O voo do aeroporto - Correio Alentejo
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AEROPORTO DE BEJA05sexta-feira2007.09.28Decisão. EDAB aguarda com espectativa a opção da TAP-MEOficinas da TAPa caminho de Bejasobre o assunto e temos de avançar com acçõesconcretas.Podemos apontar o turismo como a “molareal” para a viabilidade <strong>do</strong> <strong>aeroporto</strong>?O inverso também é verdadeiro. O <strong>aeroporto</strong>pode ser uma mola fundamental para que oturismo se desenvolva. As duas coisas são interactivase eu julgo que uma vai fazer crescera outra.O <strong>aeroporto</strong> estará pronto daqui a um anoe numa primeira fase os vários projectosturísticos não estarão concluí<strong>do</strong>s. Como éque as coisas vão decorrer nesse perío<strong>do</strong> seminteractividade?Essa é uma boa pergunta. Não há sincronismoentre as duas coisas. Mas é evidente queo turismo <strong>do</strong> <strong>Alentejo</strong> não é exclusivamenteaquele que resultará <strong>do</strong>s projectos em cursoou em vias de se iniciarem. É preciso tambémum crescimento da capacidade hoteleira,que é pequena. Curiosamente, já fomoscontacta<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>is grupos estrangeirosque querem construir um hotel no próprio<strong>aeroporto</strong> e nas proximidades. É importanteque o <strong>aeroporto</strong> já induza investimentosnesta área.Numa primeira fase o <strong>aeroporto</strong> de Beja vaiestar na retaguarda <strong>do</strong> Algarve?Eu acho que sim.Quantos passageiros podem chegar a Beja noprimeiro ano de operação? O primeiro estu<strong>do</strong>apontava para 500 mil passageiros. É razoável?É excessivamente optimista. Nós nunca quisemosembarcar em optimismos exagera<strong>do</strong>se temos toda a vantagem em ver as coisasnum cenário equilibra<strong>do</strong> e mais realista. Noplano de marketing <strong>do</strong> <strong>aeroporto</strong>, que foi recentementeconcluí<strong>do</strong>, o cenário pessimistaaponta para 170 mil passageiros em 2009. Nocenário optimista poderemos chegar a 250mil passageiros [no ano de arranque].São valores aceitáveis?A mim parece-me aceitável porque temosque ter a consciência que se trata de uma infra-estruturaque está a arrancar, num paíspequeno e com três <strong>aeroporto</strong>s nacionais satura<strong>do</strong>snos meses de ponta. Nessa altura háum transbor<strong>do</strong> da infra-estrutura saturadapara a que está disponível.Qual o risco para Beja de o novo <strong>aeroporto</strong>de Lisboa ser construí<strong>do</strong> em Alcochete, namargem sul <strong>do</strong> Tejo?Eu não poria a palavra risco. O que pode afectara operação em Beja não é suficientementegrave para alterar o que está dito. Primeiro,porque a infra-estrutura <strong>do</strong> novo <strong>aeroporto</strong> émuitíssimo mais cara <strong>do</strong> que esta. Vamos teruma diferença de custos enorme e Beja representaum outro nicho de merca<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> se pensa no turismo <strong>do</strong> Litoral Alentejano,Alcochete não ultrapassa Beja?O turista tem muito pouca capacidade de intervirna escolha. Quem normalmente intervémsão os transporta<strong>do</strong>res, que analisamo custo da operação. Se vir para Beja custarmetade [de Alcochete] e a deslocação <strong>do</strong>s turistasfor fácil e não muito cara, a opção seráde facto pelo mais barato.O presidente da EDAB diz esperar “com algumaansiedade” que a decisão de mudar as oficinasda TAP para Beja seja tomada em breve.Inicialmente a decisão estava prevista para omês de Setembro, mas José Queiroz diz nãopoder dar grandes novidades sobre o assunto.No entanto destaca que o projecto “tem umpeso enorme que não é só no <strong>aeroporto</strong>”. “É naprópria cidade e no Baixo <strong>Alentejo</strong>”, destaca.A vinda para Beja das oficinas TAP – Manutençãoe Engenharia poderá ser um “grandetrunfo” para a viabilidade plena <strong>do</strong> futuro<strong>aeroporto</strong> de Beja. O projecto, avalia<strong>do</strong> emcerca de 100 milhões de euros, tem por baseo facto de o <strong>aeroporto</strong> da Portela, em Lisboa,estar completamente estrangula<strong>do</strong> e o futuro<strong>aeroporto</strong> não passar ainda de uma miragem.Caso se verifique a escolha de Beja, as operaçõesde deslocação das oficinas de manutençãoe <strong>do</strong>s serviços de engenharia da TAP decorrerãoaté 2009.A chegada a Beja deste projecto poderá terimplicações profundas e “vai gerar uma maisvalia enorme no contexto da região”. Por outrola<strong>do</strong>, <strong>do</strong> ponto de vista técnico e tecnológico,o presidente da EDAB assinala que este projecto“daria oportunidade que a tecnologiade ponta se viesse a instalar na cidade e queo Instituto Politécnico e as organizações des-sa área, pudessem especializar-se para criarum centro de competências aeronáuticas naregião”.“Isto é muito importante, porque não setrata de uma empresa que vem para a regiãoexplorar mão-de-obra barata. Não é esse ocaso. É um projecto que garante a instalaçãosustentada de uma unidade de alto valortecnológico. O que significa também quea tecnologia tem de se desenvolver de mo<strong>do</strong>a fazer formação contínua de pessoas. Estaserá uma fonte de emprego importante, nãosó mais bem remunera<strong>do</strong> que os empregos debaixa qualificação, mas também porque ficaráa oportunidade de criar um centro de competências”,explica José Queiroz.Sem se deter, o primeiro responsável daEDAB lembra que um <strong>aeroporto</strong> que tenhauma unidade de manutenção “com este nívele esta categoria técnica, também poderá incentivaralguns transporta<strong>do</strong>res”.Porquê? “Porque terão uma grande garantiaque, no caso de uma avaria técnica, não terãode deslocar para cá mecânicos. Inclusivamentepoderão começar a planear as acçõesde manutenção das suas aeronaves em Beja.Isto é um incentivo para os transporta<strong>do</strong>res”,explica, destacan<strong>do</strong> que se trata de um projectoâncora para o <strong>aeroporto</strong>.Obras avançam em bom ritmoJosé Sócrates fez em Janeiro deste ano o lançamento da primeira pedra dasobras da primeira fase de construção <strong>do</strong> <strong>aeroporto</strong> de Beja. Este perío<strong>do</strong> incluia plataforma, os caminhos de circulação e as infra-estruturas <strong>do</strong> la<strong>do</strong> terra, comterraplanagens gerais, arruamentos e parques de estacionamento. Ao mesmotempo, estão a avançar os caminhos de circulação entre pistas. Na passada terçafeira,25, foram abertas as propostas para construção <strong>do</strong>s edifícios <strong>do</strong> terminalde passageiros e <strong>do</strong>s serviços. Em breve a EDAB lança mais três concursos paraconstrução da ETAR, <strong>do</strong> abastecimento de combustível e <strong>do</strong>s ajardinamentos.O segre<strong>do</strong> da simplicidadeO <strong>aeroporto</strong> de Beja apresenta um trunfo muito forte que deverá assegurar a suasustentabilidade, porque permitirá atrair sem dificuldades várias carreiras de baixocusto– os chama<strong>do</strong>s <strong>voo</strong>s low-cost. O segre<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>aeroporto</strong> alentejano é “ser muitosimples e sem grandes complicações de bagagem ou de deslocação <strong>do</strong>s passageirosdentro <strong>do</strong>s terminais”, explica o presidente da EDAB.José Queiroz salienta que se trata de um trunfo “muito competitivo” em relação, porexemplo, ao <strong>aeroporto</strong> de Lisboa. Aqui, o tempo de espera pelas bagagens “é semelhanteao que demora a viagem”.“É bastante preferível para o passageiro e para o opera<strong>do</strong>r chegar a um <strong>aeroporto</strong>onde 15 minutos depois [o passageiro] está a caminho <strong>do</strong> seu destino sem mais nenhumcomplicação. Este é um ponto forte de Beja”, reforça aquele responsável, paraquem a “simplicidade e os custos são pontos fortes” <strong>do</strong> futuro terminal baixo-alentejano.