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Valter Branco, director do Colégio João de Barros "Em Leiria também há escolas públicas a fazer selecção de alunos" Apesar do colégio João de Barros obter sempre uma boa classificação, quer ao nível do concelho, quer ao nível do distrito, Valter Branco desvaloriza o ranking das escolas. Porque considera que os resultados que chegam à opinião pública resultam de diferentes critérios editoriais dos órgãos de comunicação social. No ano em que comemora os 20 anos de existência da escola, o director da instituição fala dos objectivos que traçados para os alunos, sempre com o intuito de os preparar melhor para o futuro. O colégio João de Barros voltou a obter a melhor classificação do concelho de Pombal e uma das melhores do distrito de Leiria, no âmbito do ranking das escolas. Quer comentar? O ranking das escolas vale o que vale, até porque não entendo os critérios editoriais de cada órgão de comunicação social. Se os dados cedidos pelo Ministério da Educação são exactamente os mesmos, então porque é que em determinado órgão de comunicação social existe uma classificação, noutro órgão existe outra e noutro órgão de comunicação existe outra completamente diferente das duas primeiras? Ou seja, o que constato é que a média do nosso colégio é diferente de jornal para jornal, o que à partida está errado. O Colégio João de Barros em alguns jornais é o terceiro melhor do distrito, noutros é o 10º e noutros é o 7º melhor. Não há uma informação exacta ao leitor. Se um pai for escolher a escola, em função do ranking, ao consultar aos vários jornais fica confuso e mal informado. Apesar dessa sua posição, a verdade é que o colégio tem mantido sempre boas classificações. A que devem as boas posições da escola? Sim, desde que foram divulgados os resultados pela primeira vez, há seis anos, o colégio tem mantido a liderança no concelho de Pombal. Esta liderança tem um significado muito importante para mim. Significa que os resultados escolares não ocasionais. Estes resultados representam o dinamismo da direcção do colégio, representam o enorme empenho dos professores ao motivarem os alunos, dinamizando aulas com qualidade e imprimindo rigor na avaliação. Os meus professores trabalham com o objectivo de transmitir aos alunos uma formação integral. Para isso, além de transmitirem aos alunos uma formação académica adequada, transmitem, também, uma formação de atitudes e valores. O colégio nunca se preocupou em "trabalhar" para o ranking das escolas, tem-se preocupado, isso sim, em preparar os alunos para o futuro. Mas o ranking das escolas é uma forma de motivar os professores para conseguirem ser a melhor escola? É claro que sim. E em relação ao nosso caso é até uma responsabilidade acrescida, porque ao longo dos anos temos sido, no concelho, a escola com melhores resultados. O que pode, a partir de determinado ano, tal não acontecer. Isso iria mexer connosco, obviamente. A grande vantagem da divulgação deste "ranking" tem sido a de motivar as escolas para obterem melhores resultados. Penso que muitos professores "acordaram" para esta realidade. Além disso, se formos comparar os resultados das médias divulgadas, as diferenças entre cinquenta lugares, nessa classificação, são duas décimas ou mesmo três décimas de valor, na escala de 0 a 20 valores. Pode haver mais empenho ou menos empenho dos professores mas, utilizando uma frase popular, " não se fazem omoletas sem ovos". As classificações das escolas dependem também dos objectivos dos alunos? Claro. Pode haver "fornadas" de alunos que proporcionem médias mais altas ou mais baixas. Os resultados escolares dos alunos dependem muito dos objectivos que os alunos traçaram para a sua vida escolar. Não podemos comparar meios sociais diferentes quando fazemos este tipo de avaliação do desempenho de escolas. Se eu me pudesse dar ao luxo de escolher só os bons alunos, certamente os resultados do colégio seriam totalmente diferentes. Não quer dizer que as escolas que ficam nos primeiros lugares a nível nacional sejam de facto melhores do que as outras. É claro que essas escolas fazem um bom trabalho, mas têm o privilégio de fazer uma selecção de alunos. Em Leiria também há escolas públicas a fazer selecção de alunos. Além disso, não é só o trabalho dos professores da escola é, também, o trabalho dos explicadores e dos pais. Porque há casos de alunos que têm médias de 18 valores e têm explicações para terem 19 ou 20. Estes factores condicionam muito os resultados das escolas. O Colégio João de Barros tem algum "segredo" para combater o insucesso escolar? Os meios que temos são os mesmos que todas as escolas dispõem. Ministramos aulas de apoio aos alunos com mais dificuldades. No final do ano lectivo os meus professores definem com os alunos horários específicos para tirar todas as dúvidas que forem necessárias. O professor ao cumprir o horário escolar está à disposição do aluno. Os meus professores, se faltarem por qualquer razão, tomam a iniciativa de compensar a aula noutro horário acordado com os alunos. Um grupo de alunos do colégio distinguiu-se, há dois anos, nas Olimpíadas da Química. A escola serve também para fomentar a "competição" entre os melhores alunos ou esta é uma forma de motivação? Definimos anualmente objectivos e os professores tomam conhecimento deles. Para atingirmos esses objectivos temos de definir acções. Um dos objectivos é melhorar a média dos alunos. Ou seja, queremos que haja mais alunos com média superior a quatro, no caso do ensino básico, e com média superior a 14, no ensino secundário. Temos que incutir estes objectivos aos alunos para conseguirmos atingir as metas definidas. A motivação passa pela participação em concursos, por exemplo. Quais são os objectivos para este ano? Temos dois tipos de objectivos. Os da qualidade e os do projecto curricular de escola. Somos uma empresa certificada e, perante a instituição certificadora, temos que definir os objectivos da qualidade, que têm de estar inseridos no sistema gestão da qualidade de ensino. Como exemplo, Garantir o sucesso escolar dos alunos, promover a formação integral do aluno e promover a utilização das novas tecnologias no processo ensino-aprendizagem. No projecto curricular de escola um dos objectivos, por exemplo, desenvolver a capacidade de compreensão escrita e oral da Língua Portuguesa e o aumento do sucesso dos alunos na Matemática e Inglês. Ou seja, em função dos problemas detectados, insucesso a Matemática e a Inglês, definimos estes objectivos. Para se conseguir atingir os objectivos propostos, definimos acções e metas a atingir. O que é que mudou no colégio, depois da certificação? Pouco, pois nós já fazíamos tudo o que fazemos hoje. A diferença está na existência de mais um documento, o manual da qualidade e na definição de uma política de qualidade. Não temos nenhuma empresa de consultoria por trás deste processo. Todo o processo de certificação foi feito por nós. Apostei na formação de um grupo de professores e a partir daí desenvolveu-se todo o processo. O colégio tem-se distinguido também na área do desporto escolar. Essa é uma das mais-valias para "agarrar" os alunos à escola? No nosso projecto educativo temos várias formações para desenvolver. Formação científica, formação desportiva, formação multimédia e formação para os valores. Na formação desportiva, oferecemos várias actividades, desde o andebol, já a nível federado, e também o escolar, ginástica, dança, atletismo, BTT e o xadrez. É um conjunto de actividades para desenvolver a formação desportiva dos alunos.Graças ao trabalho que os professores desenvolvem temos tido bons resultados. Os treinos são realizados depois das aulas terminarem e aos sábados. Os nossos treinadores,das equipas de andebol federado são professores do colégio. Na desporto federado, o Colégio João de Barros também dá cartas, nomeadamente no andebol feminino... No colégio, actualmente, só o andebol feminino é federado. Começamos o projecto de andebol só com alunos do colégio e foi assim que crescemos. Depois surgiram pedidos de outros clubes para jogarem na nossa escola. Mais tarde, decidimos terminar com o andebol masculino, porque temos que levar as coisas a sério. O problema é que o futebol atrai a maioria dos alunos, o que dividia os nossos alunos, que jogavam as duas modalidades. E em jogos coincidentes, a prioridade era o futebol. Nunca pensei que o andebol feminino passasse dos escalões de formação para uma equipa sénior. Já tínhamos alunas nas selecções nacionais e a motivação surgiu porque, enquanto juniores elas também disputavam os campeonatos seniores. Há dois anos, definimos como objectivo subir à primeira divisão sénior, ser campeão nacional de júnior e de juvenis. Conseguimos. O ano passado, mantivemos a primeira divisão e fomos campeões nacionais de juniores. Para este ano, o objectivo é manter a equipa na primeira divisão e chegar o mais longe possível nos campeonatos de juvenis e de juniores. Neste momento, na formação de atletas, somos um clube de referência nacional a nível do andebol feminino. Este ano o colégio comemora o seu 20º aniversário. Qual o balanço destes 20 anos lectivos? Uma escola vai-se construindo e nós estamos ainda em fase de construção. Não podemos estar satisfeitos com o que já fizemos. Temos que acompanhar o ritmo da nossa sociedade. Vamos fazer uma retrospectiva dos 20 anos com uma exposição de imagens e trabalhos que foram desenvolvidos na escola, uma edição especial do nosso jornal e vamos realizar, mais uma vez, o nosso sarau. Trata-se de um musical, que engloba as várias actividades do colégio, desde a dança, a música, o teatro, o desporto, à multimédia. Terá lugar no Cine- Teatro de Pombal, mas queremos levá-lo, este ano, também a Leiria e à Figueira da Foz. Contrariamente aos anos anteriores, as pessoas vão pagar um preço simbólico, pois as receitas da bilheteira reverterão a favor de uma instituição a seleccionar pela Câmara Municipal de cada concelho onde o colégio vai actuar. ● 4 MEIRINHAS | Jornal de Leiria | 15.11.2007
Jornal de Leiria | 15.11.2007 | MEIRINHAS 5
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