08.07.2015 Views

Monografia Politicas Publicas_v5 - Prefeitura de Peruíbe

Monografia Politicas Publicas_v5 - Prefeitura de Peruíbe

Monografia Politicas Publicas_v5 - Prefeitura de Peruíbe

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

MARIA CONCEPTA BAETA DA SILVAMAURÍCIO MARANHÃO SANCHESNEUSA MARINHO DE ESPÍNDOLAA INTEGRAÇÃO DO PLANO PLURIANUAL AO PLANO DIRETORNA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL<strong>Monografia</strong> apresentada à Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Francacomo exigência parcial, para obtenção do título <strong>de</strong>Especialista no curso <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> gestoresmunicipais <strong>de</strong> políticas públicas.Orientador: Prof. Me. Sinoel BatistaFRANCA2010


DEDICAMOS este estudo a todos aqueles que <strong>de</strong>sejam vernão somente o cumprimento das leis, mas também dosobjetivos nelas dispostos.


AGRADECIMENTOSA Deus, pelos dias <strong>de</strong> vida, pelas oportunida<strong>de</strong>s que nos temconcedido e pela força nas inúmeras batalhas travadas ao longo da vida, permitindonosapren<strong>de</strong>r com os erros e dificulda<strong>de</strong>s que encontramos todos os dias.À <strong>Prefeitura</strong> Municipal da Estância Balneária <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>, que na buscada excelência dos serviços da administração pública criou a Escola <strong>de</strong> Governo eAperfeiçoamento do Servidor Público Municipal, proporcionando, entre várias outrasativida<strong>de</strong>s, este curso <strong>de</strong> pós-graduação a seus funcionários.A todos aqueles que acreditaram na Escola <strong>de</strong> Governo, na realização<strong>de</strong>ste curso e no potencial <strong>de</strong>stes profissionais.Aos colegas <strong>de</strong> trabalho que auxiliaram no fornecimento <strong>de</strong>informações e fotos, ajudaram-nos a compreen<strong>de</strong>r o funcionamento <strong>de</strong> algumasestruturas internas e propor aperfeiçoamentos no sistema atual.E às nossas famílias, pela compreensão e apoio para concluirmos maisesta etapa da vida.


Seja a mudança que você <strong>de</strong>seja ver no mundo.Mahatma Gandhi


RESUMOSILVA, Maria Concepta Baeta da; SANCHES, Maurício Maranhão; ESPÍNDOLA,Neusa Marinho <strong>de</strong>. A integração do plano plurianual ao plano diretor naadministração pública municipal. 2010. 80f. <strong>Monografia</strong> (Especialização emGestão <strong>de</strong> Políticas Públicas) – Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Franca, Franca.O Estado brasileiro tem induzido a utilização <strong>de</strong> inúmeras ferramentas <strong>de</strong>planejamento na administração pública ao longo <strong>de</strong> todo o século XX e XXI.Recentemente, fez convergir o planejamento constante nos planos diretores com osplanos plurianuais. Muitas <strong>de</strong>stas ferramentas, entretanto, continuam sendo vistascomo imposições burocráticas a serem vencidas, não atentando seus gestores paraseu potencial <strong>de</strong> utilização. Procuramos <strong>de</strong>screver nesta monografia a evolução<strong>de</strong>stas ferramentas, sua utilização na prática em <strong>Peruíbe</strong>, município tomado comobase <strong>de</strong> estudo da monografia, as conseqüências <strong>de</strong> uma utilização apenas formaldos instrumentos e a proposição <strong>de</strong> um calendário para elaboração <strong>de</strong> um PPAintegrado ao Plano Diretor municipal.Palavras-chave: planejamento; plano diretor; plano plurianual; PPA; plano <strong>de</strong>governo.


ABSTRACTSILVA, Maria Concepta Baeta da; SANCHES, Maurício Maranhão; ESPÍNDOLA,Neusa Marinho <strong>de</strong>. A integração do plano plurianual ao plano diretor naadministração pública municipal. 2010. 80f. <strong>Monografia</strong> (Especialização emGestão <strong>de</strong> Políticas Públicas) – Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Franca, Franca.The Brazilian government has induced the use of several planning toolsin public administration throughout the twentieth century and XXI. Recently, planninghas brought together master plans with the constant term plans. Many, however, arestill seen as bureaucratic constraints to be overcome, disregarding their managers fortheir potential use. We have <strong>de</strong>scribed in this monograph the evolution of these tools,their use in practice <strong>Peruíbe</strong>, municipality chosen as a case study of the monograph,the consequences of a purely formal use of the instruments and propose a timetablefor drawing up a PPA integrated into the municipal Master Plan.Key words: planning; master plan; term plans; PPA; government plan.


LISTA DE FIGURASFigura 1. Mapa da distribuição espacial das classes <strong>de</strong> renda............................33Figura 2. Estruturação do sistema <strong>de</strong> elaboração do PPA, estipulado peloPlano Diretor.........................................................................................43Figura 3. Fotos da audiência pública que expôs os programas do PPA2010-2013, na Câmara Municipal.........................................................46Figura 4. Fotos da Assembleia Regional no Bairro Demarchi, em 29.05.09 .......50Figura 5. Organograma Geral Simplificado da <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> .................66LISTA DE TABELASTabela 1 – Relação <strong>de</strong> eventos relacionados a conferências e audiênciaspúblicas para a formulação do PPA durante o ano <strong>de</strong> 2009 ................53Tabela 2 – Conselhos municipais e áreas <strong>de</strong> vinculação......................................66


SUMÁRIOINTRODUÇÃO ........................................................................................................91 A EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DENTRODA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................111.1 O PLANEJAMENTO CONTÁBIL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ATÉ ACONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ...............................................................................121.2 O PLANEJAMENTO URBANO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ATÉ ACONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 ...............................................................................151.3 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E SEUS REFLEXOS NAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.............................................................................................181.4 O PLANEJAMENTO NA DÉCADA DE 1990 .....................................................................211.5 LRF – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (2000) ......................................................231.6 LEI DE CRIMES FISCAIS ( LEI FEDERAL 10.028/2000 )................................................251.7 EC – ESTATUTO DA CIDADE ( LEI FEDERAL 10.257/2001 ) ........................................261.8 O PLANEJAMENTO NA DÉCADA DE 2000 e TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃO ..............292 A EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE PLANEJAMENTO EMPERUÍBE..................................................................................................322.1 BREVE CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO.....................................................................322.2 A EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE PLANEJAMENTO DENTRO DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL........................................................................342.3 A PRODUÇÃO DE PEÇAS DE PLANEJAMENTO EM PERUÍBE ....................................393 A (IN)EFICIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO NA (IN)UTILIZAÇÃODAS FERRAMENTAS DE PLANEJAMENTO .........................................473.1 ELABORAÇÃO DO PPA 2010-2013 EM SÃO BERNARDO DO CAMPO........................493.2 CONSIDERAÇÕES RELATIVAS AOS PROCESSOS......................................................523.2.1 Organização para a participação popular..........................................................................523.2.2 Coor<strong>de</strong>nação, transversalida<strong>de</strong> e controle ........................................................................543.2.3 Integração <strong>de</strong> Plano <strong>de</strong> Governo com Plano Diretor.........................................................574 A ELABORAÇÃO DE UM PPA INTEGRADO AO PLANO DIRETOR ....604.1 ESTRATÉGIAS PARA A MOBILIZAÇÃO SOCIAL............................................................604.2 A AÇÃO DE PLANEJAMENTO .........................................................................................624.3 ESPECIFICIDADES LOCAIS ............................................................................................644.4 PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DE CRONOGRAMA DE CONFERÊNCIAS EASSEMBLEIAS REGIONAIS.............................................................................................684.5 ELABORAÇÃO DO CALENDÁRIO ...................................................................................69CONCLUSÕES .....................................................................................................73REFERÊNCIAS.....................................................................................................75


9INTRODUÇÃOFrequentemente justifica-se o estado caótico das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>sbrasileiras pela falta <strong>de</strong> planejamento. É fato que muitas das mazelas da socieda<strong>de</strong>contemporânea brasileira <strong>de</strong>correm, em gran<strong>de</strong> parte, <strong>de</strong> um intenso processo <strong>de</strong>urbanização vivenciado na segunda meta<strong>de</strong> do século XX aliado a uma falta <strong>de</strong>investimentos em infra-estrutura nas áreas que sofreram esta gran<strong>de</strong> expansão. Mashá muito tempo o Estado possui instrumentos <strong>de</strong> planejamento público e induzEstados e municípios a utilizá-los.Uma das gran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s é conseguir utilizar estes instrumentos<strong>de</strong> planejamento como ferramentas <strong>de</strong> trabalho, já que na maior parte das vezes sãovistos como meras imposições burocráticas. Com isso, gasta-se consi<strong>de</strong>rável tempoda administração pública na realização <strong>de</strong> procedimentos que, apesar <strong>de</strong> cumprir osrequisitos das leis que os regulam, ficam aquém <strong>de</strong> cumprir os objetivos nelasprevistos.Entre os instrumentos <strong>de</strong> planejamento existentes, <strong>de</strong>stacamos os quesão objetos <strong>de</strong>sta monografia: os <strong>de</strong> planejamento urbano, cuja peça-síntese é oplano diretor, e os <strong>de</strong> planejamento contábil, materializados pelas peçasorçamentárias. Ambos evoluíram bastante ao longo do tempo, sempre alinhadoscom os princípios constitucionais, porém a estrutura organizacional extremamentevertical e hierarquizada das instituições públicas produziu procedimentos estanques,limitados à área <strong>de</strong> atuação <strong>de</strong> cada ativida<strong>de</strong>: os urbanistas se limitaram a enten<strong>de</strong>r<strong>de</strong> planos diretores e os contadores <strong>de</strong> peças orçamentárias.A falta <strong>de</strong> vinculação entre os dois tipos <strong>de</strong> planejamento cria umquadro on<strong>de</strong> a execução orçamentária é cumprida, os gastos são transparentes(para aqueles que se predispõem a enten<strong>de</strong>r o sistema) e as diretrizes urbanísticaspara aplicação dos recursos são difusas, tornando as avaliações muito mais


10subjetivas do que o recomendável. Com este quadro, a eficácia dos investimentossobre o bem estar social é questionável.Apenas recentemente, com a promulgação do Estatuto da Cida<strong>de</strong>,estes instrumentos se vincularam legalmente, criando uma necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>integração ainda não amadurecida pela maior parte das administrações públicas. Apercepção da mudança <strong>de</strong> conceito <strong>de</strong> planejamento e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r ofuncionamento <strong>de</strong> áreas distintas motivou a escolha do tema <strong>de</strong>ste trabalho,elaborado por um arquiteto e duas contadoras.Nosso objetivo é estudar a forma como os instrumentos <strong>de</strong>planejamento contábil po<strong>de</strong>m se relacionar com os <strong>de</strong> planejamento urbano em umaadministração pública, propondo a realização <strong>de</strong> um cronograma <strong>de</strong> ações conjuntasque permitam à população compreen<strong>de</strong>r e participar do processo <strong>de</strong> planejamentomunicipal.Para isso, a primeira parte da monografia procurará mostrar comoevoluíram os instrumentos <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>ntro da administração públicabrasileira e como o Estado induziu os entes fe<strong>de</strong>rados utilizá-los ao longo do tempo.A segunda parte procurará traçar como o planejamento evoluiu <strong>de</strong>ntroda administração pública <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>, município tomado como base <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>stamonografia. Esta parte procurará evi<strong>de</strong>nciar, na prática, como é feito o planejamentoem uma administração pública municipal <strong>de</strong> pequeno porte, mostrando avanços eretrocessos na construção <strong>de</strong>ste processo.A terceira parte procurará mostrar como os instrumentos <strong>de</strong>planejamento impostos pela legislação po<strong>de</strong>m funcionar a favor da administraçãopública, quando utilizados como ferramenta <strong>de</strong> trabalho, ou contra ela, como merosprocedimentos burocráticos que <strong>de</strong>mandam tempo sem surtir a eficácia necessária.Por fim, a quarta parte apresentará, a partir das consi<strong>de</strong>raçõesefetuadas ao longo <strong>de</strong>ste trabalho, uma proposta <strong>de</strong> calendário para a elaboração<strong>de</strong> um plano plurianual integrado às disposições do plano diretor municipal, através<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> planejamento participativo eficiente que permita à populaçãocompreen<strong>de</strong>r e ser co-responsável pelo processo <strong>de</strong> gestão da cida<strong>de</strong>.


111 A EVOLUÇÃO DO PROCESSO DE PLANEJAMENTO DENTRO DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICAO planejamento é um dos princípios fundamentais da ativida<strong>de</strong>administrativa, <strong>de</strong>fendido tanto pelos conceitos clássicos <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rick Taylor e HenriFayol como em conceitos mais mo<strong>de</strong>rnos (REMYRECH, 2005). Entre tantas<strong>de</strong>finições encontradas para o termo, citamos uma <strong>de</strong>finição feita por Sampaio(2010): planejamento “é um processo contínuo e dinâmico que consiste em umconjunto <strong>de</strong> ações intencionais, integradas, coor<strong>de</strong>nadas e orientadas para tornarrealida<strong>de</strong> um objetivo futuro, <strong>de</strong> forma a possibilitar a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisõesantecipadamente”.O planejamento também po<strong>de</strong> ser utilizado para exercer funções <strong>de</strong>disciplina e controle, ou como instrumento para <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s, quando as<strong>de</strong>mandas são maiores do que os recursos disponíveis.Preten<strong>de</strong>mos neste capítulo <strong>de</strong>screver como evoluíram os instrumentos<strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>ntro da administração pública, primeiramente no âmbito contábile posteriormente no urbanístico até a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, seguindo pelocenário existente na elaboração da nova Carta Magna, objetivos colocados em seutexto e as leis <strong>de</strong>la <strong>de</strong>correntes.É importante frisar as diferenças históricas do enfoque do planejamentonas esferas fe<strong>de</strong>ral e municipal: enquanto na União o planejamento adquiriu um focovoltado à área contábil, procurando sempre o equilíbrio <strong>de</strong> receita e <strong>de</strong>spesa, nosmunicípios o planejamento assumiu um enfoque mais urbano, voltado a um projeto<strong>de</strong> cida<strong>de</strong>.


1.1 O PLANEJAMENTO CONTÁBIL NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ATÉ ACONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 198812O orçamento público surgiu na Inglaterra, em 1822, como forma <strong>de</strong>controlar o aumento das <strong>de</strong>spesas, que se traduziam diretamente no aumento dacarga tributária (GIACOMONI, 2007, p.54). Tratava-se portanto <strong>de</strong> um instrumento<strong>de</strong> planejamento voltado ao controle, programando os gastos para não alimentar odéficit público, com consequências diretas para a população pagadora <strong>de</strong> impostos.No Brasil, todo processo <strong>de</strong> organização administrativa pública surgiuem 1808, com a vinda <strong>de</strong> D. João VI ao Brasil: neste ano, criou-se o Erário Público eo regime <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>. Na primeira Constituição, em 1824, já se exigia aelaboração <strong>de</strong> orçamentos formais, apesar da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação em seusprimeiros anos. Tanto essa Constituição como a <strong>de</strong> 1891 <strong>de</strong>ixariam a regulação daquestão orçamentária para leis ordinárias. A lei <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1827 éconsi<strong>de</strong>rada por muitos a primeira Lei <strong>de</strong> Orçamento do Brasil, e o Decretolegislativo <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1830 foi o primeiro orçamento formalmenteinstituído do país.Em 1834, durante o período regencial, a Constituição foi emendadapossibilitando maior autonomia a províncias e municípios (CONSTITUIÇÕES, 2010).Entre outros assuntos, regulou o funcionamento das assembleias legislativasprovinciais, <strong>de</strong>finindo fixação das <strong>de</strong>spesas municipais e provinciais, impostos paraaten<strong>de</strong>r os encargos, repartição das rendas entre os municípios e fiscalização doemprego das mesmas. Esta emenda foi cancelada pela lei interpretativa do AtoAdicional, em 1840 (já sob o mandato <strong>de</strong> D. Pedro II).Realizada após a Proclamação da República, a Constituição <strong>de</strong> 1891atribuiu competência privativa do Congresso para orçar a receita e fixar a <strong>de</strong>spesa,bem como toda iniciativa <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei, mas quem formulava o documento era oPo<strong>de</strong>r Executivo, impasse só resolvido em 1926 (BRASIL, 2010). Antes disso, em1922, foi aprovado o Código <strong>de</strong> Contabilida<strong>de</strong> da União.Apesar da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leis, as ativida<strong>de</strong>s administrativas do Estado


13brasileiro eram exercidas <strong>de</strong> forma empírica, sem inspiração em quaisquer princípios<strong>de</strong> administração ou sistemas racionalmente estruturados. A administração públicafoi se adaptando às experiências internacionais mais convenientes às peculiarida<strong>de</strong>sdo país (BRASIL, 2010).A Revolução <strong>de</strong> 1930 propôs o rompimento com o passado e aproposta <strong>de</strong> nova or<strong>de</strong>m, inclusive com a mo<strong>de</strong>rnização do Estado. Criaram-seinstrumentos para aparelhá-lo e dotá-lo <strong>de</strong> um mínimo <strong>de</strong> controle, pois até omomento andava “muito solto” nas mãos <strong>de</strong> quem o governava. A Constituição <strong>de</strong>1934 centralizou a maior parte das funções públicas na área fe<strong>de</strong>ral: o orçamentopassou a ser elaborado pela Presidência da República, e o Legislativo votava oorçamento, julgando as contas com o auxílio do Tribunal <strong>de</strong> Contas.Em 1937, em meio a crises políticas, veio o golpe <strong>de</strong> Estado e aimplantação do regime autoritário conhecido como Estado Novo, <strong>de</strong> inspiraçãofascista, exigindo nova Constituição. O governo restringiu direitos constitucionais ecentralizou po<strong>de</strong>res – a República passou a nomear os governadores (interventores)e esses a nomear os prefeitos (GIACOMONI, 2007, p.40-46). No mesmo ano oGoverno Fe<strong>de</strong>ral criou o Departamento Administrativo do Serviço Público – DASP,com a incumbência <strong>de</strong> iniciar o planejamento contábil <strong>de</strong>ntro da administraçãopública. Em 1940 criou-se a Comissão <strong>de</strong> Orçamento do Ministério da Fazenda,consi<strong>de</strong>rado o primeiro órgão orçamentário centralizado. O orçamento passou <strong>de</strong>mero quadro <strong>de</strong> receitas e <strong>de</strong>spesas para ser base <strong>de</strong> planejamento das ativida<strong>de</strong>sfuturas, tornando-se instrumento fundamental à administração (BRASIL, 2010).Com o fim do Estado Novo e início do período <strong>de</strong> Re<strong>de</strong>mocratização dopaís, nova Constituição foi elaborada em 1946, dando ampla autonomia paraEstados e Municípios e assegurando a <strong>de</strong>fesa da proprieda<strong>de</strong> privada (e dolatifúndio). O orçamento voltou a ser elaborado pelo Po<strong>de</strong>r Executivo e suadiscussão e aprovação através das casas legislativas. Foi uma Constituição“planejamentista”, explicitando a criação <strong>de</strong> planos setoriais e regionais,estabelecendo vinculações com a receita. Estes planos regionais seriam plenamenteexecutados, como exemplo os planos <strong>de</strong> Habitação, <strong>de</strong> Saneamento e <strong>de</strong> Metas.Vale lembrar que estes planos não eram leis e portanto não submetidos ao crivo doLegislativo. Até 1964, contudo, não havia vinculação entre as metas, objetivos eações dos planos com a respectiva execução orçamentária (PARES e VALLE, 2006,


14p. 232).Às vésperas do golpe militar, regulou-se a ativida<strong>de</strong> contábil através daLei 4.320/64, <strong>de</strong>terminando a necessida<strong>de</strong> do Estado <strong>de</strong>ixar transparecer seusobjetivos e ações na política orçamentária, conforme grifo nosso:"A Lei do Orçamento conterá a discriminação da receita e <strong>de</strong>spesa, <strong>de</strong>forma a evi<strong>de</strong>nciar a política econômico-financeira e o programa <strong>de</strong> trabalhodo governo, obe<strong>de</strong>cidos os princípios da unida<strong>de</strong>, universalida<strong>de</strong> eanualida<strong>de</strong>"A sistemática <strong>de</strong> planejamento, com <strong>de</strong>staque cada vez maior após ofim da II Guerra Mundial face ao êxito em operações militares (GIACOMONI, 2007,p.59), ganhou força na época do Regime Militar (1964-1985), que a implantou <strong>de</strong>forma altamente tecnocrática, já que necessitava justificar suas ações pelasupressão da participação popular.A Constituição outorgada <strong>de</strong> 1967 <strong>de</strong>u especial importância aoorçamento disciplinando novas regras e princípios que foram incorporados aoprocesso <strong>de</strong> elaboração e fiscalização do orçamento público. O Po<strong>de</strong>r executivopassou a ser o único Po<strong>de</strong>r com iniciativa das leis orçamentárias, bem como proporemendas ou qualquer aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesa pública, restando ao Po<strong>de</strong>r Legislativo(já sem legitimida<strong>de</strong> política <strong>de</strong>vido às arbitrarieda<strong>de</strong>s praticadas pelo Regime)apenas a função <strong>de</strong> aprovação da Lei Orçamentária. Esta Constituição foilargamente alterada pela Emenda Constitucional n° 0 1 <strong>de</strong> 01.10.1969, outorgadapela Junta Militar, absorvendo instrumentos ditatoriais como o AI-5, mas mantendodispositivos orçamentários.Foi no período do Regime Militar que se realizou pela primeira vez avinculação entre metas/objetivos com a <strong>de</strong>spesa/execução orçamentária,principalmente a partir <strong>de</strong> 1969, através da elaboração, revisão e acompanhamentodos seguintes documentos:I - Plano Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento (PND) – criado pelo AtoComplementar n° 43 <strong>de</strong> 29.01.1969 com alterações pro movidas pelo AtoComplementar n° 76 <strong>de</strong> 21.10.1969, <strong>de</strong> duração igual ao mandato do Presi<strong>de</strong>nte daRepública; I PND em 1972-74;II - Programa Geral <strong>de</strong> Aplicação (PGA) – documento interno do


15governo, complementar ao PND, com dados quantitativos para o planejamento emâmbito global, regional e setorial, além da programação das entida<strong>de</strong>s ligadasindiretamente à União e eventualmente dos Estados - I PGA em 1973-75;III - Orçamento Plurianual <strong>de</strong> Investimento (OPI) – continha aprogramação trienal dos dispêndios <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> do Governo Fe<strong>de</strong>ral,(excluídas Administração Indireta e Fundações que não recebiam transferências doOrçamento da União) - I OPI em 1968-70;IV - Orçamento Anual da União – <strong>de</strong>talhava em funções, programas,subprogramas, projetos e ativida<strong>de</strong>s previstos no primeiro ano do OPI;V - Decreto <strong>de</strong> Programação Financeira.O PND, o OPI e o Orçamento anual eram documentos públicos,encaminhados ao Congresso Nacional, partes integrantes <strong>de</strong> um mesmo conjunto <strong>de</strong>diretrizes, programas e projetos, formulados <strong>de</strong> maneira consistente, una eharmônica, como expressão dos objetivos governamentais em <strong>de</strong>terminado período.Traduziam em termos financeiros, todos esses objetivos, diretrizes, programas eprojetos; <strong>de</strong>finindo <strong>de</strong> forma mais exaustiva todos os projetos e ativida<strong>de</strong>s a serem<strong>de</strong>senvolvidos no período trienal mais imediato (BRASIL, 2010).1.2 O PLANEJAMENTO URBANO NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ATÉ ACONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988O urbanismo mo<strong>de</strong>rno tem sua origem no final do século XIX, com anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controlar e disciplinar a expansão das cida<strong>de</strong>s proporcionada pelosintensos processos <strong>de</strong> industrialização – até então, as cida<strong>de</strong>s cresciam baseadasem uma visão napoleônica, sem limites. Os primeiros instrumentos urbanísticossurgiram na Alemanha, que recebeu gran<strong>de</strong> montante <strong>de</strong> recursos provenientes <strong>de</strong>in<strong>de</strong>nizações pagas pela França, <strong>de</strong>rrotada na Guerra Franco-Prussiana (1870).Estes recursos foram investidos na industrialização do país proporcionando gran<strong>de</strong>


16boom <strong>de</strong>mográfico dos centros urbanos (SIMÕES JÚNIOR, 2008). Em 1893, oprefeito <strong>de</strong> Frankfurt, ao sofrer pressões para alterar o perímetro urbano da cida<strong>de</strong>,vincula esta alteração à elaboração <strong>de</strong> um Plano Regulador, que especificou áreaspara habitação, indústrias, espaços livres, sistemas viários e institucionais. Em 1898,Ebenezer Howard apresentou na Inglaterra o projeto das cida<strong>de</strong>s-jardins, territórioscom população máxima <strong>de</strong> 30.000 habitantes on<strong>de</strong> conviveriam ativida<strong>de</strong>sindustriais, comerciais e agrícolas, em distâncias pequenas percorríveis a pé. Nocampo do urbanismo, o planejamento surgiu com a função <strong>de</strong> evitar conflitos <strong>de</strong> uso,problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública, garantir oferta <strong>de</strong> terras e acessibilida<strong>de</strong> para todas asativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sempenhadas na cida<strong>de</strong>.Antes do surgimento do urbanismo o Brasil já havia criado um embriãodo zoneamento, quando a Câmara do Rio <strong>de</strong> Janeiro proibiu em 1878 a instalação<strong>de</strong> cortiços na área central da cida<strong>de</strong> (VILLAÇA, 1999, p. 177). A medida visavaescon<strong>de</strong>r um problema criado pelo próprio Império, que ao promulgar a Lei <strong>de</strong> Terrasem 1850 expulsou o trabalhador rural em direção às cida<strong>de</strong>s para ven<strong>de</strong>r sua força<strong>de</strong> trabalho como meio <strong>de</strong> subsistência. Percebe-se do fato que a solução adotadano Rio <strong>de</strong> Janeiro tornar-se-ia uma tônica da política urbana brasileira: ozoneamento sempre será mais importante do que o planejamento da cida<strong>de</strong> e opo<strong>de</strong>r público, ao invés <strong>de</strong> atuar na origem dos problemas, criará leis para escondêlosaos olhos da socieda<strong>de</strong> (SANCHES, 2007, p.11).Durante a República Velha (1889-1930), foram muito comuns os planos<strong>de</strong> melhoramentos ou planos <strong>de</strong> embelezamentos, <strong>de</strong>stinados geralmente aabertura, retificação e alargamento <strong>de</strong> vias e criação <strong>de</strong> praças com o intuito <strong>de</strong>conferir maior harmonia e beleza às construções. São exemplos do período aremo<strong>de</strong>lação do Vale do Anhangabaú, em São Paulo (1906-1912), os canais <strong>de</strong>Santos do Eng° Saturnino <strong>de</strong> Brito (início da constr ução em 1905), a fundação <strong>de</strong>Belo Horizonte (1897) e o Plano <strong>de</strong> Pereira Passos para o Rio <strong>de</strong> Janeiro (1903-1906). Embora tenham proporcionado mudanças estruturais nos locais on<strong>de</strong> foramexecutados, estes planos removeram boa parte <strong>de</strong> uma população excluída dosprocessos <strong>de</strong>cisórios para áreas mais periféricas, sem infra-estrutura, enquanto queos terrenos revitalizados foram revendidos com altas realizações <strong>de</strong> lucro. Grevesem 1917 e 1919, em São Paulo e no Rio, organizaram os movimentos populares e<strong>de</strong>spertaram uma certa consciência urbana, limitando as opções da classe


17dominante a partir <strong>de</strong> 1930 (PINHEIRO, 1977, p.137, Apud VILLAÇA, 1999, p.201).Após 1930, <strong>de</strong>vido ao travamento dos <strong>de</strong>bates, já não havia maiscondições <strong>de</strong> apresentar os planos antecipadamente: diante das pressões sociais,“não há como anunciar obras <strong>de</strong> interesse popular pois elas não serão feitas, e nãohá como anunciar as obras que serão feitas, porque elas não são <strong>de</strong> interessepopular” (VILLAÇA, 1999, p. 204). Os governos municipais passaram então aelaborar Planos Diretores 1 para justificar a adoção <strong>de</strong> soluções no longo prazo,postergando-se a aplicação <strong>de</strong> investimentos em áreas sem interesse para a elitedominante, em planos que não foram executados ou foram parcialmenteexecutados. Os planos <strong>de</strong> obras <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> ser apresentados, mas até a década<strong>de</strong> 1950, a classe dominante ainda executou sem gran<strong>de</strong>s percalços obras <strong>de</strong> seuinteresse integrantes dos projetos antigos e o governo fe<strong>de</strong>ral executou os projetosprevistos em seus Planos Setoriais anteriormente <strong>de</strong>scritos.A supressão da participação popular imposta pelo Regime Militar(1964-1985) levou o planejamento a assumir uma característica altamentetecnocrática. Neste período começaram ser impostas as primeiras “obrigações” paraque os municípios elaborassem seus Planos Diretores, sob pena <strong>de</strong> não receberemrecursos estaduais ou fe<strong>de</strong>rais 2 . Foi o período áureo <strong>de</strong> produção dos “superplanos”,documentos extensos 3 que pela sua complexida<strong>de</strong> não eram compreendidos ouassimilados pelos profissionais e gestores públicos. A frustração pela não-execuçãodos planos, potencializada pelo abandono do II PND após a crise mundial dopetróleo, fez o planejamento urbano apresentar uma fase <strong>de</strong> <strong>de</strong>sprestígio. Passousea elaborar documentos técnicos mais simples, com o conhecimento acumulado1 O conceito <strong>de</strong> Planos Diretores ou planos gerais surge na década <strong>de</strong> 1920 durante os CIAM –Congressos Internacionais <strong>de</strong> Arquitetura Mo<strong>de</strong>rna, uma série <strong>de</strong> eventos organizados pelosprincipais nomes da arquitetura mo<strong>de</strong>rna europeia a fim <strong>de</strong> discutir os rumos da arquitetura, dourbanismo e do <strong>de</strong>sign, revolucionando o pensamento estético, cultural e social do período(MUMFORD, 2000). Nestes eventos, <strong>de</strong>fendia-se a necessida<strong>de</strong> do caráter multidisciplinar para osplanos urbanísticos a fim <strong>de</strong> resolver os verda<strong>de</strong>iros problemas urbanos.2 O fato é contestado por Villaça (1999, p.224-225) alegando que as Leis 4.320/64, a LeiComplementar 3/67 e o Ato Complementar n.43 nada falam sobre Planos Diretores e suavinculação com a concessão <strong>de</strong> recursos, enfatizando ainda que não se tem notícia <strong>de</strong> qualquermunicípio brasileiro para o qual se tenha negado um pedido <strong>de</strong> empréstimo por falta <strong>de</strong> planodiretor.3 O Plano elaborado por Doxiadis para o Rio <strong>de</strong> Janeiro possuía 500 páginas, redigidas em inglês. OPUB-SP (Plano Urbanístico Básico <strong>de</strong> São Paulo) <strong>de</strong> 1969 contém 3.400 páginas, na época omaior diagnóstico técnico realizado no Brasil.


18dos quadros efetivos das administrações públicas, que continham apenas diretrizes,com boas i<strong>de</strong>ias, eliminando discórdias e ocultando conflitos, que via <strong>de</strong> regra nadainfluenciaram as leis <strong>de</strong> zoneamento a eles vinculados (VILLAÇA, p.218-220; DEÁK,1999, p.13-14); em muitos municípios, o planejamento urbano adquiriu funçãosecundária, executado sobretudo em cima das leis <strong>de</strong> zoneamento.Com o início do processo <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>mocrática no final dos anos1970, surgiram embriões <strong>de</strong> processos participativos, como uma pesquisa <strong>de</strong> opiniãopública que a <strong>Prefeitura</strong> do Rio <strong>de</strong> Janeiro fez para a elaboração <strong>de</strong> seu novo PlanoDiretor. Neste período, afloraram os movimentos <strong>de</strong>mocráticos, municipalistas e pelodireito à cida<strong>de</strong>, organizados através <strong>de</strong> sindicatos, pastorais e partidos políticos.Estes movimentos, capacitados por ONGs cidadãs, passaram a reivindicar o direitoà cida<strong>de</strong> e à participação da socieda<strong>de</strong> civil nos processos <strong>de</strong>cisórios (MARQUES,2004).1.3 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988 E SEUS REFLEXOS NAADMINISTRAÇÃO PÚBLICAApesar da longa experiência <strong>de</strong> planejamento econômico e urbanísticobrasileira, o país ainda sofria gran<strong>de</strong>s crises sociais em suas cida<strong>de</strong>s. Embora aativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento tenha sofrido certo esvaziamento a partir do final dosanos 70, por diversos fatores (crise mundial do petróleo, dívida externa e inflaçãoalta, entre outros), a mídia continuava atribuindo po<strong>de</strong>res mágicos ao planejamento,sobretudo aos Planos Diretores, como forma <strong>de</strong> resolver todos os problemas dascida<strong>de</strong>s.Percebe-se no meio urbanístico que o real problema das cida<strong>de</strong>sbrasileiras não é a falta <strong>de</strong> planejamento ou <strong>de</strong> projetos, mas a segregação social<strong>de</strong>terminada principalmente pelo direcionamento constante dos investimentos paraáreas já dotadas <strong>de</strong> infra-estrutura e visadas pelo mercado imobiliário, em<strong>de</strong>trimento <strong>de</strong> áreas que permaneceram na precarieda<strong>de</strong>, esquecidas e ignoradas


19pelo Po<strong>de</strong>r Público, on<strong>de</strong> foi habitar a população carente (MARICATO, 2000, p.174).As cida<strong>de</strong>s brasileiras simplesmente refletem o <strong>de</strong>sequilíbrio social do paísprovocado pela forma como a socieda<strong>de</strong> se estruturou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os tempos <strong>de</strong> colônia(FERREIRA, 2009), com a elite sistematicamente adaptando sua i<strong>de</strong>ologia (DEÁK,1999, p.36-41; MORI, 1999, p. 49-71; VILLAÇA, 1999, p.183-184) para neutralizar asresistências permanecendo no po<strong>de</strong>r e afastando a parcela carente dos processos<strong>de</strong>cisórios (SANCHES, 2007, p.9-18), que ficou então à mercê da política doclientelismo.O amadurecimento das discussões em torno da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>reverter o quadro social presente possibilitou que a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988<strong>de</strong>sse um gran<strong>de</strong> passo ao assegurar em seu texto, entre diversos outros itensimportantes:• A garantia <strong>de</strong> direitos básicos ao cidadão, como saú<strong>de</strong>, educação ehabitação (entre outras), que <strong>de</strong>vem ser atendidos pelos governantesatravés <strong>de</strong> políticas públicas para tal fim, bem como a <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>gastos mínimos constitucionais com saú<strong>de</strong> e educação;• O direito <strong>de</strong> controle social como princípio que permeará toda aatuação da administração pública, possibilitando a inclusão daquelaparcela da população tradicionalmente excluída dos processos<strong>de</strong>cisórios;• A instituição <strong>de</strong> princípios básicos da administração pública(publicida<strong>de</strong>, moralida<strong>de</strong>, legalida<strong>de</strong>, impessoalida<strong>de</strong> e, posteriormente,eficiência);• A instituição do município como ente fe<strong>de</strong>rado (caso único no mundo) ea reorganização <strong>de</strong> competências administrativas, com consi<strong>de</strong>rávelincremento das responsabilida<strong>de</strong>s municipais, em boa parte resultadodo movimento municipalista dos anos 80;• A <strong>de</strong>finição do Plano Diretor como instrumento básico da política <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento e expansão urbana, <strong>de</strong>finindo a função social daproprieda<strong>de</strong> e permitindo ao Po<strong>de</strong>r Público obrigar o proprietário dar a<strong>de</strong>stinação a<strong>de</strong>quada ao imóvel;


20• A regulamentação do sistema orçamentário dos entes fe<strong>de</strong>radosatravés <strong>de</strong> três leis: a lei do Plano Plurianual (PPA), a Lei <strong>de</strong> DiretrizesOrçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA).O princípio <strong>de</strong> controle social <strong>de</strong>scentraliza as ações da administraçãopública e incorpora mecanismos <strong>de</strong> participação da socieda<strong>de</strong>, como as iniciativaspopulares <strong>de</strong> projetos <strong>de</strong> lei, os plebiscitos, os referendos e a criação dos órgãoscolegiados <strong>de</strong> gestão paritária (RIBEIRO e BÓGUS, 2002). Este conceito <strong>de</strong>participação da socieda<strong>de</strong> civil, <strong>de</strong>senvolvido durante o período do welfare state naEuropa e EUA, foi potencializado no Brasil pela abertura <strong>de</strong>mocrática após o fim daditadura (MORI, 1999, p.59). Este princípio fundamentará todas as gran<strong>de</strong>s leisfe<strong>de</strong>rais após sua aprovação, começando por políticas setoriais como saú<strong>de</strong>,esten<strong>de</strong>ndo-se para educação, promoção social, gestão orçamentária e, maisrecentemente, para a área <strong>de</strong> política urbana <strong>de</strong> forma geral através do Estatuto daCida<strong>de</strong>, atrelando o planejamento urbano com as <strong>de</strong>mais políticas públicas e aspeças orçamentárias, iniciando um processo <strong>de</strong> transversalida<strong>de</strong> na administraçãopública.A inclusão do capítulo da Política Urbana – artigos 182 e 183 daConstituição – é resultado <strong>de</strong> uma proposta <strong>de</strong> Emenda Popular protocolada peloFNRU – Fórum Nacional da Reforma Urbana durante a Assembleia Constituinte.Entretanto, <strong>de</strong>vido à intensificação dos <strong>de</strong>bates, a regulamentação dos instrumentosnecessários à aplicação da função social da proprieda<strong>de</strong> foi <strong>de</strong>ixada para uma leicomplementar, que seria concluída somente 13 anos <strong>de</strong>pois, conhecida comoEstatuto da Cida<strong>de</strong>.O tema orçamento mereceu gran<strong>de</strong> atenção dos constituintes,representando o símbolo das prerrogativas parlamentares perdidas durante operíodo autoritário: o legislativo voltou a ter a prerrogativa <strong>de</strong> propor emenda aoprojeto <strong>de</strong> lei orçamentário. Uma gran<strong>de</strong> inovação foi a exigência <strong>de</strong>encaminhamento ao Legislativo do projeto <strong>de</strong> lei das diretrizes orçamentárias (LDO),objetivando orientar a elaboração da LOA, dispondo sobre políticas <strong>de</strong> fomento.


211.4 O PLANEJAMENTO NA DÉCADA DE 1990Os anos 90 foram marcados no campo econômico pelo avanço daglobalização e das políticas neoliberais no país. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sanear as contaspúblicas fez o controle orçamentário e a austerida<strong>de</strong> fiscal entrar na pauta das açõesgovernamentais, significando o ressurgimento do planejamento como instrumentopara o <strong>de</strong>senvolvimento do país (PARES e VALLE, 2006, p. 229). Segundo Deák(1999, p.39), o Plano Collor <strong>de</strong> 1990 continha ações capazes <strong>de</strong> transformarradicalmente a estrutura da economia brasileira, assemelhando-se a uma “revoluçãopor cima”:[...] o fim do financiamento automático do déficit público pela via da emissão<strong>de</strong> moeda, a unificação do planejamento, execução orçamentária e políticamonetária, a montagem <strong>de</strong> um sistema financeiro capaz <strong>de</strong> crédito <strong>de</strong> longamaturação e drástica redução da imunida<strong>de</strong> fiscal, (...) a extinção dasmuletas para indústrias selecionadas (subsídios, cartéis, monopólios, nichos<strong>de</strong> proteção), a montagem <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> financiamento do comércioexterior (...) e estímulo ao progresso técnico.Diante da magnitu<strong>de</strong> das propostas, Deák “profetizou” ao questionar asustentabilida<strong>de</strong> política do governo com tais propostas (o artigo em questão foielaborado um ano antes do impeachment <strong>de</strong> 1992). Embora tenha ficado conhecidopelo confisco da poupança, foi o Plano Collor que lançou as bases da estabilida<strong>de</strong>econômica e da entrada da economia brasileira no cenário globalizado. Aestabilida<strong>de</strong> econômica consolidou-se com o Plano Real (1994), quando o fim dainflação possibilitou a elaboração <strong>de</strong> um planejamento orçamentário <strong>de</strong> fato, sem asdistorções proporcionadas pela <strong>de</strong>preciação acelerada da moeda.Mesmo após a estabilização econômica e com um sistema <strong>de</strong>planejamento extremamente avançado, permaneceram dúvidas quanto àcapacida<strong>de</strong> brasileira <strong>de</strong> se controlar receitas e <strong>de</strong>spesas, dada a escassez <strong>de</strong>fontes <strong>de</strong> financiamento e o <strong>de</strong>scolamento entre o orçamento planejado e oexecutado – dado utilizado por alguns organismos internacionais para compararpaíses <strong>de</strong>senvolvidos e emergentes. Neste ambiente instalou-se um longo <strong>de</strong>batequestionando se o planejamento <strong>de</strong>veria se ater somente à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> diretrizes,


22objetivos e metas da administração, sem menção aos recursos, dissociando-se dosorçamentos anuais (PARES e VALLE, 2006, p. 233-234).Em 1995, a edição do Plano Diretor da Reforma do Estado visoumo<strong>de</strong>rnizar a administração pública dotando-a <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los gerenciais que vinhamsendo implantados em vários países, conce<strong>de</strong>ndo maior autonomia eresponsabilida<strong>de</strong> ao gestor público, adotando a gestão por resultados e aimplantação <strong>de</strong> ciclos <strong>de</strong> aperfeiçoamento contínuo, típicos da gestão privada,através da figura do PDCA. O PPA 1996-1999 da União já incluiu um referencialindicativo <strong>de</strong> metas e indicadores <strong>de</strong> longo prazo, vinculadas a unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>planejamento territorial com políticas públicas específicas, <strong>de</strong>nominadas EixosNacionais <strong>de</strong> Integração e Desenvolvimento (PARES e VALLE, 2006, p. 236-245).O planejamento estratégico também ganhou força na formulação dosplanos diretores municipais, muito proporcionado pelo city-marketing feito porBarcelona para as Olimpíadas <strong>de</strong> 1992. No entusiasmo provocado pelo sucesso <strong>de</strong>renomados arquitetos catalães, diversos municípios contrataram assessorias nointuito <strong>de</strong> trazer os conceitos do meio empresarial para o mo<strong>de</strong>lo gerencial dascida<strong>de</strong>s. Tais conceitos foram fartamente difundidos pelo BIRD e apresentamdiversas vantagens, como a implantação <strong>de</strong> ciclos periódicos <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho e reprogramação <strong>de</strong> metas e objetivos, mas diversos profissionais domeio urbanístico contestam a forma como estes planos são executados, pois em seuponto <strong>de</strong> vista as cida<strong>de</strong>s tornam-se mercadorias a serem vendidas aos gran<strong>de</strong>sempreen<strong>de</strong>dores – <strong>de</strong>vendo geralmente abdicar <strong>de</strong> impostos ou cobrança <strong>de</strong> outrosbenefícios para a promoção do <strong>de</strong>senvolvimento econômico (VAINER, 2000, p.87).Na outra ponta, surgiram planos diretores executados através <strong>de</strong> um planejamentoparticipativo (VILLAÇA, 1999, p.235-236), on<strong>de</strong> a socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser apenasexpectadora do processo mas sim responsável pela gestão <strong>de</strong> seu próprio espaço.A consolidação do processo <strong>de</strong> abertura <strong>de</strong>mocrática provocou umareorganização <strong>de</strong> forças dos movimentos sociais. As ONGs tornaram-se maisatuantes, interagindo com o cidadão comum, financiadas por projetos quetrabalhavam em cima <strong>de</strong> índices e resultados, e <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> reivindicar para propor.O termo mobilizar <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> significar <strong>de</strong>senvolvimento da consciência crítica ou ato<strong>de</strong> protestar nas ruas para se tornar “sinônimo <strong>de</strong> arregimentar e organizar apopulação para participar <strong>de</strong> projetos sociais” (IHU OnLine, 2003; MARQUES, 2004;


23SANCHES, 2007, p. 16).O Estado brasileiro necessitava então <strong>de</strong>senvolver ferramentas paragovernar e fazer “com” a socieda<strong>de</strong>. Citando Pares e Valle:[...] o Estado que escuta e negocia <strong>de</strong>manda ferramentas fortes <strong>de</strong>planejamento e <strong>de</strong> programação, em que diretrizes, objetivos e resultadosse vinculam <strong>de</strong> forma transparente aos meios <strong>de</strong> que dispõe o setor públicopara cumprir com as suas funções. (...) Tão importante quanto <strong>de</strong>finirnormas claras para motivar o mercado a participar das ativida<strong>de</strong>s públicasou para assegurar os <strong>de</strong>mais entes subnacionais a trabalharem <strong>de</strong> formaarticulada e convergente com o governo fe<strong>de</strong>ral é alocar, no PPA e nosorçamentos, os meios e os resultados acordados entre as partes, <strong>de</strong> modo aassegurar uma programação estável para todos os agentes envolvidos,públicos e privados (PARES e VALLE, 2006, p. 237-238).É neste ambiente <strong>de</strong> intensas mudanças e adaptações que sãopromovidos intensos <strong>de</strong>bates sobre leis que regulamentariam matérias financeiras eurbanísticas da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, as quais procuraremos <strong>de</strong>screver a seguir.1.5 LRF – LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (2000)A promulgação da Lei Complementar n° 101, conhecida como Lei <strong>de</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal (LRF) objetivou disciplinar procedimentos <strong>de</strong> caráter fiscal,contábil e legal, complementando aspectos tratados literalmente ou parcialmenteatravés dos <strong>de</strong>mais textos legais ligados ao tema, como a Lei 4.320/64 (lei queinstitui normas gerais <strong>de</strong> direito financeiro e controle do orçamento público) e aprópria Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988. Visou sobretudo a eficácia, eficiência,economicida<strong>de</strong>, probida<strong>de</strong> e transparência da administração pública.Com a <strong>de</strong>scentralização dos estados e municípios consolidada pelaConstituição <strong>de</strong> 1988, a LRF tornou-se necessária estabelecendo normas <strong>de</strong>finanças públicas voltadas para a responsabilida<strong>de</strong> na gestão fiscal.A LRF enrijeceu a disciplina na gestão pública, apoiando-se nas<strong>de</strong>monstrações contábeis e gerenciais, estabelecendo cronogramas <strong>de</strong> execução,


24exigindo maior transparência e rigor na prestação <strong>de</strong> contas. Prevê como puniçãopara os gestores ímprobos a suspensão <strong>de</strong> direitos políticos, perda da função,indisponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bens, ressarcimento ao erário e até prisão, tipificados na Lei <strong>de</strong>Crimes Fiscais (Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 10.028/2000).Entre seus aspectos principais, <strong>de</strong>stacamos:• Enfatiza a ação planejada e transparente para evitar déficits e reduzirdívidas;• Trata dos instrumentos <strong>de</strong> gestão, Plano Plurianual, Lei <strong>de</strong> DiretrizesOrçamentárias e Lei Orçamentária Anual, dispondo sobre execuçãoorçamentária, cumprimento das metas, controle <strong>de</strong> custos, avaliação<strong>de</strong> resultados e equilíbrio entre receita e <strong>de</strong>spesa;• Define que as <strong>de</strong>spesas públicas <strong>de</strong>vem aten<strong>de</strong>r a criação, expansão eaperfeiçoamento da ação governamental e sua a<strong>de</strong>quação as Peças<strong>de</strong> Planejamento;• Limita gastos com pessoal em até 60% da Receita Corrente Líquida,sendo 54% para o executivo e 6% para o legislativo;• Refere-se às transferências voluntárias, entrega <strong>de</strong> recursos ou <strong>de</strong>capital a outro ente público, seja através <strong>de</strong> título <strong>de</strong> cooperação ouajuda financeira, bem como da <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong> recursos ao setorprivado, pessoas físicas ou jurídicas;• Controle da Dívida Pública consolidada ou fundada, dívida mobiliária,operações <strong>de</strong> crédito, concessão <strong>de</strong> garantias, refinanciamento econfissões <strong>de</strong> dívidas;• Impõe a realização das audiências públicas para aumentar atransparência e incentivar a participação popular e o controle social noemprego dos recursos públicos;• Obriga o cumprimento para União, Estados, Municípios e DistritoFe<strong>de</strong>ral, compreen<strong>de</strong>ndo Po<strong>de</strong>r Executivo, Po<strong>de</strong>r Legislativo, inclusiveTribunais <strong>de</strong> Contas, Po<strong>de</strong>r Judiciário e o Ministério Público;administrações diretas e indiretas, fundos, autarquias, fundações eempresas estatais in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes;


25• Obriga a emissão periódica <strong>de</strong> relatórios contábeis e gerenciais,objetivando evi<strong>de</strong>nciar o quadro completo da qualida<strong>de</strong> da gestãocontábil.A Lei <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal também ampliou o significado e aimportância da LDO, atribuindo-lhe a incumbência <strong>de</strong> disciplinar inúmeros temas,como equilíbrio entre receitas e <strong>de</strong>spesas, metas fiscais, riscos fiscais, programaçãofinanceira e cronograma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sembolso, normas relativas ao controle <strong>de</strong> custos eavaliação dos resultados dos programas financiados com recursos dos orçamentos,entre outros.A LRF <strong>de</strong>fine, em seu artigo 48, os instrumentos para fazer cumprir atransparência da gestão fiscal:Art. 48. São instrumentos <strong>de</strong> transparência da gestão fiscal, aos quais serádada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos <strong>de</strong> acesso público:os planos, orçamentos e leis <strong>de</strong> diretrizes orçamentárias; as prestações <strong>de</strong>contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido da ExecuçãoOrçamentária e o Relatório <strong>de</strong> Gestão Fiscal; e as versões simplificadas<strong>de</strong>sses instrumentos.Parágrafo único. A transparência será assegurada também medianteincentivo à participação popular e realização <strong>de</strong> audiências públicas,durante os processos <strong>de</strong> elaboração e <strong>de</strong> discussão dos planos, leis <strong>de</strong>diretrizes orçamentárias e orçamentos.Não <strong>de</strong>fine, entretanto, a forma <strong>de</strong> realizar estas audiências nem o que<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>liberado nelas. Devemos atentar que o verbo participar tem umsignificado mais voltado a ajudar a construir do que a um simples ato <strong>de</strong> validar.Para tanto, as audiências <strong>de</strong>vem ser realizadas ao longo da elaboração das peças,colhendo sugestões <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da formulação <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las.1.6 LEI DE CRIMES FISCAIS ( LEI FEDERAL 10.028/2000 )Esta lei complementa a Lei <strong>de</strong> Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal, <strong>de</strong>finindo aspenalida<strong>de</strong>s dos crimes contra ela cometidos, consolidando os textos legais jáexistentes sobre o assunto e classificando como crimes algumas condutas


26recorrentes dos agentes públicos. Acrescentou ao Código Penal oito crimes e mais25 ao Decreto-Lei 201, <strong>de</strong> 1967, que trata dos crimes <strong>de</strong> prefeitos e vereadores(LAVORATTI, 2010). Entre os atos puníveis, citamos:• Realizar operações <strong>de</strong> crédito sem autorização legislativa: um a doisanos <strong>de</strong> prisão;• Restos a pagar <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas sem empenho: seis meses a dois anos <strong>de</strong>prisão;• Realizar <strong>de</strong>spesas não autorizadas por lei: um a quatro anos <strong>de</strong> prisão;• Aumento <strong>de</strong> <strong>de</strong>spesas com pessoal nos 180 dias anteriores ao fim <strong>de</strong>mandato: um a quatro anos <strong>de</strong> prisão.Um <strong>de</strong> seus objetivos foi evitar uma prática comum no Brasil, <strong>de</strong>transferir a dívida para os governos subsequentes.1.7 EC – ESTATUTO DA CIDADE ( LEI FEDERAL 10.257/2001 )A Lei Fe<strong>de</strong>ral 10.257, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2.001, conhecida comoEstatuto da Cida<strong>de</strong>, é a regulamentação dos artigos 182 e 183 da ConstituiçãoBrasileira <strong>de</strong> 1988. É originária <strong>de</strong> um projeto <strong>de</strong> lei <strong>de</strong> 1990, que ficou 11 anostramitando no Congresso Nacional, até sua versão final.Os Planos Diretores formulados até sua promulgação tiveram poucosefeitos práticos nos municípios que foram elaborados, mas possuíram fundamentalimportância para o amadurecimento dos <strong>de</strong>bates que serviram para sua aprovação.Justamente por este motivo, o Estatuto da Cida<strong>de</strong> “veste melhor” quando aplicadoem municípios com gran<strong>de</strong>s problemas urbanos.Esta lei contempla ações capazes <strong>de</strong>, se implantadas na prática,contribuir para um melhor direcionamento dos investimentos públicos e possibilitar aredução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s sociais. É consi<strong>de</strong>rada por muitos uma “caixa <strong>de</strong>


27ferramentas”, contendo uma cesta <strong>de</strong> instrumentos urbanísticos a serem utilizadospelos municípios (alguns obrigatoriamente, outros opcionalmente) para atingir osobjetivos <strong>de</strong>finidos em cada Plano Diretor.Entre outros itens, esta lei <strong>de</strong>termina que os novos Planos Diretorescontemplem:• a abrangência <strong>de</strong> todo o município, e não somente do perímetrourbano;• a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> função social da proprieda<strong>de</strong> em cada trecho do territóriomunicipal e a separação do direito <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do direito <strong>de</strong>construir, base legal dos instrumentos urbanísticos no combate àespeculação imobiliária;• a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução e necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atualizações e revisõesperiódicas;• a interferência da ação sobre gran<strong>de</strong> parcela da população;• a participação popular e controle social do plano, com conselho própriopara fiscalizar sua implementação;• a vinculação das peças orçamentárias ao Plano Diretor.O último item é citado expressamente em diversos trechos da lei. Já noArt. 2°, prevê que:Art. 2 o A política urbana tem por objetivo or<strong>de</strong>nar o pleno <strong>de</strong>senvolvimentodas funções sociais da cida<strong>de</strong> e da proprieda<strong>de</strong> urbana, mediante asseguintes diretrizes gerais:I – ......X – a<strong>de</strong>quação dos instrumentos <strong>de</strong> política econômica, tributária efinanceira e dos gastos públicos aos objetivos do <strong>de</strong>senvolvimentourbano, <strong>de</strong> modo a privilegiar os investimentos geradores <strong>de</strong> bem-estargeral e a fruição dos bens pelos diferentes segmentos sociais; (grifo nosso)No Art. 4°, cita Plano Diretor e peças orçamentária s como instrumentospara viabilizar o planejamento municipal:Art. 4o Para os fins <strong>de</strong>sta Lei, serão utilizados, entre outros instrumentos:I...II...III – planejamento municipal, em especial:a) plano diretor;


28b) disciplina do parcelamento, do uso e da ocupação do solo;c) zoneamento ambiental;d) plano plurianual;e) diretrizes orçamentárias e orçamento anual;f) gestão orçamentária participativa;g) planos, programas e projetos setoriais; (grifo nosso)No Art. 40, <strong>de</strong>ixa clara a importância do Plano Diretor no planejamentomunicipal e novamente reforça a vinculação das peças orçamentárias as suasdisposições:Art. 40. O plano diretor, aprovado por lei municipal, é o instrumento básicoda política <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento e expansão urbana.§ 1o O plano diretor é parte integrante do processo <strong>de</strong> planejamentomunicipal, <strong>de</strong>vendo o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e oorçamento anual incorporar as diretrizes e as priorida<strong>de</strong>s nelecontidas.§ 2o O plano diretor <strong>de</strong>verá englobar o território do Município como um todo.§ 3o A lei que instituir o plano diretor <strong>de</strong>verá ser revista, pelo menos, a cada<strong>de</strong>z anos. (grifo nosso)Finalmente, o Estatuto da Cida<strong>de</strong> reforça a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realização<strong>de</strong> audiências públicas para a aprovação do PPA:Art. 44. No âmbito municipal, a gestão orçamentária participativa <strong>de</strong> quetrata a alínea f do inciso III do art. 4o <strong>de</strong>sta Lei incluirá a realização <strong>de</strong><strong>de</strong>bates, audiências e consultas públicas sobre as propostas do planoplurianual, da lei <strong>de</strong> diretrizes orçamentárias e do orçamento anual,como condição obrigatória para sua aprovação pela Câmara Municipal.(grifo nosso)Para garantir sua aplicação, obrigou todos os municípios com mais <strong>de</strong>20.000 habitantes ou em condições especiais 4 a reformular seus Planos,obe<strong>de</strong>cendo suas disposições, sob pena <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong> administrativa do Prefeito.Este prazo se esgotaria em 06 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2006, prorrogado posteriormente para28 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 2008.Com estas disposições, o Estatuto da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> ser uma leidirecionada a urbanistas para se tornar uma lei dirigida a toda a administração, que4De acordo com o Art. 41 do Estatuto da Cida<strong>de</strong>, o plano diretor é obrigatório para cida<strong>de</strong>s que seenquadrem em pelo menos uma das seguintes condições: ter mais <strong>de</strong> 20.000 habitantes, serintegrante <strong>de</strong> região metropolitana ou aglomeração urbana, <strong>de</strong>sejar utilizar instrumentosurbanísticos previstos no §4° do Art. 182 da Consti tuição Fe<strong>de</strong>ral, ser integrante <strong>de</strong> área <strong>de</strong>especial interesse turístico ou estar inserida na área <strong>de</strong> influência <strong>de</strong> empreendimentos ouativida<strong>de</strong>s com significativo impacto ambiental <strong>de</strong> âmbito regional ou nacional.


29<strong>de</strong>ve participar tanto da <strong>de</strong>finição das diretrizes e programas (no Plano Diretor e noPPA) quanto da execução orçamentária (na LDO e na LOA). Ao atrelar as diretrizespor ele propostas aos programas a serem aplicados no curto prazo, fez os planosdiretores per<strong>de</strong>rem um pouco da característica <strong>de</strong> “projeto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> i<strong>de</strong>al”,inatingível ou lúdica, para se tornarem instrumentos <strong>de</strong> planejamento estratégiconecessários para a solução ou amenização dos problemas existentes,assemelhando-se a um Plano <strong>de</strong> Ação como <strong>de</strong>fendido por Maricato (2000, p. 179-187) durante os <strong>de</strong>bates que antece<strong>de</strong>ram sua aprovação.1.8 O PLANEJAMENTO NA DÉCADA DE 2000 E TENDÊNCIAS DE EVOLUÇÃODe tão avançado, percebe-se no âmbito internacional uma evolução dosistema <strong>de</strong> planejamento na direção do mo<strong>de</strong>lo brasileiro, integrando planejamentoao ciclo do gasto, incorporando a gestão por resultados. Enquanto a maior parte dosplanos projeta valor futuro às <strong>de</strong>cisões do presente, o mo<strong>de</strong>lo brasileiro dá valorpresente aos objetivos <strong>de</strong>finidos no médio e longo prazo (PARES e VALLE, 2006,p.234-244).No governo fe<strong>de</strong>ral, o PPA 2000-2003 promoveu pela primeira vez aintegração plano-orçamento, forçando o gestor praticar uma gestão por resultados,como largamente utilizado pela iniciativa privada. O PPA 2004-2007 por sua vez foimarcado pela integração entre programa e organizações: o gestor do programa e daorganização são a mesma pessoa, reforçando o compromisso com a gestão <strong>de</strong>resultados e com o controle dos gastos (PARES e VALLE, 2006, p. 239-241). Maisdo que isso, este PPA caracteriza-se pela implantação <strong>de</strong> uma estratégia <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento, e não somente uma visão <strong>de</strong> futuro. Em 2004, o governo fe<strong>de</strong>raledita o Decreto 5.233/2004 implementando um Sistema <strong>de</strong> Monitoramento eAvaliação do plano, <strong>de</strong>scentralizando uma ativida<strong>de</strong> restrita aos órgãos centrais eauxiliando a disseminar a cultura <strong>de</strong> resultados na administração pública (p. 259).Em 2003, diversos urbanistas <strong>de</strong>fensores do Estatuto da Cida<strong>de</strong>


30assumiram em 2003 cargos <strong>de</strong> alto escalão 5 no recém-criado Ministério dasCida<strong>de</strong>s. Garantiu-se então uma intensa campanha nacional pelos Planos DiretoresParticipativos com capacitação <strong>de</strong> agentes sociais e montagem <strong>de</strong> uma ampla re<strong>de</strong><strong>de</strong> comunicação. Gran<strong>de</strong> parte dos municípios cumpriu suas obrigações a<strong>de</strong>quandoseàs diretrizes da lei fe<strong>de</strong>ral. Após o término da campanha nacional, a re<strong>de</strong> socialmontada via Internet permaneceu ativa, com um canal <strong>de</strong> notícias do Ministérioveiculando periodicamente notícias sobre a política urbana, porém durante o período<strong>de</strong> elaboração dos PPAs 2010-2013 pouco ou nada se divulgou sobre anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração das peças orçamentárias com o conteúdo dos planosdiretores recém-aprovados.Nos últimos anos ganharam visibilida<strong>de</strong> diversas tecnologias paraauxiliar o planejamento nas administrações públicas, com <strong>de</strong>staque para osSistemas <strong>de</strong> Informações Municipais, os Sistemas <strong>de</strong> Informação Georeferenciada eos Cadastros Multifinalitários. Estes sistemas visam inter-relacionar dados até poucotempo <strong>de</strong>sconectados e possibilitar, em tempo real, a emissão <strong>de</strong> relatórios e oagrupamento <strong>de</strong> dados estatísticos que permitam o monitoramento e avaliação daeficiência dos programas geridos pela administração pública. Ela passa a<strong>de</strong>senvolver um controle interno, antecipando-se à fiscalização do meio externo.O município <strong>de</strong> São Paulo encontra-se bastante avançado nestaquestão. Dotado <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> indicadores confiáveis, já é possível quequalquer cidadão consulte pela Internet indicadores que avaliam a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vidaem cada uma das 31 subprefeituras da capital paulista. Pelo site da ONG MovimentoNossa São Paulo (www.nossasaopaulo.org.br), foi possível por exemplo saber que apopulação <strong>de</strong> Pinheiros consome sete vezes mais água do que a população <strong>de</strong>Parelheiros, ou que apenas 11 das 31 subprefeituras dispõem <strong>de</strong> museus abertos aopúblico.Esse município aprovou recentemente uma emenda a sua lei orgânica<strong>de</strong>nominada “Lei <strong>de</strong> Metas” 6 , que obriga o governante apresentar um plano <strong>de</strong> metascom indicadores quantitativos:5 A arquiteta Ermínia Maricato foi nomeada secretária executiva do MCida<strong>de</strong>s e a arquiteta RaquelRolnik assumiu a Secretaria Nacional <strong>de</strong> Programas Urbanos.6Emenda Nº 30 à Lei Orgânica do município <strong>de</strong> São Paulo, publicada em 26.02.2008.


31“Art. 69-A. O Prefeito, eleito ou reeleito, apresentará o Programa <strong>de</strong> Metas<strong>de</strong> sua gestão, até noventa dias após sua posse, que conterá aspriorida<strong>de</strong>s: as ações estratégicas, os indicadores e metas quantitativaspara cada um dos setores da Administração Pública Municipal,Subprefeituras e Distritos da cida<strong>de</strong>, observando, no mínimo, as diretrizes<strong>de</strong> sua campanha eleitoral e os objetivos, as diretrizes, as açõesestratégicas e as <strong>de</strong>mais normas da lei do Plano Diretor Estratégico”.A <strong>Prefeitura</strong> apresentou então no início <strong>de</strong> 2009 um Programa <strong>de</strong>Metas chamado <strong>de</strong> Agenda 2012, com 223 metas <strong>de</strong> gestão a serem cumpridas atéo final do mandato, disponibilizadas no site www.agenda2012.com.br . Em cada LDOsão explicitados os quantitativos anuais; como exemplo, na LDO <strong>de</strong> 2011 prevê-se aconstrução <strong>de</strong> 127 escolas municipais <strong>de</strong> educação infantil (EMEIs) e 55 Centros <strong>de</strong>Educação Infantil.Apesar dos inúmeros avanços que a administração pública alcançou aolongo dos últimos anos, os fatos e escândalos noticiados diariamente mostram queainda há um caminho árduo a ser percorrido para garantir a real eficiência dalegislação.Ressalta-se que, nos últimos tempos, os tribunais <strong>de</strong> contas têm seaperfeiçoado nos mecanismos <strong>de</strong> fiscalização, apurando em tempo real distorçõescontábeis verificadas, como já faz o Tribunal <strong>de</strong> Contas do Estado <strong>de</strong> São Pauloatravés do projeto AUDESP 7 . Este controle externo ainda possibilita somente umaanálise quantitativa dos dados apresentados, mas consolidada esta fase existe umatendência <strong>de</strong> iniciar-se uma etapa <strong>de</strong> fiscalização do estabelecimento / cumprimento<strong>de</strong> metas propostas e melhoria <strong>de</strong> índices (já há locais que avaliam os municípioscom base na evolução <strong>de</strong> seu IDH e IDEB) e, num futuro não muito distante, aavaliação passe a ser mais subjetiva, observando se os entes têm cumprido osobjetivos textuais constantes em seus planos diretores.7 O projeto AUDESP é uma iniciativa implantada pelo Tribunal <strong>de</strong> Contas do Estado <strong>de</strong> São Paulo<strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2003 para aprimorar, através do uso da tecnologia <strong>de</strong> informação, os procedimentos <strong>de</strong>coleta <strong>de</strong> dados dos órgãos fiscalizados. Esta coleta, feita por meio digital, permite ao Tribunal<strong>de</strong>tectar quase instantaneamente distorções produzidas pela administração pública.


322 A EVOLUÇÃO DOS PROCESSOS DE PLANEJAMENTO EM PERUÍBE2.1 BREVE CARATERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO<strong>Peruíbe</strong> é um município recente, situado no Litoral Sul do Estado <strong>de</strong>São Paulo, fundado em 18 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1959, na época apenas um distrito poucopovoado <strong>de</strong> Itanhaém com cerca <strong>de</strong> 3.000 habitantes. O município experimentougran<strong>de</strong> boom <strong>de</strong> crescimento urbano e <strong>de</strong>mográfico nas décadas <strong>de</strong> 70 e 80,sobretudo após a abertura das estradas que dão acesso à região.A base <strong>de</strong> sua economia sempre foi a construção civil, alimentada pelocrescimento extensivo do turismo <strong>de</strong> 2ª residência (veraneio). <strong>Peruíbe</strong> possuía, em2006, cerca <strong>de</strong> 55.000 habitantes e 70.000 imóveis em seu cadastro imobiliário.Apenas 21.000 imóveis <strong>de</strong>ste cadastro pertenciam a moradores, o restante pertenciaa veranistas e investidores, sobretudo da Gran<strong>de</strong> São Paulo, que <strong>de</strong>tinham 60% dosimóveis do cadastro (SANCHES, 2007, p.21).O controle do processo <strong>de</strong>cisório sobre o projeto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>sempre foi muito centralizado no mesmo grupo restrito <strong>de</strong> pessoas durante váriasdécadas, ligadas às áreas <strong>de</strong> engenharia e do mercado imobiliário, com relaçõespróximas a integrantes <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> planejamento ou indutores do planejamentoregional (DER-SP 8 , SUDELPA 9 ), mantendo uma linha <strong>de</strong> planejamento urbanocontínua.8 Departamento <strong>de</strong> Estradas <strong>de</strong> Rodagem do Estado <strong>de</strong> São Paulo.9 A SUDELPA – Superintendência <strong>de</strong> Desenvolvimento do Litoral Paulista foi uma entida<strong>de</strong> autárquicacriada através do Decreto-Lei Complementar n° 4 <strong>de</strong> 01/09/1969, para aten<strong>de</strong>r reivindicações das<strong>Prefeitura</strong>s da região quanto a obras, melhorias e manutenção, “estando sob sua responsabilida<strong>de</strong>coor<strong>de</strong>nar, <strong>de</strong>senvolver, acompanhar e reavaliar o Plano <strong>de</strong> Desenvolvimento do Litoral, elaborarprogramas <strong>de</strong> assistência técnica para o litoral, promover pesquisas, <strong>de</strong>finir priorida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> projetos<strong>de</strong> interesse ao <strong>de</strong>senvolvimento econômico da região e participar da execução <strong>de</strong> projetos eprogramas a cargo do governo estadual na região”. Esta Superintendência foi extinta através daLei Complementar n° 680, <strong>de</strong> 22.07.1992.


33A lógica do planejamento urbano <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> pelo menos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o fimdos anos 70 foi repelir o turismo <strong>de</strong> massa verificado nas cida<strong>de</strong>s vizinhas através<strong>de</strong> severas restrições <strong>de</strong> zoneamento nas zonas mais visadas pelo mercadoimobiliário, sobretudo na orla, com a adoção <strong>de</strong> áreas mínimas para construção 10 .Esta política urbana produziu uma cida<strong>de</strong> mais agradável aos olhos do turista ouveranista, com imóveis <strong>de</strong> orla com padrão superior ao verificado nas cida<strong>de</strong>svizinhas, porém produziu elevada segregação sócio-espacial (figura 1): enquanto apopulação carente resi<strong>de</strong> em zonas mais periféricas, com pouca infra-estruturaurbana, existe uma ótima infra-estrutura urbana da faixa <strong>de</strong> orla que fica ociosadurante toda a baixa temporada. Ainda assim, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer aoveranista condições que propiciem seu retorno e o sustento econômico municipalcontinua justificando a priorida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos na área visada pelo mercadoimobiliário, ainda que esta proporção tenha se alterado consi<strong>de</strong>ravelmente ao longodos últimos anos (SANCHES, 2007, p.29-31).Figura 1 – Mapa da distribuição espacial das classes <strong>de</strong> renda. Em vermelho: classesbaixas; em amarelo: classes médias; em azul: classes altas. Em cinza: sem predominânciaFonte: Elaboração técnica da Realida<strong>de</strong> Municipal (PERUÍBE, 2006a, Mapa 13)10 Pela legislação municipal, para se aprovar novos projetos <strong>de</strong> construção os imóveis precisavam teruma área mínima <strong>de</strong> construção que varia <strong>de</strong> acordo com a época entre 100 e 140m 2 na faixa maispróxima a orla, e 60m 2 nas mais afastadas.


2.2 A EVOLUÇÃO DA ESTRUTURA DE PLANEJAMENTO DENTRO DAADMINISTRAÇÃO PÚBLICA MUNICIPAL34Legalmente, o planejamento foi previsto como ferramenta <strong>de</strong> trabalhoda administração pública municipal pelo menos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a Lei 642/77, que dispunhasobre a organização administrativa da <strong>Prefeitura</strong> (grifo nosso):TITULO IDOS PRINCÍPIOS NORTEADORES DA AÇÃO ADMINISTRATIVAARTIGO 1° - A <strong>Prefeitura</strong> adotará o Planejamento com o instrumento <strong>de</strong>ação para <strong>de</strong>senvolvimento físico-territorial, econômico, social e cultural daComunida<strong>de</strong>, bem como para a aplicação dos recursos humanos, materiaise financeiros do Governo Municipal.ARTIGO 2° - O planejamento compreen<strong>de</strong>rá a elaboraçã o dos seguintesinstrumentos básicos:-I - Plano Diretor <strong>de</strong> Desenvolvimento Integrado (Lei Orgânica dosMunicípios);II - Plano Plurianual <strong>de</strong> Investimentos (Constituição do Brasil e Lei Fe<strong>de</strong>raln° 4.320/64);III - Programa Anual <strong>de</strong> Trabalho (Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 4. 329/64);IV - Orçamento-Programa (Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 4.329/64);V - Programação Financeira Anual da Despesa (Lei Orgânica dosMunicípios).ARTIGO 3° - As ativida<strong>de</strong>s da administração Municipa l e, especialmente, aexecução <strong>de</strong> planos e programas do Governo, serão objeto <strong>de</strong> permanentecoor<strong>de</strong>nação.ARTIGO 4° - A coor<strong>de</strong>nação será exercida em todos os níveis daadministração, mediante atuação das chefias individuais, realizarãosistemáticas <strong>de</strong> reuniões com participação das chefias subordinadas e ainstituição e funcionamento <strong>de</strong> comissão <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação em cada níveladministrativo.A mesma lei dispôs em seu Título II a organização administrativamunicipal, incluindo o órgão específico <strong>de</strong> planejamento (grifo nosso):TÍTULO IIDA ESTRUTURAARTIGO 12° - A estrutura administrativa da Prefeitu ra compõe-se dosseguintes órgãos:I - GABINETE DO PREFEITOII - COORDENADORIA E PLANEJAMENTOIII - DEPARTAMENTO JURIDICOIV - DEPARTAMENTO DE ADMINISTRAÇÃOV - DEPARTAMENTO DA FAZENDAVI - DEPARTAMENTO DO TESOUROVII - DEPARTAMENTO DE FINANÇAS E PATRIMÔNIO


35VIII - DEPARTAMENTO DE OBRAS E SERVIÇOS MUNICIPAISIX - DEPARTAMENTO DE SAÚDEX - DEPARTAMENTO DE PROMOÇÃO SOCIALXI - DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO E CULTURAXII - DEPARTAMENTO DE ESPORTESXIII - DEPARTAMENTO DE TURISMOXIV - ADMINISTRAÇÕES REGIONAISE em seu Artigo 14, as atribuições da Coor<strong>de</strong>nadoria e Planejamento:ARTIGO 14° - A COORDENADORIA E PLANEJAMENTO é o órg ão <strong>de</strong>Coor<strong>de</strong>nação geral dos planos <strong>de</strong> governo e <strong>de</strong> planejamentogovernamental, competindo-lhe, coor<strong>de</strong>nar, assistir, elaborar e acompanhara execução dos planos e programas dos órgãos da Administração Municipale do Plano Diretor <strong>de</strong> Desenvolvimento Integrado, manter contato com osórgãos <strong>de</strong> Planejamento da União e do Estado, no interesse da <strong>Prefeitura</strong>coor<strong>de</strong>nar sob aspecto do Direito Trabalhista, Administrativo e Municipal osdiversos órgãos do Município, executar outros estudos por <strong>de</strong>terminação doPrefeito e constitui-se das divisões:I - DIVISÃO DE PESSOALII - DIVISÃO DE COMPRASEm 1990, a Lei 1.330, conhecida como Estatuto do Servidor, dispôs emsuas Disposições Transitórias:ARTIGO 221 - Até 180 (cento e oitenta) dias após a publicação da presenteLei, o Executivo <strong>de</strong>verá encaminhar para apreciação da Câmara MunicipalProjetos <strong>de</strong> Lei contendo:I - O novo Organograma da Administração Municipal, explicitando ossetores, divisão, <strong>de</strong>partamento e secretarias indicando as inter-relações <strong>de</strong>suas unida<strong>de</strong>s constitutivas e o limite das atribuições <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las;E um ano <strong>de</strong>pois, a Lei 1.385 dispensou a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>apresentar um novo organograma, revogando o inciso I e acrescentando o II:ARTIGO 221. ...I – REVOGADO;II - As normas disciplinando a Procuradoria Geral do Município, o MagistérioMunicipal, os Serviços <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, a Guarda Municipal e outras ativida<strong>de</strong>sque necessitem <strong>de</strong> regulamento próprio".Manteve-se, portanto, o organograma inicialmente previsto em 1977.Na prática, o Departamento <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nadoria e Planejamento foi implantadosomente em 1997, <strong>de</strong>slocando-se servidores do quadro efetivo do Departamento <strong>de</strong>Obras e Serviços Municipais chefiados por um comando político, representado pelovice-prefeito. Era uma equipe mais voltada à elaboração <strong>de</strong> projetos para obraspúblicas, enquanto a coor<strong>de</strong>nação dos projetos <strong>de</strong> governo e <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>


36planejamento feitos naquela gestão (a implantação dos Orçamentos Participativos euma tentativa <strong>de</strong> revisão do Plano Diretor) eram conduzidos por uma equipe política.Na administração que se suce<strong>de</strong>u (2001-2004) o prefeito passou afazer atendimento direto ao público, concentrando em si o planejamento e as<strong>de</strong>cisões sobre os investimentos. O Departamento <strong>de</strong> Coor<strong>de</strong>nadoria ePlanejamento reforçou seu foco <strong>de</strong> engenharia e arquitetura, atuando no projeto efiscalização <strong>de</strong> obras públicas municipais e em algumas revisões <strong>de</strong> zoneamentomunicipal.Nos primeiros dias da gestão seguinte (2005-2008) o Departamento <strong>de</strong>Coor<strong>de</strong>nadoria e Planejamento foi informalmente “extinto”, juntando-se sua equipecom a equipe do Departamento <strong>de</strong> Obras e Serviços Municipais. Ainda no primeirotrimestre foi realizada uma ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento estratégico, e <strong>de</strong>la surgiu ai<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> um grupo piloto para realizar o planejamento <strong>de</strong> formatransversal na administração pública. Este grupo foi formalmente instituído pelo<strong>de</strong>creto 2.503 <strong>de</strong> 30.03.05:Art. 1º - Fica criado o GRUPO DE PLANEJAMENTO DA ADMINISTRAÇÃOMUNICIPAL – G-PAM, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar todas as açõesrelacionadas ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> medidas voltadas ao aperfeiçoamentoda capacida<strong>de</strong> normativa, organizacional, operacional e estratégica daAdministração Municipal.Parágrafo único - Os trabalhos do Grupo <strong>de</strong> Planejamento daAdministração Municipal – G-PAM, serão distribuídos em 04 (quatro)Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Gestão:I- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gestão para o Desenvolvimento e Captação <strong>de</strong> Recursos;II- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gestão Orçamentária e <strong>de</strong> Informações Municipais;III- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Gestão das Políticas <strong>de</strong> Desenvolvimento Urbano;IV- Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização e Integração da Administração.Este grupo, composto por 12 membros, passou a se reunirsemanalmente, com regulamento próprio, presi<strong>de</strong>nte, secretaria e atas <strong>de</strong> reunião.Mas paulatinamente a rotina foi se sobrepondo ao planejamento, <strong>de</strong> forma que osservidores passaram a utilizar as reuniões para acelerar o trâmite <strong>de</strong> processosadministrativos específicos, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado a formulação das políticas <strong>de</strong> médio elongo prazo.Posteriormente, com a instalação <strong>de</strong> sala própria, abandonou-se oformato inicial e o grupo passou a contar com quatro membros trabalhando emtempo integral, um para cada unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão, que forneciam o subsídio técnico e


37operacional às tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão do Gabinete do Prefeito. Sua vinculação com ogabinete conferia-lhe um status <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong> ações permitindo uma ação maistransversal <strong>de</strong>ntro e fora da administração municipal.Apesar <strong>de</strong> pequeno, o grupo teria condições <strong>de</strong> atuar em todas asáreas necessárias para a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento: as informações catalogadaspela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Mo<strong>de</strong>rnização e Integração (diagnóstico) subsidiariam a <strong>de</strong>finição<strong>de</strong> diretrizes da unida<strong>de</strong> responsável por elaborar o Plano Diretor, que por sua vezseria a base da produção das peças orçamentárias (planejamento); a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>captação <strong>de</strong> recursos viabilizaria parte da execução das ações através <strong>de</strong> recursosexternos (execução) e, finalmente, indicadores coletados pela área <strong>de</strong> informaçãosomados aos relatórios da execução orçamentária avaliariam os resultados obtidos eorientaram a re<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> metas, quando necessário (monitoramento e controle).Mesmo com uma concepção <strong>de</strong> planejamento bastante inovadora e daatuação prioritariamente transversal, o grupo <strong>de</strong> planejamento esteve ameaçado <strong>de</strong>tornar-se um órgão subordinado à Secretaria <strong>de</strong> Obras até o último momento dasdiscussões sobre a Reforma Administrativa. Na época, uma comissão <strong>de</strong> servidorese agentes sociais que trabalhavam na elaboração do Plano Diretor participativoreuniu-se com o prefeito para ressaltar a importância <strong>de</strong> manter um órgão <strong>de</strong>planejamento estratégico que atuasse mais transversalmente, o que ajudou agarantir a criação <strong>de</strong> uma Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento na lei.No final <strong>de</strong> 2006, foi promulgada a Lei 2.834, conhecida como lei daReforma Administrativa. Nela o planejamento novamente ganha <strong>de</strong>staque já nosprimeiros artigos:TÍTULO IDAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARESArt. 1º - A <strong>Prefeitura</strong> Municipal da Estância Balneária <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> adotará oplanejamento como instrumento <strong>de</strong> ação para o <strong>de</strong>senvolvimentofísicoterritorial, econômico, social e cultural da comunida<strong>de</strong>, bem como paraaplicação dos recursos humanos, materiais e financeiros do GovernoMunicipal.Art. 2º - O planejamento compreen<strong>de</strong>rá a elaboração dos seguintesinstrumentos básicos:I- Plano Diretor MunicipalII- Plano Plurianual <strong>de</strong> InvestimentosIII- Lei <strong>de</strong> Diretrizes OrçamentáriasIV- Orçamento Anual.Art. 3º - O planejamento, como instrumento da Administração Municipal,para a elaboração e execução <strong>de</strong> seus planos, estabelecerá o critério <strong>de</strong>priorida<strong>de</strong> e o atendimento do interesse coletivo, observando:


38I- A integração da comunida<strong>de</strong> na vida político-administrativa do Município,através <strong>de</strong> órgãos coletivos, compostos <strong>de</strong> usuários, servidores,representantes <strong>de</strong> outras esferas <strong>de</strong> governo ou iniciativa privada eindivíduos com reconhecido conhecimento específico nas diferentes áreas<strong>de</strong> ação da administração, indicados por seus pares;II- A avaliação, por meio <strong>de</strong> instrumentos <strong>de</strong> acompanhamento efiscalização, <strong>de</strong> resultados <strong>de</strong> alteração dos seus diversos órgãos ouagentes, garantindo, para tanto, a participação dos usuários;III- A responsabilida<strong>de</strong> das chefias, em cada nível, pelo exercício contínuo<strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação e planejamento das ações, visando a mo<strong>de</strong>rnização eracionalização dos métodos <strong>de</strong> trabalho, tendo em vista o atendimentoeficaz da população;IV- A elevação da produtivida<strong>de</strong> dos servidores municipais, através <strong>de</strong>treinamento, a<strong>de</strong>quação, promoção e transposição interna, buscando aracionalização dos recursos humanos existentes. (grifos nossos)O órgão <strong>de</strong> planejamento ganhou status <strong>de</strong> secretaria municipal,mantendo o G-PAM como um núcleo <strong>de</strong> apoio à Secretaria:Art. 5º - O Sistema <strong>de</strong> Administração Municipal Direta é constituído pelasunida<strong>de</strong>s orçamentárias harmônicas entre si, diretamente subordinadas aoPrefeito:I- Gabinete do Prefeito;II- Procuradoria Geral do Município;III- Fundo Social <strong>de</strong> Solidarieda<strong>de</strong>;IV- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Defesa Social;V- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação;VI- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>;VII- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Assistência e Desenvolvimento Social;VIII- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Obras, Planejamento 11 , Serviços e Infra-EstruturaUrbana, Agricultura e Meio Ambiente;IX- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento;X- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Administração;XI- Secretaria Municipal da Fazenda;XII- Secretaria Municipal <strong>de</strong> Turismo, Cultura e Esportes.(...)Art. 156 - A Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento é o órgão daadministração municipal responsável pela formulação e operacionalizaçãodas políticas públicas municipais que orientem estrategicamente ao<strong>de</strong>senvolvimento sustentável do Município.(...)Art. 160 - O Núcleo <strong>de</strong> Planejamento, Mo<strong>de</strong>rnização, Integração e GestãoEstratégica – GPAM é o órgão da Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamentoresponsável pela análise, sistematização e disponibilização das informaçõesque orientam as ações da Secretaria na elaboração e construção da PolíticaMunicipal <strong>de</strong> Planejamento.Nada consta, entretanto, sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vinculação das11 Por um <strong>de</strong>scuido na redação final após os constantes remanejamentos a palavra “planejamento”permaneceu no texto do inciso VIII do Art. 5° da Le i 2.834/06, que se refere ao nome da “Secretaria<strong>de</strong> Obras, Planejamento (sic), Agricultura e Meio Ambiente”, embora todas as atribuições daSecretaria <strong>de</strong> Planejamento tenham sido <strong>de</strong>slocadas para artigos próprios na lei.


39disposições do Plano Diretor com as peças orçamentárias, nem no Departamento <strong>de</strong>Desenvolvimento Territorial (art. 162) quanto no Serviço <strong>de</strong> Planejamento e ControleOrçamentário (Art. 183).A aplicação prática da estrutura administrativa da <strong>Prefeitura</strong> ficoucomprometida à medida que a lei que criaria o número <strong>de</strong> cargos necessários ao seupleno funcionamento foi rejeitada pela Câmara Municipal. Mas esta estrutura éutilizada para toda a classificação orçamentária da <strong>Prefeitura</strong>, embora muitosservidores não a tenham assumido como a lei vigente, utilizando ainda asnomenclaturas antigas.Na prática, o G-PAM continuou exercendo até o final <strong>de</strong> 2008 suasativida<strong>de</strong>s vinculado ao gabinete do prefeito, já que não houve a instituição física <strong>de</strong>uma Secretaria <strong>de</strong> Planejamento nem nomeação <strong>de</strong> secretário municipal para talcargo. No início <strong>de</strong> 2009, o grupo foi <strong>de</strong>smanchado, sendo seus integrantes<strong>de</strong>sligados da administração ou retornando às áreas <strong>de</strong> “origem” (<strong>de</strong>partamentos <strong>de</strong>obras e finanças). O órgão <strong>de</strong> planejamento voltou a atuar apenas na elaboração <strong>de</strong>projetos <strong>de</strong> obras públicas e zoneamento, informalmente subordinado à Secretaria<strong>de</strong> Obras. Projetos <strong>de</strong> caráter transversal previstos no Plano Diretor como o Sistema<strong>de</strong> Informações Municipais e o Cadastro Multifinalitário não evoluíram até a data <strong>de</strong>fechamento <strong>de</strong>ste trabalho.2.3 A PRODUÇÃO DE PEÇAS DE PLANEJAMENTO EM PERUÍBEAntes mesmo da implantação do órgão <strong>de</strong> planejamento, a <strong>Prefeitura</strong><strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> instituiu seu primeiro Plano Diretor através da Lei 733/1979, na verda<strong>de</strong>uma compilação <strong>de</strong> zoneamento, código <strong>de</strong> obras e <strong>de</strong> posturas municipais 12 ,realizado pela equipe do Departamento <strong>de</strong> Obras e Serviços Municipais. A12 a exemplo <strong>de</strong> tantos outros municípios brasileiros, em <strong>Peruíbe</strong> era fato se chamar a lei <strong>de</strong>zoneamento <strong>de</strong> Plano Diretor (VILLAÇA, 1999, p.177)


40elaboração do orçamento e a execução orçamentária sempre ficaram a cargo doDepartamento <strong>de</strong> Finanças, com a direção dos investimentos dada pelo Prefeito.Na gestão administrativa 1997-2000, <strong>de</strong>stacaram-se a tentativa <strong>de</strong>revisão do Plano Diretor municipal e a implantação dos Orçamentos Participativos(OP’s) nos bairros. Não localizamos informações sobre a forma <strong>de</strong> elaboração doPPA 1998-2001, o primeiro realizado após a estabilização monetária proporcionadapelo Plano Real. A revisão do Plano Diretor municipal, apesar <strong>de</strong> ser elaborada poruma consultoria <strong>de</strong> renome e com extenso levantamento <strong>de</strong> campo, não teveparticipação dos profissionais e servidores locais, sendo submetida às entida<strong>de</strong>slocais apenas para validação. Sua atuação concentrava-se na parte turística dacida<strong>de</strong> e abordava questões <strong>de</strong> diagramação visual, urbanização <strong>de</strong> orla e áreascentrais, organização <strong>de</strong> sistema viário, reor<strong>de</strong>namento <strong>de</strong> transporte coletivo eimplantação <strong>de</strong> ciclovias. Encontrou forte resistência dos servidores locais e oprojeto <strong>de</strong> lei acabou sendo arquivado, porém as obras nele previstas (excetuandosea abertura <strong>de</strong> novas vias) foram todas executadas, integral ou parcialmente, poraquela administração.Os OP’s foram conduzidos por uma equipe política, sem participaçãoda equipe efetiva do órgão <strong>de</strong> planejamento, através <strong>de</strong> reuniões regionais nas quaisa população <strong>de</strong>finia as obras a serem executadas. As reuniões do OP foramrealizadas por dois anos seguidos e posteriormente abandonadas, supostamentepor concorrerem com a atuação da Câmara dos Vereadores. Embora os critérios <strong>de</strong>escolha das obras nas audiências do Orçamento Participativo fossem baseados emvalores <strong>de</strong> orçamento pré-<strong>de</strong>finidos para cada região, o <strong>de</strong>partamento não possuíaatribuição <strong>de</strong> elaborar o orçamento municipal, atendo-se muito mais à elaboração <strong>de</strong>projetos arquitetônicos em si.O Plano Plurianual 2002-2005, o primeiro elaborado após a Lei <strong>de</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal, foi produzido com base no Plano <strong>de</strong> Governo apresentado,realizando-se apenas uma audiência pública para a apresentação da proposta.Basicamente, consistia em um Plano Plurianual <strong>de</strong> Investimentos, <strong>de</strong>monstrando as<strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> capital (investimentos e transferências <strong>de</strong> capital) e alguns programas<strong>de</strong> eventos e pequenos projetos. Os programas <strong>de</strong> duração continuada (operação,manutenção e conservação dos serviços), que são as maiores <strong>de</strong>spesas domunicípio, não foram elencados na elaboração. Tratava-se <strong>de</strong> um Plano com um


41gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> investimentos não executados 13 : como a lei <strong>de</strong> orçamento temcaráter autorizativo, e não impositivo, a administração se preocupou em elencar omaior número <strong>de</strong> projetos, <strong>de</strong>ixando a sua execução à mercê <strong>de</strong> eventuais sobrasou captação <strong>de</strong> recursos que surgissem posteriormente.A elaboração do PPA 2006-2009 foi a primeira ativida<strong>de</strong> multidisciplinarrealizada pelo G-PAM. Novamente, o Plano <strong>de</strong> Governo – elaborado em um final <strong>de</strong>semana por uma equipe reduzida <strong>de</strong> campanha eleitoral – foi a base para suaelaboração, junto com material do planejamento estratégico realizado no primeirotrimestre da administração. Realizaram-se diversas reuniões com diretores, chefe <strong>de</strong>gabinete e Prefeito na época para a <strong>de</strong>finição final dos programas. Com a proposta<strong>de</strong> implantação do Projeto AUDESP (Auditoria <strong>de</strong> Contas Públicas do Tribunal <strong>de</strong>Contas do Estado <strong>de</strong> São Paulo), o plano foi elaborado com uma linguagemdiferente, incluindo além dos investimentos os programas <strong>de</strong> duração continuada,dando mais realismo à proposta. Foi realizada apenas uma audiência pública paraexposição do Plano, com significativa presença <strong>de</strong> público.Assim como o PPA anterior, diversos investimentos não foramexecutados, sobretudo pelo remanejamento <strong>de</strong> dotações para cobrir <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong>caráter continuado, que se mostraram muito acima das previsões iniciais. Apesardas tentativas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>spesas, o recorrente esgotamento dos recursosantes do fim dos exercícios forçava o cancelamento <strong>de</strong> dotações <strong>de</strong> investimentospara cobrir déficits gerados pelas fichas <strong>de</strong> caráter continuado. Este PPA tambémsofreu alterações <strong>de</strong> planejamento <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> diretores e até <strong>de</strong>plano político, já que o prefeito faleceu no início <strong>de</strong> 2008. Na visão dos técnicos queo operaram, foi um plano bastante complexo, com muitos programas, dificultandosua execução.Em 2006, a unida<strong>de</strong> urbanística do G-PAM ficou responsável porcoor<strong>de</strong>nar a elaboração do novo Plano Diretor, a<strong>de</strong>quado às diretrizes do Estatuto13 Entre os empreendimentos não executados do PPA, citamos a construção <strong>de</strong> fábrica <strong>de</strong> artefatos eartesanatos <strong>de</strong> concreto, construção <strong>de</strong> um ginásio na Praça Flórida, aquisição <strong>de</strong> equipamentosrodoviários, criação <strong>de</strong> parques, usina <strong>de</strong> recompostagem <strong>de</strong> lixo, mercado municipal, construção<strong>de</strong> galpão <strong>de</strong>stinado a incubadora <strong>de</strong> empresas, estradas vicinais, estrada <strong>Peruíbe</strong>-Una, posto <strong>de</strong>abastecimento <strong>de</strong> combustíveis para a frota pública, criação <strong>de</strong> um novo acesso à cida<strong>de</strong>, criação<strong>de</strong> passagem em nível sobre a estrada <strong>de</strong> trem da fepasa, construção e reforma <strong>de</strong> pontes,ampliação do paço municipal, construção <strong>de</strong> prédio da banda e a construção <strong>de</strong> um mirante naEstrada do Guaraú, entre outros.


42da Cida<strong>de</strong>. Este Plano foi elaborado <strong>de</strong> forma bastante participativa, cujos <strong>de</strong>talhespo<strong>de</strong>m ser vistos em monografia específica sobre a mobilização social e técnicapara realizá-lo (Cf. SANCHES, 2007). A organização dos trabalhos ficou a cargo <strong>de</strong>uma equipe composta por cerca <strong>de</strong> vinte servidores <strong>de</strong> diversas áreas daadministração, uma consultoria contratada e o Conselho da Cida<strong>de</strong>. A participaçãopopular acima da média garantiu-lhe <strong>de</strong>staque no site do Ministério das Cida<strong>de</strong>s(BRASIL, 2006). Entre as novida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>stacamos a formalização do controle socialcom capítulo exclusivo para a Gestão Democrática da Cida<strong>de</strong>, instituindo:• a criação <strong>de</strong> um Sistema Municipal <strong>de</strong> Planejamento e Gestão do PlanoDiretor (SMPGPD), uma estrutura para a gestão e fiscalização dasdiretrizes composto pelo órgão <strong>de</strong> planejamento do Executivo, oConselho da Cida<strong>de</strong>, o Sistema <strong>de</strong> informações Municipais, o Fundo <strong>de</strong>Desenvolvimento da Cida<strong>de</strong>, as audiências públicas e os conselhossetoriais (Arts. 56 a 59);• a reorganização do Conselho da Cida<strong>de</strong>, eleito por voto, com 11membros do Executivo e 16 da socieda<strong>de</strong> civil (Arts. 63 a 69);• a obrigatorieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> InformaçõesMunicipais, com o objetivo <strong>de</strong> “fornecer informações precisas para oplanejamento e gestão municipal, alimentando dados, informações eindicadores sociais, culturais, econômicos, financeiros, patrimoniais,administrativos, físicoterritoriais, inclusive cartográficosgeorreferenciados, ambientais, imobiliários, cadastro multifinalitário eoutros <strong>de</strong> relevante interesse para o Município” (Arts. 73 a 75).O novo Plano Diretor municipal, aprovado em março <strong>de</strong> 2007 14 , passoua conter diretrizes para ações e programas dos investimentos públicos, bem comoestipulou procedimentos que permitem seu controle social. Em uma das reuniõesentre consultoria, conselheiros e prefeitura, um sli<strong>de</strong> com a figura a seguir<strong>de</strong>monstrava a estrutura que <strong>de</strong>veria ser seguida a partir do próximo PPA:14 Lei Complementar n° 100, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2007.


43Figura 2 – Estruturação do sistema <strong>de</strong> elaboração do PPA, estipulado pelo Plano Diretor.Fonte: PERUÍBE, 2006b, p.29Tudo isso foi bastante discutido e claramente exposto pela consultoriacontratada para assessoramento, nas reuniões realizadas com servidores <strong>de</strong>diversas áreas e representantes do Conselho da Cida<strong>de</strong>. O Congresso da Cida<strong>de</strong>,posteriormente <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> Conferência, aconteceria no primeiro semestre <strong>de</strong>cada gestão, anteriormente ao encaminhamento do PPA para a Câmara. Naestrutura planejada, o Conselho da Cida<strong>de</strong>, organizador da Conferência efiscalizador do cumprimento do Plano Diretor, seria o órgão responsável portranscrever as sugestões que baseariam a elaboração do PPA. O Plano Plurianual(com horizonte temporal <strong>de</strong> quatro anos) passaria a ser um produto integrado aoPlano Diretor (com horizonte temporal <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos), discutido em assembleiasregionais preparatórias, organizadas pelo Conselho da Cida<strong>de</strong>.Nas reuniões finais do grupo que elaborou o Plano Diretor, a equipe <strong>de</strong>consultoria ressaltou a importância <strong>de</strong> se elaborar, tão logo fosse possível, umquadro objetivo dos projetos a serem executados, com valores, período <strong>de</strong> execuçãoe fonte <strong>de</strong> recurso possível. Sem este quadro, a eficácia do Plano Diretor estaria emjogo.Face à inconveniência <strong>de</strong> se promover uma alteração abrupta no meioda vigência do PPA 2006-2009 (o Plano Diretor foi aprovado em março <strong>de</strong> 2007),<strong>de</strong>ixou-se para o próximo PPA (2010-2013) a vinculação dos programas e projetosconforme as diretrizes do Plano Diretor recém-aprovado. Tal trabalho seriaexecutado pelo G-PAM que, dando um passo à frente, iniciaria um processo <strong>de</strong>


44integração mais formal entre suas áreas, já que ela ocorria até o momento mais porum alinhamento técnico entre seus quatro membros do que por algum instrumentolegal. Passaria neste momento da segunda etapa (<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> diretrizes) para aterceira (execução) do ciclo <strong>de</strong> planejamento.Para reforçar essa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> integração, a administraçãoelaborou uma publicação do Plano Diretor, com matérias nas páginas iniciaiscontendo esta orientação e comentários ao longo do texto da lei. O material comtiragem <strong>de</strong> 2.000 exemplares, distribuído fartamente entre os membros do Conselhoda Cida<strong>de</strong>, associações <strong>de</strong> classe e <strong>de</strong> moradores, vereadores, li<strong>de</strong>rançaspartidárias e munícipes <strong>de</strong> forma geral, buscava orientar qualquer futuraadministração no caminho a tomar:Esta população <strong>de</strong>finiu quais eram os princípios e políticas prioritárias paraexecução nos próximos anos, políticas essas que, por exigências legais,<strong>de</strong>verão ser a base das próximas leis orçamentárias que <strong>de</strong>finem em queáreas a <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong>ve investir os recursos arrecadados.Para que a lei não fique apenas no papel, é <strong>de</strong>ver do cidadão acompanhar aelaboração dos orçamentos municipais, assim como fiscalizar, através doConselho da Cida<strong>de</strong>, o cumprimento das políticas acertadas com apopulação na época da elaboração do Plano Diretor.Para que os próximos prefeitos tenham uma condução mais tranqüila daadministração pública, é importante elaborar seus planos <strong>de</strong> governobaseados nas políticas que a população <strong>de</strong>finiu como prioritárias,garantindo assim que os compromissos <strong>de</strong> campanha do candidato nãosejam contrários ao acordado pelo Plano Diretor.Em matéria na página seguinte, novamente o assunto volta à tona:Para que a lei não fique apenas no papel, o Estatuto da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminouque as próximas leis orçamentárias, como os PPAs (Planos Plurianuais),LDOs (Leis <strong>de</strong> Diretrizes Orçamentárias) e as LOAs (Leis do OrçamentoAnual), sejam elaboradas <strong>de</strong> acordo com o conteúdo do Plano Diretor e quesejam expostos em audiências públicas, para análise da população.Com os investimentos previstos nas leis, a <strong>Prefeitura</strong> po<strong>de</strong> se programarcom antecedência, elaborando os projetos, preparando a documentaçãonecessária, requerendo as licenças necessárias e solicitando recursosextras a órgãos externos, evitando contratempos e <strong>de</strong>monstrandotransparência na administração da verba pública. (PERUÍBE, 2008, p.5-6)Imaginou-se que, com o patamar <strong>de</strong> participação e planejamentoestabelecido na elaboração do trabalho, com a capacitação dos conselheiros e ocontrole social efetivo garantido em lei, a estrutura <strong>de</strong> funcionamento do Sistema <strong>de</strong>Gestão do Plano Diretor estaria consolidada, caminhando para o aperfeiçoamentodos próximos trabalhos.


45Ao invés disso, o Conselho da Cida<strong>de</strong> iniciou 2009 com ativida<strong>de</strong>ssuspensas por conta <strong>de</strong> uma ação judicial promovida pelo Ministério Público visandoimpedir alterações do Plano Diretor recentemente instituído. A liberação só foiconseguida em maio <strong>de</strong> 2009, já na reta final da elaboração do PPA, com parte doconselho <strong>de</strong>smobilizado em função da tomada <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> cargos no Po<strong>de</strong>rExecutivo ou expectativa <strong>de</strong> renovação nos meses seguintes. Observou-se uma<strong>de</strong>sorganização dos processos participativos instituídos, com aparenterecentralização dos processos <strong>de</strong>cisórios no Po<strong>de</strong>r Executivo, sem maioresresistências por parte da própria socieda<strong>de</strong> civil.Também nos dias que antece<strong>de</strong>ram a troca <strong>de</strong> gestão, a equipe <strong>de</strong>servidores efetivos que compunha a Escola <strong>de</strong> Governo e Aperfeiçoamento doServidor Público (EGASP) discutiu uma pauta <strong>de</strong> treinamentos a serem oferecidosaos ingressantes na administração, com fundamentos básicos <strong>de</strong> orçamento,planejamento, direito administrativo e estrutura administrativa interna, entre outrosassuntos, conferindo maior agilida<strong>de</strong> e continuida<strong>de</strong> à administração. Esta comissãonão teve a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conversar com a equipe <strong>de</strong> transição <strong>de</strong> governo e,como seu mandato expirou nos primeiros dias <strong>de</strong> 2009, ficou à espera <strong>de</strong> umarecomposição que só ocorreu no segundo semestre do mesmo ano, quando otreinamento i<strong>de</strong>alizado já não fazia muito sentido.O PPA 2010-2013, assim como o anterior, foi montado pela mesmaequipe efetiva, mas os programas nele inclusos foram <strong>de</strong>finidos pela equipe política,tendo novamente o Plano <strong>de</strong> Governo como base. Houve continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> algunsprogramas (por exemplo, Programa Emergencial <strong>de</strong> Combate ao Desemprego,Amortização da Dívida Pública), e foram realizadas reuniões durante 90 dias com osdiretores, havendo necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma prévia capacitação sobre a função do PPA.Como nos PPAs anteriores, o volume <strong>de</strong> investimentos elencados foimuito maior do que a receita projetada, cabendo ao gabinete corte <strong>de</strong> parte dosprojetos levantados antes do encaminhamento do projeto <strong>de</strong> lei à Câmara,sobretudo para arcar com as <strong>de</strong>spesas <strong>de</strong> manutenção da máquina pública.Este foi o primeiro Plano Plurianual elaborado após a promulgação donovo Plano Diretor, porém não houve interação com o Conselho da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vidoao impedimento judicial já relatado anteriormente. Foi realizada uma audiência


46pública central, com presença <strong>de</strong> público representativo (que aten<strong>de</strong>u ao disposto naLRF – ver figura 3) e posteriormente, com o retorno das ativida<strong>de</strong>s do Conselho daCida<strong>de</strong>, foram realizadas algumas assembleias territoriais para cumprir<strong>de</strong>terminações do Plano Diretor, porém <strong>de</strong>sarticuladas com a audiência central epúblico quase nulo, que <strong>de</strong>sconhecia o real motivo da sua realização e não produziuconteúdo pertinente para influenciar o resultado do trabalho elaborado.Prefeita discursandoApresentação dos programasPlenária do evento.Figura 3 – Fotos da audiência pública central que expôs os programas do PPA 2010-2013, na CâmaraMunicipalFonte: Departamento <strong>de</strong> Imprensa da <strong>Prefeitura</strong> Municipal <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>.


473 A (IN)EFICIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO NA (IN)UTILIZAÇÃO DASFERRAMENTAS DE PLANEJAMENTOVimos até aqui que o governo fe<strong>de</strong>ral tem induzido os municípios aadotarem, através da legislação, a prática <strong>de</strong> planejar suas ativida<strong>de</strong>s rotineiras.Legalmente, é possível dizer que existe organização (a existência <strong>de</strong> uma estruturaadministrativa), planejamento (a existência <strong>de</strong> leis plurianuais, <strong>de</strong> planos diretores esetoriais), comando (exercido pelo chefe do Executivo e pelas atribuições previstasna estrutura geral <strong>de</strong> cargos) e controle (relatórios trimestrais apresentando balançoscontábeis exigidos pela legislação contábil).Se teoricamente todos os municípios cumprem a lei, por que entãoainda se fala tanto que o problema das cida<strong>de</strong>s brasileiras é a falta <strong>de</strong>planejamento? Por que a administração pública sofre com a falta <strong>de</strong> eficiência?Há uma certa dificulda<strong>de</strong> em enxergar os instrumentos <strong>de</strong>planejamento legalmente instituídos como ferramentas <strong>de</strong> trabalho da administração;ao invés disto, são vistos como procedimentos burocráticos a serem cumpridos. OPo<strong>de</strong>r Público limita-se a executar as exigências mínimas necessárias para escapar<strong>de</strong> uma ação legal, com qualida<strong>de</strong> e eficiência discutível, não raramente utilizandose<strong>de</strong>sse cumprimento mínimo para legitimar ou justificar suas ações.De acordo com a Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988, a administraçãopública <strong>de</strong>ve ser regida pelos seguintes princípios:• Moralida<strong>de</strong> – caracteriza e avalia todos os atos do gestor, em razão <strong>de</strong>sua obediência aos princípios morais e éticos;• Legalida<strong>de</strong> – subordina os atos do gestor aos ditames da Lei;• Impessoalida<strong>de</strong> – subordina os atos do gestor à sua finalida<strong>de</strong>primária, excluindo qualquer tentativa <strong>de</strong> promoção pessoal em suagestão;


48• Publicida<strong>de</strong> – requer a divulgação dos atos do gestor;• Eficiência – acrescido pela Emenda Constitucional n° 19/98, ex ige doagente público realizar suas atribuições com presteza, perfeição erendimento funcional. Exige resultados positivos para o serviço públicoe satisfatório atendimento das necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong>. Preten<strong>de</strong>garantir maior qualida<strong>de</strong> na ativida<strong>de</strong> pública e na prestação dosserviços, necessitando para isso <strong>de</strong> sistema <strong>de</strong> controle interno quepermita avaliar resultados (MEIRELLES, 1998; BATISTA, 2010).Se existe preocupação em cumprir os princípios da legalida<strong>de</strong> e dapublicida<strong>de</strong> (<strong>de</strong> caráter mais objetivo), a mesma preocupação não se repete paracumprir os princípios da moralida<strong>de</strong> e da eficiência (<strong>de</strong> caráter mais subjetivo).Embora os órgãos fiscalizadores façam inúmeros questionamentos sobre amoralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> certas ações da administração pública, as reprovações <strong>de</strong> contas econ<strong>de</strong>nações dos gestores públicos têm se fundamentado apenas pelo<strong>de</strong>scumprimento objetivo (quantitativo) da lei, pois o julgamento das ações subjetivas(qualitativas) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito da base <strong>de</strong> sustentação política do gestor.Os bons gestores são aqueles que, enten<strong>de</strong>ndo a conjuntura pela qualcada lei foi criada, <strong>de</strong>dicam-se a cumprir seus reais fins, compartilhandoresponsabilida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>monstrando transparência e procurando capacitar os atoressociais, ensinando-os a compreen<strong>de</strong>r o processo e fortalecendo sua participaçãocomo ferramental <strong>de</strong> trabalho do próprio gestor.No caso dos planos e peças orçamentárias objeto <strong>de</strong>ste trabalho, se aadministração pública ignorar estas ferramentas e trabalhar apenas para cumprir alei há boa probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar uma série <strong>de</strong> eventos <strong>de</strong>sconectados uns dosoutros, sem gran<strong>de</strong> participação popular, que não legitimarão as propostasapresentadas e tornará os eventos ineficientes perante os objetivos propostos. Sepor outro lado a administração estruturá-los <strong>de</strong> forma a cumprir os objetivos da lei,po<strong>de</strong> até reduzir o número <strong>de</strong> eventos cumprindo a legislação existente, encher asplenárias, legitimar as propostas discutidas e propiciar maior concisão ao produtofinal. Para ilustrar, <strong>de</strong>screveremos a seguir uma estrutura <strong>de</strong> planejamentoparticipativa que presenciamos em São Bernardo do Campo, para elaboração doPPA 2010-2013 daquele município.


493.1 ELABORAÇÃO DO PPA 2010-2013 EM SÃO BERNARDO DO CAMPOSão Bernardo do Campo é um município da Gran<strong>de</strong> São Paulo comcerca <strong>de</strong> 810 mil habitantes, segundo previsão do IBGE para 2009. Possui 408km2<strong>de</strong> área e um orçamento <strong>de</strong> R$ 1,9 bi anuais, com economia fortemente apoiada naindústria, sobretudo automobilística.Este município realizou em 2009 pela primeira vez um PPAparticipativo, seguindo mol<strong>de</strong>s semelhantes aos Orçamentos Participativoslargamente difundidos. A cultura participativa da administração baseia-se naexperiência acumulada em Santo André, município vizinho on<strong>de</strong> trabalhou parte daequipe <strong>de</strong> governo atual, chefiada pela Secretária <strong>de</strong> Planejamento Sra. Nilza <strong>de</strong>Oliveira. Em sua opinião, o Orçamento Participativo elimina intermediários, porcolocar a população em contato direto com o Po<strong>de</strong>r Executivo.O município foi dividido em 29 regiões, e em cada uma foi realizadauma assembleia regional, com o objetivo <strong>de</strong> discutir junto com a população asdiretrizes que <strong>de</strong>veriam ser colocadas no PPA municipal. O prefeito e secretários <strong>de</strong>governo participam <strong>de</strong> todas as assembleias, reforçando seu compromisso com oresultado produzido.Cada assembleia regional inicia-se com uma fala do prefeito (fotos 1 e2 da figura 4, a seguir), seguida por uma exposição em ví<strong>de</strong>o sobre os objetivos daassembleia e fundamentos do PPA. A seguir é apresentado o representante dogoverno daquela região – <strong>de</strong>nominado “Agente <strong>de</strong> Participação Cidadã” – e aberta apalavra aos candidatos a representante pela socieda<strong>de</strong> civil para que <strong>de</strong>fendam suacandidatura.


50Fotos 1 e 2. Prefeito (foto à esq.) abrindo o evento, convidando a população a participar dos <strong>de</strong>bates,com a plenária lotadaFotos 3 e 4. População dividida em salas para a discussão setorial dos assuntos. Posteriormente todosos grupos retornarão à plenária para apresentação e validação das propostas apresentadas.Fotos 5 e 6. Organização para a votação do representante do bairro: votação secreta, controlada porfitas distribuídas na entrada, realizada em lap-tops com tela touch-screenFigura 4 – Fotos da Assembleia Regional no Bairro Demarchi, em 29.05.09Fonte: Arquivo dos autores


51Após a apresentação dos candidatos, a plenária é dividida em salas <strong>de</strong>aula, que vão <strong>de</strong>bater e apresentar duas diretrizes para um tema constante do Plano<strong>de</strong> Governo (fotos 3 e 4 da figura 4): neste caso, a gestão consi<strong>de</strong>ra o Plano Diretorelaborado pela administração anterior ilegítimo 15 diante das <strong>de</strong>mandas sociais, feitoapenas para cumprir exigências legais. Já o Plano <strong>de</strong> Governo, segundoinformações da Secretaria, foi elaborado <strong>de</strong> maneira participativa, encontrando-seem consonância com as <strong>de</strong>mandas sociais.Em cada sala há um coor<strong>de</strong>nador e um relator do Po<strong>de</strong>r Executivo,geralmente pessoas da área do tema que está sendo discutido, que têm condições<strong>de</strong> explicar, orientar e conduzir a população para a formulação <strong>de</strong> um conteúdo maisapropriado ao PPA. Findadas as discussões por temas, a plenária dirige-se para avotação eletrônica (fotos 5 e 6 da figura 4), voltando para o salão principal on<strong>de</strong> édivulgado o resultado da eleição e apresentado o representante eleito, que passa aintegrar a comissão municipal que acompanhará a elaboração do PPA até suaentrega na Câmara Municipal. O evento encerra-se com a abertura da palavra àplenária, para fazer perguntas diretamente ao prefeito, que respon<strong>de</strong> uma a uma.Os eventos são extremamente participativos, contando com média <strong>de</strong>publico <strong>de</strong> 300 a 400 pessoas, com picos <strong>de</strong> até 1200 pessoas em algumas regiões.Até a data da visita, já haviam participado do PPA participativo <strong>de</strong> São Bernardocerca <strong>de</strong> 12.000 pessoas (CREPALDI, 2009). Já a participação do Po<strong>de</strong>r Legislativosegue uma lógica partidária, com os 11 vereadores da situação acompanhando asdiscussões contra os <strong>de</strong>z da oposição que não comparecem aos eventos.15 Das leis complementares ao Plano Diretor <strong>de</strong> São Bernardo do Campo, a única aprovada foi a lei<strong>de</strong> uso e ocupação do solo, já alterada. O conselho <strong>de</strong> política urbana consta na lei, porém nuncafoi instituído formalmente; e o fundo é <strong>de</strong>svinculado <strong>de</strong>ste conselho.


523.2 CONSIDERAÇÕES RELATIVAS AOS PROCESSOS3.2.1 Organização para a participação popularNo caso <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>, notamos uma evolução gradual da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>elaboração do Plano Plurianual ao longo das últimas gestões. Se anteriormente eraum produto elaborado por consultoria sem participação do quadro funcional,atualmente além <strong>de</strong> ser elaborado pelo próprio quadro efetivo como é cobrada aparticipação dos gestores <strong>de</strong> cada área na sua elaboração.Também observamos, durante o período analisado (1997 em diante)diversas formas <strong>de</strong> estabelecer um contato mais direto com o cidadão comum, sejaela através <strong>de</strong> planejamento participativo (<strong>de</strong>cisões coletivas, em planos diretores eorçamentos participativos) ou pelo atendimento direto ao cidadão (reivindicaçõespontuais).A elaboração das peças orçamentárias <strong>de</strong> forma participativa, contudo,precisa <strong>de</strong> maior aperfeiçoamento. As audiências centrais do PPA possuem maiorpúblico pela maior divulgação da <strong>Prefeitura</strong> – inclusive com a distribuição <strong>de</strong> convitesdirecionados às associações e entida<strong>de</strong>s – porém o cidadão ainda não participaefetivamente da elaboração do PPA. O seu primeiro e único contato é geralmentecom um produto já previamente construído <strong>de</strong>ntro da administração pública, mas <strong>de</strong>forma superficial, bastante genérico, sem informações que permitam uma análisemais minuciosa, como volume <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong>stinado para cada programa. Semargumentos para o público se manifestar, as audiências servem mais para aadministração falar do que para ouvir e colher sugestões. As manifestações daplenária limitam-se a protestar pela falta <strong>de</strong> elementos a discutir, não produzindoresultado prático sobre o produto final. Tornam-se, portanto, eventos ineficientes,pois fogem dos propósitos legais das audiências públicas (Cf. SOARES, 2002).A pouca participação da plenária no planejamento municipal contrasta


53com o número <strong>de</strong> eventos en<strong>de</strong>reçados à população. Chamou-nos a atenção aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos públicos realizados em <strong>Peruíbe</strong>. Fizemos um levantamento<strong>de</strong> todos os eventos realizados no primeiro semestre <strong>de</strong> 2009 que po<strong>de</strong>riam terrelação com o PPA, chegando na seguinte tabela:Tabela 1 – Relação <strong>de</strong> eventos públicos relacionados à elaboração do PPA 2010-2013 em<strong>Peruíbe</strong>DataEventoPúblicopresente31/03/2009 Eleição dos representantes do CONDEF s.i.*03/04/2009 Posse dos conselheiros do C.M.D.C.A s.i.*02/06/2009 Audiência Pública do PPA 2010/2013 14804/06/2009 Conferência Municipal da Cida<strong>de</strong> – Assembleia Regional Guaraú 604/06/2009 Conferência Municipal da Cida<strong>de</strong> – Assembleia Regional Caraguava 008/06/2009 Conferencia Municipal da Cida<strong>de</strong> – Assembleia Regional Jd Veneza 008/06/2009 Conferência Municipal da Cida<strong>de</strong> – Assembleia Regional V. Erminda 015/06/2009 Conferencia Municipal da Cida<strong>de</strong> (Parecer sobre PPA) s.i.*16/06/2009 Eleição dos novos membros do Conselho da Cida<strong>de</strong> s.i.*16/06/2009 PPA – Assembleia territorial Caraminguava < 1017/06/2009 PPA – Assembleia territorial Jd. Somar e Josedy < 1029/06/2009 Assembleia Preparativa – Jd. Guaraú 630/06/2009 Assembleia Preparativa – Jd. Veneza 006/07/2009 Assembleia Preparativa – Caraminguava 007/07/2009 Assembleia Preparativa – Bairro dos Prados 814/07/2009 Conferencia Municipal C.M.D.C.A. s.i.*16/07/2009 Conferencia Municipal da Cida<strong>de</strong> – Eleição s.i.*21/07/2009 Pré conferencia Conselho Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – Josedy / Jd.Somar 4824/07/2009 Pré conferencia Conselho Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> – Bairro Caraguava 11207/08/2009 Conferencia Municipal da Assistência Social s.i.*29/08/2009 9ª Conferencia Municipal da Saú<strong>de</strong> 156* s.i. = sem informaçõesFonte: Boletim Oficial do Município, edições 345 a 365 e Conselhos setoriaisObserva-se a falta <strong>de</strong> uma sequência lógica na realização dos eventos


54e o baixo público em cada assembleia regional da Conferência da Cida<strong>de</strong>, o que nãoconferiu legitimida<strong>de</strong> a maior parte <strong>de</strong>les, embora tenham sido realizados emabundância. A preocupação em realizar as audiências previstas em lei provocouuma sobreposição <strong>de</strong> eventos motivada em parte pela elaboração <strong>de</strong> cronogramas<strong>de</strong>svinculados entre <strong>Prefeitura</strong> e Conselho da Cida<strong>de</strong> para a elaboração do PPA.Somam-se a esses eventos as pré-conferências e conferências setoriais, nem todaslistadas na tabela 1. Cada evento mobilizou recursos humanos (servidores econselheiros) e materiais (escolas, centros comunitários) para discussões quetiveram poucos resultados práticos – quais eventos po<strong>de</strong>m ter influenciado aelaboração do produto final do PPA? Os conselhos e os órgãos do Po<strong>de</strong>r Executivonão convergiram para a elaboração <strong>de</strong> um calendário conjunto para otimizarrecursos e concentrar esforços: <strong>Peruíbe</strong> realizou uma gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventossem efetivos resultados práticos, praticamente para cumprir exigências legais eevitar que a administração sofresse algum questionamento legal sobre suas ações.Não po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar a cultura participativa e <strong>de</strong> negociação daregião do ABC, berço dos movimentos sindicais, que potencializou ocomparecimento em massa da população – embora mesmo lá a iniciativa tenhapartido do Po<strong>de</strong>r Executivo, surpreso com a pouca mobilização social do municípioaté então. Mas po<strong>de</strong>-se perceber que, embora ambos tenham cumprido as leis, aelaboração do PPA <strong>de</strong> São Bernardo do Campo atingiu <strong>de</strong> forma muito maiseficiente os objetivos previstos em lei no que tange ao controle social: um produtoefetivamente construído e discutido com a participação da população local.3.2.2 Coor<strong>de</strong>nação, transversalida<strong>de</strong> e controleEm uma estrutura administrativa municipal verticalizada, on<strong>de</strong> as áreaspouco conversam entre si, geralmente a área financeira se encarrega da elaboraçãodas peças orçamentárias (atentando-se às disposições da LRF), a área urbanísticafaz a gestão do Plano Diretor (atentando-se ao Estatuto da Cida<strong>de</strong>) e os conselhos


55organizam as conferências setoriais (atentando-se às recomendações dos conselhosestaduais ou nacionais). A falta <strong>de</strong> um órgão que coor<strong>de</strong>ne as diversas açõespúblicas po<strong>de</strong> produzir eventos repetitivos, pouco ou nada capazes <strong>de</strong> influenciaremos produtos <strong>de</strong>les <strong>de</strong>correntes, <strong>de</strong>sperdiçando-se gran<strong>de</strong> potencial para discutirpolíticas e incluí-las nos Planos Plurianuais. O órgão <strong>de</strong> planejamento teria estafunção <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação, possibilitando a convergência.Constatamos que, apesar das atribuições <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação claramenteconstituídas na lei 642/77, o órgão <strong>de</strong> planejamento foi implantado na prática apenasvinte anos <strong>de</strong>pois, com uma concepção mais voltada ao planejamento urbano eelaboração <strong>de</strong> projetos para obras públicas e gerenciamento do zoneamentomunicipal do que para a formulação, aplicação e controle <strong>de</strong> políticas públicas.Apesar das inúmeras tentativas <strong>de</strong> lhe conferir uma atuação mais estratégica, comoestabelecia a lei já em 1977, observa-se a frequente re-subordinação aoDepartamento/Secretaria <strong>de</strong> Obras e sua atuação voltada a projetos e zoneamento.O órgão nem planeja nem coor<strong>de</strong>na; apenas projeta. Como resultado, percebem-semais obras físicas e menos ações estruturantes. “Manca” da quarta etapa do ciclo <strong>de</strong>planejamento (monitoramento e controle), a administração não avalia a eficiência <strong>de</strong>suas ações.O controle é fundamento da ativida<strong>de</strong> administrativa. Para relembrá-lo,transcrevemos um trecho <strong>de</strong> REMYRECH (2005), extraído do site do Tribunal <strong>de</strong>Contas do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul:Segundo os clássicos, como FREDERICK TAYLOR e HENRI FAYOL, eoutros mais mo<strong>de</strong>rnos que os suce<strong>de</strong>ram, a ADMINISTRAÇÃO <strong>de</strong>veaten<strong>de</strong>r, particularmente, aos princípios <strong>de</strong> ORGANIZAÇÃO,PLANEJAMENTO, COMANDO E CONTROLE.O CONTROLE constitui um dos princípios basilares da ADMINISTRAÇÃO,<strong>de</strong> tal forma que a inexistência <strong>de</strong>ssa função ou as <strong>de</strong>ficiências queapresentar têm reflexos diretos e negativos com a mesma intensida<strong>de</strong> nas<strong>de</strong>mais funções (ORGANIZAÇÃO, PLANEJAMENTO E COMANDO),<strong>de</strong>cretando invariavelmente a frustração parcial ou total dos seus objetivos.Os resultados medíocres ou <strong>de</strong>sastrosos na administração pública ouprivada têm sempre como responsáveis as falhas do controle, <strong>de</strong> igualforma como o sucesso repousa fundamentalmente na sua eficiência.É bom administrador aquele que sabe tirar proveito do controle, pois através<strong>de</strong>le obtém informações sobre o plano organizacional, quanto à suadinâmica e eficácia; sobre a execução dos projetos e ativida<strong>de</strong>s, se está <strong>de</strong>conformida<strong>de</strong>, ou não, com o planejamento; sobre o comportamento dosagentes e promotores da execução <strong>de</strong> projetos e <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, e do seugrau <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são às políticas da Administração; sobre o comportamento daação executiva e do nível <strong>de</strong> consecução das metas estabelecidas; e sobreos resultados obtidos, em confronto com as metas planejadas.


56Complementando o raciocínio, citamos BATISTA:É por meio do controle que se po<strong>de</strong> garantir se houve eficiência e eficáciana administração. Quem controla estabelece padrões <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho,me<strong>de</strong> o <strong>de</strong>sempenho, compara o <strong>de</strong>sempenho com padrões estabelecidos,<strong>de</strong>tecta <strong>de</strong>svios e executa ações corretivas. O controle garante a melhoriacontínua do processo <strong>de</strong> administrar (BATISTA, 2010).O controle existente atualmente na administração pública é feitoatravés dos relatórios contábeis produzidos periodicamente. Estes, no entanto,limitam-se a relatar valores <strong>de</strong>spendidos em cada ficha orçamentária, <strong>de</strong>interpretação complexa por quem não enten<strong>de</strong> do assunto.O objetivo <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Informações Municipais é fornecer dadosquantitativos que permitam avaliações qualitativas ao longo do tempo (se houvemelhora ou piora dos resultados). Para isso, através <strong>de</strong>le <strong>de</strong>finem-se os indicadores,quem os alimentará e com que periodicida<strong>de</strong>. Através <strong>de</strong> indicadores é possívelverificar se as quantias <strong>de</strong>spendidas em cada área da administração estão surtindoo efeito necessário, possibilitando o remanejamento <strong>de</strong> recursos ou a correção dasações para atingir os objetivos previstos.O Sistema <strong>de</strong> Informações Municipais é instrumento previsto no PlanoDiretor <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> aprovado em 2007, porém a única fase implantada até omomento foi uma centralização interna <strong>de</strong> alguns documentos “oficiais”, como leis,<strong>de</strong>cretos, planos e mapas, entre outros assuntos, acessíveis digitalmente por toda aadministração. O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um sistema visando inter-relacionar dados dasáreas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, promoção social e educação (base para um CadastroMultifinalitário) foi paralisado e há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se elaborar a integração <strong>de</strong>stebanco <strong>de</strong> dados com a base do cadastro imobiliário, possibilitando referenciarespacialmente as informações.Na prática, verificamos que a implantação <strong>de</strong>stes sistemas não entrana agenda governamental por não se caracterizar como <strong>de</strong>manda da população epor evitar a utilização dos dados como instrumentos <strong>de</strong> argumentação <strong>de</strong>movimentos opositores.


573.2.3 Integração <strong>de</strong> Plano <strong>de</strong> Governo com Plano DiretorPara conduzir melhor o projeto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, a administração públicanecessitaria assumir uma postura gerencial <strong>de</strong> planejamento, que permitissemonitoramento, controle e avaliação contínuos e fosse autônoma em relação aosplanos <strong>de</strong> governo apresentados. Necessitaria <strong>de</strong> órgãos permanentes quefornecessem sistematicamente indicadores confiáveis permitindo aos gestorescorrigir rotas e aperfeiçoar inclusive o que já dá certo. Em prefeituras <strong>de</strong> menorporte, os projetos estruturantes <strong>de</strong> cada administração costumam ser conduzidos porequipes políticas transitórias, que não aproveitam o conhecimento acumulado aolongo das gestões anteriores e levam o conhecimento (re)acumulado ao fim daadministração.Um dos gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios para integrar planos plurianuais a planosdiretores é torná-los legítimos para gestões que não participaram <strong>de</strong> sua elaboração.Com horizonte temporal médio <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos, os Planos Diretores possuem condiçõespara atravessarem várias gestões administrativas, mas mesmo sendo documentoslegalmente instituídos, os Planos Diretores são sistematicamente preteridos aosPlanos <strong>de</strong> Governo. Se no caso <strong>de</strong> São Bernardo o plano foi realizado apenas paracumprir a lei e não representava as <strong>de</strong>mandas sociais, em <strong>Peruíbe</strong> o Plano foielaborado, instituído e controlado na forma dos objetivos da lei. Em ambos os casosfica evi<strong>de</strong>nte a perda <strong>de</strong> relevância do Plano Diretor quanto ele é herdado <strong>de</strong> umaadministração sem vínculo com a atual.Enquanto o Plano Diretor é vinculado a um projeto <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>, o Plano<strong>de</strong> Governo é vinculado a um projeto <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r. Já o Plano Plurianual, por terhorizonte temporal similar ao período <strong>de</strong> governo (quatro anos), permite que ogovernante imprima sua própria marca, assumindo-o como produto <strong>de</strong> sua gestão.Dele <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m as leis que permitem realizar as <strong>de</strong>spesas diárias, como a LDO e aLOA, assumindo caráter fundamental na administração.


58Consi<strong>de</strong>rar que a eleição <strong>de</strong> um Prefeito pelo voto popular legitimariaum Plano <strong>de</strong> Governo sobre um Plano Diretor significaria negar os instrumentos <strong>de</strong><strong>de</strong>mocracia semidireta 16 instituídos pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral em prol <strong>de</strong> uma<strong>de</strong>mocracia apenas representativa, o que certamente não é o objetivo proposto naatual legislação brasileira. Mesmo que legitimasse, <strong>de</strong>ve-se observar que além daescolha do candidato ser motivada também por outros fatores, em municípios commenos <strong>de</strong> 200.000 habitantes, on<strong>de</strong> não existe segundo turno, é comum o candidatoeleito não representar a maioria do eleitorado.O que se fez em <strong>Peruíbe</strong> na elaboração da publicação sobre o PlanoDiretor em 2008 foi incluir matérias e comentários a fim <strong>de</strong> se antecipar à elaboraçãodos Planos <strong>de</strong> Governo, orientando os candidatos a manterem a linha <strong>de</strong> raciocíniodo Plano Diretor, evitando conflitos futuros (PERUÍBE, 2008, p. 4-6). Embora apublicação tenha sido distribuída e vista frequentemente entre os gestores dasáreas, é ilusão dizer que foi utilizado como base para as propostas: o livro realmenteutilizado foi o programa <strong>de</strong> governo elaborado durante a campanha.A vinculação dos programas do PPA às diretrizes do Plano Diretormunicipal possibilitaria, a exemplo do que acontece na União <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o PPA 1996-1999, a execução <strong>de</strong> estratégias específicas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para cada regiãodo território – já previstas no Plano Diretor, discutidas com a população ereferendadas em lei –, aperfeiçoando os mecanismos <strong>de</strong> controle e avaliação e <strong>de</strong>gestão por resultados. Mas em nome da flexibilização e da simplificação dasdiscussões – inclusive junto ao Legislativo – os PPAs municipais ainda contemplamapenas programas genéricos, <strong>de</strong> avaliação extremamente subjetiva.A cultura política brasileira ainda não recebe o Plano Diretor comoferramenta <strong>de</strong> planejamento. Periodicamente vemos na imprensa projetos <strong>de</strong> leipreten<strong>de</strong>ndo obrigar o candidato a cargo eletivo registrar seu plano <strong>de</strong> governo emcartório e executá-lo, o que salvaria o eleitorado <strong>de</strong> falsas promessas. Mas não sevê iniciativa <strong>de</strong> projeto <strong>de</strong> lei que obrigue os candidatos a formularem seus planos


59tomando como base os instrumentos legais instituídos, como o Plano Diretor e osplanos setoriais.A estabilida<strong>de</strong> e eficiência do Plano Diretor como instrumento <strong>de</strong>planejamento po<strong>de</strong>ria ser assegurada através da conscientização dos membros doConselho da Cida<strong>de</strong>. Em virtu<strong>de</strong> da suspensão judicial <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s, nãopo<strong>de</strong>mos afirmar como teria sido elaborado o PPA com a participação efetiva doConselho da Cida<strong>de</strong>, mas é fato que a Conferência realizada teve aspectomeramente formal, não servindo <strong>de</strong> espaço <strong>de</strong> pactuação ou discussão <strong>de</strong>propostas.16 Democracia semidireta é o conceito <strong>de</strong> controle social introduzido na segunda meta<strong>de</strong> do séculoXX. É uma alternativa entre a <strong>de</strong>mocracia direta (praticado na Grécia antiga, on<strong>de</strong> toda apopulação se reunia com os governantes para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões) e a <strong>de</strong>mocraciarepresentativa (on<strong>de</strong> o po<strong>de</strong>r é <strong>de</strong>legado a um governante mediante voto) (LIMA, 2010)


604 A ELABORAÇÃO DE UM PPA INTEGRADO AO PLANO DIRETORPreten<strong>de</strong>mos neste capítulo apresentar uma proposta <strong>de</strong> calendáriopara elaboração <strong>de</strong> plano plurianual integrada às disposições previstas pelo PlanoDiretor local, possibilitando sua utilização como ferramentas <strong>de</strong> planejamento daadministração pública.Tomaremos como base as especificida<strong>de</strong>s locais do município <strong>de</strong><strong>Peruíbe</strong>, mas nada impe<strong>de</strong> que seja utilizada a mesma metodologia em outros locaisdo país, obviamente respeitando as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada localida<strong>de</strong>.4.1 ESTRATÉGIAS PARA A MOBILIZAÇÃO SOCIALOs eventos públicos, como audiências, fóruns <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate e outroseventos participativos são ótimas ferramentas para envolver, prestar contas ediscutir rumos com a população. Ainda que pese a forma conturbada como sãorealizadas algumas audiências públicas, <strong>de</strong> forma geral elas contribuem (e muito)para o aperfeiçoamento dos levantamentos e proposições expostas. Os embatesfazem parte do processo <strong>de</strong> amadurecimento <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> que nunca foiconsultada e que agora extravasa o <strong>de</strong>sejo reprimido (BATISTA, 2010).O segredo <strong>de</strong> um evento público bem sucedido é apresentarinformações <strong>de</strong> maneira clara, objetiva e numa linguagem acessível para o públicopresente, convidando-o a participar. O mediador tem papel fundamental no sucessodo evento: sua maneira <strong>de</strong> conduzi-lo influencia o nível <strong>de</strong> ansieda<strong>de</strong> e o tom <strong>de</strong> vozda plenária. O bom mediador é aquele que consegue transmitir a confiança e extrair


61daquela população que tem vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> participar, mas dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se expressarem público, as contribuições mais sensatas para o pacto social, fazendo, quandonecessário, a ponte entre a linguagem coloquial e a linguagem técnica.Convém traçar uma estratégia <strong>de</strong> mobilização social junto com aCâmara municipal. É fato que, em muitos casos, os vereadores ten<strong>de</strong>m a se abster<strong>de</strong>stes eventos, em busca <strong>de</strong> maior autonomia para alterar o produto final e aten<strong>de</strong>ràs reivindicações pontuais da parcela que se consi<strong>de</strong>ra <strong>de</strong>satendida pelo trabalho.Mas conhecemos relatos <strong>de</strong> municípios que, <strong>de</strong>legando parte da responsabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> mobilização para as assembleias regionais aos vereadores, conseguiram gran<strong>de</strong>spúblicos trazendo como divi<strong>de</strong>ndos maior visibilida<strong>de</strong> do Legislativo junto aoeleitorado.Bem organizado, um evento público po<strong>de</strong> trazer gran<strong>de</strong>s divi<strong>de</strong>ndospara o gestor, angariando o apoio da população para <strong>de</strong>terminados projetos,implantando mudanças <strong>de</strong> rumo que, sugeridas pela população, passam a serfiscalizadas por ela.A organização e divulgação dos eventos é fator fundamental para osucesso dos eventos participativos. É possível fazer uma campanha <strong>de</strong> mobilização<strong>de</strong> baixo custo, sem recorrer a gran<strong>de</strong>s veículos <strong>de</strong> mídia como rádio e TVs <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> alcance. Como experiência, citamos o caso da elaboração do Plano Diretor<strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> <strong>de</strong> 2006, on<strong>de</strong> a mobilização do Departamento <strong>de</strong> Educação auxiliou nadivulgação dos eventos nas escolas 17 , além da reserva <strong>de</strong> espaços e funcionáriosnecessários para a realização dos eventos. Além disto, utilizou-se a divulgação emrádios comunitárias, e-groups, jornais locais, panfletos, faixas e cartazes em locaisestratégicos, carros <strong>de</strong> som, além <strong>de</strong> chamadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque no Boletim Oficial doMunicípio, reforçando a importância dada ao evento pela administração pública (Cf.SANCHES, 2007, p. 72-73).Deve-se ter o cuidado <strong>de</strong> não utilizar as audiências para induzir apopulação a manifestar-se (ou não se manifestar) sobre assuntos que não estásuficientemente preparada para opinar, bem como restringir a participação a grupos17 Durante as audiências do Plano Diretor <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>, houve casos em que boa parte da plenáriatomou conhecimento dos eventos através <strong>de</strong> bilhetes das professoras nos ca<strong>de</strong>rnos dos alunos<strong>de</strong>stinados aos pais.


62favoráveis às propostas apresentadas. A Resolução n° 25 do Conselho Nacional dasCida<strong>de</strong>s pressupõe a organização <strong>de</strong> eventos públicos com boa divulgação, feitacom pelo menos 15 dias <strong>de</strong> antecedência, além da garantia <strong>de</strong> alternância dos locais<strong>de</strong> discussão. Todo o material produzido <strong>de</strong>ve ser feito em linguagem acessível aopúblico e distribuído o quanto antes à população, para que vá ao evento com opiniãoformada ou dúvida concreta a tirar.4.2 A AÇÃO DE PLANEJAMENTOA ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejar <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sempenhada por todos os órgãosda administração pública, e não apenas pela unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento; esta <strong>de</strong>verealizar ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação otimizando os recursos existentes. A multiplicaçãoda ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejar po<strong>de</strong> <strong>de</strong>scentralizar as <strong>de</strong>cisões e conferir maior velocida<strong>de</strong>às ações da administração. De forma geral, respeitando o nível <strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cada município, po<strong>de</strong>mos relacionar uma sequência <strong>de</strong> ações básicas <strong>de</strong> cadagestor voltadas ao planejamento do seu trabalho:• Conhecer a realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> atuação e conhecer ou pelomenos estimar a condição i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> atendimento. É possível extrair estainformação, mesmo que no nível <strong>de</strong> diretrizes, do Plano Diretor ou <strong>de</strong>planos específicos <strong>de</strong> cada área;• Absorver a experiência acumulada, conhecendo projetos já executadosou em andamento, analisando prós e contras <strong>de</strong> modo a aproveitarrecursos, ganhar tempo e propor aperfeiçoamentos, quando for o caso;• Estabelecer priorida<strong>de</strong>s, já que invariavelmente o recurso existente éinsuficiente para a <strong>de</strong>manda. Estabelecer metas a serem cumpridas,ano a ano, visando o(s) objetivo(s) estipulado(s) no primeiro item. Oi<strong>de</strong>al é recorrer a índices que possam ser objetivamente avaliados – se


63o município dispor <strong>de</strong> um Sistema <strong>de</strong> Informações, utilizá-lo comoreferência.• Estimar o volume <strong>de</strong> investimentos necessários para atingir taisobjetivos no espaço <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong>terminado, distribuindo-os ao longo doperíodo, relacionando fontes externas possíveis para captação <strong>de</strong>recursos;• Elaborar projetos antecipadamente, contemplando as ações préestabelecidas(Plano Diretor, Plano <strong>de</strong> Governo, Conferênciassetoriais). O i<strong>de</strong>al é possuir uma carteira <strong>de</strong> projetos prontos paraserem apresentados quando houver possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> captação <strong>de</strong>recursos;• Não subestimar nem sobreestimar a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus recursoshumanos e materiais. Isso inclui disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoal capacitadopara as partes técnicas, administrativa, jurídica e contábil, aquisição oumanutenção <strong>de</strong> bens como veículos, computadores, máquinas eequipamentos diversos, mobiliário, material <strong>de</strong> consumo e material ouserviços <strong>de</strong> manutenção. Evitar o sucateamento dos recursos materiaisprogramando antecipadamente a manutenção e renovação dosequipamentos, e evitar a <strong>de</strong>smotivação dos recursos humanos,evitando a sobrecarga <strong>de</strong> trabalho e trabalhando constantemente amotivação da equipe <strong>de</strong>legando funções, discutindo projetos ecompartilhando responsabilida<strong>de</strong>s;• Saber reavaliar metas a<strong>de</strong>quadas às disponibilida<strong>de</strong>s orçamentárias.Modular os projetos, conseguindo implantá-los em partes sem per<strong>de</strong>r aconsistência, tendo em mente sempre as limitações resultantes <strong>de</strong> taiscortes.


644.3 ESPECIFICIDADES LOCAISO veículo oficial <strong>de</strong> comunicação da <strong>Prefeitura</strong> Municipal da EstânciaBalneária <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> é o BOM – Boletim Oficial do Município, instituído através daLei Municipal 1.816/98. Trata-se <strong>de</strong> publicação editada pela própria <strong>Prefeitura</strong>,através <strong>de</strong> seu órgão <strong>de</strong> imprensa, que possui periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cenal, regularmentenos dias 10, 20 e 30 <strong>de</strong> cada mês. Nele é que <strong>de</strong>vem ser anunciados todos oseventos públicos relacionados ao tema; no que diz respeito às audiências públicas, aLei Municipal 2.832/06 obriga o Po<strong>de</strong>r Executivo a enunciá-las com <strong>de</strong>staque nacapa da publicação oficial. O órgão da administração responsável pela sua edição<strong>de</strong>ve então estar atento à realização <strong>de</strong>stes eventos.O Plano Diretor <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>, instituído pela Lei Complementar n°100/07, exige que seja realizada ordinariamente uma Conferência da Cida<strong>de</strong> noprimeiro semestre <strong>de</strong> cada mandato da administração municipal, e que as<strong>de</strong>liberações transcritas do relatório final da Conferência da Cida<strong>de</strong> fundamentem oconteúdo do PPA a ser elaborado no mesmo ano:Art. 79. As <strong>de</strong>liberações transcritas no Relatório Final da Conferência daCida<strong>de</strong> <strong>de</strong>verão fundamentar a <strong>de</strong>finição das diretrizes orçamentáriasexpressas no Plano Plurianual a ser elaborado no primeiro ano <strong>de</strong> cadamandato.Também dispõe que, para a população se preparar para a Conferência,a Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento <strong>de</strong>ve realizar Assembleias Regionais nasdiferentes Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Planejamento do município (Art. 81), com pauta <strong>de</strong>finida peloConselho da Cida<strong>de</strong> (Art, 82 inc. II). Ou seja, antes do início dos eventos públicos apauta já <strong>de</strong>veria ter sido submetida e aprovada pelos conselheiros, que segundoregimento interno do Conselho da Cida<strong>de</strong> reúnem-se mensalmente.Subseção IIDas Assembléias MunicipaisArt. 80. As Assembléias Municipais serão preparatórias à realização daConferência da Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>.Parágrafo Único. Todos os cidadãos e cidadãs po<strong>de</strong>rão participar dasAssembléias Municipais e a organização dos <strong>de</strong>bates será feita na forma doArt. 84 <strong>de</strong>sta Lei Complementar e da Resolução nº 25 emitida pelo


65Conselho Nacional das Cida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mais legislações fe<strong>de</strong>rais ou estaduaisque regulem a matéria.Art. 81. A Secretaria Municipal <strong>de</strong> Planejamento <strong>de</strong>verá realizarAssembléias Municipais nas diferentes unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento pararealização da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento global do Município.Art. 82. As Assembléias Municipais <strong>de</strong>vem:I. ser realizadas nas diferentes unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento;II. ter sua pauta <strong>de</strong>cidida pelo Conselho da Cida<strong>de</strong>;III. ser organizadas pelo Po<strong>de</strong>r Público em parceria com entida<strong>de</strong>s dasocieda<strong>de</strong> civil.De acordo com o inciso I do Artigo 82, as assembleias <strong>de</strong>vem serrealizadas nas diferentes unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento. Como não especifica quantas,partimos do princípio <strong>de</strong> cumprir os objetivos da lei, esten<strong>de</strong>ndo as discussões paratodas as unida<strong>de</strong>s. <strong>Peruíbe</strong> dividiu o município em sete unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamentoatravés da Lei Municipal 2.966, <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009: Centro, Caraguava, Juréia,Turística, Ruínas, Zona Rural e Veneza.Estes eventos <strong>de</strong>vem seguir um rito administrativo exposto com<strong>de</strong>talhes no Art. 84, entre eles a divulgação com antecedência, realizadas em local ehorário acessíveis à população, serem gravados e com material disponibilizado paraconsulta pelo menos 96 horas (quatro dias) antes da realização dos mesmos.Art. 84. As audiências <strong>de</strong>verão aten<strong>de</strong>r aos seguintes requisitos:I. serem convocadas por edital, anunciadas pela imprensa local ou, na suafalta, pelos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa ao alcance da população local;II. ocorrer em locais e horários acessíveis à maioria da população;III. serem dirigidas pelo Po<strong>de</strong>r Público Municipal, que após a exposição <strong>de</strong>todo o conteúdo, abrirá as discussões aos presentes;IV. garantir a presença <strong>de</strong> todos os cidadãos e cidadãs, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>comprovação <strong>de</strong> residência ou qualquer outra condição, que assinarão lista<strong>de</strong> presença;V. serem gravadas e, ao final <strong>de</strong> cada uma, lavrada a respectiva ata, cujosconteúdos <strong>de</strong>verão ser apensados ao projeto <strong>de</strong> lei, compondo memorial doprocesso, inclusive na sua tramitação legislativa;VI. todos os documentos relativos ao tema da audiência pública, tais comoestudos, plantas, planilhas e projetos, serão colocados à disposição <strong>de</strong>qualquer interessado para exame e extração <strong>de</strong> cópias, inclusive por meioeletrônico, com antecedência mínima <strong>de</strong> 96 horas da realização darespectiva audiência pública.A Resolução n° 25 do Conselho Nacional <strong>de</strong> Cida<strong>de</strong>s f ala em ampladivulgação dos eventos com antecedência mínima <strong>de</strong> 15 (quinze) dias e naalternância dos locais <strong>de</strong> discussão. O cálculo <strong>de</strong>sta antecedência mínima <strong>de</strong>verásomar a periodicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>cenal do BOM. Somente com um calendário preciso<strong>de</strong>finido nos primeiros meses haverá condição para antecipar-se a tantas condições.


66A estrutura administrativa da <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> é atualmente regidapela Lei 2.834, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006, cujo organograma-resumo é mostrado aseguir:Figura 5 – Organograma Geral Simplificado da <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>Fonte: Lei Municipal n° 2.834, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2006 – Anexo 01.São nove secretarias, mais gabinete, procuradoria geral e fundo social<strong>de</strong> solidarieda<strong>de</strong>, cada um com programas, diretrizes, ações e fichas orçamentáriaspróprias, constantes nos quadros das leis orçamentárias.Segundo dados da Casa dos Conselhos <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> há cerca <strong>de</strong> 25conselhos municipais, alguns <strong>de</strong>les não atuantes, mas todos eles são ligados aalguma área da administração pública, conforme tabela a seguir. É possível quediversos <strong>de</strong>les tenham atribuições para <strong>de</strong>finir as diretrizes <strong>de</strong> investimentos <strong>de</strong> suasrespectivas áreas, o que exige maior atenção do formulador do orçamento.Tabela 2 – Conselhos municipais e áreas <strong>de</strong> vinculaçãoConselhoConselho da Cida<strong>de</strong>Conselho Municipal das Associações <strong>de</strong> BairroConselho Municipal <strong>de</strong> Habitação (CMH)Conselho Municipal <strong>de</strong> Meio Ambiente (CONDEMA)ÁreavinculadaPlanejamentoGabineteHabitaçãoMeio Ambiente


67Conselho Municipal <strong>de</strong> Desenvolvimento Rural e Pesqueiro (CMDR)Conselho Municipal <strong>de</strong> Educação (CME)Conselho Municipal <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (CMS)Conselho <strong>de</strong> Segurança (CONSEG)Conselho Diretor do Fundo Municipal <strong>de</strong> Trânsito (CDFMT)Conselho <strong>de</strong> ContribuintesConselho <strong>de</strong> Assistência Social (CMAS)Conselho Municipal do Idoso (CMI)Conselho Tutelar da Criança e do Adolescente (COTUCA)Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA)Conselho Municipal para Assuntos da Pessoa Portadora <strong>de</strong> Deficiência (CONDEF)Conselho Municipal <strong>de</strong> Desenvolvimento e Participação da Comunida<strong>de</strong> Negra (CMCN)Conselho Municipal Antidrogas (COMAD)Conselho Municipal dos Direitos <strong>de</strong> Alimentação Escolar (CMDAE)Conselho Municipal <strong>de</strong> Controle Social <strong>de</strong> Programa Bolsa FamíliaConselho Municipal <strong>de</strong> Segurança Alimentar e NutricionalConselho Municipal dos Direitos da MulherConselho Municipal <strong>de</strong> Turismo (CONTUR)Conselho Municipal <strong>de</strong> Cultura (CMC)Conselho Disciplinar Municipal <strong>de</strong> Esporte e Lazer (CONMEL)Conselho Municipal <strong>de</strong> Previdência Social (CMPS)AgriculturaEducaçãoSaú<strong>de</strong>Defesa SocialFazendaAssistênciaSocialTurismo,Esporte, Lazer eCulturaAdministraçãoFonte: <strong>Prefeitura</strong> Municipal <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>.No tocante à legislação orçamentária, a Lei Orgânica do Município(LOM) prevê, em alteração recente nos artigos 120 a 122, que o PPA seja entregueà Câmara até o dia 30 <strong>de</strong> junho que antece<strong>de</strong> o início do primeiro exercício,possibilitando maior tempo para discussão e vinculação efetiva com a LDO. A LOMtambém previu que fossem realizadas audiências públicas regionais, mas como nãohouve regulamentação da matéria até a aprovação do Plano Diretor elas nuncaforam realizadas 18 . É importante frisar que, até a data <strong>de</strong> elaboração <strong>de</strong>stamonografia, não havia sido regulamentado o §9° do a rt. 165 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral,que disporá entre outras coisas sobre os prazos para a elaboração das peçasorçamentárias, fato que po<strong>de</strong>rá influenciar no calendário proposto.18 A exigência <strong>de</strong> realização <strong>de</strong> audiências regionais para o PPA na LOM surgiu da i<strong>de</strong>ia dosorçamentos participativos, que posteriormente foram abandonados. Porém com a promulgação doPlano Diretor estes eventos foram legalmente regulamentados.


4.4 PROPOSTA DE UNIFICAÇÃO DE CRONOGRAMA DE CONFERÊNCIAS EASSEMBLEIAS REGIONAIS68Ao se verificar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conferências setoriais que são feitas via<strong>de</strong> regra no primeiro e terceiro ano <strong>de</strong> mandato, somadas às exigências legais darealização <strong>de</strong> assembleias regionais estabelecidas pelo Plano Diretor, todas compouca participação <strong>de</strong> população, pouca representativida<strong>de</strong> governamental e poucaeficiência em seus objetivos, apresentamos uma proposta alternativa para aintegração <strong>de</strong> todos estes eventos. Propõe-se manter o cumprimento das exigênciaslegais reduzindo a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> eventos, porém aumentando suarepresentativida<strong>de</strong> e eficácia perante o cidadão.A proposta é tornar as assembleias regionais preparatórias daConferência da Cida<strong>de</strong>, obrigatórias pelo Plano Diretor, eventos que abriguem todasas pré-conferências setoriais. Com a concentração <strong>de</strong> esforços <strong>de</strong> Po<strong>de</strong>r Executivo econselhos, cada assembleia regional tem potencial para atrair um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>pessoas para discutir as diversas políticas setoriais (saú<strong>de</strong>, educação, assistênciasocial, meio ambiente, infra-estrutura, etc). Após uma explanação dos objetivos efuncionamento global do evento, os grupos po<strong>de</strong>m dividir-se em salas para adiscussão separada das políticas setoriais. Cada sala tornar-se-ia então a préconferência<strong>de</strong> cada política setorial.Analogamente, as Conferências Municipais setoriais po<strong>de</strong>riam serrealizadas antes da Conferência da Cida<strong>de</strong>, ou sob o guarda-chuva <strong>de</strong>sta, <strong>de</strong> formaque as resoluções tiradas <strong>de</strong> cada área fundamentem, ao final do processo, orelatório com as <strong>de</strong>liberações aprovadas para o PPA. A Conferência da Cida<strong>de</strong>tornar-se-ia então um evento <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> peso político, conferindo legitimida<strong>de</strong> erepresentativida<strong>de</strong> a todo o processo.


694.5 ELABORAÇÃO DO CALENDÁRIOOs primeiros dias <strong>de</strong> uma nova gestão administrativa sãotradicionalmente tumultuados. Além do fechamento da contabilida<strong>de</strong> do ano anterior,sempre há a reorganização <strong>de</strong> espaços e relocação <strong>de</strong> servidores que tumultuaqualquer iniciativa <strong>de</strong> trabalho afinado.Por este motivo, po<strong>de</strong>ria se estabelecer um prazo até dia 30 <strong>de</strong> janeiropara se instituir uma comissão interna multidisciplinar por ato legal (<strong>de</strong>creto, portaria,etc) para organizar os eventos, sistematizar projetos estruturantes da administração,<strong>de</strong>finir todo o calendário <strong>de</strong> eventos, preparar material <strong>de</strong> divulgação, reservarrecursos materiais e humanos e entrar em contato com organizaçõesrepresentativas da socieda<strong>de</strong>. Seria recomendável que esta comissão possuísserepresentantes afinados entre si dos órgãos jurídico, <strong>de</strong> planejamento, imprensa,assessoria comunitária, atualização <strong>de</strong> sites, educação, agendamento e<strong>de</strong>slocamento <strong>de</strong> equipamentos (microfones, caixas <strong>de</strong> som, outros equipamentosmultimídia que se fizerem necessários). Também seria recomendável que ostrabalhos <strong>de</strong>sta comissão fossem acompanhados por membros do Conselho daCida<strong>de</strong>, já que tem a atribuição <strong>de</strong> fiscalizar a gestão do Plano Diretor.Janeiro também seria o mês mais recomendável, <strong>de</strong>ntro do prazo curtoexistente, para que fossem recompostos ou remobilizados conselhos municipais.Recomendar-se-ia que esta comissão, tão logo fosse criada,elaborasse um calendário prévio <strong>de</strong> eventos para apresentar aos <strong>de</strong>mais gestores,reforçando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprometimento com prazos.No mês <strong>de</strong> fevereiro, seria conveniente que o Po<strong>de</strong>r Executivorealizasse uma gran<strong>de</strong> reunião com membros <strong>de</strong> todos os conselhos a fim <strong>de</strong>apresentar o cronograma proposto e solicitar formalmente que cada conselhoapresentasse até o mês <strong>de</strong> março as <strong>de</strong>liberações necessárias: indicação <strong>de</strong>membros para acompanhamento do processo, temas a discutir, pauta das préconferênciase programas que servirão como base <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate, tudo <strong>de</strong> acordo comas diretrizes do Plano Diretor. Deve-se atenção especial ao Conselho da Cida<strong>de</strong>,


70órgão colegiado que <strong>de</strong>verá aprovar a pauta proposta para as assembleias regionaise, assim sendo, tem papel fundamental nesta estrutura.Também durante o mês <strong>de</strong> fevereiro, seria importante que a comissãointerna se reunisse com os gestores das áreas para passar fundamentos do sistemaorçamentário (caso houvesse necessida<strong>de</strong>), <strong>de</strong>talhar o funcionamento do processo eestabelecer o compromisso com presença e prazos. Po<strong>de</strong>ria ser realizada umaativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento estabelecendo programas prévios a serem discutidos,construídos a partir <strong>de</strong> diretrizes estabelecidas no Plano Diretor e nos planossetoriais <strong>de</strong> cada área, inclusive quantificando os reais volumes disponíveis parainvestimentos, antevendo as <strong>de</strong>spesas com pessoal, manutenção e aquisição <strong>de</strong>máquinas e equipamentos para o apoio operacional.No mês <strong>de</strong> março, <strong>de</strong>ve-se obter as <strong>de</strong>liberações dos conselhos einiciar a campanha <strong>de</strong> divulgação dos eventos, em esforço conjunto <strong>de</strong> <strong>Prefeitura</strong>,Câmara e conselhos municipais. A partir <strong>de</strong>ste momento, o órgão <strong>de</strong> imprensapassaria a dar gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>staque ao evento, reforçando o compromisso daadministração com o trabalho. Deve-se preparar o material a ser distribuído noevento <strong>de</strong> abertura. Os conselheiros fariam a divulgação no “boca-a-boca”,importante meio <strong>de</strong> divulgação. Seria o primeiro passo para conquista dacredibilida<strong>de</strong> da população.A realização <strong>de</strong> evento <strong>de</strong> abertura do PPA participativo aconteceriaem abril. Neste evento, nenhum programa ou proposta seria <strong>de</strong>batido: seu objetivoseria <strong>de</strong>monstrar à população a forma <strong>de</strong> discussão, distribuir o material preparado(calendário, notícias, objetivos) e solicitar o comparecimento às assembleias <strong>de</strong> suaregião.Deve-se ter em mente que o calendário, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> distribuído àpopulação, <strong>de</strong>verá ser cumprido à risca, sob pena <strong>de</strong> se per<strong>de</strong>r o controle doprocesso. Cancelamentos após esta distribuição só seriam possíveis com divulgaçãotão ampla quanto a necessária para a promoção do evento. Com o calendáriopreciso dos eventos em mãos, o órgão <strong>de</strong> imprensa po<strong>de</strong> se programarantecipadamente, elaborando matérias com chamadas para audiências, ereservando espaços para a divulgação dos eventos na capa do BOM.As assembleias regionais aconteceriam nos meses <strong>de</strong> abril e maio,


71num ritmo <strong>de</strong> duas por semana, dando tempo para a comissão preparatória seorganizar e sistematizar os documentos produzidos nos eventos. Atentar para o fatoque qualquer material produzido para as assembleias <strong>de</strong>ve estar disponível àpopulação pelo menos quatro dias antes <strong>de</strong> cada evento. As escolas seriam locaispropícios para as assembleias, pois possuem pátios gran<strong>de</strong>s para uma exposiçãogeral e há possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dividir o público em salas menores para as discussõessetoriais, seguindo divisão por estrutura administrativa ou por política prevista noPlano Diretor. Ao final <strong>de</strong>stes eventos, seria conveniente escolher um morador querepresente a região na tarefa <strong>de</strong> acompanhar e fiscalizar a elaboração do restantedo processo até o envio à Câmara. Sugere-se um roteiro similar ao presenciado noevento visitado em São Bernardo do Campo: a <strong>Prefeitura</strong> abre o evento em umaplenária com toda a população, explica o funcionamento do evento, divi<strong>de</strong> apopulação para discutir temas separados em salas <strong>de</strong> aula, a população retorna comos temas discutidos e elege o representante.Com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> tornar cada sala <strong>de</strong> aula um evento <strong>de</strong> conferênciaregional do setor, terminadas as assembleias regionais, estariam finalizadas tambémtodas as conferências regionais setoriais. Para que isto ocorresse, talvez fossenecessário um tempo adicional nas salas para que cada conselho fizesse tambémas discussões específicas exigidas pelo sistema nacional ao qual está vinculado.Nas discussões por sala, além <strong>de</strong> um representante do Po<strong>de</strong>rExecutivo da área, seria conveniente a presença <strong>de</strong> pelo menos um conselheiro daárea (senão todos). Como sugestão, um presidiria e o outro relataria as propostas, a<strong>de</strong>finir como cada área achasse mais conveniente (há conselhos que exigem acondução das discussões, outros apenas o encaminhamento das propostas). Nassalas <strong>de</strong> aula, seria recomendável que as discussões partissem da exposição dogestor da pasta informando as ações que estão sendo implementadas no momento,partindo posteriormente para a seguinte pergunta: quais programas <strong>de</strong>vem serelaborados para aten<strong>de</strong>r as diretrizes do Plano Diretor / Plano setorial (<strong>de</strong>talhandosequais são as diretrizes)? O relato das ações atuais visaria garantir o aspecto <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong> para as ações <strong>de</strong> sucesso e revisão, ajuste ou abandono dos projetospouco eficazes.Embora não seja necessário pelo Plano Diretor e pela LRF, caberiaavaliar a conveniência <strong>de</strong> se elaborar reuniões também por grupos <strong>de</strong> interesse local


72(clubes <strong>de</strong> serviços, associações <strong>de</strong> classe), bem como a disponibilização <strong>de</strong> espaçopara apresentação <strong>de</strong> propostas em site, a fim <strong>de</strong> formalizar <strong>de</strong>mandas em outrosníveis <strong>de</strong> participação social.Findadas as discussões por regiões e por temas, seria necessário umtrabalho <strong>de</strong> sistematização das propostas, feito pelos órgãos <strong>de</strong> planejamento daadministração (urbano, contábil e núcleos das áreas setoriais) a fim <strong>de</strong> consolidartextos, mantendo as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada região. A i<strong>de</strong>ia seria sistematizar emtabelas a diretriz, os programas, as metas e o órgão da administração responsávelpela execução, em um formato já próximo ao encaminhado pelo PPA.No mês <strong>de</strong> junho, iniciar-se-iam então as Conferências Municipaissetoriais. Uma por uma, seriam realizadas com o intuito <strong>de</strong> fechar as propostas <strong>de</strong>cada área, discutir temas colocados pelos sistemas nacionais e eleger osconselheiros do próximo mandato, quando assim estipulado pelas bases legais. Aspropostas saídas <strong>de</strong> cada conferência setorial <strong>de</strong>vem ser encaminhadas à comissãoorganizadora <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> prazo previamente estipulado.A última Conferência seria a organizada pelo Conselho da Cida<strong>de</strong>, pelaatribuição legal <strong>de</strong> fiscalizar a execução das políticas estabelecidas no Plano Diretor.A Conferência da Cida<strong>de</strong> estipulada no Art. 79 do Plano Diretor municipal seria ogran<strong>de</strong> evento público que encaminha o conjunto <strong>de</strong> propostas para elaboração doPPA. O material da Conferência <strong>de</strong>ve estar disponível à população pelo menosquatro dias antes do evento. No evento, <strong>de</strong>vem ser expostas as propostas discutidase aprová-las com a plenária. A aprovação não <strong>de</strong>ve ser encarada como uma novarodada <strong>de</strong> discussões, mas como uma validação do que foi amplamente discutido,limitando-se a pequenas melhorias ou correções no texto sistematizado pelacomissão organizadora, salvo se os programas estiverem em <strong>de</strong>sacordo ou conflitogritante com o disposto no Plano Diretor. O relatório final da conferência seria entãoencaminhado ao Po<strong>de</strong>r Público que, com uma estrutura orçamentária járazoavelmente montada, necessitaria apenas fazer o “ajuste fino” com os gestoresdas áreas e o chefe do Po<strong>de</strong>r Executivo antes do encaminhamento do produto àCâmara.


73CONCLUSÕESPassados mais <strong>de</strong> vinte anos da aprovação da Constituição, e quase<strong>de</strong>z das mais importantes leis para o planejamento das áreas contábil e urbanística,existem ainda gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>safios a serem vencidos.Depois <strong>de</strong> um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>clínio motivado pela frustração da nãorealização<strong>de</strong> planos i<strong>de</strong>alistas, a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento na administraçãopública ressurgiu nos anos 1990 sob a metodologia do planejamento estratégico,voltado à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> ações e metas com resultados a serem alcançados. Osplanos tornaram-se menos fictícios e mais exequíveis, assemelhando-se a planos <strong>de</strong>ação. As leis já obrigam o gestor público a ser eficiente e cumprir metas acertadascom a população, obrigando-o a trabalhar com foco em resultados.Esta mudança <strong>de</strong> concepção do planejamento ainda não foi assimiladapor boa parte das administrações públicas. Apesar da característica mais estratégicaque assumiu nos últimos anos, na prática o planejamento continua sendo tratadocomo área-fim, <strong>de</strong>stinada a elaboração <strong>de</strong> projetos e controle <strong>de</strong> zoneamento. Oplanejamento <strong>de</strong>ve assumir característica <strong>de</strong> área-meio da administração,coor<strong>de</strong>nando ações e subsidiando as informações para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões.A busca pela eficiência está trazendo a lógica da gestão por resultadostambém na administração pública. Para a correta avaliação <strong>de</strong>stes resultados, cadavez mais há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantação <strong>de</strong> Sistemas <strong>de</strong> Informações confiáveis,que permitam a comparação e avaliação <strong>de</strong> políticas públicas. Sua confiabilida<strong>de</strong>passa, em termos, pela adoção <strong>de</strong> órgãos <strong>de</strong> planejamento com quadros fixos quepermitam a estabilida<strong>de</strong> da produção <strong>de</strong> informações e <strong>de</strong> seus critérios <strong>de</strong> análise.Apesar dos avanços e esforços para introduzir uma rotina <strong>de</strong>planejamento contínuo na administração pública, as ferramentas <strong>de</strong> trabalho criadascontinuam a ser compreendidas por boa parte dos gestores como meras


74formalida<strong>de</strong>s a serem cumpridas, <strong>de</strong>spen<strong>de</strong>ndo tempo para realizar procedimentosineficientes sem resultados práticos, que não conferem legitimida<strong>de</strong> aos produtosproduzidos. A administração pública, apesar <strong>de</strong> eficaz para aten<strong>de</strong>r exigênciaslegais, é ineficiente para extrair <strong>de</strong>les todo o seu potencial.Os planos plurianuais, apesar <strong>de</strong> exigirem um formato a<strong>de</strong>quado àexecução orçamentária, possuem conteúdo e forma <strong>de</strong> abordagem similar àelaboração dos planos diretores. A agregação dos profissionais que trabalham naformulação dos planos diretores nas equipes que formulam os PPAs traria aexperiência metodológica dos processos participativos e permitiria uma maiorintegração entre planejamento e execução.O controle social instituído pela Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> 1988 éimportante instrumento para que o cidadão cobre uma administração mais eficiente,a começar pelo próprio formato das audiências: <strong>de</strong>ve-se interagir mais com apopulação, extraindo das plenárias dos inúmeros eventos que organiza ascontribuições sensatas para a gestão da cida<strong>de</strong>; <strong>de</strong>ve-se expor menos e ouvir mais.Garantir a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> planejamento na troca <strong>de</strong> gestõesadministrativas é outro <strong>de</strong>safio a ser vencido. Os Planos Diretores, embora tenhamganhado <strong>de</strong>staque com a promulgação do Estatuto da Cida<strong>de</strong>, ainda possuem navisão política uma função secundária, sendo os planos <strong>de</strong> governo geralmente maisimportantes do que estes instrumentos legalmente instituídos. Assim como nopassado recente o governo fe<strong>de</strong>ral instituiu campanhas para a elaboração dosplanos diretores, seria conveniente realizar uma nova campanha <strong>de</strong> conscientizaçãopara integrar as disposições nele contidas nas peças orçamentárias. Aconscientização e amadurecimento <strong>de</strong> população, técnicos e políticos contribuirápara uma maior continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ações.Conscientes das inúmeras dificulda<strong>de</strong>s das novas administrações edas inúmeras expectativas que criam, não se atentando para esta importanteativida<strong>de</strong> meio, formulamos uma proposta <strong>de</strong> calendário que po<strong>de</strong> ser utilizada peloPo<strong>de</strong>r Executivo, contribuindo com um efetivo processo <strong>de</strong> planejamentoparticipativo. Sua aplicação <strong>de</strong> forma sistemática, contudo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> umamudança <strong>de</strong> postura dos gestores, fazendo-o entrar na pauta das agendasgovernamentais.


75REFERÊNCIASAGENDA 2012. Programas <strong>de</strong> Metas para a Cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo. Disponível em:. Acesso em: 25 ago. 2010.ARAUJO, Hamilton A. Gestão Fiscal – A responsabilida<strong>de</strong> Fiscal dos Municípiosperante a LRF. São Paulo: LTR, 2001.BATISTA, Sinoel, et al. O Papel dos Dirigentes Municipais e Regionais naCriação e Gestão dos Consórcios Públicos. Brasília, DF: Caixa EconômicaFe<strong>de</strong>ral, 2010. (Guia CAIXA <strong>de</strong> Consórcios Públicos. Ca<strong>de</strong>rno ; v. 2)BOM (Boletim Oficial do Município). <strong>Peruíbe</strong>: <strong>Prefeitura</strong>, n. 345 a 362, jan./jun. 2009.Disponível em: . Acesso em: 15 ago. 2010.BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Fe<strong>de</strong>rativa do Brasil.Disponível em: . Acesso em: 15 ago. 2010.______. Lei Complementar Fe<strong>de</strong>ral n° 101 , <strong>de</strong> 05 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2000. Lei <strong>de</strong>Responsabilida<strong>de</strong> Fiscal.______. Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 10.028 , <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2000. Altera o Decreto-Lei n°2.848, <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1940 – Código Penal, a Lei n° 1.079, <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong>abril <strong>de</strong> 1950, e o Decreto-Lei n° 201, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> fev ereiro <strong>de</strong> 1967. (Lei <strong>de</strong>Crimes Fiscais). Disponível em: . Acesso em: 15ago. 2010.______. Lei Fe<strong>de</strong>ral n° 10.257 , <strong>de</strong> 10 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2001. Regulamenta os arts. 182 e183 da Constituição Fe<strong>de</strong>ral, estabelece diretrizes gerais da política urbana edá outras providências. (Estatuto da Cida<strong>de</strong>) . Disponível em:. Acesso em: 15 ago. 2010.______. Ministério das Cida<strong>de</strong>s. Plano Diretor Participativo: guia para elaboraçãopelos Municípios e cidadãos. 2 ª ed. Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>de</strong> Raquel Rolnik eOtilie Machado Pinheiro. Brasília: Ministério das Cida<strong>de</strong>s; Confea, 2005.


Disponível em: . Acessoem: 20 abr. 2006.76______. Ministério do Planejamento. Histórico das ativida<strong>de</strong>s orçamentárias.Disponível em:Acesso em: 14 jun. 2010.CONSTITUIÇÕES Brasileiras <strong>de</strong> 1824 a 1988. Disponível em:. Acessoem: 15 ago. 2010.CREPALDI, Camila. Participação popular marca plenárias do PPA. DivulgaçãoExata, Gran<strong>de</strong> ABC, Ano V, n. 108, 29 maio 2009 a 04 jun. 2009, p. 7.DEÁK, Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). O processo <strong>de</strong> urbanização noBrasil. São Paulo: Ed. da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo, 1999.DEÁK, Csaba. Acumulação entravada no Brasil e a crise dos anos 80. In: DEÁK,Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). op. cit, 1999.DAMATTA, Roberto. Cidadania – A questão da cidadania num universorelacional. In: A Casa e a rua. São Paulo: Brasiliense, 1986.ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 2000, 15ª. ed.FERREIRA, João Setter Whitaker. O processo <strong>de</strong> urbanização brasileiro e afunção social da proprieda<strong>de</strong> urbana. In: Curso à Distância: Planos Locais<strong>de</strong> Habitação <strong>de</strong> Interesse Social. Brasília: Ministério das Cida<strong>de</strong>s, 2009.GIACOMONI, James. Orçamento Público – 14ª Edição: Ampliada, Revista eAtualizada. São Paulo: Atlas, 2007.IHU OnLine. Não são apenas os “sem” que protestam, os “com” estãoameaçados. Periódico da UNISINOS <strong>de</strong> 11 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2003. Entrevista comMaria da Glória Gohn. São Leopoldo: Unisinos, 2003. ano 3, n.70LAVORATTI, Luana. Lei dos crimes fiscais é sancionada. Disponível em: Acesso em 25 ago. 2010.LEME, Maria Cristina da Silva (coord). Urbanismo no Brasil 1895-1965. São Paulo:


77Studio Nobel, FAUUSP, FUPAM, 1999.LIMA, José Ossian. A obrigatorieda<strong>de</strong> do Orçamento Participativo no Município.A (não) efetivida<strong>de</strong> em discussão. Jus Navigandi, Teresina, ano 15, n. 2652,5 out. 2010. Disponível em: . Acessoem: 13 out. 2010.MARICATO, Ermínia. As idéias fora do lugar e o lugar fora das idéias -Planejamento Urbano no Brasil. In: A Cida<strong>de</strong> do Pensamento Único:Desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000.MARQUES, Daniela. Entrevista: a socióloga Maria da Glória Gohn fala sobrediversida<strong>de</strong>, ONGs e movimentos sociais em São Paulo. 2004. Disponívelem: . Acesso em: 25 abr. 2007.MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. In: PINHEIRO, Michel.O princípio da eficiência na administração pública e o cidadão. Disponível em:. Acesso em: 16 ago. 2010.MORI, Klára Kaiser. A i<strong>de</strong>ologia na constituição do espaço brasileiro. In: DEAK,Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). op.cit, 1999.MOVIMENTO NOSSA SÃO PAULO. . Acessoem: 12 jul. 2010.MUMFORD, Eric. The CIAM discourse on urbanism, 1928-1960; Cambridge,Mass.: MIT Press, 2000. ISBN 0-262-13364-4. Disponível em:. Acesso em: 29 ago. 2010.PREFEITURA anuncia melhorias à cida<strong>de</strong> na quinta semana <strong>de</strong> PPA. Notícias doMunicípio (Publicação oficial do município <strong>de</strong> São Bernardo do Campo), n.1507, 29 maio 2009.PARES, Ariel; VALLE, Beatrice. A retomada do planejamento governamental noBrasil e seus <strong>de</strong>safios. In: GIACOMONI, James; PAGNUSSAT, José Luiz(org.). Planejamento e orçamento governamental. Brasília: ENAP, Vol. 1,2006. Disponível em: . Acesso em: 29 ago. 2010.PERUÍBE. Lei Orgânica do Município <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>. 1990a. Disponível em: Acesso em: 25 ago. 2010.______. Decreto n° 2.503 , <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005. Cria o Grupo <strong>de</strong> Planejamento


78da Administração Municipal, nomeia seus integrantes e dispõe sobre suasatribuições. Disponível em: .Acesso em: 25 jul. 2010.______. Lei Complementar n° 100 , <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2007. Institui o PlanoDiretor, <strong>de</strong>fine princípios, objetivos, estratégias e instrumentos para arealização das ações <strong>de</strong> planejamento no município <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> e dá outrasprovidências. Boletim Oficial do Município n. 275. Disponível em:. Acesso em: 25 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 642 , <strong>de</strong> 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1977. Dispõe sobre aorganização administrativa da prefeitura do município <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>,reclassificação <strong>de</strong> cargos e enquadramento do pessoal do serviço público domunicípio <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> e dá outras providências. Disponível em:. Acesso em: 25 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 733 , 02 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1979. Plano Diretor <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>.Compilação com todas as alterações disponível em:. Acesso em: 25 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 1.330 , <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1990. 1990b. Revoga a lei n°591, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1975, suas Posterior modificações, e dispõe sobreo regime jurídico único dos Servidores públicos do município, das autarquias edas fundações Municipais, e dá outras providências. Disponível em:. Acesso em: 25 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 1.385 , <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 1991. Altera dispositivos da lei no1.330, <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1.990, nos artigos que menciona, inclusive o Quadrogeral <strong>de</strong> cargos e vencimentos dos Servidores municipais. Disponível em:. Acesso em: 25 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 1.816 , <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1998. Dispõe sobre a criaçãoda “Imprensa Oficial do Município” e dá outras providências. Disponível em:. Acesso em: 22 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 2.643 , <strong>de</strong> 19 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2005. Dispõe sobre a criação doConselho da Cida<strong>de</strong>. Disponível em:. Acesso em: 22 jul. 2010.______. Lei Municipal n° 2.966 , <strong>de</strong> 09 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 2009. Dispõe sobre a criaçãodas Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Planejamento e dá outras providências. Disponível em:. Acesso em: 22 jul. 2010.


______. Plano Diretor <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> – versão comentada. <strong>Peruíbe</strong>: 1ª. ed., 2008.Publicação contendo matérias sobre a elaboração e a lei comentada.Disponível em: . Acesso em: 08 jul.2010.79______. Plano Diretor Participativo <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>: Elaboração Técnica daRealida<strong>de</strong> Municipal. Produto referente a etapa 2 <strong>de</strong> elaboração do PlanoDiretor Participativo <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>. Curitiba: Ambiens, 2006a. Disponível em: Acesso em: 31 ago. 2010.______. Plano Diretor Participativo <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>: Seleção e pactuação <strong>de</strong> temasprioritários, propostas, estratégicas e instrumentos para a viabilização doPlano Diretor Participativo. Produto referente a etapa 4 <strong>de</strong> elaboração doPlano Diretor Participativo <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong>. Curitiba: Ambiens, 2006b. Disponívelem: Acesso em: 31 ago. 2010.REMYRECH, Ruy. Controle interno na administração pública. Disponível em:. Acessoem: 15 ago. 2010.RIBEIRO, Luiz Cesar <strong>de</strong> Queiroz; BÓGUS, Lúcia (org.). Ca<strong>de</strong>rnos Metrópole. n. 07,São Paulo: Educ/Fapesp/Pronex CNPq, 2002. Disponível em:.Acesso em: 27 abr. 2007.SAMPAIO, Marcio Eduardo Corrêa. O que é planejamento. Disponível em:.Acesso em: 03 ago. 2010.SANCHES, Maurício Maranhão. Mobilização social e técnica na elaboração doPlano Diretor <strong>de</strong> <strong>Peruíbe</strong> em 2006, 2007. <strong>Monografia</strong> <strong>de</strong> especialização paracurso <strong>de</strong> Gestão Urbano-Regional. Unisantos/COEAE. Santos.SCHMITT, Rosane Heineck. Metodologia e agilização dos procedimentos <strong>de</strong>fiscalização na perspectiva do Estado <strong>de</strong>mocrático <strong>de</strong> direito. 28.08.2000.Disponível em: . Acessoem: 25 Ago 2010.SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. 22 a ed. ver.ampl. São Paulo: Cortez, 2002.


SIMÕES JUNIOR, José Geraldo. A urbanística germânica (1870-1914).Internacionalização <strong>de</strong> uma prática e referência para o urbanismobrasileiro. São Paulo: Arquitextos, 09.097, Vitruvius, jun 2008. Disponível em:. Acesso em:30 jun. 2010.80SOARES, Evanna. A audiência pública no processo administrativo . JusNavigandi, Teresina, ano 6, n. 58, ago. 2002. Disponível em:. Acesso em: 30 ago. 2010.TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO. Manual básico doTribunal <strong>de</strong> Contas do Estado <strong>de</strong> São Paulo – LRF. Disponível em:. Acesso em:25 ago. 2010.VAINER, Carlos B. Pátria, empresa e mercadoria: Notas sobre a estratégiadiscursiva do Planejamento Estratégico Urbano. In: A Cida<strong>de</strong> do PensamentoÚnico: Desmanchando consensos. Petrópolis: Vozes, 2000VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano noBrasil. In: DEAK, Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (Org.). op.cit., 1999.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!