Alfabetização: Sujeito e Autoria - Universidade Católica de BrasÃlia
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e diz, lê ou escreve enquanto sujeito-falante, "saberá" o que po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser dito. A partir <strong>de</strong>ssaposição, o sujeito se apresenta e representa como leitor e autor <strong>de</strong> textos que têm <strong>de</strong>terminadasinterpretações como evi<strong>de</strong>ntes.As palavras não têm um sentido próprio, evi<strong>de</strong>nte, natural, universal, literal. Seu sentido seconstitui em cada formação discursiva, nas relações que tais palavras, expressões ou proposiçõesmantêm com outras palavras, expressões ou proposições da mesma formação discursiva.(Pêcheux:1988). No entanto, o modo como as práticas tratam a escrita, trabalham o esquecimento,pelo sujeito, daquilo que o constituiu como uma unida<strong>de</strong> e o <strong>de</strong>terminou em sua i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.Pêcheux (1988) <strong>de</strong>fine dois tipos <strong>de</strong> esquecimentos inerentes ao discurso: o esquecimento nº2 pelo qual todo sujeito-falante "seleciona" no interior da formação discursiva que o domina, isto é,no sistema <strong>de</strong> enunciados, formas e seqüências que nela se encontram em relação <strong>de</strong> paráfrase - umenunciado, forma ou seqüência, e não um outro, que, no entanto, está no campo daquilo que po<strong>de</strong>riareformulá-lo na formação discursiva consi<strong>de</strong>rada. Quanto ao esquecimento nº 1, ele dá conta do fato<strong>de</strong> que o sujeito-falante não po<strong>de</strong>, por <strong>de</strong>finição, se encontrar no exterior da formação discursivaque o domina. (:173). Nesse espaço <strong>de</strong> reformulações e paráfrases, acobertadas por essesesquecimentos, produz-se um imaginário que irá dar a interpretação "necessária" e "possível" da"realida<strong>de</strong>".Assim, quando dizemos que a alfabetização é uma prática pedagógica, social e política,estamos pensando esse social como formações imaginárias que se constituem a partir das relaçõesque se estabelecem entre uma situação, sociologicamente <strong>de</strong>scritível, e posições <strong>de</strong> sujeito; e essepolítico como a direção dada aos sentidos que se constituem, junto com o sujeito, em <strong>de</strong>terminadasformações discursivas.O sujeito, imerso nessa re<strong>de</strong> discursiva, encontra-se sempre face à atribuição <strong>de</strong> sentido, à<strong>de</strong>limitação <strong>de</strong> domínios <strong>de</strong> saber, à interpretação. Nesses gestos <strong>de</strong> interpretação, o sujeito não seencontra, contudo, à <strong>de</strong>riva, aberto à uma polissemia plena e sem limites, pois a interpretação éregida por condições <strong>de</strong> produção específicas, mas que aparecem como sendo iguais para todos,in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da situação <strong>de</strong> enunciação e do contexto histórico, fazendo emergir,conseqüentemente, uma literalida<strong>de</strong> capaz <strong>de</strong> garantir uma comunicação sem equívocos.Embora o enunciado seja sempre um acontecimento discursivo, que nem a língua nem osentido po<strong>de</strong>m esgotar, pois abre-se para uma memória, para uma história, a prática pedagógicatransforma-o em um repetível, que se esgota no momento da situação enunciativa, que permite liberar