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47Segun<strong>do</strong> Hampaté Bâ (1982) a crença <strong>do</strong>s habitantes da savana ao sul <strong>do</strong> Saara,acerca da criação <strong>do</strong> universo e <strong>do</strong> homem, sempre está precedida pela “origem divina dapalavra”. O Ser Supremo Maa Ngala representa a própria força da sua palavra e ao sentir afalta de um interlocutor criou o primeiro homem (Maa). Sen<strong>do</strong> assim, Maa recebeu comopresente divino o <strong>do</strong>m da “mente” e da “palavra”. Ao ser detentor dessa faculdade seencarregou de transmitir suas experiências à toda a humanidade através de narrativasoralizadas.Embora o Ser Supremo comunicasse verbalmente com o homem ao entrar no planoterrestre suas palavras perdiam a força divina, preservan<strong>do</strong> ape<strong>nas</strong> sua sacralidade:Assinalemos, entretanto, que, nesse nível, os termos „falar‟ e „escutar‟referem-se às realidades muito mais amplas <strong>do</strong> que as que normalmente lhesatribuímos. [...] Do mesmo mo<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a fala a exteriorização das vibraçõesdas forças, toda manifestação de uma só força, seja qual for a forma queassuma, deve ser considerada como sua fala. É por isso que no universo tu<strong>do</strong>fala: tu<strong>do</strong> é fala que ganhou corpo e forma (HAMPATÉ BÂ, 1982, p. 185).A fala assume uma condição de energia em movimento e por isso não está associadaape<strong>nas</strong> ao critério da comunicação, mas, sobretu<strong>do</strong>, ao seu poder de dar origem às novasformas de criação. Assim como a árvore cósmica, citada por Eliade (1996), foi concebida pelavida e durante sua existência se alimentou das trocas energéticas com a natureza, de forçabiológica, sua desenvoltura se constitui num ato de fala e ao mesmo tempo numa mensageiradivina entre terra e céu.A partir <strong>do</strong> momento em que seus galhos são corta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tronco, para tornar-se umtambor xamã, sua materialidade passa a ser ape<strong>nas</strong> resignificada na força da fala. Ao som <strong>do</strong>tambor parece ganhar vida própria, narran<strong>do</strong> sua história, seus ciclos vitais até chegar a talestágio. Entretanto, também preserva em sua essência a condição espiritual ao servir deinstrumento sagra<strong>do</strong>, imprescindível à produção de senti<strong>do</strong> ao homo religiosus.Destarte, a natureza da voz e da palavra antecede o homem muito antes de esse vir aomun<strong>do</strong>, mediante seu <strong>nas</strong>cimento. Tanto que, desde o ventre materno o liqui<strong>do</strong> amnióticopossibilita a propagação de frequências propícias à sensibilidade, bem como da percepçãoauditiva, de vozes e sons que são emiti<strong>do</strong>s ou capta<strong>do</strong>s pela gestante e repassa<strong>do</strong>s para o feto.Relatos de pesquisas publicadas em Veja 18 (2009, p. 3) revelam que mesmo antes de <strong>nas</strong>cer acriança já consegue identificar a voz materna e até reage aos estímulos sonoros,principalmente, quan<strong>do</strong> a gestante acaricia ou coloca um fone na barriga:18 VEJA. Como a voz da mamãe. Disponível em: . Acesso em 10 set. 2010.

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