Criada há apenas 20 anos, a freguesia de ... - Jornal de Leiria
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Aristi<strong>de</strong>s Ferreira, presi<strong>de</strong>nte da Junta <strong>de</strong> Meirinhas<br />
"Os empresários da <strong>freguesia</strong> estão<br />
a conseguir contornar a crise"<br />
Foi emigrante em França durante 42<br />
<strong>anos</strong>. Quais as gran<strong>de</strong>s diferenças que sentiu<br />
na <strong>freguesia</strong> quando veio a Portugal<br />
pela primeira vez?<br />
Foi fantástico o <strong>de</strong>senvolvimento a que<br />
assisti passados três <strong>anos</strong> da minha ida para<br />
França. Quando parti, em 1962, não existia<br />
luz eléctrica, não havia uma estrada e não<br />
havia esgotos. Recordo que as pessoas andavam<br />
mais tempo com a bicicleta às costas<br />
do que a pedalar. Quando voltei, em 1965,<br />
cheguei a minha casa e já não vi o can<strong>de</strong>eiro.<br />
Carregava-se no botão e já havia luz e já<br />
existia frigorífico.<br />
E hoje, como sente a sua terra?<br />
Vejo uma <strong>freguesia</strong> <strong>de</strong>senvolvida. Não<br />
po<strong>de</strong>mos esquecer que a <strong>freguesia</strong> tem <strong>apenas</strong><br />
<strong>20</strong> <strong>anos</strong>. Antes era uma localida<strong>de</strong> da<br />
<strong>freguesia</strong> <strong>de</strong> Vermoil, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que passou<br />
a <strong>freguesia</strong> assistiu-se sim ao seu gran<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento. Fizeram-se mais estradas<br />
e alargaram-se as que existiam. Meirinhas<br />
tem um novo rumo, mesmo na maneira <strong>de</strong><br />
viver das pessoas. E a emigração ajudou a<br />
<strong>freguesia</strong> a crescer. Por outro lado, a maioria<br />
dos habitantes veio <strong>de</strong> fora. Pessoas que<br />
vieram trabalhar para as empresas <strong>de</strong> camionagem<br />
e que se fixaram aqui. Temos os<br />
melhores centros <strong>de</strong> camionagem e <strong>de</strong> transportes<br />
do concelho e até da região, que trouxeram<br />
muita gente para trabalhar. Tudo isso<br />
contribuiu para o <strong>de</strong>senvolvimento da terra.<br />
As pessoas hoje têm cá as suas casas, as<br />
suas famílias e os seus empregos. Lembro<br />
que os empresários foram obrigados a recorrer<br />
a mão-<strong>de</strong>-obra <strong>de</strong> fora porque a maioria<br />
dos jovens, tal como eu, saiu da terra, à<br />
procura <strong>de</strong> melhores oportunida<strong>de</strong>s.<br />
Muitos dos habitantes da <strong>freguesia</strong> são<br />
hoje empresários...<br />
É verda<strong>de</strong>. Quase casa sim, casa também.<br />
Pessoas que eu conheci e que nasceram<br />
sem nada, mas que, por serem muito<br />
corajosas e por terem trabalhado muito,<br />
estão hoje muito bem e todos com a sua<br />
empresa. Em França costuma dizer-se que<br />
quando a construção não está bem, nada<br />
está. Em Portugal é o mesmo. E Meirinhas<br />
não foge à regra. A construção está um<br />
bocadinho parada, mas, mesmo assim, os<br />
empresários da <strong>freguesia</strong> estão a conseguir<br />
contornar a crise.<br />
A <strong>freguesia</strong> <strong>de</strong> Meirinhas é uma das<br />
mais pequenas do concelho <strong>de</strong> Pombal, mas<br />
continua a ser uma das que mais impostos<br />
paga. Como se explica este fenómeno?<br />
É a segunda <strong>freguesia</strong> a pagar impostos.<br />
A primeira é Pombal. Isto <strong>de</strong>ve-se ao facto<br />
<strong>de</strong> ter muitas empresas <strong>de</strong> cerâmica, camionagem,<br />
construção, comércio, restaurantes,<br />
bares... temos gran<strong>de</strong>s empresas. Somos um<br />
centro comercial a céu aberto. Significa, por<br />
outro lado, que as empresas estão bem <strong>de</strong><br />
saú<strong>de</strong>. Não po<strong>de</strong>mos ser contra os empresários.<br />
Eles têm razão em pedir porque são<br />
eles que criam a maior parte da riqueza. Por<br />
outro lado, há muitos empresários da <strong>freguesia</strong><br />
que têm as suas empresas noutras<br />
<strong>freguesia</strong>s, mantendo aqui <strong>apenas</strong> as se<strong>de</strong>s.<br />
Não temos espaço para que elas cresçam.<br />
Faz falta um parque empresarial na<br />
<strong>freguesia</strong>?<br />
Muita falta. Há cerca <strong>de</strong> 15 dias tivemos<br />
uma reunião com um empresário que<br />
queria expandir a sua empresa nas Meirinhas<br />
e foi obrigado a procurar solução<br />
no Parque Industrial Manuel da Mota porque<br />
não tínhamos terreno para ele. Ele<br />
esperou, mas como a Junta não conseguiu<br />
um parque empresarial, foi obrigado a<br />
abandonar a <strong>freguesia</strong>. Penso que existe<br />
alguma culpa das entida<strong>de</strong>s oficiais, porque<br />
não houve planeamento e cada um<br />
procurou <strong>de</strong>sencascar-se a si próprio. Ainda<br />
se falou em criar uma zona industrial<br />
entre Meirinhas e o Barracão, numa zona<br />
<strong>de</strong> argila. Houve alguém que comprou terrenos,<br />
mas teve que se abandonar essa<br />
i<strong>de</strong>ia porque ficava muito dispendioso. Os<br />
terrenos aqui são muito caros. Sinceramente,<br />
não sei se a <strong>freguesia</strong> ganha ou<br />
per<strong>de</strong> com isso. As pessoas agarram-se<br />
muito às terras e os empresários não po<strong>de</strong>m<br />
pagar o que pe<strong>de</strong>m por elas. Para se adquirir<br />
um terreno para uma casa, com 100<br />
metros quadrados, as pessoas pe<strong>de</strong>m cerca<br />
<strong>de</strong> 100 mil euros. Ora, é quase impossível<br />
para uma família média construir<br />
<strong>de</strong>pois uma casa. E com as empresas é<br />
exactamente igual.<br />
Então está fora <strong>de</strong> questão a criação<br />
<strong>de</strong> uma zona industrial?<br />
O PDM tem previsto dois parques industriais.<br />
Um fica entre Meirinhas e Ranha e será<br />
para servir as <strong>freguesia</strong>s <strong>de</strong> Meirinhas e <strong>de</strong><br />
Vermoil. Eu tinha proposto um parque para<br />
um terreno ardido junto à A1, on<strong>de</strong> também<br />
há argilas, mas não existem infra-estruturas<br />
para se avançar. Não sei quantos <strong>anos</strong> tem<br />
aquela auto-estrada, mas talvez alguns 15.<br />
Fizeram-se pontes e, lamentavelmente, não<br />
cruzam ali dois carros ligeiros. Pelo menos<br />
numa ponte que está antes do Barracão.<br />
Obviamente abandonou-se essa i<strong>de</strong>ia. Se não<br />
se cruzam ali dois carros ligeiros, quanto mais<br />
um camião. Não acho normal numa autoestrada<br />
feita há tão pouco tempo, não terem<br />
<strong>de</strong>ixado acessos a<strong>de</strong>quados. De qualquer forma,<br />
penso que se o caso fosse bem estudado...<br />
hoje fazem-se pontes em qualquer lado.<br />
E aquele espaço era muito bom porque os<br />
preços dos terrenos lá <strong>de</strong>vem ser bastantes<br />
mais baixos. Aquilo já é charneca. É no Vale<br />
das Moitas. E ficava perto do IC2, ao lado da<br />
A1 e com o futuro nó... era um excelente<br />
local. As empresas ficariam muito bem localizadas.<br />
Depois o PDM prevê mais um parque<br />
industrial, para a estrada do Barracão,<br />
on<strong>de</strong> existe já uma zona industrial, embora<br />
tenha sido criada espontaneamente. É também<br />
uma zona <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> argilas e só<br />
se po<strong>de</strong>rá avançar com a construção <strong>de</strong> infraestruturas,<br />
mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> terminar a exploração.<br />
Aquilo eram só pinheiros e as pessoas<br />
começaram a instalar-se, mas <strong>de</strong>pois não<br />
houve continuida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>vido à exploração <strong>de</strong><br />
argila e também aos preços, que são muito<br />
elevados.<br />
Falou da construção do nó <strong>de</strong> ligação<br />
da A1 a Meirinhas, uma pretensão antiga<br />
dos habitantes da <strong>freguesia</strong>. Existe alguma<br />
informação recente sobre esta obra?<br />
De facto a construção do nó da A1 a Meirinhas<br />
é uma obra urgente e penso que um<br />
dia será terá que ser uma realida<strong>de</strong>, porque<br />
o trânsito no IC2 é caótico. Foi uma falha<br />
grave não o terem feito quando a auto-estrada<br />
foi construída. As Câmaras <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e <strong>de</strong><br />
Pombal estão cansadas <strong>de</strong> reivindicar, mas<br />
até agora nada foi feito. É preciso lembrar<br />
que aquele acesso viria servir Bidoeira, Colmeias,<br />
Vermoil, Carni<strong>de</strong> e Meirinhas. É um<br />
nó que viria valorizar muito estas <strong>freguesia</strong>s<br />
dos concelhos <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> e Pombal.<br />
A segurança tem sido uma das suas<br />
gran<strong>de</strong>s preocupações <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegou à<br />
Junta <strong>de</strong> Freguesia...<br />
Sim. A segurança no IC2, uma via para<br />
on<strong>de</strong> existe um projecto que muitos quebracabeças<br />
nos tem dado, mas que, na minha<br />
opinião, virá beneficiar toda a <strong>freguesia</strong>. Há<br />
cerca <strong>de</strong> três semanas fizemos uns quilómetros<br />
com o Director <strong>de</strong> Estradas não só<br />
para verificarmos a segurança em Meirinhas<br />
como nas <strong>freguesia</strong>s vizinhas, essencialmente<br />
para serem corrigidos alguns traços no IC2.<br />
Falei com ele então sobre as rotundas e o<br />
projecto para o IC2. Vamos aguardar que o<br />
projecto avance, pois chega <strong>de</strong> tantos aci<strong>de</strong>ntes<br />
na principal estrada da <strong>freguesia</strong>. ●<br />
Ficha Técnica<br />
EDIÇÃO: JORLIS - EDIÇÕES E PUBLICAÇÕES, LDA.<br />
Director: José Ribeiro Vieira . Coor<strong>de</strong>nação: Rui Pereira . Redacção: Lur<strong>de</strong>s Trinda<strong>de</strong> . Serviços Comerciais: Rui Botas . Paginação: Isilda Trinda<strong>de</strong> e Rita Carlos. Impressão: Miran<strong>de</strong>la, SA . Tiragem: 15.000 exemplares .<br />
Nº <strong>de</strong> registo: 109980 . Depósito legal nº: 5628/84 . JORNAL DE LEIRIA, Edição n.º 1218, 15 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> <strong>20</strong>07<br />
2 MEIRINHAS | <strong>Jornal</strong> <strong>de</strong> <strong>Leiria</strong> | 15.11.<strong>20</strong>07