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Alfabetização: Sujeito e Autoria - Universidade Católica de Brasília

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ao mesmo que mantém e/ou modifica o próprio modo <strong>de</strong> apropriação. No processo <strong>de</strong> ensino eaprendizagem, a produção do discurso é, então, organizada, controlada, redistribuída, através <strong>de</strong>mecanismos <strong>de</strong> exclusão que funcionam em diferentes instâncias, e <strong>de</strong> diferentes formas, nainstituição escolar.Tais procedimentos reproduzem não só um funcionamento discursivo dado, como tambémas condições <strong>de</strong>sse funcionamento, através <strong>de</strong> prática cotidiana <strong>de</strong> restrições - regras, categorização,or<strong>de</strong>nação e distribuição da língua -, que buscam conter a dispersão do sujeito e do sentido. Nestetrabalho <strong>de</strong> linguagem e com a linguagem, o sujeito irá - ou não - exercer <strong>de</strong>terminadas funções, ouexercê-llas <strong>de</strong> diferentes maneiras, irá qualificar-se para falar, ler e escrever como cidadão <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong> livre.Neste sentido, po<strong>de</strong>mos pensar a autoria, seguindo inicialmente Foucault (1969), como umafunção enunciativa fundamental para a organização e gestão social da discursivida<strong>de</strong> em umasocieda<strong>de</strong> dada. Para ele, tal forma <strong>de</strong> individualização do sujeito é entendida como princípio <strong>de</strong>agrupamento do discurso, como unida<strong>de</strong> e origem <strong>de</strong> suas significações, como foco <strong>de</strong> sua coerência[...] O princípio do autor limita o acaso do discurso pelo jogo <strong>de</strong> uma "i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>" que tem a formada "individualida<strong>de</strong>" e do "eu". (26-29).Orlandi e Guimarães (1985) trabalharam esse princípio <strong>de</strong> autoria proposto por Foucault,ampliando-o para todo texto <strong>de</strong> um sujeito em que se produz um efeito discursivo <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> nãocontradição,<strong>de</strong> coerência, <strong>de</strong> originalida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> relevância, <strong>de</strong> correção gramatical. Este seria o lugarenunciativo <strong>de</strong> controle da dispersão do sujeito e do texto (sentido).Para que o sujeito se coloque como autor, ele tem <strong>de</strong> estabelecer uma relação com a exteriorida<strong>de</strong>,ao mesmo tempo em que ele se remete à sua própria interiorida<strong>de</strong>: ele constrói assim sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>como autor, isto é, ele apren<strong>de</strong> a assumir o papel <strong>de</strong> autor e aquilo que ele implica.(Orlandi,1983:78)A autoria seria, então, uma outra função enunciativa do falante que viria acrescentar-se à <strong>de</strong>locutor - aquele que se representa como "eu" - e à <strong>de</strong> enunciador - a perspectiva que esse "eu"constrói; sendo o autor a função social que esse "eu" assume enquanto produtor da linguagem.O falante é o material empírico bruto, enquanto o enunciador é o sujeito dividido em suas váriasposições no texto. O autor, ao contrário, é a diferença (originalida<strong>de</strong>) sem ser divisão(individualida<strong>de</strong>). O autor, então, enquanto tal, apaga o sujeito produzindo uma unida<strong>de</strong> que resulta<strong>de</strong> uma relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação do sujeito pelo seu discurso. Desse modo vê-se a ação do discursosobre o sujeito. (Orlandi, 1983: 61)

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