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Critérios de projeto de barragens de concreto à gravidade - DCC

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁJOSÉ LUCAS SOBRAL MARQUESRODOLFO ROSENDO DE CARVALHOCRITÉRIOS DE PROJETO DE BARRAGENS DE CONCRETO À GRAVIDADE:UMA VISÃO DE SUSTENTABILIDADECURITIBA2013


JOSÉ LUCAS SOBRAL MARQUESRODOLFO ROSENDO DE CARVALHOCRITÉRIOS DE PROJETO DE BARRAGENS DE CONCRETO À GRAVIDADE:UMA VISÃO DE SUSTENTABILIDADETrabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso apresentado à disciplina Trabalho Final <strong>de</strong> Cursocomo requisito parcial para à conclusão do curso <strong>de</strong> Engenharia Civil, Setor <strong>de</strong>tecnologia, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.Orientador: Prof. Dr. José Marques FilhoCURITIBA2013


TERMO DE APROVAÇÃOJOSÉ LUCAS SOBRAL MARQUESRODOLFO ROSENDO DE CARVALHOCRITÉRIOS DE PROJETO DE BARRAGENS DE CONCRETO Â GRAVIDADE:UMA VISÃO DE SUSTENTABILIDADETrabalho <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso aprovado como requisito parcial para aconclusão do curso <strong>de</strong> Engenharia Civil na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná, pelaseguinte banca examinadora:____________________________________Prof. Dr. José Marques FilhoOrientador – Departamento <strong>de</strong> Construção Civil, UFPR_______________________________Prof. MSc. José <strong>de</strong> Almendra Freitas JúniorDepartamento <strong>de</strong> Construção Civil, UFPR.___________________________________Prof. Phd. Marcos Antônio MarinoDepartamento <strong>de</strong> Construção Civil, UFPR.Curitiba, 18 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2013.


AGRADECIMENTOSPrimeiramente, a Deus pela dádiva da vida.Aos nossos pais, pelo apoio e amor incondicional.Aos nossos irmãos pela amiza<strong>de</strong> e companheirismo.Ao nosso professor orientador José Marques Filho pelo tempo <strong>de</strong>dicado,paciência e pela amiza<strong>de</strong>.À turma <strong>de</strong> Engenharia Civil <strong>de</strong> 2008 da UFPR pela contribuição na nossaformação como profissionais e, acima <strong>de</strong> tudo, como indivíduos.A Camila e Heloísa pela paciência e carinho <strong>de</strong>dicados.Aos mestres por acreditarem no nosso potencial em meio a tantos <strong>de</strong>safios.Às empresas Intertechne S. A. e VLB Engenharia e Consultoria Ltda. peladisponibilização <strong>de</strong> material para consulta no <strong>de</strong>senvolvimento do presente trabalho.


RESUMONo ano <strong>de</strong> 2012, a humanida<strong>de</strong> passou a ser composta por mais <strong>de</strong> sete bilhões <strong>de</strong>indivíduos, cujas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> moradia, saú<strong>de</strong>, água e energia <strong>de</strong>vem sersatisfeitas, para que todos <strong>de</strong>sfrutem <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida digna. Estecrescimento levou ao mundo uma política socioambiental mais ativa, gerandoesforços na direção da sustentabilida<strong>de</strong>. A construção civil possui papel relevantenas mudanças, não só nos números econômicos e geração <strong>de</strong> empregos, mas nautilização intensa <strong>de</strong> recursos naturais e na geração <strong>de</strong> resíduos e poluição,principalmente na emissão <strong>de</strong> Gases do Efeito Estufa - GEE. Em termos mundiais aprodução <strong>de</strong> energia também é gran<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong> GEE, gerando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>investimentos em fontes <strong>de</strong> energia renováveis. Além <strong>de</strong> seu papel na contribuiçãopara a segurança do fornecimento <strong>de</strong> energia e reduzir a <strong>de</strong>pendência do país <strong>de</strong>combustíveis fósseis, a energia hídrica oferece oportunida<strong>de</strong>s para o alívio dapobreza e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável. O Brasil têm um dos maiores potênciaispara exploração da energia hidráulica, mas passa hoje por um processo <strong>de</strong><strong>de</strong>sconfiança socioambeintal nesse tipo <strong>de</strong> solução. A geração do sistema elétricobrasileiro é fortemente pautada em fontes renováveis, pois é muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dahidroeletricida<strong>de</strong>, o sistema elétrico é fortemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da disponibilida<strong>de</strong>hídrica. As <strong>barragens</strong> são estruturas que apresentam um risco potencial elevado,motivo pelo qual os regulamentos <strong>de</strong> segurança prescrevem ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>acompanhamento e observação, por instrumentação, inspeção visual ou ensaiosespecíficos. A escolha do tipo <strong>de</strong> barragem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, principalmente, da existência<strong>de</strong> material qualificado para sua construção, dos aspectos geológicos e geotécnicos,e da conformação topográfica do local da obra. O presente trabalho apresenta oscritérios <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> global para <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> àgravida<strong>de</strong>s da ELETROBRÁS e dos órgãos internacionais U. S. Army Corps ofEnginners e U. S. Bureau of Reclamation, criando um manual para verificação doscritérios <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> e apresenta os fenômenos físicos relacionados. Após aapresentação dos conceitos, apresenta-se uma análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> global para seções típicas <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> compactado comrolo, variando a altura, a inclinação do paramento <strong>de</strong> jusante, os parâmetros dainterface <strong>concreto</strong> fundação e a inclinação do leito do rio. Mostra-se claramente aimportância fundamental da avaliação a<strong>de</strong>quado dos parâmetros <strong>de</strong> fundação, e ainfluência significativa da altura em relação à geometria da barragem e dainclinação da fundação.Palavras Chave: <strong>barragens</strong>, <strong>concreto</strong>, estabilida<strong>de</strong>, barragem <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> àgravida<strong>de</strong>


ABSTRACTIn 2012, the Earth’s population has more than 7 billion inhabitants. Their energy,water, health and housing needs must be furnished by Civil Engineering, in or<strong>de</strong>r toprovi<strong>de</strong> dignity and <strong>de</strong>cent standard of living for them. The accelerated growth in thelast centuries generated the necessity of a new social and environmental approach.Building have been recognized as one of the most intensive user of natural resourcesand this activity produces a significant amount of waste and Green House Gas(GHG) emition. Power and energy industries are relevant producers of GHG emitionstoo, and renewable energy <strong>de</strong>velopment is a worldwi<strong>de</strong> necessity. In particular,hydropower energy is a great option to minimize GHG emitions, and Brazil has a bighydropower potential and the nation has an integrated transmition grid that permits tooptimize the energy availability. Most of the eletricity power used in Brazil is obtainedfrom Hydropower plants and the country has a enormous potential to be used toenergy supply. In spite of the benefits of hydropower plants, their <strong>de</strong>velopment has asignificant society distrust and rejection. This paper aims to furnish arguments todiscuss about dams, their effects and safety. In or<strong>de</strong>r to enlight the several physicalconcepts analized, this document presents the main wordwi<strong>de</strong> Stability AnalysisCriteria, and performed a sensitivity analysis on Rolled Compacted Concrete GravityDams typical cross section. The studied parameters are dam heigth, rock-concreteinterface strength parameters, downstream slope and foundation slope. The resultsshow the relevance of geological parameters investigations and the relationship damshape X heigth.Keywords: dams, concrete, stability analysis, concrete gravity dam


LISTA DE FIGURASFIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA OFERTA GLOBAL DEENERGIA PRIMÁRIA A PARTIR DE FONTE RENOVÁVEL1971-2008 .......................................................................................... 21FIGURA 2 – POTENCIAL DE MITIGAÇÃO ............................................................ 29FIGURA 3 – SUPRIMENTO MUNDIAL DE ENERGIA ........................................... 31FIGURA 4 – HIDRELÉTRICAS POR REGIÕES NO MUNDO: POTÊNCIAINSTALADA E GERAÇÃO ................................................................. 32FIGURA 5 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETA ............................................ 34FIGURA 6 – ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE APROVEITAMENTOSHIDROELÉTRICOS ........................................................................... 36FIGURA 7 – POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO ....................................... 38FIGURA 8 – FLUXOGRAMA DA ETAPA DE PLANEJAMENTO DOSESTUDOS .......................................................................................... 42FIGURA 9 – FLUXOGRAMA DA ETAPA DE ESTUDOS PRELIMINARES .............. 43FIGURA 10 – FLUXOGRAMA DA ETAPA DE ESTUDOS FINAIS ........................... 44FIGURA 11 – FLUXOGRAMA DA AAI DA ALTERNATIVA SELECIONADA ............ 45FIGURA 12 – HITÓRICO DA MATRIZ ELÉTRICA .................................................... 55FIGURA 13 – PERSPECTIVA PARA MAIOR DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZENERGÉTICA E AUMENTO DA PARTICIÁÇÃO DA CANA-DE-AÇUCAR E DO GÁS NATURAL ........................................................ 57FIGURA 14 – CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM EM ATERRO .......... 59FIGURA 15 – CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM DE GRAVIDADE .... 59FIGURA 16 – CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM EM ARCO .............. 60FIGURA 17 – SEÇÃO TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM DE CONCRETOA GRAVIDADE ................................................................................... 66FIGURA 18 – VISTA DE JUSANTE DE UMA BARRAGEM DE CONCRETO AGRAVIDADE ...................................................................................... 67FIGURA 19 – USINA DE ITAIPU .............................................................................. 70FIGURA 20 – MODELO DE DIMENSIONAMENTO EM FUNÇÃO DATEMPERATURA E ANÁLISE GRÁFICA DAS VARIAÇÕESVOLUMÉTRICAS ............................................................................... 72


FIGURA 21 – UHE SALTO CAXIAS ......................................................................... 74FIGURA 22 – BARRAGEM da UHE MAUÁ NA FASE FINAL CONSTRUÇÃO ........ 75FIGURA 23 – PRAÇA TIPA DA BARRAGEM DE SALTO CAXIAS .......................... 76FIGURA 24 – SEÇÃO TÍPICA DE BARRAGEM DE CONCRETO AGRAVIDADE ...................................................................................... 80FIGURA 25 – DIAGRAMAS DE TENSÕES EM BARRAGENS DE CONCRETOÀ GRAVIDADE ................................................................................... 83FIGURA 26 – ESQUEMA COM OS PRINCIPAIS CARREGAMENTOS ................... 85FIGURA 27 – SUBPRESSÃO SEM LINHA DE DRENOS OU DRENOSINOPERANTES E PRESSÕES HIDROSTÁTICAS ........................... 87FIGURA 28 – SUBPRESSÃO COM ABERTURA DE FISSURA DEVIDO AOSURGIMENTO DE TENSÕES DE TRAÇÃO E PRESSÕESHIDROSTÁTICAS .............................................................................. 88FIGURA 29 – SUBPRESSÃO COM UMA LINHA DE DRENOS OPERANTE .......... 89FIGURA 30 – SUBPRESSÃO COM DUAS LINHAS DE DRENOS OPERANTES .... 90FIGURA 31 – SUBPRESSÃO SEM LINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERS ....................................................... 91FIGURA 32 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM COM X > 0,05 H1– CRITÉRIO U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS ......................... 92FIGURA 33 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM COM X ≤ 0,05 H1– CRITÉRIO U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS ......................... 93FIGURA 34 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM E ABERTURA DEFISSURA ENTRE FACE MONTANTE E LINHA DE DRENAGEM– CRITÉRIO U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS ......................... 95FIGURA 35 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM E ABERTURA DEFISSURA ALÉM DA LINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERS ....................................................... 96FIGURA 36 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S.BUREAU OF RECLAMATION ........................................................... 97FIGURA 37 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM E ABERTURA DEFISSURA – CRITÉRIO U. S. BUREAU OF RECLAMATION ............. 98FIGURA 38 – FORÇA DE EMPUXO DEVIDO A SEDIMENTOS NO PÉ DEMONTANTE DA BARRAGEM ............................................................ 99FIGURA 39 – FORÇAS SÍSMICAS NA BARRAGEM ............................................. 100


FIGURA 40 – PRESSÕES HIDRODINÂMICAS DEVIDO A AÇÕES SÍSMICAS .... 100FIGURA 41 – CASO DE CARREGAMENTO Nº 4 – CONDIÇÃO LIMITE - U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERS ..................................................... 103FIGURA 42 – CASO DE CARREGAMENTO Nº 5 – CONDIÇÃOEXCEPCIONAL - U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS ............... 103FIGURA 43 – CASO DE CARREGAMENTO Nº 6 – CONDIÇÃO LIMITE - U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995).......................................... 104FIGURA 44 – DESLIZAMENTO NA ESTRUTURA ................................................. 109FIGURA 45 – DESLIZAMENTO NO CONTATO ESTRUTURA-FUNDAÇÃO ......... 110FIGURA 46 – DESLIZAMENTO NA FUNDAÇÃO ................................................... 110FIGURA 47 – ENVOLTÓRIA LINEARIZADA DOS CÍRCULOS DE MOHR ............ 112FIGURA 48 – ENVOLTÓRIA DE RESISTÊNCIA .................................................... 113FIGURA 49 – 100% DA BASE COMPRIMIDA - RESULTANTE DENTRO DONÚCLEO CENTRAL DE INÉRCIA ................................................... 120FIGURA 50 – 100% DA BASE COMPRIMIDA - RESULTANTE NA POSIÇÃOMAIS AFASTADA DO NÚCLEO CENTRAL DE INÉRCIA ............... 120FIGURA 51 – BASE NÃO TOTALMENTE COMPRIMIDA - RESULTANTEFORA DO NÚCLEO CENTRAL DE INÉRCIA .................................. 120FIGURA 52 – SEÇÃO TÍPICA PARA O ESTUDO DE SENSIBILIDADE DEALGUNS PARÂMETROS ................................................................ 122FIGURA 53 – SEÇÃO TÍPICA PARA O ESTUDO DA VARIAÇÃO DO ÂNGULOENTRE A BARRAGEM E A FUNDAÇÃO ........................................ 123


LISTA DE TABELASQUADRO 1 – EMISSÕES DE CO2 POR PRODUTO ............................................... 28QUADRO 2 – APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS POR FAIXA DEPOTÊNCIA ....................................................................................... 38QUADRO 3 – ENERGIA HIDRÁULICA NO BRASIL ................................................. 40QUADRO 4 – PRAZO DE VALIDADE DAS LICENÇAS AMBIENTAIS ..................... 49QUADRO 5 – OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICA ................................... 54QUADRO 6 – CONFIGURAÇÃO DA OFERTA DE ELETRICIDADE PORFONTE ............................................................................................. 54QUADRO 7 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DEESTABILIDADE À FLUTUAÇÃO ................................................... 107QUADRO 8 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DEESTABILIDADE AO TOMBAMENTO - ELETROBRÁS ................. 109QUADRO 9 – LOCALIZAÇÃO DA FORÇA RESULTANTE NA BASE – U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERS ................................................... 109QUADRO 10 – FATORES DE REDUÇÃO PARA A ANÁLISE DEESTABILIDADE AO ESCORREGAMENTO - ELETROBRÁS ....... 115QUADRO 11 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DEESTABILIDADE AO ESCORREGAMENTO - U. S. ARMYCORPS OF ENGINEERS .............................................................. 116QUADRO 12 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DEESTABILIDADE AO ESCORREGAMENTO - U. S. BUREAUOF RECLAMATION ....................................................................... 117QUADRO 13 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DETENSÕES - U. S. BUREAU OF RECLAMATION .......................... 118QUADRO 14 – SIMULAÇÕES PARA VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADEGLOBAL ......................................................................................... 124QUADRO 15 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO - CCN ............. 126QUADRO 16 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO - CCE .............. 127QUADRO 17 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO - CCL .............. 127QUADRO 18 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X =0,65 ................................................................................................ 130


QUADRO 19 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X =0,65 ................................................................................................ 131QUADRO 20 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X =0,65 ................................................................................................ 132QUADRO 21 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X =0,70 ................................................................................................ 133QUADRO 22 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X =0,70 ................................................................................................ 135QUADRO 23 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X =0,70 ................................................................................................ 135QUADRO 24 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X =0,75 ................................................................................................ 136QUADRO 25 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X =0,75 ................................................................................................ 138QUADRO 26 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X =0,75 ................................................................................................ 138QUADRO 27 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X =0,80 ................................................................................................ 140QUADRO 28 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X =0,80 ................................................................................................ 141QUADRO 29 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X =0,80 ................................................................................................ 142QUADRO 30 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCN – X = 0,65 ................................................... 145QUADRO 31 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCE – X = 0,65 .................................................... 145QUADRO 32 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCL – X = 0,65 .................................................... 145QUADRO 33 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCN – X = 0,70 ................................................... 146QUADRO 34 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCE – X = 0,70 .................................................... 146QUADRO 35 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCL – X = 0,70 .................................................... 146


QUADRO 36 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCN – X = 0,75 ................................................... 146QUADRO 37 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCE – X = 0,75 .................................................... 147QUADRO 38 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCL – X = 0,75 .................................................... 147QUADRO 39 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCN – X = 0,80 ................................................... 147QUADRO 40 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCE – X = 0,80 .................................................... 147QUADRO 41 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA - CCL – X = 0,80 .................................................... 148QUADRO 42 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO – BASEINCLINADA .................................................................................... 148QUADRO 43 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO – BASEINCLINADA .................................................................................... 149QUADRO 44 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASECOMPRIMIDA – BASE INCLINADA .............................................. 149


LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLASABMSANEELACIANABcCARCBDBCBGBCCCCCECCEECCLCCNCCNCCRCEBDSSustentávelCIGBCMSECONAMACO 2EEPEAssociação brasileira <strong>de</strong> mecânica dos solos e engenhariageotécnicaAgência Nacional <strong>de</strong> Energia ElétricaAmerican Concrete InstituteAgência Nacional <strong>de</strong> ÁguasLarguraCoesãoConcreto <strong>de</strong> Alta ResistênciaComitê Brasileiro <strong>de</strong> BarragensComitê Brasileiro <strong>de</strong> Gran<strong>de</strong>s BarragensCondição <strong>de</strong> Carregamento <strong>de</strong> ConstruçãoCondição <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalCâmara <strong>de</strong> Comercialização <strong>de</strong> EnergiaCondição <strong>de</strong> Carregamento LimiteCondição <strong>de</strong> Carregamento NormalCondição <strong>de</strong> Carregamento NormalConcreto Compactado com RoloConselho Empresarial Brasileiro para o DesenvolvimentoCommission Internationale <strong>de</strong>s Grands BarragesComitê <strong>de</strong> Monitoramento do Setor ElétricoConselho Nacional do Meio AmbienteDióxido <strong>de</strong> CarbonoEmpuxoEmpresa <strong>de</strong> Pesquisa Energética


ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras S.A.f ckFSDFSD FSD cFSFFEPAMFIRJANFUNAIGEEgGWHmiIBGEResistência característica à compressão do <strong>concreto</strong>Fator <strong>de</strong> Segurança ao DeslizamentoFator <strong>de</strong> minoração da resistência <strong>de</strong>vida ao atritoFator <strong>de</strong> minoração da resistência <strong>de</strong>vida à coesãoFator <strong>de</strong> Segurança à FlutuaçãoFundação Estadual <strong>de</strong> Proteção Ambiental Henrique LuizRoesslerFe<strong>de</strong>ração das Indústrias do Estado do Rio <strong>de</strong> JaneiroFundação Nacional do ÍndioGases do Efeito EstufaGravida<strong>de</strong>GigawattAltura da coluna <strong>de</strong> água <strong>de</strong> montanteGradiente HidráulicoInstituto Brasileiro <strong>de</strong> Geografia e EstatísticaIBAMANaturais RenováveisInstituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos RecursosIBRACONICOLDIHAIPCCIPHANkkgkm.a.a.kNInstituto Brasileiro do ConcretoInternational Commission on Large DamsInternational Hydropower AssociationInternational Panel on Climate ChangeInstituto do Patrimônio Histórico e Artístico NacionalCoeficiente <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong>QuiloQuilômetro por anoQuilonewton


LILPLOmmmMMEMPMPUMWLicença PréviaLicença InstalaçãoLicença <strong>de</strong> OperaçãoMetroMilímetroMinistério <strong>de</strong> Minas e EnergiaMinistério PúblicoMinistério Público da UniãoMegawattm³ Metro cúbicom/sN.A.NBRONSONUPppmPCHPIBSINSISNAMATWhUFPRUHEUSBRReclamationMetro por segundoNível <strong>de</strong> águaNorma BrasileiraOperador Nacional do Sistema ElétricoOrganização das Nações UnidasPeso próprioPartículas por milhãoPequena Central HidrelétricaProduto Interno BrutoSistema Interligado NacionalSistema Nacional do Meio AmbienteTerawatt/horaUniversida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do ParanáUsina hidrelétricaUnited States Department of the Interior Bureau of


VWWFWCDVolumeWorld Wildlife FundWorld Commissions on Damsµm Micrômetroγμσσ eσ tτ∑M e∑M t∑U∑VPeso específico do <strong>concreto</strong>SubpressãoTensão Normal no ConcretoTensão normal efetivaTensão normal totalTensão TangencialÂngulo <strong>de</strong> atritoPeso específico da águaSomatório <strong>de</strong> todos os momentos estabilizantes em relaçãoao ponto consi<strong>de</strong>radoSomatório <strong>de</strong> todos os momentos <strong>de</strong> tombamentoSomatório <strong>de</strong> todos os esforços verticais gerados pelasubpressão em uma seção estudadaSomatório <strong>de</strong> todas as forças gravitacionais geradas pelopeso próprio e as cargas permanentes mínimas da estrutura


SUMÁRIO1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 181.1. IMPORTÂNCIA DO TRABALHO ...................................................................... 201.2. OBJETIVOS DO TRABALHO ........................................................................... 241.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ..................................................................... 242. SUSTENTABILIDE ........................................................................................... 263. EMPREENDIMENTOS HIDRÁULICOS ............................................................ 343.1. LICENÇAS AMBIENTAIS ................................................................................. 453.2. SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO .................................................................... 503.3. TIPOS DE BARRAGEM .................................................................................... 573.4. ANÁLISE DE RISCO E SEGURANÇA DE BARRAGENS ................................ 614. BARRAGENS DE CONCRETO À GRAVIDADE ............................................. 654.1. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇA .................................................................... 684.1.1. Tipos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> utilizados ......................................................................... 694.1.1.1. Concreto Massa ........................................................................................ 694.1.1.2. Concreto Compactado com rolo (CCR) .................................................... 734.1.2. Exploração do Subsolo ................................................................................ 774.1.3. Conceito <strong>de</strong> Subpressão .............................................................................. 795. ANÁLISE DE ESTABILIDADE GLOBAL DA ESTRUTURA ............................ 845.1. AÇÕES ATUANTES ......................................................................................... 855.1.1. Peso Próprio ................................................................................................ 855.1.2. Pressões Hidrostática .................................................................................. 865.1.3. Subpressão – Pressão Intersticiais no Concreto .......................................... 865.1.3.1. Eletrobrás (2003) ...................................................................................... 875.1.3.2. U. S. Army Corps of Engineers (1995)...................................................... 915.1.3.3. U. S. Bureau of Reclamation (1976) ......................................................... 965.1.4. Empuxo Devido a Presença <strong>de</strong> Material Assoreado .................................... 985.1.5. Ações Sísmicas ............................................................................................ 995.2. CONDIÇÕES DE CARREGAMENTO ............................................................. 1015.3. VERIFICAÇÕES DE ESTABILIDADE GLOBAL ............................................. 1055.3.1. Segurança à Flutuação .............................................................................. 1065.3.2. Segurança ao Tombamento ....................................................................... 107


5.3.3. Segurança ao Deslizamento ...................................................................... 1095.3.4. Avaliação das tensões ............................................................................... 1176. ANÁLISE DE SENSIBILIDADE ...................................................................... 1226.1. CARACTERÍSTICA DOS MATERIAIS ............................................................ 1256.2. CRITÉRIOS DE VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE GLOBAL ..................... 1256.3. RESULTADOS ................................................................................................ 1257. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 1528. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 156


181. INTRODUÇÃONo ano <strong>de</strong> 2012, a humanida<strong>de</strong> passou a ser composta por mais <strong>de</strong> setebilhões <strong>de</strong> indivíduos, cujas necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> moradia, saú<strong>de</strong>, água e energia <strong>de</strong>vemser satisfeitas, para que todos <strong>de</strong>sfrutem <strong>de</strong> uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida digna. Ocrescimento da humanida<strong>de</strong> continua expressivo. Segundo a ONU (2013) em 1950 apopulação mundial era <strong>de</strong> 2,6 bilhões <strong>de</strong> pessoas, segundo suas estimativas em 11<strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 1987 a população chegou a 5 bilhões e atingiu a marca <strong>de</strong> 6 bilhões em12 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1999, e em 2011 chegou a 7 bilhões. Há no planeta, 1,4 bilhões <strong>de</strong>pessoas sem acesso <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> fonte confiável (WWF, 2011). Analisando todosesses dados, cabe à Engenharia Civil a responsabilida<strong>de</strong> por toda infraestruturanecessária à manutenção da vida, sendo responsável diretamente pela integrida<strong>de</strong>do tecido social necessário aos conglomerados humanos.As necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> infraestrutura são supridas pela Engenharia Civilatravés <strong>de</strong> empreendimentos que utilizam intensivamente recursos naturais e mão<strong>de</strong>-obrapara sua execução, sendo muitos <strong>de</strong>stes insumos não renováveis. Estacaracterística indica a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização responsável, com otimização dasolução empregando tecnologias cada vez mais avançadas e soluções com a maiordurabilida<strong>de</strong> possível. Os produtos a base <strong>de</strong> cimento e metais são emissores <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gases do efeito estufa, a partir <strong>de</strong> agora <strong>de</strong>nominados GEE,pela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> energia para sua obtenção e pelas reações químicas que osgeram, em particular a calcinação do calcário (JOHN e ISAIA, 2010).Dentre as <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> suprimento <strong>de</strong> infraestrutura <strong>de</strong>stacam-se anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> água e energia. De acordo com Marques Filho(2012), a humanida<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> totalmente dos recursos hídricos para suasobrevivência, e <strong>de</strong>vido à sua sazonalida<strong>de</strong> intrínseca é necessário armazenamentopara otimização <strong>de</strong> seu uso, incluindo para consumo humano, agropecuária eindústria. A criação <strong>de</strong> reservatórios artificiais gerou a concepção <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong><strong>barragens</strong>, que produzem naturalmente <strong>de</strong>sníveis consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> água nosaproveitamentos hidráulicos, que po<strong>de</strong>m ser utilizados para a produção <strong>de</strong> energia.Respeitadas as questões socioambientais, a energia proveniente dosaproveitamentos hidráulicos representa uma alternativa para geração <strong>de</strong> energiarenovável e relativamente limpa.


19Nos últimos anos, o Brasil passa por mudança significativa do seu perfileconômico apresentando aumento <strong>de</strong> crescimento e <strong>de</strong> acesso <strong>de</strong> camadas dasocieda<strong>de</strong> mais <strong>de</strong>sfavorecidas aos bens <strong>de</strong> consumo, segundo o IBGE (2011) ataxa <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas economicamente ativas na população <strong>de</strong> 15 ou maisanos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> atingiu 63,7% no Brasil. Evi<strong>de</strong>nciando ainda mais essa mudança doperfil brasileiro, <strong>de</strong> 2000 a 2010, o rendimento médio mensal do trabalho principaldos trabalhadores por conta própria e a <strong>de</strong> todas as categorias dos empregadoscresceu e o ganho real no rendimento médio mensal do total dos empregados foi <strong>de</strong>15,8% (IBGE, 2011). Nas crises econômicas dos anos 80 e 90, o país passou pordificulda<strong>de</strong>s significativas que diminuíram os investimentos em infraestrutura <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> porte, sendo <strong>de</strong>smanteladas as equipes <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> e construção, bem comohouve um redirecionamento dos cursos <strong>de</strong> engenharia civil para edificaçõesconvencionais, diminuindo a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> profissionais especializados ebibliografia e normalização incipientes referentes ao assunto (MARQUES FILHO,2012).Apesar dos vastos recursos hídricos disponíveis no país, a socieda<strong>de</strong>organizada apresenta resistência crescente à implantação <strong>de</strong> empreendimentoshidráulicos, principalmente na área <strong>de</strong> energia, pressionando a matriz energéticapela necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração térmica, em geral mais cara, e pela gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong><strong>de</strong> obras a fio d’água. As obras chamadas a fio d’água geram energia com o fluxo dorio, com mínimo ou nenhum acúmulo do recurso hídrico diminuindo as áreas <strong>de</strong>alagamento e reduzindo o tamanho do reservatório, com isso não há reserva <strong>de</strong>energia para os períodos <strong>de</strong> seca (ANEEL, 2002). As dificulda<strong>de</strong>s atuais no<strong>de</strong>senvolvimento dos empreendimentos hidrelétricos são totalmente diferentes dasenfrentadas décadas atrás, on<strong>de</strong> os conhecidos riscos técnicos e econômicofinanceirossão colocados em igualda<strong>de</strong> com as questões socioambientais, incluindoo relacionamento com a comunida<strong>de</strong>, questões culturais e do patrimônio históricoarqueológico (IHA, 2011).Com a diminuição dos investimentos já citado, os cursos <strong>de</strong> engenharia civilfocaram seus currículos na área <strong>de</strong> edificações, diminuindo significativamente osconteúdos referentes aos aproveitamentos hidráulicos, assim como as publicaçõesdidáticas no assunto. Também, a comunida<strong>de</strong> técnica não criou normalizaçãoa<strong>de</strong>quada, sendo mais conhecidos alguns regulamentos internacionais.


20Pela importância do tema, este relatório procura estudar os critérios <strong>de</strong>dimensionamento <strong>de</strong> <strong>barragens</strong>, conectando-os aos principais conceitos físicosexistentes e mostrando sua interface com os conceitos mo<strong>de</strong>rnos <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento sustentável.1.1. IMPORTÂNCIA DO TRABALHOA Engenharia Civil mantém o tecido social coeso, procurando dar condições<strong>de</strong> conforto e saú<strong>de</strong> aos cidadãos. É impensável a interrupção no fornecimento <strong>de</strong>água ou energia pela necessida<strong>de</strong> inerente <strong>de</strong> melhoria das suas condições <strong>de</strong> vida.A <strong>de</strong>manda por energia e outros serviços vem aumentando continuamentepara suprir o <strong>de</strong>senvolvimento econômico e melhorar as condições <strong>de</strong> vida daspessoas. Toda a socieda<strong>de</strong> precisa energia para sanar necessida<strong>de</strong>s básicas e paraparticipar dos processos produtivos. Segundo o IPCC (2012), hoje 1,4 bilhões <strong>de</strong>pessoas não tem acesso a fontes <strong>de</strong> energia elétrica confiável e 2,7 bilhões ainda<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da energia tradicional, principalmente a base <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, resíduos daagricultura e <strong>de</strong>jetos <strong>de</strong> animais. Outro dado chocante é o fato <strong>de</strong> 2,5 milhões <strong>de</strong>mulheres e crianças morrerem por inalação <strong>de</strong> fumaça proveniente <strong>de</strong> fornosconvencionais e em contra partida estudos mostram que o aumento do consumo <strong>de</strong>energia a níveis <strong>de</strong> Singapura e EUA levaria ao esgotamento prematuro dasreservas <strong>de</strong> combustíveis fosseis disponíveis (WWF, 2011).Des<strong>de</strong> 1750, o uso <strong>de</strong> combustíveis fóssil vem aumentando e dominando ofornecimento <strong>de</strong> energia, aumentando cada vez mais as emissões <strong>de</strong> CO 2 naatmosfera que já atingiram 339ppm no final <strong>de</strong> 2010 (IPCC, 2012). Sendo assim, énecessário que se busquem alternativas para que seja possível suprir a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> energia garantindo acesso a toda a população, mudando essa matriz para tentarsanar essa <strong>de</strong>pendência dos combustíveis fósseis que continuam a <strong>de</strong>gradaracentuadamente o planeta.Muitos estudos e empreendimentos estão sendo realizados com aschamadas energias renováveis. Essas possuem gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mitigar asmudanças climáticas, po<strong>de</strong>ndo estimular uma mudança drástica em todo sistema <strong>de</strong>energia, possibilitando tanto sua mo<strong>de</strong>rnização quanto dos serviços relacionados.Seu <strong>de</strong>senvolvimento vem crescendo recentemente e para que essas mudanças


Fornecimento Global <strong>de</strong> Energia (EJ/a)21continuem são necessários gran<strong>de</strong>s investimentos em tecnologias e infraestruturas.As energias renováveis po<strong>de</strong>m reduzir o custo da energia assim como acelerar oacesso a esse bem por toda a humanida<strong>de</strong> (IPCC, 2012).Estima-se que as energias renováveis representam 12,9% do total <strong>de</strong> 492EJ da oferta <strong>de</strong> energia primária em 2008 (IEA,2010 apud IPCC,2012). Na (FIGURA1), será apresentado um gráfico on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> observar a participação reçativamentepequena das energias renováveis no fornecimento mundial, consi<strong>de</strong>rando sempreque a energia hidráulica é renovável.Biomassa parageração <strong>de</strong> calor eeletricida<strong>de</strong>Energia hidrelétricaBiocombustívelEnergia EólicaEnergia GeotérmicaEnergia SolarResíduossólidos urbanosFIGURA 1 – DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DA OFERTA GLOBAL DE ENERGIA PRIMÁRIA APARTIR DE FONTE RENOVÁVEL 1971-2008FONTE: IPCC (2012)Além do investimento necessário em tecnologias e infraestrutura paraaumentar a parcela <strong>de</strong> energias renováveis, é preciso trabalhar com asustentabilida<strong>de</strong> social, buscando um maior equilíbrio do consumo e distribuição <strong>de</strong>nossos recursos e riquezas.No Brasil, assim como no resto do mundo, esta <strong>de</strong>manda por energia écrescente <strong>de</strong>vido a mudança no perfil econômico do brasileiro cujo po<strong>de</strong>r aquisitivoaumentou, conforme já mencionado. Através <strong>de</strong> leilões para a contratação <strong>de</strong>energia pelas distribuidoras, com o critério <strong>de</strong> menor tarifa, o Governo tenta


22minimizar o custo <strong>de</strong> energia para os consumidores, com isso as empresasgeradoras <strong>de</strong>vem estar atentas aos seus custos e aos riscos envolvidos em cada<strong>projeto</strong> (BARREIRO JUNIOR, 2008).No Brasil água e energia têm uma forte inter<strong>de</strong>pendência, já que a energiahidráulica possui uma contribuição expressiva para o <strong>de</strong>senvolvimento do país. Aparticipação na matriz energética nacional é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 42% enquanto ela geracerca <strong>de</strong> 90% <strong>de</strong> toda eletricida<strong>de</strong> produzida no Brasil (ANEEL, 2002). A energiahidráulica além <strong>de</strong> ser renovável garante a existência <strong>de</strong> outras fontes <strong>de</strong> energiaalternativas, pois possui capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenagem (IHA, 2012), que forneceenergia quando as usinas com energia alternativas estão sem produção, quer sejapor falta <strong>de</strong> ventos, sazonalida<strong>de</strong> da biomassa, período com baixa incidência solar,<strong>de</strong>ntre outros.Quando novos empreendimentos hidrenergéticos não são realizados épreciso procurar outros empreendimentos que complementem o fornecimento parasuprir essa maior <strong>de</strong>manda, complemento esse que vem principalmente através daenergia térmica, no Brasil. Segundo Barreiro Junior (2008), os impactos ambientaiscausados pela operação <strong>de</strong> usinas térmicas <strong>de</strong>rivam da dispersão <strong>de</strong> poluentesatmosféricos. A poluição causada por elas é <strong>de</strong>finida como a <strong>de</strong>gradação daqualida<strong>de</strong> ambiental resultante <strong>de</strong> sua ativida<strong>de</strong>, sendo assim emissão <strong>de</strong> gases emateriais particulados além <strong>de</strong> terem efeitos diretos na saú<strong>de</strong> dos seres vivoscausam efeitos nocivos a diversas áreas do ecossistema (BARREIRO, 2008).Além dos impactos ambientais durante todo período <strong>de</strong> vida útil dastermoelétricas serem muito maiores que as das hidrelétricas o custo da energiatambém é maior. Segundo a ANEEL (2013) os últimos leilões <strong>de</strong> energiaapresentaram preços mais baixos para a comercialização <strong>de</strong> energia, dando assimsubsídios para que se possa enten<strong>de</strong>r o fato <strong>de</strong> haver pouco investimento no setor,juntamente com a dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se conseguir as licenças. O preço da energia <strong>de</strong>origem hídrica estava em R$ 93,46 MWh enquanto a <strong>de</strong> origem eólica custava emtorno <strong>de</strong> R$ 87,00, já as <strong>de</strong> origem térmica apresentam bastante bem mais elevado,apesar <strong>de</strong> não terem ocorridos leilões <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> energia o seu preço é estimadoem R$ 150,00 (ANEEL, 2013). Outro dado interessando é que o uso das usinastérmicas para poupar os reservatórios das hidrelétricas já custou R$ 1 bilhão aosistema e a conta po<strong>de</strong> superar R$ 1,6 bilhão em janeiro, segundo o ONS (2012,apud Luna e Vettorazzo, 2013). Esse custo será dividido por todos os consumidores


23e será sentido pelos resi<strong>de</strong>nciais ao longo <strong>de</strong> 2013, conforme forem sendo feitos osreajustes anuais <strong>de</strong> tarifa, reajuste começa em 3 <strong>de</strong> fevereiro e o percentual<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do aval da Aneel (LUNA e VETTORAZZO, 2013).Constatada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansão da infraestrutura cabe a EngenhariaCivil garantir todas essas melhorias para a população, e <strong>de</strong>ve-se constatar queconstrução civil tem uma relação muito intensa tanto com a economia quanto com asocieda<strong>de</strong>. Ao mesmo tempo em que esta ativida<strong>de</strong> é responsável por 16% do PIBmundial, é a maior consumidora <strong>de</strong> recursos naturais do planeta, <strong>de</strong> 60 a 75%(MARQUES FILHO, 2012).Sabendo <strong>de</strong>sta responsabilida<strong>de</strong> que a construção tem com a socieda<strong>de</strong> ecom as questões ambientais, fica evi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong> da evolução <strong>de</strong> materiaisutilizados, técnicas <strong>de</strong> construção e é claro a utilização <strong>de</strong> energia renovável.Segundo o IPCC (2012), a construção civil é a ativida<strong>de</strong> humana com o maiorpotencial <strong>de</strong> mitigação das emissões <strong>de</strong> GEE. Sendo assim se torna importanteespecificar bem todos os critérios <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> em busca da sustentabilida<strong>de</strong> e,portanto da viabilida<strong>de</strong> socioambiental e econômica, além da necessida<strong>de</strong> doreconhecimento do potencial dos danos <strong>de</strong> cada <strong>projeto</strong> específico (IPCC, 2012).O apelo da socieda<strong>de</strong> organizada por maiores preocupações ambientaistrouxe gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos aproveitamentos hídricos.O licenciamento ambiental muitas vezes leva um gran<strong>de</strong> período para que suamaturação seja completada, gerado pela forte pressão que o socieda<strong>de</strong> faz, focandoapenas nas características negativas <strong>de</strong>sses empreendimentos, reais ou as vezesgerada pelo <strong>de</strong>sconhecimento. Admite-se que gran<strong>de</strong> parte das críticas provém dafalta <strong>de</strong> conhecimento da comunida<strong>de</strong> técnica na <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>sses empreendimentos.Como já mencionado, o assunto empreendimentos hidráulicos é muito poucoabordado nos cursos <strong>de</strong> graduação. Com as crises financeiras que se instalaram nopaís ao longo das ultimas décadas viveu-se um período <strong>de</strong> pouco <strong>de</strong>senvolvimento einvestimento em novas tecnologias, assim como novos profissionais capacitadosnão foram maturados. Houve uma setorização do ensino, on<strong>de</strong> a maioria dos cursos<strong>de</strong> Engenharia Civil acabou dando ênfase para as construções convencionais.Juntamente com essa conjuntura vem um falta <strong>de</strong> pesquisas e trabalhos científicos,minimizando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria didático referente ao assunto assim como ainexistência <strong>de</strong> uma norma vigente e consistente.A inexistência <strong>de</strong> material didático a<strong>de</strong>quado se torna um empecilho na


24formação <strong>de</strong> novos profissionais, e principalmente, diminui a potencialida<strong>de</strong> doespírito crítico, por falta <strong>de</strong> discussão conceitual dos vários fatores que interferemnestas obras. A falta <strong>de</strong> normalização potencializada culmina na adoção <strong>de</strong> soluçõesinapropriadas, com investigações preliminares, ás vezes insuficiente.Como o assunto é extenso, um começo interessante <strong>de</strong> discussão são oscritérios <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, focados nos parâmetros importantes para odimensionamento <strong>de</strong> uma barragem. Também pela amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> soluções possíveis,um foco na solução mais usual <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> se mostra útil para um<strong>de</strong>bate inicial. Seria útil para a comunida<strong>de</strong> técnica uma visita técnica as <strong>barragens</strong><strong>de</strong> <strong>concreto</strong> a gravida<strong>de</strong>.1.2. OBJETIVOS DO TRABALHOO trabalho fará uma apresentação dos Critérios <strong>de</strong> Projetos <strong>de</strong> Estabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> Barragens <strong>de</strong> Concreto à Gravida<strong>de</strong>, avaliando os efeitos dos parâmetros dainterface entre <strong>concreto</strong> e rocha, evi<strong>de</strong>nciando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigaçõesa<strong>de</strong>quadas da fundação e do <strong>concreto</strong>, analisando os resultados sobre a ótica dasustentabilida<strong>de</strong>.Sabendo das <strong>de</strong>mandas energéticas futuras, o trabalho preten<strong>de</strong> incentivar ouso <strong>de</strong> energias renováveis dando ênfase para as energias <strong>de</strong> origem hídricas, eassim fomentar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimento em empreendimentos hidrelétricosapresentando a situação do setor elétrico brasileiro.Um objetivo secundário seria criar um manual para os cursos <strong>de</strong> graduaçãoe para os engenheiros que estão se iniciando nos processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>empreendimentos hidráulicos, no que se refere á <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>.Todos os objetivos serão cumpridos através <strong>de</strong> uma revisão bibliográfica.1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHOEste trabalho está dividido em oito capítulos.O presente capítulo apresenta uma pequena introdução ao assunto, bemcomo os objetivos e a justificativa da realização do trabalho.


25O segundo capítulo mostra a revisão bibliográfica <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong>,focada na construção civil e no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> fontes renováveis <strong>de</strong> energia.Os terceiro capítulo as principais características <strong>de</strong> um empreendimentohidráulico, mostrando qual é o melhor na visão socioambiental. Também apresentaum resumo no licenciamento ambiental necessário para a instalação, assim como osriscos envolvidos nesse tipo <strong>de</strong> edificação. Além disso o capítulo faz um síntese dosetor elétrico brasileiro e apresenta os tipos <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> que po<strong>de</strong>m ser adotados.O quarto capítulo aborda as <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> a gravida<strong>de</strong>, mostrandoquais são os matérias e técnicas mais usados, assim como apresenta algunsfenômenos físicos que interferem na verificação da estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma barragem.O capítulo cinco apresenta os principais critérios <strong>de</strong> verificação daestabilida<strong>de</strong> global <strong>de</strong> uma estrutura <strong>de</strong> usina hidrelétrica.No capítulo seis é feita uma análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns parâmetrosutilizados na verificação da estabilida<strong>de</strong> global <strong>de</strong> uma estrutura.As conclusões e consi<strong>de</strong>rações finais estão no capítulo sete.


262. SUSTENTABILIDENas ultimas décadas, o conceito <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável vempermeando pela socieda<strong>de</strong>, criando elos entre <strong>de</strong>senvolvimento econômico, otratamento a<strong>de</strong>quado do meio ambiente e o <strong>de</strong>senvolvimento social.Estes conceitos são hoje <strong>de</strong>batidos fortemente na indústria da construçãocivil, que trabalha com muitos materiais não renováveis e uso intenso <strong>de</strong> energia.Embasando essa afirmação, na ca<strong>de</strong>ia produtiva do <strong>concreto</strong>, vem ocorrendo <strong>de</strong>s<strong>de</strong>2009 seminários anuais <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> nos Congressos Brasileiro do Concreto(IBRACON, 2009, 2010, 2011 e 2012).O Relatório da Comissão Brundtland, “Nosso Futuro Comum” (1991), indicaque o conceito <strong>de</strong> sustentabilida<strong>de</strong> se baseia no ato <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>spresentes, sem comprometer a possibilida<strong>de</strong> das gerações futuras aten<strong>de</strong>rem àssuas próprias necessida<strong>de</strong>s.Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável apudMarques Filho (2012) <strong>de</strong>fine: “O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável será alcançado pelaoferta <strong>de</strong> produtos e serviços a preços competitivos, que satisfaçam asnecessida<strong>de</strong>s humanas, melhorem a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e, ao mesmo tempo,reduzam progressivamente os impactos ambientais e a intensida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong>recursos, através do ciclo <strong>de</strong> vida, para um nível compatível com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>suporte da Terra”.Andra<strong>de</strong>, Tachizawa e Carvalho, em 2004, (apud Yemal et al., 2011)corroboram com os conceitos, colocando que “O <strong>de</strong>senvolvimento sustentável écomo a fonte da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gestão e dos recursos técnicos e financeirosindispensáveis à resolução dos <strong>de</strong>safios ambientais que necessitam partilhar doentendimento <strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve haver um objetivo comum, e não um conflito, entre<strong>de</strong>senvolvimento econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presentecomo para as gerações futuras”.O crescimento da população mundial é incontestável, a previsão segundoMarques Filho (2012) é que em 2050 a população mundial ultrapasse nove bilhões<strong>de</strong> habitantes. Juntamente com o crescimento populacional vem uma <strong>de</strong>manda pormais energia e infraestrutura, para que toda a socieda<strong>de</strong> tenha uma condição <strong>de</strong>vida satisfatória. Porém, da mesma maneira, os problemas sociais, políticos,


27econômicos e ambientais também crescem na mesma medida que a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> infraestrutura física.Há algumas décadas atrás, a maioria das nações via o meio ambiente comoum reservatório <strong>de</strong> matéria-prima on<strong>de</strong> se podia facilmente retirá-la ou <strong>de</strong>positarrejeitos, da mesma maneira a visão <strong>de</strong> crescimento econômico a qualquer custo nãovia obstáculos visando um crescimento imediato (STACHERA JUNIOR, 2008).No Brasil, assim como em outros países, durante muito tempo, ocrescimento econômico com sua consequente poluição era um indicativo <strong>de</strong>progresso. Essa percepção permaneceu até que os problemas ambientais(contaminação do ar, da água e do solo) com efeitos diretos sobre os sereshumanos fossem intensificados e houve conscientização da socieda<strong>de</strong> (BRAGA, etal., 2005 apud YEMAL et al., 2011).Esse crescimento <strong>de</strong>senfreado diminuiu, pois foi instalada no mundo umapolítica socioambiental mais ativa, gerando esforços na direção da sustentabilida<strong>de</strong>.É evi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong> da melhoria da infraestrutura, mas torna-se cada vez maisimportante avalia-la perante a preservação dos recursos ambientais existentes, ecabe à Indústria da Construção Civil fornecer novos produtos para a socieda<strong>de</strong>,visando diminuir seu impacto. Sendo assim é gran<strong>de</strong> a necessida<strong>de</strong> que a evoluçãotécnica e tecnológica se dê na direção <strong>de</strong> processos sustentáveis (BIANCHINI,2010).Segundo Stachera Junior (2008), a construção civil possui uma enormeparcela <strong>de</strong> contribuição não só nos números econômicos e geração <strong>de</strong> empregos,mas na utilização intensa <strong>de</strong> recursos naturais e na geração <strong>de</strong> resíduos e poluição,o que torna o setor muito importante para a economia.Segundo Machado et al. (2006), com relação aos impactos ambientais, aIndústria da Construção Civil é certamente a maior gerador <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> toda asocieda<strong>de</strong>, pois além da utilização <strong>de</strong> recursos não renováveis ao longo <strong>de</strong> toda suaca<strong>de</strong>ia produtiva ela apresenta um alto <strong>de</strong>sperdício <strong>de</strong> materiais gerando toneladas<strong>de</strong> resíduos. O volume <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong>molição gerados é até duasvezes maiores que o volume <strong>de</strong> lixo sólido urbano (MACHADO et al., 2006).A construção civil é responsável por entre 15 e 50 % do consumo dosrecursos naturais extraídos, e consome cerca <strong>de</strong> 66% <strong>de</strong> toda ma<strong>de</strong>ira naturalextraída, inferior ao total com manejo florestal correto. Em países como o Reino


28Unido o consumo <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> construção civil é <strong>de</strong> aproximadamente 6toneladas/ano.habitante (JOHN apud ALVES, 2005).Além do enorme consumo <strong>de</strong> recursos naturais, a construção civil tambémgera poeira e altas emissões <strong>de</strong> GEE, pois em toda sua ca<strong>de</strong>ia produtiva apresentaemissões significativas. Os principais geradores <strong>de</strong> GEE po<strong>de</strong>m ser indicados aseguir: cimento; cal; aço; areia; brita; queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis e transporte.Em algumas cida<strong>de</strong>s européias, as emissões <strong>de</strong> CO 2 da indústria da construçãocorrespon<strong>de</strong>m aproximadamente a 30% do total das emissões. Somente a indústriado cimento é responsável por 7% das emissões mundiais <strong>de</strong> CO 2 (STACHERAJUNIOR, 2008). No (QUADRO 1) são apresentadas as emissões <strong>de</strong> CO 2comparativas aos principais materiais geradores <strong>de</strong> GEE.Produto Emissão <strong>de</strong> CO 2Saco <strong>de</strong> Cimento (50kg)Saco <strong>de</strong> cal (20kg)Aço (1kg)Tijolo (unida<strong>de</strong>)Areia (m³)QUADRO 1 – EMISSÕES DE CO2 POR PRODUTOFONTE: STACHERA JUNIOR (2008)48,44kg15,71kg1,45kg0,95kg22,62kgDevido à parcela que a construção civil tem na <strong>de</strong>gradação do meioambiente, é necessário procurar formas <strong>de</strong> minimizar suas emissões <strong>de</strong> GEE’s.Segundo o IPCC (2012), a construção civil é a principal ativida<strong>de</strong> humana compotencial <strong>de</strong> mitigação dos GEE, sendo assim é preciso estudar e <strong>de</strong>senvolvernovos métodos para diminuir essas emissões (FIGURA 2).


29FIGURA 2 – POTENCIAL DE MITIGAÇÃOFONTE: IPCC (2007, apud MARQUES FILHO, 2010)A captura e a remoção <strong>de</strong> CO 2 na própria fonte, antes <strong>de</strong> ele ser lançado naatmosfera, é uma opção técnica a ser consi<strong>de</strong>rada em termos <strong>de</strong> preocupação como efeito estufa (STACHERA JUNIOR, 2008).Segundo John et al. (2001), a durabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenha uma funçãoimportante para a obtenção <strong>de</strong> uma construção sustentável, assim como mudançasnos <strong>de</strong>talhes <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> que proporcionem maior proteção ao componente contra osfatores <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação po<strong>de</strong>m aumentar a sua vida útil sem alterar significativamentea carga ambiental total. Outro fator positivo que pô<strong>de</strong> ser comprovado pelo trabalho<strong>de</strong> YEMAL et al. (2011), é o fato <strong>de</strong> que as técnicas ambientais são contribuídasconsi<strong>de</strong>ravelmente com o reaproveitamento <strong>de</strong> materiais, apesar <strong>de</strong>ssereaproveitamento não alcançar sua totalida<strong>de</strong>. Marques Filho (2010) <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que oinvestimento em sistemas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dando benefícios sociais aos empregadospo<strong>de</strong> ajudar a tornar a construção civil mais sustentável, assim como usar CAR,realizar dosagens com abordagem em sustentabilida<strong>de</strong> e criar uma normalizaçãoaceleraria e tornaria o processo mais completo.Os parágrafos anteriores mostram algumas das principais preocupações daconstrução civil: emissões <strong>de</strong> GEE, minimização do consumo <strong>de</strong> matérias primas e


30da geração <strong>de</strong> resíduos e a minimização <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos com treinamento qualificado damão-<strong>de</strong>-obra.Após a discussão dos impactos da construção, vale salientar que muitospaíses estão se organizando para achar meios <strong>de</strong> mitigar esse problema <strong>de</strong>emissões <strong>de</strong> GEE, e observa-se que também são necessárias ações <strong>de</strong>conscientização <strong>de</strong> toda população, pois o Quarto Relatório <strong>de</strong> Avaliação do IPCC(AR4) concluiu que "maior parte do aumento observado nas temperaturas médiasglobais <strong>de</strong>s<strong>de</strong> meados do século 20 muito provavelmente se <strong>de</strong>ve ao aumentoobservado nas concentrações antropogênicas <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa." Asconcentrações <strong>de</strong> CO 2 continuam a crescer e por no final <strong>de</strong> 2010 tinha alcançado390 ppm <strong>de</strong> CO 2 , ou 39% acima dos níveis pré-industriais (IPCC, 2012).Um panorama nacional sobre o problema, está instalado no Brasil um fortemovimento pela sustentabilida<strong>de</strong> empresarial cujos primórdios po<strong>de</strong>m ser vinculadosà realização da Rio 92 (CEBDS, 2004). “O Brasil posiciona-se como um dos paísescom menor intensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> GEE na geração e no uso <strong>de</strong> energia. Asações do setor produtivo contribuem para o Brasil superar as metas progressivas <strong>de</strong>redução <strong>de</strong> emissões <strong>de</strong> GEE estabelecidas em planos <strong>de</strong> ação climática nacional esubnacionais” (CEBDS, 2004).Consi<strong>de</strong>rando os altos consumos <strong>de</strong> matéria prima, a quantida<strong>de</strong>significativa <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra, a utilização <strong>de</strong> muitos equipamentos po<strong>de</strong>-se imaginarque a Indústria da Construção Civil consuma muita energia. John et al. (2001) falaque a construção civil consome uma quantida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> energia e quesegundo (WRI, 2000 apud John et al., 2001), estima-se que os setores resi<strong>de</strong>ncial ecomercial são responsáveis por 34,5% do consumo <strong>de</strong> energia total da economiamundial.Em termos mundiais a produção <strong>de</strong> energia também é gran<strong>de</strong> geradora <strong>de</strong>GEE, gerando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investimentos em fontes <strong>de</strong> energia renováveis ehoje há no mundo uma corrente forte para o investimento nessas fontes, a WWF<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que, em 2050, 100% do fornecimento <strong>de</strong> energia no planeta po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>energia renováveis (WWF, 2011).Conceitua-se energia renovável como aquela gerada a partir <strong>de</strong> fontessolares, geofísicas ou biológicas, que são reabastecidas por processos naturais auma taxa igual ou superior a sua taxa <strong>de</strong> utilização. São consi<strong>de</strong>radas energiasrenovaveis a gerada por biomassa, energia solar, calor geotérmico, potencial


Energia total (EJ/a)31hidrelétrico, marés e ondas do oceano e eólica. Essas fontes <strong>de</strong> energia renováveistêm um papel na prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> forma sustentável e, emparticular, na mitigação das mudanças climáticas (IPCC, 2012).Embora haja esse incentivo à utilização <strong>de</strong> energia renovavél, 85% daenergia primária utilizada economia global vem da queima <strong>de</strong> combustíveis fósseis,que representa 56,6% <strong>de</strong> todas as emissões antrópicas <strong>de</strong> GEE (IPCC, 2012). Na(FIGURA 3) é apresentado um gráfico comparativo com o fornecimento <strong>de</strong> energiano mundo e sua previsão.Fornecimento por combustível fóssilFornecimento por fontes renováveisFIGURA 3 – SUPRIMENTO MUNDIAL DE ENERGIAFONTE: WWF (2011)Concluindo sobre a necessida<strong>de</strong> da implantação <strong>de</strong> empreendimentos <strong>de</strong>energia renovável, observa-se que o número <strong>de</strong>sses vêm aumentando rapidamentenos últimos anos. Esse aumento po<strong>de</strong> ser explicado pelo fato <strong>de</strong> que políticagovernamental <strong>de</strong> muitos países mudou, assim como o custo <strong>de</strong> tecnologias está em<strong>de</strong>clínio e os preços dos combustíveis fósseis crescendo. Po<strong>de</strong>-se dizer que esseaumento exigirá políticas para estimular mudanças no sistema <strong>de</strong> energia.O presente trabalho visa mostrar as vantagens e beneficios <strong>de</strong>correntes dautilização <strong>de</strong> energias <strong>de</strong> fontes hídricas, visto que no cenário mundial a térmica é a


32mais utilizada. No Brasil a maior fonte <strong>de</strong> energia elétrica é hidráulica sendo acomplementação no fornecimento <strong>de</strong> energia é feito basicamente através <strong>de</strong> energiatérmica. Na implantação <strong>de</strong> empreendimentos hidráulicos há uma emissãoimportante <strong>de</strong> GEE e muito baixa em sua operação, pois sua fonte <strong>de</strong> energia érenovável. Enquanto isso um empreendimento térmico além das emissões em suaimplantação, durante toda sua vida útil produz um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong> emissões pelaqueima <strong>de</strong> combustível. Na (FIGURA 4) está apresentado um comparativo entre apotência instalada e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração em todo mundo, <strong>de</strong> fontes hidráulicas.Potência InstaladaGeraçãoFIGURA 4 – HIDRELÉTRICAS POR REGIÕES NO MUNDO: POTÊNCIA INSTALADA E GERAÇÃOFONTE: IHA (2012)Vale enfatizar que o potencial teórico <strong>de</strong> energias renováveis é muito maior doque a totalida<strong>de</strong> da energia que é utilizada por todas as economias na Terra. Em2008, a energia renovável contibuiu com aproximadamente 19% da oferta global <strong>de</strong>eletricida<strong>de</strong> (energia hidrelétrica 16%, 3% outros fontes renovaveis), sendo que aprodução total foi <strong>de</strong> 20.181 TWh (ou 72,65 EJ) (IEA, 2010 apud IPCC, 2012).Confirmando esses dados, segundo WWF (2011), a energia hidrelétrica éatualmente a fonte maior do mundo <strong>de</strong> energia renovável, fornecendo quase umquinto <strong>de</strong> toda a eletricida<strong>de</strong> em todo o mundo.Observa-se que juntamente a essa conjuntura em que há uma forte correntesocioambiental somada à crescente <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> infraestrutura, interferindo naconstrução civil.


33A postura da população é fruto principalmente da <strong>de</strong>sinformação, da falta <strong>de</strong>consciência ambiental e <strong>de</strong> um déficit <strong>de</strong> práticas comunitárias. Sendo assim apreocupação com o <strong>de</strong>senvolvimento sustentável representa a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos esociais que sustentam as comunida<strong>de</strong>s, porém tendo a sustentabilida<strong>de</strong> como novocritério básico e integrador, estimulando permanentemente as responsabilida<strong>de</strong>séticas, na medida em que a ênfase nos aspectos extraeconômicos serve parareconsi<strong>de</strong>rar os aspectos relacionados com a equida<strong>de</strong>, a justiça social e a própriaética dos seres vivos (JACOBI, 2003).


343. EMPREENDIMENTOS HIDRÁULICOSÉ impensável a interrupção no fornecimento <strong>de</strong> água ou energia em gran<strong>de</strong>sconglomerados humanos mesmo por poucos dias. No Brasil, em particular estesdois insumos fundamentais estão correlacionados com empreendimentoshidráulicos, já que a nação possui recursos hídricos abundantes e que formam umdiferencial competitivo.Com o crescimento populacional e, paralelamente, o aumento do nível <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong> econômica um aumento da <strong>de</strong>manda por água e serviços relacionados éprevisível e esperado. O aumento do número <strong>de</strong> habitantes já evi<strong>de</strong>ncia claramentea necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que novos empreendimentos sejam implantados, aumentando ofornecimento <strong>de</strong> água e energia. Sengundo o WCD (2000), o crescimentoeconômico tem duas implicações para a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água, o primeiro é que oaumento da ativida<strong>de</strong> econômica incrementa a procura por serviços hídricos, e asegunda é que tanto o <strong>de</strong>senvolvimento trazido pelo crescimento econômico e asmudanças tecnológicas que o acompanham vão levar a mudanças estruturais nopadrão <strong>de</strong> bens e serviços que a socieda<strong>de</strong> produz e consome e também na formacomo esses serviços são prestados. Na (FIGURA 5) está apresentada a distribuição<strong>de</strong> água no mundo.OutrosBrasilEUA 6%FIGURA 5 – DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO PLANETAFONTE: WCD (2000)


35A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água, tanto para consumo quanto para irrigação e outrosfins nâo é uma necessida<strong>de</strong> apenas do homem mo<strong>de</strong>rno. Des<strong>de</strong> os primórdios, essanecessida<strong>de</strong> caminha junto com a humanida<strong>de</strong>, e registros históricos sugerem que ouso <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> para abastecimento <strong>de</strong> água e irrigação foram mais difundidos apartir <strong>de</strong> 2000 a.C. Porém os primeiros indícios <strong>de</strong> engenharia fluvial são as ruínas<strong>de</strong> canais <strong>de</strong> irrigação com mais <strong>de</strong> oito mil anos, na Mesopotâmia e as primeiras<strong>barragens</strong> <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong> água foram observadas na Jordânia, Egito eoutras partes do Oriente Médio on<strong>de</strong> foram encontrados restos <strong>de</strong>ssas <strong>barragens</strong>datadas <strong>de</strong> pelo menos 3000 a.C. (WCD, 2000).No século 20 houve uma gran<strong>de</strong> evolução na implantação <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<strong>barragens</strong> as quais ultrapassaram o montan<strong>de</strong> <strong>de</strong> 45.000 unida<strong>de</strong>s em todo mundo(WCD, 2000).Atualmente, cerca <strong>de</strong> 44% <strong>de</strong> toda a produção mundial <strong>de</strong> alimentos provém<strong>de</strong> áreas irrigadas, indicando que a segurança alimentar <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dosempreendimentos hidráulicos (WWF, 2011). Assim como, segundo ANEEL (2002)geração hidrelétrica tem garantido, nos últimos anos, a produção <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 90%da energia elétrica produzida no Brasil.Assim como a água a energia, nas suas mais diversas formas, éindispensável à sobrevivência da espécie humana. E mais do que sobreviver, ohomem procurou sempre evoluir, <strong>de</strong>scobrindo fontes e formas alternativas <strong>de</strong>adaptação ao ambiente em que vive e <strong>de</strong> atendimento às suas necessida<strong>de</strong>s. O usoda energia hidráulica foi uma das primeiras formas <strong>de</strong> substituição do trabalhoanimal pelo mecânico, particularmente para bombeamento <strong>de</strong> água e moagem <strong>de</strong>grãos. Entre as características energéticas mais importantes, <strong>de</strong>stacam-se asseguintes: disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recursos, facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aproveitamento e,principalmente, seu caráter renovável. A energia hidráulica é proveniente dairradiação solar e da energia potencial gravitacional, através da evaporação,con<strong>de</strong>nsação e precipitação da água sobre a superfície terrestre. (ANEEL, 2002).No caso <strong>de</strong> empreendimentos energéticos, a seleção <strong>de</strong> alternativas é feitatendo como critério básico a maximização da eficiência econômico-energética emconjunto com a minimização dos impactos socioambientais negativos (MME, 2007).Como, em geral, a maximização da eficiência econômico-energética conflita com aminimização dos impactos socioambientais, no processo <strong>de</strong> comparação e seleção<strong>de</strong> alternativas, estes aspectos <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma abordagem


36multiobjetivo (MME, 2007). A (FIGURA 6) apresenta as principais fases do<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> empreendimentos hidrelétricos <strong>de</strong> energia no Brasil.FIGURA 6 – ETAPAS DE IMPLANTAÇÃO DE APROVEITAMENTOS HIDROELÉTRICOSFONTE: MME (2007)O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> Hidrelétricas está intimamente ligada às políticas <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento nacional, regional e global. Além <strong>de</strong> seu papel na contribuição paraa segurança seguro <strong>de</strong> fornecimento <strong>de</strong> energia e reduzir a <strong>de</strong>pendência do país <strong>de</strong>combustíveis fósseis, a energia hídrica oferece oportunida<strong>de</strong>s para o alívio dapobreza e <strong>de</strong>senvolvimento sustentável (IPCC, 2012).Com exceção <strong>de</strong> pequenos aproveitamentos diretos da energia hidráulicapara bombeamento <strong>de</strong> água, moagem <strong>de</strong> grãos e outras ativida<strong>de</strong>s similares, oaproveitamento da energia hidráulica é feito através do uso <strong>de</strong> turbinas hidráulicas,<strong>de</strong>vidamente acopladas a um gerador <strong>de</strong> corrente elétrica. Com eficiência que po<strong>de</strong>chegar a 90%, as turbinas hidráulicas são atualmente as formas mais eficientes <strong>de</strong>conversão <strong>de</strong> energia primária em energia secundária (ANEEL, 2012). A força daágua em movimento é conhecida como energia potencial, essa água passa portubulações da usina com muita força e velocida<strong>de</strong>, realizando a movimentação dasturbinas. Nesse processo, ocorre a transformação <strong>de</strong> energia potencial (energia daágua) em energia mecânica (movimento das turbinas). As turbinas em movimentoestão conectadas a um gerador, que é responsável pela transformação da energiamecânica em energia elétrica (LUVEZUTTI et al., 2011).Consi<strong>de</strong>rada como energia renovável, a energia hidráulica é muitointeressante por diversos fatores. Além <strong>de</strong> sua energia ser limpa, segundo o IPCC


37(2012), as usinas hidrelétricas não consomem a água que move as turbinas, comisso após a geração <strong>de</strong> energia, ela está disponível para várias outras utilizaçõesessenciais. As usinas Hidrelétricas po<strong>de</strong>m ser classificadas segundo a altura relativada queda d’água, capacida<strong>de</strong> ou potência instalada, tipo <strong>de</strong> turbina, localização, tipo<strong>de</strong> barragem, etc.O sistema energético brasileiro é o maior da América do Sul, com energiahidrelétrica responsável pela geração <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 85% <strong>de</strong> toda a sua eletricida<strong>de</strong>.Outras fontes <strong>de</strong> energia utilizadas são as <strong>de</strong> origem térmica utilizando gás natural ecarvão, nuclear, e a eólica que é responsável por 0,4% da eletricida<strong>de</strong> do sistema(WWF, 2011). Mesmo sendo o maior do continente, assim como no resto do mundo,no Brasil há um anseio muito gran<strong>de</strong> pela implementação <strong>de</strong> novosempreendimentos, <strong>de</strong>vido ao aumento da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> água e energia, tanto peloaumento populacional quanto pelo aumento do po<strong>de</strong>r aquisitivo dos brasileiros.Além da vasta hidrografia brasileira, o país ainda conta com gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>seu território dominado por terrenos <strong>de</strong> planalto, o que facilita a implantação <strong>de</strong>usinas hidrelétricas, pois são necessários <strong>de</strong>sníveis para a implantação da mesma.Assim sendo, no Brasil, há um imenso potencial hidráulico, pois o país possui riosque têm todas as condições para aproveitamento <strong>de</strong> seu potencial energético edistribuidor (LUVEZUTTI et al., 2011). O potencial hidrelétrico brasileiro é estimadoem cerca <strong>de</strong> inventariado é <strong>de</strong> 108.778 MW e o estimado <strong>de</strong> 28.096 (MME, 2012).Na (FIGURA 7) po<strong>de</strong>-se observar a evolução do potencial Brasileiro ao longo dosanos.


38FIGURA 7 – POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIROFONTE: MME (2012)Após a colocação da evolução do potencial hidrelétrico brasileiro po<strong>de</strong>-seobservar que tal evolução aconteceu com a diversificação do mercado <strong>de</strong>aproveitamentos hidrelétricos. Houve um investimento em <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> diversaspotências e características, e que para esse potencial pu<strong>de</strong>sse ser explorado aomáximo, sem que o país ficasse refém da hidrologia e uma única região, foi criado oSIN – Sistema Interligado Nacional. A seguir é apresentada no (QUADRO 2) adistribuição <strong>de</strong> Usinas Hidrelétricas por faixa <strong>de</strong> potência.QUADRO 2 – APROVEITAMENTOS HIDRELÉTRICOS POR FAIXA DE POTÊNCIAFONTE: ANEEL (2012)Devido à gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> da criação <strong>de</strong> novos empreendimentos assimcomo a manutenção dos já existentes, é muito importante analisar a perspectivaeconômico financeira do negócio. Além <strong>de</strong> inúmeras licenças e permissõesnecessárias, um empreendimento hidráulico custa muito dinheiro para sua


39implantação. Segundo Martins (2008), o Banco Mundial, além do seu papel naliberalização econômica, foi um gran<strong>de</strong> estimulador e promotor da construção <strong>de</strong><strong>barragens</strong> em gran<strong>de</strong> escala durante várias décadas. Outro fator financeirointeressante <strong>de</strong> ser relacionado com aproveitamentos <strong>de</strong> energia é que segundoLUVEZUTTI et al. (2011), a localização das usinas faz com que o preço dotransporte <strong>de</strong> materiais e insumos seja elevado.Segundo Marques Filho (2012), as seguintes características <strong>de</strong> obrashidráulicas são muito importantes: facilida<strong>de</strong>s Industriais Complexas; utilização <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> material; multidisciplinarida<strong>de</strong> envolvida no <strong>projeto</strong>;planejamento complexo; dificulda<strong>de</strong> para compartimentação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s; custoelevado; tempo <strong>de</strong> maturação expressivo; dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> financiabilida<strong>de</strong>; gran<strong>de</strong>sinterferências com Meio Ambiente. Além <strong>de</strong> todas essas características há umalogística complexa em empreendimento <strong>de</strong>sse porte, pois para que o processofuncione são necessários equipamentos com peso elevado, as obras geralmenteficam distantes <strong>de</strong> centros <strong>de</strong>senvolvidos e como já foi falado existe o consumo <strong>de</strong>gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> material, que é sanado pela fabricação na obra, sendonecessária infraestrutura <strong>de</strong> energia e combustíveis, centrais <strong>de</strong> britagem e <strong>de</strong><strong>concreto</strong>, pug mills, sistemas <strong>de</strong> ar comprimido, água bruta e instalações sanitárias,pátios <strong>de</strong> montagem, oficinas <strong>de</strong> manutenção e centrais <strong>de</strong> forma e armadura, tudoisso com controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> extremamente severo (MARQUES FILHO, 2012).Como observado, trata-se <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong> engenharia complexa, com váriasinterfaces técnicas.O governo e os investidores têm intensificado os investimentos em energiaproveniente <strong>de</strong> aproveitamentos hidráulicos, tal fato po<strong>de</strong> ser observado no(QUADRO 3), no qual tem a evolução da produção e do consumo <strong>de</strong> energiahidráulica no Brasil.


40QUADRO 3 – ENERGIA HIDRÁULICA NO BRASILFONTE: MME (2012)Após a colocação técnica da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> empreendimentos hidráulicos,é importante acrescentar que a socieda<strong>de</strong> tem mostrado rejeição aos novosaproveitamentos, Martins (2006) cita que a história da construção <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s obrashidráulicas em muitos aspectos é uma história triste quando se pensa na correlaçãoentre o bem-estar, os direitos civis e políticos e mesmo com respeito aos objetivosoficiais <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento econômico e da soberania ou autonomia nacional.Talvez, em parte por esses fatos a população não aceita muito bem a criação <strong>de</strong>novos empreendimentos.Questões ambientais e sociais continuarão a ser afetadas pela implantação<strong>de</strong> empreendimentos hidráulicos. Em particular, <strong>de</strong>ve haver preocupação com aemissão <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa (GEE) do reservatórios, <strong>de</strong>vido ao apodrecimentoda vegetação e fluxos <strong>de</strong> carbono a partir da captação (WCD, 2000). Os impactossociais locais e ambientais <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>s variam <strong>de</strong> acordo com o tipo do <strong>projeto</strong>, otamanho e as condições. Alguns dos impactos mais proeminentes incluemmudanças nos regimes <strong>de</strong> fluxo e da qualida<strong>de</strong> da água, barreiras à migração <strong>de</strong>peixes, perda <strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> biológica, e <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento da população (IPCC,2012). Porém juntos, as novas tecnologias, os novos métodos construtivos e<strong>projeto</strong>s mais eficazes, todos com uma visão sustentável, têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>tornar essas consequências cadas vez menores e mais brandas (IPCC, 2012).Pelos motivos apresentados, a implantação <strong>de</strong> aproveitamentos hidráulicosé fundamental para garantia da infraestrutura humana, e tão importante quanto o<strong>projeto</strong> <strong>de</strong> novos empreendimentos é a manutenção da vida útil dos existentes.Segundo o IPCC (2012), a mo<strong>de</strong>rnização, renovação e melhoramento dosempreendimentos antigos muitas vezes são menos caros do que o <strong>de</strong>senvolvimento<strong>de</strong> um novo, além <strong>de</strong> terem menores impactos socioambientais e requererem menos


41tempo para a execução. As necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> água e energia obrigam o estudocontínuo <strong>de</strong> seu comportamento juntamente das suas principais manifestaçõespatológicas e dos processos <strong>de</strong> reparo (MARQUES FILHO, 2012).Barragens são meios muito importantes para satisfazer as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>água e energia a longo prazo, são investimentos estratégicos com a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>oferecer benefícios múltiplos (ANEEL, 2002). Sendo assim, em um empreendimentohidráulico, qualquer que seja a solução <strong>de</strong> barragem adotada, são fundamentais aparametrização do material para efeito <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>, a confiabilida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong>dosagem do <strong>concreto</strong> e a indicação <strong>de</strong> valores para o controle da qualida<strong>de</strong> da obrae sua análise. Todos estes fatores <strong>de</strong>vem estar subsidiados por correlaçõeslaboratório/obra sedimentadas e confiáveis, para minimização <strong>de</strong> custos e dos riscosenvolvidos no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sses empreendimentos (MARQUES FILHO,2005).As (FIGURAS 8 a 11) apresentam esquematicamente o fluxograma dastarefas necessárias à implantação dos aproveitamentos hidrelétricos.


FIGURA 8 – FLUXOGRAMA DA ETAPA DE PLANEJAMENTO DOS ESTUDOSFONTE: MME (2007)42


FIGURA 9 – FLUXOGRAMA DA ETAPA DE ESTUDOS PRELIMINARESFONTE: MME (2007)43


FIGURA 10 – FLUXOGRAMA DA ETAPA DE ESTUDOS FINAISFONTE: MME (2007)44


45FIGURA 11 – FLUXOGRAMA DA AAI DA ALTERNATIVA SELECIONADAFONTE: MME (2007)3.1. LICENÇAS AMBIENTAISA chamada questão ambiental diz respeito aos diferentes modos pelos quaisa socieda<strong>de</strong>, através dos tempos, se relaciona com o meio físico-natural. O ser


46humano sempre <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>u <strong>de</strong>le para garantir sua sobrevivência, e seu uso, comobase da existência humana, bem como as alterações por esse uso provocados naTerra são coexistentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primórdios (QUINTAS, 2006).Como já foi mencionado, hoje, o cenário é <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda crescente por água eenergia tanto no mundo quando no Brasil. Segundo Souza (2009), paralelamente aeste fato, é observado um fortalecimento e consolidação da legislação e do sistema<strong>de</strong> gestão ambiental, assim como a participação <strong>de</strong> novos interessados em prover aexpansão do parque <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia e, também, a maior participação dosmovimentos sociais na esfera pública. Juntando isso aos graves problemassocioambientais já ocorridos em <strong>de</strong>corrência da construção <strong>de</strong> aproveitamentoshidráulicos, gera ambiente propício aos conflitos socioambientais que perpassamtodo o processo <strong>de</strong> licenciamento (SOUZA, 2009).Desta maneira, é necessário que o Estado <strong>de</strong> alguma forma crie meios emétodos, assim como <strong>de</strong>legue as funções <strong>de</strong> execução e fiscalização à alguém oualgum órgão que o representa. Segundo o IPCC (2012), os órgãos jurídicos assimcomo suas atribuições variam <strong>de</strong> país para país, incluindo práticas <strong>de</strong> concessões,royalties, direitos <strong>de</strong> água, etc. Com o crescente envolvimento do setor privado, asdisposições contratuais que cercam as hidrelétricas tornaram-se cada vez maiscomplexas.O Brasil possui legislação avançada e severa para as questões ambientaisalém <strong>de</strong> ser o único país que questões ambientais são apresentadas na constituição.Segundo Vainer (2007), juntamente com o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização houve aascensão <strong>de</strong> movimentos ambientalistas, que se somando a uma maiorpreocupação ambiental, a pressão da socieda<strong>de</strong> civil e a resistência principalmentedas populações atingidas culminou na necessida<strong>de</strong> do setor elétrico acrescentarquestões sociais e ambientais em seu cotidiano. Do mesmo modo, ele coloca que acriação da Constituição Fe<strong>de</strong>ral e das Constituições Estaduais, no final da década<strong>de</strong> 1980 e início da década <strong>de</strong> 1990, marcaram também o avanço das legislaçõesestaduais e a consolidação das agências ambientais <strong>de</strong> vários estados. SegundoQuintas (2006), a Constituição Fe<strong>de</strong>ral, ao consagrar o meio ambienteecologicamente equilibrado como direito <strong>de</strong> todos, bem <strong>de</strong> uso comum e essencial àsadia qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, atribuiu a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua preservação e <strong>de</strong>fesanão apenas ao Po<strong>de</strong>r Público, mas também à coletivida<strong>de</strong>. Sendo assim cadacidadão tem o <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> protegê-lo, porém caberá aos órgãos e agências públicas o


47<strong>de</strong>ver <strong>de</strong> outorgar e fiscalizar a implantação e utilização <strong>de</strong> empreendimentos quecausam algum dano à natureza.O licenciamento é um dos instrumentos <strong>de</strong> gestão ambiental estabelecidopela lei Fe<strong>de</strong>ral n.º 6938, <strong>de</strong> 31/08/81, também conhecida como Lei da PolíticaNacional do Meio Ambiente. Em 1997, a Resolução nº 237 do CONAMA - ConselhoNacional do Meio Ambiente <strong>de</strong>finiu as competências da União, Estados e Municípiose <strong>de</strong>terminou que o licenciamento <strong>de</strong>verá ser sempre feito em um único nível <strong>de</strong>competência (FEPAM, 2013). É o procedimento no qual o po<strong>de</strong>r público,representado por órgãos ambientais, autoriza e acompanha a implantação e aoperação <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, que utilizam recursos naturais ou que sejam consi<strong>de</strong>radasefetiva ou potencialmente poluidoras, sendo <strong>de</strong> obrigação do empreen<strong>de</strong>dor a busca<strong>de</strong>ste licenciamento junto ao órgão competente. Vale ressaltar que, segundo oIBAMA o licenciamento ambiental é uma obrigação legal prévia e que possui comouma <strong>de</strong> suas mais expressivas características a participação social na tomada <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão, por meio da realização <strong>de</strong> Audiências Públicas como parte do processo(FIRJAN, 2004).Os principais órgãos responsáveis pela gestão ambiental no Brasil serãoapresentados a seguir:O IBAMA, “tem como principais atribuições exercer o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> políciaambiental; executar ações das políticas nacionais <strong>de</strong> meio ambiente,referentes às atribuições fe<strong>de</strong>rais, relativas ao licenciamento ambiental, aocontrole da qualida<strong>de</strong> ambiental, à autorização <strong>de</strong> uso dos recursos naturaise à fiscalização, monitoramento e controle ambiental; e executar as açõessupletivas <strong>de</strong> competência da União. Cabe ao IBAMA propor e editarnormas e padrões <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> ambiental; o zoneamento e a avaliação <strong>de</strong>impactos ambientais; o licenciamento ambiental, nas atribuições fe<strong>de</strong>rais; aimplementação do Cadastro Técnico Fe<strong>de</strong>ral; a fiscalização ambiental e aaplicação <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong>s administrativas; a geração e disseminação <strong>de</strong>informações relativas ao meio ambiente; o monitoramento ambiental,principalmente no que diz respeito à prevenção e controle <strong>de</strong><strong>de</strong>smatamentos, queimadas e incêndios florestais; o apoio às emergênciasambientais; a execução <strong>de</strong> programas <strong>de</strong> educação ambiental; a elaboraçãodo sistema <strong>de</strong> informação e o estabelecimento <strong>de</strong> critérios para a gestão douso dos recursos faunísticos, pesqueiros e florestais; <strong>de</strong>ntre outros”.(IBAMA, 2013).A FUNAI é uma entida<strong>de</strong> com patrimônio próprio e personalida<strong>de</strong> jurídica <strong>de</strong>direito privado, é o órgão fe<strong>de</strong>ral responsável pelo estabelecimento eexecução da política indigenista brasileira em cumprimento ao que<strong>de</strong>termina a Constituição Fe<strong>de</strong>ral Brasileira <strong>de</strong> 1988. Tem como objetivoprincipal promover políticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento sustentável das populaçõesindígenas, aliar a sustentabilida<strong>de</strong> econômica à sócio- ambiental, promovera conservação e a recuperação do meio ambiente, controlar e mitigarpossíveis impactos ambientais <strong>de</strong>correntes <strong>de</strong> interferências externas àsterras indígenas, monitorar as terras indígenas regularizadas e aquelasocupadas por populações indígenas, incluindo as isoladas e <strong>de</strong> recente


48contato, coor<strong>de</strong>nar e implementar as políticas <strong>de</strong> proteção aos gruposisolados e recém contatados e implementar medidas <strong>de</strong> vigilância,fiscalização e <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> conflitos em terras indígenas. (FUNAI,2013).O IPHAN é uma autarquia fe<strong>de</strong>ral vinculada ao Ministério da Cultura,responsável por preservar a diversida<strong>de</strong> das contribuições dos diferenteselementos que compõem a socieda<strong>de</strong> brasileira e seus ecossistemas. Estaresponsabilida<strong>de</strong> implica em preservar, divulgar e fiscalizar os bens culturaisbrasileiros, bem como assegurar a permanência e usufruto <strong>de</strong>sses benspara a atual e as futuras gerações. (IPHAN, 2013).O Ministério Público da União “é uma Instituição in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte que cuida daproteção das liberda<strong>de</strong>s civis e <strong>de</strong>mocráticas, buscando com sua ação assegurar eefetivar os direitos individuais e sociais indisponíveis, como sua missãoconstitucional (v. art. 127, da Constituição Fe<strong>de</strong>ral)”. Cabe ao MP a <strong>de</strong>fesa da or<strong>de</strong>mjurídica, ou seja, <strong>de</strong>ve zelar pela observância e pelo cumprimento da lei; <strong>de</strong>fesa dopatrimônio nacional, do patrimônio público e social, do patrimônio cultural, do meioambiente, dos direitos e interesses da coletivida<strong>de</strong>, especialmente das comunida<strong>de</strong>sindígenas, da família, da criança, do adolescente e do idoso; <strong>de</strong>fesa dos interessessociais e individuais indisponíveis; controle externo da ativida<strong>de</strong> policial. Trata-se dainvestigação <strong>de</strong> crimes, da requisição <strong>de</strong> instauração <strong>de</strong> inquéritos policiais, dapromoção pela responsabilização dos culpados, do combate à tortura e aos meiosilícitos <strong>de</strong> provas, entre outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação. Os membros do MPU têmliberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ação tanto para pedir a absolvição do réu quanto para acusá-lo (MPU,2013)A licença ambiental é o documento, com prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finido, em queo órgão ambiental estabelece regras, condições, restrições e medidas <strong>de</strong> controleambiental a serem seguidas. Entre as principais características avaliadas noprocesso po<strong>de</strong>mos ressaltar: o potencial <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> líquidos poluentes (<strong>de</strong>spejose efluentes), resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruídos e o potencial <strong>de</strong> riscos<strong>de</strong> explosões e <strong>de</strong> incêndios (FIRJAN, 2004). Ao receber a Licença Ambiental, oempreen<strong>de</strong>dor assume os compromissos para a manutenção da qualida<strong>de</strong>ambiental do local do empreendimento (FIRJAN, 2004).O Licenciamento Ambiental é constituído por três licenças, cada uma <strong>de</strong>las érequerida em etapas diferentes. Segundo o FEPAM (2013), elas são apresentadas aseguir:


49 Licença Prévia (LP) - Licença que <strong>de</strong>ve ser solicitada na fase <strong>de</strong> planejamentoda implantação, alteração ou ampliação do empreendimento. Aprova aviabilida<strong>de</strong> ambiental do empreendimento, não autorizando o início das obras.Licença Instalação (LI) - Licença que aprova os <strong>projeto</strong>s. É a licença queautoriza o início da obra/empreendimento. É concedida <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> atendidasas condições da Licença Prévia.Licença <strong>de</strong> Operação (LO) - Licença que autoriza o início do funcionamentodo empreendimento/obra. É concedida <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> atendidas as condições daLicença <strong>de</strong> Instalação.Vale ressaltar que a solicitação <strong>de</strong> qualquer uma das licenças <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong>acordo com a fase em que se encontra a ativida<strong>de</strong>/ empreendimento: concepção,obra, operação ou ampliação, mesmo que não tenha obtido anteriormente a Licençaprevista em Lei (FEPAM, 2013).Após a emissão das licenças ambientais a empresa entra em fase <strong>de</strong>acompanhamento da operação em que os órgãos ambientais po<strong>de</strong>rão fazer vistoriasregulares para verificar o cumprimento das exigências pré-estabelecidas. Com isso,se for <strong>de</strong>terminado que as ativida<strong>de</strong>s não estão <strong>de</strong> acordo com o especificado, alicença po<strong>de</strong> ser cancelada e o empreendimento interditado. Além doacompanhamento realizado existe um prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong>, estabelecido pelo órgãoambiental, que varia <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> para ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acordo com a tipologia, asituação ambiental da área on<strong>de</strong> está instalada, e outros fatores (FIRJAN, 2004). O(QUADRO 4) apresenta os prazos <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> das diversas licenças.Prazo <strong>de</strong> valida<strong>de</strong> das Licenças AmbientaisLicença Prazo Mínimo Prazo MáximoLPO estabelecido pelocronograma do <strong>projeto</strong> Não Superior a 5 anosapresentadoLIDe acordo com ocronograma <strong>de</strong> Não superior a 6 anosinstalação da ativida<strong>de</strong>LO 4 anos 10 anosQUADRO 4 – PRAZO DE VALIDADE DAS LICENÇAS AMBIENTAISFONTE: FIRJAN (2004)


50Mesmo tendo um procedimento padrão, esse processo <strong>de</strong> licenciamentoambiental vem causando forte turbulência entre, setor privados, órgãos ambientais egoverno, criando dificulda<strong>de</strong>s crescentes para obtenção da licença. Segundo Souza(2009) a falta <strong>de</strong> diálogo entre as partes interessadas no curso do processo <strong>de</strong>licenciamento cria uma série <strong>de</strong> ruídos, dúvidas, insatisfações e incompreensõessobre o <strong>projeto</strong>. Sendo assim, as audiências públicas, obrigatórias nos processos <strong>de</strong>licenciamento, po<strong>de</strong>m ser transformadas em um espaço <strong>de</strong> embate e não <strong>de</strong> <strong>de</strong>bate.Esse instrumento <strong>de</strong> gestão ambiental é sempre noticiado como um entrave ao<strong>de</strong>senvolvimento do país, com isso há um ambiente <strong>de</strong> crise formado. Sendo assim,há um gran<strong>de</strong> enfrentamento entre setores da socieda<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong> organizadaincluindo o Governo (SOUZA, 2009).3.2. SETOR ELÉTRICO BRASILEIROAcompanhando o crescimento econômico e populacional, o consumo <strong>de</strong>energia elétrica <strong>de</strong>ve aumentar nos próximos anos no Brasil. A indústria <strong>de</strong> energiaelétrica compreen<strong>de</strong> todas as etapas relacionadas com o fornecimento <strong>de</strong>eletricida<strong>de</strong> para consumidores finais, sendo assim, é possível segmentá-laconforme as diferentes ativida<strong>de</strong>s realizadas comumente <strong>de</strong>finidas como geração,transmissão, distribuição e comercialização (CORREIA et al., 2006).A geração do sistema elétrico brasileiro é fortemente pautada em fontesrenováveis, pois é muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da hidroeletricida<strong>de</strong>, responsável, segundo aANEEL (2002), e segundo a IRN (2012) , além da hidroeletricida<strong>de</strong>, a energiaelétrica obtida através da biomassa (cogeração a partir do bagaço da cana-<strong>de</strong>açúcar)e em menor medida do gás metano biológico obtido nos aterros, confere aopaís uma singular participação das energias renováveis.Para garantir o crescimento e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manutenção e expansão doparque energético brasileiro, existem alguns órgãos responsáveis pelaregulamentação, fiscalização, distribuição e transmissão <strong>de</strong> energia elétrica no país,os quais serão apresentados a seguir:A Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (ANEEL) é uma autarquia emregime especial vinculada ao Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia, foi criada pararegular o setor elétrico brasileiro, por meio da Lei nº 9.427/1996 e doDecreto nº 2.335/1997. A ANEEL iniciou suas ativida<strong>de</strong>s em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>1997, tendo como principais atribuições:


51Regular a produção, transmissão, distribuição e comercialização <strong>de</strong>energia elétrica;Fiscalizar, diretamente ou mediante convênios com órgãosestaduais, as concessões, as permissões e os serviços <strong>de</strong> energiaelétrica;Implementar as políticas e diretrizes do governo fe<strong>de</strong>ral relativas àexploração da energia elétrica e ao aproveitamento dos potenciaishidráulicos;Estabelecer tarifas;Mediar, na esfera administrativa, os conflitos entre os agentes eentre esses agentes e os consumidores;Por <strong>de</strong>legação do governo fe<strong>de</strong>ral, promover as ativida<strong>de</strong>s relativasàs outorgas <strong>de</strong> concessão, permissão e autorização <strong>de</strong>empreendimentos e serviços <strong>de</strong> energia elétrica (ANEEL, 2013).A ANA, é uma autarquia sob regime especial, com autonomia administrativae financeira, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente, além da função <strong>de</strong>reguladora do uso da água bruta nos corpos hídricos <strong>de</strong> domínio da União,tem a atribuição <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar a implementação da Política Nacional <strong>de</strong>Recursos Hídricos, cuja principal característica é garantir a gestão<strong>de</strong>mocrática e <strong>de</strong>scentralizada dos Recursos Hídricos (ANA, 2013).“O Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia, órgão da administração fe<strong>de</strong>ral direta,representa a União como Po<strong>de</strong>r Conce<strong>de</strong>nte e formulador <strong>de</strong> políticaspúblicas, bem como indutor e supervisor da implementação <strong>de</strong>ssas políticasnos seguintes segmentos:I - geologia, recursos minerais e energéticos;II - aproveitamento da energia hidráulica;III - mineração e metalurgia; eIV - petróleo, combustível e energia elétrica, inclusive nuclear.Cabe, ainda, ao Ministério <strong>de</strong> Minas e Energia:I - energização rural, agroenergia, inclusive eletrificação rural, quandocusteada com recursos vinculados ao Sistema Elétrico Nacional; eII - zelar pelo equilíbrio conjuntural e estrutural entre a oferta e a <strong>de</strong>manda<strong>de</strong> recursos energéticos no País (MME, 2013).“O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) é o órgão responsávelpela coor<strong>de</strong>nação e controle da operação das instalações <strong>de</strong> geração etransmissão <strong>de</strong> energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), sob afiscalização e regulação da Agência Nacional <strong>de</strong> Energia Elétrica (Aneel)”(ONS, 2013).


52O setor elétrico passou por duas gran<strong>de</strong>s mudanças na meta<strong>de</strong> da década<strong>de</strong> 90. Em 1995, no contexto das reformas que permitiram o investimento privadoem setores até então restritos a investimentos e gestão estatal, ocorreu a primeirareformulação e em 1996 a lei 9.074/95 que tratou das concessões e permissões <strong>de</strong>serviços públicos e o <strong>de</strong>creto 2003/96 que regulamentou a produção <strong>de</strong> energiaelétrica por produtor in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e autoprodutor promoveram uma série <strong>de</strong>transformações no setor <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia elétrica (SOUZA, 2009).Tendo em vista essas mudanças ocorridas na regulamentação e as crisesfinanceiras que atingiram o país, esse passou por um momento <strong>de</strong> recessão nosetor elétrico. A crise <strong>de</strong> 2001 , on<strong>de</strong> houve um déficit <strong>de</strong> energia, sendo necessáriasintervenções <strong>de</strong> emergência, foi um choque importante para o governo, para aeconomia nacional e para a socieda<strong>de</strong> (NEVES, 2009).Com esses problemas e visando o aumento na <strong>de</strong>manda energéticanacional, entre 2003 e 2004 o governo fe<strong>de</strong>ral lançou as bases <strong>de</strong> um novo mo<strong>de</strong>lopara o Setor Elétrico Brasileiro, sustentado pelas Leis nº 10.847 e 10.848, <strong>de</strong> 15 <strong>de</strong>março <strong>de</strong> 2004, e pelo Decreto nº 5.163, <strong>de</strong> 30 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2004 (BARREIROJUNIOR, 2008). O novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>finiu a criação <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong> responsável peloplanejamento do setor elétrico a longo prazo, a Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Energética(EPE); uma instituição com a função <strong>de</strong> avaliar permanentemente a segurança dosuprimento <strong>de</strong> energia elétrica, o Comitê <strong>de</strong> Monitoramento do Setor Elétrico(CMSE); e uma instituição para dar continuida<strong>de</strong> às ativida<strong>de</strong>s do MercadoAtacadista <strong>de</strong> Energia (MAE), relativas à comercialização <strong>de</strong> energia elétrica noSistema Interligado, a Câmara <strong>de</strong> Comercialização <strong>de</strong> Energia Elétrica (CCEE)(BARREIRO JUNIOR, 2008). Além da criação <strong>de</strong>ssas instituições esse novo mo<strong>de</strong>lobusca garantir a segurança do suprimento <strong>de</strong> energia elétrica; promover amodicida<strong>de</strong> tarifária; promover a inserção social no Setor Elétrico Brasileiro, emparticular pelos programas <strong>de</strong> universalização <strong>de</strong> atendimento.A comercialização da energia no Brasil é feito por meio <strong>de</strong> leilões <strong>de</strong> comprae venda que <strong>de</strong>vem ser realizados pela CCEE, assim como esta instituição <strong>de</strong>ve<strong>de</strong>finir o preço mínimo <strong>de</strong> mercado para a energia elétrica para o efeito <strong>de</strong> leilão.É interessante notar que na maioria dos mercados e, particularmente nosetor <strong>de</strong> energia elétrica, a competição é limitada e o <strong>de</strong>senho do leilão, embora nãopossa superar completamente isso, <strong>de</strong>ve buscar reduzir as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>


53manipulação artificial do preço que resultem em uma transferência <strong>de</strong> renda porpo<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mercado (CORREIA et al., 2006).Os leilões <strong>de</strong> energia têm periodicida<strong>de</strong> anual e segundo Rego (2012) sãoapresentados em duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contratação, em função do estágio <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento dos <strong>projeto</strong>s: leilões <strong>de</strong> energia elétrica proveniente <strong>de</strong>empreendimentos <strong>de</strong> geração existente — leilões <strong>de</strong> energia velha - e leilões <strong>de</strong>energia elétrica provenientes <strong>de</strong> novos empreendimentos – leilões <strong>de</strong> energia nova.O objetivo <strong>de</strong> tais leilões é propiciar a possibilida<strong>de</strong>, por parte dasdistribuidoras, <strong>de</strong> contratação antecipada <strong>de</strong> energia para o atendimento pleno <strong>de</strong>sua <strong>de</strong>manda estimada três a cinco anos à frente (MARTINS, 2008). Os leilões sãopromovidos sempre no intuito <strong>de</strong> assegurar o suprimento <strong>de</strong> energia em um ano<strong>de</strong>terminado (<strong>de</strong>nominado ano “A”). Assim, para a compra <strong>de</strong> energia nova, osleilões serão realizados nos anos A menos 5 anos (A-5) e A menos 3 anos (A-3) oobjetivo <strong>de</strong>sses leilões é complementar a energia existente para suprir a <strong>de</strong>mandofutura, enquanto que para a compra energia velha A menos 1 ano (A-1) cujo objetivoé suprir a <strong>de</strong>manda atual (REGO, 2012).Apesar <strong>de</strong> o leilão criar condições para benefício do bem público, váriasalterações ocorrem com relação aos dados <strong>de</strong> leilão, encarecendo o processo em<strong>de</strong>trimento das condições especificadas e essas mudanças nas condições alteram aatrativida<strong>de</strong> do empreendimento aumentando riscos do processo (MARQUESFILHO, 2012).Com essa maior organização e regulamentação foram observadas umcrescimento tanto na geração <strong>de</strong> energia quanto das linhas <strong>de</strong> transmissões.Segundo a EPE, entre 1996 e 2002 havia um crescimento médio <strong>de</strong> 1.562 km a.a, jáentre os anos <strong>de</strong> 2003 e 2009 esse crescimento médio foi <strong>de</strong> 3.646 km a.a(TOLMASQUIM, 2008).Juntamente com os dados já apresentados po<strong>de</strong>mos observar nos(QUADROS 5 e 6) o predomínio da matriz hidráulica na produção <strong>de</strong> energiaelétrica, assim como a importância do SIN para o Brasil. Observa-se gran<strong>de</strong> parteda oferta <strong>de</strong> eletricida<strong>de</strong> está interligada, evitando que se configurem possíveisapagões por problemas sejam natureza hídrica <strong>de</strong> outra natureza em regiõesisoladas do país.


54QUADRO 5 – OFERTA INTERNA DE ENERGIA ELÉTRICAFONTE: MME (2012)QUADRO 6 – CONFIGURAÇÃO DA OFERTA DE ELETRICIDADE POR FONTEFONTE: MME (2012)Na (FIGURA 12) é apresentado o histórico da matriz elétrica do Brasil, on<strong>de</strong>po<strong>de</strong>-se observar o crescimento da energia <strong>de</strong> fontes renováveis (hidráulica eeólica).


55FIGURA 12 – HITÓRICO DA MATRIZ ELÉTRICAFONTE: LUNA E VETTORAZZO (2013)O sistema elétrico brasileiro é fortemente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da disponibilida<strong>de</strong>hídrica <strong>de</strong> médios e longos prazos, para a produção <strong>de</strong> energia firme. O gran<strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento da hidroeletricida<strong>de</strong> no Brasil se <strong>de</strong>u entre 1975, quando acapacida<strong>de</strong> instalada era <strong>de</strong> 18.500 Megawatts, e 1985, quando passou para 54.000Megawatts, a partir <strong>de</strong> então, a construção <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> tornou-se mais difícil<strong>de</strong>vido à crise econômica e ao endividamento, assim como ao crescimento dascríticas às <strong>barragens</strong> em face dos impactos sociais e ambientais causados (DASILVA, 2002). O país ainda possui gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ampliação do sistemauma vez que segunda a ANEEL (2002) o potencial hidrelétrico brasileiro é estimadoem cerca <strong>de</strong> 260 GW, sendo que apenas 63% <strong>de</strong>sse potencial foi inventariado,conforme já mencionado.Visto esta gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência da hidroeletricida<strong>de</strong> para fornecimento <strong>de</strong>energia elétrica no país e sabendo que a geração está intrinsicamente ligada aoregime <strong>de</strong> chuvas foi necessário criar o Sistema Interligado Nacional – SIN. Segundoda Silva (2012) é um sistema <strong>de</strong> transmissão que permite otimizar e racionalizar ageração e o uso da energia elétrica no Brasil, uma vez que conecta regiões comregimes hidrológicos distintos, possibilitando a utilização da energia gerada em umaregião com exce<strong>de</strong>nte hídrico em outra que está passando por uma situação <strong>de</strong>escassez.


56A interligação cada vez mais efetiva do sistema <strong>de</strong> geração hidrelétrica reduzconsi<strong>de</strong>ravelmente os riscos <strong>de</strong> não atendimento da <strong>de</strong>manda, porém a maioria dashidrelétricas está localizada na Bacia Hidrográfica do Paraná, e com isso mais <strong>de</strong>55% da capacida<strong>de</strong> instalada está sujeita às mesmas variabilida<strong>de</strong>s climáticas, comisso a integração com outras fontes <strong>de</strong> energia e empreendimentos em diversasescalas reduz essa forte <strong>de</strong>pendência dos rios juntamente com a variabilida<strong>de</strong> doclima (FREITAS e SOITO, 2008). Teoricamente a geração termelétrica complementaa geração <strong>de</strong> energia hidrelétrica, reforçando a segurança do sistema, evitandodéficit <strong>de</strong> energia durante as secas ou para aten<strong>de</strong>r os picos <strong>de</strong> <strong>de</strong>manda. Noentanto, embora seja <strong>de</strong>sejável ter esse tipo <strong>de</strong> complementarida<strong>de</strong> na matrizelétrica, esta <strong>de</strong>ve ser implementada <strong>de</strong>ntro do planejamento setorial e não emvirtu<strong>de</strong> da dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fazer <strong>projeto</strong>s hidrelétricos (NEVES, 2009).Segundo Freitas e Soito (2008) proliferam as pequenas usinas colocadas emcórregos e quedas d’água, o aproveitamento <strong>de</strong> resíduos da biomassa, as fazendas<strong>de</strong> geração eólica nas regiões costeiras e as turbinas <strong>de</strong>rivadas da aviação,abastecidas por gás natural, e que po<strong>de</strong>m ser instaladas em prédios. O investimentoem PCH’s é muito interessante, pois possibilita que a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidroeletricida<strong>de</strong> setorne mais diversificada e espalhada, evitando a concentração <strong>de</strong> muitosaproveitamentos na mesma região.Sabendo das dificulda<strong>de</strong>s que o setor energético brasileiro enfrentou, hoje,são realizados dois planos para o planejamento do setor, elaborados em conjuntopela EPE e pelo MME, são o Plano Nacional <strong>de</strong> Energia (PNE) – 2030 e o PlanoDecenal <strong>de</strong> Expansão <strong>de</strong> Energia (PDE). O PNE possibilita uma estratégia <strong>de</strong>expansão da oferta <strong>de</strong> energia econômica e sustentável com vistas a atendimentodo crescimento da <strong>de</strong>manda. Já PDE possibilita uma visão integrada da expansãoda <strong>de</strong>manda e da oferta <strong>de</strong> diversas alternativas energéticas. Ambos servem <strong>de</strong>instrumento <strong>de</strong> planejamento para o setor energético nacional, contribuindo para o<strong>de</strong>lineamento das estratégias <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do país a serem traçadas peloGoverno Fe<strong>de</strong>ral.Segundo Tolmasquim (2008), visando o futuro do sistema elétrico brasileiroe sabendo do crescimento econômico e <strong>de</strong>mográfico, é muito importante amanutenção da participação <strong>de</strong> energias renováveis na matriz, assim como umamaior diversificação <strong>de</strong>sta matriz, aumentando a particiáção <strong>de</strong> cana-<strong>de</strong>-açucar egás natural (FIGURA 13).


57FIGURA 13 – PERSPECTIVA PARA MAIOR DIVERSIFICAÇÃO DA MATRIZ ENERGÉTICA EAUMENTO DA PARTICIÁÇÃO DA CANA-DE-AÇUCAR E DO GÁS NATURALFONTE: TOLMASQUIM (2008)Resumindo, a produção <strong>de</strong> energia elétrica brasileira atual e futura <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>fortemente da energia hidráulica e do <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>barragens</strong>. A discussão dosconceitos <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> se mostra oportuna, tanto para o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novos <strong>projeto</strong>s, quanto para a manutenção dos existentes.3.3. TIPOS DE BARRAGEMHistoricamente, as <strong>barragens</strong> têm permitido que as pessoas coletassem earmazenassem água em períodos chuvosos para que pu<strong>de</strong>ssem usá-la nosperíodos <strong>de</strong> seca, sendo assim, elas têm sido essenciais para o estabelecimento e osustento <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e fazendas, e para o abastecimento <strong>de</strong> alimentos por meio dairrigação <strong>de</strong> plantações (ICOLD – CIGB, 2008).A criação <strong>de</strong> reservatórios artificiais gerou a concepção <strong>de</strong> vários tipos <strong>de</strong><strong>barragens</strong>, que geram naturalmente <strong>de</strong>sníveis consi<strong>de</strong>ráveis <strong>de</strong> água nosaproveitamentos hidráulicos (MARQUES FILHO, no prelo). As <strong>barragens</strong> são<strong>de</strong>finidas como barreiras ou estruturas que cortam córregos, rios ou canais para


58controlar o fluxo da água, po<strong>de</strong>ndo variar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequenos maciços <strong>de</strong> terra atéenormes estruturas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> (ICOLD – CIGB, 2008). Segundo Marques Filho(2005) é necessário que continuem os estudos dos materiais e novas técnicas <strong>de</strong>construção para empreendimentos hidráulicos, pois apesar da gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>reservatórios já existentes, o aumento populacional atrelado à busca da melhoraria<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida por todos os indivíduos, assim como o aumento da procura porenergia pressionam as reservas <strong>de</strong> água para consumo humano, agropecuário eindustrial.A escolha do tipo <strong>de</strong> barragem <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>rá, principalmente, da existência <strong>de</strong>material qualificado para sua construção, dos aspectos geológicos e geotécnicos, eda conformação topográfica do local da obra. Além <strong>de</strong>sses fatores outros tambémsão <strong>de</strong> extrema importância: a disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo ou rocha com qualida<strong>de</strong> equantida<strong>de</strong>s a<strong>de</strong>quadas; a natureza das fundações; as condições climáticas quepo<strong>de</strong>m dificultar a construção <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados tipos (MME, 2007).construção.As <strong>barragens</strong> são classificadas conforme o material usado em suaAs principais soluções <strong>de</strong> barramentos a serem utilizadas nos arranjoshidráulicos po<strong>de</strong>m ser divididas em <strong>barragens</strong> com corpo executado emmateriais soltos ou em <strong>concreto</strong>, sendo que a solução final <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>avaliação técnico-econômico-ambiental consi<strong>de</strong>rando o empreendimentocomo um todo. A escolha <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> barragem em um aproveitamentohidráulico <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>, obviamente, <strong>de</strong> condicionantes <strong>de</strong> custo, prazo equalida<strong>de</strong> técnica, sendo que esta última <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da tecnologia existente,através da evolução da teoria da segurança, dos mo<strong>de</strong>los estruturais e dosprocessos construtivos (SHARMA, 1981; CREAGER et al., 1965; GRISHIN,1981; VARLET, 1972; FUSCO, 1976 apud MARQUES FILHO, 2005).As principais alternativas <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> são as <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, as em arco e as<strong>de</strong> aterro. Cabe <strong>de</strong>stacar que as <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> aterro po<strong>de</strong>m ser compostas por mais<strong>de</strong> um material e que geralmente recebem uma camada ou núcleo para evitar apercolação <strong>de</strong> água. As (FIGURAS 14, 15 e 16) mostram esses três principais tipos<strong>de</strong> <strong>barragens</strong> encontradas em todo mundo.


59FIGURA 14 – CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM EM ATERROFONTE: ICOLD-CIGB (2008)FIGURA 15 – CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM DE GRAVIDADEFONTE: ICOLD-CIGB (2008)


60FIGURA 16 – CORTE TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM EM ARCOFONTE: ICOLD-CIGB (2008)Outros tipos <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> que são utilizados: alvenaria; enrocamento comface <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>; enrocamento com face <strong>de</strong> asfalto; enrocamento com núcleo <strong>de</strong>asfalto; arcos múltiplos; arcos <strong>de</strong> dupla curvatura; gravida<strong>de</strong> aliviada; contrafortes.Para um empreendimento hidráulico, além da escolha do tipo <strong>de</strong> barragemque é importantíssima, é necessário que o local on<strong>de</strong> a obra será implantada sejamuito estudado, pois ele <strong>de</strong>sempenha papel fundamental na capacida<strong>de</strong> doempreendimento, nos impactos gerados e também na <strong>de</strong>finição do tipo <strong>de</strong> barragem(MME, 2007). Cada local escolhido para uma barragem é único, com condiçõestopográficas, geológicas e hidrológicas particulares, sendo assim nenhum local éigual a qualquer outro, a concepção <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado arranjo é uma arte,normalmente resultado <strong>de</strong> um processo iterativo, on<strong>de</strong> varias opções sãoconcebidas, dimensionadas e orçadas para chegar a melhor solução (MME, 2007).Por <strong>de</strong>finição, o melhor arranjo para um <strong>de</strong>terminado aproveitamento hidrelétrico é


61aquele que consegue posicionar todos os elementos do empreendimento <strong>de</strong>maneira a combinar a segurança requerida pelo <strong>projeto</strong> e as facilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> operaçãoe manutenção com o custo global mais baixo (MME, 2007).Como as <strong>barragens</strong> são parte crítica e essencial <strong>de</strong> nossa infraestrutura,elas <strong>de</strong>vem cumprir certos requisitos técnicos e administrativos para garantir suaoperação segura, eficaz e econômica. Segundo o ICOLD – CIGB (2008), alguns<strong>de</strong>sses requisitos são: as <strong>barragens</strong>, suas fundações e seus encontros <strong>de</strong>vem serestáveis sob todas as condições <strong>de</strong> carga (níveis dos reservatórios e terremotos); as<strong>barragens</strong> e suas fundações <strong>de</strong>vem ser suficientemente vedadas e terprocedimentos a<strong>de</strong>quados <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> percolação e vazamentos para garantir aoperação segura e para manter a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento; as <strong>barragens</strong><strong>de</strong>vem ter borda livre suficiente para evitar transbordamento <strong>de</strong> ondas e, no caso <strong>de</strong><strong>barragens</strong> <strong>de</strong> terra <strong>de</strong>vem incluir uma margem para recalque da fundação e domaciço; as <strong>barragens</strong> <strong>de</strong>vem ter capacida<strong>de</strong> suficiente <strong>de</strong> vertimento da vazão paraevitar transbordamento dos reservatórios em casos <strong>de</strong> enchentes manual <strong>de</strong>operação e manutenção; é necessária uma instrumentação a<strong>de</strong>quada paramonitoramento <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho; é preciso que haja um plano <strong>de</strong> monitoramento eobservação das <strong>barragens</strong> e <strong>de</strong>mais estruturas; é necessário um plano <strong>de</strong> açãoemergencial; importante o apoio ao meio ambiente natural; cronograma <strong>de</strong>inspeções periódicas; revisões abrangentes, avaliações e modificações, conformeseja apropriado.3.4. ANÁLISE DE RISCO E SEGURANÇA DE BARRAGENSComo já extensamente discutido neste trabalho, nesta primeira década doséculo XXI, questões como o aproveitamento dos recursos hídricos e a geração <strong>de</strong>energia afiguram-se como temas centrais do <strong>de</strong>senvolvimento das nações,evi<strong>de</strong>nciando a importância das obras <strong>de</strong> engenharia civil a elas associadas, com<strong>de</strong>staque para as <strong>barragens</strong>. Assiste-se também a uma maior sensibilização daspopulações para o risco que as <strong>barragens</strong> representam e para o impacto ambientalassociado, sendo assim um tema da socieda<strong>de</strong> em geral, para além <strong>de</strong> meramentetécnico ou econômico. As <strong>barragens</strong> são estruturas que apresentam um riscopotencial elevado, motivo pelo qual os regulamentos <strong>de</strong> segurança prescrevem


62ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acompanhamento e observação, por instrumentação, inspeção visualou ensaios específicos (BRETAS et al., 2010)Segundo Kochen (2009), as rupturas <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> quase sempreestão relacionadas com problemas na fundação, Um exemplo <strong>de</strong> gestão ina<strong>de</strong>quada<strong>de</strong> ricos geológicos/geotécnicos é o rompimento da barragem <strong>de</strong> Camará, on<strong>de</strong>segundo Kanji (2004) houve uma falha na ombreira esquerda, <strong>de</strong>vido a elevadasubpressão e baixo ângulo <strong>de</strong> atrito disponíveis, e também evi<strong>de</strong>ncia que a rupturase <strong>de</strong>u pela fundação e não pelo corpo da barragem. Esse aci<strong>de</strong>nte vitimou 5pessoas.Hoje algumas tendências do setor <strong>de</strong> barragem as quais muitas vezes sãoprejudiciais para a boa execução e operação do empreendimento po<strong>de</strong>m seranalisadas. A tendência <strong>de</strong> contratos globais, condições <strong>de</strong> contrato unilaterais,cronogramas apertados, orçamentos financeiros baixos, e uma competição leoninainstalada no país aumentam significativamente o potencial <strong>de</strong> risco, assim comogera necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> procedimentos pró-ativos <strong>de</strong> gerenciamento <strong>de</strong> riscos(MARQUES FILHO, 2012). Segundo Me<strong>de</strong>iros (2009) após a celebração do contratoé possível o uso <strong>de</strong> procedimentos técnicos e administrativos ina<strong>de</strong>quados, já que acontratação e a subcontratação são realizadas somente pelo critério <strong>de</strong> menorpreço.Tendo em vista os <strong>de</strong>sastres e as tendências apresentadas acima ficaevi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que haja um controle <strong>de</strong> riscos muito apurado paraempreendimentos hidráulicos. A segurança <strong>de</strong> uma barragem é sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>satisfazer as exigências do comportamento relativas a aspectos estruturais,hidráulicos, operacionais e ambientais, <strong>de</strong> modo a evitar a ocorrência <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntesou inci<strong>de</strong>ntes ou minorar suas consequências ao longo da vida útil (RSB, 2007 apudPINTO, 2008).A análise <strong>de</strong> risco é importante tanto para novos empreendimentos comopara as obras já existentes, pois ajudam a garantir o seu funcionamento a<strong>de</strong>quadoconforme preconizados pela Lei <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Barragem. Segundo Pinto (2008),a análise <strong>de</strong> riscos é um conjunto entre a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> acontecimentosin<strong>de</strong>sejáveis, análise das causas <strong>de</strong>sses acontecimentos e a <strong>de</strong>terminação dasrespostas das estruturas e suas respectivas consequências. O risco <strong>de</strong> <strong>barragens</strong>po<strong>de</strong> ser medido pelo Método LCI (Localização, Causa e Indicadores <strong>de</strong> falha),primeiro é feito a avaliação das potenciais consequências e suas análises e <strong>de</strong>pois a


63i<strong>de</strong>ntificação e avaliação dos modos <strong>de</strong> ruptura (PIMENTA, 2008 apud PINTO,2008). Esse risco precisa ser mensurado <strong>de</strong> alguma maneira, segundo PINTO(2008) calcula-se o índice <strong>de</strong> impacto global que é uma combinação pon<strong>de</strong>rada dopotencial <strong>de</strong> perdas <strong>de</strong> vidas humanas e perdas econômicas, cuja utilida<strong>de</strong> é acomparação com outros possíveis aci<strong>de</strong>ntes. Kochen (2009) salienta a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> que para uma analise <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong> uma barragem sempre estejam presentes aclassificação da barragem, que seja feita uma inspeção no local, que seja feita umaanálise critica <strong>de</strong> todas as etapas do <strong>projeto</strong> até <strong>de</strong> sua manutenção.Devido à gran<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> da análise <strong>de</strong> riscos e em conjunto o fato <strong>de</strong>que a maioria das <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> rompe por problemas na fundação, ouseja, problemas geológicos/geotécnicos cabe fazer um parênteses para os principaisriscos relacionados à esse tópico. Me<strong>de</strong>iros (2009) evi<strong>de</strong>ncia os principaisproblemas geotécnicos como erros <strong>de</strong> estimativas, divergências entre plantas e atopografia real, erros <strong>de</strong> estimativas <strong>de</strong> volumes e também na escolha das jazidas,dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> obtenção <strong>de</strong> agregados e ocorrência <strong>de</strong> solos moles assim comoplanos <strong>de</strong> fraquezas e/ou instabilida<strong>de</strong> na fundação das ombreiras. Sendo assim oacompanhamento dos serviços assim como a elaboração <strong>de</strong> um bom programa <strong>de</strong>investigações são fundamentais para que a barragem <strong>de</strong>senvolva seu propósito semapresentar problemas.Sabendo da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> energia para toda apopulação brasileira assim como todos os riscos envolvendo os empreendimentoshidráulicos, juntamente com a <strong>de</strong>talhada análise <strong>de</strong> riscos sempre foi necessária acriação <strong>de</strong> uma lei <strong>de</strong> segurança para que fossem garantidas a manutenção epossível necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contingencia <strong>de</strong> crise ou aci<strong>de</strong>nte.Por diversas vezes o CBDB (Comitê Brasileiro <strong>de</strong> Barragens), o IBRACON(Instituto Brasileiro do Concreto) e a ABMS (Associação Brasileira <strong>de</strong> Mecânica dosSolos e Engenharia Geotécnica) fizeram recomendações <strong>de</strong> interesse público sobrea gestão <strong>de</strong> seguranças <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> no Brasil (MARQUES FILHO, 2012). Essedocumento emitido por essas duas entida<strong>de</strong>s previam que o Governo estabeleça umPrograma Nacional <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Barragens no qual os agentes técnicos efinanceiros estejam envolvidos assim como os órgãos responsáveis pela outorga,concessão, controle e fiscalização aprimorem seus procedimentos. Além <strong>de</strong>ssassugestões também requeria que a Defesa Civil intensificasse a prevenção <strong>de</strong>inci<strong>de</strong>ntes e aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> e uma outra proposta muito importante é a <strong>de</strong>


64que as Universida<strong>de</strong>s e escolas técnicas a<strong>de</strong>quem seus programas à cultura <strong>de</strong>segurança <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> (MEDEIROS, 2009)Assim sendo foi criada em 2010 a Lei 12.334/10 que estabelece a PolíticaNacional <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Barragens (PNSB) e cria o Sistema Nacional <strong>de</strong>Informações sobre Segurança <strong>de</strong> Barragens (SNISB). Segundo se Artigo quinto afiscalização da segurança <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> caberá, sem prejuízo das açõesfiscalizatórias dos órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional do MeioAmbiente (Sisnama) (NUNES, 2011).A ANA (Agência Nacional <strong>de</strong> águas) passou a fiscalizar a segurança <strong>de</strong><strong>barragens</strong> daquelas outorgáveis por ela sendo assim os regulamentos emitidos pelaANA só tem eficácia nas <strong>barragens</strong> cuja fiscalização cabe ao órgão (NUNES, 2011).Assim sendo, foi criado um Plano <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Barragens formado por cincovolumes: Informações gerais; Planos e Procedimentos; Registros e Controle; Plano<strong>de</strong> ações <strong>de</strong> emergência; Revisões periódicas <strong>de</strong> Segurança <strong>de</strong> Barragens que sãoações para garantir a manutenção. Vale salientar que as inspeções <strong>de</strong> segurançaregular e especial terão a sua periodicida<strong>de</strong>, a qualificação da equipe responsável, oconteúdo mínimo e o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhamento <strong>de</strong>finidos pelo órgão fiscalizador emfunção da categoria <strong>de</strong> risco e do dano potencial associado à barragem.


654. BARRAGENS DE CONCRETO À GRAVIDADEA utilização do <strong>concreto</strong> como material <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong>aproveitamentos hidráulicos ocorre a mais <strong>de</strong> 120 anos, permitindo a obtenção <strong>de</strong>um banco <strong>de</strong> dados confiável sobre o comportamento <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> obra(MARQUES FILHO, 2005).Mais precisamente, em <strong>barragens</strong> sua utilização começou a se <strong>de</strong>senvolverna segunda meta<strong>de</strong> do século XX, porém os <strong>projeto</strong>s eram realizados utilizandométodos empíricos baseados em estruturas semelhantes <strong>de</strong> alvenaria e semcuidados com o controle dos materiais utilizados. No Brasil a construção <strong>de</strong><strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> se <strong>de</strong>senvolveu a partir dos anos 60, e <strong>de</strong>pois dos anos 80per<strong>de</strong>u força para outras alternativas (MARQUES FILHO, 2005)Devido à utilização do <strong>concreto</strong> em empreendimentos hidráulicos nos últimos120 anos, os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> comportamento são bem conhecidos, balizados pelainstrumentação e monitoramento <strong>de</strong> obras existentes (MARQUES FILHO e ISAIA,2011).O <strong>projeto</strong> civil das <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> é multidisciplinar, envolvendodiversas áreas: a hidrologia, a hidráulica, a mecânica das rochas e a engenharia <strong>de</strong>estruturas (GUTSTEIN, 2011).As <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> adotam cinco tipos <strong>de</strong> soluções básicas:<strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> a gravida<strong>de</strong>, a gravida<strong>de</strong> aliviada, arco-gravida<strong>de</strong>, em arco eem contrafortes. Nas <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> a gravida<strong>de</strong>, grosseiramente, as açõesgeradas pelo reservatório têm como fator estabilizante o peso próprio da estrutura,utilizando como critério <strong>de</strong> resistência as envoltórias <strong>de</strong> Mohr-Coulomb em mo<strong>de</strong>loscujo comportamento predominante po<strong>de</strong> ser caracterizado grosseiramente pelaseção transversal em balanço (MARQUES FILHO, no prelo). As <strong>barragens</strong> sãoestruturas assimétricas e tridimensionais, construídas a partir <strong>de</strong> materiaiscomplexos com proprieda<strong>de</strong>s físicas não uniformes e anisotrópicas. Isto reflete nainteracção da barragem com a sua base e na resposta aos esforços estruturais(NOVAK et al., 2004).Em todas estas soluções estão associados volumes expressivos <strong>de</strong><strong>concreto</strong>, gerando preocupações quanto a fissuração gerada pelosfenômenos termogênicos da hidratação do cimento, cujos malefícios sãopotencializados na presença da água do reservatório. Na evolução do<strong>concreto</strong> para utilização em estruturas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte surgiu o conceito <strong>de</strong><strong>concreto</strong> massa, que exige medidas para controlar a geração <strong>de</strong> calor e a


66variação <strong>de</strong> volume <strong>de</strong>corrente, a fim <strong>de</strong> minimizar a sua fissuração (CBGBet al., 1989;PACELLI DE ANDRADE et al., 1997, apud MARQUES FILHO,2005, pg. 3).Estruturas on<strong>de</strong> há altas gerações <strong>de</strong> calor estão susceptíveis a criarem umpanorama <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong>vido oscilações volumétricas, com isso fissurações po<strong>de</strong>mocorrer levando em risco a segurança da barragem assim como sua durabilida<strong>de</strong>(KEPERMAN E ISAIA, 2005).As <strong>barragens</strong> à gravida<strong>de</strong> têm sua estabilida<strong>de</strong> garantida principalmente pelosesforços <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>, ou seja, seu peso próprio (DE BARROS et al., 2011). Sendoassim o perfil <strong>de</strong> uma barragem à gravida<strong>de</strong> é essencialmente triangular, paraassegurar a estabilida<strong>de</strong> e a fim <strong>de</strong> evitar a sobrecarga da barragem ou a suafundação. Algumas <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> são suavemente curvas no plano porrazões estéticas ou por necissida<strong>de</strong>s hidráulicas ou econômicas, e sem colocarqualquer <strong>de</strong>sconfiança em sua estabilida<strong>de</strong> (NOVAK et al., 2004). Com isso,sabendo <strong>de</strong> sua complexibilida<strong>de</strong> e multidisciplinarida<strong>de</strong>, o perfil transversal <strong>de</strong>verásatisfazer a duas principais condições: as tensões atuantes <strong>de</strong>vem estar <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>limites pré-estabelecidos e proporcionar estabilida<strong>de</strong> para o corpo da barragem,suportando o <strong>de</strong>slizamento na fundação, paralelamente à essas observações <strong>de</strong>vesebuscar uma seção ótima para garantir a estabilida<strong>de</strong> e um menor gasto <strong>de</strong><strong>concreto</strong> possível (GUTSTEIN, 2011).A (FIGURA 17) apresenta uma seção transversal típica <strong>de</strong> uma barragem àgravida<strong>de</strong> e (FIGURA 18) uma seção longitudinal.Galerias <strong>de</strong> drenagemConcreto PermeávelFalhas e fraturasEmpuxoFIGURA 17 – SEÇÃO TRANSVERSAL DE UMA BARRAGEM DE CONCRETO A GRAVIDADEFONTE: MARQUES FILHO (2012)


67Juntas <strong>de</strong>contraçãoGalerias <strong>de</strong>DrenagemFIGURA 18 – VISTA DE JUSANTE DE UMA BARRAGEM DE CONCRETO A GRAVIDADEFONTE: MARQUES FILHO (2012)Algumas características das obras civis <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> são bem importantes<strong>de</strong> serem apresentadas. Há interação permanente entre <strong>projeto</strong> e métodosconstrutivos, <strong>de</strong>vendo ser utilizado com muito cuidado os equipamentos e materiais,assim como o clima também interfere bastante na construção e planejamento. Aestrutura <strong>de</strong> uma barragem é maciça, sendo assim o peso próprio e a termogênesedo <strong>concreto</strong> são bastante importantes no <strong>projeto</strong>. Pelos gran<strong>de</strong>s volumes existentes,há uma dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução, bem como <strong>de</strong>vem ser tomados cuidados com asreações <strong>de</strong>letérias. O controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> precisa ser muito rigoroso, pois, além <strong>de</strong>prazos apertados correlacionados com custo altíssimos, <strong>de</strong>ve-se focar na segurançado processo. Tal controle também é fundamental, pois em <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> osmo<strong>de</strong>los são complexos, as normas para edificações com difícil aplicação, asanálises <strong>de</strong> segurança são bastante sofisticadas assim como a geologia do localinterfere com as formas (MARQUES FILHO, 2012).Assim, uma extensa campanha <strong>de</strong> sondagens e investigações geotécnicas éfundamental na fase <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>. Devem ser executados furos, trincheiras, galerias einvestigações geofísicas, <strong>de</strong> modo a caracterizar o mais amplamente possível osubsolo e as ombreiras. As estruturas <strong>de</strong>vem ser sempre assentadas em rochascom a<strong>de</strong>quadas características mecânicas para suportar a carga vertical e conferirestabilida<strong>de</strong> contra esforços <strong>de</strong> cisalhamento e <strong>de</strong>slizamento (DE BARROS et al.,2011).


68Segundo <strong>de</strong> Barros et al. (2011) as <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> sãoclassificadas, em termos estatísticos, levando em conta suas alturas estruturais.Define-se altura estrutural como a diferença, em elevação, entre a crista dabarragem (a elevação da pista <strong>de</strong> rolamento ou do passeio, caso não exista pista) eo ponto mais baixo da fundação, excluindo-se eventuais zonas <strong>de</strong> falhas. Dessemodo, consi<strong>de</strong>ra-se o seguinte critério (U.S. Bureau of Reclamation): Barragens baixas — até 30 m <strong>de</strong> altura; Barragens médias — <strong>de</strong> 30 a 90 m <strong>de</strong> altura; Barragens aftas — acima <strong>de</strong> 90 m <strong>de</strong> altura.A escolha da solução <strong>de</strong> barramento não é nenhum pouco simples,implicando a interativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diversas áreas e análise muito criteriosa. SegundoMarques Filho (2012), a escolha envolve a mitigação dos riscos, capacida<strong>de</strong>executiva minimização da interferência ambiental, avaliação econômico-financeiraholística, levando em conta o arranjo físico geral e o cronograma <strong>de</strong> obras compossíveis antecipações <strong>de</strong> receita. Todos esses aspectos precisam ser satisfeitossimultaneamente, por isso diversos arranjos são estudos para se chegar à soluçãoi<strong>de</strong>al.A integrida<strong>de</strong> estrutural <strong>de</strong> uma barragem <strong>de</strong>ve ser mantida em toda a gama<strong>de</strong> circunstâncias ou acontecimentos que po<strong>de</strong>m surgir em serviço (NOVAK et al.,2004). O arranjo é, portanto, <strong>de</strong>terminado através da análise conjunta <strong>de</strong> todas ascondições <strong>de</strong> carregamento, e portanto, a estabilida<strong>de</strong> da barragem e fundação <strong>de</strong>veser assegurada em todas as circunstâncias (NOVAK et al., 2004).4.1. VERIFICAÇÃO DA SEGURANÇAAté meados do séc. XIX, o <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> seguia mo<strong>de</strong>los empíricosem que as secções transversais adotadas apresentavam gran<strong>de</strong> volume, pois erama seguiam a risca o principio da contenção do reservatório pela massa da barragem(BRETAS et al., 2010).


69Durante a segunda meta<strong>de</strong> do séc. XIX surgiram os primeiros trabalhoscientíficos nesta área. Os trabalhos produzidos por Sazilly, Delocre e Rankine<strong>de</strong>vem ser referidos como os mais influentes, pois foram <strong>de</strong>cisivos no<strong>de</strong>senvolvimento tecnológico, pois com base num melhor conhecimento daresistência dos materiais, das solicitações e dos mecanismos <strong>de</strong> ruptura, permitiamobter obras igualmente seguras, mas com consi<strong>de</strong>rável redução do volume <strong>de</strong>material (BRETAS et al., 2010).Com essa evolução, muitos estudos foram feitos, e juntamente com aevolução da tecnologia novas técnicas foram empregadas, sempre tentando mantera segurança da barragem, ou seja, garantindo sua estabilida<strong>de</strong> e durabilida<strong>de</strong>. Osestudos foram voltados tanto para a área dos materiais utilizados como tambémpara os métodos construtivos e técnicas para aliviar tensões na base.4.1.1. Tipos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> utilizados4.1.1.1. Concreto MassaO primeiro registro <strong>de</strong> controle tecnológico <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> foi nos EstadosUnidos da América ocorreu em 1888, na Barragem <strong>de</strong> Crystal Springs, na Califórnia.A tecnologia inicialmente incipiente, foi <strong>de</strong>senvolvida com a evolução contínua dosmateriais utilizados e o aperfeiçoamento da técnica <strong>de</strong> construção; e, também, foramsendo estudados os fenômenos <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong> do <strong>concreto</strong> e da fissuraçãotérmica (MARQUES FILHO e ISAIA, 2011).O <strong>concreto</strong> massa é <strong>de</strong>finido como aquele que ao ser aplicado à umaestrutura requer cuidados com seu comportamento térmico, para evitar que fissurassurjam <strong>de</strong>vido à esse comportamento (KUPERMAN E ISAIA, 2005). As primeirasutilizações <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> massa no Brasil datam do inicio do século XX, quando várias<strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> à gravida<strong>de</strong> foram construídas (KUPERMAN E ISAIA, 2005).A evolução da tecnologia <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> aplicada aos aproveitamentos hidráulicos tevegran<strong>de</strong> impulso a partir do final da década <strong>de</strong> 50, coincidindo com o esforço <strong>de</strong>industrialização do país. Um marco importante do <strong>de</strong>senvolvimento técnico do


70<strong>concreto</strong> massa foi a construção da Usina Hidrelétrica Ilha Solteira (MARQUESFILHO e ISAIA, 2011).A evolução da tecnologia <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> aplicada às <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> eestruturas complementares levou a diminuição contínua dos consumos <strong>de</strong> cimento,com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> dosagem e <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> efetivos.(MARQUES FILHO, 2005).A (FIGURA 19) apresenta uma vista geral da barragem <strong>de</strong> Itaipú, construídaparte em <strong>concreto</strong> massa.FIGURA 19 – USINA DE ITAIPUFONTE: ITAIPU (2013)Projetistas e construtores <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s <strong>barragens</strong> foram os primeiros areconhecer a importância da elevação da temperatura no <strong>concreto</strong> <strong>de</strong>vido ao calor<strong>de</strong> hidratação, gerando fissuras <strong>de</strong>vido à retração proveniente <strong>de</strong> seu resfriamento.(MEHTA e MONTEIRO, 2008) O aumento da temperatura é uma consequênciadireta da evolução do calor <strong>de</strong> hidratação do cimento, e essa retração é causadapelo fato do <strong>concreto</strong> ter a tendência <strong>de</strong> equiparar a sua temperatura com atemperatura ambiente, resultando em um gradiente térmico (FUNAHASHI eKUPERMAN, 2010). Essas fissuras causadas pelas tensões <strong>de</strong> tração oriundas daqueda <strong>de</strong> temperatura prejudicam tanto a capacida<strong>de</strong> estrutural quanto a


71durabilida<strong>de</strong> da estrutura, além da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer infiltrações por essasfissuras prejudicando o <strong>de</strong>sempenho da estrutura (FUNAHASHI e KUPERMAN,2010).O controle das variações volumétricas é feito através do controle datemperatura <strong>de</strong> lançamento, cura com pós-refrigeração, dosagens a<strong>de</strong>quadas,limitação da altura das camadas e <strong>de</strong> seus intervalos <strong>de</strong> lançamento, e pelodimensionamento <strong>de</strong> juntas <strong>de</strong> contração, que são complementadas por dispositivos<strong>de</strong> vedação e quando necessário chavetas ou almofadas (MARQUES FILHO, 2005).Os parâmetros básicos que influenciam no <strong>projeto</strong> e na análise <strong>de</strong>estruturas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> massa em geral são: tipo <strong>de</strong> cimento (calor <strong>de</strong>hidratação do cimento); consumo <strong>de</strong> cimento por m³ <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> (elevaçãoadiabática da temperatura do <strong>concreto</strong>); litologia do agregado (difusivida<strong>de</strong>térmica); temperatura ambiente; temperatura <strong>de</strong> lançamento do <strong>concreto</strong>fresco; geometria da estrutura <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>; altura das camadas <strong>de</strong>concretagem; intervalo <strong>de</strong> lançamento das camadas <strong>de</strong> concretagem etransmissão superficial <strong>de</strong> temperatura (tipo <strong>de</strong> cura e fôrmas)(FUNAHASHI; KUPERMAN, 2010, pg 2).Sabendo que a escolha do tipo <strong>de</strong> cimento para obras <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte será<strong>de</strong>terminada, obviamente, pela disponibilida<strong>de</strong> cotejada contra os custos <strong>de</strong>transporte, pois este tipo <strong>de</strong> empreendimento geralmente está localizado em regiõesafastadas dos gran<strong>de</strong>s centros urbanos, cabe a tentativa da busca pelo cimentodisponível com menor calor <strong>de</strong> hidratação <strong>de</strong> preferência cimentos com adição <strong>de</strong>materiais pozolânicos, pois esse, além <strong>de</strong> reduzir o calor <strong>de</strong> hidratação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong>material, melhora a trabalhabilida<strong>de</strong> e ajuda a inibir reações <strong>de</strong>letérias (MARQUESFILHO e ISAIA, 2011).Sabendo da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>concreto</strong> que respeite todas ascaracterísticas já pré-estabelecidas, é muito importante que se tome muito cuidadocom as escolhas dos constituintes <strong>de</strong>sse <strong>concreto</strong> e sua dosagem. Segundo Mehtae Monteiro (2008) através <strong>de</strong> diversos métodos é possível atingir consumos baixos<strong>de</strong> cimento, até 100 kg/m³, com isso é essencial a utilização <strong>de</strong> aditivos e adições.Geralmente, para reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água necessária, são utilizados <strong>de</strong> 4 a 8%<strong>de</strong> ar incorporado à mistura <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, assim como aditivos redutores <strong>de</strong> águaestão sendo cada vez mais utilizados, paralelamente são utilizadas pozolanas parasubstituir parcialmente o cimento e assim reduzir o calor <strong>de</strong> hidratação (MEHTA eMONTEIRO, 2008). Assim como há essa preocupação com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cimentoe as adições e aditivos utilizados, também é necessário um cuidado com os


72agregados utilizados, sendo assim busca-se a utilização da maior quantida<strong>de</strong>possível <strong>de</strong> agregados graúdos (MEHTA e MONTEIRO, 2008).O processo construtivo <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> é complexo, tendocronogramas <strong>de</strong> execução em geral superiores a um ano (MARQUES FILHO, noprelo). Cada lançamento efetuado inicia durante o processo <strong>de</strong> endurecimento o<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>amento da geração <strong>de</strong> calor pela reação <strong>de</strong> hidratação, recebendorestrições das camadas anteriores, cada uma com sua característica <strong>de</strong> resistência,módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, coeficientes <strong>de</strong> fluência que variam com o tempo; e também,gerando continuamente calor (MARQUES FILHO, 2005).Os estudos térmicos consistem em análises <strong>de</strong> temperaturas oriundas daliberação <strong>de</strong> calor gerada pela hidratação dos compostos do cimento e das tensõesgeradas pela retração térmica do <strong>concreto</strong>, basicamente divi<strong>de</strong>m-se em duasetapas: cálculo das evoluções <strong>de</strong> temperaturas do <strong>concreto</strong> e análise das tensõese/ou <strong>de</strong>formações térmicas resultantes na estrutura quando <strong>de</strong> seu resfriamento(FUNAHASHI e KUPERMAN, 2010).Na prática, os principais <strong>de</strong>safios do <strong>projeto</strong> <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> massasão a maximização da espessura das camadas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> e a minimização dotempo <strong>de</strong> lançamento entre elas, sem resultar na ocorrência <strong>de</strong> um quadrofissuratório (FUNAHASHI e KUPERMAN, 2010).A (FIGURA 20) apresenta o campo <strong>de</strong> temperaturas simulado via Métododos Elementos Finitos em seção <strong>de</strong> barragem <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> à gravida<strong>de</strong>.FIGURA 20 – MODELO DE DIMENSIONAMENTO EM FUNÇÃO DA TEMPERATURA E ANÁLISEGRÁFICA DAS VARIAÇÕES VOLUMÉTRICASFONTE: MARQUES FILHO (2012)


73Além da utilização <strong>de</strong> menos cimento, aditivos e adições especiais paratentar controlar o calor <strong>de</strong> hidratação existem técnicas tanto <strong>de</strong> pré-resfriamentocomo <strong>de</strong> pós-resfriamento, para tentar conter esse calor gerado. Essas técnicascomeçaram e serem utilizadas nas décadas <strong>de</strong> 1930 e 1940.A principal técnica <strong>de</strong> pós-resfriamento é a circulação <strong>de</strong> água fria através <strong>de</strong>tubos <strong>de</strong> aço com pare<strong>de</strong>s finas embutidos previamente no <strong>concreto</strong>, tipicamente ostubos tem 25 mm <strong>de</strong> diâmetro e 1,5 mm <strong>de</strong> espessura, o espaçamento entre ostubos e as espessuras das camadas variam para limitar a temperatura máxima à umnível projetado (MEHTA e MONTEIRO, 2008).Como medidas para o pré-resfriamento são utilizadas as seguintes técnicas:utilização <strong>de</strong> gelo como parte da água <strong>de</strong> amassamento, para limitar a temperaturado <strong>concreto</strong> fresco; o resfriamento dos agregados seja com água fria ou comnitrogênio, para da mesma forma limitar a temperatura do <strong>concreto</strong> fresco. Ocontrole da temperatura <strong>de</strong> lançamento é muito importante para evitar a fissuraçãodo <strong>concreto</strong> massa (MEHTA e MONTEIRO, 2008).Sendo assim po<strong>de</strong>mos observar que são necessários vários cuidados nautilização <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> massa, para que o mesmo apresente a trabalhabilida<strong>de</strong>a<strong>de</strong>quada e a resistência requerida tentando abrandar a geração <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>hidratação para evitar fissurações futuras.4.1.1.2. Concreto Compactado com rolo (CCR)O conceito <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> compactado com rolo causou uma gran<strong>de</strong> mudançana prática <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> massa. O processo tradicionalutilizado junto ao <strong>concreto</strong> massa é lento, e a aplicação <strong>de</strong> equipamentos <strong>de</strong>terraplanagem fez com que a construção <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> se tornasse mais rápida(MEHTA e MONTEIRO, 2008).O CCR é uma técnica construtiva, com peculiarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso intensivo <strong>de</strong>equipamentos tipicamente empregados em obras <strong>de</strong> terra/enrocamento, procurandoobter um máximo <strong>de</strong>sempenho no quesito velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lançamento, aliado acustos baixos e teores <strong>de</strong> cimento relativamente pequenos para diminuição dosefeitos das variações volumétricas <strong>de</strong> origem termogênica do <strong>concreto</strong> (MARQUESFILHO e ISAIA, 2011).


74A execução do <strong>concreto</strong> compactado com rolo aplica os processosexecutivos usualmente utilizados em obras <strong>de</strong> terra, durante as fases <strong>de</strong> colocação(com espalhamento) e compactação. O transporte geralmente é executado porcaminhões basculantes ou correias transportadoras. O espalhamento é utilizandotratores <strong>de</strong> esteiras cujas lâminas colocam o <strong>concreto</strong> na posição final e acertam aespessura para compactação. E para compactação são utilizados roloscompactadores vibratórios (MARQUES FILHO, 2005).As <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> CCR têm características gerais <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> e comportamentoestrutural muito similar aos mo<strong>de</strong>los usualmente adotados para <strong>concreto</strong>convencional, que são largamente conhecidos e estudados, tendo como base váriosprotótipos em funcionamento (MARQUES FILHO, 2005).A (FIGURA 21) apresenta a UHE Ney Braga, antiga UHE Santo Caxias, cujabarragem utiliza CCR.FIGURA 21 – UHE SALTO CAXIASFONTE: UHE MAUA (2005)A aplicação do CCR iniciou-se em pavimentos e em <strong>concreto</strong>s <strong>de</strong>regularização, com uso contínuo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a década <strong>de</strong> 20, principalmente como base<strong>de</strong> pavimentos e pistas aeroportuárias, sendo que a primeira obra <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> porte<strong>de</strong> CCR foi construída nos Estados Unidos da América, a barragem <strong>de</strong> Willow Creek,em 1982, com 52 m <strong>de</strong> altura e um volume colocado <strong>de</strong> CCR <strong>de</strong> 317.000 m 3(MARQUES FILHO e ISAIA, 2011).


75O controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do CCR envolve basicamente duas operações:inspeção e ensaios (KUPERMAN e ISAIA, 2005). Além da preocupação com asvariáveis para que tenhamos um produto final <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, o processo também<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> mão-<strong>de</strong>-obra qualificada (KUPERMAN e ISAIA, 2005).Enquanto as <strong>barragens</strong> utilizando <strong>concreto</strong> massa utilizam em geralcamadas cuja espessura variam entre 2,0 m e 2,5 m, o método construtivo utilizandoo CCR impõe valores entre 0,25 e 0,50 m, aumentando consi<strong>de</strong>ravelmente aquantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> juntas horizontais ao longo <strong>de</strong> toda a barragem, com isso énecessário um maior cuidado com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> percolação <strong>de</strong> água, assimcomo a garantia <strong>de</strong> ligação entre as camadas. Tal fato aliado à necessida<strong>de</strong> daconsistência seca trouxe muita dúvida no começo da utilização <strong>de</strong> CCR (MARQUESFILHO, 2005).As figuras 22 e 23 apresentam a construção das <strong>barragens</strong> da UHE Mauá eUHE Salto Caxias, nelas po<strong>de</strong>m-se observar o pátio <strong>de</strong> construção assim osequipamentos e processo <strong>de</strong> execução do CCR.FIGURA 22 – BARRAGEM da UHE MAUÁ NA FASE FINAL CONSTRUÇÃOFONTE: UHE MAUA (2013)Segundo Mehta e Monteiro (2008), o CCR não requer cimentos especiais,porém recomenda-se a utilização daqueles com baixo calor <strong>de</strong> hidratação. Há umaampla utilização <strong>de</strong> adições minerais que visam diminuir a temperatura assim comomelhorar a trabalhabilida<strong>de</strong>, geralmente são usados cinzas volantes, escórias epozolanas naturais, além <strong>de</strong>ssas também são utilizados aditivos incorporadores <strong>de</strong>


76ar e redutores <strong>de</strong> água. Geralmente a dimensão máxima do agregado graúdo élimitada em 38mm sendo que aqueles com dimensões superiores à 76mmraramente são utilizados, pois po<strong>de</strong>m causar problemas na compactação eespalhamento, a distribuição granulométrica é extremamente importante para oCCR, sendo a utilização <strong>de</strong> material mais fino que 75µm produz uma mistura maiscoesa (MEHTA e MONTEIRO, 2008).FIGURA 23 – PRAÇA TIPA DA BARRAGEM DE SALTO CAXIASFONTE: MARQUES FILHO (2012)É muito importante o conhecimento das proprieda<strong>de</strong>s do CCR antes do iniciodas obras, para que sejam garantidos o grau <strong>de</strong> compactação necessário assimcomo a resistência esperada, sendo assim pela peculiarida<strong>de</strong> do processo osensaios tradicionais <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> tiveram que ser adaptados ao CCR (KUPERMAN eISAIA, 2005).Segundo Marques Filho e Isaia (2011) os estudos em cima do CCR <strong>de</strong>vemser realizados nas seguintes categorias: Concreto fresco, para evitar a segregação, adaptar-se às condições climáticase possuir trabalhabilida<strong>de</strong> compatível com os equipamentos utilizados; Concreto endurecido, garantir a durabilida<strong>de</strong> da obra solicitada às condiçõesambientais durante a vida útil e apresentar proprieda<strong>de</strong>s reológicascompatíveis com os mo<strong>de</strong>los utilizados em <strong>projeto</strong>;


77Custo e disponibilida<strong>de</strong>, pois as soluções e dosagens <strong>de</strong>vem se adaptar aosmateriais disponíveis na região do aproveitamento, seu custo <strong>de</strong> produção etransporte; Controle da qualida<strong>de</strong>, a solução <strong>de</strong>verá contemplar sistema <strong>de</strong> controle egarantia da qualida<strong>de</strong> compatíveis com a responsabilida<strong>de</strong> da estrutura. Monitoramento, possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> verificar o comportamento durante a vida útilpara que seja feita uma análise <strong>de</strong> segurança e assim a durabilida<strong>de</strong> durantea vida útil seja garantida.4.1.2. Exploração do SubsoloSegundo um levantamento efetuado em 1983, para as <strong>barragens</strong> <strong>de</strong><strong>concreto</strong> e alvenaria, 75% dos casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração que ocasionaram aci<strong>de</strong>ntesocorreram na fundação. Estes casos surgem principalmente <strong>de</strong>vido à característicacíclica da subida e diminuição do nível do reservatório, que acabam por alterarprogressivamente o comportamento hidromecânico do maciço. Assim, sãonecessárias medidas para aumentar a capacida<strong>de</strong> resistente da fundação e dainterface barragem-fundação, assim como diminuir a subpressão na fundação(BRETAS et al., 2010).O material i<strong>de</strong>al da fundação <strong>de</strong> uma barragem seria aquele poucopermeável, <strong>de</strong> elevada resistência e baixa <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong>. Entretanto, nem sempreessas recomendações são possíveis (LEVIS, 2006).Devido à dificulda<strong>de</strong> em se encontrar um terreno perfeito para a instalação<strong>de</strong> uma barragem, é necessário que seja feito um estudo bastante aprofundado dosubsolo para que o dimensionamento da barragem seja feito <strong>de</strong> maneira maisprecisa. O fato <strong>de</strong> as <strong>barragens</strong> estarem dispostas sobre meios heterogêneos eanisotrópicos faz com que a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>stes cenários só seja possível a partir daobservação contínua <strong>de</strong> cada obra específica (BRETAS et al., 2010).Segundo Das (2007) para <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> fundação e obras <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>veseconhecer a estratificação real do solo no local, sendo assim para as gran<strong>de</strong>sestruturas <strong>de</strong>ve ser realizada uma exploração do subsolo.


78Todos os cenários <strong>de</strong> ruptura que envolvam aspectos relacionados com afundação <strong>de</strong>vem ser analisados com cautela, pois <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> aspectosespecíficos <strong>de</strong> cada obra e necessitam ser contextualizados com os dadosdisponíveis do local ou a serem recolhidos com este objetivo. Caso não se adoteeste procedimento a análise po<strong>de</strong> basear-se em pressupostos incorretos (BRETASet al., 2010)Um programa <strong>de</strong> exploração do subsolo po<strong>de</strong> ser dividido em quatro fases:compilação das informações existentes relacionadas à estrutura, on<strong>de</strong> sãopesquisados o tipo da estrutura à ser construída assim como seu uso, e previsões<strong>de</strong> cargas; Coleta <strong>de</strong> informações existentes para as condições <strong>de</strong> subsolo, comomapas geológicos, mapas <strong>de</strong> solos <strong>de</strong> condados, manuais <strong>de</strong> solo publicados pelos<strong>de</strong>partamentos rodoviários estaduais e relatórios já existentes <strong>de</strong> estruturaspróximas; Reconhecimento do locas da construção proposto; Investigação <strong>de</strong>talhadado local, nesta fase são realizadas várias sondagens no local assim como diversosensaios <strong>de</strong> laboratório a partir das amostras (DAS, 2007)Para isso caracterizar a rocha da fundação é realizada a testemunhagem darocha, on<strong>de</strong> testemunhos são retirados através <strong>de</strong> uma perfuração rotativa (DAS,2007).No final da exploração e amostragem é realizado um relatório <strong>de</strong> exploraçãodo solo que é preparado para se usado no <strong>projeto</strong> e assim ajudar na escolha damelhor solução <strong>de</strong> barramento possível, sempre respeitando os critérios <strong>de</strong>segurança. As seguintes informações <strong>de</strong>vem estar presentes em tal relatório:1. Escopo da investigação;2. Descrição geral da estrutura proposta;3. Condições geológicas do local;4. Detalhes da perfuração;5. Descrição das condições <strong>de</strong> subsolo, <strong>de</strong>terminadas a partir das amostras;6. Detalhes da perfuração;7. Nível do lençol freático;8. Detalhes das recomendações para fundações;9. Problemas <strong>de</strong> construções previstos;10. Limitações da investigação.


794.1.3. Conceito <strong>de</strong> SubpressãoA <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong> um local com as características i<strong>de</strong>ais para aimplementação <strong>de</strong> qualquer obra geotécnica em geral e <strong>de</strong> uma barragem emparticular, é um dos passos mais importantes em todo o processo (GAMA, 2012).O entendimento da ação da subpressão, no final do século XIX revolucionouo futuro dos tratamentos <strong>de</strong> fundações <strong>de</strong> <strong>barragens</strong>. A execução <strong>de</strong> vedações comcortinas <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> cimento, associadas com drenagem, passou a ser, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>então, <strong>de</strong> suma importância para a segurança e viabilida<strong>de</strong> econômica das obras(LEVIS, 2006). A contribuição fundamental foi dada por Lévy, cuja análise da rupturada barragem <strong>de</strong> Bouzey pôs em evidência a importância da subpressão naestabilida<strong>de</strong> global <strong>de</strong>stas estruturas (BRETAS et al., 2010)De acordo com LEVIS (2006) “A supressão po<strong>de</strong> ser entendida como oesforço exercido em uma estrutura ou em sua fundação, no sentido ascen<strong>de</strong>nte, emfunção da pressão <strong>de</strong>corrente da percolação <strong>de</strong> água através dos maciços <strong>de</strong><strong>concreto</strong>, rochoso ou <strong>de</strong> terra”.Segundo Serafim apud Marques Filho (2005) em meios porosos como arocha e o <strong>concreto</strong>, a efetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicação do esforço chega a mais <strong>de</strong> 90%, ouseja, para a <strong>de</strong>terminação numa seção qualquer da força aplicada pela pressãoneutra <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada 90% <strong>de</strong> sua área <strong>de</strong> aplicação. A subpressão atua noalívio do peso da estrutura, <strong>de</strong> forma a reduzir sua resistência ao <strong>de</strong>slizamento elevar a estrutura a uma condição menos segura (OLIVEIRA, 2008).De acordo com apud Sherard et al. (1963) apud Oliveira (2008), asubpressão po<strong>de</strong> causar dois tipos <strong>de</strong> ameaça para a segurança da barragem, oprimeiro seria o fato <strong>de</strong> que a pressão <strong>de</strong> água ao longo da fundação ten<strong>de</strong> a aliviaro peso <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> e o segundo seria a influência que a subpressão tem em relaçãoas tensões na base, pois parte da tensão é atenuada por ela.Vários critérios <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da subpressão foram estudados, sendoestes, em sua maioria, métodos empíricos. Tentativas empíricas para <strong>de</strong>senho <strong>de</strong>diagramas <strong>de</strong> subpressão não estão erradas, mas po<strong>de</strong>m ser penosas, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndoda geologia, como em fundações com alta variabilida<strong>de</strong>; além <strong>de</strong> caras econservadoras, em <strong>de</strong>terminados casos métodos probabilísticos para análise <strong>de</strong>steproblema são raros e pouco disponíveis. Portanto, há interesse em retro analisar


80dados existentes e aferir se métodos probabilísticos conseguem fornecer estimativas<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> limites <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> conhecidos (LEVIS, 2006).Segundo Guimarães (1988) apud Levis (2006) a experiência tem mostradoque a forma do diagrama <strong>de</strong> subpressão que se estabelece sob o maciço dabarragem é função direta da geometria da obra e do esquema <strong>de</strong> tratamentoadotado.Para enfrentar os problemas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> obras com reservatóriossobre espessas camadas <strong>de</strong> terra e rochas permeáveis vem sendo <strong>de</strong>senvolvidosdiversos métodos que tem possibilitado que as edificações tenham uma maiorsegurança (JARDIM, 1989).A (FIGURA 24) mostra os principais cuidados tomados no <strong>projeto</strong> <strong>de</strong>barragem à gravida<strong>de</strong> com relação à subpressão, como face <strong>de</strong> permeabilida<strong>de</strong>controlada, cortina <strong>de</strong> injeções e cortinas <strong>de</strong> drenagem.Concreto –permeabilida<strong>de</strong>controladaGaleria <strong>de</strong>drenagensCortina <strong>de</strong>DrenagemCortina <strong>de</strong>InjeçõesFIGURA 24 – SEÇÃO TÍPICA DE BARRAGEM DE CONCRETO A GRAVIDADEFONTE: MARQUES FILHO (2012)Sabendo que a permeabilida<strong>de</strong> é fundamental para os processos físico equímico <strong>de</strong> <strong>de</strong>terioração do <strong>concreto</strong> é muito importante um estudo dos fatores que


81controlam essa permeabilida<strong>de</strong> (MEHTA e MONTEIRO, 2008). Assim, segundoMarques Filho (2012), tanto a permeabilida<strong>de</strong> quanto a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> geração <strong>de</strong>pressões neutras no maciço são fundamentais para a durabilida<strong>de</strong> da estrutura.Além dos cuidados com a permeabilida<strong>de</strong> e com a fissuração, são muitoimportantes as ações para a diminuição dos <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> concretagem em obrasmaciças, cujos casos mais comuns são caminhos preferenciais <strong>de</strong> percolaçãogerados por juntas <strong>de</strong> concretagem mal preparadas, e porosida<strong>de</strong>s geradas pora<strong>de</strong>nsamento insuficiente (IBRACON 1989 apud MARQUES FILHO, 2005). MarquesFilho (2005) salienta os ensaios que preconizam a passagem <strong>de</strong> água sob pressãoem corpos-<strong>de</strong>-prova cilíndricos <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, medindo a água percolada e aplicandoa Lei <strong>de</strong> Darcy para corpos porosos.Darcy publicou uma equação (EQUAÇÃO 01) para a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>percolação <strong>de</strong> água através <strong>de</strong> solos saturados, cuja possui uma relação linear entregradiente hidráulico i e um coeficiente <strong>de</strong> condutivida<strong>de</strong> hidráulica k (DAS, 2007).(01)Para tentar limitar essa percolação <strong>de</strong> água pelo maciço rochoso a face <strong>de</strong>montante da barragem é composta por <strong>concreto</strong> menos permeável que o <strong>concreto</strong>do resto do maciço, sabendo que permeabilida<strong>de</strong> do é menor com a diminuição darelação água/cimento, o que aumentaria em tese o consumo <strong>de</strong> cimento, buscam-se<strong>concreto</strong> com utilização <strong>de</strong> aditivos, pozolanas como substituição <strong>de</strong> parte docimento Portland, utilização <strong>de</strong> fíler na forma <strong>de</strong> agregado pulverizado ou pozolanapara que evitar o calor <strong>de</strong> hidratação (MARQUES FILHO, 2005).As cortinas <strong>de</strong> impermeabilização são realizadas <strong>de</strong> modo a impedir acirculação <strong>de</strong> água sob <strong>barragens</strong> ou outras estruturas, ou apenas reduzi-la até umponto que possa ser controlada, segura e economicamente, por métodos <strong>de</strong>drenagem, tal controle é atingido através da execução <strong>de</strong> uma ou mais fiadas <strong>de</strong>furos na fundação <strong>de</strong> uma barragem, usualmente paralelos ao alinhamento dabarragem ou perpendiculares ao sentido <strong>de</strong> escoamento da água (GAMA, 2012).A cortina é então executada, preenchendo as fissuras do maciço com caldaà base <strong>de</strong> cimento ou outro material. Teoricamente, a cortina necessita apenas <strong>de</strong>ser <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada largura, sendo que em termos práticos aquela que é obtidaserá superior à necessária em algumas zonas e, possivelmente, não o suficiente emoutras, <strong>de</strong>vido à variação das condições geológicas subsuperficiais (GAMA, 2012).


82Segundo Gama (2012) a maioria das injeções é realizada com caldas à base<strong>de</strong> cimento Portland misturado com água numa misturadora <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> elevadacom razão A/C entre 5:1 a 0,5:1 (Fell et al., 2005) <strong>de</strong> modo a obter-se uma caldacapaz <strong>de</strong> penetrar os <strong>de</strong>feitos do maciço da fundação.Outra maneira <strong>de</strong> tentar limitar essa percolação e diminuir a supressão éutilização concomitantemente à cortina <strong>de</strong> injeções <strong>de</strong> cortinas <strong>de</strong> drenagem.Segundo Porto (2002) apud Levis (2006), as cortinas <strong>de</strong> drenagem sãoconstituídas <strong>de</strong> furos igualmente espaçados e dispostos logo a jusante da cortina <strong>de</strong>injeção profunda, cujo objetivo consiste em drenar as águas que fluem através domaciço e aliviar as subpressões impostas pela carga hidráulica do reservatório.Além <strong>de</strong>ssa cortina, é indispensável a presença <strong>de</strong> drenos que interceptemas fraturas capazes <strong>de</strong> conduzir água <strong>de</strong>ntro do maciço e que sua cota seja a menorpossível, pois quanto mais perto do solo esses drenos forem instalados mais será oalívio da subpressão na base da barragem (GUIMARÃES 1988 apud LEVIS, 2006).A experiência e as análises <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres evi<strong>de</strong>nciaram a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong>ssas técnicas para aliviar a subpressão e aumentar a segurança da barragem porgarantir sua estabilida<strong>de</strong>. Stharly (1966) apud Levis (2006) reafirma que em umterreno homogêneo, para escoamento em regime permanente, a distribuição dassubpressões <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente das disposições geométricas: forma da obra,situação e espaçamento dos drenos, e in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do coeficiente permeabilida<strong>de</strong>, ouseja, o terreno po<strong>de</strong>rá ser mais ou menos permeável, mas a pressão será a mesma,resultando daí que, uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> drenagem terá o mesmo efeito nas subpressõesem qualquer terreno variando apenas a vazão nos drenos. Com isso ficaevi<strong>de</strong>nciando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos estudos e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> novastecnologias para empreendimentos futuros para baratear o custo e evitar novosaci<strong>de</strong>ntes.A maioria das recomendações <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> consi<strong>de</strong>ra, a favor da segurança,que os esforços são aplicados na totalida<strong>de</strong> das seções analisadas (MASON, 1988apud MARQUES FILHO, 2005).Segundo Marques Filho (2005), o campo in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos esforços internosdas estruturas, <strong>de</strong>vendo ser consi<strong>de</strong>rado nas análises <strong>de</strong> equilíbrio interno e externo.Para efeito <strong>de</strong> análise mecânica surgem os conceitos conforme a (FIGURA 25): Tensão total, ou seja, aquela que <strong>de</strong>corrente do estudo do equilíbrio da seçãoem estudo;


83 Tensão neutra, que correspon<strong>de</strong> ao campo <strong>de</strong> tensões gerado pelapercolação, que é função única do meio poroso e das condições dos níveis <strong>de</strong>água às quais o corpo está submetido; Tensão efetiva, como aquela realmente aplicada aos pontos materiaiscomponentes da estrutura, sendo numericamente igual à diferença entretensão total e a tensão ou pressão neutra ou subpressão.FIGURA 25 – DIAGRAMAS DE TENSÕES EM BARRAGENS DE CONCRETO À GRAVIDADEFONTE: MARQUES FILHO (2005)


845. ANÁLISE DE ESTABILIDADE GLOBAL DA ESTRUTURAPara entendimento dos fenômenos envolvidos em obras hidráulicas, énecessária uma análise da seção da barragem, estudando seus principaiscomponentes assim como todos os carregamentos, juntamente dos componentes <strong>de</strong>subpressão. Além <strong>de</strong>ssa análise, outras incógnitas são levadas em consi<strong>de</strong>ração nodimensionamento <strong>de</strong> uma barragem, são elas: o efeito da reação termogênica docimento; os cuidados com a geometria da estrutura e da fundação para evitarconcentração <strong>de</strong> tensões; o efeito da fluência (MARQUES FILHO e ISAIA, 2011).Segundo (Andriolo e Sarkaria, 1995 apud Marques Filho, 2005), em obras <strong>de</strong><strong>barragens</strong> a gravida<strong>de</strong>, as resistências ao cisalhamento são <strong>de</strong>terminantes domaterial ao invés da resistência à compressão ou tração, excetuando-se assituações on<strong>de</strong> existam terremotos.Para que a segurança possa ser garantida <strong>de</strong> maneira que respeite todos oscritérios estabelecidos, como da mesma maneira, todas as parcelas relevantes parao dimensionamento possam ser levadas em consi<strong>de</strong>ração são necessários váriosestudos assim como um controle bastante rígido <strong>de</strong> todo o processo.Segundo Marques Filho (2012) na análise <strong>de</strong> segurança global a barragem éconsi<strong>de</strong>rada como corpo rígido e suas seções são consi<strong>de</strong>radas planas. Apesar dosmo<strong>de</strong>los serem complexos e <strong>de</strong> serem necessários cuidados especiais com adrenagem e a percolação, a partir <strong>de</strong> condições fictícias, mas <strong>de</strong> fácil conceituação,uma avaliação das condições gerais <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>s é possível <strong>de</strong> ser feita. Nessaanálise será verificado se a estrutura está <strong>de</strong>ntro da probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ruína aceita,para tal são consi<strong>de</strong>radas configurações <strong>de</strong> carregamento com diferentesprobabilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ocorrência e com isso a seção é analisada à flutuação, aotombamento, ao <strong>de</strong>slizamento, assim como também são analisadas as tensõesaplicadas na seção (MARQUES FILHO, 2012).


85FIGURA 26 – ESQUEMA COM OS PRINCIPAIS CARREGAMENTOSFONTE: NOVAK et al. (2004)5.1. AÇÕES ATUANTESConforme Tamashiro (2008), as principais ações atuantes em <strong>barragens</strong> <strong>de</strong>gravida<strong>de</strong> para a análise <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> global são: Peso Próprio e sobrecargas; Pressões Hidrostáticas; Subpressão e Pressões intersticiais nos poros <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>; Pressões Hidrodinâmicas; Empuxos <strong>de</strong> materiais assoreados; Forcas sísmicas.5.1.1. Peso PróprioO peso próprio <strong>de</strong> uma barragem <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> é <strong>de</strong>finido pelo produto dovolume da barragem pelo peso específico do <strong>concreto</strong> utilizado. O peso específicodo <strong>concreto</strong> massa – CCR e simples, segundo a Eletrobrás (2003), varia entre 21 e26 kN/m³ em função do agregado aplicado. Usualmente são feitas análises <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> bidimensionais, consi<strong>de</strong>rando a barragem representada por uma seção


86com largura unitária. Assim, a (EQUAÇÃO 02) apresenta o peso <strong>de</strong> uma seçãotransversal por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> comprimento.(02)on<strong>de</strong>,P: Peso Próprio da Barragem;V: Volume da estrutura, usualmente consi<strong>de</strong>rado como a área da seção típica;γ conc : peso específico do <strong>concreto</strong>.5.1.2. Pressões HidrostáticaSegundo a Eletrobrás (2003), as pressões hidrostáticas são funções linearesdos níveis <strong>de</strong> água a montante e jusante da estrutura <strong>de</strong> barramento. Sãorepresentadas através <strong>de</strong> diagramas triangulares ou trapezoidais. Para a análise <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> global das estruturas, as cargas hidrostáticas <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radascomo atuando também nas áreas <strong>de</strong> aberturas, ou seja, nestas análises, asaberturas não <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas. Devido ao seu diagrama linear, o empuxohidrostático, força resultante das cargas hidrostáticas, é aplicado a 2/3 do níveld’água. Seu valor po<strong>de</strong> ser obtido através da (EQUAÇÃO 03).(03)on<strong>de</strong>,E: Empuxo Hidrostático;H m,j : nível d’água <strong>de</strong> montante (m) ou nível da água <strong>de</strong> jusante (j);γ água : peso específico da água.B: largura da seção.5.1.3. Subpressão – Pressão Intersticiais no ConcretoA conceituação <strong>de</strong> subpressão e a importância do seu estudo numabarragem <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> é assunto abordado no item 4.1.3 do presente trabalho.A <strong>de</strong>terminação da subpressão nos <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> éusualmente feita com base em critérios internacionalmente conhecidos, como o


87critério do U. S. Army Corps of Engineers (1995) e o critério do U. S. Bureau ofReclamation (1976), bem como o critério da Eletrobrás (2003). A seguir sãoapresentados estes critérios.5.1.3.1. Eletrobrás (2003)Segundo a Eletrobrás (2003), em fundações contínuas, a subpressão <strong>de</strong>veráser admitida como atuando sobre toda a área da base, sendo na extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong>montante a subpressão igual à altura hidrostática montante (H m ), a partir do níveld’água especificado para o reservatório e na extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> jusante igual à alturahidrostática <strong>de</strong> jusante (H j ) a partir do nível d’água especificado a jusante.Conforme a Eletrobrás (2003), em caso da não existência <strong>de</strong> drenos ou <strong>de</strong>drenos inoperantes a subpressão varia linearmente entre os valores <strong>de</strong> montante ejusante, mostrados na (FIGURA 27).FIGURA 27 – SUBPRESSÃO SEM LINHA DE DRENOS OU DRENOS INOPERANTES EPRESSÕES HIDROSTÁTICASFONTE: ELETROBRÁS (2003)Na verificação <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> global nas seções <strong>de</strong> contato <strong>concreto</strong>/rochasempre que surgirem tensões <strong>de</strong> tração a montante <strong>de</strong>verá ser admitida abertura <strong>de</strong>fissura na seção. O critério da Eletrobrás (2003) orienta que no contato aberto(região on<strong>de</strong> há tensões <strong>de</strong> tração) o valor da subpressão H m <strong>de</strong>verá ser empregado


88integralmente, variando linearmente até o valor <strong>de</strong> H j conforme mostra a (FIGURA28).FIGURA 28 – SUBPRESSÃO COM ABERTURA DE FISSURA DEVIDO AO SURGIMENTO DETENSÕES DE TRAÇÃO E PRESSÕES HIDROSTÁTICASFONTE: ELETROBRÁS (2003)Para o caso em que houver uma linha <strong>de</strong> drenos operantes e que a cotainferior da galeria <strong>de</strong> drenagem estiver igual ou abaixo do nível d’água <strong>de</strong> jusante, aEletrobrás (2003) estabelece que a subpressão na linha <strong>de</strong> drenos (H dm ) será igual àaltura hidrostática correspon<strong>de</strong>nte ao nível d’água <strong>de</strong> jusante (H j ) adicionada <strong>de</strong> umterço da diferença entre as alturas hidrostáticas a montante (H m ) e a jusante (H j ). Asubpressão <strong>de</strong>verá variar linearmente até a extremida<strong>de</strong> da base a partir <strong>de</strong>steponto, conforme (EQUAÇÃO 04).(04)on<strong>de</strong>,H dm : subpressão na linha <strong>de</strong> drenagem;H m : altura hidrostática à montante;H j : altura hidrostática à jusante.Para o caso em que houver uma linha <strong>de</strong> drenos operantes e que a cotainferior da galeria <strong>de</strong> drenagem estiver acima do nível d’água <strong>de</strong> jusante, aEletrobrás (2003) estabelece que a subpressão na linha <strong>de</strong> drenos seja <strong>de</strong>terminada


89consi<strong>de</strong>rando-se h g ao invés <strong>de</strong> H j , on<strong>de</strong> h g é a dimensão compreendida entre a cotada linha <strong>de</strong> interseção dos drenos com o plano <strong>de</strong> análise e a boca dos drenos,conforme (EQUAÇÃO 05).(05)on<strong>de</strong>,H dm : subpressão na linha <strong>de</strong> drenagem;H m : altura hidrostática à montante;h g : dimensão compreendida entre a cota da linha <strong>de</strong> interseção dos drenos com oplano <strong>de</strong> análise e a boca dos drenos.Ainda é feita uma observação <strong>de</strong> que a distância da extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong>montante da estrutura até a linha <strong>de</strong> drenos para os dois casos acima não <strong>de</strong>veráser consi<strong>de</strong>rada menor do que 8% da altura hidrostática máxima <strong>de</strong> montante (a ≥0,08 H m , on<strong>de</strong> a é a distância da face <strong>de</strong> jusante a linha <strong>de</strong> drenagem, conforme(FIGURA 29).FIGURA 29 – SUBPRESSÃO COM UMA LINHA DE DRENOS OPERANTEFONTE: ELETROBRÁS (2003)Para o caso em que houver duas linhas <strong>de</strong> drenos operantes, a Eletrobrás<strong>de</strong>fine que as subpressões H d m,j serão calculadas conforme (EQUAÇÕES 06 e 07).(06)


90(07)on<strong>de</strong>,H dm : subpressão na linha <strong>de</strong> drenagem mais á montante;H dj : subpressão na linha <strong>de</strong> drenagem mais á jusante;H m : altura hidrostática à montante;H j : altura hidrostática à jusante;h g : dimensão compreendida entre a cota da linha <strong>de</strong> interseção dos drenos com oplano <strong>de</strong> análise e a boca dos drenos.A (FIGURA 29) apresenta o diagrama <strong>de</strong> subpressão com uma linha <strong>de</strong>drenos operante e a (FIGURA 30), com duas.FIGURA 30 – SUBPRESSÃO COM DUAS LINHAS DE DRENOS OPERANTESFONTE: ELETROBRÁS (2003)O critério da Eletrobrás (2003) ainda ressalta que para o cálculo <strong>de</strong>subpressões em seções <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> as consi<strong>de</strong>rações <strong>de</strong>verão ser as mesmas queas estabelecidas no contato <strong>concreto</strong>-fundação, sendo admitidos valores <strong>de</strong> tensões<strong>de</strong> tração maiores para o caso <strong>de</strong> seções <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>.


915.1.3.2. U. S. Army Corps of Engineers (1995)O U. S. Army Corps of Engineer, segundo Tamashiro (2008), estabelecediversos casos para a consi<strong>de</strong>ração da subpressão em função da presença <strong>de</strong>drenos e sua localização.Para o caso sem drenagem, a distribuição da subpressão é feita comomostrada a seguir, totalmente análogo ao preconizado pelo critério da Eletrobrás,conforme apresentado na (FIGURA 31) e (EQUAÇÃO 08).FIGURA 31 – SUBPRESSÃO SEM LINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S. ARMY CORPS OFENGINEERSFONTE: TAMASHIRO (2008)(08)on<strong>de</strong>,HX: subpressão no ponto X;H1: nível <strong>de</strong> água a montante;H2: nível <strong>de</strong> água a jusante;L: comprimento da barragem;X: distância em relação à jusante on<strong>de</strong> se preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar o valor dasubpressão;γ: peso específico da água.


92Para o caso com galeria <strong>de</strong> drenagem, on<strong>de</strong> a linha do dreno intercepta ocontato a uma distância do ponto da extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> montante da base maior que5% da altura hidrostática à montante (0,05 x H1), a subpressão na linha <strong>de</strong>drenagem será consi<strong>de</strong>rada como apresentado na (FIGURA 32) e (EQUAÇÕES 09a 11).FIGURA 32 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM COM X > 0,05 H1 – CRITÉRIO U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERSFONTE: TAMASHIRO (2008)Para X > 0,05 H1:(09)Para H4 > H2:(10)Para H4 < H2:(11)on<strong>de</strong>,


93H1: nível <strong>de</strong> água a montante;H2: nível <strong>de</strong> água a jusante;H3: subpressão na linha da galeria <strong>de</strong> drenagem;H4: altura da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação à base;L: comprimento da base da barragem;X: distância da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação a montante;E: eficiência da galeria <strong>de</strong> drenagem expressada em porcentagem (<strong>de</strong> 25 a 50%).Para o caso com galeria <strong>de</strong> drenagem, on<strong>de</strong> a interseção da linha do drenocom o contato fundação-estrutura estiver a uma distância menor ou igual a 5% daaltura hidrostática à montante (0,05 x H1) do ponto da extremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> montante dabase, a subpressão na linha <strong>de</strong> drenagem será consi<strong>de</strong>rada conforme apresenta a(FIGURA 33) e (EQUAÇÕES 12 a 14).FIGURA 33 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM COM X ≤ 0,05 H1 – CRITÉRIO U. S.ARMY CORPS OF ENGINEERSFONTE: TAMASHIRO (2008)Para X ≤ 0,05 H1:(12)


94Para H4 > H2:(13)Para H4 < H2:(14)on<strong>de</strong>,H1: nível <strong>de</strong> água a montante;H2: nível <strong>de</strong> água a jusante;H3: subpressão na linha da galeria <strong>de</strong> drenagem;H4: altura da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação à base;L: comprimento da base da barragem;X: distância da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação a montante;E: eficiência da galeria <strong>de</strong> drenagem expressada em porcentagem (<strong>de</strong> 25 a 50%).Para o caso em que aparecem tensões <strong>de</strong> tração na região a montante daestrutura, admite-se a abertura <strong>de</strong> fissura na mesma.Quando a região tracionada não se esten<strong>de</strong>r além dos drenos, a subpressãona linha dos drenos é obtida conforme apresentado na (FIGURA 34) e (EQUAÇÕES15 a 17).


95FIGURA 34 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM E ABERTURA DE FISSURA ENTREFACE MONTANTE E LINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERSFONTE: TAMASHIRO (2008)Para T ≤ X:(15)Para H4 > H2:(16)Para H4 < H2:(17)on<strong>de</strong>,H1: nível <strong>de</strong> água a montante;H2: nível <strong>de</strong> água a jusante;H3: subpressão na linha da galeria <strong>de</strong> drenagem;H4: altura da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação à base;L: comprimento da base da barragem;X: distância da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação a montante;


96E: eficiência da galeria <strong>de</strong> drenagem expressada em porcentagem (<strong>de</strong> 25 a 50%).T: comprimento da região <strong>de</strong>scolada da base.Para o caso em que a região tracionada se esten<strong>de</strong>r além da linha <strong>de</strong>drenagem, a subpressão será consi<strong>de</strong>ra plena em toda a região tracionada e variarálinearmente até o mais à jusante, conforme (FIGURA 35) e (EQUAÇÃO 18).FIGURA 35 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM E ABERTURA DE FISSURA ALÉM DALINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERSFONTE: TAMASHIRO (2008)Para T > X:(18)5.1.3.3. U. S. Bureau of Reclamation (1976)Segundo o U. S. Bureau of Reclamation (1976), estudado por Tamashiro(2008), o diagrama <strong>de</strong> subpressão é formado por trechos retilíneos que interligampontos com valores <strong>de</strong> subpressão <strong>de</strong>finidos a partir do pé <strong>de</strong> montante e jusante.


97Com a existência <strong>de</strong> galeria <strong>de</strong> drenagem, a redução da subpressão na linha dosdrenos correspon<strong>de</strong> a 2/3 (eficiência <strong>de</strong> 66,67%) da diferença dos níveis <strong>de</strong> água <strong>de</strong>montante e <strong>de</strong> jusante (FIGURA 36). Esta redução é baseada nos dados <strong>de</strong> obrasconstruídas pelo órgão e apresentada na (EQUAÇÃO 19).FIGURA 36 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM – CRITÉRIO U. S. BUREAU OFRECLAMATIONFONTE: TAMASHIRO (2008)(19)on<strong>de</strong>,H3: subpressão na linha da galeria <strong>de</strong> drenagem;H m : altura hidrostática à montante;H j : altura hidrostática à jusante.Quando do aparecimento <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong> tração a montante da seção, aconsi<strong>de</strong>ração feita por este critério é a mesma feita pelo critério do U. S. Army Corpsof Engineers (1995), admitindo-se a abertura <strong>de</strong> fissura na região, conforme(FIGURA 37) e (EQUAÇÃO 20).


98FIGURA 37 – SUBPRESSÃO COM LINHA DE DRENAGEM E ABERTURA DE FISSURA –CRITÉRIO U. S. BUREAU OF RECLAMATIONFONTE: TAMASHIRO (2008)(20)on<strong>de</strong>,H3: subpressão na linha da galeria <strong>de</strong> drenagem;H m : altura hidrostática à montante;H j : altura hidrostática à jusante;X: distância da galeria <strong>de</strong> drenagem em relação a montante;T: comprimento da região <strong>de</strong>scolada da base.5.1.4. Empuxo Devido a Presença <strong>de</strong> Material AssoreadoSegundo a Eletrobrás (2003), caso haja possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong>sedimentos junto ao pé da face <strong>de</strong> montante da barragem, <strong>de</strong>verá ser consi<strong>de</strong>radoum empuxo resultante, calculado através da formulação <strong>de</strong> Rankine, que <strong>de</strong>spreza acoesão, como apresentado na (EQUAÇÃO 21) e (FIGURA 38).


99(21)on<strong>de</strong>,Ps: força horizontal <strong>de</strong> assoreamento em kN/m;γ: peso específico do sedimento;γ água : peso específico da água;γ sub : γ - γ água ;h s : altura <strong>de</strong> cálculo;φ: Ângulo <strong>de</strong> atrito interno.FIGURA 38 – FORÇA DE EMPUXO DEVIDO A SEDIMENTOS NO PÉ DE MONTANTE DABARRAGEMFONTE: ELETROBRÁS (2003)5.1.5. Ações SísmicasSegundo Gutstein (2011), para a análise a estabilida<strong>de</strong> global <strong>de</strong> estruturassubmetidas ao sismo, é usual o emprego <strong>de</strong> métodos simplificados como a análisepseudo-estática. Nesse tipo <strong>de</strong> análise se estabelecem os esforços estáticoscapazes <strong>de</strong> simular os efeitos causados pelos movimentos sísmicos, que são osesforços hidrodinâmicos, os empuxos <strong>de</strong> terra com os efeitos do sismo quandohouver e esforços inerciais, <strong>de</strong>terminados a partir do peso próprio da estrutura.Adota-se uma aceleração sísmica característica multiplicadora da aceleração dagravida<strong>de</strong> (g), incorporando à estrutura ações características <strong>de</strong>vido ao terremoto.Segundo Gutstein, a análise quanto ao sismo, na prática, é feita da mesma formaque a adotada para a análise quanto ao sismo induzido pela ação do reservatório,consi<strong>de</strong>rando-se as acelerações <strong>de</strong>finidas nos sismos <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>.


100Conforme Gutstein (2011), o efeito sísmico consi<strong>de</strong>rado no <strong>projeto</strong> <strong>de</strong><strong>barragens</strong> brasileiras correspon<strong>de</strong> ao sismo induzido pela acomodação doreservatório. Segundo Eletrobrás (2003), para estruturas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> assente sobrefundações em rocha, <strong>de</strong>verão ser consi<strong>de</strong>rados nos cálculos <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, osesforços inerciais mínimos <strong>de</strong> 5% da aceleração da gravida<strong>de</strong> na direção horizontale 3% da aceleração da gravida<strong>de</strong> na direção vertical, aplicados no centro <strong>de</strong>gravida<strong>de</strong> da respectiva estrutura, sendo “g” o valor da aceleração da gravida<strong>de</strong> emm/s² (FIGURA 39).FIGURA 39 – FORÇAS SÍSMICAS NA BARRAGEMFONTE: ELETROBRÁS (2003)FIGURA 40 – PRESSÕES HIDRODINÂMICAS DEVIDO A AÇÕES SÍSMICASFONTE: ELETROBRÁS (2003)Segundo Gutstein (2011), o sentido das forças aplicadas ao centro <strong>de</strong>gravida<strong>de</strong> da estrutura po<strong>de</strong> variar conforme as ações atuantes e condições <strong>de</strong>


101carregamento para estruturas <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>. Gutstein (2011) aindaressalta que <strong>de</strong>mais ações <strong>de</strong>vidas a peso próprio sob o plano <strong>de</strong> análise, também<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas, aplicando-se os respectivos esforços inerciais no seucentro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>. É o caso <strong>de</strong> um eventual peso <strong>de</strong> água a jusante, que <strong>de</strong>ve sercalculado e aplicado F y e F h no centro <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> da figura geométrica querepresenta a água na região, e assim por diante, consi<strong>de</strong>rando a aceleração do<strong>projeto</strong> em análise.Para a análise da pressão <strong>de</strong> água gerada pelo fluído, outros estudostambém po<strong>de</strong>m ser feitos baseados em critérios internacionais. Entre os critériosinternacionais mais conhecidos estão as formulações <strong>de</strong> Zanger (1953) apud Davise Sorensen (1969) e U. S. Bureau of Reclamation (1987) e a <strong>de</strong> Westergaard citadaem U. S. Army Corps of Engineers (1995).5.2. CONDIÇÕES DE CARREGAMENTOO manual para Projeto <strong>de</strong> Usinas Hidrelétricas da Eletrobrás (2003) indicaquatro condições <strong>de</strong> carregamentos para a verificação da estabilida<strong>de</strong> global dasestruturas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> e cálculos das tensões: Condição <strong>de</strong> Carregamento Normal (CCN): Correspon<strong>de</strong> a todas ascombinações <strong>de</strong> ações que apresentem gran<strong>de</strong> probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrênciaao longo da vida útil da estrutura, durante a operação normal ou manutenção<strong>de</strong> rotina da obra, em condições hidrológicas normais (ELETROBRÁS, 2003). Condição <strong>de</strong> Carregamento Excepcional (CCE): Correspon<strong>de</strong> a uma situação<strong>de</strong> combinação <strong>de</strong> ações com baixa probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência ao longo davida útil da estrutura. Em geral, estas combinações consi<strong>de</strong>ram a ocorrência<strong>de</strong> somente uma ação excepcional, tais como, condições hidrológicasexcepcionais, <strong>de</strong>feitos no sistema <strong>de</strong> drenagem, manobras <strong>de</strong> caráterexcepcional, efeitos sísmicos, etc. com as <strong>de</strong>mais ações correspon<strong>de</strong>ntes acondição <strong>de</strong> carregamento normal (ELETROBRÁS, 2003). Condição <strong>de</strong> Carregamento Limite (CCL): Correspon<strong>de</strong> a uma situação <strong>de</strong>combinação <strong>de</strong> ações com muito baixa probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência ao longo


102da vida útil da estrutura. Em geral, estas combinações consi<strong>de</strong>ram aocorrência <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma ação excepcional, tais como, condiçõeshidrológicas excepcionais, <strong>de</strong>feitos no sistema <strong>de</strong> drenagem, manobras <strong>de</strong>caráter excepcional, efeitos sísmicos, etc. com as <strong>de</strong>mais açõescorrespon<strong>de</strong>ntes a condição <strong>de</strong> carregamento normal (ELETROBRÁS, 2003). Condição <strong>de</strong> Carregamento <strong>de</strong> Construção (CCC): Correspon<strong>de</strong> a todas ascombinações <strong>de</strong> ações que apresentem probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência durantea execução da obra. Po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>vidas a carregamentos <strong>de</strong> equipamentos<strong>de</strong> construção, a estruturas executadas apenas parcialmente, carregamentosanormais durante o transporte <strong>de</strong> equipamentos permanentes, e quaisqueroutras condições semelhantes, e ocorrem durante períodos curtos em relaçãoà sua vida útil (ELETROBRÁS, 2003).Segundo Gutstein (2011), para casos <strong>de</strong> carregamentos <strong>de</strong> <strong>barragens</strong>localizadas em regiões sísmicas são abordados critérios internacionais como oscritérios <strong>de</strong> U. S. Army Corps of Engineers (1995) e <strong>de</strong> U. S. Bureau of Reclamation(1976).O critério <strong>de</strong> U. S. Army Corps of Engineers (1995) inclui nas condiçõesbásicas <strong>de</strong> carregamento aquelas que consi<strong>de</strong>ram os efeitos sísmicos que<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m da magnitu<strong>de</strong> do terremoto e o momento no qual o mesmo é aplicado naestrutura (GUTSTEIN, 2011), apresentados nas (FIGURAS 41 a 43).As condições <strong>de</strong> carregamentos para verificação quanto aos sismossegundo o U. S. Army Corps of Engineers (USACE) são: Condição limite (Extreme loading condition – N° 4 do USACE) – caso <strong>de</strong>construção com a consi<strong>de</strong>ração do sismo básico <strong>de</strong> operação (operation basicearthquake - OBE); (GUTSTEIN, 2011).


103FIGURA 41 – CASO DE CARREGAMENTO Nº 4 – CONDIÇÃO LIMITE - U. S. ARMY CORPS OFENGINEERSFONTE: U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995) Condição excepcional (Unusual loading condition – N° 5 do USACE) – níveis<strong>de</strong> água normal <strong>de</strong> operação com o sismo básico <strong>de</strong> operação (OBE);(GUTSTEIN, 2011).FIGURA 42 – CASO DE CARREGAMENTO Nº 5 – CONDIÇÃO EXCEPCIONAL - U. S. ARMYCORPS OF ENGINEERSFONTE: U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995) Condição limite (Extreme loading condition – N° 6 do USACE) - níveis <strong>de</strong>água normal <strong>de</strong> operação com o sismo máximo possível (maximum credibleearthquake - MCE). (GUTSTEIN, 2011).


104FIGURA 43 – CASO DE CARREGAMENTO Nº 6 – CONDIÇÃO LIMITE - U. S. ARMY CORPS OFENGINEERS (1995)FONTE: U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995)As <strong>de</strong>mais condições <strong>de</strong> carregamentos apresentadas no critério <strong>de</strong> U. S.Army Corps of Engineers (1995) são condições que se equivalem com asapresentadas pela Eletrobrás (2003).Os casos <strong>de</strong> carregamentos adotados por U. S. Bureau of Reclamation(1976) são: Caso Normal (Usual): analisam-se as condições equivalentes ao Caso <strong>de</strong>Carregamento Normal (CCN) exposto anteriormente com os efeitos do sismomáximo possível (maximum credible earthquake – MCE); Caso Excepcional (Unusual): analisam-se os níveis d’água máximomaximorum <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> e <strong>de</strong>mais ações conjuntas com os efeitos do sismomáximo possível (maximum credible earthquake – MCE); Caso Limite (Extreme): analisam-se a combinação <strong>de</strong> uma cheia normal <strong>de</strong><strong>projeto</strong> e <strong>de</strong>mais ações correspon<strong>de</strong>ntes com os efeitos do sismo máximopossível (maximum credible earthquake – MCE).No manual <strong>de</strong> pequenas <strong>barragens</strong> – U. S. Bureau of Reclamation (1987) éfeito um <strong>de</strong>talhamento maior para critérios <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> quando a consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>terremotos, on<strong>de</strong> três níveis <strong>de</strong> carregamentos <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados: sismo


105básico <strong>de</strong> operação (OBE - operating basis earthquake), sismo básico <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>(DBE – <strong>de</strong>sign basis earthquake) e sismo máximo possível (MCE – maximumcredible earthquake). Segundo Gutstein (2011), no sismo básico <strong>de</strong> operação aestrutura suporta o evento e permanece operando; no sismo básico <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> aestrutura suporta o terremoto com danos que sejam reparáveis, exceto para aquelasestruturas, sistemas e componentes que são importantes para a segurança, que<strong>de</strong>vem permanecer operáveis. As estruturas que são vitais para garantir a retençãoou liberação do reservatório <strong>de</strong>vem ser dimensionadas para o carregamento <strong>de</strong>vidoao sismo máximo possível (MCE). Neste caso as estruturas <strong>de</strong>vem funcionar sempermitir uma liberação repentina e <strong>de</strong>scontrolada do reservatório ou prever umesvaziamento controlado do reservatório.Segundo Gutstein (2011), para os terremotos indicados no U. S. Bureau ofReclamation (1987), o sismo básico <strong>de</strong> operação tem uma expectativa <strong>de</strong> ocorreruma vez a cada 25 anos durante a operação da usina, o sismo básico <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>uma vez em 200 anos e para o sismo máximo possível não há uma preocupaçãocom a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrência e somente com relação a sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ocorrer <strong>de</strong>vido às análises geológicas e sismológicas.Gutstein (2011) sugere no seu estudo que também sejam avaliados casos<strong>de</strong> carregamentos consi<strong>de</strong>rando drenos inoperantes e outras combinações que sejulguem necessárias para cada caso particular.5.3. VERIFICAÇÕES DE ESTABILIDADE GLOBALAs verificações <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> global das estruturas <strong>de</strong> <strong>concreto</strong>, bem comoda barragem, são abordadas no capítulo 7 da publicação “Critérios <strong>de</strong> Projeto Civil<strong>de</strong> Usinas Hidrelétricas – Eletrobrás”, <strong>de</strong> Outubro <strong>de</strong> 2003. Conforme consta nestapublicação, para tais verificações admitimos a estrutura como um corpo rígido. Asverificações são feitas no sentido <strong>de</strong> avaliar a movimentação <strong>de</strong>ste corpo rígido.As hipóteses adotadas como diretrizes básicas segundo o manual daEletrobrás (2003) são: Deve-se consi<strong>de</strong>rar as tensões naturais <strong>de</strong> confinamento pré-existente e aspressões <strong>de</strong> água do subsolo quando tratar-se <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>envolvendo massas <strong>de</strong> rocha (ELETROBRÁS, 2003);


106 Deve-se consi<strong>de</strong>rar os resultados <strong>de</strong> investigações geológicas egeomecânicas (ELETROBRÁS, 2003); Deve-se consi<strong>de</strong>rar as conformações topográficas do local, principalmente naregião das ombreiras (ELETROBRÁS, 2003); Deve-se consi<strong>de</strong>rar os efeitos <strong>de</strong> subpressão, conforme critérios jáestabelecidos anteriormente, sob e no corpo das estruturas e em massas <strong>de</strong>rocha (ELETROBRÁS, 2003); Deve-se consi<strong>de</strong>rar, caso represente a condição mais severa, o carregamento<strong>de</strong>vido a pressão intersticial (ELETROBRÁS, 2003); As cargas aci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong> <strong>projeto</strong> (exceto cargas <strong>de</strong> equipamentopermanentemente fixo) <strong>de</strong>vem ser completamente <strong>de</strong>sprezadas em análise<strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, sempre que as forças verticais atuarem como fatores <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> (ELETROBRÁS, 2003).Para tais verificações, são adotados tanto critérios <strong>de</strong>ssa publicação comocritérios internacionais.A seguir são apresentadas as diretrizes básicas para as verificações <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong> global da estrutura segundo critérios da Eletrobrás (2003), U. S. ArmyCorps of Engineers (1995) e U. S. Bureau of Reclamation (1976).5.3.1. Segurança à FlutuaçãoO manual da Eletrobrás <strong>de</strong> 2003 <strong>de</strong>fine um “Fator <strong>de</strong> Segurança aFlutuação”, que é a relação entre o somatório das forças gravitacionais e osomatório das forças <strong>de</strong> subpressão, dado pela (EQUAÇÃO 22).(22)on<strong>de</strong>,FSF: Fator <strong>de</strong> segurança à flutuação;∑V: Somatório das forças gravitacionais;∑U: Somatório das forças <strong>de</strong> subpressão.


107O critério da Eletrobrás ainda estabelece que <strong>de</strong>verão serem <strong>de</strong>sprezadasquaisquer contribuições favoráveis <strong>de</strong>vidas à coesão e ao atrito entre blocos ouentre a estrutura e a fundação. As forças verticais <strong>de</strong>verão incluir as cargaspermanentes mínimas das estruturas, o peso próprio <strong>de</strong> equipamentospermanentes, se instalados, e <strong>de</strong> lastros (água ou aterro) e sistemas <strong>de</strong> ancoragem,se utilizados durante <strong>de</strong>terminados estágios da construção. Todas as cargasaci<strong>de</strong>ntais <strong>de</strong>verão ser ignoradas nas verificações <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>.Os critérios do U. S. Army Corps of Engineers (1995) estabelece um fator <strong>de</strong>segurança à flutuação (calculado do mesmo modo que o estabelecido pelos critériosda Eletrobrás. Já na publicação do U. S. Bureau of Reclamation (1976), não éconsi<strong>de</strong>rada nenhuma verificação quanto à flutuação.Os fatores <strong>de</strong> segurança mínimos para os casos <strong>de</strong> carregamentosapresentados nos critérios da Eletrobrás (2003) e do U. S. Army Corps of Engineers(1995) são mostrados na (QUADRO 7).Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaEletrobrásCasos <strong>de</strong> CarregamentoNormal Excepcional Limite ConstruçãoFSF 1,3 1,1 1,1 1,2Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaU. S. Army Corps of EngineersCasos <strong>de</strong> CarregamentoUsual Não Usual ExtremoFSF 1,3 1,2 1,1QUADRO 7 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADE ÀFLUTUAÇÃOFONTE: OS AUTORES5.3.2. Segurança ao TombamentoA segurança ao tombamento é calculada segundo a Eletrobrás (2003)consi<strong>de</strong>rando o “Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento”. O “Fator <strong>de</strong> Segurança aoTombamento” é a relação entre o momento estabilizante (<strong>de</strong>vido ao peso próprio daestrutura, as cargas permanentes mínimas e o peso próprio dos equipamentos


108permanentes, se instalados) e o momento <strong>de</strong> tombamento (<strong>de</strong>vido a atuação <strong>de</strong>cargas <strong>de</strong>sestabilizantes, tais como, pressão hidrostática, subpressão, empuxos <strong>de</strong>terra, etc.) em relação a um ponto ou uma linha efetiva <strong>de</strong> rotação, calculado pela(EQUAÇÃO 23).(23)on<strong>de</strong>,FST: Fator <strong>de</strong> segurança ao tombamento.∑M e : Somatório dos momentos estabilizantes atuantes sobre a estrutura.(ELETROBRÁS, 2003);∑M t : Somatório dos momentos <strong>de</strong> tombamento. Deverão ser <strong>de</strong>sprezados os efeitosestabilizantes <strong>de</strong> coesão e <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong>spertados nas superfícies em contato com afundação. (ELETROBRÁS, 2003).Segundo Marques Filho (2005), em estruturas usuais <strong>de</strong> <strong>barragens</strong>,consi<strong>de</strong>ra-se como ponto natural <strong>de</strong> rotação o seu pé <strong>de</strong> jusante. Marques Filho(2005) ainda ressalta que a situação é fictícia, pois antes <strong>de</strong> qualquer movimento astensões induzidas levariam a ruptura do material.O U. S. Army Corps of Engineers (1995) propõe um critério <strong>de</strong> avaliação quepo<strong>de</strong> ser utilizado complementarmente ao critério da Eletrobrás (2003). Aestabilida<strong>de</strong> ao tombamento para este critério é assegurada conforme oposicionamento da força resultante na base (e b ) no plano potencial <strong>de</strong> ruptura, paracada caso <strong>de</strong> carregamento, por meio da (EQUAÇÃO 24).(24)on<strong>de</strong>,e b : distância da força resultante na base até o ponto <strong>de</strong> tombamento T;∑M t : somatório <strong>de</strong> momentos fletores das forças normais atuantes em relação aoponto <strong>de</strong> tombamento T;∑N i : somatório <strong>de</strong> forças normais efetivas ao plano X e Y.Os (QUADROS 8 E 9) mostram respectivamente os valores mínimos para ocritério da Eletrobrás (2003) e a posição da resultante na base que assegura aestabilida<strong>de</strong>s pelo critério do U. S. Army Corps of Engineers (1995).


109Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaEletrobrásCasos <strong>de</strong> CarregamentoNormal Excepcional Limite ConstruçãoFST 1,5 1,2 1,1 1,3QUADRO 8 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADE AOTOMBAMENTO - ELETROBRÁSFONTE: OS AUTORESCasos <strong>de</strong>CarregamentoUsualNão UsualExtremoLocalização da força resultante na base1/3 médio1/2 médioNa baseQUADRO 9 – LOCALIZAÇÃO DA FORÇA RESULTANTE NA BASE – U. S. ARMY CORPS OFENGINEERSFONTE: OS AUTORES5.3.3. Segurança ao DeslizamentoConforme Proença (2004), para a verificação da estabilida<strong>de</strong> das estruturasao <strong>de</strong>slizamento (escorregamento), selecionam-se superfícies <strong>de</strong> ruptura possíveis,incluindo os planos <strong>de</strong> menor resistência ou submetidos à tensões críticas naestrutura, na fundação e no contato estrutura-fundação, sobre as quais a estruturapossa sofrer movimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento como corpo rígido, conforme (FIGURAS 44a 46). <strong>de</strong>slizamento na estrutura:FIGURA 44 – DESLIZAMENTO NA ESTRUTURAFONTE: OS AUTORES


110 <strong>de</strong>slizamento no contato estrutura/fundação:FIGURA 45 – DESLIZAMENTO NO CONTATO ESTRUTURA-FUNDAÇÃOFONTE: OS AUTORES <strong>de</strong>slizamento na fundação:FIGURA 46 – DESLIZAMENTO NA FUNDAÇÃOFONTE: OS AUTORESA análise <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento adotada pelo Manual da Eletrobrás(2003) é uma verificação entre as tensões cisalhantes resistentes e tensõescisalhantes atuantes no plano potencial <strong>de</strong> ruptura. Segundo Gutstein (2011), astensões cisalhantes atuantes são <strong>de</strong>terminadas a partir das forças gravitacionais,subpressões e <strong>de</strong> empuxos atuantes e as tensões cisalhantes resistentes são<strong>de</strong>terminadas a partir do critério <strong>de</strong> ruptura <strong>de</strong> Mohr-Coulomb que é um mo<strong>de</strong>lomatemático que <strong>de</strong>screve, <strong>de</strong> forma simplificada, a resposta às solicitações <strong>de</strong>


111materiais <strong>de</strong> ruptura frágil como o <strong>concreto</strong>, solos e rochas, que possuem umaresistência à compressão muito superior à sua resistência à tração.Segundo Proença (2004), uma representação que serve para compreen<strong>de</strong>rmelhor as combinações <strong>de</strong> solicitações que levam à ruptura local <strong>de</strong> certo materialresulta da construção, num sistema <strong>de</strong> eixos (σ, τ), dos círculos <strong>de</strong> Mohr máximos<strong>de</strong> tensões principais. Os círculos correspon<strong>de</strong>m a diversas situações <strong>de</strong>solicitações limites, realizadas em laboratório, variando <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a tração e acompressão simples até os estados duplos e triplos.Tomando-se uma linearização por partes da envoltória, nota-se que aresposta do material muda <strong>de</strong> acordo com o regime e a intensida<strong>de</strong> das tensões(FIGURA 47). Nessas mudanças, algumas características distintas típicas dosmateriais dúcteis e frágeis po<strong>de</strong>m ser i<strong>de</strong>ntificadas, e a partir <strong>de</strong>ssa análise resultamsugestões mais simples <strong>de</strong> resistência. (PROENÇA, 2004).Na envoltória linearizada, distinguem-se três trechos: no trecho I a ruptura é governada pela resistência à tração pura. Um critériobaseado somente nesta condição po<strong>de</strong>ria ser aplicado a materiais frágeis nãoresistentes à tração (PROENÇA, 2004); no trecho II a ruptura é governada pela combinação, linear, das tensões <strong>de</strong>cisalhamento e normal, o que se observa em materiais granulares como o<strong>concreto</strong>, por exemplo (PROENÇA, 2004); no trecho III observa-se que não há influência <strong>de</strong> estados hidrostáticos sobrea ruptura, sendo a mesma governada pelo cisalhamento máximo, ou a semidiferençaentre as tensões principais. Um critério com essas característicasaplica-se aos materiais dúcteis (PROENÇA, 2004).


112FIGURA 47 – ENVOLTÓRIA LINEARIZADA DOS CÍRCULOS DE MOHRFONTE: OS AUTORESConforme Gustein (2011), a teoria <strong>de</strong> Mohr-Coulomb une a teoria <strong>de</strong> rupturaCoulomb com a do círculo <strong>de</strong> Mohr e permite <strong>de</strong>terminar uma envoltória <strong>de</strong>resistências para um material. Essa envoltória é baseada nos parâmetros <strong>de</strong> atrito e<strong>de</strong> coesão para diferentes níveis <strong>de</strong> pares <strong>de</strong> tensão normal (σ) e cisalhante (τ) <strong>de</strong>ruptura (FIGURA 47).O critério <strong>de</strong> Mohr-Coulomb <strong>de</strong>riva da adoção do trecho II da envoltória <strong>de</strong>Mohr linearizada (FIGURA 47) como limitante <strong>de</strong> estados <strong>de</strong> tensão admissíveis.Portanto, a combinação das tensões normal e <strong>de</strong> cisalhamento é a responsável pelaruptura (PROENÇA, 2004).


113FIGURA 48 – ENVOLTÓRIA DE RESISTÊNCIAFONTE: ROCHA (1981, CITADO POR GUTSTEIN, 2011)Na (FIGURA 48) é mostrado como se obtém os parâmetros <strong>de</strong> coesão e <strong>de</strong>atrito para um dado nível <strong>de</strong> tensões normais (<strong>de</strong> σ 1 a σ 2 ) que seja <strong>de</strong>interesse para o material em análise, consi<strong>de</strong>rando-se que a curva τ x σcorrespon<strong>de</strong> a envoltória <strong>de</strong> resistências para um dado material. Essaenvoltória é obtida a partir <strong>de</strong> ensaios <strong>de</strong> laboratório e/ou <strong>de</strong> campo,obtendo-se tensões cisalhantes <strong>de</strong> ruptura para diferentes níveis <strong>de</strong> tensõesnormais. A equação <strong>de</strong> Coulomb é obtida a partir da envoltória <strong>de</strong> ruptura<strong>de</strong> τ x σ, para a reta pontilhada da (FIGURA 44), em função do atrito (φ) eda coesão (c). (GUTSTEIN, 2011, p. 89).Deve-se notar que a (FIGURA 48) apresenta os esforços <strong>de</strong> compressãocom valores positivos.on<strong>de</strong>,A equação <strong>de</strong> Coulomb po<strong>de</strong> ser escrita conforme (EQUAÇÃO 25).τ: Tensão cisalhante;c: Coesão;σ: Tensão normal;φ: Ângulo <strong>de</strong> atrito interno.(25)


114Conforme a Eletrobrás (2003), as análises dos fatores <strong>de</strong> segurança contra o<strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong>verão incluir a coesão na resistência ao cisalhamento dos materiaisrochosos, ou no contato <strong>concreto</strong>-rocha, a menos que as investigações oucondições existentes no campo indiquem o contrário. Devem-se utilizar como valoresbásicos, os parâmetros geomecânicos extraídos dos resultados <strong>de</strong> investigações eensaios preliminares po<strong>de</strong>ndo se adotar nas fases iniciais <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>, como valores<strong>de</strong> coesão e do ângulo <strong>de</strong> atrito para o maciço <strong>de</strong> fundação e seus planos <strong>de</strong><strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>, aqueles já adotados em outras obras com materiais similares.Em trechos interceptados por uma superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento on<strong>de</strong> osparâmetros geomecânicos (atrito e coesão) são diferentes, a segurança ao<strong>de</strong>slizamento da estrutura <strong>de</strong>ve ser calculada para cada trecho, admitindo-se que háruptura <strong>de</strong> cisalhamento nos trechos on<strong>de</strong> o coeficiente <strong>de</strong> segurança necessárionão é alcançado. Segundo a Eletrobrás (2003), nesse caso <strong>de</strong>ve-se recalcular otrecho admitindo-se que o mesmo não tenha resistência <strong>de</strong> coesão (c = 0), e queseu ângulo <strong>de</strong> atrito seja o correspon<strong>de</strong>nte à condição residual (pós-ruptura). Oexcesso <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> cisalhamento não absorvido pelo trecho <strong>de</strong>ve ser transferidoàs partes remanescentes da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, recalculando-se asegurança ao <strong>de</strong>slizamento para cada trecho sucessivamente até que os critériossejam satisfeitos ou se verifique a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se introduzir modificações noconjunto estrutura-fundação. O manual da Eletrobrás (2003) ainda indica que <strong>de</strong>veráser sempre verificada a compatibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações entre os diferentesmateriais, conforme o nível <strong>de</strong> solicitação atingido.O manual da Eletrobrás (2003) consi<strong>de</strong>ra para o cálculo do Fator <strong>de</strong>Segurança ao Deslizamento duas fórmulas. A primeira (EQUAÇÃO 26) <strong>de</strong>verá sersatisfeita em caso <strong>de</strong> fundação em material com coesão, e a segunda (EQUAÇÃO27) <strong>de</strong>verá ser satisfeita em casos com fundação em material sem coesão.(26)(27)on<strong>de</strong>,FSD: Fator <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento;FSD φ : Fator <strong>de</strong> redução da resistência ao atrito;


115FSD c : Fator <strong>de</strong> redução da resistência à coesão;∑N i : Somatório das forças normais à superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, em análise;φ i: Ângulo <strong>de</strong> atrito característico da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, em análise;c i : Coesão característica ao longo da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento;A i : Área efetiva comprimida da estrutura no plano em análise;∑T i : Somatório das forças paralelas à superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento.Os valores característicos serão <strong>de</strong>finidos para cada caso particular e <strong>de</strong>forma a<strong>de</strong>quada para cada estrutura sob análise. O (QUADRO 10) apresenta osvalores <strong>de</strong> FSD φ e FSD c . Nos casos em que o conhecimento dos parâmetros <strong>de</strong>resistência dos materiais é precário ou <strong>de</strong> parâmetros muito variáveis, o critérioEletrobrás (2003) recomenda adotar os valores entre parênteses.Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaEletrobrásCasos <strong>de</strong> CarregamentoNormal Excepcional Limite ConstruçãoFSD c 3,0 (4,0) 1,5 (2,0) 1,3 (2,0) 2,0 (2,5)FSD φ 1,5 (2,0) 1,1 (1,3) 1,1 (1,3) 1,3 (1,5)QUADRO 10 – FATORES DE REDUÇÃO PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADE AOESCORREGAMENTO - ELETROBRÁSFONTE: OS AUTORESOs critérios <strong>de</strong> U. S. Army Corps of Engineers (1995), assim como os daEletrobrás (2003), são baseados no critério <strong>de</strong> Mohr-Coulomb, on<strong>de</strong> a metodologia<strong>de</strong> análise ao <strong>de</strong>slizamento é feita pelo método <strong>de</strong> equilíbrio limite.Segundo Chen (1975, citado por Gutstein, 2011) o sucesso do emprego dométodo <strong>de</strong> equilíbrio limite esta relacionado à escolha da superfície <strong>de</strong> ruptura comosendo a crítica. Se essa superfície não for a crítica, então o fator <strong>de</strong> segurança não éo mínimo possível para a estrutura em análise e não é a solução por equilíbrio limite.A solução por equilíbrio limite é encontrada quando a superfície potencial <strong>de</strong> rupturacrítica foi encontrada e assim o menor fator <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento foi obtido.Segundo Jansen (1988, citado por Gutstein, 2011), o método do equilíbrio limitepassou a ser adotado pelo U. S. Army Corps of Engineers a partir <strong>de</strong> 1981. Emtermos <strong>de</strong> tensões este método permite o cálculo do Coeficiente <strong>de</strong> Segurança aoDeslizamento (FS) pela (EQUAÇÃO 28).


116(28)on<strong>de</strong>:τ, τ r : Tensão <strong>de</strong> cisalhamento atuante e resistente, respectivamente, na superfície <strong>de</strong>escorregamento;(σ z – U): Tensão normal (vertical para planos horizontais) efetiva atuante nasuperfície <strong>de</strong> escorregamento (<strong>de</strong> compressão apenas);φ: Ângulo <strong>de</strong> atrito da superfície <strong>de</strong> escorregamento em análise;c: Coesão ao longo da superfície <strong>de</strong> escorregamento.Jansen (1988, citado por Gutstein, 2011) apresenta também comparaçõesentre os métodos <strong>de</strong> equilíbrio limite e o método <strong>de</strong> shear-friction (U. S. Bureau ofReclamation, 1976) para planos inclinados, bem como para planos múltiplos <strong>de</strong>ruptura.Segundo Gutstein (2011), para o caso <strong>de</strong> fundação rígida e superfície <strong>de</strong>escorregamento horizontal, o uso da (EQUAÇÃO 28) seria equivalente ao da(EQUAÇÃO 26), usando-se um coeficiente global FS. Neste caso a soluçãocalculada pela (EQUAÇÃO 28) correspon<strong>de</strong> a uma solução <strong>de</strong> equilíbrio limitesempre que a superfície potencial <strong>de</strong> ruptura adotada for a crítica para o caso emanálise. Entretanto, mesmo para superfície horizontal as (EQUAÇÕES 26 e 28)fornecem resultados diferentes para casos <strong>de</strong> maciços <strong>de</strong>formáveis, quando ocálculo das tensões consi<strong>de</strong>rar a <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> da fundação. A <strong>de</strong>formabilida<strong>de</strong> dafundação po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada por meio <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lagem computacional pelo Métododos Elementos Finitos, assunto que não será abordado no presente trabalho.O (QUADRO 11) apresenta os valores mínimos para FS segundo o critériodo U. S. Army Corps of Engineers (1995).Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaU. S. Army Corps of EngineersCasos <strong>de</strong> CarregamentoUsual Não Usual ExtremoFS 2,0 1,7 1,3QUADRO 11 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADEAO ESCORREGAMENTO - U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERSFONTE: OS AUTORES


117O U. S. Bureau of Reclamation (1976) <strong>de</strong>fine um critério <strong>de</strong> verificação ao<strong>de</strong>slizamento um pouco diferente do abordado pelo U. S. Army Corps of Engineers(1995), mas que equivale a adotar a (EQUAÇÃO 26), que <strong>de</strong>ve ser atendida, on<strong>de</strong>FSD passa a ser um coeficiente <strong>de</strong> segurança global, ou seja, sem a redução parcialda resistência ao atrito e coesão (FSD φ =FSD c =1). Assim o Fator <strong>de</strong> Segurança aoDeslizamento (shear friction safety factor - SFF) passa a ser igual a FSD naexpressão, para estas condições. Este critério <strong>de</strong>fine os fatores <strong>de</strong> segurançaglobais (SFF) mínimos para superfícies <strong>de</strong> ruptura no contato <strong>concreto</strong>-rochadiferentes <strong>de</strong> superfícies <strong>de</strong> ruptura na fundação, conforme apresentados no(QUADRO 12).Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaSFF (contato<strong>concreto</strong>-rocha)U. S. Bureau of ReclamationCasos <strong>de</strong> CarregamentoNormal Excepcional Limite3,0 2,0 1,0SFF (fundação) 4,0 2,7 1,3QUADRO 12 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DE ESTABILIDADEAO ESCORREGAMENTO - U. S. BUREAU OF RECLAMATIONFONTE: OS AUTORES5.3.4. Avaliação das tensõesEm <strong>barragens</strong> baixas ou <strong>de</strong> média altura, sobre maciços rígidos, as tensõesnormais verticais po<strong>de</strong>m ser calculadas pelo método <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> (JANSEN,1988 eGRISHIN,1982 citado por GUSTEIN 2011).Segundo Tamashiro (2008), o método <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> adota a teoria clássica<strong>de</strong> flexão composta da Resistência dos Materiais, admitindo uma distribuição linear<strong>de</strong> tensões normais na seção transversal da barragem consi<strong>de</strong>rando-a um corporígido monolítico.Deste modo, as tensões máximas na base ou ao longo <strong>de</strong> juntas <strong>de</strong>concretagem do <strong>concreto</strong> da barragem são obtidas junto às faces:(29)on<strong>de</strong>:


118N: Soma das forças verticais normais à base da fundação;A: Área da seção na base da fundação,W: Módulo <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z; W=I/y, sendo I o momento <strong>de</strong> inércia e y a distância emrelação ao ponto on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>seja calcular as tensões. Para seção simétricaretangular, on<strong>de</strong> y = b/2 e I = bl 3 /12 → W=l b 2 /6;M: Momento fletor das forças atuantes em relação ao centrói<strong>de</strong> da área;b: Dimensão da seção na base no sentido transversal;l: Dimensão da seção da base no sentido longitudinal, usualmente igual a 1m.Os valores máximos <strong>de</strong> tensões nas juntas da barragem <strong>de</strong>vem sercomparados com as tensões admissíveis do <strong>concreto</strong> à tração e àcompressão, assim como nos planos <strong>de</strong> contato <strong>concreto</strong>-rocha ou <strong>de</strong><strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s na fundação, comparando-se às resistências dosrespectivos materiais. Quando no <strong>projeto</strong> for encontrada tração no <strong>concreto</strong>,<strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>sprezar o trecho tracionado na verificação da estabilida<strong>de</strong> dabarragem. Também <strong>de</strong>ve ser verificada a tensão admissível à compressãono maciço <strong>de</strong> fundação, sendo admitida tração apenas para caso <strong>de</strong>carregamento excepcional, <strong>de</strong> maneira a se evitar a abertura <strong>de</strong> fraturas eaumento <strong>de</strong> percolação <strong>de</strong> água. (GUTSTEIN, 2011, p. 96).As tensões obtidas <strong>de</strong>vem aten<strong>de</strong>r aos limites <strong>de</strong> tensões admissíveis. Nocontato <strong>concreto</strong>-rocha as tensões admissíveis do <strong>concreto</strong> po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>radascomo as pré-estabelecidas nos critérios Eletrobrás (2003).As tensões admissíveis na rocha <strong>de</strong> fundação <strong>de</strong>vem ser avaliadas junto aomo<strong>de</strong>lo geomecânico da fundação. (GUTSTEIN, 2011).O critério <strong>de</strong> U. S. Bureau of Reclamation (1976) apresenta os fatores <strong>de</strong>segurança (FS σ ), <strong>de</strong>finido como a relação entre as tensões admissíveis e atuantes aserem adotados para verificação das tensões. O (QUADRO 13) apresenta os fatoresmínimos <strong>de</strong> segurança.Coeficiente <strong>de</strong>SegurançaU. S. Bureau of ReclamationCasos <strong>de</strong> CarregamentoNormal Excepcional LimiteFS σ 3,0 2,0 1,0QUADRO 13 – FATORES DE SEGURANÇA MÍNIMOS PARA A ANÁLISE DE TENSÕES - U. S.BUREAU OF RECLAMATIONFONTE: OS AUTORESSegundo o critério do U. S. Bureau of Reclamation (1976), para condições<strong>de</strong> carregamento normal não são admitidas tensões <strong>de</strong> tração, para casos <strong>de</strong>carregamento excepcional e limite, em que as tensões <strong>de</strong> tração obtidas sãomaiores do que as tensões mínimas admissíveis na face da barragem, <strong>de</strong>ve se


119admitir abertura <strong>de</strong> fissura. Se após a abertura da fissura as tensões na estruturanão exce<strong>de</strong>rem as resistências especificadas e a estabilida<strong>de</strong> for mantida, aestrutura é consi<strong>de</strong>rada estável.U. S. Bureau of Reclamation (1976, estudado por Gutstein, 2011) apresentaa formulação para a consi<strong>de</strong>ração da propagação da fratura <strong>de</strong> forma analítica, apartir do cálculo do comprimento da fratura e do trecho comprimido <strong>de</strong> aplicação dasubpressão, obtendo-se diagramas <strong>de</strong> tensões normais lineares e <strong>de</strong> tensõescisalhantes com variação parabólica.As tensões no plano potencial <strong>de</strong> ruptura em análise po<strong>de</strong>m também serverificadas complementarmente pelo critério proposto por U. S. Army Corps ofEngineers (1995), que leva em consi<strong>de</strong>ração a posição da resultante na base (e b ) noplano potencial <strong>de</strong> ruptura, para cada caso <strong>de</strong> carregamento, por meio da expressãojá apresentada no item “Segurança ao Tombamento”:(30)on<strong>de</strong>,e b : distância da força resultante na base até o ponto <strong>de</strong> tombamento T;∑M t : somatório <strong>de</strong> momentos fletores das forças normais atuantes em relação aoponto <strong>de</strong> tombamento T;∑N i : somatório <strong>de</strong> forças normais efetivas ao plano.Conforme Gutstein (2011), o percentual <strong>de</strong> base comprimida po<strong>de</strong> sercalculado a partir do comprimento e b . Quando a base não se apresenta totalmentecomprimida, mas aten<strong>de</strong> aos critérios citados, recalcula-se a tensão máxima <strong>de</strong>compressão a jusante admitindo o diagrama <strong>de</strong> tensões como sendo triangular, <strong>de</strong>comprimento igual a 3 x e b .Em U. S. Army Corps of Engineers (1995) indica-se a <strong>de</strong>terminação da basefraturada a partir da <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> e b e a verificação do percentual <strong>de</strong> basecomprimida calculada conforme indicado nas (FIGURAS 49 a 51).


120FIGURA 49 – 100% DA BASE COMPRIMIDA - RESULTANTE DENTRO DO NÚCLEO CENTRAL DEINÉRCIAFONTE: U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995)FIGURA 50 – 100% DA BASE COMPRIMIDA - RESULTANTE NA POSIÇÃO MAIS AFASTADA DONÚCLEO CENTRAL DE INÉRCIAFONTE: U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995)FIGURA 51 – BASE NÃO TOTALMENTE COMPRIMIDA - RESULTANTE FORA DO NÚCLEOCENTRAL DE INÉRCIAFONTE: U. S. ARMY CORPS OF ENGINEERS (1995)


121on<strong>de</strong>,P': tensão na base da fundação;L: largura da base;e: excentricida<strong>de</strong> da resultante R na base;R: resultante <strong>de</strong> todas as forças atuantes acima do plano <strong>de</strong> analise.O U. S. Army Corps of Engineers (1995) especifica que as tensõesadmissíveis do <strong>concreto</strong> e da fundação não <strong>de</strong>vem ser ultrapassadas. Estabeleceque para condição <strong>de</strong> carregamento normal, a resultante das forças verticais <strong>de</strong>veestar no núcleo central <strong>de</strong> inércia da seção (100% da base comprimida), admitindotração (resultante fora do núcleo central <strong>de</strong> inércia da base) para as condiçõesexcepcional e limite. Esta verificação substitui a verificação ao tombamento citadaanteriormente, assim como as verificações <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong>finidas pelo U. S. Bureau ofReclamation. O U. S. Army Corps of Engineers acrescenta ainda que as tensões em<strong>barragens</strong> <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> são analisadas tanto por métodos aproximados quanto peloMétodo dos Elementos Finitos, conforme o refinamento do <strong>projeto</strong> e a configuraçãoda barragem. O Método dos Elementos Finitos, <strong>de</strong> acordo com U. S. Army Corps ofEngineers (1995) é utilizado em mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> análises estáticas lineares, em análisesdinâmicas e em análises não-lineares consi<strong>de</strong>rando-se a interação entre a barrageme a fundação, ressaltando que a vantagem importante <strong>de</strong>ste método consiste napossibilida<strong>de</strong> real <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar fundações complicadas, envolvendo vários materiais,juntas e fraturas.trabalho.O método <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> é questionável perto da base da barragem, on<strong>de</strong>concentrações <strong>de</strong> tensões aumentam nos cantos reentrantes formadospelas faces da barragem e a superfície da fundação. Em <strong>barragens</strong> altas,estas concentrações <strong>de</strong> tensões são significativas, mas são frequentementereduzidas pelo escoamento plástico. Estas tensões nos cantos, ao redor <strong>de</strong>aberturas e em zonas <strong>de</strong> tração, po<strong>de</strong>m ser aproximadas com um mo<strong>de</strong>lopelo Método dos Elementos Finitos, segundo Jansen. Aborda também quepara gran<strong>de</strong>s <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> contraforte, o <strong>projeto</strong> final <strong>de</strong>veser estudado por uma análise <strong>de</strong> tensões mais abrangente pelo Método dosElementos Finitos. JANSEN (1988, citado por GUTSTEIN, 2011, p.100).O Método dos Elementos Finitos não será tema <strong>de</strong> discussão do presente


1226. ANÁLISE DE SENSIBILIDADEOs critérios e princípios conceituais apresentados foram disseminados nos<strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> barragem <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> no Brasil. Nas últimas décadas, as <strong>barragens</strong> <strong>de</strong><strong>concreto</strong> voltaram a ser competitivas pelo advento <strong>de</strong> técnica construtiva doConcreto Compactado com Rolo.Para efeito <strong>de</strong> sedimentação <strong>de</strong> conceitos, será realizada uma análise <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seções <strong>de</strong> CCR.Para efeito <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alguns parâmetros no <strong>projeto</strong> <strong>de</strong>uma barragem <strong>de</strong> CCR, adotou-se uma seção típica padrão.Estudaram-se os parâmetros altura, <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> do talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> jusante eângulo <strong>de</strong> atrito interno do material da fundação. Ainda realizou-se uma análise <strong>de</strong>uma seção tipo com estes parâmetros fixados e variando o ângulo entre a estruturae fundação.A (FIGURA 52) apresenta a seção típica para o estudo dos parâmetrosaltura (H), inclinação do talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> jusante (x:1) e ângulo <strong>de</strong> atrito interno do materialda fundação (φ). A (FIGURA 53) apresenta a seção típica para o estudo da variaçãodo ângulo entre a barragem e a fundação.FIGURA 52 – SEÇÃO TÍPICA PARA O ESTUDO DE SENSIBILIDADE DE ALGUNS PARÂMETROSFONTE: OS AUTORES.


123FIGURA 53 – SEÇÃO TÍPICA PARA O ESTUDO DA VARIAÇÃO DO ÂNGULO ENTRE ABARRAGEM E A FUNDAÇÃOFONTE: OS AUTORESOs parâmetros foram variados conforme (QUADRO 14).


124Simulação Caso <strong>de</strong> H x Simulação Caso <strong>de</strong> H x Simulação Caso <strong>de</strong> H xφ (°)φ (°)(nº) Carregamento (m) (x:1)(nº) Carregamento (m) (x:1)(nº) Carregamento (m) (x:1)φ (°)1 37,5 65 37,5 129 37,52 40 66 40 130 400,650,650,653 42,5 67 42,5 131 42,54 45 68 45 132 455 37,5 69 37,5 133 37,56 40 70 40 134 400,700,700,707 42,5 71 42,5 135 42,58 45 72 45 136 453030309 37,5 73 37,5 137 37,510 40 74 40 138 400,750,750,7511 42,5 75 42,5 139 42,512 45 76 45 140 4513 37,5 77 37,5 141 37,514 40 78 40 142 400,800,800,8015 42,5 79 42,5 143 42,516 45 80 45 144 4517 37,5 81 37,5 145 37,518 40 82 40 146 400,650,650,6519 42,5 83 42,5 147 42,520 45 84 45 148 4521 37,5 85 37,5 149 37,522 40 86 40 150 400,700,700,7023 42,5 87 42,5 151 42,524 45 88 45 152 4560606025 37,5 89 37,5 153 37,526 40 90 40 154 400,750,750,7527 42,5 91 42,5 155 42,528 45 92 45 156 4529 37,5 93 37,5 157 37,530 40 94 40 158 400,800,800,8031 42,5 95 42,5 159 42,532 45 96 45 160 45NormalExcepecionalLimite33 37,5 97 37,5 161 37,534 40 98 40 162 400,650,650,6535 42,5 99 42,5 163 42,536 45 100 45 164 4537 37,5 101 37,5 165 37,538 40 102 40 166 400,700,700,7039 42,5 103 42,5 167 42,540 45 104 45 168 4590909041 37,5 105 37,5 169 37,542 40 106 40 170 400,750,750,7543 42,5 107 42,5 171 42,544 45 108 45 172 4545 37,5 109 37,5 173 37,546 40 110 40 174 400,800,800,8047 42,5 111 42,5 175 42,548 45 112 45 176 4549 37,5 113 37,5 177 37,550 40 114 40 178 400,650,650,6551 42,5 115 42,5 179 42,552 45 116 45 180 4553 37,5 117 37,5 181 37,554 40 118 40 182 400,700,700,7055 42,5 119 42,5 183 42,556 45 120 45 184 4512012012057 37,5 121 37,5 185 37,558 40 122 40 186 400,750,750,7559 42,5 123 42,5 187 42,560 45 124 45 188 4561 37,5 125 37,5 189 37,562 40 126 40 190 400,800,800,8063 42,5 127 42,5 191 42,564 45 128 45 192 45QUADRO 14 – SIMULAÇÕES PARA VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE GLOBALFONTE: OS AUTORES


1256.1. CARACTERÍSTICA DOS MATERIAISPara a análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> dos parâmetros, fixou-se o peso específicodo Concreto Compactado a Rolo (CCR) em 25,5 kN/m³ e o da água em 10kN/m³.Para esta análise não foram consi<strong>de</strong>rados sedimentos no fundo do reservatório àmontante.Nas verificações <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento, não se consi<strong>de</strong>rou coesãono contato <strong>concreto</strong>-fundação. Quando as condições <strong>de</strong> segurança não foramsatisfeitas, se calculou a coesão necessária no contato <strong>concreto</strong>-fundação para asegurança ao <strong>de</strong>slizamento da estrutura.6.2. CRITÉRIOS DE VERIFICAÇÃO DE ESTABILIDADE GLOBALForam feitas análises para três casos <strong>de</strong> carregamentos: CCN (Caso <strong>de</strong>Carregamento Normal), CCE (Caso <strong>de</strong> Carregamento Excepcional) CCL (Caso <strong>de</strong>Carregamento Limite) conforme Eletrobrás (2003).Para os três casos <strong>de</strong> carregamentos, se verificaram a segurança aoTombamento e Deslizamento pelo critério da Eletrobrás (2003) através dosrespectivos Fatores <strong>de</strong> Segurança, consi<strong>de</strong>rando para o CCN como nível d’águamáximo normal <strong>de</strong> operação dois metros abaixo da cota da crista, e para o CCE eCCL o nível d’água máximo maximorum um metro abaixo da cota da crista. Aindaforam feitas análises <strong>de</strong> tensões na fundação. Para o caso <strong>de</strong> surgimento <strong>de</strong>tensões <strong>de</strong> tração na base, admitiu-se a abertura <strong>de</strong> fissuras conforme o critério doU. S. Bureau of Reclamation (1976). Ambos os critérios foram <strong>de</strong>scritos no capítulo 5do presente trabalho.6.3. RESULTADOSObtiveram-se Fatores <strong>de</strong> Segurança para cada simulação do (QUADRO 14).Nos (QUADROS 15 a 17) são apresentados os valores do Fator <strong>de</strong> Segurança aoTombamento para cada altura e inclinação do talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> jusante da barragem no


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento126Caso <strong>de</strong> Carregamento Normal e no Caso <strong>de</strong> Carregamento Excepcionalrespectivamente. Nos (GRÁFICOS 01 a 03) são plotados os valores do Fator <strong>de</strong>Segurança ao Tombamento versus inclinação para as diferentes alturas dabarragem em cada Caso <strong>de</strong> Carregamento.Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento - Caso <strong>de</strong>Carregamento NormalH (m)x0,65 0,7 0,75 0,830 1,96 2,15 2,35 2,5560 1,68(*) 1,88 2,07 2,2590 (**) 1,81 2,00 2,18120 (**) 1,78 1,96 2,14(*) Houve <strong>de</strong>scolamento parcial da seção a montante(**) Não há equilíbrio possívelQUADRO 15 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO - CCNFONTE: OS AUTORES2,802,602,402,202,001,801,601,401,201,00Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento (CCN)x Inclinação (x:1)0,65 0,7 0,75 0,8x306090120GRÁFICO 1 – FATOR DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO (CCN) X INCLINAÇÃOFONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento127Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento - Caso <strong>de</strong>Carregamento ExcepcionalH (m)x0,65 0,7 0,75 0,830 1,79 1,98 2,16 2,3560 (*) 1,81 1,99 2,1790 (*) 1,76 1,94 2,12120 (*) 1,74 1,92 2,10(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 16 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO - CCEFONTE: OS AUTORES2,60Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento (CCE)x Inclinação (x:1)2,402,202,001,801,601,401,203060901201,000,65 0,7 0,75 0,8xGRÁFICO 2 – FATOR DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO (CCE) X INCLINAÇÃOFONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento - Caso <strong>de</strong>Carregamento LimiteH (m)x0,65 0,7 0,75 0,830 1,15 1,31 1,40 1,4760 (*) (*) 1,26 1,3790 (*) (*) 1,20 1,34120 (*) (*) 1,17 1,33(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 17 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO - CCLFONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento1281,501,451,401,351,301,251,201,151,101,051,00Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento (CCL)x Inclinação (x:1)0,65 0,7 0,75 0,8x306090120GRÁFICO 3 – FATOR DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO (CCL) X INCLINAÇÃOFONTE: OS AUTORESPrimeiramente, para a análise dos Fatores <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamentonão foram consi<strong>de</strong>radas a coesão do material da fundação. O critério da Eletrobrás(2003) estabelece que a condição <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento em fundação commaterial sem coesão está verificada se a (EQUAÇÃO 30) for satisfeita.(30)on<strong>de</strong>,FSD: Fator <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento;FSD φ : Fator <strong>de</strong> redução da resistência ao atrito;∑N i : Somatório das forças normais à superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, em análise;φ i: Ângulo <strong>de</strong> atrito característico da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, em análise;∑T i : Somatório das forças paralelas à superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento.Caso os valores obtidos <strong>de</strong> FSD fossem menores que os mínimosestabelecidos, pela (EQUAÇÃO 31) se calculou a coesão necessária para que sejaverificada a segurança pelo critério da Eletrobrás (2003).(31)


129on<strong>de</strong>,FSD: Fator <strong>de</strong> segurança ao <strong>de</strong>slizamento;FSD φ : Fator <strong>de</strong> redução da resistência ao atrito;FSD c : Fator <strong>de</strong> redução da resistência à coesão;∑N i : Somatório das forças normais à superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, em análise;φ i: Ângulo <strong>de</strong> atrito característico da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento, em análise;c i : Coesão característica ao longo da superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento;A i : Área efetiva comprimida da estrutura no plano em análise;∑T i : Somatório das forças paralelas à superfície <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento.Nos (QUADROS 18 a 29) são apresentados os Fatores <strong>de</strong> Segurança aoDeslizamento. As células preenchidas vermelho indicam que para a simulação comos valores correspon<strong>de</strong>ntes não se po<strong>de</strong> encontrar situação <strong>de</strong> equilíbrio. Em caso<strong>de</strong> necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> coesão no material da fundação, os valores são mostrados àfrente do Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e a respectiva célula é <strong>de</strong>stacada emamarelo. As células <strong>de</strong>stacadas em ver<strong>de</strong> indicam que, com o surgimento <strong>de</strong>tensões <strong>de</strong> tensão ä jusante da base, consi<strong>de</strong>rou-se a abertura <strong>de</strong> fissuras e foramverificadas as condições <strong>de</strong> segurança.Nos (GRÁFICOS 4, 6, 8, 10, 12, 14, 15, 17, 19 e 20) são plotados os valores<strong>de</strong> Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento versus φ (ângulo <strong>de</strong> atrito interno domaterial da fundação) para cada altura da estrutura, caso <strong>de</strong> carregamento einclinação do talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> jusante. Nos (GRÁFICOS 5, 7, 9, 11, 13, 16 e 21) sãoplotados os valores da Coesão Necessária, quando os valores do FSD foremmenores que os mínimos estabelecidos, no Contato Fundação-Concreto versus φ(ângulo <strong>de</strong> atrito interno do material da fundação) para cada altura da estrutura, caso<strong>de</strong> carregamento e inclinação do talu<strong>de</strong> <strong>de</strong> jusante.


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento130Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,65 -Caso <strong>de</strong> Carregamento NormalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 (74,38) 1,00 (24,87) 1,05 1,1460 1,00 (312,91) 1,00 (219,06) 1,00 (118,07) 1,00 (8,67)90 (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 18 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X = 0,65FONTE: OS AUTORES1,20Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento(CCN) x φ - x = 0,651,151,101,051,0030600,950,9037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 4 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN X Φ – X = 0,65FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)131350,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCN) x φx = 0,65300,00250,00200,00150,00100,00306050,000,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 5 – COESÃO NECESSÁRIA - CCN X Φ – X = 0,65FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,65 -Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,11 1,21 1,32 1,4460 (*) (*) (*) (*)90 (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 19 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X = 0,65FONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1321,501,401,301,201,101,000,900,800,700,60Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento(CCE) x φ - x = 0,650,65 0,7 0,75 0,8φ306090120GRÁFICO 6 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE X Φ – X = 0,65FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,65 -Caso <strong>de</strong> Carregamento LimiteH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 (196,63) 1,00 (172,12) 1,00 (145,75) 1,00 (117,18)60 (*) (*) (*) (*)90 (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 20 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X = 0,65FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)133250,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCL) x φx = 0,65200,00150,00100,003050,000,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 7 – COESÃO NECESSÁRIA - CCL X Φ – X = 0,65FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,70 -Caso <strong>de</strong> Carregamento NormalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 (34,81) 1,03 1,12 1,2260 1,00 (209,5) 1,00 (116,6) 1,00 (16,64) 1,0890 1,00 (374,06) 1,00 (236,41) 1,00 (88,3) 1,04120 1,00 (536,14) 1,00 (353,49) 1,00 (156,94) 1,02QUADRO 21 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X = 0,70FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1341,25Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento(CCN) x φ - x = 0,701,201,151,101,051,000,953060901200,9037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 8 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN X Φ – X = 0,70FONTE: OS AUTORES600,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCN) x φx = 0,70500,00400,00300,00200,00100,003060901200,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 9 – COESÃO NECESSÁRIA - CCN X Φ – X = 0,70FONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento135Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,70 -Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,18 1,29 1,41 1,5460 1,08 1,19 1,30 1,4190 1,06 1,16 1,27 1,38120 1,05 1,15 1,25 1,37QUADRO 22 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X = 0,70FONTE: OS AUTORES1,60Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento (CCE)x φ - x = 0,701,501,401,301,201,101,003060901200,900,65 0,7 0,75 0,8φGRÁFICO 10 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE X Φ – X = 0,70FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,70 -Caso <strong>de</strong> Carregamento LimiteH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 (78,05) 1,00 (59,63) 1,00 (39,81) 1,00 (18,34)60 (*) (*) (*) (*)90 (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 23 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X = 0,70FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)13690,0080,0070,0060,0050,0040,0030,0020,0010,000,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCL) x φx = 0,7037,5 40 42,5 45φ30GRÁFICO 11 – COESÃO NECESSÁRIA - CCL X Φ – X = 0,70FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,75 -Caso <strong>de</strong> Carregamento NormalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 1,09 1,19 1,3060 1,00 (128,19) 1,00 (35,19) 1,06 1,1690 1,00 (247,41) 1,00 (109,43) 1,02 1,12120 1,00 (364,5) 1,00 (181,31) 1,01 1,10QUADRO 24 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X = 0,75FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1371,351,301,251,201,151,101,051,000,950,90Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento(CCN) x φ - x = 0,7537,5 40 42,5 45φ306090120GRÁFICO 12 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN X Φ – X = 0,75FONTE: OS AUTORES400,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCN) x φx = 0,75350,00300,00250,00200,00150,00100,0050,003060901200,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 13 – COESÃO NECESSÁRIA - CCN X Φ – X = 0,75FONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento138Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,75 -Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,26 1,38 1,51 1,6460 1,16 1,27 1,39 1,5290 1,14 1,25 1,36 1,49120 1,13 1,23 1,35 1,47QUADRO 25 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X = 0,75FONTE: OS AUTORES1,70Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento (CCE)x φ - x = 0,751,601,501,401,301,201,101,003060901200,900,65 0,7 0,75 0,8φGRÁFICO 14 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE X Φ – X = 0,75FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,75 -Caso <strong>de</strong> Carregamento LimiteH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 (54,54) 1,00 (36,89) 1,00 (17,91) 1,0160 1,00 (198,14) 1,00 (163,93) 1,00 (127,12) 1,00 (87,25)90 1,00 (408,17) 1,00 (354,11) 1,00 (295,94) 1,00 (232,91)120 1,00 (627,48) 1,00 (553,24) 1,00 (473,36) 1,00 (386,82)QUADRO 26 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X = 0,75FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1391,20Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento (CCL)x φ - x = 0,751,151,101,051,00300,950,900,65 0,7 0,75 0,8φGRÁFICO 15 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL X Φ – X = 0,75FONTE: OS AUTORES700,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCL) x φx = 0,75600,00500,00400,00300,00200,00100,003060901200,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 16 – COESÃO NECESSÁRIA - CCL X Φ – X = 0,75FONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento140Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,80-Caso <strong>de</strong> Carregamento NormalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,06 1,16 1,27 1,3960 1,00 (56,92) 1,04 1,13 1,2390 1,00 (136,52) 1,00 1,09 1,19120 1,00 (214,26) 1,00 (30,6) 1,08 1,18QUADRO 27 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN – X = 0,80FONTE: OS AUTORES1,50Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento(CCN) x φ - x = 0,801,401,301,201,101,003060901200,9037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 17 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCN X Φ – X = 0,80FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)141250,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCN) x φx = 0,80200,00150,00100,0050,003060901200,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 18 – COESÃO NECESSÁRIA - CCN X Φ – X = 0,80FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,80 -Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,34 1,47 1,60 1,7560 1,24 1,36 1,48 1,6290 1,22 1,33 1,45 1,59120 1,21 1,32 1,44 1,57QUADRO 28 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE – X = 0,80FONTE: OS AUTORES


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1421,801,701,601,501,401,301,201,101,000,90Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento (CCE)x φ - x = 0,800,65 0,7 0,75 0,8φ306090120GRÁFICO 19 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCE X Φ – X = 0,80FONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e Coesão Necessária - x = 0,80 -Caso <strong>de</strong> Carregamento LimiteH (m)φ37,5° 40° 42,5° 45°30 1,00 (41,4) 1,00 (23,95) 1,00 (5,17) 1,0760 1,00 (127,3) 1,00 (95,07) 1,00 (60,39) 1,00 (22,82)90 1,00 (208,26) 1,00 (160,79) 1,00 (109,7) 1,00 (54,36)120 1,00 (287,99) 1,00 (225,15) 1,00 (157,54) 1,00 (84,29)QUADRO 29 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL – X = 0,80FONTE: OS AUTORES


Coesão Necesária (kN/m²)Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1431,081,061,041,021,000,980,960,940,920,90Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento (CCL)x φ - x = 0,800,65 0,7 0,75 0,8φ30GRÁFICO 20 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO - CCL X Φ – X = 0,80FONTE: OS AUTORES350,00Coesão Necessária (kN/m²) (CCL) x φx = 0,80300,00250,00200,00150,00100,0050,003060901200,0037,5 40 42,5 45φGRÁFICO 21 – COESÃO NECESSÁRIA - CCL X Φ – X = 0,80FONTE: OS AUTORESNos (QUADROS 27, 28 e 29), apresenta-se a importância da altura naanálise <strong>de</strong> segurança, on<strong>de</strong> os fatores diminuem com a altura e quando necessário,a coesão necessária aumenta significativamente com a altura.


144Como po<strong>de</strong>-se observar nos (QUADROS 27, 28 e 29), no caso <strong>de</strong> obras afio d’água, com níveis máximo maximoruns e operacionais máximos semelhantes, oCCE é na maior parte dos casos menos relevante que o CCN e CCL.No caso <strong>de</strong> verificação <strong>de</strong> tensões normais na base, na maioria dos critérios<strong>de</strong> <strong>projeto</strong>, dois limites são importantes, a compressão no <strong>concreto</strong> e na rocha e ocomprimento <strong>de</strong>slocado na base. As máximas admissíveis <strong>de</strong> compressão são, nocaso normal, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um terço da resistência característica à compressão, ouseja:(32)Nos casos estudados foram observadas resistências características àcompressão necessárias inferiores a 8 MPa. Em geral, a resistência da rocha àcompressão é superior aquelas do <strong>concreto</strong>.Em relação à verificação ao <strong>de</strong>slizamento, em muitos dos casos analisados,se faz necessárias a existência <strong>de</strong> coesão do <strong>concreto</strong>. De acordo com fusco, 1976,a coesão do <strong>concreto</strong>, supondo a envoltória <strong>de</strong> Mohr-Coulomb é:(33)Ou seja, para fck = 8,5 MPaSupondo que a a<strong>de</strong>são <strong>concreto</strong> rocha tenha eficácia <strong>de</strong> meta<strong>de</strong> dosparâmetros do <strong>concreto</strong>ou sejaCom o valor acima apresentado, verifica-se que para alturas em torno <strong>de</strong>120 metros e ângulo <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong> 40º, os valores com <strong>barragens</strong> 0,7:1,0 já sãocríticos, e para 0,75:1,0, a situação é mais crítica para a mesma altura e ângulo <strong>de</strong>atrito em torno <strong>de</strong> 37,5º.Determinaram-se as máximas tensões <strong>de</strong> compressão e a porcentagem dabase comprimidas. Os (QUADROS 30 a 41) mostram estes valores. Quando não sepo<strong>de</strong> verificar a segurança das estruturas as células são <strong>de</strong>stacadas em vermelho.


145H (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,65 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Normalφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -570,29 100% -570,29 100% -570,29 100% -570,29 100%60 -1307,59 98% -1307,59 98% -1307,59 98% -1307,59 98%90 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 30 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCN –X = 0,65FONTE: OS AUTORESH (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,65 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Excepcionalφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -635,53 100% -635,53 100% -635,53 100% -635,53 100%60 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)90 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 31 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCE –X = 0,65FONTE: OS AUTORESTensões na Base e % Comprimida - x = 0,65 - Caso <strong>de</strong> Carregamento LimiteφH (m) 37,5°40°42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -577,89 61% -577,89 61% -577,89 61% -577,89 61%60 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)90 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 32 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCL –X = 0,65FONTE: OS AUTORES


146H (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,70 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Normalφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -491,79 100% -491,79 100% -491,79 100% -491,79 100%60 -1127,41 100% -1127,41 100% -1127,41 100% -1127,41 100%90 -1759,20 100% -1759,20 100% -1759,20 100% -1759,20 100%120 -2392,31 100% -2392,31 100% -2392,31 100% -2392,31 100%QUADRO 33 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCN –X = 0,70FONTE: OS AUTORESTensões na Base e % Comprimida - x = 0,70 - Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalφH (m) 37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -548,14 100% -548,14 100% -548,14 100% -548,14 100%60 -1186,72 100% -1186,72 100% -1186,72 100% -1186,72 100%90 -1819,91 100% -1819,91 100% -1819,91 100% -1819,91 100%120 -2453,36 100% -2453,36 100% -2453,36 100% -2453,36 100%QUADRO 34 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCE –X = 0,70FONTE: OS AUTORESH (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,70 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Limiteφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -434,28 95% -434,28 95% -434,28 95% -434,28 95%60 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)90 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)120 (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 35 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCL –X = 0,70FONTE: OS AUTORESH (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,75 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Normalφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -428,44 100% -428,44 100% -428,44 100% -428,44 100%60 -981,49 100% -981,49 100% -981,49 100% -981,49 100%90 -1536,41 100% -1536,41 100% -1536,41 100% -1536,41 100%120 -2089,39 100% -2089,39 100% -2089,39 100% -2089,39 100%QUADRO 36 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCN –X = 0,75FONTE: OS AUTORES


147Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,75 - Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalφH (m) 37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -477,62 100% -477,62 100% -477,62 100% -477,62 100%60 -1033,25 100% -1033,25 100% -1033,25 100% -1033,25 100%90 -1589,38 100% -1589,38 100% -1589,38 100% -1589,38 100%120 -2142,82 100% -2142,82 100% -2142,82 100% -2142,82 100%QUADRO 37 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCE –X = 0,75FONTE: OS AUTORESH (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,75 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Limiteφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -364,07 100% -364,07 100% -364,07 100% -364,07 100%60 -806,55 89% -806,55 89% -806,55 89% -806,55 89%90 -1274,73 77% -1274,73 77% -1274,73 77% -1274,73 77%120 -1750,34 72% -1750,34 72% -1750,34 72% -1750,34 72%QUADRO 38 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCL –X = 0,75FONTE: OS AUTORESH (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,80 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Normalφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -372,06 100% -372,06 100% -372,06 100% -372,06 100%60 -865,65 100% -865,65 100% -865,65 100% -865,65 100%90 -1353,99 100% -1353,99 100% -1353,99 100% -1353,99 100%120 -1841,16 100% -1841,16 100% -1841,16 100% -1841,16 100%QUADRO 39 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCN –X = 0,80FONTE: OS AUTORESTensões na Base e % Comprimida - x = 0,80 - Caso <strong>de</strong> Carregamento ExcepcionalφH (m) 37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -415,36 100% -415,36 100% -415,36 100% -415,36 100%60 -911,23 100% -911,23 100% -911,23 100% -911,23 100%90 -1400,48 100% -1400,48 100% -1400,48 100% -1400,48 100%120 -1888,19 100% -1888,19 100% -1888,19 100% -1888,19 100%QUADRO 40 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCE –X = 0,80FONTE: OS AUTORES


148H (m)Tensões na Base e % Comprimida - x = 0,80 - Caso <strong>de</strong> Carregamento Limiteφ37,5° 40° 42,5° 45°TENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA30 -302,71 100% -302,71 100% -302,71 100% -302,71 100%60 -681,56 100% -681,56 100% -681,56 100% -681,56 100%90 -1053,81 100% -1053,81 100% -1053,81 100% -1053,81 100%120 -1424,53 100% -1424,53 100% -1424,53 100% -1424,53 100%QUADRO 41 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA - CCL –X = 0,80FONTE: OS AUTORESPara complementar o estudo, foi realizada uma análise da influência dainclinação da seção <strong>de</strong> montante para jusante. Para tanto foram fixados algunsparâmetros da seção <strong>de</strong> CCR apenas variando o ângulo da inclinação do leito do rio.A altura da barragem foi fixada em 90 metros, a seção da barragem é 0,75:1,0 e oângulo <strong>de</strong> atrito foi fixado em 37,5º (pior caso verificados nas outras análises).Esse estudo busca mostrar a gran<strong>de</strong> influencia que essas mudanças têmsobre a verificação da segurança à estabilida<strong>de</strong>. No (QUADRO 42 e 43) e(GRÁFICOS 22 a 24) são apresentados os valores <strong>de</strong> Fator <strong>de</strong> Segurança aoTombamento e Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento com a Coesão necessáriacaso necessite, respectivamente. O (QUADRO 44) apresenta os valores máximos <strong>de</strong>compressão na base e a porcentagem da base sujeita a tensões <strong>de</strong> compressão.Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamentoα (°) CCN CCE CCL0 2,00 1,94 1,202,5 1,93 1,88 1,185 1,83 1,78 1,097,5 1,73 1,69 (*)QUADRO 42 – FATORES DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO – BASE INCLINADAFONTE: OS AUTORESFator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento e CoesãoNecessáriaα (°) CCN CCE CCL0 1,00 (247,41) 1,14 1,00 (408,17)2,5 1,00 (368,39) 1,06 1,00 (478,63)5 1,00 (495,74) 1,00 (5,52) 1,00 (1051,03)7,5 1,00 (629,12) 1,00 (69,04) (*)


Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento149QUADRO 43 – FATORES DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO – BASE INCLINADAFONTE: OS AUTORESα (°)TENSÃO(kN/m²)Tensões na Base e % ComprimidaCCN CCE CCL% COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDATENSÃO(kN/m²)%COMPRIMIDA02,5 -1525,43 100% -1573,63 100% -1604,43 66%5 -1671,01 100% -1718,05 100% -2026,70 44%7,5 -1861,08 100% -1909,80 100% (*) (*)(*) Não há equilíbrio possívelQUADRO 44 – TENSÕES DE COMPRESSÃO NA BASE E % DA BASE COMPRIMIDA – BASEINCLINADAFONTE: OS AUTORES2,20Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento2,001,801,601,40CCNCCECCL1,201,000 2,5 5 7,5αGRÁFICO 22 – FATOR DE SEGURANÇA AO TOMBAMENTO X α – BASE INCLINADAFONTE: OS AUTORES


Coesão Necessária (kN/m²)Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1501,16Fator <strong>de</strong> Segurança ao Deslizamento1,141,121,101,081,06CCE1,041,021,000 2,5 5 7,5αGRÁFICO 23 – FATOR DE SEGURANÇA AO DESLIZAMENTO X α – BASE INCLINADAFONTE: OS AUTORES1201,00Coesão Necessária (kN/m²)1001,00801,00601,00401,00CCNCCECCL201,001,000 2,5 5 7,5αGRÁFICO 24 – COESÃO NECESSÁRIA X α – BASE INCLINADAFONTE: OS AUTORES


151Foram observadas algumas características interessantes e importantes comesse estudo. Primeiro foi verificada uma rápida <strong>de</strong>gradação da segurança dabarragem com o aumento do ângulo do leito o rio.Po<strong>de</strong> ser constado, que em quase todos os casos, os coeficientes <strong>de</strong>segurança ao <strong>de</strong>slizamento não aten<strong>de</strong>m os mínimos estabelecidos, sendonecessário o cálculo da coesão requerida.É importante acrescentar que com a <strong>de</strong>terioração dos parâmetros <strong>de</strong>estabilida<strong>de</strong>, foram observadas tensões na base mais críticas. Quando se feznecessária a abertura <strong>de</strong> fissuras houve uma gran<strong>de</strong> queda dos parâmetros <strong>de</strong>segurança, sendo que em um caso, não foi possível verificar a estabilida<strong>de</strong> e noutrofoi possível, porém não foi respeitada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser ter 66,7% da basecomprimida.


1527. CONSIDERAÇÕES FINAISEste trabalho possui dois focos claros. O primeiro é <strong>de</strong>monstrar anecessida<strong>de</strong> da humanida<strong>de</strong> por recursos hídricos. A população mundial vemcrescendo e com isso a <strong>de</strong>manda por água, energia e outros recursos básicos paraa sobrevivência aumentam. O <strong>de</strong>senvolvimento econômico leva à procura <strong>de</strong> umamelhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida, e faz com que as empresas, indústrias e o própriogoverno acabem consumindo mais insumos básicos. Paralelamente à esse fatovemos a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> armazenamento <strong>de</strong>sses recursos, pois há umasazonalida<strong>de</strong> envolvendo todos os fatores dos processos <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> energia earmazenamento <strong>de</strong> água.Hoje o progresso é mais pensado e pautado na sustentabilida<strong>de</strong>, pois aolongo dos anos o uso <strong>de</strong> combustíveis fósseis aumentou consi<strong>de</strong>ravelmente aconcentração <strong>de</strong> CO 2 na atmosfera, e como isso se <strong>de</strong>ve fazer maior investimentonas fontes <strong>de</strong> energia renováveis.Sabendo <strong>de</strong>ssa necessida<strong>de</strong> da socieda<strong>de</strong>, cabe à construção civil resolveressas questões e dar suporte à população. Porém estabelece-se um dilema, pois aresponsável pelo <strong>de</strong>senvolvimento dos povos é também a indústria que mais geraresíduos e é a maior consumidora <strong>de</strong> recursos naturais. Apesar <strong>de</strong>sse, fato aconstrução civil é a ativida<strong>de</strong> com maior potencial <strong>de</strong> mitigação <strong>de</strong> dos gases doefeito estufa, e a implementação <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia renováveis é uma <strong>de</strong>las.A energia hidráulica é limpa e renovável. Mesmo sabendo que a implantação<strong>de</strong> empreendimentos hídricos gerem CO 2 na construção, há uma baixa emissãodurante sua manutenção, diferentemente <strong>de</strong> outras fontes com as termoelétricas efontes que usam combustíveis fósseis.No Brasil a <strong>de</strong>manda por infraestrutura, principalmente energia é crescente.E sabendo do gran<strong>de</strong> potencial brasileiro para geração <strong>de</strong> energia hidráulica, e queo país tem uma das maiores reservas <strong>de</strong> água do mundo, cabe ao governo criarpolíticas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento para que os <strong>projeto</strong>s possam ser implementados. Coma existência do SIN, a solução <strong>de</strong> energia hidráulica é otimizada, pois po<strong>de</strong>-seexplorar todo o potencial brasileiro, diversificando os tipos <strong>de</strong> empreendimentos,sem que o sistema fique refém <strong>de</strong> problemas regionais como secas.


153Mesmo sabendo da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> expansão da geração <strong>de</strong> energia háuma gran<strong>de</strong> rejeição da socieda<strong>de</strong> para com a implantação <strong>de</strong> novosempreendimentos hidráulicos, <strong>de</strong>vido à percepção dos impactos que po<strong>de</strong>m sercausados. Essa percepção negativa se <strong>de</strong>ve em parte pela falta <strong>de</strong> conhecimento dacomunida<strong>de</strong> técnica para sua <strong>de</strong>fesa. Por essa razão esse trabalho tenta criarargumentos para um <strong>de</strong>bate melhor com a socieda<strong>de</strong>.O segundo foco do trabalho é apresentar os fenômenos físicos que <strong>de</strong>vemser consi<strong>de</strong>rados nos <strong>projeto</strong>s <strong>de</strong> uma barragem, visando assim ser material <strong>de</strong>consulta para a graduação e também para engenheiros que preten<strong>de</strong>m seguir naárea.Com as crises econômicas que se instalaram nas ultimas décadas no paíshouve uma diminuição consi<strong>de</strong>rável do número <strong>de</strong> equipes <strong>de</strong> engenhariasespecializadas na área. Além disso, o assunto é muito pouco abordado nos cursos<strong>de</strong> graduação <strong>de</strong> Engenharia Civil, levando a uma inexistência <strong>de</strong> material didáticoa<strong>de</strong>quado para formação <strong>de</strong> novos profissionais. É também, muito importantecolocar que não há no Brasil uma normalização na área, fazendo com que sebusque referências estrangeiras, sem soluções consensadas.As <strong>barragens</strong> têm permitido que as pessoas coletassem e armazenassemágua há muitos anos. Existem vários tipos <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> e a escolha do arranjoadotado <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores, como disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> solo e rocha, topografia,aspectos geológicos e geotécnicos. Da mesma maneira é necessária uma análisebastante criteriosa do local do empreendimento analisando a capacida<strong>de</strong> e impactosgerados.O trabalho é focado na análise <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> àgravida<strong>de</strong> fazendo um resumo dos principais critérios e fenômenos envolvidos.Estudou-se os principais critérios nacionais e internacionais <strong>de</strong> verificaçãoda estabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estruturas <strong>de</strong> Usinas Hidrelétricas. Como objetivo principal dotrabalho, direcionou-se o estudo para as Barragens <strong>de</strong> Concreto Compactado aRolo.Os critérios apresentados são os critérios da “Centrais Elétricas BrasileirasS.A.” – Eletrobrás (2003), os critérios do U. S. Army Corps of Enginners (1995) e oscritérios do U. S. Bureau of Reclamation (1976).Os critérios estabelecidos pela Eletrobrás (2003) se assemelham em gran<strong>de</strong>parte aos critérios do U. S. Bureau of Reclamation (1976), inclusive na consi<strong>de</strong>ração


154da subpressão para as verificações <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>. O U. S. Army Corps ofEnginners (1995) estabelece um critério diferente para a consi<strong>de</strong>ração dasubpressão.As análises <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> da estrutura à flutuação são <strong>de</strong>finidas <strong>de</strong> iguaisformas nos critérios da Eletrobrás (2003) e do U. S. Army Corps of Enginners (1995).Já para a análise <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> da estrutura ao tombamento, a Eletrobrás <strong>de</strong>fineem seu critério o cálculo <strong>de</strong> um Fator <strong>de</strong> Segurança ao Tombamento, resultante darazão entre o Momento Estabilizante pelo Momento Tombador, enquanto o U. S.Army Corps of Enginners (1995) calcula a estabilida<strong>de</strong> ao tombamento através daexcentricida<strong>de</strong> da horizontal da força resultante. O U. S. Bureau of Reclamation(1976) não estabelece verificação equivalente para o tombamento, focando a análiseno estudo das tensões na base.Para a verificação da estabilida<strong>de</strong> da estrutura ao <strong>de</strong>slizamento, as 3instituições <strong>de</strong>finem o cálculo <strong>de</strong> um fator <strong>de</strong> segurança do <strong>de</strong>slizamento. O critérionacional da Eletrobrás (2003) apresenta fatores <strong>de</strong> segurança parciais mínimos paraa coesão e para o atrito, enquanto alguns critérios internacionais apresentam fatores<strong>de</strong> segurança globais mínimos para esta verificação. Estes fatores <strong>de</strong> segurançaparciais são inseridos para reduzir o risco <strong>de</strong>vido à variação dos valores <strong>de</strong> coesão eatrito no local da construção.A análise <strong>de</strong> tensões nas estruturas po<strong>de</strong> ser feita, a um nível menosavançado <strong>de</strong> <strong>projeto</strong>, pela teoria clássica <strong>de</strong> flexão composta da resistência dosmateriais. Os critérios do U. S. Army Corps of Enginners (1995) propõe umaverificação das tensões através da localização da força resultante (também utilizadona verificação da estabilida<strong>de</strong> ao tombamento). Com o <strong>de</strong>senvolvimento dosmétodos numéricos e da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processamento <strong>de</strong> dados obteve-se umaferramenta que possibilita a análise do problema em suas múltiplas formas. Oestudo dos métodos numéricos para a análise <strong>de</strong> tensões não foi foco <strong>de</strong>stetrabalho.No trabalho foi apresentada uma análise <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong> à <strong>de</strong>pendência dosparâmetros <strong>de</strong> resistência geotécnicos e dos materiais aplicados. A maioria dasrupturas <strong>de</strong> <strong>barragens</strong> estão relacionadas com problemas <strong>de</strong> fundação, e há umgran<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>sastres quando as investigações e parametrizações não sãorealizadas a<strong>de</strong>quadamente.


155Sendo assim esse trabalho visa <strong>de</strong>monstrar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sejam feitasinvestigações e parametrização dos materiais da maneira mais criteriosa possível,para que além <strong>de</strong> diminuir o risco, também diminui-se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materialnecessário para a construção pois as certezas serão maiores. Assim po<strong>de</strong>-seconstruir mais seguro e sustentável.Sabemos que o CCR suporta tensões da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 7 a 10 MPa, foiobservado na análise <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>s que na pior situação encontrou-se umatensão <strong>de</strong> 7,17 MPa, <strong>de</strong>ntro o esperado para a utilização <strong>de</strong> CCR.No trabalho foi realizada uma interação entre diversas geometrias eparâmetros geotécnicos, representado pelo ângulo <strong>de</strong> atrito entre a estrutura e arocha. Analisando os resultados concluímos que na análise <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> aotombamento, o principal fator, <strong>de</strong>terminante para maior segurança da estrutura, é ofator <strong>de</strong> geometria. Pu<strong>de</strong>mos observar que quanto menor a <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong> da barragemmais estável ela é, com fatores muito parecidos para as alturas <strong>de</strong> 60, 90 e 120m.Outra conclusão bastante interessante é referente à análise ao<strong>de</strong>slizamento. Os principais fatores responsáveis pela segurança é o ângulo <strong>de</strong> atritoentre a rocha e a estrutura e a altura.A análise do efeito da inclinação do leito do rio, mostra como era esperado,uma gran<strong>de</strong> influência nos parâmetros <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>teriorando rapidamente ascondições <strong>de</strong> segurança com o aumento da <strong>de</strong>clivida<strong>de</strong>.Também é importante mencionar que, nas <strong>barragens</strong> a fio d’água, on<strong>de</strong> adiferença entre o nível máximo normal e o máximo maximorum é relativamentepequena em relação à altura total, há predominância do CCN sobre o CCE e CCL.Como po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>monstrado, os mo<strong>de</strong>los e sistemas construtivos <strong>de</strong><strong>barragens</strong> <strong>de</strong> <strong>concreto</strong> à gravida<strong>de</strong> são conhecidos e confiáveis, bem como em umaanálise simples <strong>de</strong> sensibilida<strong>de</strong>, percebe-se a importância relativa dos diversosparâmetros existente. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigações a<strong>de</strong>quadas para a<strong>de</strong>terminação dos parâmetros da interface <strong>concreto</strong>-rocha mostra-se evi<strong>de</strong>nte, bemcomo se apresenta fundamental a <strong>de</strong>terminação da topografia local para verificaçãoda geometria do leito do rio. O trabalho não visitou os efeitos das inclinações dasombreiras, tampouco das elevações dos níveis <strong>de</strong> jusante, que ficaram para umpróximo estudo <strong>de</strong>ntro na Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Paraná.


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