecada, sendo, em 1956, já depois da sua morte, alienada em hasta pública, tendo sido, segundo António Mendes “chiqueiro e capoeira”. Quanto ao recheio, “desapareceu”. A degradação foi “brutal”. Em 2001, com a ajuda do Ministério dos Negócios Estrangeiros, a Casa do Passal foi adquirida pela Fundação por 635 mil euros, mas já sem boa parte dos terrenos da quinta, entretanto vendido em lotes. Por despacho de 3 de Fevereiro de 2005, a casa foi classificada como Monumento Nacional, “não tanto pela arquitectura, mas todo o seu significado histórico”, refere Álvaro Sousa Mendes. Na sequência dessa classificação, a fundação Aristides de Sousa Mendes entrou em contacto com a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, para a realização de um projecto de recuperação. Neste edifício, os netos esperam ter em espaço “referência” de toda a história de seu avô, mas também da II Guerra Mundial e do holocausto. | V | I | V | E | R | 15 | JORNAL DE LEIRIA | 5 DE JULHO DE 2007
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