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corpo, gênero e sexualidade educando para a diversidade

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CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADEEDUCANDO PARA A DIVERSIDADESilvana Vilodre Goellner


O <strong>corpo</strong> é algo produzido na e pela cultura. Mais do que umdado natural cuja materialidade nos presentifica no mundo, o<strong>corpo</strong> é uma construção sobre a qual são conferidas diferentesmarcas em diferentes tempos, espaços, conjunturaseconômicas, grupos sociais, étnicos, etc.Não é portanto algo dado à priorinem mesmo é universal


“A existência é <strong>corpo</strong>ral”“Nunca se viu um <strong>corpo</strong>. O que se vê são homens,mulheres” (....)“O <strong>corpo</strong> não existe em estado natural, sempreserá compreendido na trama social de sentidos”“O <strong>corpo</strong> é uma falsa evidência, não é um dadoinequívoco, mas efeito de uma elaboração sociale cultural”“O <strong>corpo</strong> é também uma construção simbólica”(Le Breton)


O <strong>corpo</strong> humano não é um dado puramentebiológico sobre o qual a cultura impingeespecificidades. O <strong>corpo</strong> é fruto da interaçãonatureza/cultura .


Uma pessoa sente fome/sede por determinados alimentos e não por outros; A sensação de dor é biológica mas o limite suportável da dor varia entreculturas; O choro/riso é uma capacidade biológica mas o motivo que o determinampodem ser os mesmos que fazem rir/chorar numa outra sociedade; A excitação sexual é biológica mas o que excita numa cultura pode causarrepulsa noutra; A capacidade de sentir cheiros é biológica mas a avaliação entre o que éagradável ou desagradável é cultural.


“Mais do que um conjunto de músculos, ossos, vísceras, reflexos esensações, o <strong>corpo</strong> é também a roupa e os acessórios que o adornam, asintervenções que nele se operam, a imagem que dele se produz, asmáquinas que nele se acoplam, os sentidos que nele se in<strong>corpo</strong>ram, ossilêncios que por ele falam, os vestígios que nele se exibem, a educação deseus gestos... enfim, é um sem limite de possibilidades semprereinventadas, sempre à descoberta e a serem descobertas. Não são,portanto, as semelhanças biológicas que o definem mas,fundamentalmente, os significados culturais e sociais que a ele seatribuem” (GOELLNER, 2008, p.28)..


GÊNERO• Construção cultural do sexo. Condição social pelaqual somos identificados como masculinos e femininas• Engloba diferentes processos de produção de• Engloba diferentes processos de produção demasculinidades e feminilidades como, por exemplo,processos históricos, sociais, culturais, entre outros.


KenBarbieFitness


SEXO• Termo usado <strong>para</strong> referir as diferenças anatômicas,internas e externas ao <strong>corpo</strong>, que tem sido usadas comoforma de diferenciar fisicamente mulheres de homens.• Diferenças de sexo são aquelas diferenças biológicasque se apresentam desde o nascimento


GÊNERO• Jogo das dicotomias (razão x emoção; natureza xcultura)• Masculinidades e feminilidades no plural• Estereótipos e papéis sexuais fixam identidades• Gênero é cultural e histórico• Práticas sociais generificam os <strong>corpo</strong>s,inclusive o esporte•Aprende-se a ser homem ou mulher na cultura


• Politizar o determinismo biológico;• Questionar porque as diferenças biológicas sãotomadas <strong>para</strong> justificar determinadas ações,comportamentos, inclusões e exclusões, inclusive nocampo das práticas <strong>corpo</strong>rais e esportivas;•Desnaturalizar o que parece ser “natural”;


Será, mesmo que todas as mulheres flutuam mais facilmente que todos os homens? Não teriammulheres que flutuam mais facilmente que outras mulheres? E entre homens, será que também nãoexiste?Aqui estamos problematizando a diferença biológica que se faz entre homens e mulheres.


SEXUALIDADE• A <strong>sexualidade</strong> é entendida como uma construção histórica esocial e não como algo que é inerente ao ser humano. Envolveuma série de crenças, comportamentos, relações e práticas quepermitem a homens e mulheres viverem, de determinadosmodos, seus desejos e seus prazeres <strong>corpo</strong>rais.• Cada cultura elege que é considerado “normal” ou não quandorelacionado às praticas sexuais. Exemplo: Pedofilia, porexemplo, hoje é considerado indesejado mas há algum tempoatrás, uma menina de 13 anos casar com um homem de 40 ou50 era considerado normal.


SEXUALIDADEIdentidade sexual•Trata-se de uma construção através das quais os sujeitos experienciam os afetos,desejos e prazeres <strong>corpo</strong>rais, com parceiros/as do mesmo sexo, do sexo oposto, deambos os sexos ou solitárias. A identidade sexual também não é fixa nem imutável:uma mesma pessoa, ao longo de sua vida, pode apresentar mais de uma identidadesexual, ou seja, ser heterossexual, homossexual ou bissexual.Identidade de gênero•Trata-se de uma construção histórica, cultural e social, que se faz acerca dos sujeitos eque está relacionada com as distinções que se baseiam no sexo. Refere-se a como ossujeitos se identificam como masculinos e femininos. Essa identificação de gêneropode ou não corresponder ao sexo atribuído no nascimento. Por exemplo, uma pessoapode nascer homem e apresentar uma identidade de gênero feminina.


SEXUALIDADE• Matriz biologizada atrelada à funções hormonais.Sexualidade é mais do que isso•Algo visto como inerente ao ser humano; força interior/impulso “selvagem”. Sexualidade é cultural. É na culturaque se aprende a se relacionar sexualmente eafetivamente.


Gênero e <strong>sexualidade</strong> são duas dimensões queestão muito próximas. São, também atravessadaspor outros marcadores sociais como raça/etnia,religião, classe social, capacidade física e geração


QUEM SÃO OS SUJEITOS COM OS QUAISATUAMOS E QUE ESPAÇOS SOCIAIS OCUPAM?Jovens, meninos, meninas, negros, brancos, trabalhadores,drogados, doentes, homossexuais, magros, gordos,marginalizados? Quais os motivos que os envolvem nosprojetos desenvolvidos?São sujeitos diversos que trazem consigo marcas culturais,conhecimentos, histórias de vida permeadas por diferentesformas de violência, sofrimentos, vitórias, superações,vontades, desejos, sonhos..


Como trabalhar como temáticas como <strong>corpo</strong>, gêneroe <strong>sexualidade</strong> de forma a evitar preconceitos, classificações,exclusões e violência(física e simbólica)?Como intervir em prol do respeito à <strong>diversidade</strong>?


Problematizar o caráter natural atribuído ao <strong>corpo</strong>,aogênero e a <strong>sexualidade</strong> é fundamental <strong>para</strong> nos posicionarmosde forma crítica em relação a muitos dos discursos que,pautados na anatomia dos <strong>corpo</strong>s, excluem muitos emdetrimentos de poucos, ou educam alguns <strong>corpo</strong>s,nomeando-os como perfeitos, desejáveis, vitoriosos emoposição a outros considerados desviantes, deslocados,abjetos e não desejáveis.


O que é necessário problematizar?• A idéia de que a anatomia dos <strong>corpo</strong>s justifica o acesso e apermanência de meninos e meninas em diferentes modalidadesesportivas.• A importância atribuída à aparência <strong>corpo</strong>ral como determinante nojulgamento que se faz sobre as pessoas (gordos, deficientes, sujos,etc..)• A ênfase na beleza como uma obrigação <strong>para</strong> as meninas e mulheresem função da qual devem aderir a uma série de práticas (poucaalimentação, cirurgias estéticas) inclusive, as esportivas. –deslocar o foco do embelezamento• O constante incentivo <strong>para</strong> que os meninos explicitem,cotidianamente, sinais de masculinidade (brincadeiras agressivas,práticas esportivas masculinizadoras, piadas homofóbicas, narrarsuas aventuras sexuais com as meninas, etc).


• A representação de que existe um estereótipo masculino e um feminino• A percepção de que a maneira correta de viver a <strong>sexualidade</strong> é a heterossexual. Outrosmodos são desvios, doenças, aberrações e precisam ser corrigidas.• A identificação de que alguns esportes devem ou não devem ser indicados <strong>para</strong> meninose/ou meninas, pois não correspondem ao seu gênero.• A existência de preconceitos e violências que determinados sujeitos sofrem apenas porpertencerem à determinada classe social, religião, orientação sexual, identidade degênero, habilidade física, etnia, entre outros.• O uso de linguagem discriminatória e sexista e racista (programa de índio, ele jogacomo uma dama, parece um Ronaldinho de saias, a situação tá preta, o buraco negro, otermo homem utilizado no genérico, etc,)


É necessário considerar que:• As meninas têm menos oportunidades <strong>para</strong> o lazer que os meninosporque, não raras vezes, desempenham atividades domésticasrelacionadas ao cuidado com a casa, a educação dos irmãos, entreoutras;• Como o esporte é identificado como uma prática viril, quando asmeninas apresentam um perfil de habilidade e comportamento maisagressivo <strong>para</strong> o jogo, muitas vezes, sua feminilidade é colocada emsuspeição. Da mesma forma, o menino que não se adapta ao esporte,(sobretudo às práticas coletivas) ou prefere a dança também se colocaem dúvida a sua masculinidade.• Existem níveis diferentes de habilidade física entre meninos e meninas– mas estas também existem entre os meninos e entre as meninas;


• As meninas são menos incentivadas que os meninos por parte da suafamília e amigos/as a participarem de atividades esportivas ;• Jovens homossexuais (masculinos e femininos), não raras vezes, sentemsedeslocados nas atividades esportivas, pois não são respeitados quanto asua orientação sexual.• O esporte no singular – trabalhar as práticas <strong>corpo</strong>rais e esportivas na suapluralidade


• O <strong>corpo</strong> não é apenas um dado biológico e sim um produto do interrelacionamentoentre natureza e cultura;• O <strong>corpo</strong> não é algo que se tem mas algo que se é, afinal, toda aexistência é <strong>corpo</strong>ral;• Os atributos de gênero (masculinidade e feminilidade) sãoconstruções culturais e variam entre culturas e entre os tempos;• Não existe um jeito único de ser masculino e/ou feminino;• Não existe uma única maneira de vivenciar a <strong>sexualidade</strong>;• Discriminação de gênero ou por orientação sexual devem ser evitadasnas atividades do PST;• O respeito pela <strong>diversidade</strong> dos <strong>corpo</strong>s, dos gêneros e das e<strong>sexualidade</strong>s deve integrar todas as ações do PST.


O que propor?Atividades de sensibilização <strong>para</strong> as temáticas:1) Dinâmicas individuais e em grupos que envolvama criação de desenhos, colagens, esculturas,narrativas, etc., através das quais sejapossível discutir questões relacionadas aogênero e à <strong>sexualidade</strong>.


2) Trabalhar com as histórias de vida(narrativas pessoais, coletivas, reais ou inventadas)João, 18 anos, é homossexual, adotou o nome de uma artista famosa, apanha do irmão, suamãe não o defende. As meninas pequenas ficam longe dele na escola porque as mães assimo determinam. Faz capoeira porque quer aprender a lutar. Na aula de capoeira, fica no fundo,a professora acompanha todos os alunos, menos João”Letícia brinca de pipas com seus irmãos e vizinhos. Adora a brincadeira, confecciona suaspróprias pipas, coloridas, bonitas. Na escola vai acontecer um festival de pipas. A mãe levaLetícia com a pipa que confeccionou <strong>para</strong> o festival. Ao chegar na escola a mãe pergunta: Sóvai ter homens? E não houve jeito de convencê-la a deixar Letícia participar do festival.


3) Ampla utilização de artefatos culturais diversos(revistas, publicidade, filmes, músicas, programastelevisivos, etc)FilmesGracie (EUA, 2007)Ela é o cara (EUA, 2007)Lirios D´Agua (França, 2007)Jump In! (EUA, 2007)Treinando com papai (EUA,2007)Murderball (EUA, 2005)Ginga (Brasil, 2006)Os Reis de Dogtown (EUA, 2005)A luta pela esperança (EUA, 2005)Menina de Ouro (EUA, 2004)Billy Elliot (Inglaterra, 2000)Damas de Ferro (Tailândia, 2000)Mulan (EUA, 1998)Cartão Vermelho (Brasil, 1994)Uma equipe muito especial (EUA,1992)Fora de Jogo (Irã,2006)Driblando o destino (EUA,2003


Atividades de intervenção• Criar um bom ambiente entre os participantes da atividade proposta –permitir que cada pessoa possa se expressar livremente e que seja escutado/ae respeitado/a pelas suas opiniões, habilidades, vivências, etc;• Incentivar a prática de atividades esportivas <strong>para</strong> todos/as, independente, dogênero, promovendo atividades nas quais meninos e meninas, homens emulheres participem conjuntamente;• Oferecer atividades em turnos diferenciados visando se adequar àscondições de trabalho dos participantes;


•Incentivar as meninas e meninos a participarem deatividade culturalmente identificadas tanto comomasculinas e femininas•Ficar atento <strong>para</strong> situações onde aconteçamdiscriminações e buscar interferir de forma a minimizá-las e evitá-las•Desenvolver estratégias, incentivos, elogios <strong>para</strong> quecada sujeito sinta-se integrante do projeto•Não se eximir do papel de educador/a, pois nossaintervenção faz diferença!


TEMA: somos nossos <strong>corpo</strong>sAnalisar as interações entre <strong>corpo</strong> e culturana construção de identidades• Montar um <strong>corpo</strong> adolescente ressaltando (nome, idade,filiação, ídolos, roupas, adornos, lazer, esporte, o quegosta de fazer, trabalho, dúvidas quanto ao gênero e<strong>sexualidade</strong>, música, etc);• Cada grupo monta um personagem a apresenta.• Construir uma narrativa envolvendo duas personagens que seencontram num local que cada grupo vai conhecer apenas nessemomento (rua, fila de emprego, festa, igreja, escola,shopping center, mercadinho, etc).


Possibilidade de discussão:Marcadores sociais relacionado à adolescência (formas devestir, andar, namorar, relacionar-se com os outros);• Adolescência como construção discursiva e não etapabiológica• Marcas de feminilidade e masculinidade• Identificar os adornos (MP3, tatuagens, piercings, roupascom inscrições, mochilas com desenhos, maquiagem) compertencimento a determinados grupos (tribos)• Corpos/sujeitos desejáveis e não desejáveis

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