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ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO EPROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA E DO SAGRADO DOVALE DO TEJOLuiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAMuseu de Arte Pré-históricaInstituto Terra e MemóriaCentro de GeociênciasInstituto Politécnico de TomarUniversidade de Trás-os-Montes e Alto DouroPORTUGALResumoConhecida desde os meados do século passado, a arte rupestre na área doconcelho de Mação, tem hoje, graças ao trabalho da equipa do Museu deArte Pré-histórica de Mação e do Instituto Terra e Memória, umadimensão quer quantitativa quer qualitativa importante incluindogravuras e pinturas, cronologicamente pertencente a um arco de temposque vai do Paleolítico Superior provavelmente até à Idade Média. Nestacomunicação apresentamos, em síntese, em primeiro lugar os trabalhosdesenvolvidos na zona de Cobragrança (Caratão), uma zona muitodanificada pelos fogos de 2003, com gravuras de círculos (escudos?) daIdade do Bronze e em seguida, a pesquisa levada a cabo na área do Valedo Ocreza que vai da barragem de Pracana à zona da foz do rio, já nasproximidade doTejo, nomeadamente no Vale do Souto e no Vale daRovinhosa, onde foram identificadas mais de 30 gravuras entre as quaissalientamos um cavalo acéfalo, em estilo paleolítico, diversas figuras decervídeos no tipo “Tejo”, com a linha central no dorso e o pescoçopreenchido, assim como antropomorfos esquemáticos e figuras abstractastais como, círculos e círculos concêntricos, espirais e linhas, pertencente aum longo período que vai do horizonte do Megalitismo ao Mundo da Idadedo Bronze.

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAA existência de arte rupestre no concelho de Mação, Distrito de Santarém, no centro dePortugal, era conhecida desde os anos quarenta do século passado quando as gravuras de Cobragançaforam descobertas, por um investigador local, o Dr. João Calado Rodrigues.Em Setembro de 2000, no âmbito de trabalhos de acompanhamento da construção dotraçado viário designado por IP6 (hoje A23) foram identificadas uma série de gravuras nas margensdo rio Ocreza, entre quais um figura de cavalo em claro estilo Paleolítico (15.000-10.000 anos). Essasdescobertas levaram a elaboração de um amplo programa de pesquisas, que com o apoio daComissão Europeia (programa Juventude), a Arqueojovem (Associação Juvenil para a Preservação doPatrimónio Cultural e natural) promoveu em 2001 uma campanha arqueológica, em conjunto comassociações de Espanha (Colectivo Barbaón – Extremadura ) e de Itália (Gruppi Archeologici del Veneto),que visava a delimitação da dispersão geográfica da arte rupestre e contextualização da mesma. Paraalém da identificação de mais rochas com gravuras no Vale do Ocreza, foram descobertas pinturasda zona de abrigos de quartzitos do Pego da Rainha. Possuindo agora, portanto, o território doConcelho de Mação, estações rupestres tanto com gravuras como com pinturas (OOSTERBEEK2004).4841 2Figura 11 Mapa - de Portugal com a Localização de Mação.(Europreart - ITM)2 – O Vale do Rio Ocreza na zona de em primeiro plano a rocha 3 dita dos Cervídeos (foto HipolitoCollado – MAP/ITM)9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOII - Rio OcrezaVale da RovinhosaRocha 1 ou Rocha do Cavalo (OCR01 )Trata-se de pequena superfície, descoberta em 6 de Setembro de 2000, quase totalmentepreenchida pela representação de uma gravura de cavalo picotado a linha de contorno em estiloPaleolítico - 15.000 - 10.000 anos, (BAPTISTA 2001; OOSTERBEEK 2003). Tal como acontecemuitas vezes em figuras desta época, o corpo do animal apresenta características naturalistas, ou seja,próximas da realidade, quer na forma quer nas proporções, apesar de não estar completo pois faltalhea parte terminal da cabeça e só tem representado um membro de cada par de patas.AB489Figura 6: A - Vale da Rovinhosa, Rocha nº 1(OCR 01) – foto da figura de cavalo em estilo Paleolítico (15.000– 10.000 anos)B – Levantamento da mesma gravura(Foto Arquivo Museu de Arte Pré-histórica, Mação)Parte da extremidade da cauda e das patas da figura parecem terem desaparecido pela acção dotempo, pois encontram-se no limiar do perímetro inferior do painel. É interessante notar no entantoque vêem-se na borda dessa superfície números pontos de picotado que parecem já ter estadopresentes na em época Pré-histórica, podendo talvez representar a própria água do rio (ABREU noprelo).Já a cabeça, principalmente no que diz respeito ao focinho e às narinas, parece ter sidopropositadamente deixada incompleta, facto aliás comum nalgumas figuras em estilo Paleolíticasconhecidas noutras localidades como no Vale do Côa (vale do Douro, Norte de Portugal) e as grutasda zona franco-cantábrica. Nessa parte da figura a picotagem é constituída por pontos de dimensõesmenores pouco profundos, que se distanciam entre si, o que dá ideia que o “artista” possa ter feitoprimeiramente esboço do cavalo, com uma picotagem ligeira, e só depois preenchido com picotadosmaiores.Nas outras partes do corpo do cavalo o picotado é mais grosso e encontra-se mais unido,criando mesmo a sensação de uma linha contínua. A crina não aparece bem definida, existindoapenas uma linha que continua ininterruptamente desde a cauda até ao topo da cabeça. O animaltambém não tem o sexo representado. Poderá isso indicar que estamos perante a representação deuma fêmea? Alguns investigadores pensam mesmo que muitas das representações de cavalos noPaleolítico Superior possam tratar-se de animais grávidos. Este tipo de figura que pode serinterpretado como a representação de um tipo de cavalo, hoje extinto, semelhante aos actuaischamados cavalos da Mongólia ou Przewalski (Equus przewalskii) tem, tal como esta figura no Ocreza,barrigas volumosas, patas curtas e crina erecta.Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOEntre as diversas imagens animais é possível identificar, na parte central, duas gravuraspicotadas a linha de contorno. A mais à direita, foi inicialmente interpretada como um peixe“barbo”, (OOSTERBEEK & CARDOSO 2004), em parte por ter um corpo exageradamentealongado e as patas traseiras pouco evidentes mas também porque parece ter sito assim chamadapelos habitantes locais. Na verdade, trata-se de um cervídeo com a típica representação do pescoço ecabeça complemente preenchidos. Este tipo de figura aparece amplamente representada nas rochasdo Complexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo, constituindo mesmo uma das suas característicasestilísticas mais peculiares. Atrás dessa figura foi gravada também animal, mais pequeno ao qualfaltam as patas traseiras. Na parte mais à direita da superfície historiada foram ainda executadasoutras duas figuras zoomorfas, uma delas com a barriga muito volumosa (grávida?).Tal como acontece noutras rochas da zona a estilização das figuras animais faz com que sejadifícil identificá-los com precisão mas muito provavelmente trata-se de um tipo de veado. A ausênciade hastes faz pensar que podemos estar perante representações de machos no período de ausênciainvernal, animais jovens, ou mesmo de fêmeas. A superfície apresenta também diversas manchas depicotagem que são difíceis de interpretar embora algumas delas pareçam ser esboços de outras figurasanimais. Constituíam estas figuras uma cena de um macho com o seu “harém”? (ABREU 2008)Rocha 3 ou Rocha dos Dois Veados (OCR03)A poucas dezenas de metros de distância da anterior superfície encontra-se uma pequena rochadividida em dois painéis decorados. O primeiro apresenta duas figuras de zoomorfos de pequenasdimensões, executados a linha de contorno picotada. A figura mais à esquerda tem representado asduas patas traseiras mas apenas uma dianteira. Uma série de pontos parecem representar o início dopescoço mas a cabeça está ausente. A figura mais à direita, está muito danificada por uma fractura.Actualmente é possível ver, com clareza, uma parte do corpo e as patas traseiras.491Figura 8 – Vale de Rovinosa, rocha nº 2 dita dos “dos dois veados”. Duas gravuras incompletas dezoomorfos, provavelmente cervídeos.(Decalque Arquivo Museu de Arte Pré-histórica de Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAA dupla linha da barriga, presente nesta última, é uma das características das gravuras doComplexo de Arte Rupestre do Vale do Tejo e serve para dar a tridimensionalidade à imagem, emespecial aos veados, daí, apesar de estarem incompletas, pensar-se que estas figuras representemprovavelmente esse animal. É interessante notar que ambas as figuras têm as costas voltadas para orio.A pouca distância dessas gravuras, num segundo painel historiado observa-se uma série delinhas concêntricas (uma espiral?) executadas com um picotado bastante largo e bem definido (fig. 9A). Infelizmente, uma parte da figura encontra-se de momento coberta com líquenes, que não foramretirados por motivos de conservação, o que faz com que a sua representação não esteja bemdefinida. (ABREU 2008a, CARVALHO 2008) Figuras semelhantes foram também identificadas novizinho vale do Souto (Fig. 9 B) e tem paralelos bem conhecidos em numerosas das rochas tanto doComplexo de arte Rupestre do Tejo e como no vale do Guadiana em especial na zona de MolinoManzánez (COLLADO 2007).492ABFigura 9 – A: Vale de Rovinosa, rocha nº 3 , figura de “espiral”. B: Vale de Souto, a rocha das espirais.(Decalque e foto Arquivo Museu de Arte Pré-histórica de Mação)Vale de SoutoRocha 1 ou dos Antropomorfos (OCR01 )Ainda no vale do rio Ocreza, mas um pouco mais a norte, no núcleo do Vale de Souto,encontra-se uma rocha que tem dois painéis gravados na vertical com figuras humanas estilizadas.(ABREU 2008a ABREU 2008b)9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAOs Abrigos PintadosPêgo da Rainha, Abrigo 1 e 2No âmbito da contextualização das gravuras do Ocreza, foi prospectada a zona de abrigos dequartzitos no sitio do Pego da Rainha. Trata-se de imponentes formações, que dominam visualmentea região e, em particular, o vale do Pracana. Em dois destes abrigos, a uma altitude de cerca de 320metros, claramente visíveis a quilómetros de distância, foram identificadas diversas pinturasavermelhadas/alaranjadas (provavelmente óxidos ferruginosos), contando-se um total de 11 painéis.Infelizmente o estado de conservação é na actualidade mau, o que nos leva a crer que no passadopossam ter existido muitas mais figuras, principalmente no abrigo 2.O abrigo 1 situa-se numa vertente exposta, sob uma parede vertical quartzítica. Nele épossível distinguir cerca de 63 sinais pintados concentrados num único painel. A dimensão daspinturas varia entre os 2 e os 6 cm. Trata-se principalmente de linhas, pontos e barras feitaspressionando a ponta do dedo, provavelmente o indicador, com pigmento na superfície rochosa ouseja os chamados dígitos.494Figura 12 – Abrigos pintados de Pego da Rainha(Fotos e desenho Arquivo Museu de Arte Pré-histórica de Mação)Num dos casos é possível observar, não só, a representação dos dedos mas também parte dapalma da mão. O “artista” pressionou a mão direita com a esquerda sem que ficasse impressa aconcavidade da palma da mão (ABREU G. 2007).9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOO segundo abrigo (PGR2) situa-se numa vertente encaixada, menos visível, sobre uma paredede quartzítico ferruginoso. As pinturas encontram-se na vertical e tem a coloração ocre avermelhada.A parede decorada foi dividida em 9 painéis distintos e possui representações igualmente de traços edígitos com dimensões que vão entre os 2 e os 12 cm.Dígitos e linhas de pigmento são conhecidos noutros abrigos pintados em Portugal como, porexemplo, na Pala Pinta (Freguesia de Carlão, Concelho de Alijó, Distrito de Vila Real) no norte doPaís (SOUSA 1987, SANTOS Jr .1933 ). onde são acompanhados por figuras solares, ou no grupo daSerra de Arronches (Nisa, Portalegre) em especial em Valdejunco e (PESTANA 1984)No que concerne à problemática da atribuição cronológica e cultural, existem dados queapontam, sob reserva, para a transição entre o Neolítico e o Calcolítico (5000-4000 anos?). A arterupestre do Pego da Rainha integra-se no contexto dos abrigos pintados esquemáticos Pós-Paleolíticos muito comuns na vizinha Estremadura Espanhola.495Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAO Museu de Arte Pré-histórica e do Sagrado do Vale do TejoO Museu Municipal Dr. João Calado Rodrigues, agora também designado por “Museu deArte Pré-Histórica e do Sagrado no Vale do Tejo” fica situado na vila de Mação, distrito de Santarém,centro de Portugal.O seu fundador desenvolveu durante décadas um importante trabalho de pesquisa e análiseda pré-história do concelho. Tendo a ideia de criar num surgido em 1943 na sequência do importanteachado do Porto do Concelho. O Museu ficou, porém, sem sede, permanecendo o espólio recolhidopelo Dr. Calado Rodrigues primeiro na sua casa e depois encaixotado até 1966, altura em que aCâmara Municipal adquiriu a colecção. Em 1967 a Drª Maria Amélia Horta Pereira é convidada aestudar a colecção e a elaborar um projecto de Museu, que só viria a ser concretizado em 1986, alturaem que se abriu ao público o Museu, expondo a colecção de João Calado Rodrigues e o espólioreunido desde 1967, que para além da arqueologia, contemplava também objectos de interesseetnográfico assim como uma colecção de peças de arte. (PEREIRA 2009)O ponto de viragem deu-se no ano de 2000, com a descoberta a 6 de Setembro, de umagravura rupestre paleolítica com cerca 15.000 anos, na margem do Rio Ocreza passando a existir umanova direcção e uma equipa rejuvenescida iniciando-se uma necessária reorganização do Museu, dosseus objectivos e das suas actividades496BACFigura 13 – A: A fachada do Museu de Arte Pré-histórica em Mação. B e C: A exposição “Permanente umrisco na paisagem”(Fotos Arquivo Museu de Arte Pré-histórica)Essa equipe apoiada por uma Comissão Internacional de acompanhamento, e com acelebração de diversos protocolos entre a Câmara Municipal e várias entidades nacionais einternacionais como o Instituto Politécnico de Tomar, o Centro de Estudos da Pré-História do AltoRibatejo, o Instituto Português de Arqueologia e a Federação Internacional de Arte Rupestre, iniciouo inventário e a reorganização do Museu. Após um período de encerramento o Museu reabriu as suasportas em 2005 com uma exposição permanente intitulada “Um risco na paisagem - Artefactos, lugares e9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOmodos de vida nas origens do agro-pastoralismo”, apoiada numa pequena parte das colecções do Museu,debruça sobretudo sobre as origens da agricultura e da arte. Foi ainda criada uma área dedicada aexposições temporárias que tem acolhido projectos como: “O Tempo Antes do Tempo - CaçadoresPaleolíticos de Mação e do Sul da Europa” (2003) e “Primus - Origem do Primatas“ (2007)Embora o actual edifício não permita que todo o espólio esteja presentemente acessível aovisitante foram criadas condições para que, tanto os habitantes locais e os turistas, como osestudantes e os investigadores tenham a sua disposição uma série espaços incluindo gabinetes, umaBiblioteca especializada em Arte Pré-Histórica e Arqueologia e uma Sala reuniões, que permitem tiraro maior partido das potencialidade do Museu.ABFigura 14 - A: uma Escola Infantil em visita ao Museu. B: Conferência pública Herity.(Fotos Arquivo Museu de Arte Pré-histórica, Mação)497É objecto primário do Museu actuar na promoção do desenvolvimento local, sendo ummuseu aberto à participação popular e com campos de actuação multivariados centrados na dimensãointerna promovendo o desenvolvimento imaterial das populações - os chamados “Espaços deMemória” - reforçando as identidades e na dimensão externa, promovendo o desenvolvimentomaterial, reforçando a visibilidade local no exterior, reforçando actividades turísticas, actuando comoagente de animação, agente da valorização dos produtos artesanais locais através da promoção dainovação na tradição.Serviço EducativosMuseu desenvolve um amplo programa de actividades e ateliers promovidos pelos “ServiçosEducativos” especialmente vocacionados para os mais diversos públicos – escolas, associações,clubes e entidades quer publicas quer privadas. Nessa óptica o Museu tem como prioridade, umaforte aposta na didáctica que se concretiza em visitas animadas por exercícios, ateliers de arqueologiaexperimental e dramatizações que procuram a Pré-História, bem como em actividades realizadasjunto dos sítios arqueológicos que os associam ao desporto (caminhadas e escalada), às ciências(observação da fauna, flora e geologia) ou às artes (concertos musicais, concursos de artes plásticas).O projecto Andakatu: Educar no presente através do passado, preparando o futuro.Como já dissemos o Museu de Arte Pré-Histórica de Mação embora actuando em diversasáreas (investigação, gestão, conservação, valorização…), tem como papel principal propiciar aos seusutilizadores espaços de encontro, de reflexão, de construções de conhecimento e de novos conceitos, e de elaboração dejuízos críticos. A diversidade dos seus utilizadores e interlocutores resulta em discursos que podem serdistintos, mantendo todavia as bases temáticas das exposições do Museu (OOSTERBEEK, 2009).Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAÉ este o contexto da Educação Patrimonial do Museu, cuja face mais pública é o Projecto“Andakatu» que tem uma dimensão prática e uma vocação especial para a interacção com jovens ecrianças.ABFigura 15 – A e B: O “Andakatu” nas escolas(Fotos Museu de Arte Pré-histórica de Mação)O “Andakatu” é um personagem que, por vezes vestido com «roupas» de caçador paleolíticoou agricultor neolítico (Fig.15), protagoniza e conduz os participantes em variados ateliês cujosconteúdos (discurso e materiais didácticos) têm por base a transformação da paisagem, a tecnologia, aarte rupestre, a transição da caça e recolecção para o agro-pastoralismo, transformações sociais,equilíbrio e sustentabilidade dos recursos ambientais.498As actividades são um prolongamento prático de um diálogo com os visitantes que se querdinâmico e contextualizado nas interpretações do que poderá ter sido a vivência das comunidadeshumanas ao longo da pré-história, mas que também pretende ser um instrumento de educação cívicae ambiental (OOSTERBEEK et al. 2009; MILLER, 2009).Assim, através das acções educativas, de forma sucinta, pretendemos também transmitir que:A arqueologia pré-histórica compreende o comportamento humano do passadoenquanto adaptação cultural que interage com o ambiente, sublinhando a diversidade decomportamentos e culturas na pré-história, mas nunca deixando de mencionar que na suaessência são comuns a toda a humanidade. Estas referências procuram uma melhorcompreensão das diferenças sociais e culturais do mundo actual e estimulam nos jovens ecrianças a noção de interculturalidade e aceitação do outro.A prática da arqueologia combina tecnologias altamente avançadas e complexas, maspermite ao mesmo tempo o envolvimento de pessoas sem treino especializado e que até certoponto podem fazer parte do processo de construção do conhecimento. Estas são referênciasque procuram estimular e desenvolver nos jovens e crianças a educação científica não formal.A arqueologia não separa as ciências humanas, as ciências da terra e as ciências básicase que por isso é desenvolvida sem segmentação do conhecimento. Assim procura-sedespertar a consciência de que o conhecimento é construído através da combinação de váriasdisciplinas, métodos e diálogos.Quando estudamos pré-história percebemos que os seres humanos viveram durantemilénios em harmonia e equilíbrio com o seu ambiente, ao contrário do que se passaactualmente. Os humanos pedem demais à natureza, sem consciência de que dela depende anossa sobrevivência. Esta referência procura incutir a consciência e preocupação de quetemos de explorar os recursos ambientais de forma sustentável.9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOIgualmente o estudo do passado mostra-nos como as alterações climáticas sempreafectaram as comunidades humanas, no entanto aquelas que enfrentamos hoje, não são sónaturais. São induzidas pela acção de homens e mulheres e têm consequências ainda maiscatastróficas quando verificamos que desde a pré-história temos vindo a ocupar todas asregiões do planeta, incluindo aquelas mais vulneráveis a catástrofes ambientais. Assimdespertamos nos jovens e crianças uma atenção mais crítica para o problema do aquecimentoglobal.Os ateliers do Andakatu têm como base a experiência directa, assumindo a experimentaçãotecnológica um papel fulcral para desenvolver uma percepção mais profunda e duradoura dos temas atransmitir (CURA et al, 2008a). Estas experiências, contudo, não são unicamente lúdicas, masestruturadas em directa articulação com as experimentações desenvolvidas no âmbito dos programasde investigação sobre tecnologias pré-históricas (CURA et al, 2008b). Desta forma a educaçãopatrimonial não separa a teoria da prática, ou a investigação da didáctica, que não é assim reduzida auma popularização simplista dos resultados da investigação. Mais uma vez o objectivo é envolver osvisitantes, jovens e adultos, sem formação específica em arqueologia, nos problemas da investigaçãocientífica. É por isso que não divulgamos só resultados finais, mas sobretudo as questões e osmétodos à nossa disposição para lhes responder, assumindo que em arqueologia, como em qualqueroutra disciplina, a comunicação com o público não é dissociável da promoção de um espírito crítico ereflexão interrogativa.499Figura 16 - Apresentações pública do “Andakatu” fora do Museu.(Documentação e Fotos Arquivo Museu de Arte Pré-histórica de Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAA inclusão de actividades de experimentação na apresentação didáctica da pré-história e osriscos de «banalização» dos conteúdos científicos que daí podem resultar têm sido apontados ediscutidos (SAMPAIO & AUBRY 2008a, 2008b). Na verdade, é precisamente o facto de o ProjectoAndakatu ser desenvolvido em directa articulação com a pesquisa arqueológica que lhe garante umacorrecta divulgação de conhecimento científico, mas sempre inteligível. Assim, a inclusão daexperimentação na educação patrimonial não constitui um «perigo» para a pesquisa mas e é também agarantia da sua continuidade, já que o conhecimento científico dificilmente encontra um amplosentido se for unicamente suportado e entendido pelos seus profissionais especializados (GARCIAMUNÚA, 2008).A educação patrimonial decorre em vários espaços e é concretizada em diversas actividades.Para além da orientação personalizada das visitas nos espaços expositivos, que no caso de públicosmais jovens podem ser dinâmicas recorrendo a exercícios didácticos especificamente preparados paratal as acções educativas (ateliers e demonstrações) têm lugar no espaço exterior do “Instituto Terra eMemória”, mas também noutros locais (Fig. 16). O trabalho educativo fora do espaço físico doMuseu decorre, sobretudo, em escolas do ensino básico e 2º ciclo em Portugal. Em Sessões que«sintetizam» e demonstram em perspectiva a história da nossa «evolução com base no estudo dastecnologias pré-históricas (Fig.15).500Figura 17 - Atelier de “Arte rupestre” do “Andakatu”(Documentação e Fotos Arquivo Museu de Arte Pré-histórica de Mação)Como meios de divulgação o projecto recorre à rubrica «Curiosidades do Andakatu»,publicada no Boletim Municipal Horizonte Verdinho que é especialmente vocacionado para as crianças.É divulgado no site oficial do Museu (www.museumacao.pt.vu), mas também num blogue deapresentação de conteúdos e partilha de experiencias e finalmente um canal no Youtubewww.arqueologiaexperimental.blogspot.com e http://www.youtube.com/user/Andakatu)Em balanço…Podemos com alguma certeza afirmar que o projecto tem resultados positivos e queacompanha o crescimento do Museu de Mação. O desde 2007 que o projecto colabora com dezenasinstituições: Escolas portuguesas de Ensino Básico e 2º Ciclo (mais de 30); Museus e Centros de interpretação: Museu de Antropologia e Arqueologia da Universidade deCambridge (Reino Unido), Museu Tavares Proença Júnior, Museu Nacional de Arqueologia,9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOMuseu Agrícola dos Riachos, Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo,Centro de Interpretação da Natureza de Fuentes de Oñoro (Espanha), Parque Natural daSerra d’Aire e Candeiros; Museo di Cerveno, Valcamonica Itália. Associações: Sociedade de Arqueologia Brasileira, International Summer School on EuropeanPrehistory (Sardenha,Itália), Cooperativa Le Orme dell’Uomo (Valcamónica, Itália), YoungArchaeologists’ Club (Cambridge, Reino Unido), Associação Portuguesa para oDesenvolvimento Regional Entidades comerciais privadas: Torreshoping, Electrosul (Brasil); Municípios: Ayuntamiento de Santiago de Alcântara (Espanha); Município de Mafra, Comunedi Paspardo, Brescia (Itália).Assim entre 2007 e 2009 o Projecto envolveu mais de 5000 crianças, jovens e adultos (CURAet al., no prelo).A educação patrimonial no Museu de Mação é bem sucedida, quer em termos de solicitação,quer em termos de eficácia na transmissão das mensagens e conteúdos 1 devido ao cuidado posto nasua preparação, à permanente articulação entre o programa e as necessidades específicas dos seusutilizadores e ao facto de ter na equipa didáctica investigadores dos Laboratórios de Líticos, ArteRupestre e Cerâmica do Instituto Terra e Memória que regularmente enriquecem o projecto ao sabordos avanços de suas pesquisas e actividades.A Biblioteca e a rede de informação501O Museu acolhe hoje uma biblioteca especializada em Arqueologia e Arte Rupestre que fazparte da rede BAR – Biblioteca Alto Ribatejo e que possui mais de diversas dezenas de publicaçõescom mais de 40 000 referencias. Nesse âmbito estão a ser implementados dos projectos (ver nestasactas o artigo ABREU et al. no prelo 2)O projecto PACAD e arqueomação.tvA criação do canal de televisão na internet arqueomacao.tv, e a implantação do Programa deAnimação Científica e Artística Digital (PACAD), são "parte integrante" de um Projecto inovador deIntervenção nas áreas de Arqueologia, museologia digital e divulgação do Património. Este sistemapermite de forma interactiva consultas de arquivos devídeos e artigos relacionados com os projectos deinvestigação e museologia arqueológica, para além dasemissões em directo de conteúdos educativos ecientíficos.O sistema foi implementado em 2009 emMação, tendo já sido internacionalizado pela adesão deparceiros ao projecto, cujo objectivo é construir amaior rede digital de museus ligados entre sipermitindo o alargamento de conteúdos adisponibilizar com a contribuição de cada parceiro.www.arqueomacao.tv - assim se acede ao novocanal de televisão português, totalmente dedicado àarqueologia e ao património cultural.Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAFruto de uma parceria entre o CEIPHAR e a empresa Benefits & Profits, com sede no Museude Arte Pré-Histórica de Mação, o novo canal permitirá consultas de arquivos de vídeos e artigos,relacionados com os projectos de investigação e museologia arqueológica coordenados pelo InstitutoPolitécnico de Tomar (IPT), para além das emissões em directo.As emissões em directo tiveram o seu início em 2009 com a transmissão das “Jornadas deArqueologia Ibero-Americana”, que assim puderam ser seguidas por todos os interessados em qualquerparte do Mundo.Com correspondentes em mais de 15 países, o canal de televisão oferecerá reportagens sobreos projectos do IPT, do Museu, do Centro de Interpretação de Arqueologia do Alto Ribatejo(CIAAR) e do conjunto das equipas articuladas no Grupo de Quaternário e Pré-História do Centrode Geociências (FCT), na Europa (Portugal, Espanha, Itália, Grécia), América do Sul (Brasil,Colômbia) e África (Senegal, Angola).Serviços de extensão – o Museu com a comunidade localO Museu participa também em projectos directamente com a comunidade como é o caso daconstrução de um “Espaço de Memória e Cultura” na vila de Cardigos, no concelho de Mação. Esteprojecto de índole mais etnográfica e antropológica tem como objectivo principal a construção deum espaço que valorize e proteja as experiências de vida dos moradores locais bem como os objectosque testemunham as suas vivências numa clara aposta na defesa do património imaterial da zona.(PEREIRA 2009)502Figura 18 – Espaço Memória - No centro o Presidente da Câmara de Mação, Dr. Saldanha Rocha rodeado,da esquerda para a direita: Prof. Dr. Luiz Oosterbeek, Dr. André Lopes, Sr Manuel Pomba e Prof. Dr.Rossano Bastos. Latoeiros de Mação(fotos Arquivo Museu de Arte Pré-histórica, Mação)EnsinoUm dos aspectos no qual o Museu desempenha um papel de relevo está relacionado comformação de nível universitário.Nas suas instalações tem lugar muitos dos módulos dos Mestrados e Pós-graduações:“Arqueologia Pré-histórica e Arte Rupestre”, Eramus-Mundus (ITP/UTAD); “Técnicas DeArqueologia” e “Arqueologia Subaquática”, assim como, actividades relacionadas com o curso deDoutoramento “Quaternário, materiais e culturas” da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douroambos integrados na rede laboratorial do Doutoramento Europeu em Dinâmicas Humanas,Ambientais e Comportamentais (Universidade de Trás os Montes e Alto Douro, Instituto Politécnico9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOde Tomar, Universidades de Ferrara, Tarragona, Cracóvia e Tiblissi e Instituto de PaleontologiaHumana de Paris), que decorre em MaçãoTodos os anos, e graças ao apoio da União Europeia - Comissão Europeia, realizam-se noâmbito do “Erasmus Intensive Programme”, o curso Global Qualaity Heritage Management, bem como o“Curso de Arte Pré-Histórica Europeia” (Programa Sócrates). A equipe do Museu, coordena ainda,em Portugal, a implementação do Programa Herity - Gestão de Qualidade do Património CulturalProjectos de InvestigaçãoA investigação reside no centro das prioridades do Museu. Para o seu enquadramento, foicriada uma Comissão Científica Internacional, integrando especialistas de diversos centros deexcelência europeus, bem como uma rede de parcerias nacionais (IPT, CPH, CEIPHAR, PAAMT eCIAAR) e internacionais (Rede Europeia de Arqueologia, IFRAO).Como expressão desta prioridade,o Museu participou no projecto EuroPreArt, e pertence a equipa que esta a preparar o “Banco-Arquivo Mundial de Arte Rupestre”. Graças aos apoio Comissão Europeia o Museu tentaparticipado e colabora em vários projectos dos quais se destacam Intergratio e o ARTRISK eARTSIGNS, sendo que estes últimos foram e estão a ser coordenados pelo próprio Museu.O Museu dos Museus - Projecto “Transformations”Quem passear pelas ruas de Mação não se deve admirar se der de caras com uma figurarupestre pintada num muro ou fachada de edifício. Estas figuras fazem parte do projecto“Transformations”: Museu dos Museus promovido pelo Museu de Arte Pré-Histórica e do Sagradodo Vale do Tejo, em articulação com a Câmara Municipal de Mação e com a equipa de Arte Rupestredo Grupo de Quaternário e Pré-História do Centro de Geociência – Portugal coordenada porGuillermo Munoz .503A ideia é simples: aproveitar fachadas de edifícios, paredes ou muros sem aproveitamentoaparente e transformá-los em agradáveis painéis com reproduções de originais de pinturas e gravurasde arte rupestre internacional. O objectivo do projecto é conseguir levar à comunidade mais alargadado concelho a arte rupestre e o trabalho que se desenvolve no Museu. As pinturas estão ser feitaspelos alunos do Mestrado em Arqueologia Pré-Histórica e Arte Rupestre e do Doutoramento emQuaternário, Materiais e Culturas (ambos a decorrer em Mação).A primeira fachada a ser pintada foi no edifício dos Bombeiros Voluntários. Também o Largodos Combatentes da Grande Guerra já foi transformado na designada "Praça Internacional", compintadas de gravuras da Colômbia, África, Mongólia e Índia. É uma exposição diferente, que estará aoalcance de todos, de dia e de noite e que se irá desenvolver em diversas etapas, por todo o Concelho,com a reconstrução de painéis à escala dos cinco continentes.Figura 19 – Alunospintando a fachada doQuartel do Bombeiros -“Museu dos Museus”Projecto Transformation.(fotos Arquivo Museu deArte Pré-histórica, Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRAO RuptejoO projecto Ruptejo centra-se num quadro global de referência que tem como alvo de estudosa bacia do Tejo/Sado, o vale do Guadiana e o vale do Guadalquivir (principais rotas de ligação entreo litoral e o interior no Sudoeste, local de abundância de recursos naturais).O objectivo primordial deste projecto passa por, através de uma primeira revisão exaustiva dabibliografia, alargar drasticamente o corpus de registos de arte rupestre não apenas em termosquantitativos mas também qualitativos (envolvendo prospecções para montante nos afluentes ecristas quartzíticas. O vale do Tejo é, neste contexto, um importante foco de estudo e cujos trabalhosjá em curso tentam corrigir uma lacuna que se vem a acentuar nas últimas décadas: a necessidade decompreender a real extensão e complexidade deste complexo de arte rupestre e contribuir para uminventário da arte rupestre da bacia, necessariamente no seu contexto supra-nacional.Os trabalhos até agora realizados e/ou em curso têm-se focado na área do município da Sertãcom prospecções, levantamentos e registo de arte rupestre especialmente na zona de Oleiros.(BATATA et al. 2004)Com a autorização e apoio do IGESPAR iniciou-se o estudo dos moldes em látex dassuperfícies das rochas gravadas que a barragem do Fratel submergiu na década de 70. Este estudointensivo dos moldes tem-se revelado decisivo para a compreensão da magnitude deste complexonunca antes estudado de modo aprofundado. O projecto tem duração de quatro anos e envolve umaequipa de 25 investigadores do Centro de Geo-Ciências da Universidade de Coimbra. (ABREU et alno prelo3)504ABFigura 20 - Laboratório de Arte Rupestre.Decalque de moldes em látex e levantamento derochas (Sertã). Projecto Ruptejo (fotos ArquivoMuseu de Arte Pré-histórica, Mação)9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJOEm parceria com uma equipa da Universidade de Durham coordenada pelo Professor ChrisScarre, está a sendo estudada a Anta da Laginha. Este é um monumento megalítico que, tal como aAnta da Foz do Rio Frio apresenta afinidades norte-alentejanas, cujo estudo procurará responder auma série de questões sobre estes monumentos no concelho de Mação, nomeadamente no que dizrespeito aos seus momentos iniciais de construção.Figura 21 – Trabalho de campo (foto Arquivo Museu de Arte Pré-histórica, Mação)505Também a certificação de qualidade dos serviços prestados à população do Concelho deMação e a todo o público em geral está dentro dos objectivos prioritários do Museu.Instituto Terra e MemóriaAssociado ao Museu, o “Instituto Terra e Memória – Centro de Estudos Superiores deMação” situa-se nas instalações da antiga Escola Primária de Mação e é um espaço disponibilizadopela Câmara Municipal de Mação, que foi inaugurado em Maio de 2007. Desde então tem sido umpólo de referência no mundo da investigação da Arqueologia e Arte Rupestre. Dezenas de estudantesde todo o Mundo desenvolvem, neste momento, os seus trabalhos científicos nos laboratórios doITM, em Mação, sobretudo no âmbito doMestrado em Pré-História e Arte Rupestre eDoutoramento em Quaternário, Materiais eCultura. É também a residência fixa doAndakatu, o famoso Homem da Pré-Históriaque ensina a Pré-História e a Arqueologia aosmais pequenos, com recurso a ateliers deexperimentação.Figura 21 - A sede do “Instituo Terra eMemória” e da “Casa Mundus” em Mação(foto Arquivo Museu de Arte Pré-histórica,Mação)Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRA“Casa Mundus”Trata-se de um espaço de convivo destinado, em especial, aos alunos, docentes ecolaboradores do Museu. Possui ligação à internet sem fios, máquina de café e um ambienteagradável permite a todos passar momentos de descanso e de intercambio de ideias e experiências.Em conclusãoO concelho de Mação possui hoje não só série de estações de arte rupestre extremamenteinteressantes com uma cronologia a começar na época do Paleolítico Superior como tem, através doMuseu de Arte Pré-histórica, um pólo de promoção, formação e investigação da Arte Rupestre entreos mais importantes da Europa.AgradecimentosÀ administração e população de Mação, aos alunos de mais de 25 países que já passarampelos curso de formação e a todos os colegas que nos deram a honra da sua visita e colaboração, umprofundo agradecimento com a certeza que o trabalho em prol do estudo e desenvolvimentointegrado continuará a estar no centro das nossa preocupações.Bibliografia506- ABREU, Gioconda Simões de. 2008. A figura da Mão na Arte Rupestre. Origem e Evolução do Símbolo.Dissertação de Mestrado. 206p. UTAD/ IPT.- ABREU, Mila Simões de. 2008a. Mação. Arte Rupestre–Fichas para visita. CIARTE Circuitos Arqueológicos doTejo. 8 fichas x 2p. Edição Instituto Terra e Memória / Câmara Municipal de Mação.- ABREU, Mila Simões de. 2008b. Arte Rupestre em Mação. IN Arqueologia Rupestre – Uma visão arqueológica daArte Rupestre – Programa. 14-16p. Mação. Edição Instituto Terra e Memória / Câmara Municipal de Mação.- ABREU, Mila Simões de. No prelo1. A propósito das figuras incompletas em estilo Paleolítico da PenínsulaIbérica. Arkeos. CEIPHAR: Mação.- ABREU, Mila Simões de; Luiz Oosterbeek; Fernanda Torquato; Jedson Cerezer & Isabel Afonso. Noprelo2. O Banco-de-dados Internacional de Arte Rupestre [BIAR] e a IFRAO - Biblioteca Digital de Mação[IBDM] Global Rock Art Congress- ABREU, Mila Simões de; Luiz Oosterbeek; Sara Garcês; Fernando Coimbra Guillermo Muñoz Castilblanco& Ana Isabel Rodrigues. No prelo3. Para uma revisão do estudo da arte rupestre do Vale do Tejo. O uso dosmoldes de látex como instrumento de estudo. Global Rock Art Congress.- BAPTISTA, António Martinho. 2001. Ocreza (Envendos, Mação, Portugal central): um novo sítio com artepaleolítica de ar livre. IN CRUZ, Ana Rosa & Luís OOSTERBEEK, CRUZ, Ana Rosa & LuizOOSTERBEEK, Territórios, Mobilidade e Povoamento no Alto Ribatejo II – Santa Cita e o Quaternário da Região.Arkeos: Perspectivas em diálogo. 11: 163-192. Tomar:Centro Europeu de Investigação da Pré-história do AltoRibatejo.- BAPTISTA, António Martinho. 2009. O paradigma Perdido. O Vale do Côa e a Arte Paleolítica de Ar Livre emPortugal. 253p. Vila Nova de Foz Côa: Edições Afrontamento / Parque Arqueológico do Vale do Côa.9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre

ARTE RUPESTRE DO CONCELHO DE MAÇÃO – CONSERVAÇÃO, ESTUDO E PROMOÇÃO NO MUSEU DE ARTE PRÉ-HISTÓRICA EDO SAGRADO DO VALE DO TEJO- BATATA, Carlos; Fernando COIMBRA & Filomena GASPAR. 2004. As gravuras rupestres da Laje daFechadura (Concelho da Sertã). Revista de Portugal, Nova Série, n.º 1. Solar Condes de Resende, V. N. de Gaia:26-31.- CARDOSO, Daniela. 2002. Pego da Rainha (Mação). IN CRUZ, A. e OOSTERBEEK, L. (coord.).Perspectivas em Diálogo, Arte Pré-Histórica, Arqueologia e Valorização. Arkeos 14: 59-72.- CARVALHO, Maria Fernanda Ferrato Melo de. 2008. Questions and contributions on rock art developed through thestudy of tagus valley ideomorphs. Cadernos de Quaternário e Pré-história, 2, 7p. Tomar:Centro Europeu da Préhistóriado Alto Ribatejo.- COLLADO GIRALDO, Hipolito. 2007. Arte rupestre en la cuenca del Guadiana: el conjunto de Grabados del MolinoManzanez (Alconchel-Cheles). Mémorias D'Odiana. Estudos Arqueólogicos do Alqueva. 559p. Beja:EDIA.- CURA, Sara & Pedro CURA. 2007. A Oficina da criança no Museu de Arte Pré-Histórica de Mação, inOOSTERBEEK, Luiz. &, Rossano Lopes BASTOS (Eds), Arqueologia Trans-Atlântica,: 313-320 Erechim(Brasil), Ed. Habilis.- CURA, Sara, Pedro CURA & Luiz Oosterbeek. 2008. Projecto Andakatu: Didáctica da Pré-História atravésda Experimentação, in Arqueologia Experimental – recriações do passado em ritmos do nosso tempo, Actasdas Sessões do Fórum Valorização e Promoção do Património Regional, 4: 54-59- CURA, Sara; Luiz OOSTERBEEK & Pedro CURA. no prelo. A Educação Patrimonial no Museu de ArtePré-Histórica de Mação, in Actas do Encontro Arqueologia e Autarquias, Cascais.507- GARCÊS, Sara. 2009. Cervídeos na arte Rupestre do Vale do Tejo. Contributo para o estudo da Pré-História Recente.292p. Tese de dissertação. UTAD.- GARCÍA MUNÚA, J. A. (2008) Del experimento a la experiencia. Los talleres de tecnologias prehistóricasen el museo de Altamira, IN Arqueologia Experimental - Recriações do passado em ritmos do nosso tempo, Actas dasSessões do Fórum Valorização e Promoção do Património Regional, 4: 46-53- HARRISON, Richard. 2004. Symbols and Warriors. 360p. Bristol: Western Academic & Specialist PressLimited.- MILLER T. O. 2009. Usos da Arqueologia na Sala de aula, Revista HISTEDBR On-line, Campinas, 34:167-179- OOSTERBEEK, Luiz. 2001. Museu Municipal de Mação: Museu de Arte Pré-histórica e do Sagrado no Valedo Tejo. Al-madan, II série, 10: 212.- OOSTERBEEK, Luiz. 2002. Museu Municipal de Mação: Museu de Arte Pré-histórica e do Sagrado no Valedo Tejo. IN CRUZ, Ana Rosa & Luiz OOSTERBEEK, Territórios, Mobilidade e Povoamento no AltoRibatejo III - Arte Pré-histórica e o seu contexto. Arkeos: Perspectivas em diálogo. 12:11-28. Tomar:CentroEuropeu de Investigação da Pré-história do Alto Ribatejo.- OOSTERBEEK, Luiz & Daniela CARDOSO. 2004. Vale do Ocreza Prospecção e Levantamentos. Techne 9:65-87.- OOSTERBEEK, Luiz; Sara CURA & Anabela PEREIRA. 2004. Cobragança relatório de Emergência. Techne9: 58-64.- OOSTERBEEK, Luiz & Sara CURA. 2005. O Património Arqueológico do Concelho de Mação – brevepanorâmica. Zahara, Ano 3, 6: 17-32.Congresso Internacional da IFRAO 2009 – Piauí / BRASIL

Luiz OOSTERBEEK, Mila Simões de ABREU, Hipólito COLLADO GIRALDO, Anabela BorralheiroPEREIRA, Fernando COIMBRA, Sara GARCÊS, Sara CURA, Pedro CURA e Vítor TEIXEIRA- OOSTERBEEK, Luiz; Sara CURA & Pedro CURA. 2007. Educação, criatividade e cidadania no Museu deArte Pré-Histórica de Mação. In: Revista de Arqueologia, Sociedade de Arqueologia Brasileira, Vol. 19, pp.103-110.- OOSTERBEEK, Luiz. 2009. A arqueologia de um ponto de vista social: recursos, identidades e riscos numcontexto de mudança, In Acta da Jornadas de Arqueologia do Vale do Tejo em território português, 3-6 Abrilde 2008, Sacavém-Loures – Portugal: 49-64- PEREIRA, Anabela. 2009. Qualidade e acreditação na Gestão Museológica. Organização e gestão interna do Museu deArte Pré-Histórica de Mação. 215p. Dissertação de Mestrado. UTAD / IPT [texto não publicado].- PEREIRA, Anabela & Mila Simões de ABREU (no prelo). Cobragança - apontamentos históricos Arkeos,Mação.- PESTANA, Manuel Inácio. 1987. Arte rupestre da freguesia da Esperança (Concelho de Arronches). 1asJornadas de Arqueologia do Nordeste Alentejano. 85 Actas. :17-24. Castelo de Vide:Câmara Municipal.- SAMPAIO, Jorge & Thiery AUBRY. 2008a Testar e Recriar em Arqueologia: balanço e perspectivas, INArqueologia Experimental - Recriações do passado em ritmos do nosso tempo, Actas das Sessões do Fórum Valorização ePromoção do Património Regional, 4: 10-20.- SAMPAIO, Jorge & Thiery AUBRY. 2008b Os dados arqueológicos ao grande público: o exemplo do valedo Côa, In Arqueologia Experimental - Recriações do passado em ritmos do nosso tempo, Actas das Sessões do FórumValorização e Promoção do Património Regional, 4: 22-33.508- SANTOS JÚNIOR, Joaquim Rodrigues dos. 1933a. O Abrigo Pré-Histórico de “Pala Pinta”. TrabalhosSociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, 6(1): 31-43.- SOUSA, Orlando. 1989. O Abrigo de Arte Rupestre da Pala-Pinta (Alijó). Trabalhos de Antropologia e Etnologia,29: 191-198.9/ Documentação, Levantamento e Promoção de Arte Rupestre